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AULA 2: AS CAPACIDADES, AS INTELIGÊNCIAS E O ELOGIO

PROFº ABRÃO iUSKOW


Às vezes, ouvimos a expressão: "Vá lá e tente. Você é capaz!".
Aprofundemos o significado do termo "capaz". Quando se diz que alguém é capaz de fazer algo é porque
esta pessoa já possui em si a capacidade que estamos lhe reconhecendo. Sendo assim, ninguém pode "dar"
capacidades a alguém. O que podemos fazer é "desenvolver" as capacidades que alguém já tenha.
Aprofundemos o significado do verbo desenvolver:
Se algo está embrulhado, podemos "des" embrulhar.
Se algo está dobrado, podemos "des" dobrar.
Se algo está enrolado, podemos "des" enrolar.
Assim também, se uma capacidade está envolvida, podemos "des" envolvê-la. Imaginemos um grande
lençol todo envolvido em si mesmo. À medida que o "des" envolvemos, vamos tendo uma idéia mais exata de
seu tamanho. Da mesma forma o ser humano, os vegetais e o animais: são muitas as vezes que nos admiramos
das capacidades dos seres vivos.
A que se refere a palavra desenvolvimento?
Se refere aos processos de modificação da forma e do comportamento, no decorrer da existência dos
seres vivos.
Quem pode se desenvolver?
O desenvolvimento não ocorre só no ser humano, mas em todos os tipos de animais e vegetais. Além
disso, acredita-se que os processos de desenvolvimento de um ser decorram de maneira mais ou menos
continuada e que estejam em mútua relação. Isso implica que, numa árvore, por exemplo, não cresçam galhos
além do peso que um tronco pode suportar ou que as raízes possam equilibrar. As capacidades se desenvolvem
naturalmente em harmonia.
E o desenvolvimento das capacidades humanas, quando se inicia?
Não vamos pensar que a criança só começa a desenvolver suas capacidades intelectuais na escola. Desde
cedo, cada estímulo dos pais, para que a criança movimente seus membros e seu corpo, é uma forma de
desenvolvimento. Cada incentivo para que a criança se comunique, também.
Quando chega na escola, se inicia mais sistematicamente o desenvolvimento dos conteúdos culturais de
conhecimento. Assim, o trabalho que a escola deve realizar é de incentivar o desenvolvimento das capacidades
que os alunos trazem naturalmente consigo.

Comparando seres humanos e os outros mamíferos


Se estivermos lidando com macaquinhos, o que poderemos desenvolver?
As capacidades que eles já têm.
Mas, quais são as totais capacidades de um ser?
Se queremos saber a capacidade de uma caixa d’água, chegaremos a medidas, como cem, duzentos ou
quinhentos litros. No entanto, o mesmo não ocorre com os seres vivos. Pelo fato de que, constantemente, a
ciência humana está descobrindo novos elementos nas capacidades dos seres, em geral, o mais correto seria
afirmar que o que podemos fazer é incentivar as capacidades que "dizemos" que os animais têm. O verbo
"dizemos" é o mais recomendado, neste caso, porque nos alerta que todo conhecimento atual nada mais é do
que o conhecimento ao qual pudemos chegar, a partir dos nossos instrumentos e do nosso modelo (paradigma)
científico. É possível que, no futuro, se descubra que as capacidades de cada animal são muito superiores
àquelas que os atuais cientistas percebem1.
Contudo, uma certeza que já podemos alcançar pertence ao raciocínio lógico: Cada espécie nunca
poderá ir além das suas capacidades, porque estas lhes são naturais. Conforme o que se constatou até agora, se
formos ensinar um macaquinho a ler e escrever, ele não conseguirá ir além da linguagem dos sinais. Não
alcançará o pensamento abstrato, característico da espécie humana, pois isso não faz parte da sua natureza.

