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Drenagem Linfática Manual & Cicatrizes

9137 - Anatomia do Sistema Venolinfático


Formadora: Ângela Dias Alves
Formandos: António Paris, Dayseluci Fagundes, Liliane Pisco
A Drenagem Linfática Manual - Breve História
Desde a antiguidade que existem noções sobre a linfa e os O casal Vodder fundou, consequentemente, um instituto na
vasos linfáticos, contudo, a técnica da Drenagem Linfática França e posteriormente na Dinamarca, onde estudaram e
Manual só foi criada na década 30, pelo casal Dinamarquês ensinaram o método. Desde então, foram feitas inúmeras
Estrid e Emil Vodder. observações no campo médico-estético que resultaram nas
diversas formas de utilização que, quando empregadas de
Dr. Vodder, formado em fisioterapia pela Universidade de forma adequada, trazem exclusivamente benefícios.
Bruxelas, começou a prática nos pacientes que se
internavam para recuperar-se de infeções e constipações Durante os anos que se seguiram, os estudos realizados
crónicas, devido ao clima do país. O casal observou que a contribuíram para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da
maioria dos pacientes apresentava os gânglios linfáticos do técnica, para a criação de novas técnicas, e para a
pescoço inchados. Naquela época, o sistema linfático era consolidação da lista do vasto leque de benefícios.
um tabu, mas perante o inegável sucesso dos seus
tratamentos, resolveram aprofundar o estudo da drenagem Aos poucos, a DLM passou a ser reconhecida
linfática nos seus pacientes, resultando num trabalho universalmente, e a sua utilização posta em prática pelos
cientifico que foi divulgado em 1936. médicos, recorrendo em grande parte à habilidade de
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros.
O Sistema Linfático
O sistema linfático é uma rede complexa composta por
órgãos linfoides, linfonodos(gânglios linfáticos), ductos
linfáticos, tecidos linfáticos, capilares linfáticos e vasos
linfáticos.
É considerado parte de ambos os sistemas circulatório e
imunológico, uma vez que as suas funções complementam
as funções da corrente sanguínea, ao regular o equilíbrio dos
fluidos no corpo e ao filtrar os agentes patogénicos do
sangue.
Através da vasta rede de vasos linfáticos, que se distribuem
por todo o corpo, o sistema recolhe o líquido tissular que
não retornou aos capilares sanguíneos, filtra-o e devolve-o à
circulação sanguínea.
Os órgãos linfáticos primários, por sua vez, produzem
linfócitos que são libertados nos vasos linfáticos.
Toda esta operação é um importante componente do
sistema imunológico, atuando de forma ativa na proteção
contra bactérias e vírus invasores.
Drenagem Linfática
Manual
•A Drenagem Linfática Manual é um método sustentado por
conhecimentos científicos, que combina forças de pressão e
descompressão no sistema linfático para melhorar o seu fluxo,
ajudando assim a drenagem natural da linfa.
•A linfa realiza a comunicação entre o sangue e tecidos, nutre as
células, elimina as impurezas produzidas no metabolismo drena
sustâncias e água dos espaços entre as células.
•O sistema linfático, embora semelhante ao sistema sanguíneo, difere
grandemente pela ausência de um órgão central que bombeie a linfa.
•O nosso corpo utiliza então o movimento dos músculos esqueléticos,
as pulsações arteriais, a pressão negativa da inspiração e a ação das
válvulas dos vasos linfáticos, para garantir a circulação da linfa.
•Podemos dizer que existe uma bomba linfática que resulta da
dinâmica entre estes componentes, que assegura a distensão da
parede dos vasos, entre duas válvulas subsequentes, fazendo com
que haja uma contração da musculatura lisa dos vaso linfáticos que
propulsiona a linfa para o espaço seguinte, e assim sucessivamente.
•A Drenagem Linfática Manual não só auxilia, como em alguns casos é
o fator determinante para o funcionamento adequado deste sistema
vital.
Na DLM, os movimentos aplicados consistem em pressões leves,
suaves, rítmicas e precisas, sempre em direção aos gânglios
linfáticos. Não utiliza nenhum tipo de creme e não magoa.

