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Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 1

Sumário
Introdução ..................................................................................................................................... 2

Fluxograma DMAIC........................................................................................................................ 2

Ferramentas de análise estatística................................................................................................ 5

Dica sobre o Minitab ..................................................................................................................... 5

Medidas descritivas ....................................................................................................................... 5

Histograma .................................................................................................................................... 6

Boxplot .......................................................................................................................................... 7

Gráfico linear ................................................................................................................................. 8

Distribuição Normal ...................................................................................................................... 9

Teste de normalidade .................................................................................................................... 9

Cálculo de probabilidades ........................................................................................................... 10

Análise do sistema de medição – dados discretos (análise de concordância)............................ 11

Análise do sistema de medição – dados contínuos (método longo) .......................................... 12

Análise do sistema de medição – dados contínuos (método curto) ........................................... 13

Análise de capacidade – dados contínuos .................................................................................. 13

Análise de capacidade – dados discretos .................................................................................... 14

Análise preliminar (gráfica) para validação de causas potenciais ............................................... 15

Diagrama de dispersão ............................................................................................................... 15

Diagrama de Pareto .................................................................................................................... 16

Análise estatística para validação de causas potenciais ............................................................. 17

Testes de hipótese ....................................................................................................................... 17

Teste Qui-Quadrado .................................................................................................................... 25

Correlação e Regressão ............................................................................................................... 26

Gráficos de controle .................................................................................................................... 28

Bibliografia .................................................................................................................................. 34
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 2

Introdução
Este guia rápido de referência foi construído como complemento ao seu material didático. Ele não
o substitui e é ideal para acompanhar o líder da equipe no dia a dia de um projeto, proporcionando
acesso rápido às informações e análises mais difíceis de memorizar.

Nele você encontrará um resumo da metodologia DMAIC e das principais ferramentas estatísticas
utilizadas num projeto, incluindo os comandos do Minitab para executá-las.

Não incluímos as ferramentas de Lean, pois fogem do escopo deste guia. Apesar disto, no resumo
da metodologia DMAIC, todas as ferramentas foram citadas para sua referência de aplicação.

Fluxograma DMAIC
Apresentamos a seguir um fluxograma que resume as principais atividades de um projeto Seis
Sigma. Use este fluxograma como sua referência principal para a gestão do projeto.

Nele você também encontrará as principais perguntas para cada etapa do DMAIC, que expressam o
que se espera de cada uma. Para ajudá-lo ainda mais, listamos as principais saídas de cada etapa,
que representam as informações e documentos que você deve produzir para uma boa gestão do
projeto e revisão gerencial.

As principais ferramentas também foram identificadas ao lado das atividades que as utilizam.
Lembre-se que nem todas são necessárias e você deve usar apenas aquelas que fizerem sentido
para seu projeto e tipo de dado envolvido.
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Projeto Lean Seis Sigma passo a passo (Orientativo)


1 2 3 4 5
Objetivo Perguntas-chave
7 9 31 10 12
do projeto • O que é importante para o Cliente ?
• Qual é o problema ou oportunidade a ser abordado ?
Define

• Quem deve compor a equipe de projeto ?


• Que processos devem ser avaliados ?
11 SIPOC
Saídas principais
• Contrato do projeto
• SIPOC
6 8 Mapa do • Mapa do processo
Processo

Perguntas-chave
13
Avaliação do • O que, como e quanto medir ?
Sistema de Medição • Como está se desempenhando o processo atual ?
• Quais são as principais fontes potenciais de variação ?

Saídas principais
Não
• Análise comprovando sistema de medição adequado
Adequado ? Corrigir ou substituir • Análise indicando o nível sigma do processo atual
Measure

Sim

Coletar Dados do
Processo

Determinar a
32 33 4 5 14 Capacidade do
Processo

Sim
Adequado ?

Não

Perguntas-chave
15
Fazer Diagrama
Análise Preliminar
• Quais são os poucos Xs Vitais?
de Causa e Efeito

Saídas principais
18 • Lista das causas potenciais (X) do problema (Y)
Avaliar e Priorizar • Análise(s) gráfica(s) e estatísticas adequadas
16 17 Causas Potenciais • Análise(s) do processo adequadas (Lean)
de Variação Sim
Analise

Lean ?

