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WBA0308_v1.

APRENDIZAGEM EM FOCO

HIGIENE DO TRABALHO I
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert R. S. Júnior

Prezado aluno!

Começaremos nossos estudos referentes à Higiene do trabalho I


abordando o viés histórico, com a Primeira Revolução Industrial
como cenário para o surgimento da ciência da higiene ocupacional,
época em que houve a massificação dos problemas de segurança e
saúde dos trabalhadores, dadas as condições sociais e de trabalho
existentes.

A partir do referido momento histórico, a higiene ocupacional


(sinônimo de higiene no trabalho) cresceu como ciência, tornando-se
multidisciplinar, havendo evolução de seu corpus do conhecimento
quanto à abordagem dos agentes e fatores de risco relacionados às
atividades laborais, principalmente se lesivos à saúde, segurança e
bem-estar do trabalhador.

Em nosso estudo abordaremos, além dos fundamentos da higiene


ocupacional, temáticas que envolvam conceitos, classificação e
reconhecimento dos riscos físicos no ambiente de trabalho e sua
correlação com os normas NR-09 e NR-15, dando especial atenção
aos agentes: térmico, pressões anormais, ruído, vibração e radiações.
Serão considerados conceitos, princípios, domínios de atuação da
segurança no trabalho de cada um destes agentes e a forma de
reconhecimento de suas características essenciais, metodologias
e estratégias para que você, futuro profissional de segurança no
trabalho, esteja instrumentalizado dos conhecimentos necessários
para sua prática profissional.

2
Na parte inicial do estudo serão expostos os cuidados relacionados
quanto à medição, abordagem amostral e identificação dos
fenômenos da interação do trabalhador com agentes e fatores de
risco. A identificação dos agentes e fatores de risco é importante para
sua atuação profissional, mas conhecer os parâmetros normativos
(limites de tolerância, nível de ação, diferentes graus de intensidade,
tempo de exposição etc.) é essencial para garantir ações de
tratamento, bloqueio, mitigação e minimização dos efeitos dos riscos
ao mesmo tempo em que se promove condições de segurança a
favor do bem-estar do trabalhador.

É importante salientar que o estudo das temáticas abordadas nesta


disciplina não se resume ao conjunto de conhecimentos expostos
aqui, pois existe uma constante evolução das normas de segurança e
da legislação pertinentes às questões trabalhistas e previdenciárias,
somada à constante evolução do conhecimento científico acerca
dos temas. Por este motivo, uma das principais habilidades que
precisará adquirir para se manter ativo no mercado de trabalho em
segurança no trabalho é desenvolver senso de pesquisador, dadas as
constantes atualizações que devem ocorrer.

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional.
Vem conosco!

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TEMA 1

INÍCIO
Fundamentos da higiene
do trabalho
______________________________________________________________

TEMA 1
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7
DIRETO AO PONTO

Higiene ocupacional é sinônimo de higiene industrial e higiene


no trabalho, e, essencialmente, objetiva identificar, reconhecer,
avaliar e controlar os riscos do ambiente de trabalho e seus agentes
causadores. Dá-se o nome de agentes ambientais ao conjunto de
variáveis capazes de influenciar e causar danos à saúde e bem-
estar do trabalhador. Grande parte do conhecimento obtido para
higiene derivou dos acontecimentos ocorridos durante a Primeira
Revolução Industrial, na transformação dos meios de produção e,
por conseguinte, a transição do trabalho artesanal para produção em
massa dentro das indústrias.

O ritmo da máquina subverteria o trabalho artesanal, ocasionando


uma condição da fadiga física e mental, pois novas condições
ergonômicas e de acidente, decorrentes de mecanismos ágeis para
produção e rudimentares em termos de proteção, ocasionaram
inúmeros acidentes e geraram doenças osteomusculares, muitas
das quais incapacitaram os trabalhadores de forma definitiva ou as
doenças adquiridas tinham alto índice de letalidade.

Assim como novas metodologias de produção estavam sendo


inseridas, houve também a inserção de novos materiais e processos,
sem pleno domínio de sua composição química e transformação
física, gerando riscos residuais. Nesse contexto, sem suficiente
conhecimento e proteção devida ao trabalhador, com o tempo este
sentiria os efeitos prejudiciais à saúde.

Soma-se a isso as transformações degradantes pelas quais as cidades


e as fábricas passaram durante a Primeira Revolução Industrial,
cujas condições ambientais tornaram-se insalubres e sem condições
para promoção da higiene coletiva, muito em função das dinâmicas
sociais, econômicas e culturais à época da transição dos processos

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produtivos artesanais para o industrial. O meio ambiente do trabalho
forneceria, com a Revolução Industrial, todo o arcabouço para estudo
de várias ciências, dentre elas a medicina, a ergonomia, o direito, a
higiene ocupacional, entre outras, e que hoje correspondem a todo o
conhecimento para a prevenção da saúde e segurança no trabalho.

No Brasil, a industrialização incipiente acontece após a Primeira


Guerra Mundial, mais precisamente entre as décadas de 1930 e
1940, ou seja, de forma tardia se comparada à Primeira Revolução
Industrial. Por isso, o “aprendizado” em termos de aparato estatal,
legislação e normas aconteceu posteriormente, sendo que as normas
regulamentadoras surgiram em 1978, momento de consolidação do
parque fabril brasileiro.

As Normas Regulamentadoras foram criadas com a Lei Federal


n. 6.514 de 1977 (BRASIL, 1977), que primeiramente alterou o
Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
que versava alguns aspectos referentes à Segurança e Medicina
do Trabalho. A aprovação das Normas Regulamentadoras (NRs)
efetivamente ocorreu com a Portaria MTB n. 3.214, em 8 de junho
de 1978 (BRASIL, 1978).

Mas o que são as normas regulamentadoras? São instrumentos


legais que referenciam boas práticas e norteiam a prevenção à
saúde e bem-estar do trabalhador em relação às condições de
trabalho em estabelecimentos e empreendimentos de qualquer
natureza em que haja relações trabalhistas. O processo de criação
e revisão das normas regulamentadoras segue o fluxo descrito
na Figura 1, e qualquer que seja a ação a ser executada, inicia-
se diretamente da demanda da sociedade (que pode derivar de
lacunas na legislação, mediação de conflitos e entendimentos
ou mesmo novas normas para atender a rápida modificação do
mercado de trabalho).

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Figura 1 – Processo de regulamentação e atualização das NRs

Fonte: elaborado pelo autor.

Um princípio básico de qualquer norma ou legislação está associado


ao conflito de interesses e, por este motivo, sua relevância está ligada
diretamente à discussão entre as partes envolvidas, empregadores,
empregados e governantes (discussão tripartite).

Qual a diferença entre as Normas Regulamentadoras (NRs) e as


Normas de Higiene Ocupacional (NHOs)? As NRs são instrumentos
para o estabelecimento de boas práticas, o que deve ou não
ser adotado, ao passo que as NHOs estabelecem critérios e
procedimentos para a avaliação da exposição ocupacional aos
agentes de risco, e seu surgimento é direcionado a amparar as
metodologias de levantamento de dados.

Referências

BRASIL. Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V


do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e

7
medicina do trabalho e dá outras providências. Brasília: Presidência da
República, 1977.
BRASIL Ministério da Economia. Portaria MTB n. 3.214, de 8 de junho de
1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II,
da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do
Trabalho. Brasília: Ministério da Economia, 1978.

PARA SABER MAIS

A criação e revisão das Normas Regulamentadoras (NRs) e


Normas de Higiene Ocupacional (NHO) estão sob a organização do
Ministério do Trabalho, com suporte da Fundacentro (Fundação
Jorge Duprat e Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho).
A Fundacentro é denominada em homenagem ao fundador,
e tem por função básica desenvolver pesquisas e estudos
pertinentes à segurança, higiene e medicina do trabalho. Trata-
se de uma instituição vinculada ao Ministério do Trabalho e dá
assessoria técnica ao Legislativo e ao Executivo Federais para o
desenvolvimento de normas de segurança no trabalho. Assim,
coordena e promove a formação de profissionais especializados
em segurança e saúde na área, de modo a difundir uma política
oficial.

Por meio da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho (ENIT)


e o seu portal na internet podemos acessar os estudos, as
proposições do texto-base e os trabalhos de discussões e
evolução quanto à mudança de normas das comissões tripartites.
A comissão tripartite é citada primeiramente na NR-06, e para isto
ampara-se na Portaria MTE n° 59 de 19 de junho de 2008 (BRASIL,
2008).

Como futuro profissional de segurança no trabalho, é


necessário habituar-se à constante visualização das normas

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regulamentadoras, pois nos últimos anos intensificaram os
trabalhos destas comissões tripartites, no sentido da atualização
das normas. A aquisição deste hábito de consulta constante às
normas regulamentadoras é essencial, pois a partir delas consiste
a elaboração dos instrumentos legais listados a seguir:

PCA – Programa de Conservação Auditiva.

PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos.

LTCAT – Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho.

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional.

PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário.

Referências

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n. 59, de 19 de junho de


2008. Cria a Comissão Nacional Tripartite da NR-06. Brasília: MTE, 2008.

TEORIA EM PRÁTICA

No início de sua trajetória profissional dentro do ramo da


segurança do trabalho, você foi interpelado por um empresário
de uma atividade rural, que lhe questionou se tinha a necessidade
de implantação de medidas protetivas de saúde e segurança
no trabalho em sua propriedade rural, uma vez que a atividade
econômica que desenvolve necessitava do apoio de empregados
para atingir seus objetivos. Você, hesitante, muito em função de
seu início profissional, ficou na dúvida quanto a esta necessidade.
Onde procurar a informação? Em que parte das normas poderia

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respaldar sua resposta? Quais são as obrigações do empregador e
do empregado constantes nas normas regulamentadoras?
Autoria: Nome do autor da disciplina
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo
Leitura crítica: Nome do autor da disciplina
professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

A questão dos postos de trabalho suscita muitas dúvidas


principalmente no começo profissional, e a leitura deste artigo
auxiliará a entender como o transporte coletivo urbano impacta
o deslocamento de pessoas, permitindo a acessibilidade e
integração de diversas áreas econômicas. O que aparentemente
seria restrito ao profissional do transporte, como no caso do
artigo de Bermudes, Minette e Cunha (2019), transcende sua
função e tem impactos sociais, econômicos, previdenciários
e de saúde, o que demandará toda uma rede assistencial
do aparato governamental. Entender a metodologia, as
variáveis consideradas e incorporar alguns termos usados nos
levantamentos e análises de risco fazem parte desta sugestão
de leitura. Para acessar o artigo, consulte o parceiro EBSCO na
Biblioteca Virtual e busque pelo título do artigo.

BERMUDES, W. L.; MINETTE, L. J.; CUNHA, J. R. Avaliação de riscos


ocupacionais de motorista de ônibus intermunicipal: um estudo de
caso no estado do Pará. Revista SUSTENERE, Rio de Janeiro, v. 7, p.
4-18, jan./jul. 2019.

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Indicação 2

A proposição da leitura do artigo de Marques e Silva Jr. (2015)


se dá pela maneira facilitada com que ocorre a delimitação dos
grupos homogêneos para fins da abordagem dos ambientes
e das funções descritas. A proposição da leitura também se
dá para o entendimento de estudo transversal analítico, que é
uma metodologia definida por pesquisa observacional, na qual
se analisa dados coletados ao longo de um período de tempo,
podendo ser uma população amostral ou em um subconjunto
predefinido. Outro ponto a se destacar é que o artigo faz uso de
metodologia e instrumentos que auxiliam na identificação das
condições ergonômicas, e para isto foi realizada uma avaliação
ergonômica dos postos de trabalho com aplicação da ferramenta
OWAS (Ovako Working posture Assessment System). Essa ferramenta
não é a única, mas é importante observar o motivo pelos quais os
autores fizeram a opção por esta. Para acessar o artigo, consulte o
parceiro EBSCO na Biblioteca Virtual e busque pelo título do artigo.