As capacidades humanas
Se as capacidades dos seres em geral devem ser assim consideradas, o que dizermos, então, das
capacidades dos seres humanos?
Se os animais de outras espécies não conseguem, por sua natureza, alcançar a inteligência abstrata, e
1
Nota do Autor: Para este estudo, existe a Etologia, que é uma área de conhecimento que procede ao estudo comparado do
comportamento dos animais, estabelecendo a regularidade desse comportamento.
ficam limitados à inteligência concreta, o ser humano, a cada dia, percebe que as suas potencialidades, enquanto
indivíduo e espécie, podem ir além das expectativas. A impressão que fica é que as capacidades humanas são
ilimitadas.
Vejamos o trabalho com crianças ditas deficientes.
- Quando a deficiência está na estrutura mental, ou seja, na capacidade de pensar logicamente, dizemos
que a pessoa tem uma deficiência mental, que pode ser de vários tipos, conforme avançam os estudos. Por
exemplo, a Síndrome de Down, a disfazia, etc.
- Quando o problema se deve ao mau ou insuficiente desenvolvimento das capacidades, dizemos que a
pessoa tem dificuldade de aprendizagem. Por exemplo, as falhas na alfabetização que vão dar na dislexia, ou
quando não houve incentivo à conversação, ao raciocínio, à leitura, ao reconhecimento das cores e números,
etc.
O que percebemos, porém, é que, a cada época, crianças de ambos os casos estão a nos surpreender, e
também aos estudiosos, com suas habilidades. Da mesma forma, as crianças ditas normais também estão a nos
surpreender, alcançando desempenhos inesperados.
Não faz muito tempo, pessoas canhotas eram forçadas a escrever com a mão direita, pessoas com
dislexia eram consideradas com deficiência mental. Hoje, tudo isso está revisto. Não é impossível que, num
futuro breve, entendimentos acerca das deficiências atualmente aceitos, sejam considerados completamente
inadequados. Assim caminha a ciência, a cada época dizendo uma coisa a respeito da realidade.

Existe só um tipo de interesse intelectual?


Se alguém nos pergunta: “- Você tem capacidade de construir um televisor?” é possível que digamos
que não, mesmo depois de termos feito a distinção entre capacidade e desenvolvimento. Isso ocorre porque está
muito presente em nós a ideia de capacidade como algo que se adquire.
Qual seria a resposta correta? Capacidade existe, pois tudo o que foi construído por um ser humano
pode ser construído por outro. Porém, como não se tem as informações, seria necessário desenvolver esse
conhecimento.
Isso nos faz lembrar que nem todos se identificam com a mesma área de conhecimento. Enquanto uns
gostariam muito de aprender a construir máquinas, outros preferem comprá-las prontas, porque o seu interesse
passa por outras atividades: a linguagem, os esportes, os animais, os vegetais, os acontecimentos, a
comunicação, o conhecimento de si, as artes etc.

A inteligência como uma "sensibilidade para"


A ideia que até hoje se teve de inteligência levou as pessoas a se colocarem, perante ela, de duas formas:
ou se tem ou não se tem. Atualmente, porém, existem estudos que investigam o assunto de uma forma diferente.
Segundo esses estudos, inteligência é uma sensibilidade para determinada área de conhecimento. E como são
várias essas áreas, consequentemente, são várias as inteligências. Cada um de nós nasce com potencial para
desenvolver múltiplas inteligências. Nem todos têm as mesmas sensibilidades espontâneas para as mesmas
áreas de conhecimento.
Quais são estas possíveis inteligências? Atualmente, já foram distinguidas sete:
1. Lógico-matemática
2. Lingüístico-verbal
3. Visual-espacial
4. Cinestésico-motora
5. Musical
6. Intra-pessoal
7. Interpessoal
O que podemos perceber é que cada sociedade preza algumas, em detrimento de outras, ou, como a
nossa, super-preza umas e menospreza outras. Se fôssemos fazer um teste com os estudantes em geral de nosso
país, veríamos que, em certas sensibilidades, alcançariam uma boa média, enquanto que, em outras, não dariam
conta dos primeiras atividades. Qual seria a nota média nos vários testes de inteligências?
Int. LM Int. LV Int. VE Int. CM Int. M Int. IP Int. I