Sim Não 20 21 22 23
Há dados Análise Processo
Históricos
Confiáveis? 24 25 34

Análise Estatítica 19 35 36
Não

Planejamento e
Coleta de Dados

Causa Raís
identificada ?
Não

Sim
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Perguntas-chave
Simular Processo 38 • Como confirmar a influência das fontes de variação ?
• Que ações devem ser implantadas ?
• Como assegurar que o desempenho do processo
Não melhorou ?

Sim Saídas principais


É viável Testes
modificar ? adicionais? • Análise(s) DOE, quando necessária(s)
• Matriz de decisão das ações corretivas, se aplicável
• Plano de ação(ões) corretiva(s)
Sim Não 26 • Análise indicando o nível sigma do processo
melhorado
Improve

Executar
Identificar • Mapa do processo melhorado
Modificações Outras Ferramentas
Experimentos
Necessárias

Sim
39 40

Elaborar Plano de Melhoria


10 29 adicional ?
Ação

Não

Implantar Mapa de Processo


6 8 20 37
Ações Melhorado

Recalcular
32 33 4 5 14 Capacidade do
Processo

Perguntas-chave
28 29 30 Padronizar
Processo • Como controlar as fontes de variação ?
• Como evitar que o desempenho melhorado se
27
deteriore ?

Sim Saídas principais


Viável Desenvolver
Control

Poka Yoke ? Poka Yoke • Documento(s) de padronização do processo


• Plano de ação para Poka Yoke, se aplicável
• Plano de controle
Não
• Plano de ação para situações de falta de controle
Monitorar Prevenir
41 5 Desempenho do Reincidência do
Processo Problema

Não Sim
Fora de Atuar sobre o
Controle ? Processo

Identificação das principais ferramentas recomendadas


Matriz para selecionar Quality Function Gráficos de controle
1 11 SIPOC 21 Set-up rápido 31 41
projeto Deployment (QFD) (peq. lotes e EWMA)
Matriz para priorizar Análise de capacidade
2 12 Contrato de projeto 22 5S 32 42
projeto (dados não normais)
Análise R&R ou Diagrama de Índices de capacidade
3 Pareto 13 23 33 43
concordância espaguete (Cp, Cpk, Pp Ppk)
Diagrama de
4 Gráfico linear 14 Análise de capacidade 24 Análise de gargalo 34 44
atividades múltiplas
Diagrama de causa e Total productive Regressão simples
5 Gráficos de controle 15 25 35 45
efeito maintenance (TPM) (quadrática e cúbica)
Mapa de fluxo de valor Matriz de causa e
6 16 26 Matriz de decisão 36 Regressão múltipla
(VSM) efeito
7 Benchmarking 17 5 porquês 27 Poka Yoke 37 FMEA
Box-Plot, Histograma, Simulação de Monte
8 Fluxograma 18 28 Gestão à vista 38 Legenda
Dispersão ou Pareto Carlo
Testes de hipótese,
9 Árvore CTQs 19 29 5W1H 39 ANOVA 2 fatores Green Belt
Regressão
Mapa detalhado do Procedimentos / Delineamento de
10 Gráfico de Gantt 20 30 40 Black Belt
processo Instruções (ISO) experimentos (DOE)
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Ferramentas de análise estatística

Dica sobre o Minitab


Há duas formas básicas de inserir dados no Minitab. A figura abaixo mostra como organizá-los de
forma que as informações de cada variável fiquem todas em uma única coluna (1). Ao lado você
verá como organizá-los em várias colunas (2). Prefira a organização em uma única coluna.

Algumas ferramentas apresentam opções para análise em função da organização dos dados. As
opções chamadas “Um Y” devem ser escolhidas quando os dados estão organizados em uma única
coluna (1). As opções chamadas “Múltiplos Y’s” devem ser escolhidas quando os dados estão
organizados em várias colunas (2).

