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CE

CONSELHO EUROPEU
SEPARATISMO NA ESPANHA
E A QUESTÃO DA CATALUNHA
ABACOONU 2018
Índice

1. Apresentação e objetivo do comitê


2. Conselho Europeu
3. Panorama Atual da Europa
4. A nação: formação e sentimento de nacionalismo
5. Espanha
5.1. Contexto socioeconômico atual
5.2. Separatismo na Espanha
5.2.1. Histórico e principais casos
5.2.2. Questão da Catalunha
5.2.3. Posição dos países
6. Documento de Posição Oficial

Guia de Estudos CE 2
1.Apresentação e objetivo do comitê

Estimados Delegados,

Sejam bem-vindos ao Conselho Europeu do X ABACOONU. A mesa diretora será


composta por Andrei Dias, João Victor Azeredo, Joyce Roveri, Leticia Cangane e Lucas
Moreira. Estamos ansiosos para recebê-los nessa edição do evento e estaremos a
disposição para ajudar e esclarecer qualquer dúvida, seja durante a preparação ou no decor-
rer do debate.

Nos dias atuais, existem diversos casos de separatismo, porém o entendimento se os


mesmos estão em conformidade com a lei permanece sem clareza. No passado, a ONU e
seus Estados-membros responderam a cada caso individualmente de maneiras diferentes e
usando diferentes premissas. Há muitas perguntas em aberto sobre como a insurgência de
um movimento separatista pode ser encarado perante a Ordem Internacional existente.

Dentre outras, apresenta-se a seguinte questão: Como as discussões e decisões


acerca de temas internos devem ser feitas pela comunidade internacional? Mesmo que seja
legal, a separação de uma nação de outra é um processo incrivelmente complicado, o qual
pode culminar em um potencial conflito, vide a criação do Estado de Israel. O que então
deveria, se deve, a comunidade internacional fazer para amenizar o processo e garantir a
construção de paz? Na luz destas indagações, como deve então a comunidade internacional
agir no caso catalão?

A questão acerca do separatismo na Espanha possui uma grande relevância atual,


porém é necessário um embasamento histórico para o entendimento completo da situação -
enquanto alguns acontecimentos proporcionaram uma maior autonomia das regiões da
Catalunha e do País Basco, outros fizeram com que essas regiões fossem dependentes do
governo de Madrid. A autonomia regional resvala nas competências essenciais do Estado
de Bem-Estar, como saúde e educação, e com o tempo se amplia para outras áreas como a
administração de prisões e da polícia local.

Portanto, durante dos três dias de debate o Conselho Europeu tem por objetivo mostrar
todas as questões acerca do separatismo, analisando os impactos de uma separação
na Espanha e os papéis da comunidade internacional na mediação do conflito, dando
ênfase ao processo de construção de paz na região da Catalunha e abordando,
também, o reconhecimento ou não do novo país pelas demais nações e discutindo
sobre medidas a serem tomadas no caso da independência, mas não se restringindo
a esse aspecto da situação, que se mostra ampla e muito complicada. Assim, espera-se
que a proposta de resolução apresente ao menos os seguintes pontos: Como a comunidade
internacional agirá caso ocorra uma declaração de independência? Como será construída a
paz na região, sem privar a Catalunha de democracia? Como a Catalunha pode retornar a
um estado de legalidade, almejando ou não uma separação?

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A discussão acerca do tema pode ser embasada em diversos casos de separatismo
existentes, sempre levando em consideração a liberdade dos povos. Por fim, esperamos que
os senhores estejam dispostos a realizarem uma boa simulação, com muita dedicação e em-
penho para que o problema apresentado por este comitê seja solucionado.

Atenciosamente,
Mesa diretora do Conselho Europeu

2. Conselho Europeu

No contexto político e econômico pós Segunda Guerra Mundial, visando à atenuação


da tensão geopolítica e ao estímulo de cooperações econômicas entre países vizinhos, acor-
dou-se, em 1952, a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), composta
pela Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França, Alemanha e Itália - a então denominada
“Europa dos seis”. Posteriormente, com o Tratado de Roma, no ano de 1957, instituiu-se o
Mercado Comum Europeu, a partir do qual houve progressiva adesão de outros países ao
acordo e a consecutiva expansão de suas funções, a exemplo de zona de livre circulação de
mercadorias e serviços.

Em dezembro de 1974, na Cimeira de Paris, foi criado o Conselho Europeu (CE), com
a finalidade de proporcionar um ambiente de debate aos Chefes de Estado dos países-mem-
bros. No ano de 1992, com o Tratado de Maastricht, a comunidade foi oficialmente denomi-
nada União Europeia (UE), destacando-se como o único exemplo atual de união econômica
e monetária no planeta, bem como extensa área de irrestrita circulação de seus cidadãos -
com exceção da Irlanda e do Reino Unido, ausentes na firma de tal resolução (Acordo de
Schengen, em vigor a partir do ano de 1995).

O CE não adota legislações e nem negocia acordos, de modo que não é considerado
um órgão legislativo. Contudo, as agendas e objetivos determinados pelo mesmo têm de ser
devidamente seguidos pelos países, para futuras negociações de tratados, legislações, etc.
Assim, o Conselho pode trabalhar conjuntamente com o Parlamento Europeu, órgão legisla-
tivo da UE e cujo número de representantes por país é proporcional ao seu tamanho. O Con-
selho também é responsável pela coordenação das políticas das nações em domínios espe-
cíficos, tais como políticas econômicas orçamentais, educacionais, referentes à cultura,
juventude e à política de emprego.

Além disso, cabe ao orgão celebrar acordos internacionais e adotar orçamentos da


UE. Sendo assim, é a entidade responsável por conferir mandato à Comissão Europeia para
negociar com países terceiros e órgãos internacionais, bem como por ratificar ultimamente

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todos os acordos da União, depois de serem passados pelos parlamentos e autenticados
previamente pelos países.

3. Panorama atual da Europa

A Europa é um continente um tanto quanto controverso: ora prega-se a Liberdade, ora


prega-se a Limitação.

Palco de duas Guerras Mundiais, o continente europeu conta, atualmente, com uma
luta interna. Porém, o inimigo não é mais um exército como outrora. Na atual conjuntura,
enfrenta-se um sentimento. Sentimento este que gerou guerras catastróficas e está inserido
na cultura européia: o Nacionalismo. Além do nacionalismo, há outras razões, como por
exemplo motivos econômicos, para iniciar-se um movimento de independência para com o
Governo Central de cada Estado.

Atualmente a Europa enfrenta uma onda de tentativas de separatismos, como por


exemplos a Escócia para com o Reino Unido; Flandres para com a Bélgica; entre outros.

O mapa mostra como seria a Europa se todos os movimentos separatistas se emanci-


passem. Observa-se que somente na península Ibérica o número de Nações mais do que
quadruplicou.

Segundo James Landale, correspondente da BBC, "Em terceiro lugar, e mais impor-
tante, a União Européia é fundamentalmente oposta a movimentos separatistas em princí-
pio. Eles são vistos como uma ameaça para o que ainda é um clube de Nações Soberanas."
Ou seja, movimentos de Independência tratam-se de uma ruptura não somente com o Gov-
erno Central, mas também com a ideologia do status quo. Esta ruptura interna pode desen-
cadear uma ruptura externa. Além disso, a União Européia vê-se como o elo econômico,
1
http://bambinoides.com/pt/a-map-of-europes-separatist-movements/

2
Status quo: expressão latina que significa “o estado da coisa”, ou seja,
deixar as coisas como elas sempre foram, sem alterá-las.