A visão antiquada de inteligência


Apesar de tudo, os estudos das Múltiplas Inteligências 2 são ainda recentes. Isso, porém, nos os torna
menos verdadeiros. O fato é que ainda vai levar um tempo para pais, alunos e também os professores,
assimilarem seus conteúdos, a ponto de não rotularem os que não se dão bem no estudo formal da escrita ou
dos números.
O que presenciamos em nossa cultura ainda é uma concepção que encara a inteligência como algo
compacto, que alguém tem ou não tem. Essa concepção esconde, na verdade, a limitação de uma época no
entendimento do assunto, para a qual todos colaboraram para que fosse construída.
Nesse modelo, o antônimo que se implanta é o do "inteligente-burro", que está internalizado em todas
as classes sociais. Levará um tempo até que o modelo mais holístico ganhe terreno 3.
Nas famílias não há, em geral, muita censura no uso desses termos. Na escola, porém, acontece uma
incoerência. Há professoras e professores que tentam, desde os primeiros anos escolares, convencer seus alunos
de que ninguém é "burro". Se na prática, porém, tendem a valorizar mais o cálculo e a memorização do que o
raciocínio e investigação, por mais que falem, seus alunos perceberão quais são as verdadeiras "regras do jogo".
Se o sistema escolar caminha nessa visão antiquada, por mais que os professores digam o contrário, os alunos
irão perceber, pelos elogios, pelas expressões, pelas notas… quem será valorizado. Entre os alunos, entretanto,
a crítica é aberta e mordaz. Isso nos leva a concluir que não adianta mudar o discurso. Precisamos de uma real
educação para o pensar.
Contudo, muitos discordam desse engessamento epistemológico (do conhecimento). Dois
questionamentos poderiam ser feitos:
- Burro em quê? Naquilo que alguém disse que é o mais importante saber?
- Inteligente em quê? Naquilo que a escola diz que é o mais importante?
Do jeito que estas ideias foram assimiladas pela cultura, porém, talvez sejam poucos os que se voltem
contra essa classificação, porque já concordam com ela. Os que passaram por esse processo e não tiveram bom
desempenho, tendem a assumir noções prejudiciais à sua autoestima e, consequentemente, ao seu processo de
criatividade. Algumas frases, muito faladas, tanto entre alunos quanto entre professores, provam isso:
- Eu não consigo!
- Eu não posso!
- Eu não sei fazer!
- Eu não me dou bem nessas coisas!
- Eu sou um zero à esquerda nessa área!
- Esse não é o meu forte!
Os atuais professores, que também passaram por esse tipo de distinção, não estão livres de reproduzir o
processo, inclusive a respeito de si mesmos. Um bom exemplo disso é quando, em algum curso, os professores
têm que cumprir uma tarefa que exija o desenho. Na hora da apresentação do trabalho, é difícil quem não inicie
dizendo: "Eu não sei desenhar, mas…". Aliás, o fato de as pessoas, em geral, ao desenhar pessoas, se utilizarem
dos "palitinhos", mostra como o nosso desempenho nessa área é primário.
Se o conceito de inteligência é de uma capacidade que se tem ou não se tem, a tendência é de avaliarem
os seus alunos na mesma perspectiva. Não é raro ouvirmos, nos Conselhos de Classe, comentários do tipo:
- Esse aluno é muito bom. Quando ele falta, a turma não tem a mesma alegria. É uma pena… que não é
inteligente.
- Essa aluna é a mais esperta na quadra. Infelizmente… não é muito inteligente.
- Vocês viram como esse aluno desenha bem? É uma tristeza não se dar bem nos estudos.