Medidas descritivas
As medidas mais comuns para caracterizar um conjunto de dados são:

Medidas de posição Medidas de dispersão


Média ( ) Amplitude (R)
Mediana ( = Q2) Devio-padrão ( )
Quartis (Q1 Q2 e Q3) Variância ( )

O cálculo das medidas descritivas é feito no Minitab da seguinte forma:


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Histograma
O Histograma é uma organização gráfica dos dados, que permite observar a forma como eles
variam. Esta informação pode ser útil para identificar possíveis fontes de variação dos dados.

O histograma também é usado para comparar a variação de um processo com os requisitos do


cliente (especificação, SLA) que discutiremos em análise de capacidade.

Veja a seguir os passos no Minitab para construir um histograma. Recomenda-se pelo menos 50
medidas para que o histograma revele adequadamente a forma de variação dos dados.
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 7

Lembre-se que para redefinir a quantidade de barras (classes/intervalos) no histograma, basta você
posicionar o cursor na figura e clicar com o botão direito para acessar a opção “Editar Barras” e,
então, a pasta “Intervalos de Classes”, como indicam as figuras abaixo.

Boxplot
O Boxplot é outra maneira de organizar graficamente os dados, para observar a forma como eles
variam. Ele é a opção ao histograma quando temos menos de 50 medidas.

Veja a seguir como construí-lo usando o Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 8

Quando estiver analisando apenas um Box-Plot observe:

• Posição da mediana (distribuição simétrica ou não)


• Tamanho da caixa (50% da variação do processo)
• Tamanho das linhas/bigodes (Maior parte da variação do processo)
• Presença de outliers (asteriscos)

Quando estiver tentando validar um X, você estará comparando várias distribuições, ou seja, vários
Boxplot lado a lado. Observe se há sobreposição das caixas, o que sugere não haver diferença
significativa entre as distribuições. Em outras palavras, os resultados de Y não apresentam
diferenças para as diferentes condições de X. Portanto, X não impacta Y.

Gráfico linear
O gráfico linear é usado para revelar tendências de Y ao longo do tempo. Podemos afirmar a
presença de uma tendência nas seguintes situações:

Significado Regra
Tendência 6 pontos consecutivos aumentando ou diminuindo
14 pontos consecutivos alternando-se para cima e para baixo
Estratificação
Grupos de pontos isolados com caráter repetitivo
Mudança de nível 9 pontos consecutivos acima ou abaixo da mediana
Ciclos Sequencia de pontos que se repete
Outros Padrões estranhos, denotando falta de aleatoriedade

Veja a seguir como usar o Minitab para esta ferramenta


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Distribuição Normal
Apesar das medições de um processo variarem, frequentemente, elas possuem um padrão
chamado de distribuição Normal. Este padrão pode ser representado por um modelo matemático
chamado curva de Gauss ou Normal, que utilizamos para fazer inferências sobre a população a
partir dos dados da amostra.

Teste de normalidade
Muitas ferramentas e análises assumem o padrão Normal dos dados e, por isso, é importante
testar esta suposição antes de fazer a análise.

Este é um teste de hipótese onde:

• Hipótese nula (H0) : Os dados seguem a distribuição Normal


• Hipótese alternativa (H1) : Os dados NÃO seguem a distribuição Normal

Portanto, o “Valor– P” deve ser maior que 0,05 para que confirmemos a distribuição Normal dos
dados.

O Minitab gera, juntamente com o teste, um gráfico chamado de Papel de Probabilidade Normal,
que apresentará os dados alinhados como uma reta, caso tenham distribuição Normal. Veja a
seguir como fazer.
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Cálculo de probabilidades
Uma das análises que se pode fazer usando a distribuição Normal é estimar a quantidade de
resultados de um processo que não atendem ao requisito do cliente (especificação, SLA).
Graficamente, isto significa calcular a área sob a curva Normal que está fora das especificações,
como vemos abaixo.

Veja a seguir como usar o Minitab para estes cálculos


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Análise do sistema de medição – dados discretos (análise de concordância)


A análise do sistema de medição é fundamental para garantir que a influência da medição na
avaliação do processo que queremos melhorar não é crítica.

A análise para dados discretos aplica-se frequentemente quando estudamos processos


administrativos ou de serviços. Ela é chamada análise de concordância, pois se verifica a
consistência (concordância) entre as avaliações de uma mesmo analista, entre eles, e entre eles
comparados a um eventual padrão.