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estrutural e cultural, e essa iniciativa claramente causa tremores no bloco.

Finalmente, vale lembrar que outro fator de grande importância é que muito além de
todos os pontos aqui já levantados, revela-se o medo Europeu. Tal medo é notado em
qualquer outro continente ou nação que enfrenta algum tipo de secessão; o medo transcorre
do fato de uma única emancipação tornar-se um ótimo exemplo para novos movimentos. Ou
seja, ao ver que determinado movimento alcançou independência, outros líderes irão usá-lo
como exemplo e os ânimos aumentarão exponencialmente.

Agora, vale pensar sobre algumas questões: A Catalunha possui um grande potencial
à emancipação. Deve-se bloqueá-la para que amanhã a Europa não se fragmente?Ou todas
as vozes devem ser ouvidas? O "Clube de Nações Soberanas" não deve intervir, já que os
movimentos de independência são assuntos internos de cada Estado, ou barreiras devem
ser quebradas ?

4. Nação, Direito Internacional e Questão Catalã

4.1. Uma introdução ao conceito de nação

Para que possamos discutir sobre a possibilidade de se estabelecer um novo estado


na região da Catalunha, devemos, primeiramente, definir o que é Estado e o que é um Esta-
do-Nação. Dessa maneira, recorremos à história para nos trazer uma breve introdução da
formação do estado como conhecemos hoje.

Podemos dizer que o conceito de Estado advém desde as primeiras divisões sociais
criadas pela humanidade. Dessa maneira, nos apoiamos no texto de Dalmo Dalari que apre-
senta quatro tipos de visões diferentes para a origem do Estado. Essas são origem familiar
ou patriarcal; origem em atos de força de violência ou de conquista; origem em causas
econômicas ou patrimoniais e origem no desenvolvimento interno da sociedade.
A primeira teoria é sustentada principalmente por Robert Filmer, o qual propõe que cada
família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. A segunda visão estabelece que a
superioridade de força de um grupo social permite controlar o grupo mais fraco, nascendo
assim um Estado composto de dominantes e dominados. Entre os adeptos dessa teoria está
Oppenheimer, que propõe o Estado com função de regular essa relação entre vencedores e
vencidos, tendo por finalidade a exploração econômica do vencido pelo vencedor. A terceira
visão aborda o seguinte raciocínio seguido por Heller: a posse de terra gerou o poder e a pro-
priedade gerou o Estado, aliando-se ao pensamento de Preuss que sustentava que a carac-
terística fundamental do Estado é a soberania territorial. Além disso, temos a visão de Engels
e Marx exposta no livro “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado” no qual,
além de negar que o Estado havia nascido com a sociedade, propõe que a necessidade de
assegurar as riquezas individuais, a propriedade privada, a acumulação de capital, a divisão
da sociedade em classes e o domínio de uma sobre outra fez surgir uma instituição para

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tal - o Estado.

Finalmente, a quarta teoria tem como principal representante Robert Lowie e consiste
em adotar o Estado como um germe, ou seja, uma potencialidade em todas as sociedades
humanas e que floresce a partir do desenvolvimento e aumento do grau de complexidade da
sociedade.

Além disso, cabe lembrar que as bases para a criação do conceito de Estado remon-
tam ao tratado de Paz de Vestfália de 1648, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos, o qual
introduz os conceitos de estado-nação e soberania. Dessa maneira, temos que a soberania
estatal, legitimada pelo tratado, seria pautada pela delimitação territorial, fazendo assim com
que fosse indispensável a existência de um território para delimitar um Estado. Além disso,
a inserção do termo nação fez com que grupos com interesses comuns tenham a oportuni-
dade de se tornarem soberanos e de poder criar seu próprio Estado.

A definição de nação é algo extremamente complicado e teóricos há tempos têm se


debruçado na discussão sobre a caracterização de um estado-nação. Um dos teóricos mais
influentes da área, Anthony Smith, argumentou que um estado somente é um estado-nação
se uma única etnia e cultura ocupar o território deste estado. Entretanto, sabemos empirica-
mente que este conceito é limitado e ultrapassado. Dessa maneira, para conceber este guia
de estudos procuramos uma definição mais recente e que contemple os conceitos de glo-
balização e integração. Com isso, podemos contar com a colaboração do economista Luiz
Carlos Bresser em que diz:

Em cada estado-nação ou estado nacional existe uma nação ou uma sociedade civil, um estado,
e um território. (…) A nação é a sociedade que compartilha um destino comum e logra ou tem
condições de dotar-se de um estado tendo como principais objetivos a segurança ou autonomia
nacional e o desenvolvimento econômico; já a sociedade civil é a sociedade politicamente organ-
izada que se motiva principalmente pela garantia dos direitos civis e dos direitos sociais. O
estado, por sua vez, é o sistema constitucional-legal e a organização que o garante, é a organ-
ização ou aparelho formado de políticos e burocratas e militares que tem o poder de legislar e
tributar, e a própria ordem jurídica que é fruto dessa atividade. Finalmente, o estado-nação é a
unidade político-territorial soberana formada por uma nação, um estado e um território. 5

Além disso, cabe adicionar à definição de Bresser que mesmo que o estado conte com
o aparelho que o capacite governar, ou seja, o poder de legislar e tributar, ainda se faz impor-
tante o reconhecimento do estado por sua nação. Como exemplo usarei o caso da revolução
francesa: durante o tempo de queda da bastilha até a efetiva retirada da nobreza do poder
criou um vácuo de poder em que a sociedade não reconhecia o poder do rei, mas não estava
essa dotada da estrutura governamental para exercer a política. Dessa maneira, cabe lem-
brar a importância da legitimidade interna do estado com sua população, quanto a legitimi-
dade internacional que, pela definição do Tratado de Montevideo em 1933, um Estado possui
quatro características: território, população, governo e capacidade de ter relações com

5.
Luiz Carlos Bresser-Pereira, Nação, Estado e Estado-Nação, p.3

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outros Estados.

Com tudo isso em mente, cabe agora entender qual o entendimento atual para a
criação de um novo Estado e quais são as brechas que podem ser preenchidas para trazer
segurança para nações insurgentes.

4.2. O direito à autodeterminação e o princípio de integridade territorial

O direito internacional é frustrantemente vago para situações de legitimação de


secessão. Em particular, dois princípios do direito internacional deixam dúbio o status de
uma separação. De um lado, a Carta das Nações Unidas e seus documentos subsequentes
consagram o princípio de autodeterminação dos povos. Já do lado do direito internacional
também é previsto o princípio de integridade territorial de estados existentes, uma ideia
também apresentada na Carta e em textos posteriores6.

