Turma e Cidade: Turma Brasil 03 (TB03) – Porto Alegre Referente ao módulo: Educação Infantil (nome da disciplina) Referências: FALCÃO, D. Brincar livre... É só Brincar? 2019. Disponível em: https://www.penochaoespacodebrincar.com.br/brincar-livre-e-so-brincar, Acesso em 23/05/2022. LAMEIRÃO, L. Panorama das conquistas da criança durante a primeira infância. 2015. Revista Arte Médica Ampliada, Vol. 35 nº 2.
Valor: 10 pts. Nota:
Carta aberta à sociedade contemporânea sobre o porquê do brincar livre:
Caros membros da sociedade contemporânea, eu sei que muitos de nós
insistimos em não dar valor para os pequenos gestos da vida. A herança epistemológica cartesiana e materialista que coloniza nossos imaginários nos faz subjugar a complexidade das coisas. Um canteiro cheio de espécies vegetais diferentes interagindo se torna “só mato”, um complexo arranjo sociocultural de um povo isolado amazônico se torna “primitivo”, e da mesma forma, uma criança livre para brincar se torna “só brincadeira”. Mas o que é vivenciar o mundo na primeira infância, em toda suas combinações de sons, cheiros, texturas, sabores e cores, se não o brincar? O Brincar é a chave para construirmos interações cognitivas com o meio que nos cerca, que perpassam e atuam intimamente também nas construções internas do ser que se desenvolve. Por meio da brincadeira, a criança pode experimentar, com autonomia e de maneira consciente, novas situações que a auxilia no desenvolvimento pleno de muitas habilidades, considerando aspectos físicos-motores, sociais, culturais, afetivos, emocionais e também cognitivos. São habilidades essas que, quando adquiridas nesse estágio de forma vivencial, poderão acompanhar os indivíduos durante toda sua vida (FALCÃO, 2019). 1 Isso que voz digo, portanto, é importante: não subestimem o brincar de uma criança. Outra dica importante é: interfira o menos possível no enredo que a criança cria para sua brincadeira. O papel de ação do adulto deve ser o de acompanhar, monitorar e zelar pelas aventuras imaginativas das crianças, com carinho, afeto e atenção. A possibilidade da criança, ela própria, poder criar seu mundo de relações, com seus ritmos e processos, permite também com que se teçam ricas experiências mediadoras de aprendizagens, levando-a a internalizar gestos, sensações, pensamentos e palavras. (FALCÃO, 2019). A capacidade de criar situações e “encenar” roteiros também pode fortalecer o potencial da criança em enfrentar seus medos e desafios. Por meio da brincadeira livre a criança pode ter que lidar com situações que ocasionalmente possam desagradá-la, também desencadeando uma forma de aprendizado, o de perceber seus sentimentos/emoções e como agir no sentido de equilibrá-los. É uma forma de aprender a ser humano. Se todos nós tivéssemos tido a chance de brincar livremente, envoltos de uma atmosfera de cuidado e proteção, certamente o mundo seria um lugar bem melhor. Mas não pensemos no passado, é preciso agir no presente para construir nosso futuro. Zelem pelas crianças como sujeitos de direitos, as permita vivenciar toda sua complexa subjetividade em formação. Para que tenhamos, enfim, um futuro repleto de seres brincantes, crianças e adultos, livres e múltiplos na sua riqueza cognitiva estabelecida em conjunto com o meio que nos abriga.