Observe as seguintes orientações para esta análise:

• Selecione uma amostra de possíveis situações que ocorrerão na prática, incluindo casos/itens
que possam gerar dúvidas. A amostra deve ser maior que 50 casos/itens.
• Se possível, identifique um padrão (ou um especialista) cuja classificação dos casos/itens que
comporão a amostra será considerada como sendo a correta.
• Numere ou identifique os casos/itens de forma que cada analista não saiba quando estiver
reavaliando o mesmo caso/item.
• Solicite a cada analista para avaliar cada caso/item uma primeira vez, anotando os resultados.
• Avalie os mesmos casos/itens uma segunda vez, mas em ordem diferente, não permitindo que
o analista veja os resultados da avaliação anterior.
• Prossiga até obter todas as avaliações necessárias (em geral avalia-se cada item 2 ou 3 vezes).

O sistema de medição é julgado da seguinte forma:

% concordância Conclusão
Maior que 90% Adequado
Entre 80% e 90% Marginal
Menor que 80% Inadequado

As eventuais ações de melhoria do sistema de medição devem começar por onde o cálculo do
percentual de concordância for menor que 90%. Por exemplo, se o resultado foi de 75% para a
concordância entre analistas, deve-se identificar eventuais inconsistências no julgamento entre
analistas (ex: diferentes definições operacionais) e corrigi-las . Veja como utilizar o Minitab nesta
análise.
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Análise do sistema de medição – dados contínuos (método longo)

A análise do sistema de medição é fundamental para garantir que a influência da medição na


avaliação do processo que queremos melhorar não é crítica.

Observe as seguintes orientações para esta análise:

• Selecione uma amostra aleatória de 5 a 15 itens que capturem toda a faixa de variação do
processo (pode haver até itens não conformes).
• Numere ou identifique os itens de forma que cada analista não saiba quando estiver
reavaliando o mesmo item.
• Solicite a cada analista para medir cada item uma primeira vez, anotando os resultados.
• Meça os mesmos itens uma segunda vez, mas em ordem diferente, não permitindo que o
analista veja os resultados da medição anterior.
• Prossiga até obter todas as medições necessárias (em geral mede-se cada item 2 ou 3 vezes).

O sistema de medição é julgado da seguinte forma:

1. Carta R por analista – Todos os pontos devem estar dentro dos limites de controle
2. Boxplot por analista – As caixas devem estar sobrepostas com médias parecidas
3. ANOVA – Verificar existência de interação na primeira tabela e usar a primeira (caso exista
interação) ou a segunda (caso não exista interação) para julgar influência do analista. Não
haverá interação e o analista não terá influência se os respectivos valores de P forem maiores
que 0,05.
4. Comparar percentual de “Total de R&R da Medição” da segunda tabela com os critérios a
seguir.

% VE ou VE/Toler Conclusão
Até 10% Adequado
Entre 10% e 30% Marginal
Mais que 30% Inadequado

Além disto, “Número de Categorias Distintas” deve ser no mínimo 4.

As eventuais ações de melhoria devem começar observando a maior contribuição para o “Total de
R&R da Medição” (Repetibilidade – foco no equipamento; Reprodutibilidade – foco nos analistas).
Veja como utilizar o Minitab nesta análise.
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Análise do sistema de medição – dados contínuos (método curto)


A análise do sistema de medição é fundamental para garantir que a influência da medição na
avaliação do processo que queremos melhorar não é crítica.

Esta análise é similar ao método longo, porém deve ser utilizada quando não for possível repetir
uma medição no mesmo item. Como consequência, não será possível obter a contribuição de
Repetibilidade (Repê) e Reprodutibilidade (Reprô), que ajudaria a focar eventuais ações corretivas.

A coleta de dados é semelhante ao método longo, com exceção das repetições que não existirão.

A análise pelo método curto é feita usando-se a planilha Excel chamada “RRMetodoCurto” que
possui instruções de preenchimento na pasta “Leia-me”.

O sistema de medição é julgado comparando-se o R&R Total calculado pela planilha com base na
tabela do método longo.

