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AVALIAÇÃO DO USO DE ADOÇANTES ALTERNATIVOS NA ACEITABILIDADE


DA BEBIDA DE CAFÉ

Article · December 2010


Source: DOAJ

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Thatyane Fonteles Genilton Faheina Jr


Universidade Federal do Ceará Universidade Federal do Ceará
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Maria Do Carmo Passos Rodrigues


Universidade Federal do Ceará
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Alim. Nutr., Araraquara ISSN 0103-4235
v. 21, n. 3, p. 391-397, jul./set. 2010

AVALIAÇÃO DO USO DE ADOÇANTES ALTERNATIVOS


NA ACEITABILIDADE DA BEBIDA DE CAFÉ*

Thatyane Vidal FONTELES**


Genilton da Silva FAHEINA JÚNIOR***
Simone Lopes do Rêgo de OLIVEIRA****
Maria do Carmo Passos RODRIGUES**

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar a aceitação De acordo com Mendonça et al., 9 o açúcar mascavo
do gosto doce e a intenção de consumo de açúcar refinado atende aos grupos de pessoas que possuem hábitos alimen-
orgânico e açúcar mascavo convencional como adoçantes tares baseados na minimização ou eliminação de produtos
de café frente ao açúcar refinado convencional. Foram apli- químicos agregados. Este açúcar não é submetido a pro-
cados testes sensoriais afetivos usando as escalas de inten- cessos mais elaborados de clarificação do caldo, ou seja,
ção de consumo e hedônica de nove pontos com 120 pro- não há operação suficiente para remover as impurezas que
vadores. Não houve diferença significativa (p<0,001) de poderiam estar presentes no caldo. Portanto, o produto tem
aceitação do gosto doce e intenção de consumo entre café de aspecto marrom claro a escuro, é denso e pesado, com
adoçado com açúcar refinado orgânico e açúcar refinado sabor semelhante à rapadura. 3 Comparativamente, o açúcar
convencional para ambos os sexos. O açúcar mascavo con- mascavo difere do açúcar refinado convencional principal-
vencional foi o menos aceito e apresentou menor intenção mente pela sua coloração escura e pelo menor percentual
de consumo. Foi observada maior intenção de consumo do de sacarose. 14
açúcar orgânico pelos provadores do sexo feminino, toda- Essas características diferenciadas do açúcar masca-
via o mesmo não ocorreu com o açúcar mascavo. A aceita- vo em relação ao açúcar refinado convencional podem mo-
bilidade do açúcar refinado orgânico pelo consumidor tor- dificar as características físicas, químicas e especialmente
na promissora a possibilidade de consumo de um adoçante sensoriais, as quais são determinantes na aceitação de pro-
mais saudável pelos consumidores. dutos elaborados com açúcares. 9
A crescente preocupação quanto aos resíduos quí-
PALAVRAS-CHAVE: Açúcar orgânico; açúcar mascavo; micos e a possibilidade de contaminação dos alimentos têm
aceitação; intenção de consumo. gerado um aumento da demanda e da produção de alimen-
tos orgânicos. 2
Santos & Monteiro 16 enfatizam que o crescimento
INTRODUÇÃO da agricultura orgânica se deve, principalmente, ao fato da
agricultura convencional basear-se na utilização intensiva
O açúcar é considerado um componente essencial de produtos químicos e à maior consciência de parcela dos
na formulação de diversos alimentos. A pureza química consumidores quanto aos efeitos adversos que os resíduos
da sacarose, açúcar mais comumente consumido, garante de produtos químicos podem causar à saúde.
ao açúcar de cana um gosto doce que o torna ideal para De maneira geral, os alimentos orgânicos são cul-
ser adicionado em vários produtos. 6, 7 Além do mais, as tivados com o mínimo de insumos agrícolas como defen-
propriedades nutricionais, gustativas e preservativas do sivos, pesticidas, praguicidas, produtos fitossanitários ou
açúcar o faz um nutriente presente na dieta da maior parte agrotóxicos que exercem o efeito de disruptores endócri-
da população. 10 nos em seres humanos. 15 Segundo Ghiselli & Jardim, 5 tais
A preocupação da população com os efeitos da má substâncias são capazes de interferir no funcionamento na-
alimentação na saúde tem gerado uma tendência mundial tural do sistema endócrino, causando câncer e prejudicando
de mudança de hábitos alimentares, em que cada vez mais os sistemas reprodutivos (por ex., reduzindo a produção de
os alimentos refinados ou processados têm sido substituí- espermatozóides), além de outros efeitos adversos.
dos pelos alimentos que não tenham sido submetidos a ri- Santos & Monteiro 16 destacam que o aspecto sen-
gorosos processamentos industriais, nem tenham recebido sorial apresenta grande importância para os alimentos
adição de muitos produtos químicos em sua fabricação. 23 orgânicos, embora venha sendo pouco estudado e em al-