A partir disso, iremos analisar a relação entre o princípio de autodeterminação dos


povos e o princípio de integridade territorial. O último tem sua raiz na Carta das Nações
Unidas, artigo 2º, cláusula 4ª, o qual estabelece:

Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força
contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra
ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.7

Embora tenha sido concebida inicialmente com o intuito de garantir a paz e evitar a
violação da soberania nacional de um país, o princípio acaba por quebrar outra soberania, a
dos povos, para assim proteger o Estado já existente uma vez que protege sua integridade
territorial. Cabe lembrar que essa cláusula já foi evocada repetidas vezes em documentos e
artigos, incluindo aqueles que tratam de secessões.

De forma parecida, a história moderna da autodeterminação dos povos também tem


sua origem na Carta das Nações Unidas, estando presente no artigo 1º, cláusula 2ª que esta-
belece os propósitos da organização:

“Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igual-


dade de direito e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao
fortalecimento da paz universal”.

E no artigo 55º, o qual diz:

“Com o fim de criar condições de estabilidade e bem estar, necessárias às relações pacificas e
amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da auto-
determinação dos povos (…)”

6
Nações Unidas, Carta das Nações Unidas artigo 1º
7
Nações Unidas, Carta das Nações Unidas artigo 2º

Guia de Estudos CE 8
Dessa maneira, esses princípios mostram-se conflitantes pois apresentam pesos muito
semelhantes perante o direito internacional e deixam a discussão aberta para diversas inter-
pretações, uma vez que diferentes situações evocaram diferentes precedentes.

4.3. Breve História da Autodeterminação dos Povos

Dessa maneira, esses princípios mostram-se conflitantes pois apresentam pesos muito
semelhantes perante o direito internacional e deixam a discussão aberta para diversas inter-
pretações, uma vez que diferentes situações evocaram diferentes precedentes.

O conceito de autodeterminação dos povos nem sempre foi o mesmo durante a história.
Originalmente, autodeterminação dos povos referia-se ao direito de cada nação soberana de
administrar suas relações e determinar seu próprio governo, sem interferência externa.
Quando usado pela Carta das Nações Unidas, o termo “povos” foi entendido como a respec-
tiva população dos estados-membros e não grupos individuais. Seguindo essa interpretação,
não haveria qualquer conflito entre integridade territorial e autodeterminação dos povos, uma
vez que um complementa o outro nesse caso. Entretanto, após o período da segunda guerra
mundial, o movimento de descolonização resultou em uma abrangência na interpretação do
princípio de autodeterminação levando a uma compreensão diferente do significado de
povos. Com isso, o conceito ampliado de povos foi finalmente aplicado na Declaração sobre
a Concessão de Independência aos Países e Povos Coloniais como podemos observar em
sua segunda cláusula:

Todos os povos têm o direito à autodeterminação; em virtude deste direito podem determinar
livremente o seu estatuto político e prosseguir livremente o seu desenvolvimento econômico,
social e cultural 8

A partir dessa nova era de descolonização, o princípio de autodeterminação dos povos


passou a ser interpretado mais como uma justificativa para independência de regiões não
auto governadas e menos como a garantia da soberania de um Estado. E foi com o desen-
volvimento dessa nova interpretação que surgiu o conflito com o princípio de integridade
territorial. Se a autodeterminação servia de justificativa para a independência dos poderes
coloniais, podia ela também servir de prerrogativa para livrar-se de governos autoritários,
não democráticos e até mesmo somente impopulares? Para evitar esse tipo de confusão, a
ONU decidiu por, explicitamente, rejeitar propostas que endossassem o princípio de autode-
terminação dos povos como justificativa para independência de estados já existentes e con-
solidados. Consequentemente, restringindo a garantia prática de defesa das colônias no
direito internacional.

No entanto, a ONU adotou a partir de então a “salt water theory of colonialism” (Teoria da
água salgada do colonialismo). Essa teoria definia o seguinte: “A inclusão de nacionalidades
não desejadas foi ilegítimas apenas se o Estado e sua colônia fossem separados geografica-
mente .” 9

8
Nações Unidas, Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e Povos
Coloniais
9
Lea Brilmayer, Secession and Self-Determination: A Territorial Interpretation p.182

Guia de Estudos CE 9
Com isso, conseguimos resolver a situação de descontentamento dos povos presentes
na África e Ásia com os seus antigos colonos europeus. Entretanto, abriu-se uma nova prob-
lemática pois tivemos o continente africano dividido em regiões totalmente arbitrárias pelos
países europeus, o que dificultaria a saída diplomática e pacífica para estabelecimento de
estados no continente e o famoso caso tibetano de não reconhecimento do governo chinês,
entretanto sendo empurrado por essa decisão a ceder às forças chinesas uma vez que esta-
vam geograficamente unidos. Essa medida parecia querer colocar um ponto de parada para
a ordem global, evitando mudanças bruscas.

Já nos anos 1970, houve outra mudança significativa na concepção de autodetermi-


nação dos povos. A partir da Resolução 2625 da ONU, Declaração dos princípios do Direito
internacional (Declaration on Principles of International Law) o qual determina: “subjugação,
dominação e exploração” 10 como violações da autodeterminação dos povos.

Agora, devemos ver como essas decisões são tomadas na prática para garantir o dire-
ito de um povo e evitar que interpretações mal feitas do direito de autodeterminação dos
povos culmine na legalização da opressão de um povo sobre outro. Dessa maneira,
tomamos o caso do Quebec como estudo.

Em 1998, a Suprema Corte do Canadá na Reference re Secession of Quebec decidiu


que o Quebec não poderia se tornar um Estado independente mesmo que a maioria de sua
população decidisse por isso. Ela determinou que secessão internacional só poderia ocorrer
em três casos: quando o povo é governado por forças colonialistas; quando o povo é domi-
nado ou submisso a um poder estrangeiro; quando é negado ao povo o exercício do seu dire-
ito de autodeterminação em seu próprio Estado. 11 Entretanto, cabe lembrar que o documento
também enfatiza que a secessão deve ser encarada como uma medida de último caso.
Dessa maneira, a secessão torna-se mais um caso de proteção a nações que sofrem do
abuso de um Estado e da não garantia de direitos humanos do que do florescimento de um
sentimento de nação diferente. Em outras palavras, Estados que discriminam seus cidadãos
e violam os direitos humanos têm a perda da garantia de sua integridade territorial.

Com essas considerações, podemos seguir quatro critérios que fortalecem a legitimi-
dade de uma secessão em uma corte internacional. Esses são: o grupo separatista deve
ser um diferente povo com identidade diferente e apresentar clara maioria na região;
violação dos direitos humanos e desmedida violência deve ser apresentada na região;
não há maneiras do povo se defender do abuso de violência praticado; e a negociação
entre os dois lados já foi totalmente utilizada. 12 Esse caso de medida de secessão é
apresentado em alguns exemplos recentes como Kosovo em 2008, a separação de Bangla-
desh do Paquistão e a separação da Eritreia da Etiópia.