Foram criadas diversas técnicas de drenagem linfática mas,


independentemente da técnica utilizada, existem determinados
componentes que devem ser sempre respeitados no processo da
Drenagem Linfática Manual:

Direção e Sequência: A drenagem linfática manual deve começar por


descongestionar as principais vias de transporte da linfa para garantir
o seu livre escoamento. Logo, o estímulo inicial deve ser feito nos
ductos que marcam a fase final do seu trajeto e que vão esvaziar a
linfa de volta para o sistema venoso, através das veias jugulares
subclávias. A direção respeita sempre o trajeto natural da linfa e o
toque é feito seguindo a direção Proximal - Medial – Distal.
Pressão: A pressão exercida pelo terapeuta deve ser suave o
suficiente para manipular os interstícios dos tecidos superficiais, mas
não firme ao ponto de interferir no tecido muscular. Não pode em
nenhuma circunstância provocar dor.
Velocidade e Ritmo: As manobras devem ser realizadas com uma
velocidade lenta e com um ritmo constante. Cada movimento deve
completar-se em aproximadamente um segundo e ser repetido entre
três a sete vezes em cada ponto.
• Fortalece o sistema imune, que está intimamente ligado ao sistema linfático. Se o fluxo de
materiais linfáticos diminuir, o sistema imune enfraquece. A DLM pode melhorar a função
do sistema imune e aumentar a produção de anticorpos.
• Reduz o edema, ajudando a drenar líquidos e toxinas até aos gânglios linfáticos,

Benefícios Da facilitando a sua eliminação.


• Edemas gestacionais- numa gravidez sem risco, em consequência do aumento de aporte de
líquido ou de uma patologia linfática específica.

Drenagem • Alivio da Síndrome pré-menstrual: a sintomatologia característica da síndrome da tensão


pré-menstrual pode ser amenizadas pela drenagem linfática;
• Promove a oxigenação dos tecidos

Linfática • Favorece a cicatrização dos tecidos, pois melhora a irrigação sanguínea, contribuindo
assim para uma rápida cicatrização dos mesmos.

Manual
• Reduz equimoses (hematomas).
• Evita a formação de celulites.
• Estimula a microcirculação.
• Melhora a circulação sanguínea.
• Alivia a musculatura tensa.
• Auxilia no tratamento de linfedemas (inchaço de um órgão do corpo, decorrente da
perturbação ou obstrução na circulação linfática)
• Ajudar a regenerar ou reestabelecer o equilíbrio de um sistema nervoso perturbado.
• Aumenta a taxa de sucesso de enxertos (Transplante de tecidos sem nutrição sanguínea)
• É um complemento valioso para a rotina de pré e pós-operatório.
Contraindicações
Contraindicações Relativas Contraindicações Absolutas

Hipertireoidismo: a estimulação direta sobre a glândula pode alterar a Tumores Malignos não controlados: pelo risco de disseminação de metástases
da patologia por via linfática;
secreção hormonal, a drenagem não deve manipulara a área da tiroide.

Tuberculose: o bacilo catalisador da tuberculose (bacilo de Koch) aloja-se nos gânglios


Insuficiência cardíaca: A DLM pode ocasionar aumento do trabalho linfáticos e pela estimulação ganglionar, o bacilo pode voltar à atividade
cardíaco e o colapso do sistema. Só deve ser realizada em pacientes
compensados metabolicamente e com autorização do médico cardiologista; Processos Infeciosos e Inflamatórios Agudos: a aceleração do fluxo
linfático pode disseminar a infeção

Asma brônquica e bronquite: deve-se evitar estimular e região Edemas de insuficiência renal, hepática ou cardíaca: A sobrecarga de
esternal para não potencializar as crises; fluxo linfático originado pela drenagem linfática pode levar a congestão das estruturas
fragilizadas pela patologia.

Hipotensão arterial: pacientes hipotensos devem ser monitorizados Insuficiência Renal Aguda: ao aumentar o aporte de líquido a ser filtrado pelo rim,
a drenagem linfática pode causar um colapso do sistema renal.
quanto à pressão, antes, durante após os atendimentos de drenagem linfática;
Trombose venosa profunda, flebites e tromboflebites agudas:
pelo risco de trombo-embolismo.
Afeções da pele: não massagear diretamente as áreas acometidas;
Erisipela em fase aguda: a aceleração do fluxo pode disseminar a infeção

Estados febris: a aceleração do fluxo linfático pode disseminar processos


infeciosos. Gestação de alto risco
Cicatrizes

A cicatriz é o resultado inevitável de uma lesão


cutânea, intencional ou acidental. Resulta do
processo de reparação do tecido lesado, que é na
maioria das vezes completamente imprevisível e
variável, dependendo de fatores como:
• Tipo de pele
• Tipo de lesão ou corte
• Tipo de tecido ou área lesada
• Intensidade da lesão
• Tipo de sutura
• Tratamento
• Sistema imunitário do individuo em questão.
• Genética - Etnia
O processo de cicatrização pode ser
dividido em três fases, que por
vezes se sobrepõem e ocorrem ao
mesmo tempo:

• Fase Inflamatória: dura entre um a quatro dias, dependendo da extensão da


área a ser cicatrizada e da natureza da lesão. Esta fase é caracterizada por
dois processos que procuram limitar a lesão tecidual: a hemóstase e a
resposta inflamatória aguda. O tecido pode apresentar edema, rubor e dor,
pelo que se houver intervenção de um Fisioterapeuta, esta consistirá apenas
na estimulação do sistema linfático.
• Fase de Proliferação: dura entre cinco a vinte dias. É caracterizada pela
formação do tecido de granulação, e é o marco inicial da formação da
cicatriz. Os fibroblastos e as células endoteliais são as células predominantes
e mais importantes. Nesta fase, o Fisioterapeuta conseguirá iniciar a
aplicação de técnicas suaves de mobilização de tecidos adjacentes e realizar
drenagem linfática.
• Fase de Reparação: inicia-se no 21º dia e pode durar meses. É a última fase
do processo de cicatrização. A densidade celular e a vascularização da ferida
diminuem, enquanto há a maturação das fibras de colagénio. Ocorre uma
remodelação do tecido cicatricial formado na fase anterior. O alinhamento
das fibras é reorganizado para aumentar a resistência do tecido e diminuir a
espessura da cicatriz, reduzindo a deformidade. Durante este período a
cicatriz vai progressivamente alterando a sua tonalidade, passando de
vermelho-escuro a cor-de-rosa claro. Nesta fase o Fisioterapeuta já consegue
aplicar diversas técnicas de mobilização, estiramento, estimulação sensorial,
entre outras.
Existem vários tipos de cicatriz, mas não existe uma abordagem metodológica única para classificá-las.
Há, contudo, uma lista de classificações base que parece satisfazer tanto os dermatologistas como os
cirurgiões.

Atróficas caracterizam-se por um tecido côncavo e indentado. Normalmente,


são causadas por acne ou varicela e podem afetar qualquer pessoa.

Hipertrófica – São rígidas, avermelhadas e apresentam um relevo ou


inflamação. Estas características são o resultado da produção de colagénio em
excesso durante o processo de cicatrização. Respeitam os limites da ferida.

Normotróficas - A pele recupera a uma aparência normal. São suaves, planas


com uma textura e cor semelhantes à da pele não lesada.

Queloides - São rígidas e volumosas, também resultado da produção de


colagénio em excesso, mas ao contrário das cicatrizes hipertróficas, estendem-
se para além dos limites da ferida original. Podem causar dor.
Cicatrizes de Contratura e
Cicatrizes Retráteis
• Estas cicatrizes são frequentemente originadas pela lesão provocada por
uma queimadura, contudo, podem também resultar de um ferimento ou
acidente que provoque a perda de uma área de pele ou até por intervenção
cirúrgica.
• As sua marcas caracterizadas pelo engrossamento da pele ou pela sua
retração. No caso de uma queimadura, as contraturas ocorrem quando a
cicatriz amadurece, engrossa, e aperta, impedindo o movimento. Quando
há uma elevada perda de tecido, a junção da pele e do tecido subjacente
pode ocorrer durante o processo de cicatrização. Há casos em que a ferida
se junta com a articulação, restringindo o movimento dos membros. É uma
complicação bastante grave.
A Drenagem Linfática Manual e o
Processo De Cicatrização
• Inflamação é uma parte normal e necessária do processo de cura. No entanto, o inchaço
excessivo ou prolongado pode levar ao aumento da dor, tempos de cura mais longos,
aumento do risco de infeção e à formação de tecido conjuntivo em excesso. 

• A Drenagem Linfática Manual auxilia na eliminação de substâncias acumuladas na linfa ao


redor do local lesado, proporcionando uma redução do inchaço no local onde se
acumulam esses líquidos. Ao mesmo tempo, favorece a circulação linfática e estimula a
circulação sanguínea, facilitando a oxigenação e nutrição dos tecidos e também a
reabsorção de edemas e hematomas.

• Utilizando este tratamento natural pode-se evitar estagnação do fluido nos tecidos sob a
pele, nomeadamente os tecidos fibrosos, diminuindo assim a probabilidade da formação
de cicatrizes Hipertróficas ou Queloides e a redução da amplitude de movimentos.

• A DLM é um tratamento tão suave que pode ser recebido poucos dias depois da ferida
fechar ou poucos dias a seguir a uma cirurgia.

• No caso das queimaduras e contratura, a DLM funciona como um tratamento


complementar pois, dada a severidade destes casos, é por vezes necessário uma
intervenção mais agressiva em que a DLM vai auxiliar no processo de
cicatrização/recuperação dessa intervenção.
Conclusão

A técnica de drenagem linfática manual, favorece a drenagem eficaz de


edemas, a aceleração da regeneração tecidual e o alívio de quadros álgicos.

Quanto mais precoce for o início da realização da drenagem linfática manual


no processo de cicatrização, melhor e mais rápida a recuperação do paciente.

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