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EBOOK

PERSONAL TRAINER
PARA GESTANTES

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E POSTURAIS NO


PERÍODO GESTACIONAL.
01

SUMÁRIO

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS E


POSTURAIS NO PERÍODO GESTACIONAL.

2.1Composição corporal e ganho de peso


2.2 Composição e volume sanguíneos
2.3 Trato gastrintestinal
2.4 Sistema circulatório
2.5 Sistema respiratório
2.6 Sistema urinário
2.7 Sinais comuns na gestação decorrentes das
mudanças fisiológicas
2.8 Alterações no aparelho locomotor provocadas
pela gravidez
2.9 Alterações anatômicas posturais

Referências bibliográficas do módulo 1


02

2.1 COMPOSIÇÃO CORPORAL E GANHO DE


PESO

Segundo ORSHAN, (2011).Composição corporal


e ganho de peso:Com base em vários estudos
realizados com mulheres grávidas, foi
estabelecido que o peso médio a ser ganho
durante uma gestação a termo de 40 semanas
é de 13 a 14 kg.
Em média, esse nível de ganho de peso está
associado a um ótimo resultado da gestação,
sendo utilizado como base para se estimar
componentes de mudanças de peso em
mulheres grávidas saudáveis).
O indicador mais utilizado atualmente para se
determinar o ganho de peso na gestação é o
índice de massa corporal (IMC) pré-
gestacional, porém os pontos de corte
recomendados para classificar desnutrição,
eutrofia e excesso de peso em mulheres no
período pré-gestacional são diferentes
daqueles referidos para a avaliação do perfil
nutricional de mulheres adultas de uma
determinada população.
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Observa-se que o ponto de corte mínimo para


classificar eutrofia, quando se avalia o estado
pré-gestacional de gestantes, é de 19,8 kg/m2,
ou seja, abaixo desse valor, a mulher é
considerada desnutrida. Entretanto, ressalta-se
que a avaliação do estado nutricional para
mulheres da população geral utiliza o ponto de
corte de IMC inferior a 18,5 kg/m2 para
considerá-la desnutrida.
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O maior ponte de corte para se identificar


desnutrição de mulheres antes da gravidez tem
como objetivo captar o maior número possível de
mulheres com baixa reserva energética e, assim,
direcioná-las para atendimento diferenciado,
visando a diminuir os riscos de desnutrição
intrauterina e as complicações materno-fetais
decorrentes desse processo (VITOLO, 2008 apud
ORSHAN, 2011).
Portanto, o aumento do peso materno depende
do estado nutricional pré- gestacional.
As mulheres que apresentavam desnutrição antes
de engravidar devem ganhar mais peso, ao passo
que as mulheres que apresentavam sobrepeso ou
obesidade antes de engravidar devem ganhar
menos peso, afirma ORSHAN, (2011).
O feto é responsável pelo maior ganho de peso
total, seguido do líquido amniótico e da placenta.
O restante é devido ao aumento dos tecidos
maternos, incluindo o útero e as glândulas
mamárias, o tecido adiposo (gordura), o sangue
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materno volume e o líquido extracelular.


Aproximadamente 5% do ganho de peso total
ocorre nas primeiras 10 a 13 semanas de
gravidez; o restante ocorre relativamente de
modo uniforme durante o resto da gravidez, a
uma taxa média de aproximadamente 400 a 450
g por semana. Segundo ORSHAN, (2011).
O ganho de peso excessivo durante a gravidez
está associado a uma série de complicações,
similares àquelas associadas ao excesso de peso e
à obesidade (p. ex., pressão arterial elevada e
diabete gestacional). Além disso, o ganho de peso
extremo durante a gravidez provavelmente levará
ao excesso de peso e à obesidade da mãe pós-
parto.
Em contrapartida, o baixo ganho de peso
gestacional em mulheres que, antes de
engravidarem, apresentavam baixo peso ou peso
normal está associado ao risco de ter um bebê
pequeno para a idade gestacional (PIG), afirma
ORSHAN, (2011).
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2.2 COMPOSIÇÃO E VOLUME SANGUÍNEOS

Conforme ORSHAN, (2011).O volume plasmático


começa a aumentar já nas primeiras 6 a 8 semanas
de gravidez e aumenta em aproximadamente 1.500
ml até a 34ª semana. O aumento do volume está
relacionado com o tamanho fetal, mas não com o
tamanho da mãe ou do seu volume plasmático pré-
gestacional.