Cabe ressaltar que a autodeterminação de um povo não implica diretamente em


secessão do Estado ao qual ele se encontra territorialmente. Existe algo chamado de au-

10
Nações Unidas, Resolução 2625 da Assembleia Geral Disponível no link: http://www.un-doc-
uments.net/a25r2625.htm Acesso em 3 de Janeiro de 2018
11
Reference re Secession of Quebec Para. 126
12
Ieva Vezbergaité, Remedial Secession as an Exercise of the Right to Self-Determination of
Peoples p.44

Guia de Estudos CE 10
todeterminação interna que é a existência de um povo em um território compartilhado por
outro povo, mas sob um Estado democrático e que respeita o direito de todos os povos em
seu território, fazendo assim com que haja liberdade e coexistência pacífica e democrática
entre os povos. Um desses casos pode ser exemplificado pela província de Quebec no
Canadá. 13

4.4. Catalunha, ONU e Direito Internacional:

Em primeiro lugar devemos entender que o esforço pela independência da região


exemplifica muito bem a contradição, já posta em discussão nesse texto, existente no atual
direito internacional entre autodeterminação dos povos e integridade territorial. Por um lado,
a Catalunha apresenta todos os precedentes para se inferir de que essa é uma nação distin-
ta da nação espanhola. Há um povo com língua, história e cultura distintas da região espan-
hola; a história catalã é repleta de tensões e repressões com o governo central da Espanha,
embora não haja o mesmo nível de repressão ainda hoje no local; além de estarem logrando
sua independência de uma forma pacífica.

Entretanto, mesmo que o povo catalão se configure como uma nação diferente da
espanhola, esse fato não justifica uma secessão uma vez que o governo espanhol não
oprime o povo catalão e dá liberdade para o exercício da autodeterminação do povo em seu
Estado. Contudo, há discordâncias sobre o status de representatividade do povo catalão no
governo espanhol de fato.

Apesar da atual crise presente na região catalã, há de se lembrar de alguns fatos


históricos que fazem com que a secessão da Catalunha com a Espanha não seja algo tão
fácil de se conseguir. Primeiramente, 90% dos catalães votaram a favor da aprovação da
atual constituição da Espanha em 1978. Esse fato deveras complica os argumentos a favor
da autodeterminação dos povos uma vez que se consentiu com a atual forma de governo
espanhola em uma votação recente. Cabe lembrar que tal constituição não confere legitimi-
dade nenhuma para secessões e em seu artigo 155º inclusive permite que a Espanha inter-
fira em províncias que vão contra o governo central.

Nesse sentido, a Catalunha serve como um caso de estudo para o limite da legitimidade
de uma secessão. Por exemplo, deveria a comunidade internacional estipular que governo
centrais não podem impedir plebiscitos que ameaçam o seu poder? Qual o mecanismo para
consagrar uma votação separatista como legítima? Um povo pode decidir por se unir a um
Estado votando por sua constituição e posteriormente decidir por sair? Se sim, existe algum
tempo limite para que isso ocorra?

Mesmo que a independência fosse concedida para a Catalunha, ela enfrentaria sérias
dificuldades para integrar organizações supranacionais. Tomando o caso escocês como
exemplo, a Espanha já declarou que votará contra a entrada imediata do país na União Euro-
peia caso ela se separe do Reino Unido.

13
Josep Costa, Does Catalonia Have the Right to Self-Determination? p.3-4

Guia de Estudos CE 11
E não é somente uma visão de Madrid: o ex diretor do Conselho Europeu, Jean Claude Piris,
já afirmou que a União Europeia não irá aceitar pedidos de adesão por países com pedidos
ilegais de independência, referindo-se à Catalunha.

Além disso, um dos principais problemas para o povo catalão é a grande probabilidade
de enfrentar obstáculos para aderir à ONU também. O último Secretário Geral das Nações
Unidas, Ban Ki Moon, apontou em 2015 que a Catalunha ainda não era um território não
autônomo, uma afirmação que historicamente é requerida para a garantia política da ONU
de autodeterminação do povo. Além disso, Ban Ki Moon elogiou o respeito do governo cen-
tral da Espanha pelas diversidades culturais, linguísticas e tradicionais da região. O que o
último Secretário Geral da ONU esperava era um diálogo entre os líderes para se atingir uma
solução consensual respeitando as diferenças entre os povos.14

5. Espanha

5.1. Contexto socioeconômico atual

Após apresentar significativo desenvolvimento econômico na década de 1990 até 2007,


a Espanha sentiu fortemente o impacto da crise econômica mundial iniciada em 2008. Até
hoje, 2017, os espanhóis sofrem com o elevado índice de desemprego, principalmente entre
os jovens, e elevada dívida pública. Porém, a economia tem apresentado sinais significativos
de recuperação nos últimos dois anos. As reformas econômicas dos últimos anos, principal-
mente cortes de gastos públicos, já estão surtindo o efeito desejado. A recuperação dos
outros países da Europa também está ajudando a economia espanhola. A Espanha é a 17ª
maior economia do mundo.15

O governo revisou em alta no dia 20 de abril sua previsão de crescimento para 2017 a
2,7% devido aos bons resultados dos três primeiros meses do ano na quarta economia da
zona do euro. De qualquer forma, o crescimento será mais lento em comparação com 2016,
quando alcançou 3,2%, impulsionado pela recuperação do consumo após a queda de
desemprego, pelo dinamismo das exportações e pelos bons números do turismo, em um
contexto no qual os níveis dos preços de petróleo e das taxas de juros estavam baixos.

O forte entrelaçamento dos bancos espanhóis ao mercado imobiliário ainda representa


um risco para a economia país e fez com que o governo tivesse que intervir e reestruturar
este setor em 2010. Por conta disso, desde então cerca de US$ 15 bilhões foram injetados
no setor bancário, principal pilar de financiamento habitacional, para que tragédias maiores
fossem evitadas, porém investidores ainda continuam preocupados. O Banco central espan-
hol, no entanto, está buscando aumentar a confiança no setor financeiro de modo geral,
pressionando os bancos a revelar suas perdas e fomentando a aquisição de instituições
bancárias menores por grandes grupos econômicos internacionais.

14
UN chief says Catalonia call for independence from Spain is illegitimate RT News Disponív-
el em: https://www.rt.com/news/320294-catalonia-independence-ban-un/ Acesso em 6 de Jan
eiro de 2018
15
Em volume, segundo o PIB de 2016

Guia de Estudos CE 12
Em 2016, o PIB da Catalunha equivalia a 212.000 milhões de euros, que seria 19% do
PIB espanhol. Somente Madrid, País Basco e Navarra ultrapassam o PIB per capita da
região. Esse dado coloca a Catalunha entre as quinze principais economias da UE.

5.2. Separatismo na Espanha


5.2.1.Histórico e principais casos

Para analisar os casos de separatismo na Espanha é necessário compreender sua


história. No século VIII a península Ibérica era constituída pelos reinos de Aragão, Castela,
Leão e Navarra que continham inúmeras culturas inseridas neles. Nessa época, os reinos
foram invadidos pelos mouros, os islâmicos, porém como a concentração de cristãos era
grande, o desejo pela reconquista tornou-se presente entre os europeus. A guerra da recon-
quista durou em torno de 600 anos e no século XV os reis de Castela e Aragão, Isabel e Fer-
nando, se uniram para derrotar definitivamente os mouros, com a tomada do Reino de Gra-
nada eles foram expulsos da Península Ibérica e os reinos espanhóis se unificaram forman-
do um Estado Nacional. A unificação fez com que vários povos, com diferentes culturas se
concentrassem no território Espanhol, exemplo da Catalunha, Galícia, Valência e os Bascos.