2
Nota do Autor: O responsável por essas investigações e divulgador da teoria das Múltiplas Inteligências é o professor Howard
Gardner.
3
Nota do Autor: O termo holístico vem do grego holos e quer dizer o todo; em contraposição a este modelo, teríamos o modelo
atomístico, cujo termo vem de tomos e quer dizer as partes. No caso da inteligência, considerar somente um tipo é considerar apenas
a parte. Considerar várias inteligências é considerar o todo.
Como pode alguém ter inteligência interpessoal (comunicativa), ou cinestésico-motora (movimento em
quadra) ou espacial e não ser inteligente?
Quando isso acontece, fica claro que apenas a inteligência lógico-matemática e a linguístico-verbal são
consideradas como inteligências propriamente ditas.

Reconhecendo as sete inteligências


Para termos uma rápida visão das múltiplas sensibilidades que podemos encontrar, apresentamos, a
seguir, uma classificação das sete inteligências, bem como do tipo de indivíduo que caracteriza cada uma delas.
EM QUEM SE EXPRESSA?
A inteligência linguístico-verbal No orador, no escritor, naqueles que
se relaciona com o quê? aprendem idiomas com facilidade e em todos
Com as palavras e a linguagem. os que lidam criativamente com as palavras,
com a língua corrente, com a linguagem, de
LV uma maneira geral.
Nos que sabem contar uma história, uma
Envolve qual habilidade? piada, prendendo a atenção dos seus
De ouvir, falar, ler e escrever. ouvintes.
Nos que expressam bem as suas idéias em
uma redação escolar, em poesias, em letras
de música.
A inteligência lógico - Nos que apresentam bom desempenho em
matemática se relaciona com o desenvolver raciocínios dedutivos, em
quê? construir ou acompanhar cadeias de causa e
Com o raciocínio dedutivo e efeito, em vislumbrar soluções para
indutivo e com o número. problemas, em lidar com número ou outros
LM Naquilo que se entende geralmente objetos matemáticos, envolvendo cálculos e
por ciência atualmente, o transformações.
pensamento científico está Nos matemáticos, cientistas e lógicos.
fortemente ligado a essa dimensão. Nos que se identificam com pesquisas e
sistematizações, como os eletricistas,
Envolve qual habilidade? administradores, comerciantes, cozinheiros,
De reconhecer padrões, trabalhar donas de casa, etc.
com formas geométricas e fazer
relacionamentos entre segmentos
de informação.

EM QUEM SE EXPRESSA?
A inteligência visual-espacial se Nos arquitetos, jogadores de xadrez,
relaciona com o quê? navegadores, artistas e certos tipos de
Está relacionada com a capacidade cientistas.
de visualizar um objeto e criar Nas costureiras, nos pedreiros, pescadores,
VE imagens mentais. decoradores, desenhistas, etc.
Nos que têm bom desempenho na percepção
Envolve qual habilidade? e na administração do espaço, por exemplo,
na distribuição do móveis em uma casa
Nos que têm bom desempenho na elaboração
e utilização de mapas, de plantas, de
representações planas de um modo geral.
A inteligência musical se Nos que compõem ou executam músicas.
relaciona com o quê? Nos que têm sensibilidade para identificar
Com a sensibilidade a sons tons.
ambientais, vozes humanas e Nos que não desafinam e por isso cantam
M instrumentos musicais. bem.
Envolve qual habilidade? Nos que aprendem a tocar instrumentos "de
De reconhecer e acompanhar ouvido" e associam o tom à memorização da
padrões sonoros (melodia), de melodia.
coordenação de ritmo, de Nos que têm bom ritmo, se dão bem nas
percepção dos tons. "batucadas" ou com instrumentos de
A habilidade musical representa percussão.
uma competência em estado puro,
não estando necessariamente
associada a nenhuma das outras
inteligências.
A inteligência cinestésico Nos atletas, nos dançarinos.
-motora se relaciona com o quê? Nos artistas que trabalham com o movimento
Com o movimento físico e o do próprio corpo.
reconhecimento do corpo e como Em certos tipos de inventores.
ele funciona. Nos acrobatas, pintores de parede,
CM trabalhadores de construção civil e profissões
Envolve qual habilidade? que exijam malabarismos.
De usar o corpo para expressar Nos que, para realizar seus movimentos, não
emoções, para brincar, para precisam elaborar cadeias de raciocínio e,
praticar um esporte, para encenar e quando perguntados, não sabem explicá-los
dançar. verbalmente.
Os exercícios e treinamentos
conseguem desenvolver essa
habilidade, mas os limites
alcançados podem diferir de
indivíduo para indivíduo.