A massa de eritrócitos normalmente aumenta em


cerca de 200 a 250 ml durante a gravidez, e esse
aumento é maior quando o ferro é suplementado
de forma correta. O transporte de oxigênio é
elevado pelo aumento da massa de eritrócitos, que
serve para atender a uma maior demanda de
oxigênio à medida que o feto cresce e os órgãos
aumentam ORSHAN, (2011)
07

Concentrações plasmáticas de lipídeos, vitaminas


lipossolúveis e certas proteínas transportadoras
também aumentam durante a gravidez, porém há
uma queda nas concentrações de albumina, da
maioria dos aminoácidos e de muitos minerais e
vitaminas hidrossolúveis. Essa queda pode ocorrer,
em parte, devido ao aumento da filtração
glomerular, que resulta em aumento da excreção
urinária desses nutrientes. Entretanto, menores
concentrações circulantes de nutrientes não são
geralmente indicativas de estado nutricional
alterado. Conforme ORSHAN, (2011)
Durante a gestação, é muito comum ocorrer
anemia, também chamada de anemia dilucional ou
causada pela hemodiluição, que resulta do
aumento do volume de plasma em relação aos
eritrócitos. A anemia é detectada entre o final do
segundo e terceiro trimestres, com pico em 30 a
34 semanas.
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O nível médio de hemoglobina é de cerca de 12,5


g/dl. De acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS), a anemia ocorre quando o nível de
hemoglobina é inferior a 11 g/dl, sendo
classificada como grave quando esse nível é
inferior a 7 g/dl e classificada como muito grave
quando é inferior a 4g/dl, necessitando de
tratamento urgente, para evitar o desenvolvimento
de insuficiência cardíaca congestiva (AKINLAJA,
2016 apud ORSHAN, 2011).
O uso frequente de suplementação com ferro na
gravidez tem sido associado a uma redução na
anemia materna, pois apenas cerca de 6% das
mulheres grávidas apresentaram um nível de
hemoglobina inferior a 11 g/dl, afirma ORSHAN,
(2011).
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2.3 TRATO GASTROINTESTINAL

Segundo ORSHAN, (2011). As mudanças


fisiológicas e anatômicas que ocorrem durante a
gestação têm o potencial de criar condições
únicas, potenciando o desconforto gastrintestinal.
Em virtude disso, as queixas relacionadas com o
trato gastrintestinal são extremamente comuns na
gravidez, com a maioria das mulheres
experimentando pelo menos um sintoma, como
azia ou constipação. Embora esses sintomas
possam ser parte de uma gravidez saudável e
raramente causem efeitos nocivos a longo prazo
para a mãe ou para o bebê, eles podem causar
desconforto e angústia significativos.
As mudanças anatômicas ocorrem à medida que o
útero aumentado e o feto em crescimento
comprimem os órgãos intra-abdominais, passando
de um órgão pélvico para um órgão abdominal, o
que resulta em compressão e deslocamento dos
órgãos abdominais (intestinos e estômago).
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O esfíncter esofágico inferior, que normalmente


ajuda a evitar que o conteúdo ácido e estomacal
viaje para cima, diminui o seu tônus, permitindo
que o conteúdo gástrico se mova até o esôfago. As
pressões gástricas aumentam progressivamente em
direção ao final da gravidez, aumentando o
potencial de refluxo gastresofágico.
O aumento da presença de ácido no esôfago pode
levar à erosão do tecido mucoso, contribuindo
ainda mais para o desconforto gastresofágico
(JOHNSON; SAFFREY; TAYLOR, 2019 apud ORSHAN,
2011).
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A pressão sobre o cólon sigmoide, a partir do útero