Em 1700, o rei Habsburgo da Espanha, Carlos II, falece sem deixar herdeiros diretos,
provocando uma disputa pela coroa. Os candidatos eram Felipe V de Bourbon, neto do rei
da França, com isso os Boubouns teriam uma hegemonia continental, e o arquiduque Carlos
da Áustria, Habsburgo, que contava com o apoio da Inglaterra, Holanda e Dinamarca. O prin-
cipado da Catalunha, por ser mais mercantil no início apoiava Felipe V e com isso receberam
um porto “livre” em Barcelona. Porém, invasões de manufaturas francesas fizeram com que
os catalães passassem a apoiar os austríacos.

Uma guerra internacional se estendeu durante 1702 a 1714. A Guerra de Sucessão não
foi somente uma guerra de monarquias, mas também entre o livre-comércio anglo-holandês
e a burguesia mercantil contra o protecionismo francês e as aristocracias agrícolas. A guerra
proporcionou certa revolução econômica em algumas regiões da Espanha, entre elas a
Catalunha. Porém, o final da guerra causou a perda da autonomia política da Catalunha e de
Galícia. A Espanha perdeu seu poder militar, provocando a redução de seu poder hegemôni-
co. O País basco conservava suas leis tradicionais e sua autonomia, porém com a Rev-
olução Francesa a parte basca localizada na França tem suas leis modificadas.

Guia de Estudos CE 13
Durante o século XIX a Catalunha era a força industrial da Espanha, as indústrias têx-
teis e o comércio impulsionaram a Revolução Industrial na região, porém o governo central
impediu a competitividade catalã com outros países europeus, isso enfureceu a burguesia
local que percebe que sem um Estado próprio não conseguiriam valer suas reivindicações.
Em 1840 surge no território de Galícia o provincialismo, movimento que defendia a integri-
dade regional a partir da cultura e da política. Pois, com a morte do rei Fernando VII o terri-
tório estava sujeito a uma divisão em províncias e os galícios almejavam que a região fosse
uma província só e não quatro como sugerido na proposta.

Com a declaração da Primeira República Espanhola, surge o federalismo galego que


almejava uma constituição própria nesse período a dinastia Bourbon retoma o poder da
Espanha. O século XX foi marcado pelas Irmandades da Fala, grupo nacionalista que lutava
pelo reconhecimento do galego como língua oficial de Galícia, além de almejarem uma maior
participação política. Entre 1923 e 1930 a Espanha viveu a ditadura de Primo de Rivera, que
contava com o apoio da monarquia, do exército e da Igreja. A ditadura ocasionou uma maior
reivindicação cultural e política dos grupos nacionalistas, por exemplo, a Catalunha foi o
centro de oposições e resistências e com o fim do regime a região passou a ter importantes
diretos de autonomia. Em 1929, o nacionalismo galego cria a Organização Republicana
Galega Autônoma (ORGA) que impulsionou em 1930 a criação da Federação Republicana
Galega ganhando força para elaborar uma constituinte em 1931.

Durante Segunda República Espanhola, os legisladores catalães criaram o Estatuto de


Autonomia da Catalunha que foi aprovado pelo Parlamento Espanhol e em 1932 surge o
“Generalitat”, governo próprio regional, possibilitando que os nacionalistas governassem a
região. O povo basco lutava por sua autonomia e pelo início de um governo próprio. Contu-
do, a instabilidade política e a tentativa de golpe militar fizeram com que a Espanha entrasse
em uma guerra civil. A Frente Nacionalista liderada pelo general Francisco Franco era contra
os movimentos nacionalistas galego, basco e catalão, esse fato impulsionou o apoio dessas
regiões, exceto Navarra, a Frente Popular. Os conservadores franquistas receberam o apoio
de Hitler, que testou sua capacidade militar em Guernica, no País Basco. Galícia foi tomada
e absolutamente controlada pelas tropas do general Franco e a Catalunha foi o último terri-
tório que resistiu, porém foram derrotados na Batalha do Ebro e o governo catalão foi obriga-
do a se refugiar na França.

Com o fim da Guerra Civil Espanhola surge o governo do general Franco, partidos políti-
cos foram proibidos, a língua e a cultura catalã foram reprimidas. Os intelectuais e líderes
políticos bascos foram presos e torturados, muitos se refugiaram na França, Argentina,
Chile, Estados Unidos e Brasil. Era proibido falar a língua local e a cultura basca foi censura-
da, os movimentos nacionalistas sofriam um retrocesso. Porém os bascos decidiram lutar e
estabeleceram um movimento nacionalista denominado Euzkadi Ta Askatasuna (ETA), que
significa Pátria Basca e Liberdade. No início o grupo tinha como objetivo lutar contra a dita-
dura e garantir a independência dos bascos, contudo com o passar dos anos ele foi ganhan-
do um caráter violento e começou a perder o apoio do popular. Em Galícia a repressão não
foi diferente e os galegos formaram a Aliança Nacional Galega, que defendiam a restauração

Guia de Estudos CE 14
da república espanhola.

A volta da Espanha para uma democracia foi a maior conquista dos povos, pois com a
nova constituição surgem as Comunidades Autônomas. Entretanto, os bascos não ficaram
satisfeitos com isso e o ETA intensificou sua luta, outras organizações surgem para combater
o grupo.

14

Nos anos 90 a população basca e espanhola rejeitavam as atitudes do ETA ocasionan-


do fortes manifestações da populares. Em 2006, o presidente Luiz Rodríguez Zapatero con-
seguiu um cessar fogo com o grupo. Em 2011 o ETA anunciou que estava deixando de
exercer atividades, porém nada garante que eles deixaram de lutar pela independência do
País Basco.

O final do regime franquista proporcionou a entrada em vigor do Estatuto de Autonomia


de 1981 que estabelece a autonomia galega com direito ao uso do idioma, cultura e adminis-
tração de um governo regional. Em Galícia um grupo defende uma maior autonomia dentro
da Espanha, levando assim a independência. Enquanto outro grupo defende aproximação
com Portugal e a definição de um Estado Soberano.

16
https://www.resumoescolar.com.br/geografia/a-questao-basca/

Guia de Estudos CE 15
17

Além dessas principais regiões que almejam a independência, a Espanha enfrenta


outros movimentos em Valencia e nas Ilhas Canárias. Valencia é uma região que fala catalão
por isso alguns almejam a união com Catalunha, enquanto outros defendem uma comuni-
dade valenciana totalmente independente. As Ilhas Canárias apresentam a falta de identifi-
cação com Madri e a aproximação com Marrocos reflete nas relações internacionais, intensi-
ficando o desejo de separatismo.

A identidade galega, basca, catalã, valenciana e das Ilhas Canárias mostra como as
fronteiras da Espanha não tem estabilidade proporcionando o fortalecimento do
nacionalismo e das identidades regionais.

5.2.2. A Questão da Catalunha 18

A Catalunha é uma das dezessete unidades territoriais da Espanha, localizada na


extremidade nordeste da península Ibérica e fazendo fronteira com França e Andorra ao
norte. Composta por quatro províncias (Barcelona, Girona, Lérida e Tarragona), a região é
uma das quatro - Catalunha, País Basco, Andaluzia e Galícia - com status especial diante
do governo central, que reconhece a presença de uma “nacionalidade histórica” na área,
conferindo a ela certa autonomia administrativa.