% R&R Conclusão
Até 10% Adequado
Entre 10% e 30% Marginal
Mais que 30% Inadequado

Análise de capacidade – dados contínuos


A análise de capacidade consiste na comparação entre o desempenho do processo (tendência
central e variação) e as expectativas dos clientes, interno ou externo, normalmente expressas
como especificações, SLA, Min e Max, etc.

Nesta comparação medimos quão capaz é um processo em atender os requisitos do cliente. Esta
medida chama-se nível sigma.
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Vejamos como realizar esta análise com o Minitab

O nível sigma é estimado pelo valor Zbench, obtido na janela “Capacidade Global”. O nível sigma é
determinado como:

Capacidade Sigma = Zbench + 1,5

Notem que para todo nível sigma haverá uma estimativa para a quantidade de resultados fora da
especificação expressa em PPM (Partes Por Milhão), obtida na janela “Desempenho Global
Esperado”.

Análise de capacidade – dados discretos


A análise de capacidade consiste em comparar a variação do processo com as expectativas do
cliente, interno ou externo, normalmente expressas como especificações, SLA, Min e Max, etc.

Para dados discretos, não podemos medir a variação do processo e compará-la com as
especificações. Teremos apenas o resultado final, ou seja, a quantidade de resultados fora da
especificação. Neste caso, devemos fazer o caminho inverso e estimar o nível sigma que gera um
valor equivalente de resultados fora da especificação.
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 15

Utilize a planilha “Sigma_Atributos” para fazer este cálculo. Observe que há várias linhas que
podem ser usadas para os resultados de cada amostra. Para cada uma informe:

• Defeitos: O total de defeitos/erros encontrados na amostra


• Unidade: A quantidade de unidades inspecionadas na amostra
• Oportunidade: A quantidade de oportunidades de defeito/erro em uma unidade

Análise preliminar (gráfica) para validação de causas potenciais


A análise preliminar, também chamada de exploratória, permite validar a influência de uma causa
potencial (X) no efeito (Y) considerando que esta influência pode ocorrer no posicionamento dos
resultados (média), variabilidade dos resultados (variância) ou no nível de defeituosos (proporção).

Para executar esta análise, coletamos dados de Y quando o processo está operando sob a presença
da causa potencial e também quando não está. Se houver diferença significativa nos resultados de
Y então dizemos que esta causa X influencia Y.

Por exemplo, coletamos o tempo de atendimento (Y) para cada atendente (X), pois a equipe
acredita que este X seja uma causa potencial do problema (Y). Se houver influência desta causa,
constataremos comportamentos diferentes no tempo, para cada atendente.

As ferramentas gráficas são mais simples de analisar, porém nem sempre permitem afirmar com
certeza que X influencia Y, visto que nem sempre apresentam critérios objetivos de julgamento e
em certas situações estão sujeitas a diferentes interpretações. Esta análise deve ser
complementada pela análise estatística.

As ferramentas gráficas estão definidas em função do tipo de dado (X e Y) que você possui. Use a
tabela abaixo para decidir a ferramenta correta que deve utilizar.

Ferramentas de análise X
preliminar (exploratória) Contínuo Discreto
Diagrama de Histograma
Contínuo
dispersão Box Plot
Y
Discreto Diagrama de Pareto

Diagrama de dispersão
Este diagrama revela eventuais correlações entre um X e um Y. Estas correlações se apresentam na
forma de tendências quando olhamos a nuvem de pontos no gráfico.
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Vejamos como construir este diagrama no Minitab.

Diagrama de Pareto
O princípio de Pareto nos ajuda a separar os poucos vitais dos muitos triviais. Em outras palavras, é
comum observar que poucas coisas explicam a maioria dos resultados. Este princípio também é
conhecido como curva ABC ou regra dos 80/20.

Vejamos como construir este diagrama no Minitab.


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Análise estatística para validação de causas potenciais


Além da análise preliminar (exploratória), e particularmente quando esta não permite tirar
conclusões precisas, você deve utilizar as seguintes ferramentas estatísticas como complemento da
análise. Elas estão definidas em função do tipo de dado (X e Y) que você possui. Use a árvore de
decisão abaixo para identificar a ferramenta correta que deve utilizar.