em expansão, cria uma barreira, contribuindo para
a frequente incidência de constipação. Os efeitos
hormonais são acrescentados aos efeitos dessas
mudanças anatômicas na gravidez, com potencial
para influenciar significativamente o trato
gastrintestinal.
O estrogênio e os níveis de progesterona são
aumentados durante a gestação, e a progesterona,
em particular, está implicada em um suave
relaxamento muscular. No entanto, embora esse
relaxamento muscular tenha um papel vital na
manutenção de uma gravidez saudável, ele acaba
por afetar indiscriminadamente outros sistemas
corporais, incluindo o trato gastrintestinal, pois o
peristaltismo é diminuído, contribuindo para o
refluxo e a constipação, afirma ORSHAN, (2011).
Além disso, os fatores hormonais podem
desempenhar um papel no risco de hemorroidas,
pois, na presença de aumento de estrogênio, os
vasos sanguíneos se alargam, de modo que os
tecidos conectivos se tornam mais macios. Durante
a gravidez, há um aumento na absorção de água e
sódio dos intestinos, o que contribui para a
constipação e, subsequentemente, o risco de
hemorroidas (JOHNSON; SAFFREY; TAYLOR, 2019
apud ORSHAN, 2011).
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2.4 SISTEMA CIRCULATÓRIO


As mudanças no sistema circulatório durante a
gravidez são profundas e começam no início da
gravidez, de forma que, após oito semanas de
gestação, o débito cardíaco aumenta em 20%.
O evento primário é provavelmente a
vasodilatação periférica, mediada por fatores
dependentes do endotélio, incluindo a síntese de
óxido nítrico, regulada pelo estradiol, e,
possivelmente, pelas prostaglandinas
vasodilatadoras (PGI2).
A vasodilatação periférica leva a uma queda de 25
a 30% na resistência vascular sistêmica, e, para
compensar isso, o débito cardíaco aumenta em
cerca de 40% durante a gravidez.
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Isso é conseguido predominantemente por meio de


um aumento no volume sistólico, mas também, em
menor grau, por um aumento na frequência
cardíaca. O débito cardíaco máximo é encontrado
em cerca de 20 a 28 semanas de gestação,
ocorrendo uma queda mínima no período de
gestação (SOMA-PILLAY et al., 2016 apud ORSHAN,
2011).​
Há um efeito profundo da posição corporal
materna sobre o perfil hemodinâmico tanto da mãe
como do feto. Na posição supina, a pressão do
útero gravídico sobre a veia cava inferior causa
uma redução no retorno venoso ao coração e,
consequentemente, uma queda no volume sistólico
e no débito cardíaco. Virar da posição lateral para
a posição supina pode resultar em uma redução de
25% no débito cardíaco. Portanto, as mulheres
grávidas devem ter cuidado e se deitar em posição
lateral sempre que possível.
Se a mulher tiver que ser mantida de costas, a
pelve deve ser girada de modo que o útero caia
para o lado da veia cava inferior e o débito
cardíaco e o fluxo sanguíneo uteroplacentário
sejam otimizados. A redução do débito cardíaco
está associada à redução do fluxo sanguíneo
uterino e, portanto, à perfusão placentária, o que
pode comprometer o feto (VITOLO, 2008 apud
ORSHAN, 2011).
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2.5 SISTEMA RESPIRATÓRIO

