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Samuel Muylaert
samu_muylaert@hotmail.com
James Hall
james.jhall@gmail.com
Resumo: A área prevencionista presenciou nas últimas décadas importantes avanços. Mas, mesmo com estes
avanços, a área de saúde e segurança dos trabalhadores ainda não tem obtido completo êxito na melhoria dos
ambientes e das condições de trabalho. Neste contexto, o Engenheiro de Segurança do Trabalho, que por vezes atua
como gestor, tem grandes desafios gerenciais pela frente. Em face desta constatação, o presente estudo busca chamar a
atenção para alguns aspectos ligados ao posicionamento estratégico deste profissional que podem desempenhar um
importante papel sobre o desdobramento das ações por ele empreendidas e promover um maior alcance dos resultados
almejados. Para a condução deste estudo foi adotada a metodologia de pesquisar referências como livros, revistas,
artigos, dissertações, dispositivos legais e normativos, etc.; foram também levadas em consideração informações
obtidas por meio de entrevistas a Engenheiros de Segurança do Trabalho inseridos no mercado de trabalho, com
diferentes experiências; e, com base nas informações obtidas, foi conduzida uma discussão sobre alguns aspectos
ligados ao tema posicionamento estratégico. Com este artigo é possível verificar que a área de segurança do trabalho
precisa se desenvolver nas questões ligadas à gestão, como: planejamento, comunicação, foco nos resultados e uma
série de outros pontos discutidos ao longo deste estudo. Só desta forma será possível que estes profissionais, e seus
serviços, deem um salto qualitativo dentro de seu universo de atuação.
Palavras-chaves:.
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1 INTRODUÇÃO
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Mas foi em 1978, com a Portaria 3.214, que aprovou as Normas Regulamentadoras (NR)
relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, que esta área de conhecimento e atuação dá seu grande
salto qualitativo. Neste primeiro momento foram estabelecidas 28 NR. Dentre estas Normas merece
destaque, dentro da linha de abordagem do presente estudo, a NR 4, que dá as diretrizes e o
dimensionamento para a constituição dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho1.
Cria-se então a figura do Engenheiro de Segurança do Trabalho, título obtido após pós-
graduação (especialização) na referida área de conhecimento. E para desempenhar suas atribuições,
este engenheiro usualmente coordena equipes; se relaciona diretamente com a diretoria da
organização; aborda questões extremamente interdisciplinares; se depara com demandas muito mais
abrangentes que o restrito exercício pautado pelas Normas Regulamentadoras; etc.
E para obter sucesso ao encarar os desafios inerentes a sua função, o Engenheiro de Segurança
do Trabalho precisa buscar proficiência. Neste sentido, o presente artigo busca chamar a atenção para
aspectos ligados ao posicionamento estratégico deste profissional que podem ser de grande valia para
um maior alcance dos resultados almejados.
2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA
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4 METODOLOGIA
Para condução deste estudo foi adotada a seguinte metodologia: i) Pesquisa bibliográfica sobre
referências de ampla divulgação como livros, revistas e jornais; bases acadêmicas como artigos,
trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado; e referências legais e
normativas. ii) Coleta de informações, tendo como metodologia entrevistar, formal e informalmente,
Engenheiros de Segurança do Trabalho inseridos no mercado de trabalho, com diferentes experiências.
iii) Condução de uma discussão sobre questões-chave para o adequado desempenho da Engenharia de
Segurança do Trabalho.
5 DISCUSSÃO
No cenário atual, o Engenheiro de Segurança do Trabalho pode ser visto como uma das peças-
chave no processo de melhoria dos ambientes laborais, uma vez que este profissional pode
desempenhar uma série de importantes atividades, elencadas em 18 tópicos pelo artigo 4° da
Resolução CONFEA nº 359 de 1991.
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Desta forma, fazendo uso destas prerrogativas de sua formação, este profissional pode atuar de
diferentes formas, como: fazer parte do Serviço Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho –
SESMT, como preconizado pela NR 4; atuar na área de consultoria às empresas, quando estas não
necessitarem, por força da lei, deste profissional como parte integrante do quadro da mesma, mas que
tenham demandas nesta área de conhecimento, ou mesmo quando empresas que já tenham estes
profissionais em seus quadros demandem serviços muito sofisticados, trabalhosos e que necessitem de
expertise extra; ser perito judicial e/ou assistente nas questões trabalhistas; ser professor; etc.