2
Quantos
Teste para 2 Variâncias
grupos?
Variâncias
3+ Teste de igualdade de
Variâncias
Tipo do
teste
Teste t para 1 amostra

Médias
Teste t para 2 amostras
Discreto 1
Não
2
Quantos Dados
X
grupos? pareados?

3+ Sim
Contínuo

Contínuo Teste t pareado

Y ANOVA - Um fator

Discreto Correlação

Regressão
Regressão Logística
Independência
Contínuo Teste Qui-Quadrado

Proporção (2 grupos)
Tipo do
X Teste para 2 proporções
teste
Discreto

Testes de hipótese
Os testes de hipótese são usados para validar a influência de uma causa potencial (X) no efeito (Y)
considerando que esta influência pode ocorrer no posicionamento dos resultados (média),
variabilidade dos resultados (variância) ou no nível de defeituosos (proporção).
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 18

O teste nos informará a probabilidade da hipótese nula (H0) ser verdadeira, em função dos dados
coletados. Este valor chama-se “P” e quanto menor ele for, menor será nossa crença na hipótese
nula (H0), ou seja, de que não há diferença, e maior nossa certeza de que há diferença ou influência
da causa potencial X em Y. Em termos práticos quando o valor de “P” for menor que 0,05 dizemos
que há diferença significativa, ou seja, que a causa provável X influencia Y.

P < 0,05 confirma que X influencia Y

Os testes de hipótese podem ser agrupados em função do tipo de dado (Y) que você possui (X deve
ser discreto) e do tipo de influência que queremos testar (na média, variância ou proporção). Use a
árvore de decisão acima para identificar a ferramenta correta que deve utilizar.

Teste t para 1 amostra


Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que o novo método de organização das ferramentas diminui o tempo médio de
localização das mesmas em comparação à média atual, que é de 6 minutos?

Serviços – Será que o novo sistema de gestão do call center diminui o tempo médio de
atendimento em comparação ao histórico atual, que é de 4minutos?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: µ = Valor (A média do novo método “µ” é igual à média atual “Valor”)

H1: µ ≠ Valor (A média do novo método “µ” é diferente da média atual “Valor”) OU
µ > Valor (A média do novo método “µ” é maior que a média atual “Valor”) OU
µ < Valor (A média do novo método “µ” é menor que a média atual “Valor”)

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


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Teste t para 2 amostras


Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que o tempo de reparo pelo procedimento atual é diferente do tempo pelo
procedimento novo?

Serviços – Será que o tempo de fechamento mensal em finanças, considerando as alterações


propostas na sequencia de processamento (Novo), é menor do que o tempo gasto pela sequencia
atual (Atual)?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: µNovo = µAtual (A média do novo método “µNovo” é igual à média atual “µAtual”)

H1: µNovo ≠ µAtual (A média do novo método “µNovo” é diferente da média atual “µAtual”) OU
µNovo > µAtual (A média do novo método “µNovo” é maior que a média atual “µAtual”) OU
µNovo < µAtual (A média do novo método “µNovo” é menor que a média atual “µAtual”)

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 20

ANOVA – Um fator
Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que há diferença no tempo de reparo considerando-se 3 métodos distintos?

Serviços – Será que há diferença no tempo de recrutamento e seleção considerando-se 4 perfis


distintos (operador, técnico, profissional e gerentes)?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: µA = µB = ... = µN (As médias são todas iguais)

H1: Há pelo menos uma média diferente das demais

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 21

Lembre-se que para fazer esta análise é necessário confirmar antes que as variâncias são iguais. O
Teste de igualdade de Variâncias deve ser usado para isto.

Teste para 2 Variâncias


Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que o equipamento do fornecedor A produz dureza mais homogênea dos produtos
do que o do fornecedor B?

Serviços – Será que o método novo (A) de preparo de alimentos tem tempo de preparo mais
homogêneo em relação ao método atual (B)?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: σ2A = σ2B (A variância do novo método “σ2A” é igual à variância atual “σ2B”)

H1: σ2A ≠ σ2B (A variância do novo método “σ2A” é diferente da variância atual “σ2B”) OU
σ2A > σ2B (A variância do novo método “σ2A” é maior que a variância atual “σ2B”) OU
σ2A < σ2B (A variância do novo método “σ2A” é menor que a variância atual “σ2B”)
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 22

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


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Teste de igualdade de Variâncias

Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que há diferença na homogeneidade da dureza de produtos produzidos em 4


máquinas do processo?