MARQUES, G. M.; SILVA-JUNIOR, J. S. Síndrome do manguito


rotador em trabalhadores de linha de montagem de caminhões.
Cad. Saúde Colet., [online], v. 23, n. 3, p. 323-329, 2015.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes
neste Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em

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Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas,
além de questões de interpretação com embasamento no
cabeçalho da questão.

1. A Revolução Industrial Inglesa (Primeira Revolução Industrial)


ocorreu na segunda metade do século XVIII e, segundo os
relatos históricos, marcou a humanidade pela transformação
da produção artesanal para manufatura industrial, na
qual a máquina a vapor permitiu aumento vertiginoso da
produtividade e dos processos de manufatura. Por isso,
é considerada uma das conquistas quanto à evolução
tecnológica, entretanto, a saúde e segurança do trabalhador
ficou subjugada ao “ritmo” da máquina. Muitas destas
evoluções tecnológicas geraram impactos imediatos ao
trabalhador, além dos impactos sociais, econômicos e sobre a
saúde pública, por isso, é neste momento da história que boa
parte dos fundamentos da higiene do trabalho surgiram. Com
base no conhecimento obtido, complete as lacunas:
A ___________ configura-se como uma __________ e visa
__________, reconhecer, avaliar e controlar _____________, de
modo a evitar ______________.

Indique a alternativa que contenha os termos que melhor se


encaixam nas lacunas:

a. Higiene hospitalar; Organização; Antecipar; Dados; Doenças


ocupacionais.
b. Higiene hospitalar; Organização; Postergar; Agentes de risco;
Doenças ocupacionais.
c. Higiene ocupacional; Ciência; Antecipar; Agentes de risco;
Doenças ocupacionais.

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d. Higiene urbana; Organização; Mediar; Agentes de risco;
Doenças ocupacionais.
e. Higiene ocupacional; Arte; Postergar; Agentes de risco;
Condições ambientais adequadas.

2. São instrumentos legais que referenciam as boas


práticas e norteiam a prevenção à saúde e bem-estar
do trabalhador em relação às condições de trabalho
em estabelecimentos e empreendimentos de qualquer
natureza em que haja relações trabalhistas.

Assinale a alternativa a que se refere o texto da questão:

a. Normas regulamentadoras.
b. Agentes de risco.
c. Constituição Federal.
d. Higiene ocupacional.
e. Embargo e interdição.

GABARITO

Questão 1–Resposta C
Resolução: Para que o texto tenha coerência dentro do
contexto apresentado no enunciado e no que foi estudado
até agora, a alternativa correta é a que contém os termos:
higiene ocupacional, ciência, antecipar, agentes de risco,
doenças ocupacionais. A higiene ocupacional configura-
se como uma ciência e visa antecipar, reconhecer, avaliar
e controlar agentes de risco, de modo a evitar doenças
ocupacionais.

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Questão 2–Resposta A
Resolução: As normas regulamentadoras são instrumentos
legais que referenciam boas práticas e norteiam a prevenção
à saúde e bem-estar do trabalhador em relação às condições
de trabalho em estabelecimentos e empreendimentos de
qualquer natureza em que haja relações trabalhistas.

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TEMA 2

INÍCIO
Agentes ambientais do trabalho
______________________________________________________________
Autoria: Flávio Augusto Carraro

TEMA 1
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7
DIRETO AO PONTO

As normas NR-9 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais


a agentes físicos, químicos e biológicos (BRASIL, 2020b) e NR-15 –
Atividades e operações insalubres (BRASIL, 2019) são essenciais para
sua prática profissional, e alguns cuidados e nuances normativas
devem estar corretamente fixados. A classificação dos riscos é um
item importante e está disposto na Figura 1:

Figura 1 – Agentes de riscos quantificáveis e qualificáveis

Fonte: elaborada pelo autor.

Perigo é algo inerente à natureza da fonte, já o risco é um


processo de interação, normalmente associa-se a ação ativa ou
passiva pelo qual pode ser amortizado. Os riscos podem evoluir a
uma doença laboral ou incômodo ao bem-estar do trabalhador. A
Figura 2 demonstra a relação entre perigo, interação e o risco:

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Figura 2 – Relação perigo / interação / risco

Fonte: elaborada pelo autor.

A relação entre a NR-9 (BRASIL, 2020b) e a NR-15 (BRASIL, 2019) é


direta, enquanto a primeira direciona a obrigatoriedade de quais
riscos devem ser relatados, a segunda fornece os parâmetros,
níveis de ação e limites de exposição. Quanto ao item 9.6.1 da NR-
15 (BRASIL, 2019), podemos extrair dois conceitos essenciais:

• Limite de tolerância: descrito na NR-15 como a intensidade


ou concentração na qual se observa a exposição máxima
relacionada à natureza da fonte e tempo de exposição, de
modo que não cause danos à saúde dos trabalhadores
expostos no transcorrer de sua vida laboral (BRASIL, 2019).

• Nível de ação: deriva do conceito da Norma de Higiene


Ocupacional 1 - NHO 1* - relaciona o valor acima do qual
iniciam-se ações preventivas que minimizem a probabilidade
à exposição de agentes ambientais que ultrapassam os
limites de exposição (GIAMPAOLI et al., 2001).

Alguns pontos devem ser observados em relação a esses


dois conceitos. Primeiramente, nem todo agente tem limite
de tolerância (umidade, por exemplo), esse conceito se aplica
somente aos quantificáveis. A condição destes limites de
tolerância considera a jornada de trabalho (8 horas) e um

17
problema é que a NR-15 (BRASIL, 2019) direciona ao risco
em si e suas variáveis, mas não dá parâmetros atualizados
das consequências ao corpo humano, tampouco demostra
metodologias capazes de identificar as suscetibilidades individuais,
repassando a responsabilidade para o PCMSO – Programa de
Controle Médico e Saúde Ocupacional (NR-7) (BRASIL, 2020a).

Transposto o limite de tolerância, o trabalhador adquire o direito


à insalubridade. No entanto, o PGR não é o instrumento que
determinará a aplicação deste direto, embora possa identificar
a condição insalubre, documentalmente, precisa ser confirmado
pela execução de um laudo de insalubridade.

Atividades insalubres são atividades nas quais os trabalhadores


ficam expostos aos agentes nocivos em função da concentração,
intensidade e exposição, em valor superior aos limites de
tolerância normativamente estabelecidos. Juridicamente, somente
serão consideradas as que estiverem devidamente listadas na NR-
15 ou normas referenciadas por esta.

Uma analogia possível quanto à insalubridade é de um “copo”, que


pode ser visualizado na Figura 3, no qual o conteúdo é colocado
até que transborde. O meio do copo seria o ponto no qual o
nível de ação para mitigação do risco seria satisfatório, bem
antes do copo transbordar (parte verde), a partir deste ponto,
nos aproximaríamos do limite de tolerância (parte amarela), na
qual as ações de mitigação já se tornariam mais onerosas, já que
a intensidade seria maior, logo, ações mais especializadas seriam
necessárias, e uma vez ultrapassado tal limite a insalubridade
seria instalada.

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Figura 3 – Nível de ação, limite de tolerância e insalubridade

Fonte: elaborada pelo autor.

Nem todos os limites de tolerância estão descritos na NR-15


(BRASIL, 2019), por este motivo, a NR-9 (BRASIL, 2020b) sugere
os parâmetros da ACGIH (American Conference of Governmental
Industrial Hygienists) ou Conferência Americana de Higienistas
Industriais Governamentais, sediada nos Estados Unidos. Isso
ocorre pois a NR-15 (BRASIL, 2019) se baseia nas normas da
ACGIH, mas estas derivam de parâmetros de 1976, ao passo que
a ACGIH é constantemente revisada e por isto possui parâmetros
mais atualizados em pesquisas mais recentes.

Referências

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-07 – Programa de


controle médico de saúde ocupacional. Brasília, DF: MTPS, 2020a.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 – Avaliação
e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e
biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020b.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-15 – Atividades e
operações insalubres. Brasília, DF: MTPS, 2019.
GIAMPAOLI, E. et al. NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação da
Exposição Ocupacional ao Ruído. Brasília: Ministério do Trabalho e
Emprego; Fundacentro, 2001.

19
LEIDEL, N. A.; BUSCH, K. A.; LYNCH, J. R. Occupational Expusure Sampling
strategy Manual. DHHS (NIOSH), Ohio, n. 77-173, jan. 1977.

PARA SABER MAIS

As normas da ACGIH são referência quanto aos limites de


exposição ocupacional, em especial às substâncias químicas,
agentes físicos e índices de exposição biológicos adotados. São
referências internacionais e servem de parâmetros para países
cujas normas ainda se encontram em evolução, como é o caso
do Brasil. No que se refere aos produtos químicos, dentre as
principais contribuições da ACGIH está a determinação do TLV
- Threshold Limit Value (valor limite). É esse limite sob o qual
acredita-se que a maioria dos trabalhadores poderia estar exposta
sem danos à sua saúde e bem-estar. Além desses limites, em suas
notações, faz referência a quais substâncias e subclassifica quanto
aos efeitos no corpo humano. A Figura 4 exemplifica esses limites.

Figura 4 - Limites previstos na ACGIH

Fonte: elaborada pelo autor.

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TEORIA EM PRÁTICA

Você foi acionado para fazer uma consultoria em segurança


no trabalho em uma empresa metalúrgica que foi acionada
em uma demanda judicial trabalhista. O demandante alegava
ter direito à insalubridade, pois, em sua percepção, os níveis
de ruído aos quais estava submetido enquanto trabalhava na
empresa lhe causavam transtornos auditivos (dores), primeiro
pela intensidade e depois pelo tempo de exposição, mesmo
com o uso de equipamentos de proteção individual – EPIs.
Acontece, que mais de um trabalhador alegou a mesma coisa.

Nesse sentido, o dono da empresa questiona: se o Programa de


Gerenciamento de Risco (PGR) elaborado por outro profissional
não indicou a condição, o PGR pode estar errado na abordagem
desse risco ambiental? Como fazer a verificação correta desse
aspecto? Há como gerar alguma prova de valor judicial para
contrapor a reclamação trabalhista?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Estamos em pleno processo de revisão das normativas


relacionadas ao trabalho e mais recentemente novos textos
foram aprovados para as normas regulamentadoras, inclusive

21
com a mudança de nomenclaturas, como a NR-9 – Programa
de Gerenciamento de Risco (PGR), que substituiu o Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Por esse motivo, é
interessante se habituar à consulta sistemática ao site da Escola
Nacional da Inspeção do Trabalho (ENIT), começando pela NR-9.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-01 –


Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais.
Brasília, DF: MTPS, 2020.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Previdência Social. NR-09 –


Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes
físicos, químicos e biológicos. Brasília, DF: MTPS, 2020.