EM QUEM SE EXPRESSA?
A inteligência intrapessoal se Nos que conseguem perceber com clareza
relaciona com o quê? seus sentimentos e emoções, em geral
Com o conhecimento de si mesmo aprendendo com eles.
e a compreensão poderosa e Nos que conseguem estar de bem consigo
independente da própria vida mesmos, administrando os próprios humores,
emocional e sentimental. os sentimentos, as emoções, os projetos.
IP Com o conhecimento e consciência Nos poetas.
de conceitos metafísicos. Em muitos idosos.
Envolve qual habilidade? Nos que são procurados para aconselhamento
De percepção e diferenciação dos psicológico e moral por causa de sua
próprios sentimentos e reações, sabedoria e aprendizagem pessoal.
emoções, atitudes.
De metacognição (pensar sobre o
pensar) e de auto-reflexão.
A inteligência interpessoal se Nos políticos e líderes religiosos.
relaciona com o quê? Nos professores e líderes.
Diz respeito aos relacionamentos Nos que atuam em profissões de ajuda.
pessoa-a-pessoa. Nos apresentadores de programas de TV e
É a inteligência comunicativa. rádio.
I Nos terapeutas e certos tipos de escritores.
Em muitos pais.
Envolve qual habilidade? Nas pessoas consideradas "simpáticas", que
De comunicar-se com os outros e se relacionam bem com os outros,
ter empatia pelos seus sentimentos percebendo seus humores, suas motivações,
e convicções. captando suas intenções, mesmo as menos
evidentes.
Nos que conseguem descentrar-se, não são
ensimesmados, conseguindo analisar
questões coletivas de diferentes pontos de
vista.