Serviços – Será que há diferença na homogeneidade do tempo de preparo de alimentos


considerando-se 5 métodos distintos de preparação?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: σ2A = σ2B = ... = σ2N (As variâncias são todas iguais)

H1: Há pelo menos uma variância diferente das demais

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 24

Teste para 2 proporções

Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que a matéria prima do fornecedor A gera menos defeituosos que a do fornecedor
B?

Serviços – Será que o novo método de operação do raio X (A) produz menos imagens defeituosas
que o método atual (B)?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: pA = pB (A proporção de defeituosos “p” de A é igual a de B)

H1: pA ≠ pB (A proporção de defeituosos “p” de A é diferente de B) OU


pA > pB (A proporção de defeituosos “p” de A é maior que B) OU
pA < pB (A proporção de defeituosos “p” de A é menor que B)

Vejamos como fazer este teste no Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 25

Teste Qui-Quadrado
Este teste verifica se X e Y são independentes ou não. Em outras palavras, se há relação entre X e Y.

Possível aplicação deste teste:

Indústria – Será que existe relação entre a qualidade do produto e o turno em que foi produzido?

Serviços – Será que existe relação entre o tipo de livro adquirido e o sexo do leitor?

Neste teste as hipóteses serão:

H0: X e Y são independentes


H1: X e Y não são independentes

Vejamos como fazer este teste no Minitab quando inserimos os dados no formato de tabela.
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 26

Vejamos como fazer este teste no Minitab quando não temos os dados tabulados, mas sim na
forma bruta.

Correlação e Regressão
Esta análise verifica se há correlação entre X e Y. Ela complementa a análise gráfica do diagrama de
dispersão.

Possível aplicação desta análise:

Indústria – Será que há correlação/regressão entre a resistência da solda e a velocidade do forno?

Serviços – Será que há correlação/regressão entre vendas (R$) e gastos com publicidade (R$)?

O índice de correlação (r) quantifica o grau da correlação entre X e Y. Quanto mais próximo de 1 ou
-1 mais forte será a correlação entre X e Y.

Além de calcular o coeficiente de correlação (r), o Minitab informará se ele é significativo. Neste
teste as hipóteses serão:

H0: Não há correlação (ρ = 0)


H1: Há correlação (ρ ≠ 0)
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 27

Vejamos como calcular o coeficiente de correlação no Minitab.

A análise de regressão é divida em duas partes:

1. Determinação da reta de regressão

Além de calcular a reta de regressão, o Minitab informará se ela é significativa. Neste teste as
hipóteses serão:

H0: Não há regressão (β1 = 0)


H1: Há regressão (β1 ≠ 0)

Vejamos como fazer esta análise no Minitab.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 28

2. Análise dos resíduos

Nesta análise deve-se observar:

• Normalidade dos resíduos (teste que acompanha o papel de probabilidade Normal)


• Aleatoriedade dos resíduos (sem tendência e variando entre ± 3)

Vejamos como fazer esta análise no Minitab.

Gráficos de controle
Estes gráficos são utilizados para avaliar o tipo de variação em um processo e, consequentemente,
orientar o tipo de ação que deve ser tomada.

Aspecto Variação especial Variação comum


Perdas Monetárias Pequenas Grandes
Pequena - a natureza contínua faz
Visibilidade do Grande - a natureza súbita chama
com que todos se acostumem ao
problema a atenção de todos
problema
Simples, coleta rotineira e muito Complexos, coleta especial e
Dados
freqüente pouco freqüente
Simples e feita por pessoal Complexa e feita por pessoal
Análise
próximo ao processo técnico
Ação Requerida Restabelecer o nível anterior Mudar para nível melhor
Responsabilidade
Pessoal do Processo Equipe de Projeto
pela Ação
A estrutura básica dos gráficos de controle está ilustrada abaixo. Os chamados limites de controle
correspondem a ± 3 desvios-padrão em torno da média, para todos os tipos de gráfico.
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 29