Indicação 2

O artigo indicado demonstra, mesmo que de maneira indireta, a


importância do PPRA, atualmente denominado PGR (Programa
de Gerenciamento de Risco), e do PCMSO dentro das empresas,
visto que a abordagem epidemiológica demonstra impacto na
saúde pública. A ausência de políticas mais contundentes de
prevenção à saúde e segurança no trabalho e de fiscalização
pode levar à sobrecarga do aparato estatal (previdência,
saúde e segurança), e, nesse caso, o maior prejudicado é o
trabalhador.
CAZARIN, G.; AUGUSTO, L. G. S.; MELO, R. A. M. Doenças
hematológicas e situações de risco ambiental: a importância do
registro para a vigilância epidemiológica. Rev. Bras. Epidemiol.,
[online], v. 10, n. 3, p. 380-390, 2007.

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QUIZ
Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a
verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes
neste Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em
Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas,
além de questões de interpretação com embasamento no
cabeçalho da questão.

1. Agentes ocupacionais são agentes que podem causar


danos à saúde do trabalhador. Entender a necessidade da
identificação e controle dos agentes de risco é de suma
importância, uma vez que a elaboração de documentos
como o Mapa de Riscos e o PGR requerem conhecimento
específico destes agentes. Para tanto, é necessário ter
domínio sobre os conceitos relacionados abaixo.

Correlacione as colunas e indique a alternativa correta:

A. Qualquer tipo de substância,


compostos ou produtos químicos que
1. Agentes físicos
possam penetrar nas mucosas, pele ou
vias respiratórias.

B. Entram nesta classificação qualquer


2. Agentes tipo de energia, e tem como principal
químicos característica a possibilidade de ser
mensurado com unidades de medidas.

23
3. Agentes C. Associados ao meio e interação com o
Biológicos corpo humano.

D. Micro-organismos de qualquer
4. Ergonômico natureza ou agentes transmissores/
portadores destes.

E. Associados à biomecânica do corpo


5. de Acidentes
humano.

a. 1-C; 2-B; 3-D; 4-E; 5-A.


b. 1-A; 2-B; 3-D; 4-E; 5-C.
c. 1-B; 2-A; 3-D; 4-E; 5-C.
d. 1-C; 2-D; 3-B; 4-E; 5-A.
e. 1-B; 2-D; 3-C; 4-E; 5-A.

2. Para os fins da ___________________, considera-se o nível


de ação o valor ___________________ do qual devem
ser iniciadas as ações ___________________, de forma
a ___________________ a ___________________ de que as
exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites
de exposição. As ações devem incluir o monitoramento
periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e
o controle médico.

Indique a alternativa que contenha as palavras que


permitem a coerência do texto em relação ao assunto
abordado:

a. NR-9; Abaixo; Preventivas; Maximizar; Certeza.


b. NR-15; Acima; Preventivas; Mediar; Probabilidade.
c. NR-15; Abaixo; Corretivas; Maximizar; Certeza.

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d. NR-9; Acima; Preventivas; Minimizar; Probabilidade.
e. NR-9; Acima; Corretivas; Mediar; Probabilidade.

GABARITO

Questão 1–Resposta C

Resolução: A correta correlação dos termos e seus


significados fica melhor colocado se correlacionado
conforme descrito a seguir:

Agentes físicos: entram nesta classificação qualquer


tipo de energia, e tem como principal característica a
possibilidade de ser mensurado com unidades de medidas.

Agentes químicos: qualquer tipo de substância,


compostos ou produtos químicos que possam penetrar
nas mucosas, pele ou vias respiratórias.

Agentes biológicos: micro-organismos de qualquer


natureza ou agentes transmissores/portadores destes.

Ergonômico: associados à biomecânica do corpo humano.

de Acidentes: associados ao meio e interação com o corpo


humano.

Questão 2–Resposta D

Resolução: O texto se alinha com a norma de referência


quando se colocados nas lacunas os seguintes termos:
“Para os fins da NR-9, considera-se o nível de ação o valor
acima do qual devem ser iniciadas as ações preventivas,
de forma a minimizar a probabilidade de que as
exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites

25
de exposição. As ações devem incluir o monitoramento
periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e
o controle médico”.

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TEMA 3

INÍCIO
Avaliação Ocupacional do Calor
______________________________________________________________
Autoria: Flávio Augusto Carraro

TEMA 1
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7
DIRETO AO PONTO

A avaliação do agente calor toma por base a temperatura aferida


por IBUTG, que se referência ao Anexo nº 3 – Limites de tolerância
para exposição ao calor da NR-15 – atividades e operações
insalubres. Acessória a estas normas, podemos fazer uso da ISO/
DIS 7726 - Ergonomia do ambiente térmico - Instrumentos para
medir quantidades físicas (ISO,1998), que nos auxilia quanto às
características dos instrumentos de medição.

O medidor de stress térmico, ou medidor índice de IBUTG, é


usado para medição dos parâmetros ligados ao calor, e conjuga
os sensores bulbo seco, úmido e globo. Por meio deste conjunto
de sensores podemos obter os parâmetros ambientais de
temperatura, cuja escala de medição da temperatura do ar é entre
10 °C a 60 °C e sua precisão deve ser de ± 1 °C. A finalidade
do termômetro de bulbo úmido (TBUn) é captar a influência
da ventilação e é fornecida por um pavio limpo, sem detritos,
embebido com água destilada. A finalidade do termômetro de
globo (TG) é medir o calor radiante existente no ambiente de
trabalho, ou seja, a junção de todos os “vetores” de calor emitidos
pelo ambiente e sua influência sobre o corpo.

Para se medir o stress térmico, utiliza-se a estimativa da


taxa metabólica, que é a quantidade de calor produzida pelo
organismo, ou seja, é a energia metabólica no desempenho das
atividades laborais e que, segundo a ISO 8996, é obtida pelo
consumo de oxigênio do trabalhador ou pela estimativa de taxas
referenciadas em função das atividades, em tabelas contidas nas
normas.

28
Por situação térmica entende-se cada parte do ciclo de sobrecarga
térmica a que o trabalhador está exposto ao calor. Pode ser
considerada estável a taxa metabólica média (média ponderada
no tempo das taxas metabólicas em um intervalo de 60 minutos).
O conceito de IBUTG médio é a relação de média ponderada no
tempo dos valores obtidos pelo equipamento em um intervalo de
60 minutos.

Para a abordagem do índice de IBUTG, considerando o Anexo


3 da NR-15 e a NHO 6 e os critérios de avaliação da exposição
ocupacional ao calor adotado pela presente norma, tem-se por
base o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG)
relacionado à Taxa Metabólica (M). Primeiramente abordaremos
Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) pelas
expressões indicadas no Quadro 1:

Quadro 1 – Expressões para cálculo do IBTUG

Ambientes internos ou externos


IBUTG = 0,7 tbn + 0,3 tg
sem carga solar

Ambientes externos com carga


IBUTG = 0,7 tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg
solar

onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural, tg = temperatura de


globo, tbs = temperatura de bulbo seco (somente usado quando tiver
carga solar).

Fonte: adaptado de NR-15 (BRASIL, 1978a).

As expressões do Quadro 1 são para ambientes homogêneos,


nos quais as fontes de calor possuem as mesmas características.
Já em ambientes heterogêneos, ou seja, em ambientes em que
o trabalhador esteja sujeito à ocorrência de stress térmico e que
os valores obtidos não sejam constantes ao redor do trabalhador

29
mais vulnerável, é necessário balizar ao que recomenda a ISO
7726 (ISO,1998). A sugestão é que sejam feitas ao menos três
coletas de dados em quatro posições diferentes, considerando as
seguintes situações:

1) Para pessoas em pé: a 0,1 m do piso, a 1,1 m do piso e a 1,7 m


do piso.

2) Para pessoas sentadas: a 0,1 m do piso, a 0,6 m do piso e a 1,1


m do piso.

E com base nos dados, o IBUTG médio é então calculado pela


seguinte expressão ponderada:

É importante considerar que todos os parâmetros descritos


pelas NR-15 (BRASIL, 1978a) estão considerando jornadas
legalmente consideradas (8 horas), e que os Limites de Tolerância
para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente,
referenciam-se em 60 minutos, já que os gastos calóricos estão
tabelados na NHO 6 e no Anexo 3 da NR-15. Ao se ter mais de
uma situação térmica, é necessário a obtenção do IBUTG médio,
considerando os tempos parciais de cada situação térmica
conforme indicado na Equação 2:

O mesmo raciocínio deve ser feito para a obtenção da taxa


metabólica média, na ponderação dos tempos parciais e nas
respectivas situações térmicas a que faz referência, conforme
indicado na Equação 3:

30
Segundo o item 2.3 do Anexo 3 da NR-15:

São caracterizadas como insalubres as atividades ou operações


realizadas em ambientes fechados ou ambientes com fonte artificial
de calor sempre que o IBUTG (médio) medido ultrapassar os limites
de exposição ocupacional estabelecidos com base no Índice de Bulbo
Úmido Termômetro de Globo apresentados no Quadro 1 ( IBUTG
máximo, ponderado pela) e determinados a partir da taxa metabólica
das atividades, apresentadas no Quadro 2 ambos deste anexo.

Para mais de uma situação térmica, o procedimento deve ser feito a


uma ponderação de IBUTG médio e Taxa Metabólica Média (W), pelas
fórmulas informadas anteriormente. Para IBUTG médio, identificar os
ciclos parciais e respectivos tempos, e ponderar para 60 minutos.

Para Taxa Metabólica Média (W), o procedimento é equivalente


quanto à consideração dos tempos parciais, e as taxas metabólicas
parciais (consultada no Quadro 2) também devem ser ponderadas
por 60 minutos. Somente depois de feito isto é que se recorre ao
Quadro 2 do Anexo 3 da NR-15, e se compara se o IBUTG obtido é
menor que o valor máximo da tabela, sendo menor é salubre, sendo
maior, insalubre.

Quadro 2 - Taxa metabólica por tipo de atividade


(exemplificação, completa consultar norma)

Atividade Taxa metabólica (W)

Sentado

Em repouso 100

Trabalho leve com as mãos 126

31
Trabalho moderado com as mãos 153

Trabalho pesado com as mãos 171

Trabalho leve com um braço 162

Trabalho moderado com um braço 198

Continua (...) – consultar norma

Em pé, agachado ou ajoelhado

Em repouso 126

Trabalho leve com as mãos 153

Trabalho moderado com as mãos 180

Continua (...) – consultar norma

Fonte: anexo 3 da NR-15.

Referências
International Organization for Standardization (Organização Internacional
para Padronização). ISO 7726:1998 Ergonomics of the thermal
environment — Instruments for measuring physical quantities, Technical
Committee: ISO/TC 159/SC 5 Ergonomics of the physical environment. 1998-
10, 2 ed., 51 p., Genebra, 1988.
International Organization for Standardization (Organização Internacional
para Padronização). ISO 8996:2004 Ergonomics of the thermal
environment — Determination of metabolic rate. Technical Committee: ISO/
TC 159/SC 5 Ergonomics of the physical environment. 2004-10, 2. ed., 24 p.,
Genebra, 2004.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora Nº 15
- Atividades e Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho
de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora Nº 22
- Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração. Portaria MTb nº 3.214, de
8 de junho de 1978b. Publicação D.O.U. 06/07/78.

32
GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D.; DA CUNHA, I. Â.; SHIBUYA, E. K. NHO 06
- Avaliação da exposição ocupacional ao calor: Procedimento técnico.
Fundacentro. 48 p. 2. ed. Fundacentro, 2017. São Paulo, 2001.