* Trabalho realizado com apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) sob a forma de bolsa
de estudos.
** Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos – Curso de Mestrado – Universidade Federal do Ceará – 60021-970 –
Fortaleza – CE – Brasil. E-mail: thaty.vidal@gmail.com.
*** Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – Curso de Mestrado – Universidade Federal do Ceará – 60455-760 – Fortaleza –
CE – Brasil.
**** Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química – Curso de Doutorado – Universidade Federal do Ceará – 60455-760 – Fortaleza –
CE – Brasil.

391
guns trabalhos os resultados obtidos sejam conflitantes, 18 e 50 anos, predominando a faixa de adultos jovens entre
o que reforça a importância de realizar levantamentos 18 e 25 anos (76,66%).
sobre o tema. Serviu-se a cada consumidor aproximadamente 30
No estudo publicado por Borguini & Silva, 1 as ca- mL da bebida, em copos descartáveis codificados com nú-
racterísticas sensoriais do tomate produzido por cultivo or- meros de três dígitos aleatorizados, de forma monádica e
gânico foram comparadas ao cultivo convencional. A aná- sequencial, seguindo-se o delineamento de blocos comple-
lise sensorial dos frutos revelou diferenças significativas tos balanceados de acordo com Stone & Sidel. 21 Foram dis-
entre os cultivos orgânico e convencional apenas para os ponibilizados aos provadores água mineral à temperatura
atributos de sabor e aspecto geral. ambiente e biscoito do tipo cream cracker para limpeza do
Tendo em vista a lacuna de informações sobre os palato entre uma amostra e outra.
aspectos sensoriais de adoçantes alternativos com apelo à A aceitabilidade foi avaliada através dos testes afeti-
saúde, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a aceitação vos de escala hedônica estruturada de nove pontos ancora-
do gosto doce e a intenção de consumo de açúcar refinado
dos nos extremos “desgostei muitíssimo” e “gostei muitís-
orgânico e açúcar mascavo convencional como adoçantes
simo”, considerando o limite hedônico de seis pontos para
de café frente ao açúcar refinado convencional.
determinação da região de aceitação 11 e escala de inten-
ção de consumo de nove pontos em que os extremos serão
MATERIAL E MÉTODOS “beberia se fosse obrigado” e “beberia sempre que tivesse
oportunidade”. 17 A ficha utilizada para coleta de dados está
Amostras demonstrada na Figura 1.
Foram utilizados três tipos de açúcares: açúcar refi- Análise Estatística
nado convencional, açúcar refinado orgânico e açúcar mas-
cavo convencional; e café solúvel como veículo de consu- As respostas dos consumidores foram analisadas
mo das amostras. através de análise de variância (ANOVA), e as médias fo-
ram comparadas pelo teste de Tukey. Histogramas de dis-
Determinação da equivalência de doçura tribuição de frequência das notas atribuídas pelos consu-
Para que as amostras fossem apresentadas em ní- midores para as diferentes formulações foram elaborados.
veis equivalentes de doçura, foi estimada a doçura equi- A análise exploratória dos dados foi realizada por meio da
valente dos açúcares refinado orgânico e mascavo con- construção de gráficos Box plot.
vencional em relação ao açúcar refinado convencional. As
proporções de açúcar utilizadas basearam-se em resulta- RESULTADOS E DISCUSSÃO
dos de testes preliminares de aceitação utilizando escala
do ideal 8 com provadores não treinados. Os açúcares do O somatório das notas positivas de intenção de
tipo refinado convencional e refinado orgânico (amostras consumo correspondentes a “beberia sempre que tivesse
A e B, respectivamente) foram adicionados na proporção oportunidade”, “beberia muito frequentemente” e “bebe-
de 120g/L e o açúcar mascavo convencional (amostra C) ria frequentemente” foram 47,48; 40,82 e 11,63% para as
na proporção de 60g/L. formulações A, B e C, respectivamente (Figura 2). A be-
bida adoçada com açúcar refinado convencional (amostra
Preparo das amostras A), tradicionalmente utilizado como adoçante de alimen-
tos, obteve a maior intenção da faixa positiva de consumo,
A bebida de café foi preparada com água mineral e
possivelmente pela qualidade do gosto doce já estabelecida
café solúvel na proporção de 2%, seguindo a recomenda-
como padrão sensorial pelo consumidor.
ção do fabricante. Após o preparo, as bebidas foram man-
tidas em garrafas térmicas de cinco litros por no máximo Comparando-se as amostras B e C, adoçantes alter-
duas horas. A cada hora mediu-se a temperatura da bebida nativos da bebida de café, pôde ser verificado que a bebida
(± 68ºC) visando o controle adequado da temperatura de adoçada com açúcar refinado orgânico (amostra B) apre-
consumo. sentou maior aceitação, provavelmente pela similaridade
de gosto doce com a amostra A.
Análise Sensorial Com relação ao sexo, a frequência relativa de notas
da faixa positiva da escala de intenção de consumo mostrou
Os testes de aceitação foram aplicados em uma área que as mulheres (Figura 3.1) alcançaram percentuais de
anexa ao Restaurante Universitário do Campus do Pici da aceitação (48,20%; 48,21% e 16,06%) mais elevados que
Universidade Federal do Ceará (UFC), adaptada para a rea- o dos homens (48,87%; 34,36% e 7,80%), respectivamente
lização de testes sensoriais, estando os julgadores em cabi- para as amostras A, B e C, como mostra a Figura 3.2. A
nes individuais. Participaram dos testes 120 consumidores frequência de consumo de café adoçado com açúcar corres-
de café (56 mulheres e 64 homens), dentre estudantes, fun- pondente a “consumo moderadamente” foi de 42,19% para
cionários e professores da UFC, com idade variando entre o sexo masculino e 33,92% para o sexo feminino.