O elogio como antídoto


Quando é feita uma enquete em uma turma de aula a respeito dos elogios que foram marcantes, não são
poucos os alunos que relatam episódio a respeito. Em geral, colocam esses episódios como alavancas para a
melhora nalgum ponto: elogio da letra, da pronúncia de uma língua, da rapidez nos cálculos, da agilidade no
esporte, da leveza na dança, da sabedoria ou do desenho expressivo. Certamente, não seria raro encontrarmos
pessoas que decidiram seu futuro profissional a partir desse reforço. A verdade também serve para os reforços
negativos. Porém, é bom salientar que, na vida de cada homem ou mulher que alcançaram seus objetivos, assim
como existem episódios de elogio, também existem episódios de críticas negativas. E são eles mesmos que nos
contam como encontraram nessas críticas motivos para irem adiante ainda com mais decisão.
Isso nos leva a concluir que não poderemos culpar os outros por não termos conseguido nos realizar.
Não é raro encontrarmos o pensamento: "Eu sou criativo. Só não fui pra frente por que não recebi apoio…".
Aqueles que assim se expressam estão indo contra a comprovada tese, que diz que uma das características das
pessoas criativas e inventivas é justamente vencer as adversidades, ou seja, os que se colocam como adversários
do seu talento, seja por descrédito, por inveja ou cegueira. Portanto se alguém não vai pra frente, não pode se
dizer criativo…
O que ocorre é que não podemos esperar pelos outros, ou que os outros mudem e passem a nos valorizar.
Somos nós os primeiros que temos que fazê-lo.
O elogio e o incentivo certamente são o remédio para aqueles que "se deixaram" menosprezar por anos
a fio. Elogiar-se a si mesmo e aos outros é uma forma de recuperar o tempo perdido. Diz Ernest Benger:
Em uma organização se produzem melhores ideias mediante a cordialidade. Não há estímulos
que se comparem a umas pancadinhas nas costas. Deve-se fazer o possível para animar os empregados
a terem ideias melhores e em maior número 4.
Fazendo a tradução dessa afirmação para a família ou sala de aula, constatamos a importância do
incentivo no progresso pessoal.
Encerramos com um comentário do mesmo livro da citação anterior, O Poder Criador da Mente:
Um homem que fez fortuna pelos seus esforços criadores referiu que estes começaram quando,
em criança, mostrou ao pai um dispositivo que imaginara para não ter que subir em uma cadeira, a fim
de apagar o bico de gás. Constava simplesmente de um encaixe cortado na ponta de uma vara. Munido
dele, alcançava o braço do bico do gás, passava-o na válvula e apagava a luz sem que subisse a uma
cadeira. O pai disse-lhe que a idéia era "formidável" e, à noite, na presença de visitas, à mesa de jantar,
contou de novo a história, louvando enfaticamente a faculdade inventiva do filho. Tal estímulo fez com
que o menino acreditasse que poderia imaginar idéias e que seria interessante tentar. Foi essa
confiança que lhe preparou o caminho para o sucesso. (pág. 38)

4
In O Poder Criador da Mente – Princípios e processos do pensamento criador e do “brainstorming”. Osborn, Alex. F. Ibrasa, São
Paulo, SP, 1962.
TROCANDO IDÉIAS
1. Este assunto é do seu interesse. Responda as perguntas e aprofunde-se. Não deixe de dar exemplos, quando
for importante. Diga o porquê, não fique somente no "sim e não". Ao final de cada parte, escreva a sua.
Parte I: Os tipos de professores e a aprendizagem
Gostar do jeito do professor influencia no aprender a disciplina?
É possível se dar bem com o professor, sem ter amizade com ele?
Professores que são muito rígidos em aula são assim sempre?
Professores, que entendem muito da sua matéria, podem não se dar bem no controle de uma turma?
Professores divertidos são os que têm mais domínio de classe?
Professores mais pacientes tendem a ter mais domínio de classe?
Professores de disciplinas técnicas tendem a ser mais rígidos com seus alunos?
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Parte II: O elogio e o incentivo
Você já recebeu um elogio que tenha sido um incentivo?
Toda pessoa gosta de elogio? Mesmo aquela que é tímida?
Toda pessoa precisa de elogio? Alguém passaria bem toda a infância sem uma palavra de apoio?
Um elogio pode melhorar as atitudes de alguém?
Um elogio pode melhorar a saúde de alguém?
Um elogio pode melhorar a autoestima de alguém?
Um elogio pode melhorar a aparência de alguém?
Toda pessoa que fez sucesso tem uma história de elogio sobre si para contar?
Toda pessoa que tem uma história de elogio fez sucesso?
Pode haver um elogio mentiroso?
Pode haver um elogio que obtenha resultados inesperados?
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Parte III: A crítica destrutiva como incentivo
Você já recebeu alguma crítica que tenha marcado negativamente?
Toda crítica é ruim?
Toda pessoa precisa de críticas?
Uma crítica destrutiva pode interferir positivamente na vida de alguém?
É possível uma crítica destrutiva melhorar as atitudes, a saúde, a auto-estima, ou a aparência de alguém?
Toda pessoa que fez sucesso tem uma história de crítica sobre si para contar?
Pode haver uma crítica mentirosa?
Pode haver uma crítica que obtenha resultados inesperados?
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Parte IV: A habilidade, as facilidades e o treino