PARA SABER MAIS

A metodologia de cálculo dos índices de IBUTG pode num primeiro


momento assustar, e a dificuldade aparece se não forem bem
identificados os ciclos de trabalho dentro de 60 minutos. Exemplo,
se um trabalhador exerce duas atividades, sendo que a atividade
A dura 10 minutos e a atividade B dura 5 minutos, quanto ciclos de
cada atividade temos para se perfazer 60 minutos?

Temos que o ciclo total A+B = 15 minutos, em uma hora


poderíamos encaixar 4 ciclos dentro de 60 minutos.

Se olharmos com atenção os parâmetros contidos no Anexo 3


da NR-15, estão referenciados em 60 minutos/ 1 hora, e por este
motivo a necessidade desta conversão, pois as taxas metabólicas
estão relatadas em Kcal/h (quilocaloria por hora).

TEORIA EM PRÁTICA

Você, novato na profissão, foi convidado por um profissional mais


antigo a ajudá-lo na finalização de alguns laudos que estavam
atrasados, mas que os levantamentos haviam sido feitos. O caso que
este profissional lhe apresentou se relacionava a uma metalúrgica e o
ambiente avaliado possuía fornos de fundição, em ambiente fechado
(sem radiação solar), e no qual foram levantados pelos menos três
ciclos de trabalho

33
1. No ciclo A o metalúrgico pega lingotes (10 Kg) de latão ao
nível da boca do forno (nível da cintura) e abastece o forno
para derretimento, duração: 2 minutos.
2. O ciclo B consistia no derretimento da barra, duração
de 10 min, no entanto o trabalhador tinha obrigações
administrativas do controle do estoque digitando no
computador, e ficava sentado em uma mesa, em outro
ambiente, escritório, separado do ambiente dos fornos.
3. No ciclo C, ao nível da boca do forno era feita a coleta do
latão líquido e derramamento por uma concha do latão
derretido na coquilha (forma), e disforma numa plataforma
colocada ao lado do forno. Duração 3 minutos.

Quadro 3 - Dados do exercício

ciclo A Tbn= 40 °C Tg = 28 °C

ciclo B Tbn= 28 °C Tg = 23 °C

ciclo C Tbn= 40 °C Tg = 29 °C

Fonte: elaborado pelo autor.

O profissional, já vislumbrando a sua contratação, lhe questionou:

1. Qual expressão você deveria usar e por quê?


2. Quantos ciclos de trabalho e de descanso são possíveis
identificar dentro de uma hora (60 minutos)?
3. Para quantos locais devem ser feitos os cálculos e como?
4. Como calcular o IBUTG médio?
5. Como considerar o metabolismo ponderado para cada ciclo
(dica: enquadrar Quadro 2, Anexo 3, da NR-15)?

34
6. E, por fim, o profissional que quer lhe contratar pede
para concluir o laudo e justificar o motivo pelo qual o
trabalhador pode ou não estar enquadrado em condição de
insalubridade.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Como o próprio resumo do artigo sugere, é uma abordagem de


exposição ao calor em atividades a céu aberto em um canteiro de
obra relacionada à construção civil pela metodologia de IBUTG.
Com base na referência bibliografia abaixo buscar em sites de
busca na internet ou biblioteca digital o texto indicado abaixo para
o desenvolvimento do estudo:

AMORIM, A. E. B.; LABAKI, L. C.; MAIA, P. A.; BARROS, T. M. S.;


MONTEIRO, L. R. Exposição ocupacional ao calor em atividades
a céu aberto na construção de estruturas de edifícios. Revista
Ambient. constr., v. 20, n.1, Porto Alegre, jan./mar. 2020.

Indicação 2

Este artigo mostra a metodologia adotada para abordagem de


condições ambientais relacionadas ao trabalhador rural incluindo
seus aspectos de saúde. Com base na referência bibliografia

35
abaixo buscar em sites de busca na internet ou biblioteca digital o
texto indicado abaixo para o desenvolvimento do estudo:

ROSCANI, R. C.; MAIA, P. A.; MONTEIRO, M. I. Sobrecarga térmica


em áreas rurais: a influência da intensidade do trabalho. Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional. Versão impressa ISSN 0303-
7657. Versão On-line ISSN 2317-6369. V. 44, São Paulo, 2019. ePUB
nov. 11, 2019.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes
neste Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em
Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas,
além de questões de interpretação com embasamento no
cabeçalho da questão.

1. ___________ é uma medida estatística do nível de _________


entre __________, relacionado com o deslocamento da
energia __________ de um átomo ou molécula. Em Física, a
temperatura está relacionada com a energia interna de um
sistema _________. A temperatura costuma ser medida por um
termômetro e indica o grau de intensidade do calor em um
determinado território.

Fonte: adaptado site Significados. “Significado de


Temperatura”.

36
Indique a alternativa cujos termos completam o trecho de
forma coerente ao que foi estudado.

a. Resfriamento; Estabilidade; Corpos; Tangencial;


Hemodinâmico.
b. Temperatura; Agitação; Moléculas; Cinética;
Termodinâmico.
c. Aquecimento; Estabilidade; Gases; Rotacional;
Termodinâmico.
d. Temperatura; Agitação; Moléculas; Potencial;
Termodinâmico.
e. Temperatura; Agitação; Moléculas; Mecânica;
Hemodinâmico.

2. O ser humano, em suas operações de sobrevivência existe já


um gasto _____________, que aqui chamaremos de metabolismo
_________________, ou seja, independentemente de sua
condição de atividade, até mesmo em repouso, necessitará
para manter as ______________ (respiração, movimento do
corpo etc.). Quando em atividade laboral daremos o nome
de metabolismo __________________, que é a energia que o
corpo humano exigirá para desenvolver suas atividades, e
_________________ será este quanto _________________ forem
as amplitudes de movimentos e o uso de sua estrutura
osteomuscular.

Indique quais das alternativas abaixo completa corretamente


as lacunas:

37
a. Mecânico; Basal; Funções somente de respiração; De
trabalho; Menor; Maiores.
b. Energético; De trabalho; Funções somente cardiovasculares;
Basal; Menor; Maiores.
c. Mecânico; Basal; Funções vitais; De trabalho; Menor;
Maiores.
d. Energético; Basal; Funções vitais; De trabalho; Maior;
Maiores.
e. Energético; De trabalho; Funções vitais; Basal; Maior;
Maiores.

GABARITO

Questão 1–Resposta B

Resolução: Temperatura é uma medida estatística do


nível de agitação entre moléculas, relacionado com o
deslocamento da energia cinética de um átomo ou molécula.
Em Física, a temperatura está relacionada com a energia
interna de um sistema termodinâmico. A temperatura
costuma ser medida por um termômetro e indica o grau de
intensidade do calor em um determinado território.

Questão 2–Resposta D

Resolução: O ser humano, em suas operações de


sobrevivência existe já um gasto energético, que
aqui chamaremos de metabolismo basal, ou seja,
independentemente de sua condição de atividade, até
mesmo em repouso, necessitará para manter as funções
vitais (respiração, movimento do corpo etc.). Quando em

38
atividade laboral daremos o nome de metabolismo de
trabalho, que é a energia que o corpo humano exigirá para
desenvolver suas atividades, e maior será este quanto
maiores forem as amplitudes de movimentos e o uso de sua
estrutura osteomuscular.

39
TEMA 4

INÍCIO
Trabalho em pressões anormais
______________________________________________________________
Autoria: Flávio Augusto Carraro

TEMA 1
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7
DIRETO AO PONTO

A abordagem de requisitos normativos relativos às pressões


anormais em segurança no trabalho ainda é pouco explorada, por
se tratar de atividades econômicas muito específicas, como, por
exemplo, trabalhos que usam ar comprimido para pressurização
de ambientes (construção civil, por exemplo) e atividades ligadas ao
mergulho.

O ponto crucial para entendimento do conjunto de tabelas e demais


requisitos da norma relaciona-se primeiramente à composição do ar
que respiramos: 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio e 1% relativo a
demais gases. Quando o oxigênio se encontra em níveis inferiores
a 19,5%, criam-se condições para que o nitrogênio interaja com o
processo de respiração celular e também tenha sua acumulação
em alguns tecidos do corpo humano, tornando-se agente asfixiante
ou letal para o trabalhador que esteja sob trabalhos em pressão
anormais.

O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) é a parte das normas


regulamentadoras que faz referência a este tipo de agente de risco
e, em seu escopo, consta tipos de trabalhos mais comuns, dentro da
realidade do mercado brasileiro, focando seu conteúdo e requisitos
normativos em trabalhos relacionados às condições hiperbáricas.
Não há menção de requisitos normativos para condições hipobáricas.

Essencialmente, são dois parâmetros do Anexo 6 da NR-15 (BRASIL,


1978a) que você precisa ter domínio: profundidade e pressão.
Percebe-se, no entanto, pelas próprias condições e variáveis
envolvidas, uma dedicação diferenciada deste anexo na exposição
dos requisitos de segurança que se relacionam ao uso do ar
comprimido e aos trabalhos de mergulho, sendo grande parte
da norma dedicado a este segundo. Esta diferenciação se dá pela

41
complexidade e variação dos equipamentos envolvidos e em função
das profundidades que são atingidas por estes trabalhos.

O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) sugere que a abordagem de


requisitos de segurança seja observada segundo um raciocínio
metodológico, cujos itens são listados na Figura 1: planejamento,
preparação, execução e procedimentos de emergência.

Figura 1 - Trabalho em pressões anormais

Fonte: adaptado de Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a).

42
Os trabalhos em pressões anormais, segundo o Anexo 6 da NR-
15 (BRASIL, 1978a), devem observar requisitos peculiares do local
e do tipo de atividade, acompanhando raciocínio metodológico
sugerido pela norma, e especial atenção é necessária para os
registros dos processos em todas as fases, além de requisitos
de segurança aplicados, é necessário cuidado com a parte
documental.

Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 6 da Norma
Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres. Portaria
MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78.
BRASIL. Decreto n. 3.048 - Aprova o Regulamento da Previdência Social
e dá outras providências, de 6 de maio de 1999. Presidência da República.
Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.

PARA SABER MAIS

O Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) considera especialmente o


controle completo das condições de saúde do trabalhador, com
exames regulares, antes, durante e depois dos processos de
descida, onde ocorre a compressão, e de subida, onde ocorre a
descompressão. A atuação de uma equipe de acompanhamento
e o registro documental irão amparar os processos decisórios da
medicina do trabalho quanto à liberação da atividade (condições
prévias da saúde do trabalhador), observância dos efeitos à saúde
do trabalhador e mesmo na recuperação (quando for o caso) do
trabalhador exposto a condições hiperbáricas.

Este controle sistêmico e documental é requisito obrigatório


segundo o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a), e visa permitir
rastreabilidade, já que os efeitos podem ser imediatos, mas

43
também decorrente de consecutivas “doses”, logo, se manifestam
no tempo. Tamanha é a importância desta rastreabilidade, que
o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL, 1978a) dispõe de um conjunto
de tabelas e gráficos, usados especificamente pela medicina
no trabalho, para tratamento do trabalhador no processo de
recuperação de doenças descompressivas.

Outro ponto a se observar, segundo o Anexo 6 da NR-15 (BRASIL,


1978a), independentemente dos parâmetros e condições
de trabalho, é a aplicação do adicional de insalubridade em
grau máximo, e por força de lei o trabalhador tem o direito à
aposentadoria especial após 25 anos de atividade laboral em
pressões anormais conforme Decreto Federal n. 3048/99 – Anexo
IV (BRASIL, 1999).