392
Nome:.................................................................................................

Faixa Etária: ( ) Menos de 18 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) acima de 50 anos


( ) 18 a 25 anos ( ) 35 a 50 anos

Sexo: F ( ) M( )

ƒ Com qual frequência você consome café adoçado com açúcar ?

( ) Consumo muito ( ) Consumo ocasionalmente ( ) Não consumo


( ) Consumo moderadamente ( ) Consumo muito pouco

Avalie cada uma das amostras codificadas e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou ou
desgostou do GOSTO DOCE de cada amostra:

Amostra .........
( ) Gostei muitíssimo
( ) Gostei muito
( ) Gostei moderadamente
( ) Gostei ligeiramente
( ) Nem gostei nem desgostei
( ) Desgostei ligeiramente
( ) Desgostei moderadamente
( ) Desgostei muito
( ) Desgostei muitíssimo

Assinale para cada uma das amostras, qual seria a sua ATITUDE DE CONSUMO quanto ao produto:

Amostra .........
( ) Beberia sempre que tivesse oportunidade.
( ) Beberia muito frequentemente.
( ) Beberia frequentemente.
( ) Gosto e beberia de vez em quando.
( ) Não gosto, mas beberia em alguma ocasião.
( ) Beberia se tivesse disponível, mas não iria procurar.
( ) Raramente beberia.
( ) Beberia se não pudesse escolher outra bebida.
( ) Beberia se fosse obrigado(a).
FIGURA 1 – Modelo de ficha para coleta de dados na avaliação sensorial do uso de adoçantes na bebida
de café.