1. Aqueles que escolheram a advocacia e fazem sucesso, se dão bem no falar em público?
2. Os bons arquitetos têm bastante sensibilidade estética?
3. Os bons jogadores de futebol têm inteligência, em relação ao movimento de seu corpo?
4. Os bons jogadores procuraram o futebol por terem essas habilidades ou eles têm essas habilidades porque
procuraram o futebol?
5. Uma pessoa que não tenha habilidade numa área, após muito treino, pode passar a tê-las, e com excelência?
Parte V: As habilidades e os reforços
1. Quem tem sensibilidade linguístico-verbal, verá os fatos em geral por essa perspectiva?
2. Quem tem sensibilidade linguístico-verbal, ocupará uma boa parte do seu tempo nestas investigações?
3. Por se ocupar mentalmente nestas investigações, passará a entender melhor essas relações?
4. E fará descobertas que outros, que não tenham essa sensibilidade, não fazem?
5 . E essas descobertas realimentarão a sua vontade de investigar?
6. E, ao apresentarem essas descobertas aos que o cercam, sendo descobertas inteligentes, eles o elogiarão por
tê-las feito?
7. E esses elogios farão com que ele se aprofunde mais e mais no assunto?
8. E, nesses novos aprofundamentos, ele fará novas relações, ou descobrirá novas relações que o farão dar um
salto de qualidade?
9. Toda essa caminhada poderia se repetir com cada pessoa que apresente uma sensibilidade? Por exemplo, com
alguém que tenha sensibilidade motora? E sensibilidade para o desenho?
10. Isso significa que a pessoa já trazia consigo a sua sensibilidade?
11. Isso significa dizer que cada qual já traz consigo a sua tendência?
12. __________________________________________________________________

Parte VI: Os artistas e o seu gosto


1. Cite um(a) artista ou uma obra artística de que você gosta, mas que não faz sucesso.
2. Cite um(a) artista ou uma obra artística que faz sucesso, mas você não gosta.
3. Cite um(a) artista ou uma obra artística que você acha genial, mas não talentosa.
4. Cite um(a) artista ou uma obra artística que você acha talentosa, mas não genial.
5. Você conhece algum gênio incompreendido? Você pode dar um exemplo?
6. Que faltou na história de um gênio que não fez sucesso?

Parte VII: As habilidades e os reforços


7. Cada pessoa tem possibilidade de ser talentosa?
8. Cada pessoa tem possibilidade de ser genial?
9. Quais as condições que uma pessoa precisa ter para poder realizar os seus talentos?
10. Quem não tem o desejo de ser criativo, pode-se tornar talentoso?
11. Quem não crê que é talentoso, pode-se tornar talentoso, mesmo não crendo?
12. Quem não tem as habilidades necessárias, pode-se tornar talentoso?
13. Quem não tem o conhecimento apropriado, pode-se tornar talentoso?
14. Quem não percebe as oportunidades que surgem, pode se tornar talentoso?
15. Quem não cria oportunidades, pode se tornar talentoso?
16. Quem não vence as pressões contra a sua criatividade (descrenças, complexos, desânimos, indiferenças,
desprezo, críticas, etc) pode se tornar talentoso?
17. __________________________________________________________________

Parte VIII: As individualidades e as influências dos vários fatores


1. Quando você estuda melhor: com barulho ou sem barulho?
2. Você prefere estudar num sofá, numa cadeira, na cama ou em pé?
3. Você fica feliz quando tira boas notas ou não dá muita importância?
4. Você gosta de que os outros saibam que você tirou boas notas?
5. Quando você tira notas ruins, você não se incomoda que os outros saibam?
6. Você, geralmente, termina os trabalhos que começa?
7. Quando existe uma matéria difícil de estudar, você prefere fazê-lo com os amigos?
8. Você gosta de que o professor(a) corrija os seus deveres?
9. Você prefere aprender quando está manuseando ou construindo alguma coisa?
10. Você gosta de beliscar alguma comida, chupar bala ou mascar chiclete enquanto estuda?
11. ___________________________________________________________________
Agora, veja o quadro a seguir e procure identificar que tipo de fatores tem influência sobre você, a partir
das respostas afirmativas às questões anteriores.