A sinalização de uma variação especial é feita com base em qualquer um dos critérios abaixo:

Critério Regra
1 1 ponto fora dos limites de controle
2 9 pontos consecutivos, do mesmo lado da linha central
3 6 pontos consecutivos crescendo ou decrescendo
4 14 pontos consecutivos alternando para cima e para baixo
5 2 em 3 pontos consecutivos além de 2 desvios padrão (do mesmo lado da linha central)
6 4 em 5 pontos consecutivos além de 1 desvio padrão (do mesmo lado da linha central)
7 15 pontos consecutivos dentro da região de ± 1 desvio padrão
8 8 pontos consecutivos além de 1 desvio padrão (do mesmo lado da linha central)
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 30

Para realizar estes testes no Minitab, basta clicar em Opções do gráfico no momento de construir
qualquer gráfico e na pasta Testes selecionar a opção indicada abaixo.

Gráficos de controle para atributos (dados discretos)


Use o diagrama a seguir para escolher o gráfico adequado.

Defeituosos Defeitos
Defeitos ou
Defeituosos?

Tamanho da Área de
amostra é oportunidade
constante? Não Não é constante?

Sim Sim

Gráfico NP ou P Gráfico P Gráfico U Gráfico C ou U

Possíveis aplicações
Indústria Indústria Indústria Indústria
Quantidade ou % % de embalagens Quantidade média Quantidade de
de peças amassadas de defeitos num defeitos na
defeituosas Serviços computador inspeção visual de
Serviços % de propostas de Serviços um brinquedo
Quantidade ou % vendas erradas Quantidade média Serviços
de NF erradas de erros no Quantidade de
demonstrativo de erros num pedido
salário de compra
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 31

Em todos os casos, o tamanho da amostra deve ser suficientemente grande para que nela
apareçam em média pelo menos 5 itens defeituosos, no caso dos gráficos P ou NP, ou em média 5
defeitos, no caso dos gráficos C ou U. Em outras palavras, o tamanho da amostra deve ser tal que:

Gráficos P ou NP

Gráficos C ou U

Vejamos como usar o Minitab para construir estes gráficos. Ilustraremos apenas o gráfico P pois os
demais são semelhantes.
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 32

Gráficos de controle para variáveis (dados contínuos)

Use o diagrama a seguir para escolher o gráfico


adequado.

Subgrupos Medidas individuais


Subgrupos ou
medidas
individuais?

Tamanho da
amostra é
maior que 10? Não

Sim

Gráfico Gráfico ou Gráfico I – AM

Possíveis aplicações
Indústria Indústria Indústria
Índice de pureza de um Peso do pote de manteiga Dureza de um produto
produto Serviços quando testar mais que
Serviços Tempo de atendimento uma amostra é
Tempo de análise de num call center economicamente inviável
contratos Serviços
Diferença entre o volume
de vendas projetado e o
real, por mês

Gráfico I-AM
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 33

Gráfico (Xbarra-S)

Gráficos de controle – quando recalcular os limites


Os limites de um gráfico de controle são definidos
num estudo inicial quando se coletam O processo mudou Não
seu comportamento?
dados do processo e avalia-se a presença
de variação especial. Quando os dados não mais
indicarem a presença de causas especiais, os limites Sim

calculados são então utilizados para monitorar o


processo, mantendo o padrão de variação A causa da mudança é Não
conhecida?
comum obtido.

Estes limites somente serão revistos quando houver Sim Manter os limites
uma mudança no padrão do processo, que se deseja de controle atuais

manter no futuro. A figura ao lado resume O novo Não


comportamento é
este processo de decisão. desejável?

Sim

Sim Espera-se que ele Não


Recalcular os
continue?
limites de controle
Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 34

Bibliografia Recomendada

ECKES, G. A revolução 6 Sigma. Rio de Janeiro, Campus, 2001.

PANDE, P. S.; NEUMAN, R. P.; CAVANAGH, R. R. A estratégia 6 Sigma. Rio de Janeiro, Qualitymark,
2001.

ROTONDARO; R. G. et al. Seis Sigma. São Paulo, Atlas, 2002.


Lean Seis Sigma – Guia de Referência Rápida 35

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