393
) Faixa de aceitação
35
Frequência de distribuição de notas (%)
%
( Açúcar refinado convencional
s
a
t 30
o Faixa de Açúcar refinado orgânico
n
e 25 indiferença
d Açúcar mascavo
o convencional
ã
çi Faixa de rejeição
20
u
b
ir
ts 15
i
d
e 10
d
a
ic
n
ê 5
u
q
er 0
F
1 2 3 4 5 6 7 8 9

Intenção de consumo
FIGURA 2 – Histograma de distribuição de notas de intenção de consumo de café adoçado com açúcar re-
finado convencional, açúcar refinado orgânico e açúcar mascavo convencional. Escala: 1 – beberia se fosse
obrigado; 2 – beberia se não pudesse escolher outra bebida; 3 – raramente beberia; 4 – beberia se tivesse
disponível, mas não iria procurar; 5 – não gosto, mas beberia em alguma ocasião; 6 – gosto e beberia de vez
em quando; 7 – beberia frequentemente; 8 – beberia muito frequentemente; 9 – beberia sempre que tivesse
oportunidade.

Ambos os sexos revelaram uma aceitação inferior fantil, ajudando no bom desempenho do sistema digestivo
da bebida de café adoçada com o mascavo. A frequência e das funções hepática e renal. Silva et al. 19 descrevem essa
de consumo de café adoçado pelos consumidores perten- variedade de açúcar como um alimento rico em vitaminas
centes à faixa moderada foi mais elevada entre os homens e sais minerais, sendo recomendado em muitos casos em
(42,19%), o que poderá ter influenciado nas diferenças en- dietas de pessoas anêmicas. Logo, esse açúcar pode suprir
tre os sexos na aceitabilidade da bebida de café adoçada a necessidade de pessoas que possuem hábitos alimentares
com os açúcares refinado convencional e orgânico. Silva alternativos.
et. al. 18 avaliaram sensorialmente diferentes amostras de As notas médias de aceitação do gosto doce, atri-
café orgânico e concluíram que há diferenças nas caracte- buídas pelos consumidores para as formulações de bebi-
rísticas sensoriais de um produto orgânico em relação ao da de café adoçadas com as amostras A (açúcar refinado
convencional. convencional) e B (açúcar refinado orgânico), foram en-
Tal rejeição ao açúcar mascavo pode ser explicada tre 6 “gostei ligeiramente” e 7 “gostei moderadamente”,
pelo seu sabor semelhante à rapadura, que confere a este na escala hedônica utilizada (Tabela 1). Houve diferença
açúcar um sabor próprio que pode alterar o gosto dos ali-
significativa (p<0,001) entre as notas médias de aceitação
mentos, interferindo assim na aceitação do consumidor. 22
das amostras adoçadas com açúcar refinado convencional e
É válido considerar uma possível neofobia alimen-
refinado orgânico, que efetivamente situam-se na faixa de
tar por parte dos consumidores, ao avaliar o açúcar masca-
intenção positiva de consumo, sugerindo maior interesse
vo como adoçante da bebida de café. Neofobia alimentar
dos consumidores por esses açúcares. De acordo com San-
é definida por Pliner & Hobden 12 como a relutância em
tos & Monteiro, 16 os consumidores de produtos orgânicos
comer ou aceitar novos alimentos, um traço de personalida-
de que influencia as escolhas alimentares diárias humanas. descrevem que suas características sensoriais são melhores
Segundo Rauden-Bush & Frank, 13 a neofobia alimentar do que os similares convencionais.
tem demonstrado afetar a vontade de experimentar novos As bebidas adoçadas com as amostras A e B apre-
alimentos, assim como a amostragem de comportamento sentaram percentuais de notas correspondentes às faixas de
para esses alimentos. aceitação, indiferença e rejeição bastante próximos (Tabe-
Spers & Kassouf 20 ressaltam que o açúcar mascavo la 1). As amostras adoçadas com açúcar mascavo tiveram
possui um apelo à saúde devido à sua composição, a qual menor percentual de notas na faixa de aceitação (45,01%)
não compromete a absorção de nutrientes pelo organismo. e maior percentual na faixa de rejeição (44,16%) em com-
O seu uso moderado evita obesidade, diabetes, diminui sen- paração com as bebidas adoçadas com açúcares refinados
sivelmente as cáries dentárias e os danos à calcificação in- convencional e orgânico.