A gestação afeta o sistema respiratório mais


notadamente nos estágios finais. Em consequência
das crescentes demandas de oxigênio dos tecidos
fetais e maternos, a quantidade de oxigênio que a
mulher usa aumenta em quase 20% no final da
gestação (Luppi, 2001 apud ORSHAN, 2011).
Uma quantidade correspondente de dióxido de
carbono também se forma. Os efeitos dessas
mudanças, que se acredita serem causadas pela
progesterona, são o aumento do esforço
respiratório, a dispneia ocasional e a diminuição
de PaCO2 ligeiramente abaixo do normal
(Cunningham et al., 2005; Luppi, 2001 apud
ORSHAN, 2011).
O feto em crescimento pressiona e desloca o
diafragma para cima, esse acúmulo causa uma
sensação distinta de falta de ar, especialmente
durante os estágios finais. Uma vez ocorrida a
insinuação (movimento da cabeça fetal na pelve) a
mulher apresenta alívio da dispneia e pode
respirar novamente com facilidade, afirma
ORSHAN, (2011).
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2.6 SISTEMA URINÁRIO


Durante o primeiro trimestre, a gestante pode
apresentar maior frequência urinária até que o
útero se eleve para fora da pelve e alivie a pressão
sobre a bexiga. Essa frequência retorna nos
estágios finais da gestação ao ocorrer a insinuação
e a cabeça fetal pressionar a bexiga, afirma
ORSHAN, (2011).
A água total do corpo aumenta em cerca de 6,5
litros no final da gestação (Cunningham et al.,
2005 apud ORSHAN, 2011). Durante a gravidez, os
rins da mulher devem filtrar não apenas os
resíduos maternos, mas também os fetais. Os rins
também devem ser capazes de lidar com o
aumento do fluxo de sangue renal. O tamanho do
rim aumenta quase 1,5 cm (Luppi, 2001 apud
ORSHAN, 2011).
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O índice de filtração glomerular e o fluxo de


plasma renal começam a aumentar no início da
gestação, para preencher a maior necessidade do
sistema circulatório. No início do segundo
trimestre, o índice de filtração glomerular
aumenta em torno de 50% e permanece nesse
nível durante o tempo de gestação restante
(Cunningham et al., 2005; Luppi, 2001 apud
ORSHAN, 2011).

Por sua vez, o fluxo de plasma renal aumenta de


30 a 60% ao mesmo tempo, mas diminui do final
da gestação até o termo, quando está cerca de
50% acima do da mulher não grávida (Cunningham
et al., 2005; Luppi, 2001 apud ORSHAN, 2011).
Como consequência dessas elevações, diminuem
os níveis de nitrogênio da ureia sanguínea (BUN) e
de creatinina.
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2.7 SINAIS COMUNS NA GESTAÇÃO
DECORRENTES DAS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS

Segundo VENTURI, (2020), a seguir, serão


apresentados os principais sinais e sintomas que
ocorrem durante a gestão decorrentes das
mudanças fisiológicas.
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Náuseas e vômitos: Sintomas de enjoo, náuseas e


vômitos (particularmente nas primeiras 20
semanas gestacionais) são relatados por cerca de
50 a 80% das mulheres grávidas. As causas desses
sintomas geralmente estão relacionadas com os
próprios hormônios e ocorrem por uma variedade
de gatilhos, incluindo cheiros de alimentos,
perfume e fumaça de cigarro VENTURI, (2020).
O fator mais implicado nessas condições é a
produção de gonadotrofina coriônica humana
(hCG). A ligação entre hCG e náuseas é baseada,
em grande, parte na relação temporal entre o pico
da condição e o pico da produção de hCG, ambos
ocorrendo entre 12 e 14 semanas de gestação.
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Alterações no paladar e no apetite:


