Você está na página 1de 4

A RELEVÂNCIA DO BRINCAR DA CRIANÇA NO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO

Priscila Cristina Batista dos Santos 1, Aline Souza Ferreira Santos 2,


Katia Batista De Medeirosn

UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba, FEA - Faculdade de Educação e Artes, R: Tertuliano Delphim
Junior, 181, Jardim Aquarius, São José dos Campos, SP –
irpri_ssma@hotmail.com,alinesouzaf@hotmail.com
n
Profª Mª. Universidade do Vale do Paraíba, FEA - Faculdade de Educação e Artes,R: Tertuliano Delphim
Junior, 181, Jardim Aquárius, São José dos Campos, SP - katia@univap.com

Resumo – Esta pesquisa tem como objetivo analisar as contribuições que a literatura apresenta sobre a
relevância do brincar diante do desenvolvimento da socialização da criança vítima do fenômeno da
violência. Constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo embasamento teórico construiu-se a partir dos
pressupostos de Kishimoto (2004), Sanderson (2005), Winnicott (1975), dentre outros. Os dados apontam
que, apesar da necessidade de aprimoramentos de formação e atuação, o Pedagogo pode apresentar
propostas lúdicas que proporcionem a integração social da criança vitimizada, tornando, assim, efetivo os
seus direitos infantis.

Palavras-chave: Brincar, socialização, interação, identidade, criança,


Área do Conhecimento: Ciências Humanas (Educação).

Introdução acadêmicos, tais como: Bancos de teses e


A construção da identidade da criança é dissertações, Scholar Google, bem como livros de
prejudicada pela imposição de poder sobre ela, teóricos de literatura acadêmica, como Winnicott,
causando dano não somente ao seu corpo, como tendo como descritora “a influência socializadora
também à sua mente. No caso da prática da do brincar na vida da criança vítima do fenômeno
violência contra a criança, o dano pode abranger da violência“.
áreas emocionais, psicológicas e, até mesmo,
cognitivas. Resultados
Ao brincar, a criança exterioriza as suas Por encontrar-se inserido como elemento
emoções, pelas inúmeras brincadeiras que fundamental para o desenvolvimento social da
vivencia, organizando o seu mundo interior. Sendo criança, o brincar torna-se ferramenta importante
assim, brincar fornece à criança a possibilidade de para uma dinâmica ativa e efetiva nas atividades
construir uma identidade autônoma, cooperativa e socializadoras, frente ao agir e à expressão
criativa. Na Declaração Universal dos direitos da comunicativa da criança vitimizada com o outro.
criança-ONU (1959) consta que: Esse tipo de dinâmica, concretizada por meio
de atividades lúdicas, favorece as potencialidades
A criança deve ter todas as possibilidades
comunicativas da criança, sendo também uma
de entregar-se aos jogos e às atividades
recreativas, que devem ser orientadas para alavanca, para que ela venha a ter prazer de agir,
os fins visados pela educação; a sociedade de viver e, consequentemente, o prazer de ser
e os poderes públicos devem esforçar-se sujeito real no meio social em que vive.
por favorecer o gozo deste direito.
Para tanto, o brincar tem uma característica e
um papel ímpar no trabalho de socialização da
Portanto, o presente artigo tem como objetivo criança acometida em casos de violência, uma vez
investigar a concepção do brincar como forma que o lúdico a insere em um tipo de aprendizado
metodológica para a promoção do específico, como, por exemplo, a maneira de lidar
desenvolvimento social da criança vítima do com os seus traumas, favorecendo a inter-relação
fenômeno da violência. com o outro.
De acordo com o “Fortalecimento e vínculos
Metodologia para crianças de até 06 anos e suas famílias”.
Trata-se de um estudo exploratório descritivo (BRASILIA, 2010, p.16):
realizado a partir de levantamento e análise de
dados da literatura encontrada nas bases de livros

XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 1


XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
A ação de brincar cria um ambiente no qual contra a criança, já que ela direciona a atuação de
é possível trabalhar questões que podem
outras crianças nesses papéis, como, por
estar fragilizando os vínculos. Ao brincar,
crianças e adultos podem criar um espaço exemplo, ao brincar de médico, ela pode
para reviver e reelaborar momentos centralizar os seus exames e usar objetos
vividos, criar simbolicamente uma vivência inserindo-os nos órgão sexuais de outra criança,
de elaboração daquilo que fragiliza a
relação, sendo um espaço protegido para
representando o que ocorreu com ela. A criança
retomar essas situações em condições abusada sexualmente geralmente brinca de modo
especiais. É também um espaço de sério, sem alegria, trazendo elementos sexuais
construção de novos vínculos e de para as brincadeiras, de maneira repetitiva e
identificação de situações que podem
acontecer nas brincadeiras enquanto
obsessiva o que lhe dá a sensação de domínio
metáforas que dizem do viver de quem sobre o trauma.
brinca. O Pedagogo ainda pode promover desenhos e
pinturas, o que também, de acordo com
Nesse documento (op. cit, p. 12) consta, Sanderson (2005, p. 210), “comunica seu mundo
também, que a criança se relaciona de forma social e interior, com imagens de pessoas
afetiva com o meio, interagindo com ele por significativas”.
intermédio do faz-de-conta, das atividades do Para a criança abusada sexualmente, o
brincar, da linguagem simbólica e por meio das desenho colocará em evidência detalhes das
relações interpessoais com outros sujeitos. partes sexuais do corpo em imagens de adultos.
Nesse contexto, ressalta-se que a maneira da Já, a criança vítima de violência doméstica poderá
criança vitimizada se comunicar e expressar as incluir, em seus desenhos, mãos e bocas de
suas experiências de violência cometida contra si tamanho evidente bem como objetos que foram
está inserida nos modos e atitudes de seu utilizados para agredi-la, o que evidência a
comportamento. imposição de poder do qual foi vítima.
Conforme Sanderson (2005, p. 209), o “veículo Para essa autora (2005, p. 211), a criança
de comunicação universal infantil é a brincadeira”, vitimizada, “ao contar histórias, pequenas
visto que o brincar é natural e criativo. Nele, a narrativas que eventualmente incluem suas
criança pode adotar diferentes papéis de forma experiências atuais de violência, é mais uma
lúdica e, ainda, trazer à tona revelações relativas forma de comunicar o ocorrido com ela”.
ao seu mundo interno, reencenando, assim, a Para tanto, atividades que envolvem a
própria experiência, podendo, dessa maneira, contação de histórias, promovida pelo Pedagogo,
compreendê-la e “obter uma sensação de é um maneira pela qual a criança pode verbalizar,
domínio, um alívio para a perturbação, confusão e ainda que de forma lúdica, o fenômeno da
as ansiedades internas”. violência cometido contra ela e assim ser ouvida
Essa autora (op. cit. p. 211) aponta que o com cuidado e atentamente, extraindo-se, desse
Pedagogo deve observar cuidadosamente o modo modo, o sentido oculto da criança que está
de como cada criança brinca, sem retraí-la ou tentando se comunicar.
inibi-la daquilo que ela está tentando comunicar. Muitas vezes a criança utiliza representações
Essa é uma forma espontânea de colocar em simbólicas, como, por exemplo, estar sendo
evidência, por meio da brincadeira, o que ela vive perseguida ou ameaçada por monstros, dominada
em seu mundo interior e, assim, poder expressar por seres figurativos e outros. Também o uso da
as suas experiências de violência em uma linguagem da criança pode conter frases e
realidade social em que haverá apoio, proteção e palavras do mundo adulto, as quais não são
cuidado multiprofissional para que possa superar e condizentes com a sua faixa etária. Dessa forma,
enfrentar os impactos a ela causados. ela pode utilizar da linguagem do agressor sem
Assim sendo, a criança, quando brinca sozinha, saber o seu significado real.
também deve ser observada atenta e Atividades recreativas e interativas com outras
discretamente pelo Pedagogo, uma vez que ela crianças fornecem amostras explícitas de como o
pode encenar a violência cometida contra ela, impacto da violência degradou a socialização que
utilizando-se de brinquedos, como, por exemplo, deveria ocorrer de modo saudável.
bonecas, bichos de pelúcia e outros. Nesse tipo de Nos jogos, a criança vitimizada pode
brincadeira, ela expressa todo o seu desejo de representar destruição, violência, aniquilação e
dominar a situação da violência, externalizando, ainda ter atos cruéis e sádicos contra objetos,
no brinquedo, toda a raiva que no mundo real se brinquedos, animais, bichos de estimação, modo
sente impedida de demonstrar. este de reencenar o ato de violência.
Brincadeiras do tipo “mamãe e papai” ou de Sendo assim, o Pedagogo, por meio de uma
“médico”, segundo Sanderson (2005, p. 209) prática pedagógica lúdica e eficaz, pode ser um
podem evidenciar práticas de abuso cometido profissional que contribui no desenvolvimento

XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 2


XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
social da criança, impulsionando-a a enfrentar os outras mais que propiciarão seu processo de
desafios e experiências negativas. inserção social no mundo.
Segundo Olusoga (apud BROCK, 2011), a
Discussão teoria sociocultural reconhece que o
Ressalta-se que muitas são as formas de desenvolvimento e o brincar da criança
expressão da violência, porém, independente do constituem-se em processos essencialmente
tipo, tal fenômeno complexo gera impactos de sociais, sendo papel do adulto o de preservar e
grande tensão, denunciando, muitas vezes, uma apoiar esse brincar.
estrutura social ou familiar insatisfatória, Kishimoto (2004) aponta que o brinquedo é o
decorrente da perda de referências e valores objeto que dá suporte à brincadeira, estimula a
estruturais da sociedade. representação, a expressão de imagens que
A violência continua a vitimar a infância e a ser recordam a realidade. O brincar supõe uma
um fator que interfere de forma negativa na relação íntima com a criança, pois seu uso não
construção do eu da criança vitimizada, na implica, necessariamente, na existência de regras.
convivência social e nas suas trocas afetivas. Já, os jogos, exigem que haja o desempenho de
O processo de socialização da criança ocorre algumas habilidades estabelecidas pela estrutura
por meio das interações sociais do grupo a qual do objeto e suas regras de utilização.
está inserida: família, escola, igreja, comunidade Essa autora afirma, também, que o brinquedo,
local, dentre outros. Nessas interações, a criança por sua vez, representa realidades, colocando a
é capaz de aprender padrões, valores, símbolos, criança em contato com aquilo que existe no
expectativas e sentimentos do mundo à sua volta, cotidiano, e utiliza desse recurso para expressar o
acarretando na transformação da sua própria seu mundo interior. Um dos seus objetivos é servir
imagem. como substituto de objetos reais para que, assim,
Para Elkin (1968, p.14), a socialização é: a criança possa manipulá-lo, tendo em vista a sua
totalidade social. É possível, também, que o
Processo pelo qual alguém aprende os
brinquedo atinja a dimensão de um imaginário
modos de uma determinada sociedade ou
grupo social a fim de que possa funcionar preexistente, criado por desenhos animados,
dentro dele. A socialização inclui tanto a contos e seriados televisivos.
aprendizagem quanto a apreensão de Além de ser o suporte para a brincadeira, o
padrões, valores e sentimentos próprios de
brinquedo pode ser um material que impulsiona o
sociedade.
fluir do imaginário infantil. Já, a brincadeira é a
Para esse autor, tal processo é uma prática ação de concretizar as regras do jogo, modo pelo
cotidiana, um modo de se adaptar ao meio onde qual a criança mergulha na ação lúdica.
se vive, interagindo com ele, construindo e Dentre as diversas concepções a respeito do
modificando saberes que se comunicam entre si, brincar, Kishimoto (2007, p. 37) destaca a de
relações essas imprescindíveis ao Froebel, considerado o “pedagogo da infância”,
desenvolvimento da criança. primeiro a introduzir e justificar o papel do brincar
Nesse contexto, torna-se importante ressaltar para educar e desenvolver a criança, incorporando
que o desenvolvimento biopsicossocial da criança os brinquedos e brincadeiras nos jardins de
pequena ocorre de forma integrada. Durante toda infância. Segundo ele, o brincar constitui-se em
sua vida, realiza aprendizagens de natureza atividade livre e espontânea, responsável pelo
diversas transformando-se a partir das interações desenvolvimento físico, moral, cognitivo; e os dons
que estabelece com o meio. ou brinquedos, como objetos que subsidiam as
Segundo Lima (1997), a criança, em seus atividades infantis.
primeiros anos de vida, desenvolve sistemas Sua teoria possibilita uma compreensão da
simbólicos e expressivos que estarão na base de brincadeira como ação livre e os brinquedos como
suas aprendizagens posteriores. materiais que dão suporte à ação pedagógica para
Portanto, o Pedagogo, inserido nesse processo que, assim, haja apropriação dos conhecimentos e
contínuo de desenvolvimento, possibilita à criança desenvolvimento de habilidades de interação
um espaço, que vem somar aos outros, no qual social.
faz parte de forma integrante e ativa. Já, para Winnicott (1975, p. 63):
Borges e Lara (2002) apontam que, a partir da O brincar é próprio da saúde e facilita o
experiência social, a criança torna-se crescimento, está a serviço da comunicação
verdadeiramente humana, capaz de desenvolver consigo mesmo e com os outros se constituindo em
habilidades por meio de suas interações com o uma forma básica de viver. Brincando a criança
utiliza sua personalidade integral podendo utilizar
meio e o outro, tais como confiança, autonomia,
de sua criatividade para descobrir o seu eu (self).
linguagem, cognição, motricidade, psiquismo e

XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 3


XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
O brincar permite à criança criar e se entreter <http://aprendertodahora.blogspot.com.br/>
com o espaço cultural que a circunda. Segundo Acesso em 15 de junho de 2012, às 20h13min
Brougere (2002, p. 20), “o brincar é uma atividade
dotada de significado social precisa”, constituída _____. Estatuto da Criança e do Adolescente. 5.
de atividades humanas, representando seu mundo ed. Brasília/DF: Senado Federal, Subsecretaria de
real. Edições Técnicas, 2003.
Em suma, é importante que, além da interação
criança-criança, ocorra, também, a interação da BRASÍLIA. Fortalecimento e vínculos para
criança com o pedagogo, considerando que a crianças de até 06 anos e suas famílias.
presença deste possa ser agregadora e Departamento de Proteção Social Básica.
estimulante, conforme aponta Fortuna (2011), pois 2010. Disponível em
esse profissional pode propor abordagens para http://www.fecam.org.br/arquivosbd/basico/0.7932
resolução de situações-problema e sugerir formas 50001273164067_servico_de_convivencia_e_forta
de intervenção, nos momentos de maior tensão, lecimento.pdf. Acesso em 24 de agosto de 2013,
no processo de socialização da criança. às 19h30min.

Conclusão BROCK, A. A importância do brincar na


Atualmente, o fenômeno da violência contra a infância. In: Revista Pátio - Educação Infantil.
criança tem se revelado, na sociedade brasileira, Brasília: MEC, 2011. Ano IX, n° 27 abril/junho
uma das situações mais graves de exclusão, 2011. Ministério da Educação FNDE.
vulnerabilidade e risco social, afluindo no meio
onde a criança vive, principalmente nos contextos BROUGERE, G. A criança e a cultura Lúdica. In:
familiar e escolar. Kishimoto, T. M. O Brincar e suas teorias. São
Mudanças presentes no comportamento da Paulo/SP: Pioneira Thomson Learning, 2002.
criança, de forma frequente e combinada, podem
ser sinais de que algo está acontecendo. São ELKIN, F. A criança e a sociedade: O processo
formas de manifestação de que alguma coisa a de socialização. Rio de Janeiro/RJ: Edições
está perturbando. Bloch, 1968.
Nessa perspectiva, o olhar do Pedagogo deve
se voltar a práticas pedagógicas e lúdicas que FORTUNA, T. R. O lugar do brincar na
promovam o desenvolvimento infantil, de modo Educação Infantil. In: Revista Pátio - Educação
integrador e socializador, considerando a sua Infantil. Brasília: MEC, 2011. Ano IX, n° 27
realidade interna e externa. abril/junho 2011. Ministério da Educação FNDE.
Pode-se concluir, por meio deste estudo, que o
ato de brincar é um tipo de ferramenta KISHIMOTO, T. Usos e significações dentro de
fundamental para o desenvolvimento humano e contextos culturais. In: SANTOS, S.
social da criança vítima da violência, pois brincar Brinquedoteca: o lúdico em diferentes
proporciona a ela a compreensão do mundo que a contextos. 9.ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2004.
cerca, bem como a resolução de conflitos e
frustrações causados pelo impacto desse KISHIMOTO, T. Froebel: uma pedagogia do
fenomêno. brincar para a infância. In: OLIVEIRA, J;
Ressalta-se, também, que o brincar possibilita KISHIMOTO, T; PINAZZA, A. M. Pedagogia da
à criança ser o que ela é diante das situações da infância: dialogando com o passado:
realidade; estimula o estabelecimento de relações construindo o futuro. Porto Alegre/RS: Artmed,
de confiança e interação com o outro por meio de 2007.
trocas sociais realizadas durante uma brincadeira,
promovendo, desse modo, a construção de sua LIMA, E. S. Desenvolvimento e aprendizagem
própria identidade humana. na escola: Aspectos culturais, neurológicos e
psicológicos. Série “Separatas”. São Paulo/SP:
Referências Copyright, 1997.
BORGES, M; LARA, M. Descobrindo bebês –
implicações pedagógicas do trabalho com crianças SANDERSON, C. Abuso Sexual em Crianças.
de 0 a 1 ano. In: SOUZA, R.; BORGES, M. A Fortalecendo Pais e Professores. São Paulo/SP:
práxis na formação de educadores infantis. Rio M. Books do Brasil Editora Ltda, 2005.
de Janeiro/RJ: DP&A, 2002.
WINNICOTT, D. O Brincar e a Realidade. Rio de
BRASIL, Declaração Universal dos Direitos as Janeiro/RJ: Imago. 1975.
Criança, 1959. Disponível em:

XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 4


XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba

Você também pode gostar