394
Frequência de distribuição de notas (%)

Faixa de aceitação
35 Açúcar refinado convencional
30 Faixa de Açúcar refinado orgânico
indiferença
25 Açúcar mascavo convencional
Faixa de rejeição
20
15
10 3.1
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9

Intenção de consumo
Frequência de distribuição de notas (%)

Faixa de aceitação Açúcar refinado convencional


45
40 Açúcar refinado orgânico
35 Açúcar mascavo convencional
Faixa de
30 indiferença
25
Faixa de rejeição
20
15 3.2
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Intenção de consumo
FIGURA 3 – Histograma de distribuição de frequência de notas de intenção de consumo, atribuídas pelos consu-
midores do sexo feminino (3.1) e masculino (3.2), às formulações de bebida de café adoçada com açúcar refinado
convencional (A), açúcar refinado orgânico (B) e açúcar mascavo convencional (C). Escala: 1 – beberia se fosse
obrigado; 2 – beberia se não pudesse escolher outra bebida; 3 – raramente beberia; 4 –beberia se tivesse disponí-
vel, mas não iria procurar; 5 – não gosto, mas beberia em alguma ocasião; 6 – gosto e beberia de vez em quando;
7 – beberia frequentemente; 8 – beberia muito frequentemente; 9 – beberia sempre que tivesse oportunidade.

Tabela 1 – Porcentagens de aceitação e médias das notas atribuídas pelos provadores para aceitação do
gosto doce de formulações de bebida de café adoçadas com açúcar refinado convencional (A), açúcar
refinado orgânico (B) e açúcar mascavo convencional (C) *.
Aceitação
Amostras Média
% de rejeição % de indiferença % de aceitação
A 10 4,17 85,83 6,9 ± 0,9a
B 8,33 5,83 85,84 6,7 ± 0,7a
C 44,16 10,83 45,01 4,8 ± 1,2b
* Numa mesma coluna, médias com letras iguais não diferem significativamente (p<0,001) entre si de acordo pelo
teste de Tukey.

395
10

7
Aceitação gosto doce

1 Média
25%-75%
0 Desvio Padrão
A B C Outliers

Amostras
FIGURA 5 – Box plot das notas de aceitação do gosto doce de formulações de bebida
de café adoçadas com açúcar refinado convencional (A), açúcar refinado orgânico (B) e
açúcar mascavo convencional (C).

A análise exploratória dos dados foi realizada atra- FONTELES, T. V.; FAHEINA JR., G. S.; OLIVEIRA, S.
vés de um Box plot (Figura 5) também conhecido como L. R.; RODRIGUES, M. C. P. Evaluation of the use of
diagrama de caixas que permitiu identificar dados dispersos alternative sweeteners in coffee drink acceptance. Alim.
Nutr., Araraquara, v. 21, n. 3, p. 391-397, jul./set. 2010.
e os provadores cujos julgamentos diferiram em relação ao
painel de provadores como um todo. É possível verificar
de imediato que os dados amostrais para as amostras A e B ABSTRACT: The aim of this study was to evaluate the
são mais homogêneos quando comparado com a amostra acceptability of the sweet taste and intention of consumption
C. Entretanto, o diagrama de caixas revelou a presença de of refined organic sugar and conventional brown sugar as
outliers, que são caracterizadas pelo seu distanciamento em a sweetener for coffee against conventional refined sugar.
relação às outras observações. 4 Affective sensory tests were applied using the intention
of consumption and hedonic scale of nine points with 120
consumers. There was no significant difference (p<0,001)
CONCLUSÃO between the sweet taste and intention of consumption of
coffee sweetened with refined organic sugar and conventional
Os resultados obtidos neste trabalho indicaram que refined sugar. The conventional brown sugar was the less
as bebidas de café adoçadas com açúcar refinado convencio- accepted and presented less intention of consumption.
nal ou refinado orgânico são similares em aceitabilidade. O There was a higher percentage of consumption in the
açúcar mascavo convencional afetou a qualidade sensorial positive intention of female consumers, except for brown
sugar. Acceptability of organic sugar makes promising the
da bebida de café, provavelmente por possuir sabor próprio
consumption of a healthier sweetener.
que requer um reaprendizado de utilização desse tipo de
açúcar pelo consumidor final. Os resultados apresentados e KEYWORDS: Organic sugar; brown sugar; acceptance;
discutidos vêm trazer contribuições relevantes uma vez que intention of consumption.
existem poucos estudos disponíveis na literatura quanto ao
aspecto sensorial de alimentos orgânicos.
REFERÊNCIAS

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esculentum) produzido por cultivo orgânico em
Os autores agradecem à Universidade Federal do
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