Mudanças no paladar e no apetite também são
comuns na gestação. Algumas mulheres
experimentam aumento no apetite, o que pode ser
causado por alterações hormonais ou devido à
utilização de 35 substratos energéticos maternos
pelo feto. A hiperfagia durante a gravidez pode
aumentar a ingestão de alimentos em 20% afirma
VENTURI, (2020).
O desenvolvimento de desejos também é relatado
com frequência, sendo a maioria deles por
produtos lácteos e alimentos doces ou densos em
energia. As aversões comuns incluem chá e café,
álcool, alimentos fritos, carnes com molho e ovos.
Na prática, as mulheres geralmente aprendem
muito rápido quais alimentos evitar VENTURI,
(2020).
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Picamalácia:
Picamalácia é uma condição em que substâncias
não alimentares são consumidas. As práticas de
picamalácia mais comuns na gestação são
pagofagia (i.e., ingestão excessiva de gelo),
geofagia (i.e., ingestão de terra/barro), amilofagia
(i.e., ingestão de goma, principalmente de
lavanderia), consumo de miscelâneas (combinações
atípicas) e de frutas não maduras (AYETA et al.,
2015 apud VENTURI, 2020).

Constipação intestinal:
Com frequência, as gestantes sofrem de
constipação intestinal, a segunda queixa principal
na gravidez, somente atrás das náuseas. Estima-se
que até 40% das mulheres sofrerão sintomas de
constipação em algum estágio de sua gravidez. As
causas são complexas, mas ocorrem provavelmente
devido aos efeitos fisiológicos sobre o trato
gastrintestinal causados pela progesterona, que
diminuem a contração muscular e,
consequentemente, o peristaltismo intestinal.
Também há declínio na atividade física e
mudanças na dieta, afirma VENTURI, (2020).
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As mulheres grávidas são aconselhadas a aumentar


a sua ingestão de fibra (particularmente cereais
integrais), beber de 2 a 3 litros de água e outros
líquidos por dia e fazer exercícios leves, como
caminhadas, a fim de aliviar a condição. Outras
considerações incluem a mudança do tipo de
suplemento de ferro utilizado, pois estes podem
agravar os sintomas da constipação VENTURI,
(2020).

Pirose: A pirose ou azia é definida como uma


sensação de “queimadura” na parte superior do
trato digestório, incluindo a garganta. Na maioria
das mulheres grávidas, a azia também está
relacionada com esofagite. Como as complicações
associadas à azia durante a gravidez são raras (p.
ex., esofagite erosiva), a endoscopia superior e
outros testes são raramente necessários. Portanto,
o diagnóstico de azia é principalmente clínico
VENTURI, (2020).
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2.8 ALTERAÇÕES NO APARELHO LOCOMOTOR
PROVOCADAS PELA GRAVIDEZ
Praticamente todas as mulheres grávidas
experimentam algum desconforto
musculoesquelético durante a gravidez. Estima-se
que cerca de 25% delas apresentem ao menos
sintomas temporários. As mulheres grávidas
apresentam um risco aumentado de queixas
musculoesqueléticas, principalmente lombalgia.
A mudança do centro de gravidade, a rotação
anterior da pelve, o aumento da lordose lombar e
o aumento da elasticidade ligamentar são os
principais responsáveis pelos sintomas.
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Ao longo da gestação as mulheres acumulam


líquidos e são retidos, aproximadamente, seis
litros e meio de fluidos. Outro mecanismo de
predisposição ao edema durante a gravidez é o
gravitacional, consequente da pressão exercida
sobre os capilares dos membros inferiores e pela
compressão da veia cava inferior pelo útero
gravídico.
Ocorre também frouxidão ligamentar, que está
relacionada à intensa ação dos hormônios
progesterona, estrógeno, cortisol e relaxina, que é
o principal fator do aumento de mobilidade
articular. A relaxina é um polipeptídeo produzido
pelo corpo lúteo e atua diretamente sobre o tecido
conectivo, estimulando a expressão da colagenase
e a síntese de colágeno. No período gestacional,
sua atuação caracteriza-se pelo aumento da
mobilidade articular, principalmente na sínfise
púbica.
O aumento do útero provoca algumas alterações
no sistema musculoesquelético durante a
gestação, como abdômen protuso, marcha
anserina, hiperlordose lombar fisiológica da
gestação, alteração do centro de gravidade,
aumento do peso corporal, distensão muscular
abdominal, aumento da pressão e de peso sobre a
musculatura do assoalho pélvico e compressões
nervosa.
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2.9 ALTERAÇÕES ANATÔMICAS POSTURAIS