No que tange aos serviços prestados a empresas, pode-se observar que há duas linhas gerais de
atuação deste profissional. A primeira delas, geralmente ligada a serviços de consultoria, se caracteriza
pelo enfoque do profissional contratado em uma área de conhecimento bastante específica. Uma
segunda linha de atuação diz respeito àqueles que fazem parte do quadro da empresa, na maioria das
vezes compondo o SESMT. Estes profissionais, em muitos dos casos, atuam de maneira mais ampla e
com um olhar sobre a gestão global das questões ligadas à área de segurança e saúde dos
trabalhadores, tendo que, para viabilizar as iniciativas deste Serviço, atuar de maneira integrada e
interdependente com outros setores da organização. Em decorrência deste perfil, estes profissionais
talvez sejam, entre os Engenheiros de Segurança do Trabalho, aqueles que devem ter maior atenção
sobre seu posicionamento estratégico.
Cabe esclarecer e criticar o fato de com base dimensionamento do SESMT como estabelecido
pela NR 4 uma ínfima parcela (menos de 2%) das empresas são obrigadas a contratarem um
Engenheiro de Segurança do Trabalho, pois apenas aquelas que têm elevado grau de risco e um
número grande de funcionários estão sujeitas a esta exigência (MORAES Jr, 2014). Desta forma,
quase que a totalidade das empresas brasileiras, em sua maioria de pequeno porte, não são obrigadas a
terem este profissional em seus quadros. Restando assim a eventual contratação de consultores com
expertise nesta área, mas que não confere estabilidade a estes profissionais e os limita a atuar em
demandas específicas, não tendo desta forma a possibilidade de efetivamente gerir todas as questões
ligadas à segurança do trabalho.
Os acidentes e doenças ocupacionais são responsáveis por elevados danos e custos ao mercado
produtivo brasileiro. Estes infortúnios laborais, diretamente relacionados a uma má gestão da área de
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Figura 1: Evolução da prevenção no Brasil, com base na análise do número de acidentes fatais.
Fonte: Anuário Brasileiro de Proteção 2014.
Neste cenário, o Engenheiro de Segurança do Trabalho apresenta-se como um importante elo
do processo de melhoria dos ambientes laborais, mas, em face dos muitos problemas ainda
enfrentados, é possível dizer a Engenharia de Segurança do Trabalho ainda não tem obtido completo
êxito na melhoria dos ambientes e das condições de trabalho.
Após abordar alguns profissionais com experiência na área e analisar uma série de referências
sobre esta temática (REVISTA PROTEÇÃO, 2014; MOREIRA, 2003; OLIVEIRA, 2003;
GARRIGOU, 1999) foi possível compreender melhor o cenário de atuação deste profissional. Com
base nesta análise observa-se que há algumas questões, elencadas a seguir, que se configuram como
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significativos entraves à melhoria da atuação deste engenheiro e das próprias condições de trabalho no
Brasil.
Tentativa de resolução normativa dos problemas
Na área de segurança e saúde no trabalho adotou-se uma estratégia legalista, encarando o
arcabouço legal como suficiente para resolver os problemas que a área enfrenta. Da forma como são
encarados, alguns dispositivos legais muitas vezes tornam-se meros rituais, e o atendimento a um
“checklist” é por vezes colocado em um patamar mais importante que a prática prevencionista, o
que pode ser exemplificado por alguns programas (PPRA, PCMSO, PCMAT, etc.) que em diversas
situações são encarados muito mais como papéis do que como programas, tanto pelo empreendedor
quanto pela fiscalização.
Fiscalização do cumprimento da legislação
Uma problemática tão crônica quanto a anterior é a fiscalização do cumprimento da legislação.