Como região mais rica da Espanha, a Catalunha produz 19% do PIB nacional e
possui 16% da população. Além disso, é líder disparada nas exportações (25% dos produ-
tos e serviços que saem do país são catalães) e como destino turístico, atraindo mais de
18% dos visitantes para suas cidades, principalmente a capital, Barcelona.

É muito importante entender a força da cultura catalã. Para sua população, os


laços de nação não estão relacionados à Espanha, e sim a uma cultura própria e dife-

17
https://mundoestranho.abril.com.br/geografia/quais-sao-os-movimentos-separatistas-da-espanha/

18
Grande parte do material aqui reunido é um compilado de notícias dos jornais El País e Nexo,
podendo ser acessados em seus portais. Como o guia foi elaborado durante o processo de
votações, aqui só consta os resultados e movimentos políticos realizados até o fechamento desse
material, no início de fevereiro de 2018,

Guia de Estudos CE 16
rente da espanhola que inclui idioma, costumes, arquitetura, crenças, gastronomia e
narrativas, além de todos os outros elementos que compõem a identidade particular
de um povo.

Sua origem como unidade territorial e como identidade nacional remonta à Idade Média,
quando os carolíngios do reino Franco estabeleceram os municípios da Marca da Gócia e da
Marca Hispânica como vassalos para barrar o avanço mouro na região. Todos os municípios
orientais a eles foram então tornados vassalos do franco Conde de Barcelona, e essa região
foi então chamada de Catalunha, que se tornou um principado. Mais tarde, o principado se
uniu ao reino de Aragão, um dos reinos que originou a Espanha, porém sempre manteve sua
identidade cultural própria, independente do governo no controle.

Desde o seu princípio, a região foi culturalmente independente e sempre manteve fortes
suas origens e tradições. Analisando sua história, é possível encontrar diversos momentos
em que o nacionalismo catalão se postou contra regimes centrais para reafirmar sua inde-
pendência e contestar dominação.

Durante a Guerra Franco-Espanhola, no século XVII, a Catalunha se revoltou contra o


poder real de 1640 a 1652 e se tornou uma república sob a proteção francesa. A França dom-
inou completamente a região por um período - que custou muito à Catalunha -, e com o final
da guerra, parte do território ao norte, no condado de Rossilhão, foi cedido à França.

No início do século XVIII, durante a Guerra de Secessão Espanhola, Barcelona se


postou contra o governo central e se manteve autônoma até a Queda de Barcelona, em
1714, batalha final resultante do cerco à cidade, que acabou com a autonomia local.

Na segunda metade do século XIX, a região experimentou uma significativa industrial-


ização. À medida que a riqueza da expansão industrial crescia, houve um renascimento
cultural juntamente com o nacionalismo incipiente, enquanto vários movimentos operários
apareceram.

A Catalunha já havia tentado anteriormente estabelecer-se como uma nação independ-


ente. Em 1914, as quatro províncias catalãs formaram uma comunidade. Com a procla-
mação da II República Espanhola, em 1931, reconheceu-se a autonomia da Catalunha, após
ter chegado a ocorrer a proclamação unilateral da República Catalã. Porém, tal proclamação
não foi bem aceita pelo governo de Espanha, mesmo se tratando de uma manobra federalis-
ta. Depois de prolongadas negociações aprovou-se o seu Estatuto no ano de 1932, aprova-
do com 99% dos votos por referendum. O novo estatuto oficializava a língua catalã, restabe-
lecia o autogoverno da Catalunha e designava a Catalunha como uma região autônoma,
tendo sido eleito Presidente da Generalitat Francesc Macià (da Esquerda Republicana da
Catalunha).

Contudo, após a Guerra Civil Espanhola, a ditadura franquista decretou medidas repres-
sivas, aboliu as instituições locais e proibiu novamente o uso da língua catalã. Com a

Guia de Estudos CE 17
redemocratização espanhola (1975-1982), a região havia recuperado um alto grau de
autonomia e era uma das comunidades mais prósperas da Espanha. O Estatuto de Autono-
mia da Catalunha, de 1979, assim como o atual, estabelecia que "a Catalunha, enquanto
nacionalidade, exerce o seu autogoverno constituído como Comunidade Autónoma, em con-
formidade com a Constituição e o Estatuto de Autonomia da Catalunha, sua lei institucional
básica".

O modelo adotado após a redemocratização é o chamado “Generalitat”, que conferia


novamente relativa autonomia administrativa à região. O Generalitat é o modo de governo
regional próprio da Catalunha, conferindo a ela bandeira - e língua própria, presidente
regional e parlamento próprio com poderes restritos à região. Além disso, a Catalunha age
internacionalmente como uma pequena nação, realizando visitas diplomáticas organizadas
para promover seus interesses. A região ainda possui corpo policial e de bombeiros próprios,
além de infraestrutura catalã, incluindo as áreas de saúde e educação.
Desde a implantação do modelo, o partido CiU (Convergência e União) foi o que teve maior
protagonismo político ao longo dos anos, até sua extinção, em 2015. O atual presidente
regional, Carles Puigdemont, faz parte da Convergência Democrática, partido que integrava
a CiU. Apesar da forte identidade catalã, a sigla manteve boa relação com o governo central
até 2006.

Em 2006, os catalães realizaram um referendo para ampliar as autonomias da


região em relação às previstas pelo Estatuto de 1978, passando a tratar a Catalunha
como uma nação dentro da Espanha. Na época, a Justiça espanhola passou a definir
limites mais claros aos anseios independentistas catalães, e o novo Estatuto foi
retaliado pelo Tribunal Constitucional, censurando a palavra “nação”.

A partir de 2010, com a crise econômica crescente no país, o movimento separati-


sta voltou a crescer, contando com protestos entre a população principalmente em 11 de
setembro, quando é celebrado o dia da Catalunha, relembrando o Cerco de Barcelona. O
discurso de que a região levava a economia da Espanha nas costas ganhou força. “Produzi-
mos recursos e riqueza suficientes para vivermos melhor do que vivemos”, disse o
então presidente da Catalunha, Artur Mas. “Não existe batalha mais urgente do que a
soberania fiscal de nosso país”, afirmou, referindo-se à Catalunha como “país”.

Em novembro 2014, foi realizada uma nova consulta acerca da independência da


região sob o comando do então presidente regional Artur Mas, que já havia sido proibido pelo
judiciário espanhol de realizar um referendo. Para driblar a Justiça, os organizadores usaram
voluntários no processo, apresentaram a votação como uma iniciativa da sociedade civil e
usaram o nome “processo participativo”, em vez de votação, plebiscito ou referendo. Mais de
80% dos catalães que votaram foram a favor da independência à época, mas a iniciativa,
boicotada por partidos locais que se recusavam a radicalizar a pauta, teve o comparecimento
de apenas metade dos eleitores da região.

Guia de Estudos CE 18
Após séculos de luta e, mais recentemente, anos de movimento separatista, os catalães se
reuniram em 1 de outubro de 2017 para responder à seguinte pergunta num referendo:
“Você quer que a Catalunha seja um país independente sob a forma de uma Repúbli-
ca?” 19. Durante as votações, as forças policiais espanholas reprimiram forte e violen-
tamente protestantes e cidadãos catalães, gerando revolta entre os independentistas
e no Generalitat.