TEORIA EM PRÁTICA
Em um determinado dia de trabalho, o engenheiro de segurança
responsável por um trabalho relacionado à escavação não
compareceu por motivos particulares. Seu superior imediato
solicitou, em função de sua formação na área de segurança do
trabalho, que você orientasse os profissionais designados para
realizar a tarefa de escavação de um tubulão. Como já estavam
em pleno processo e as características dos trabalhos já eram
conhecidas, lhe adiantaram que a operação em termos de tempo
duraria cinco horas e a pressão de trabalho seria de 1,7 kgf/cm2.

Como nenhum dos trabalhadores está habituado com o Anexo 6


da NR-15, lhe fizeram as seguintes perguntas:

Qual tabela devemos utilizar?

44
Quantos são os estágios de descompressão e as pressões de
referência?

Em quanto tempo o trabalhador deverá ser retirado da


campânula?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

O presente artigo faz um estudo de caso de uma patologia


denominada “barotrauma ocular bilateral” decorrente de
atividade de mergulho autônomo, e é interessante sua leitura
pois retoma alguns conceitos de física. Além disso, mostra os
cuidados que devem ser adotados na execução do trabalho
de mergulho, além de permitir a compreensão de algumas
fisiopatogenias típicas para este tipo de atividade. Busque na
internet na base Scielo o artigo pelo título:
DE SÁ , M. F. A.; RODRIGUES, M. P. M.; MENDONÇA, R. C.
de; DE SÁ, J. C. A. Relato de caso: barotrauma ocular durante
mergulho autônomo. Revista Brasileira de Oftalmologia,
versão impressa, ISS 0034-7280, Rev. bras. oftalmol., v. 70, n. 6,
Rio de Janeiro, nov./Ddz. 2011.

45
Indicação 2

O presente artigo é um estudo de caso relacionado a doenças


ligadas à variação de pressão e relata a ocorrência de
“barotrauma da orelha média” ou “barotite média (BM)”, que
consiste na inflamação traumática aguda ou crônica causada
por alterações da pressão atmosférica que normalmente ocorre
em tripulantes de aeronaves, em função das condições de
pressurização e despressurização típicas de aeronaves. Busque
na internet na base Scielo o artigo pelo título:

BASTOS, A. G. D.; SOUZA, A. T. C. L. de. Barotite média


em tripulantes da aviação civil. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia. Versão impressa ISSN 0034-7299. Rev.
Bras. Otorrinolaringol., v. 70, n.1, São Paulo, jan./fev. 2004.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. O ar atmosférico se constitui por uma mistura de elemento


químicos em forma de gás e essencialmente na sua maior
composição é possível identificar diversos gases, dentre eles

46
o nitrogênio, oxigênio, gás carbônico e gases nobres (argônio
(Ar), neônio (Ne), radônio (Rn), hélio (He), criptônio (Kr) e
xenônio (Xe)). Além dos gases, compõe o ar atmosférico o
vapor d´água, mas sua quantidade e características decorrem
de fatores como clima, temperatura e características de
localização. Pelo que foi estudado até o momento, qual é o
gás que devemos monitorar durante operações hiperbáricas
e os limites de percentual mínimo para que o trabalhador não
tenha consequências sobre as atividades vitais e não esteja
submetido a traumas decorrentes da variação bárica?

a. Nitrogênio a 68%.
b. Criptônio a 1%.
c. Oxigênio a 22%.
d. Oxigênio a 19,5%.
e. Nitrogênio a 22%.

2. No desenvolvimento de atividades em pressões anormais


é essencial o atendimento de todos os requisitos descritos
no Anexo 6 da NR-15, especificamente para trabalho em
tubulões, previamente é determinado que o trabalhador
não poderá sofrer mais de uma descompressão em um
período específico mínimo de _________ e não pode exceder
uma pressão de trabalho superior a _____________.

De acordo com a norma, quais são respectivamente este


período (intervalo mínimo) e pressão limite?

a. 8 horas e 1,4 kgf/cm2.


b. 24 horas e 3,4 kgf/cm2.
c. 4 horas e 2,6 kgf/cm2.
d. 16 horas e 3,4 kgf/cm2.
e. 24 horas e 2,4 kgf/cm2.

47
GABARITO

Questão 1–Resposta D
Resolução: O ponto crucial para entendimento do conjunto
de tabelas e demais requisitos da norma está relacionado
à composição do ar que respiramos, pois em conjunto
estão presentes nele o oxigênio, nitrogênio e demais gases,
representando respectivamente 21%, 78% e 1%, em que o
primeiro pode, em níveis inferiores a 19,5%, criar condições
para que o nitrogênio interaja com o processo de respiração
celular ou mesmo adentre em tecidos, tornando-se agente
asfixiante ou letal para o trabalhador que esteja sob trabalhos
em pressão anormais.
Questão 2–Resposta B
Resolução: Conforme disposto nos itens do Anexo 6 da NR-15:
1.3.2 O trabalhador não poderá sofrer mais que uma
compressão num período de 24 (vinte e quatro) horas.
1.3.3 Durante o transcorrer dos trabalhos sob ar comprimido,
nenhuma pessoa poderá ser exposta à pressão superior a 3,4
kgf/cm2, exceto em caso de emergência ou durante tratamento
em câmara de recompressão, sob supervisão direta do médico
responsável.

48
TEMA 5

INÍCIO
Ruído e a saúde do trabalhador
______________________________________________________________
Autoria: Flávio Augusto Carraro

TEMA 1
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7

49
DIRETO AO PONTO

O ruído/som no ambiente de trabalho, dependendo da intensidade e


tempo de exposição, geram efeitos diretos na saúde do trabalhador,
como a Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que pode ser
parcial ou permanente a depender se a lesão for mecânica/condutiva
ou neurológica. Associam-se também outros efeitos como a perda
da produtividade, estresse, irritação, cansaço, entre outros efeitos de
ordem psicológica.

Toma-se por referência, no Brasil, para fins de identificação do risco


ruído e discussão da insalubridade, os parâmetros contidos nos
anexos 1 e 2 da NR-15 (BRASIL, 1978a), que tratam de “limites de
tolerância para ruído contínuo e intermitente” e “limites de tolerância
para limites para ruídos de impacto”, e normas referenciadas por
estas. A Norma de Higiene Ocupacional de número 1 (Procedimento
Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído) NHO
1 (GIAMPAOLI, 2001) é complementar aos anexos 1 e 2 da NR-
15 (BRASIL, 1978a), versando procedimentos técnicos quanto à
Avaliação de Exposição Ocupacional ao Ruído. Assim, os anexos 1 e 2
da NR-15 (BRASIL, 1978a) citam:

• Ruído contínuo ou intermitente: aquele que não é ruído


de impacto.

• Ruído de impacto: com duração inferior a um segundo, em


intervalos superiores a um segundo.

A diferenciação dos tipos de ruído é feita pela frequência, e para isto,


os anexos 1 e 2 (BRASIL, 1978a) citam as Curvas de Compensação ou
Ponderação (Circuito A, B, C e D). Os aparelhos de mediação já são
programados para fazer estas compensações dentro das oito faixas
de frequência dessas curvas. A NHO 1 (GIAMPAOLI, 2001) reforça

50
a importância da consideração das faixas e suas compensações na
metodologia de levantamentos de condições de risco de ruídos, e os
aparelhos de mensuração já estão devidamente calibrados e com
banda de oitava (frequências).

O Anexo 1, pela própria definição do tipo de ruído contínuo e


intermitente, leva em consideração o circuito de compensação “A”
e resposta lenta (SLOW), e a medida precisa ser tomada próximo
ao ouvido do trabalhador com instrumento de nível de pressão.
As informações no Quadro 1 demonstram quais são as faixas de
frequências consideradas em banda de oitava:

Quadro 1 – Frequências (banda de oitava)

Frequências baixas ou Frequências da voz Frequências altas ou


graves (Hz) falada (Hz) agudas (Hz)

31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000

Fonte: adaptado de Saliba (2018, p. 29).

Os valores expostos no Anexo 1 da NR-15 (BRASIL, 1978a) para


ruídos intermitentes considera o nível de ruído dB, tendo a curva
de compensação (A) em função do tempo de exposição máxima
diária permissível, e considera trabalhadores sem o uso de
equipamentos de proteção individual. Se durante a jornada de
trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de exposição aos
ruídos de diferentes níveis, devem ser considerados os seus
efeitos combinados pela curva de compensação (D), desde que a
soma das seguintes frações não ultrapasse os níveis de pressão e
o tempo preconizado previsto pelo Anexo 1 da NR-15 (BRASIL,
1978a), desde que não exceda 115 dB:

51
Subsequente a isto aplica-se o conceito de Leq - nível equivalente
de ruído:

Segundo o Anexo 1 da NR-15 (BRASIL, 1978a), há o fator de


dobra no tempo a cada 5 dB de variação, ao passo que a NHO
1 (GIAMPAOLI, 2001) tem esta variação a cada 3 dB de variação
(quadros 2 e 3, respectivamente):

Quadro 2 – Decibel e tempo exposição (anexo 1 NR-15)

Tempo máximo diário


Nível de ruído
permissível (Tn) em horas

85 dB (A) 8 horas

90 dB (A) 4 horas

95 dB (A) 2 horas

100 dB (A) 1 hora

105 dB (A) 30 minutos

110 dB (A) 15 minutos

115 dB (A) 7 minutos

Fonte: anexo 1 da NR-15.

52
Quadro 3 - Decibel e tempo exposição (NHO-1)

Tempo máx.
Nível de ruído diário permissível Hora, % de hora
(Tn) em minutos

80 1523,9 25,40

81 1209,52 20,16

82 960 16,00

83 761,95 12,70

84 604,76 10,08

85 480 8,00

86 380,97 6,35

87 302,38 5,04

88 240 4,00

89 190,48 3,17

90 151,19 2,52

91 120 2,00

92 95,24 1,59

Fonte: Giampaoli (2001).

As equações que levam em consideração para estes o fator de


dobra em 5 dB:

53
Referente ao Anexo 2 (BRASIL, 1978a) e a ruídos de impacto, as
leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador, com
medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e
circuito de resposta para impacto, e adota-se válida a leitura feita
no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de compensação
“C”. Existem equipamentos específicos para medição de ruídos de
impacto. O limite de tolerância será de 120 dB(C) para ruídos de
impacto e devemos seguir os parâmetros a seguir expostos no
Quadro 4, derivados da NHO-1 (GIAMPAOLI, 2001):

Quadro 4 - Correlação entre dB e número de impactos por dia

Nível de pressão sonora Número de impactos permitidos


dB (em picos de dB) (por dia)

140 100

130 1.000

120 10.000

Quando o número de impactos exceder 10.000 o ruído será


considerado como contínuo ou intermitente.

Fonte: adaptado de Giampaoli (2001).

Na busca de intervenção quanto a ruído contínuo ou de impacto,


prioritariamente, devemos adotar equipamentos de proteção
coletiva (EPC) e também isolamento da fonte (construção de
barreiras separando a fonte do ruído do ambiente em que o
rodeia, exemplo: parede isolante), ou ainda, isolamento do
receptor (trabalhador) com construção de barreiras separando a
fonte do ruído do ambiente em que o trabalhador está exposto
(ex.: cabine de um equipamento móvel).

54
Mesmo nas tomadas das ações de proteção coletiva e/ou
individual o trabalhador poderá fazer jus ao adicional de
insalubridade, isso se as ações tomadas não forem suficientes
para neutralizar ou diminuir a níveis aceitáveis a exposição do
trabalhador ao ruído.

Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 1 e Anexo 2 da Norma
Regulamentadora Nº 15 - Atividades e Operações Insalubres. Portaria
MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78.
GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D.; CUNHA, I. de Â. da.; SILVA, M. D. da. NHO
1 - Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao
Ruído. Ministério do trabalho e emprego. São Paulo: Fundacentro, 2001. 41
p.
SALIBA, T. M.; LANZA, M. B. de F. Manual prático de higiene ocupacional
e PPRA: avaliação e controle dos riscos ambientais. 9. ed. São Paulo:
Editora Ltr, 2018.

PARA SABER MAIS

O ruído e o desconforto psicofisiológico causados no aparelho


auditivo humano estão relacionados à intensidade de vibração e
pressão sonora. Existe uma falsa ideia de que o aumento de 1 Bel
ocasionaria efeito linear, sendo que o tímpano e os componentes
do ouvido médio (martelo, estribo e bigorna) trabalhariam com
resposta linear de trabalho, mas não é isso que acontece. O
ouvido, em termos de sensibilidade, possui resposta logarítmica,
o que equivale a dizer que para cada 1 Bel (B) acrescido na leitura
do equipamento de medida, o tímpano estaria sujeito a trabalhar
dez vezes mais em relação ao valor referenciado, no limiar da
audibilidade e, da mesma forma, quando lido 2 Bel, o tímpano
estará sujeito a uma condição de trabalho 100 vezes maior. Logo,

55
deve ser tomado um cuidado muito grande para mitigação de
cada Bel, visto que este intensifica logaritmicamente os efeitos
sobre a saúde do trabalhador.

TEORIA EM PRÁTICA
Considere que você está em período de experiência em uma
indústria e possui formação em segurança do trabalho. Foi
demandado pela diretoria da empresa que você avaliasse a
situação na qual um funcionário, sem ter o desvio da função, tem
o seu fluxo de trabalho submetido a três condições diferentes de
risco ao ruído na primeira leitura do decibelímetro:

Quadro 5 - Situação A
Setor Nível Tempo Máxima
ruído dB exposição Exposição Diária
(A) (Horas) (Cn) (Horas) (Tn)

Setor A 75 2 32

Setor B 83 3 10,33

Setor C 82 3 12,08

Logo de cara percebeu-se que se tratava de uma situação na qual


se aplicariam as fórmulas abaixo:

E na sequência:

56
Por motivos internos a empresa, o trabalhador foi alocado em
mais duas situações para executar o mesmo trabalho, mas que as
leituras obtidas tendo variação do tempo de exposição e ruídos
estão descritas nas situações B e C:

Quadro 6 - Situação B
Setor Nível Tempo Máxima
ruído dB exposição Exposição Diária
(A) (Horas) (Cn) (Horas) (Tn)

Setor A 90 2 4

Setor B 83 3 10,33

Setor C 82 3 12,08

Quadro 7 - Situação C
Setor Nível Tempo Máxima
ruído dB exposição Exposição Diária
(A) (Horas) (Cn) (Horas) (Tn)

Setor A 90 4 4

Setor B 83 3 10,33

Setor C 82 2 12,08

A diretoria então lhe solicitou um relatório no qual fizesse uma


análise dos diferentes posicionamentos (A, B e C) e sobre qual
a influência em termos de Db para cada uma das condições
impostas, e que você indicasse qual delas seria menos prejudicial
ao trabalhador.

57
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo
professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

Como os anexos 1 e 2 da NR-15 não possuem informações


suficientes para o entendimento de metodologia de
levantamento, é necessário fazer uso da NHO 1, que detalha
Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao
Ruído. Na NHO 1 podemos demonstrar campos de aplicação,
referências normativas, inclusive de outros países, definições,
símbolos e abreviaturas, critérios para avaliação de exposição
ocupacional ao ruído, procedimento de avaliação, relatórios.
Para consultar a NHO 1, acesse o site da Fundacentro e entre na
aba “biblioteca”, em seguida em “biblioteca digital” e pesquise
por NHO.
GIAMPAOLI, E.; SAAD, I. F. de S. D. CUNHA, I. de Â. da.; SILVA,
M. D. da. NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação da
Exposição Ocupacional ao Ruído. Fundacentro, 2001, 41 p.

Indicação 2

O presente artigo demonstra e compara a percepção dos


profissionais das áreas de enfermagem e administrativa
frente ao ruído no pronto-socorro. Acesse a página da Scielo e
pesquise por:

58
FILUS, W. A.; SAMPAIO, J. M. R.; ALBIZU, E. J.; MARQUES, J. M.;
LACERDA, A. B. M. de. Percepção de equipes de trabalho sobre
o ruído em pronto-socorro. Audiology - Communication
Research. Versão on-line: ISSN 2317-6431. Audiol., Commun.
Res., v. 23, São Paulo, 2018.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Os artigos 189 e 190 da Consolidação da Leis do Trabalho


definem “consideradas atividades ou operações insalubres
aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos
à saúde” e possuem a caracterização da insalubridade.
Os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de
proteção e o tempo máximo de exposição do empregado
a esses agentes devem ser levantados e normativamente
referenciados. Quais anexos da NR-15 descrevem os requisitos
sobre ruídos contínuo/intermitente e ruídos de impactos,
respectivamente?

59
a. Anexo 1e Anexo 3.
b. Anexo 3e Anexo 6.
c. Anexo 1e Anexo 2.
d. Anexo 5e Anexo 6.
e. Anexo 1e Anexo 5.

2. Indique qual das alternativas completa corretamente a


lacuna no texto abaixo:

O profissional de segurança no trabalho deve


constantemente acessar as normas regulamentadoras
para buscar o referenciamento normativo para ações de
mitigações dos agentes ambientais. A NR-15 e seus anexos
visam contribuir para delimitação dos riscos em atividades
e operações insalubres, porém, em alguns de seus
anexos, não se detalha a metodologia para se mensurar a
exposição ao risco. Considerando os ruídos intermitentes e
de impacto, respectivamente, a Fundacentro disponibiliza
a Norma de Higiene Ocupacional - _________, que trata
de Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição
Ocupacional ao Ruído.

a. NHO 6.
b. NHO 3.
c. NHO 2.
d. NHO 1.
e. NHO 4.

60
GABARITO

Questão 1–Resposta C
Resolução: Os anexos que fazem referência, respectivamente,
para ruídos contínuo ou intermitente e ruídos de impacto são
o Anexo 1 e Anexo 2.
Questão 2–Resposta D
Resolução: A NHO 1 - Procedimento Técnico - Avaliação
da Exposição Ocupacional ao Ruído. Na NHO 1 podemos
demonstrar campos de aplicação, referências normativas,
inclusive de outros países, definições, símbolos e abreviaturas,
critérios para avaliação de exposição ocupacional ao ruído,
procedimento de avaliação, relatórios, além de uma referência
bibliográfica a qual a NHO 01 se baseia.

61
TEMA 6

INÍCIO
Vibração ocupacional
______________________________________________________________
Autoria: Flávio Augusto Carraro

TEMA 1
Leitura crítica: Joubert R. S. Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7

62
DIRETO AO PONTO

A vibração ocupacional é a manifestação de movimentos oscilatórios


desenvolvidos por maquinários (tratores, empilhadeiras, caminhões,
entre outros) e por ferramentas (marteletes, britadeiras, furadeiras
etc.). Em síntese, é a manifestação de energia mecânica, influente no
trabalhador por meio das VCIs - Vibrações de Corpo Inteiro e VMBs –
Vibrações de Mãos e Braços.

Na avaliação de VCIs, de acordo com a Norma de Higiene


Ocupacional 9 (NHO 09), são observados o valor da aceleração
resultante de exposição normalizada* (aren), que não pode ser
superior a 1,1 m/s2; e o valor da dose de vibração resultante (VDVR)
de 21,0 m/s 1,75. Para avaliação de VMBs, para fins de aplicação da
metodologia do levantamento e de acordo com o Anexo 8 da NR-15
(BRASIL, 1978b), não pode ser superior à aceleração resultante de
exposição normalizada* (aren) de 5 m/s2.

Cuidado especial na metodologia sugerida pelas NHO 9 e NHO 10


deve ser dado aos valores de aceleração, em especial RMS, que
devem ser levantados e considerados conforme eixos de referência
para VCI e VMB, com as devidas ponderações das frequências em
função destes eixos de referência que podem ser visualizados nas
figuras 1 e 2, e partem do pressuposto que cada parte do corpo
humano responde de forma diferenciada a depender do eixo e da
frequência de onda mecânica.

63
Figura 1 - Eixos de direção adotados para medição para VCI

Fonte: adaptada de ISO 2631:1997.

Figura 2 - Localização do sistema de coordenadas para


vibração de mãos e braços (VMB)

Fonte: NHO 10 – Fundacentro.

O equipamento responsável por desenvolver a leitura das


acelerações e frequências de vibração nos três eixos é o
acelerômetro ou sensor piezoelétrico. Sua leitura consiste na

64
medição da aceleração dinâmica por meio deste dispositivo,
no qual se mede a tensão, consequente das ações das ondas
mecânicas nas faixas de frequências em que estão alocadas VCI e
VMB.

Para se observar os efeitos das vibrações no corpo humano,


em avaliação de corpo inteiro, adota-se que a sensibilidade de
corpo inteiro deve ser feita nas frequências de 1,0 a 80 Hz como
um todo, mas em análise individualizada por eixo de referência
(conforme descrito na Figura 1) o eixo Z é mais sensível para
frequências de 4 Hz a 8 Hz, ao passo que nos eixos X e Y estão
mais sensíveis para 1 e 2 Hz respectivamente. Isso decorre da
densidade de massa (densidade de tecidos e ossos) que as
frequências entrarão em contato.

Como é diferenciada a condição de respostas às diferentes


frequências, a maioria dos equipamentos já possui calibração para
tal, de modo que o valor obtido da aceleração já venha ponderado
na frequência, por meio desta “correção”.

A norma ISO 2631 e a ACGIH fornecem um conjunto de tabelas e


ábacos para consulta, e ajudam sobretudo a entender as zonas de
precaução e os limites de tolerância, a maioria dos equipamentos
de mensuração da vibração referenciam-se nelas para ponderação
das acelerações nas frequências.

O Quadro 1 a seguir resume as principais informações em relação


à avaliação de VCI e VMB:

65
Quadro 1 - Relação de equações para avaliação de VCI e VMB
VCI - Vibrações de Corpo Inteiro VMB - Vibrações de Mãos e Braços
Limites previstos Anexo 8 da NR-15: Limites previstos Anexo 8 da NR-15:

a) Valor da aceleração resultante aceleração resultante de


de exposição normalizada* exposição normalizada* (AREN)
(AREN) de 1,1 m/s2. de 5 m/s2.

b) Valor da dose de vibração


resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75.
Para os cálculos dos limites, Para os cálculos dos limites,
usamos: usamos:
Para o AREN: 1. Aceleração total ou
resultante
1. Aceleração total ou
resultante

2. Aceleração equivalente
2. Aceleração equivalente ponderada
ponderada

3. Aceleração Resultante de 3. Aceleração Resultante de


Exposição Normalizada na Exposição Normalizada na
jornada (AREN) jornada (AREN)

4. VDV e VDVR

Fonte: elaborado pelo autor.

66
O Anexo 8 da NR-15 é relativamente suscinto e não pode ser
analisado de forma isolada, já que nele somente constam os
limites de tolerância, sendo necessário recorrer às NHOs 9 e
10, nas quais estão explicitados aspectos metodológicos para
avaliação de VCI e VMB respectivamente, elucida pontos para
o levantamento quantitativo (baseados em números), além de
subsidiar o conjunto de equações e as variáveis envolvidas no
processo de avaliação.