É possível observar, ao olhar o quadro de servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
que este não tem estrutura compatível com as necessidades que se apresentam, principalmente
quanto ao número de Agentes de Inspeção do Trabalho. Este fato é explicitado pelo resultado da
Pesquisa Nacional sobre Saúde e Segurança do Trabalho, na qual mais de 40% dos entrevistados
avaliou negativamente a atuação do MTE no sentido de fazer valer o arcabouço legal (Figura 2).
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Para obter sucesso ao encarar os grandes desafios inerentes a sua função, o Engenheiro de
Segurança do Trabalho precisa buscar proficiência. Neste sentido, este tópico abordará questões
ligadas à área de gestão, que têm aplicação direta e desdobramentos claros sobre a atuação do
Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Para efeito de organização das ideias apresentadas adotou-se a seguinte itemização
(esquematizada na figura 3): primeiramente são abordadas questões gerais que permeiam praticamente
toda a atuação de um profissional que busca alcançar o sucesso em suas empreitadas; e, na sequência,
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a atuação do Engenheiro de Segurança do Trabalho será dividida em três níveis, de acordo com a
abrangência de suas relações.
Figura 3: Eixos de abordagem das esferas de atuação de um Engenheiro de Segurança do Trabalho que
demandam atenção ao Posicionamento Estratégico.
Ao analisar o cenário no qual o Engenheiro de Segurança do Trabalho se insere, fica claro que
este profissional tem uma missão nobre, mas que não é de fácil execução. Para que se conduzam as
ações necessárias à melhoria das condições de trabalho este engenheiro, pelo tipo atuação que lhe é
demandada, acaba por atuar como um gestor. E para que um gestor possa alcançar seus objetivos, este
deve estar atento a uma série de aspectos inerentes a esta atividade.
Planejamento
A ação de planejar é algo natural para o ser humano. Uma vez que o futuro é um campo
desconhecido, mas até certo ponto previsível sob alguns aspectos, é necessário que se tenha em mente,
de forma o mais clara possível, quais os caminhos a se trilhar e o destino que se pretende alcançar.
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Tavares (1995) apresenta uma definição sucinta ao dizer que “planejar é pensar antes de agir, é
indicar o caminho a ser percorrido”. Segundo este autor “o planejamento consiste em traçar planos de
ação, antecipando-se aos eventos futuros”.
Mas por que planejar? Não seria mais interessante tomar uma decisão de cada vez, no momento
em que se fizesse necessário? A resposta a esta segunda pergunta é não. Para que as ações
empreendidas por um gestor, tenham sua eficiência e sua eficácia otimizadas o processo de condução
desta ação não pode estar sobremaneira vulnerável a falhas de percurso que poderiam ser evitadas com
uma análise prévia. Muitas destas ações têm múltiplas variáveis envolvidas, e para que o processo de
execução se dê maneira organizada e otimizada este processo deve ter sido projetado (planejado) de
maneira a potencializar os ganhos e reduzir as perdas.
Cabe ressaltar que, para que o planejamento seja feito de maneira coerente com a realidade, o
planejador/gestor deve ter a sua disposição informações confiáveis, que promovam a real compreensão
do cenário abordado. Neste sentido, o ato de planejar tem com background a tarefa de levantamento de
dados e sistematização de informações.
Ao subestimar a importância do planejamento é provável que o gestor colha como
consequências perdas, desde pequenos atrasos na condução dos projetos a grandes perdas de pessoas e
materiais. Um planejamento que, talvez motivado pelo anseio do gestor de entrar logo nas etapas de
execução, ou ainda, com o intuito de reduzir custos, não seja desenvolvido com o devido zelo, pode
acarretar em falhas que em alguns casos gerarão retrabalho e custos adicionais, podendo em alguns
casos inviabilizar o projeto. De maneira análoga, quando se dá a atenção que esta atividade demanda
para que seja conduzida de maneira adequada, lançando mão das técnicas e metodologias consagradas
para tal finalidade, é possível alcançar resultados surpreendentes de eficiência e eficácia.
Para que o planejamento seja efetivo, este deve ser desenvolvido de forma a se refletir em
gestão. Não adianta ter um mundo maravilhoso, sem acidentes, sem doenças e com todos os
trabalhadores felizes e motivados, mas que existe apenas no papel. O planejamento precisa se
desdobrar em programas e ações concretas que promovam o alcance dos objetivos idealizados.