A gestação é um evento resultante da fecundação
do ovulo (ovócito) pelo espermatozoide.
Habitualmente, ocorre dentro do útero e é
responsável pela geração de um novo ser. A
gestação é um fenômeno fisiológico, portanto, sua
evolução se dá, na maior parte dos casos, sem
intercorrências.
O período gestacional humano compreende
diversas mudanças corporais, no qual a gestante
sofre adaptações fisiológicas e anatômicas as
quais são provocadas por necessidades funcionais
e metabólicas.
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Ocorre bloqueios e desequilíbrios do corpo da


gestante que podem ser fontes de dores locais ou
referidas ou provocar mecanismos, com
consequente distúrbio do sistema
musculoesquelético, entre eles algias lombares, e
em membros inferiores, fadiga, parestesias e
câimbras (na região posterior da perna, sugerindo
que o aumento da atividade deste grupo muscular
para manutenção do equilíbrio corporal) A dor é
frequentemente unilateral, sendo agravada ao
andar e aliviada no repouso. Além destas
alterações durante toda a gravidez, a gestante
acumula um excesso de 8,5 litros de água. O
excesso de 2,5 litros está mais provavelmente
distribuído na substância básica do tecido
conjuntivo, visível como edema depressível de
tornozelo em aproximadamente 40 a 50% das
gestantes normais.
O sistema musculoesquelético é afetado durante o
período gestacional devido às alterações
hormonais, bioquímicas e anatômicas, podendo
gerar, entre outros fatores, adaptações na marcha.
Além disso, podem ocorrer alterações nas
dimensões dos pés da gestante como: aumento do
comprimento, largura e volume, e a redução da
altura do arco plantar. Os maiores responsáveis
por essas alterações são o acúmulo de líquido, a
frouxidão ligamentar e o ganho de massa corporal.
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A orientação anterior do útero, que se expande


dentro da cavidade abdominal pelo crescimento
ventral do feto, o ganho de peso, aumento do
volume de sangue, deslocam o centro de
gravidade, o qual não cai mais entre os pés. A
mulher precisa se inclinar para trás para ter
equilíbrio, resultando em aumento progressivo da
lordose lombar e rotação da pélvis sobre o fêmur
(causando um esforço sobre a articulação
sacroilíaco e do quadril), deslocando o centro de
gravidade de volta sobre a pélvis, evitando uma
queda para frente.
Para manter a linha de visão e também compensar
a lordose lombar, inicia-se uma série de
modificações posturais. A estabilidade da gestante
é obtida à custa de uma carga aumentada sobre os
músculos e os ligamentos da coluna vertebral e
essa pode ser uma das razões da dor lombar ser
tão comum na gestação. Ocorre então as
alterações descritas abaixo:
27

A lordose cervical aumenta e desenvolve-se um


posicionamento anteriorizado da cabeça para
compensar o alinhamento do ombro; A lordose
lombar aumenta para compensar a mudança no
centro de gravidade e os joelhos se
hiperestendem, provavelmente pela mudança na
linha da gravidade; Os ombros ficam arredondados
com protração escapular e rotação interna dos
membros superiores em razão do crescimento das
mamas e posicionamento para cuidado do bebê
após o parto; O peso transfere-se para os
calcanhares para trazer o centro de gravidade para
uma posição mais posterior
28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ORSHAN, Susan A. ENFERMAGEM NA SAÚDE DAS


MULHERES, DAS MÃES E DOS RECÉM-NASCIDOS, O
CUIDADO AO LONGO DA VIDA, 2011

VENTURI, Ivonilce. ENFERMAGEM NA SAÚDE DA


MULHER, 2020

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