Segundo a NR-9 - Programa de Gerenciamento de Risco - PGR


(antigo PPRA), nenhum levantamento com equipamentos de
mensuração de vibração deve ser feito sem que haja uma
avaliação criteriosa e qualitativa das condições, tais como:
ambientação do trabalho, processo e operações e as condições
de exposição à vibração, características peculiares das máquinas,
veículos, ferramentas e demais interações homem-máquina que
pode influir na vibração. Isso inclui condições de uso, manutenção
e estado de conservação deles, com especial atenção aos
componentes e dispositivos de isolamento e amortecimento que
interfiram a exposição à vibração de operadores e condutores.
Em relação ao ponto de vista do trabalhador, é prudente observar
que a vibração deve ser medida por tempo de exposição, logo,
deve se observar a estimativa do tempo efetivo de exposição
diária ao equipamento/ferramenta ou conjunto de equipamentos/
ferramentas e seus tempos parciais de uso, além da condição de
exigência de esforços físicos e aspectos posturais.

É importante ressaltar, que antes de se desenvolver os


levantamentos por equipamentos de mensuração, deve se realizar
uma avaliação qualitativa, principalmente no sentido de identificar
variáveis interferentes no processo de avaliação e que podem
distorcer os dados numéricos envolvidos se não corretamente
observadas as metodologias de levantamento sugeridas pelas
NHOs.

67
PARA SABER MAIS

O que é um acelerômetro?

O acelerômetro é o nome dado aos equipamentos que têm a


função de medir as vibrações, podem ser do tipo transdutores
(que mede variação sísmica), sendo sua utilização para
frequências mais altas, ou sensores piezoelétricos, compostos
por cristais sensíveis a pressões (tensões) para frequências mais
baixas.

A diferença está na sensibilidade de recepção da onda vibratória,


já que na forma com que interpretam e transformam a tensão
da onda mecânica o princípio é o mesmo. Ocorre a recepção da
energia potencial das ondas mecânicas, que são transformadas
em tensão elétrica, em diferentes níveis de intensidade, para
que cada frequência absorvida seja corretamente interpretada
por um circuito e sua leitura, com a devida “calibração”, é obtida.
Os dispositivos sísmicos (movimento oscilatório) conseguem
em maior ou menor grau uma carga elétrica de alta impedância
proporcional à força aplicada e, assim, proporcional à aceleração.
A piezeletricidade é assim interpretada como a carga elétrica de
baixa impedância como a resposta de energia elétrica devido à
compressão sobre determinados materiais, como alguns tipos de
cristais que são utilizados por estes equipamentos.

TEORIA EM PRÁTICA
No preparo de um canteiro de obras, ainda com o terreno
por limpar, foram chamadas algumas pessoas para limpeza
e organização do canteiro, e dentre as pessoas chamadas foi
necessário contratar um operador de motosserra, em um

68
contrato temporário, pois estava autorizado pelo órgão ambiental
municipal a derrubada de algumas árvores que ali existiam. A
empresa pensa em atender requisitos normativos de segurança,
mesmo em condições de contrato temporário, e conforme
previsão do cronograma da obra ficaria pelo menos um mês
trabalhando na derrubada e no desbaste e limpeza dos troncos
para uso posterior na obra. Diante disto, você foi chamado a
avaliar o primeiro dia de trabalho deste trabalhador e verificar se
estaria em condições limites conforme Anexo 8 da NR-15, e por
meio da metodologia sugerida pela NHO 10 obteve-se as seguintes
métricas:

1 hora – 13 m/s2 / 2 horas: 10 m/s2 / 5 horas - 8 m/s2

Avalie uma forma de deixar o operador de motosserra dentro dos


limites de tolerância para VMB conforme Anexo 8 da NR-15.

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo


professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

A vibração do corpo inteiro (VCI) está presente em diversos


veículos pesados, e os ônibus urbanos não fogem à regra. Tem
sido fonte de muitas ações trabalhistas as ações que envolvem
distúrbios na região lombar. O presente artigo objetivou avaliar
os riscos associados à VCI em condutores e passageiros. O

69
artigo foi referenciado na norma ISO-2631-1997 e a análise dos
limites ocupacionais se pautou na Diretiva Europeia (2002).
FIGUEIREDO, M. A. de M.; SILVA, L. F.; BARNABÉ, T. L.Transporte
coletivo: vibração de corpo-inteiro e conforto de passageiros,
motoristas e cobradores. Journal of Transport Literature,
versão ISSN 2238-1031. J. Transp. Lit., v. 10, n. 1, Manaus, Jan./
Mar. 2016. Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2016.

Indicação 2

Esta pesquisa foi desenvolvida em marcenarias localizadas


nos municípios de Jerônimo Monteiro e Alegre, Sul do Espírito
Santo. O objetivo do presente artigo foi quantificar as vibrações
transmitidas ao sistema mão-braço dos trabalhadores pelas
máquinas nas atividades de fabricação de móveis. A vibração
foi medida de acordo com as três coordenadas ortogonais
definidas na norma ISO 5349-1 (ISO, 2001) e explicada pelo EU
Good Practice Guide HAV, seguindo as orientações da Directive
2002/44/EC da União Européia. Para realizar a leitura, procure
pelo título da obra na internet.

FIEDLER, N. C. et al. Análise das vibrações transmitidas aos


trabalhadores em marcenarias no Sul do Espírito Santo. Cerne
[online], v.16, n. 2, p.235-242, 2010. ISSN 0104-7760.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

70
Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão
elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Para avaliação de VCI e VMB, embora o foco seja o Anexo 8 da


NR-15 e as normas NHO-9 e NHO-10, é também imprescindível
que se consulte a seguinte norma regulamentadora:

a. NR-5.
b. NR-9.
c. NR-7.
d. NR-17.
e. NR-18.

2. O equipamento responsável por desenvolver a leitura das


_______________ e _______________ de vibração nos três eixos
é o acelerômetro ou sensor piezoelétrico, e sua leitura
consiste na medição da aceleração dinâmica. Por meio
deste dispositivo mede-se a _______________, consequente
das ações das ondas _______________ nas faixas de
frequências em que estão alocadas VCI e VMB.

Indique a alternativa correta quantos aos termos que


preenchem as lacunas para que o texto tenha coerência do
assunto abordado:

a. Velocidades; Frequências; Amortização; Eletromagnéticas.


b. Acelerações; Frequências; Amortização; Transversais.
c. Acelerações; Frequências; Tensão; Mecânicas.
d. Velocidades; Frequências; Tensão; De rádio.
e. Acelerações; Médias de tempos; Tensão; Mecânicas.

71
GABARITO

Questão 1–Resposta B
Resolução: A avalição de VCI e VMB, embora o foco seja o
Anexo 8 da NR-15 e as normas NHO-9 e NHO-10, muitos se
esquecem da NR-9, que antes de desenvolver o levantamento
e mensuração do risco (avaliação quantitativa) sugere a
necessidade do desenvolvimento de uma avaliação preliminar
da exposição, na qual podem identificar situações que podem
influir sobre a amostra.
Questão 2–Resposta C
Resolução: Para que o texto tenha coerência, as lacunas serão
melhor preenchidas com os seguintes termos:
O equipamento responsável para desenvolver a leitura das
acelerações e frequências de vibração nos três eixos é o
acelerômetro ou sensor piezoelétrico, e sua leitura consiste na
medição da aceleração dinâmica. Por meio deste dispositivo
mede-se a tensão, consequente das ações das ondas
mecânicas nas faixas de frequências em que estão alocadas VCI
e VMB.

72
TEMA 7

INÍCIO
Radiações relacionadas
ao trabalho
______________________________________________________________

TEMA 1
Autoria: Flávio Augusto Carraro
Leitura crítica: Joubert Rodrigues dos Santos Júnior

TEMA 2
TEMA 3
TEMA 4
TEMA 5
TEMA 6
TEMA 7

73
DIRETO AO PONTO

A radiação está presente na natureza e tem aplicabilidades benéficas


em nossas vidas, como os raios-x usados para diagnósticos e nas
análises laboratoriais e no controle de proliferação de bactérias
na indústria de alimentos. Quanto à aplicação de radiações não
ionizantes, existe uma infinidade de tecnologias atuais que fazem uso
de sinais de rádio, micro-ondas associados à comunicação em geral e
transmissão de energia.

Dentre os agentes de riscos descritos pela NR-15 e seus anexos, a


parte que faz referência às radiações é cercada de cuidados quanto
aos limites de tolerância, nível de ação, entre outros parâmetros,
apenas definindo insalubridade. A responsabilidade quanto à
definição de parâmetros numéricos, limites e metodologias de
levantamento e avaliação para normas de higiene ocupacional
(NHO) é dada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Para
radiações ionizantes devemos primeiro consultar o Anexo 5 da NR-
15 (BRASIL, 1978a), e para radiações não ionizantes a consulta é no
Anexo 7 da NR-15 (BRASIL, 1978b). A NHO-5 (GRONCHI et al., 2001),
por sua vez, de modo um pouco mais detalhado, expõe algumas
características das radiações, em especial a avaliação de exposição
ocupacional ao raios-x aos serviços de radiologia, mas tanto os
anexos da NR-15 (BRASIL, 1978a e 1978b) e a NHO-5 (Gronchi
et al, 2001) são imperativos no sentido de consultar as normas
emitidas pelo CNEN, que é a autoridade quando se fala de radiações
ionizantes associadas ao trabalho.

A norma do CNEN-NE-3.01 (CNEN-NE-3.01, 2014) tem a preocupação


de explicitar os limites de tolerância, os princípios envolvidos, as
obrigações quanto aos controles básicos para proteção do homem
e do meio ambiente. Dentre alguns parâmetros podemos destacar

74
os seguintes parâmetros dos limites de dose individual, conforme
Quadro 1:

Quadro 1 – Limites de dose individual

Indivíduo
Indivíduo de
Grandeza Órgão ocupacionalmente
público
exposto

Dose efetiva Corpo inteiro 20 mSv (*) 1 mSv (**)

Cristalino 150 mSv 15 mSv

Dose
Pele (***) 500 mSv 15 mSv
equivalente

Mãos e pés 500 mSv -

Observações:

Para efeito de controle destas doses o CNEN exige que a empresa deve
manter o controle de exposição de janeiro a dezembro.

*Média ponderada em cinco anos consecutivos, desde que não exceda 50


mSv em qualquer ano.

**Em circunstâncias especiais, o CNEN autoriza um valor de dose efetiva


até 5 mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em cinco anos
consecutivos não exceda 1 mSv por ano.

***Valor médio em 1 cm², na região irradiada.

Fonte: adaptado de CNEN-NE-3.01 (2014).

Quadro 2 – Guias para exposição à radiação ionizante (ACGIH)

Tipo de exposição Guia

75
1 – Dose efetiva

Em qualquer único ano 50 mSv (milisievert) (*)

Média sobre 5 anos 20 mSv por ano

2 – Dose equivalente anual para

Cristalino 150 mSv

Pele 500 mSv

Mãos e pés 500 mSv

3 – Exposição do embrião feto, uma vez que a gravidez seja


constatada

Dose equivalente mensal ** 0,5 mSv

Dose para superfície: do homem


2,0 mSv para o período da
(abdômen), da mulher (tronco
gravidez remanescente
inferior)
1/20 do limite de incorporação
Incorporação de radionúcleo
anual (LIA)
4- Produtos de decaimento do
4 Nível trabalho no mês (NTM)
radônio

*1 Msv = 1 rem

** soma das exposições interna e externa, excluindo-se, porém,


doses de fontes naturais como recomendado pelo National Council on
Radiation Protection and Measurements (Conselho Nacional de Proteção e
Medições de Radiação dos Estados Unidos)

Fonte: Saliba (2011).