“Brutalidade policial”, “repressão brutal”, “humilhações” e “abusiva e grave violência policial”


foram algumas das expressões empregadas pelo presidente Carles Puigdemont para asse-
gurar que “o Estado espanhol escreveu hoje [01/10/2017] uma página vergonhosa na
história da sua relação com a Catalunha”. Puigdemont apelou em nove ocasiões à Europa,
assegurando que os catalães conquistaram nas urnas “o direito de serem escutados, res-
peitados e reconhecidos” no velho continente. “A União Europeia não pode mais continuar
olhando para o outro lado”, insistiu Puigdemont, pedindo às instituições comunitárias que
“ajam com rapidez” frente aos “abusos” do Governo espanhol do Partido Popular, que “es-
candalizam os homens e mulheres de bem”.

Graças à grande repressão promovida pelo governo central e ao fechamento de ses-


sões pela polícia, o número de votantes que participou do referendo representou apenas
42% do total, somando uma abstenção de mais da metade dos catalães. Mesmo assim, 90%
dos votantes se colocaram a favor da independência da Catalunha, mas isso representa
apenas 37,8% do suposto total de eleitores. O não obteve 176.666 votos (7% do total),
segundo a apuração do Governo regional. Os votos nulos atingiram 0,89% e os brancos, 2%
(45.686). 20

A União Europeia considerou o referendo ilegal, assim como o governo central da


Espanha, porém condenou a violência policial empregada na situação. Dois dias após o
referendo pela independência da Catalunha, o rei Felipe VI fez um pronunciamento nas
redes de televisão espanholas no qual acusou a Generalitat (Governo local catalão) de agir
fora da legalidade e da democracia e de tentar "quebrar a unidade da Espanha". Segundo o
rei espanhol, as autoridades catalãs tomaram decisões que "violaram sistematicamente as
regras, provando uma deslealdade inadmissível aos poderes do Estado, os quais repre-
sentam na Catalunha. Ameaçaram a harmonia e a convivência na sociedade catalã”, afir-
mou. O pronunciamento foi feito em meio a uma greve geral apoiada pelo governo catalão.
Menos da metade das empresas da região funcionam nesta terça-feira em protesto contra a
violência policial durante o pleito no último domingo. Quase todas as escolas fecharam por
falta de estudantes, 75% dos trabalhadores da saúde pública não foram trabalhar, os portos
de Barcelona e Tarragona estão paralisados e há problemas nas estradas, com congestiona-
mentos quilométricos.

Em 10 de outubro de 2017, o presidente da Catalunha Carles Puigdemont declarou a


independência da região num discurso ao parlamento. Porém, a declaração foi frágil e não
recebeu reconhecimento nem espanhol nem da comunidade internacional. Além disso, a

19
Pergunta respondida no referendo.
20
Resultado divulgado pela Generalitat através do porta voz Jordi Turull.

Guia de Estudos CE 19
população catalã se encontrava dividida entre aqueles que apoiavam e aqueles contrários à
separação. Desse modo, a declaração de independência não contava com bases fortes o
suficientes para se estabelecer. Desde as votações do dia primeiro, os catalães tentavam
uma intermediação internacional para o trâmite com a Espanha, já que essa considerou o
procedimento ilegal. Porém, como a ideia não foi acolhida, a declaração de independência
ocorreu. Além disso, a declaração foi considerada ambígua, e o governo central chegou a
pedir esclarecimentos ao presidente catalão.

A partir de 17 de outubro, foram decretadas as prisões de líderes de movimentos sepa-


ratistas catalães, dentre eles Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, líderes dos principais movimen-
tos sociais independentistas, Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Òmnium Cultural, acusa-
dos do crime de sedição. As prisões originaram protestos da população, que se inflamou
novamente para o movimento.

A Espanha, em resposta ao processo independentista, interviu na região destituindo do


poder toda a cúpula do governo regional, incluindo o presidente, e determinou a retomada da
região e de suas instituições pela força central espanhola, acionando o artigo 155 da consti-
tuição, que autoriza a intervenção central em regiões autônomas. Além disso, novas eleições
eram previstas pelo governo espanhol para a Catalunha. A partir dessas decisões, uma nova
fase de crise se iniciava na região.

Em resposta às ações espanholas, o presidente catalão acusou o governo espanhol de


querer acabar com a democracia no país. As decisões tomadas pelo governo central deixar-
am Puigdemont pronto para realizar uma declaração formal de independência da região.
Sempre buscando o intermédio da situação através do diálogo entre as partes, o presidente
se sentiu encurralado pela medida 155, que o afastaria de seu cargo. “Se os valores estru-
turais europeus estão em risco na Catalunha, também o estão em risco na Europa”, disse em
discurso televisivo.

Os empresários, que desde o princípio se mostraram temerosos com o movimento


pró-independência - inclusive com a saída de alguns da região, passaram a pedir ao governo
central novas eleições rapidamente, para que o mercado volte a se estabilizar e a insegu-
rança deixe a região.

Em 27 de outubro, o Senado aprova as intervenções na Catalunha, e o governo catalão,


se antecipando à implantação das ações, inicia seu processo unilateral de independência. O
parlamento da Generalitat aprova a resolução de independência, enquanto Madri destitui
oficialmente o presidente e dissolve o parlamento. Enquanto isso, milhares de manifestantes
ovacionam a declaração de independência, e Puigdemont não se considerava oficialmente
destituído, permanecendo em desafio à Espanha. Já a comunidade europeia não reconhece
a independência catalã, com França e Alemanha se declarando ao lado da Espanha na
questão.

Guia de Estudos CE 20
Em 30 de outubro, Puigdemont e outros ministros viajam para Bruxelas em busca de
refúgios horas depois de serem acusados judicialmente de sedição, rebelião e desvio de din-
heiro público. Dois dias depois é decretada a prisão de oito ex-secretários da Generalitat em
função dos crimes de sedição, rebelião e desvio de dinheiro público. A juíza que tomou a
decisão justificou a ação pelo perigo de fuga dos acusados, fazendo referência ao grupo em
Bruxelas. Além disso, o Ministério Público espanhol pediu uma ordem de captura internac-
ional para os ex-parlamentares refugiados na Bélgica, e o país de asilo se manifestou dizen-
do que faria valer a justiça se houvesse um mandato. O mandato de prisão é emitido, mas,
em 05 de novembro, o ex-presidente se entrega voluntariamente em Bruxelas. A decisão que
cabe a Puigdemont e seus ex-conselheiros é ser julgado na Bélgica ou na Espanha, tendo
em vista as diferentes implicações.

As novas eleições na Catalunha foram marcadas para 21 de Dezembro, e tanto a pop-


ulação espanhola quanto a catalã concordaram com a ida às urnas o quanto antes para
tentar normalizar a situação jurídica, retomando a legalidade, mesmo havendo discordâncias
relacionadas à aplicação do artigo 155 e da independência da região. 54% dos espanhóis
consideram que, diferentemente de um mês atrás, o Governo está administrando de forma
adequada a situação na Catalunha.