Comunicação
Uma vez que vivemos em sociedade e desenvolvemos nossas atividades em relação direta com
outros indivíduos, a comunicação torna-se vital para a sobrevivência. Comunicar-se consiste em
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não apenas falar, mas principalmente em ouvir e ser ouvido. As palavras proferidas tem que entrar na
mente do ouvinte alvo.
Comunicar-se bem – seja para uma pessoa, uma equipe, um superior, uma plateia – é um
enorme diferencial para o sucesso na vida pessoal, social e profissional. Aqueles que se dedicam a
comunicar-se de maneira eficiente acabam por obter o sucesso em suas empreitadas. Já os
profissionais que não se dispõem a avançar na arte e ciência da boa comunicação, por mais que sejam
bem intencionados e com conhecimento técnico, correm sério risco de serem sufocados por aqueles
que o fazem.
A evolução do indivíduo enquanto profissional consiste em desenvolver aquelas qualidades que
julga serem mais importantes. Em face disto, uma vez reconhecida a importância da comunicação para
o desenvolvimento profissional, é interessante lançar mão das indicações fornecidas por aqueles que se
dedicam a estudar e desenvolver esta área de conhecimento.
Segundo Frank (1986) há três princípios básicos a serem seguidos. O primeiro deles é ter um
objetivo único e bem definido. Não ter esta clareza do objetivo pode conduzir a uma comunicação
pouco eficiente. Conhecer os ouvintes e o que eles esperam é o segundo princípio básico. É
fundamental buscar a pessoa certa, quem realmente vai ouvir e que pode fazer algo. Reunir
informações a cerca desta pessoa, como seu histórico e seus interesses, pode ser um grande diferencial.
Sabendo o objetivo e quem será o interlocutor, cabe agora desenvolver um discurso bem
formulado. A abordagem correta, que é o terceiro princípio básico, é a forma que melhor pode levar
um profissional ao seu objetivo. Esta abordagem deve levar em conta as necessidades e interesses do
ouvinte.
Além destes princípios básicos, Santos e colaboradores (2012) e Frank (1986) apresentam
algumas competências que devem ser desenvolvidas para que a comunicação se dê em um nível de
excelência, que podem ser resumidas em: 1) Captar e manter a atenção de quem ouve; 2) Desenvolver
empatia, criar elementos de conexão entre mensagem e ambas as partes da comunicação; 3) Fazer com
que a mensagem seja processada e absorvida; e, 4) Utilizar recursos gráficos em favor da mensagem.
Talvez a competência mais demandada no mundo contemporâneo altamente dinâmico, onde o
tempo é cada vez mais escasso, seja a eficiência. Neste contexto fazem-se atuais as palavras de
Thomas Jefferson: “The most valuable of all talents is that of never using two words when one will
do.” (O talento mais valioso é o de nunca usar duas palavras quando uma já basta. – Tradução livre).
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Além das questões gerais, que se aplicam a praticamente todas as atividades que o Engenheiro
de Segurança do Trabalho desempenha, a seguir a atuação deste profissional é dividida em três níveis
de abrangência das relações que este estabelece dentro da uma organização. Cada uma destas esferas
demanda o desenvolvimento de diferentes características do posicionamento estratégico deste gestor.
O Profissional
Antes de abordar a questão do posicionamento estratégico frente aos membros de sua equipe e
aos demais setores da organização, o Engenheiro de Segurança do Trabalho deve adotar um
posicionamento que conduza ao desenvolvimento de características que faram dele um bom
profissional.
A área de segurança do trabalho é naturalmente motivadora, uma vez que uma boa gestão da
mesma pode salvar e/ou melhorar a vida de um grande número de pessoas, da mesma forma que ao
não conduzi-la com o devido esmero pode levar a perdas humanas, materiais e ao meio ambiente. Esta
constatação faz com que seja demandado do gestor dessa área o proporcional engajamento com a
causa. Segundo Campello e Mariano (2011) apenas encontrando sentido no seu trabalho e se
comprometendo com ele que o profissional poderá ir além do mero cumprimento do que lhe é
delegado. E ao buscar resultados abrangentes torna-se fundamental que o mesmo tenha uma visão
macro do cenário no qual está inserido, visão esta que o possibilitará enxergar de maneira mais clara o
seu papel dentro de uma organização.