A grande maioria das medidas de proteção se vinculam à gestão


do trabalho, logo, ficam no âmbito administrativo, dentre elas
podemos destacar, conforme descrito no Quadro 3:
76
Quadro 3 – Medidas de prevenção ao risco de radiações

Radiações ionizantes Radiações não ionizantes

• Primordial e obrigatório treinamentos •Primordial e obrigatório treinamentos


relacionados às áreas de atuação e riscos
relacionados às áreas de atuação e riscos
envolvidos ao tipo de radiação que está
envolvidos ao tipo de radiação que está
previsto para o desenvolvimento do trabalho.
previsto para o desenvolvimento do
•O bloqueio dela, por exemplo, a adoção de
uso de barreiras ou paredes revestidas de trabalho.

chumbo. • Atuação dos trabalhadores na manutenção


•Controle de distância entre o trabalhador e a dos equipamentos transmissores e
fonte, com isolamento e a devida sinalização receptores, como o equipamento desligado
dos riscos. ou com seu posicionamento não associado
•Estabelecimento de área controlada quando ao fluxo de emissão de ondas.
equipamentos transmissores estiverem em
• Controle de distância entre o trabalhador
operação.
e a fonte, com isolamento e a devida
•Monitoramento dos níveis, tempos
sinalização dos riscos.
de exposição e individualizado para
cada trabalhador, e manter os registros •Limitação do tempo de exposição.
destas averiguações (CNEN tem especial • Monitoramento dos níveis, tempos de
preocupação do controle de radiação exposição e individualizado para cada
ionizantes). trabalhador, e manter os registros destas
•Controle médico de todos os trabalhadores averiguações (não é obrigatório por
ocupacionalmente expostos.
norma, mas desejável para fins de futuras
•Atender todos os requisitos normativos
averiguações e demandas trabalhistas e
exigidos pela CNEN, no que se refere a áreas
previdenciárias).
controladas, supervisionadas e livres dos
ambientes que trabalham com radiologia, •Controle médico de todos os trabalhadores

tendo especial atenção à limitação de ocupacionalmente expostos.


exposição das doses e prevenção de riscos •Cuidado quanto à sinalização (quanto ao
potenciais. tipo de radiação, tipos de equipamentos,
• Cuidado quanto à sinalização (quanto ao entre outras características).
tipo de radiação, tipos de equipamentos, • Atenção especial é dada às mulheres
entre outras características).
quanto à gravidez, é de obrigação da
•Atenção especial é dada às mulheres quanto
funcionária comunicar o empregador
à gravidez, é de obrigação da funcionária
para que os requisitos normativos sejam
comunicar o empregador para que os
requisitos normativos sejam atendidos. atendidos.

Fonte: elaborado pelo autor.

77
PARA SABER MAIS

O que é a dose efetiva e a dose equivalente em radiações


ionizantes? Antes de explicitar sobre essas doses, é necessário que
entendamos a diferença quanto:

• “Efeitos biológicos determinísticos”: quando a dose


recebida ultrapassa um certo valor, denominado limiar,
e a consequência são efeitos que podem limitar funções
fisiológicas.

• “Efeitos biológicos estocásticos randômicos”: relaciona


a ideia de probabilidade entre a dose e o efeito,
independentemente da dose recebida, e cuja manifestação
dos efeitos pode acontecer ao longo do tempo.

A ideia de dose equivalente advém da dose absorvida média


por um órgão ou tecido, e serve de indicador de probabilidade
do efeito que poderá ocorrer. Deriva de uma média, devido a
radiações naturais, que é estimada em 2,6 mSv (0,26 rem) por
ano, que segundo a CNEN é necessário ainda considerar adicional
de dose média estimada em cerca de 0,6mSv (0,06rem) por ano,
proveniente de tecnologia hoje implantadas em nossas vidas e
que fazem uso de radiações para seu funcionamento. Para este
ponto, importante observar a Portaria 453 do Ministério da Saúde
(Ministério da Saúde,1998) e também a Resolução-CNEN 12/88.

Dose efetiva considera a dose equivalente, mas agrega um


peso a depender do tipo de tecido que é irradiado, em síntese
é um fator para majoração ou diminuição da chance de um
determinado tecido sofrer influência da radiação ionizante. Para
fins de monitoramento de trabalhadores que constantemente
ficam expostos ao agente de risco radiação ionizante, o fator

78
tempo também é considerado da dose efetiva. Para efeito de
exemplificação, observe o Quadro 4:

Quadro 4 - Fatores de peso do tecido

TECIDO Peso (WT) TECIDO Peso (WT)

Medula óssea 0,12 Gônadas 0,20

Pulmão 0,12 Cólon 0,12

Bexiga 0,05 Estômago 0,12

Fígado 0,05 Mama 0,05

Tireoide 0,05 Esôfago 0,05

Superfície
0,01 Pele 0,01
óssea

Glândulas suprarrenais, cérebro, intestino grosso,


0,05
intestino delgado, rins, pâncreas, baço, timo e útero.

DOSE EFETIVA: E = ΣT* WT * HT

Onde HT é a dose equivalente média no tecido ou órgão e WT é o fator


de peso do tecido. Esses fatores são independentes do tipo e da energia
da radiação existente ou incidente no corpo.

Fonte: adaptado de física.net (2020).

Referências

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 5 – Radiações


ionizantes da Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades e

79
Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de
1978a. Publicação D.O.U. 06/07/78 e texto atualizado pela Portaria
MTb nº 1.084, de 18 de dezembro de 2018.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Anexo 7 – Radiações


não ionizantes da Norma Regulamentadora Nº 15 - Atividades
e Operações Insalubres. Portaria MTb nº 3.214, de 8 de junho de
1978b. Publicação D.O.U. 06/07/78.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 32- Segurança e


saúde no trabalho em serviços de saúde. (última atualização:
Portaria SEPRT n.º 915, de 30 de julho de 2019 31/07/19). Portaria
MTb nº 3.214, de 8 de junho de 1978d. Publicação D.O.U. 06/07/78.

GRONCHI, C. C.; GOMES, R. S.; CECATTI, S. G. P. NHO-5 –


Avaliação de exposição ocupacional aos raios-X nos serviços
de radiologia. Ministério do Trabalho e Emprego. São Paulo:
Fundacentro, 2001. 37 p.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria da Secretaria de Vigilância


Sanitária. Portaria n. 453:1988, aprova o Regulamento Técnico
que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica
em radiodiagnóstico médico e odontológico, dispõe sobre o
uso dos raios-x diagnósticos em todo território nacional e dá
outras providências. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância
Sanitária. Portaria nº 453, de 1 de junho de 1998, Brasília, 1998.

Norma CNEN NN 3.01. Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica


- Resolução CNEN 164/14. Publicação: DOU 11.03.2014. CNEN
– Comissão Nacional de Energia Nuclear – Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação. Rio de Janeiro, 2014.

80
FÍSICA.NET. Unidades de medidas.Disponível em: https://www.
fisica.net/unidades/Unidades_Grandezas_Dosimetricas.pdf. Acesso
em: 15 abr. 2020.

TEORIA EM PRÁTICA
Você foi chamado por um grupo de médicos que resolveu montar
um centro de diagnóstico por imagem, que, com sua contratação,
busca evitar o surgimento de passivos trabalhistas e paramentar
documentalmente o novo empreendimento com atendimento
às exigências normativas quanto à segurança no trabalho. Na
primeira reunião pediram algumas informações com os seguintes
questionamentos:

1. Quais são as normas e legislações, quanto à segurança


no trabalho, que devem ser consideradas para que o
empreendimento esteja de acordo com requisitos de
segurança?
2. É necessário ter algum programa de gerenciamento
de risco específico para a questão da radiologia? Algo
parecido com o PGR? É necessário ter algum contato ou
aprovação por órgão específico para início das operações
do empreendimento do ponto de vista da segurança no
trabalho?
3. Tem algum conteúdo em específico, protocolo de segurança
ou rotina que devemos seguir?
4. Quais são as responsabilidades e obrigações do empregado
e do empregador?
5. Existe alguma exigência quanto ao monitoramento das
radiações ionizantes?
6. Quanto à estrutura física, o que seguir como diretivas para
adequação da edificação?

81
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo
professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no
ambiente de aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Indicação 1

No presente artigo são elucidados alguns pontos quanto a


radiações e seus efeitos biológicos e estratégias para a proteção
radiológica, quanto ao acidente de Goiânia (sobre o césio-137)
ocasionado por um equipamento de radioterapia abandonado.
OKUNO, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes: acidente
radiológico de Goiânia. Estud. av. [online]. v. 27, n. 77, 2013,
p.185-200. ISSN 0103-4014.

Indicação 2

A presente apostila foi elaborada pela CNEN para elucidação


de conceitos quanto aos impactos à saúde dos seres humanos,
e de como a dinâmica fisiológica e celular se comportam em
relação à radiação.

NOUAILHETAS, Y.; ALMEIDA, C. E. B. de.; PESTANA, S. Apostila


educativa radiações ionizantes e a vida. Comissão Nacional
de Energia Nuclear. Rio de Janeiro – RJ: CNEN, 42 p.

82
QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Dentro da realidade brasileira, as normas regulamentadoras


anexos 5 e 7 da NR-15 apenas conceituam, não dando
parâmetros efetivos, como é padrão das demais normas.
Quais são as normas brasileiras nas quais devemos procurar
parâmetros?

a. NHO 4 e CNEN-NE-3.01.
b. CNEN-NE-3.01 e NHO 5.
c. CNEN-NE-5.01 e NHO 5.
d. NHO 5 e NHO 9.
e. NHO 5 e NR 5.

2. Os “efeitos biológicos __________” ocorrem quando a dose


recebida ultrapassa um certo valor, denominado limiar,
e cuja consequência tem efeitos diretos nas funções
fisiológicas. Já para os “efeitos biológicos __________
randômicos”, ocorre a ideia de probabilidade entre a dose
e o efeito, independentemente da dose recebida, e cuja
manifestação dos efeitos pode acontecer ao longo do
tempo.

83
Indique qual das alternativas contém os termos que
melhor se enquadram às lacunas:

a. Divergentes; Convergentes.
b. Determinísticos; Convergentes.
c. Estocásticos; Determinísticos.
d. Determinísticos; Estocásticos.
e. Irradiantes; Irradiados.

GABARITO

Questão 1–Resposta B
Resolução: As normas nas quais buscamos parâmetros para
o gerenciamento de riscos são a CNEN-NE-3.01 - Diretrizes
Básicas de Proteção Radiológica e NHO 5 - Procedimento
Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional aos Raios-x nos
Serviços de Radiologia.
Questão 2–Resposta D
Resolução: Os “efeitos biológicos determinísticos” ocorrem
quando a dose recebida ultrapassa um certo valor, denominado
limiar, e cuja consequência tem efeitos diretos nas funções
fisiológicas. Já para os “efeitos biológicos estocásticos
randômicos”, ocorre a ideia de probabilidade entre a dose
e o efeito, independentemente da dose recebida, e cuja
manifestação dos efeitos pode acontecer ao longo do tempo.

84
BONS ESTUDOS!

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