QUEM SE IMPORTA COM ESTES ASPECTOS… SOFRE INFLUÊNCIA DE


FATORES…
- Som, luminosidade, temperatura, mobiliário, tipo ( ) AMBIENTAIS
de sala.
- Motivação, persistência, responsabilidade, ( ) EMOCIONAIS
necessidade de estruturação.
- Preferências por trabalhar sozinho, com colegas, ( ) SOCIOLÓGICOS
em pares, em presença de adultos, professores. (SOCIAIS)
- Preferências visuais, auditivas, tácteis, necessidade ( ) FÍSICOS
de se alimentar enquanto estuda.
EXERCITANDO A MENTE
1. Quais as inteligências que você acha que tem? Coloque numa ordem crescente.
Inteligência Momento da sua vida em que ela aparece ou se expressa

1.o lugar

2.o lugar

3.o lugar

Obs.: Quem não conseguir descobrir três sensibilidades, não significa que não as tenha, mas que está
com problemas de autoestima.

2. Leia o quadro a seguir e dê um exemplo, no espaço reservado, de uma pessoa famosa e de uma pessoa do seu
dia-a-dia que possua a sensibilidade referida. Aproveite para fazer, aqui, a homenagem que você sempre quis
fazer ou que já poderia ter feito ao pai, à mãe, a parente, amigo(a), conhecido(a), professor(a) etc.
INTELIGÊNCIA EXEMPLOS
Linguístico-verbal Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Lógico-matemática Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Visual-espacial Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Corporal-cinestésica Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Musical Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Intrapessoal Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
Interpessoal Pessoa famosa: ______________________________________
Pessoa do dia-a-dia:
3. Conforme a frase a seguir, apresentada como modelo, colete outras expressões que falem da possibilidade de
superar as críticas negativas.
"De um limão que me foi dado, eu fiz uma limonada."

a. _____________________________________________________________________
b. _____________________________________________________________________
c. _____________________________________________________________________

4. Certamente, você já recebeu um elogio que foi marcante para sua vida. Escreva como foi.
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5. Entreviste alguém que tenha uma história de elogio e relate aqui.


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6. Para descobrir qual o hemisfério cerebral que tem predominância no seu caso, assinale os itens que
correspondam ao seus caso e confira nas colunas ao lado 5:
HE: hemisfério esquerdo
HD: hemisfério direito
HI: hemisfério integrado
Sim HD HE HI
1. Gosta de ler romances. ( ) (X) ( ) ( )
2. Gosta de ler reportagens. ( ) ( ) (X) ( )
3. Lê tanto de um tipo quanto de outro. ( ) ( ) ( ) (X)
4. É bom para lembrar nomes. ( ) (X) ( ) ( )
5. É bom para lembrar rostos. ( ) ( ) (X) ( )
6. É bom para lembrar ambos. ( ) ( ) ( ) (X)
7. Gosta de guardar coisas sequencialmente. ( ) (X) ( ) ( )
8. Gosta de mostrar relações entre coisas. ( ) ( ) (X) ( )
9. Faz tanto de um modo quanto de outro. ( ) ( ) ( ) (X)
10.Prefere aprender através de demonstrações. ( ) (X) ( ) ( )
11.Prefere aprender através de instrução verbal. ( ) ( ) (X) ( )
12. Aprende bem tanto em uma quanto em outra. ( ) ( ) ( ) (X)

5
Adaptado do livro Criatividade: Descobrindo e Encorajando. Wechsler, Solange Múglia. Editorial Psy, Campinas, SP, 1993, págs.
129-130.

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