Na Catalunha, o começo da resolução desta crise não se vive do mesmo modo que no
restante da Espanha. A intervenção nas instituições autônomas pela via do 155 desconten-
tou muitos dos cidadãos dessa comunidade, que em sua maioria (69%) diferem do resto de
seus compatriotas e desaprovam a gestão de Rajoy. Se são maioria os espanhóis que
apoiam a forma como está sendo posto em prática esse método de autodefesa previsto na
Constituição (61%), na Catalunha a percepção é oposta: 63% desaprovam a maneira como
está sendo aplicando o artigo 155.

É provável, entretanto, que se tenha conseguido reduzir a tensão vivida nos últimos
meses graças, em parte, ao efeito de alívio produzido pela única medida apoiada tanto pela
maioria dos catalães como pela maior parte dos demais espanhóis: a convocação imediata
de eleições, que reduz drasticamente as incertezas que uma intervenção na comunidade
autônoma que se prolongasse no tempo despertaria. Segundo a pesquisa, 76% dos espan-
hóis aplaudem a decisão, que ajuda a limpar o horizonte imediato, e esse respaldo está clar-
amente estendido entre todos os votantes dos principais partidos, sem exceção. Na Cata-
lunha, uma cifra um pouco menor que no restante da Espanha, mas também muito elevada
(69%), reflete a satisfação com a ideia de que as urnas resolvam o quanto antes a situação.

Em uma eleição parlamentar apertada em 21 de dezembro de 2017, que retratou uma


população dividida, os independentistas da Catalunha saíram como os grandes vitoriosos da
batalha com o Governo espanhol que se arrasta há meses. Apesar de um partido anti-sepa-
ratista (Ciudadanos) ter conseguido obter a maior quantidade de cadeiras de deputados, o
bloco formado pelos três partidos que defendem o descolamento da Espanha conseguiu a
maioria das vagas e terá a quantidade de votos necessária para indicar o próximo presidente

Guia de Estudos CE 21
catalão. Impuseram, assim, uma derrota ao Governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy,
que no final de outubro dissolveu toda a cúpula de poder da Catalunha e convocou novas
eleições como resposta à realização de um referendo separatista.

Após as eleições, Rajoy ofereceu ao novo governo da Catalunha a possibilidade de


um diálogo dentro da lei acerca da situação enfrentada por ambos, ainda sem promessas
sobre as ações a serem tomadas.

Além disso, o envolvimento da Rússia nas eleições e no movimento separatista se


tornou polêmico, uma vez que diversas notícias passaram a circular na internet sobre uma
possível intervenção russa no processo.

É importante assinalar que desde o referendo considerado ilegal, a catalunha perdeu


mais de 3.000 empresas, viu seu comércio e seu turismo caírem, sua população ser reprimi-
da, e o desemprego aumentar. A forma com que os dois lados vêm lidando com o conflito
não está sendo o suficiente para amenizar o caos e encontrar um fim para a crise que assola
a Catalunha e a Espanha, trazendo repressão e violência para a primeira e incerteza e medo
para ambas.

5.2.3. Posição dos países

A discussão acerca da independência da Catalunha gera um grande impacto perante


o Sistema Internacional, pois o reconhecimento ou a recusa internacional mostram como a
União Europeia lida com a questão do separatismo. Vale lembrar que dentro da Europa esse
sentimento não se limita somente a Espanha, se estendendo a regiões como, a Irlanda do
Norte, País de Gales, Escócia, partes da antiga União Soviética, Kosovo, entre outros.
Assim, vários países europeus são contra o separatismo catalão para que não sejam abertos
precedentes para separatismos em seus próprios territórios.

Deste modo, alguns países não almejam encerrar suas relações diplomáticas com a
Espanha e outros acreditam que a situação deverá ser resolvida conforme a constituição
espanhola para que a integridade territorial não continue sendo violada. Esses países seriam
a Alemanha, França, Reino Unido, Itália, entre outros.

Por outro lado, a Bélgica não reconhece e nem rejeita a independência e por esse
motivo abrigou o líder catalão exilado, Carles Puigdemont. O presidente deposto acredita
que na Belgica ele conseguirá falar livremente e governar possivelmente a Catalunha.

Além disso, países como a Rússia vêm se envolvendo em polêmicas associadas à inter-
venção no processo eleitoral a favor dos independentistas catalães.

Guia de Estudos CE 22
6. Documento de Posição Oficial

O DPO é um importante documento pois expressa a Política Externa das Delegações


envolvidas no comitê. Constando idéias, objetivos e visões acerca de determinado assunto.

Em geral, apresenta-se a delegação bem como os objetivos desta no comitê. Posterior-


mente problematiza-se o assunto, abordando o contexto histórico referente, bem como as
partes envolvidas . Além disso, é importante expor a opinião da deleção sobre o assunto e,
como consequência, a respectiva Política Externa.

Por fim, é importante conter possíveis soluções para resolver, ou ao menos amenizar,
o assunto abordado. Deste modo, constará um exemplo básico nesse guia, lembrando que
o mesmo pode sofrer alterações de formatação, lembrando que no formato básico foi posta
algumas idéias centrais que devem conter no DPO; o que consta em cada parágrafo são
direcionamentos, não dogmas. Futuramente, a Mesa enviará para todos os delegados um
exemplo atualizado de DPO, constando todas as normas exigidas pela X edição do ABA-
COONU, assim como sua formatação.

Guia de Estudos CE 23
Delegação: Reino Unido
Comitê: Conselho de Segurança das Nações Unidas
Delegado(a): Bartolomeu da Silva

A busca da paz é o objetivo do Reino Unido, isso significa que deve-se evitar qualquer
tipo de guerra e conflito. O assunto abordado é a crise da Criméia envolvendo, principal-
mente, Rússia e Ucrânia. Deve-se achar uma solução que agregará ambas as opiniões.

O conflito começou há tempos, embora, recentemente veio à tona mais rápido que o
previsto e diminuiu a estabilidade européia e global. Não apenas porque é uma área impor-
tante, mas também há uma disputa entre Rússia e Europa. A chamada 'Orange Revolution'
traz grandes danos a Ucrânia, logo, a melhor alternativa para melhorar a crise econômica é
romper a relação com a União Européia.

No entanto, há pessoas, residentes na Criméia e regiões próximas a esta, que não


apoiam essa ação. Como foi demonstrado nas eleições. O Euromaidan (onda de manifes-
tações nacionalistas procurando maior integração européia) marcou a instabilidade na
região, além de desencadear a renúncia do Presidente Viktor Yanukovch e a Ucrânia colap-
sou.

O Reino Unido pensa que deve-se olhar para os cidadãos da região, os quais estão sof-
rendo e estão em grave perigo. Partindo desse pressuposto, é importante que as partes
envolvidas retirem suas tropas da região e procurem resolver o conflito pelo modo mais
democrático possível.

Finalmente, a delegação crê que um plebiscito deve ser levado em conta para que possa
ouvir os cidadãos (assim como está acontecendo na Escócia). Apesar de os Estados Unidos
e alguns países europeus aplicarem sanções, o Reino Unido não o pode realizar; a aplicação
só será cogitada caso a situação agrave de forma incontrolável.

Guia de Estudos CE 24
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