Ao encarar questões complexas este profissional deve estar atento para não ficar amarrado a
antigos paradigmas. É necessário que em algumas situações se tenha uma abordagem inovadora e
criativa. E no desenvolvimento de seus atributos pessoais e profissionais o Engenheiro de Segurança
do Trabalho deve ter autoconhecimento e autocrítica, reconhecendo seus pontos fortes e fracos, para
alcançar um aprimoramento constante e adaptativo (CAMPELLO e MARIANO, 2011).
Em muitas situações o Engenheiro de Segurança do Trabalho atua como líder de uma equipe.
Neste contexto, Campello e Mariano (2011) apresentam uma abordagem interessante, na qual a
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liderança é tida como uma associação de competências técnicas e interpessoais. Esta associação é
ilustrada na figura a seguir.
Os autores chamam a atenção para o fato de, por mais que as competências técnico-cognitivas
sejam muito importantes para o bom desempenho do papel de líder, os grandes desafios estão mais
ligados às competências interpessoais, brevemente apresentadas nos parágrafos seguintes.
Uma importante competência que um líder precisa desenvolver é a capacidade de catalisação
de mudanças, que consiste em iniciar, administrar e conduzir em uma nova direção. Para tal, é
fundamental persuadir pessoas, obtendo colaboração e aceitação para ideias, planos e projetos, e, não
menos importante, inspirar um clima de entusiasmo e satisfação com as realizações pessoais e grupais
(CAMPELLO e MARIANO, 2011).
Outra área a se trabalhar é a capacidade de promover o desenvolvimento dos outros, dando
orientações e feedback, estimulando a formação e o desenvolvimento dos colaboradores e valorizando
o potencial de cada um, para que estes também alcancem seus objetivos (CAMPELLO e MARIANO,
2011).
Pereira (2014) chama a atenção que para que se mantenha sob controle um processo
participativo e construtivo é indispensável a habilidade de gerenciar conflitos, que naturalmente
aparecerão ao longo do processo. É esperado, e legítimo, que haja divergência de ideias, e deve se
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assegurar que todos exponham seus posicionamentos, para que a discussão seja rica, mas é importante
conduzir o debate para que este não perca o rumo em função do acirramento dos conflitos de ideias.
O Representante de um Setor
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6 CONCLUSÕES
Com base nas análises do presente artigo faz-se possível compreender melhor o cenário no qual
se inserem os Engenheiros de Segurança do Trabalho, e reafirmar a importância destes profissionais na
promoção de melhores condições de trabalho aos trabalhadores brasileiros. E em face dos grandes
desafios que se apresentam, boa para destes ligados à área de gestão, o mesmo precisa estar preparado
para atuar da melhor maneira possível neste ambiente extremamente complexo, tendo a clareza de que
sem o adequado posicionamento estratégico ele estará fadado a ter reduzidos seu horizonte de ação e a
efetividade de seus projetos.
Assim recomenda-se que se desenvolvam e se disseminem as técnicas e os conhecimentos de
boa gestão aplicados à área de segurança do trabalho e que a prática desta profissão seja desempenhada
com maior atenção a pontos como: planejamento, comunicação, foco nos resultados e uma série de
outros pontos discutidos ao longo deste artigo. Só desta forma será possível que estes profissionais, e
seus serviços, deem um salto qualitativo dentro de seu universo de atuação.
Dada a devida atenção a estes pontos, espera-se que o Engenheiro de Segurança do Trabalho
tenha sua atuação reconhecida dentro das organizações e, além de outros ganhos, tenha mais
oportunidades de disseminar uma cultura organizacional em que todos busquem a saúde e segurança
dos trabalhadores, a sustentabilidade do negócio e o menor impacto negativo possível sobre o meio
ambiente que abriga a organização e a sociedade como um todo.
REFERÊNCIAS
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