Você está na página 1de 45

Unidade 2 - Livro Didático Digital

Introdução à
Engenharia de
Segurança do
Trabalhto
Sumário
A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho 6

Capitalismo e desenvolvimento industrial

A formação para o mundo do trabalho

O conflito capital-trabalho

Valores versus vida

Papel e as responsabilidades do engenheiro de segurança do 16

trabalho

Perfil profissional

Quando surgiu o engenheiro de segurança do trabalho?

Atribuições e responsabilidades

Mercado de trabalho

Ética profissional do engenheiro de segurança do trabalho 26

Ética profissional

Código de ética da engenharia

Direitos, deveres e vetos

Infração ética e cancelamento do registro

CL I QUE N O CAP Í T UL O P A RA SE R RE DI RE C I O N A DO
Sumário
Informática aplicada à engenharia de segurança do trabalho 34

Tecnologia aliada à segurança no trabalho

Ferramentas tecnológicas para a segurança do trabalho

Riscos na indústria 4.0

Investimentos na segurança 4.0

Referências 43

CL I QUE N O CAP Í T UL O P A RA SE R RE DI RE C I O N A DO
Objetivos Definição
Para o início do Se houver necessidade
desenvolvimento de uma de se apresentar um novo
nova competência; conceito;

Nota Importante
quando forem necessárias As observações escritas
observações ou tiveram que ser priorizadas
complementações para o para você;
seu conhecimento;

Explicando Melhor Você Sabia?


Algo precisa ser melhor Curiosidades indagações
explicado ou detalhado; lúdicas sobre o tema em
estudo, se form necessarias;

Saiba Mais Reflita


Textos, referências Se houver a necessidade
bibliográficas e links para de chamar a atenção
aprofundamento do seu sobre algo a ser refletido ou
conhecimento; discutido sobre;

Acesse Resumindo
Se for preciso acesar um Quando for preciso se fazer
ou mais sites para fazer um resumo acumulativo
dowload, assistir videos, ler das últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;

Atividades Testando
Quando alguma atividade Quando o desenvolvimento
de autoaprendizagem for de uma competência for
aplicada; concluído e questões forem
explicadas.
@faculdadelibano_

1
A engenharia de
segurança no
contexto
capital-trabalho
Introdução à Engenharia Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

A engenharia de segurança
no contexto capital-trabalho

Objetivos

Ao término deste capítulo você deverá ser capaz de analisar qual a


importância das relações capitalistas, a segurança do trabalho e como
os modelos econômicos sociais estão envolvidos com as práticas
prevencionistas e com a consolidação do profissional em engenharia
de segurança do trabalho.

Capitalismo e desenvolvimento industrial

Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo à engenharia de


segurança do trabalho. Vamos pensar juntos, refletir sobre o contexto no qual a classe
operária trava uma batalha contra as condições de trabalho, buscando mais segurança
e, principalmente, contra a crueldade do homem em busca do lucro.

FIGURA 1

A luta dos operários contra a


crueldade do lucro
FONTE

pixabay
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

Como vimos no capítulo anterior, a Revolução Industrial foi um divisor na história da


segurança do trabalho. O número de acidentes e óbitos por causas relacionadas ao
trabalho aumentaram, devido a uma série de fatores relacionados à falta de uma
gestão prevencionista. Em 1831, motivado pelo grande número de pessoas mutiladas,
desempregadas e vivendo em estado de miséria, uma comissão apresentou um relatório
com os dados coletados que apresentavam a devastação social gerada pelo sistema
capitalista.

Saiba Mais

Capitalismo é o sistema econômico e social em que o capital é gerido por


empresas ou empresários do sistema privado, que oferecem contratos
de trabalho (mão de obra) em troca de salário.

Somente após a publicação do “FACTORY ACT”, primeira legislação prevencionista, é que


surgem medidas legislativas na Europa e posteriormente nos Estados Unidos, onde o
primeiro ato governamental é marcado por, entre outras ações, a obrigatoriedade de
um número suficiente de saídas de emergência para a evacuação em caso de sinistros.

Mas, não podemos encontrar a importância da implementação de ações prevencionistas


no ambiente de trabalho apenas em função de questões estruturais. Passou a existir
também uma preocupação social com as consequências geradas pelos acidentes e
pelas doenças do trabalho, que apresentavam números significativos.

Na década de 60, Frank Bird avaliou diferentes grupos de trabalho nos Estados Unidos
e quantificou o número de acidentes comunicados, chegando à conclusão de que
aconteceram 600 incidentes sem danos pessoais e materiais antes de acontecer um
acidente fatal ou que gerasse incapacidade permanente. Este resultado é conhecido
na segurança do trabalho como Pirâmide de Frank Bird (BITENCOURT & QUELHAS, 1998).
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

FIGURA 2

Pirâmide de Frank Bird (BITENCOURT & QUELHAS, 1998), dados da análise quantita-
tiva de casos de acidentes
FONTE

Elaborada pela autora (2020)

Agora sim! Agora temos os fatores relacionados ao surgimento do prevencionismo. A


legislação prevencionista atrelada ao interesse dos trabalhadores e as indenizações
previstas em leis trabalhistas nos casos de acidente de trabalho, fazem com que as
indústrias comecem a investir em programas de prevenção de acidentes mais eficazes,
como a proteção por meio dos serviços médicos na empresa, tendo o engenheiro um
papel de mecânico na construção de artefatos de proteção para correias e engrenagens
das máquinas. Ou seja, fatores psicossociais e fatores econômicos são determinantes
na história.

Reflita

Quem é o profissional responsável por planejar e organizar os ambientes,


desde o projeto até a construção? Se você respondeu que é o engenheiro
você mostra que também consegue inserir a profissão de engenharia no
âmbito prevencionista. Mas, é o médico o profissional que acompanha o
efeito dos agentes presentes no meio ocupacional.
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

A implementação do serviço de saúde dos trabalhadores era focada nos serviços


médicos que tinham como objetivo contribuir e proteger a saúde e o bem-estar físico e
mental dos trabalhadores, atendendo a recomendação 112 da OIT. O serviço de saúde
só vai ganhar novos profissionais, porém ainda não com uma visão prevencionista,
quando os empresários resolveram que precisam de um fiscal dentro da empresa,
fiscalizando os trabalhadores. É assim que surge a figura do engenheiro de segurança,
apenas com o objetivo corretivo, ou seja, era muito mais um fator de pressão social e
econômica sobre os trabalhadores do que uma figura prevencionista. O capitalismo
está preocupado em atender as pressões internacionais atendendo a OIT.

No Brasil, a engenharia de segurança ganha uma nova roupagem, com a aprovação das
Normas Regulamentadoras – NR que abordam problemas relacionados ao ambiente
de trabalho, fazendo com que as empresas e os empresários observem esses fatores
de forma a aplicar medidas que previnam a ocorrência dos acidentes e das doenças
ocupacionais. Ou seja, ao sistema capitalista brasileiro, a legislação prevencionista é
uma imposição da economia e dos padrões internacionais.

Atualmente, influenciado por uma gestão globalizada, o empregador é estimulado a


inserir em sua gestão operacional, tanto as ações quanto os profissionais para atuarem
nos setores de segurança. Muito mais devido aos custos diretos e indiretos representados
pelo acidente, do que por uma visão de qualidade de resultados. Isso porque embora
o capitalismo apresente uma visão focada em investimentos e lucros, os empresários
e acionistas acreditam que investir na qualidade de produtos e serviços gera retorno
financeiro. Muito desse conceito vem parcialmente da exigência da sociedade, devido
ao aumento da oferta de produtos, ao escolher produtos de qualidade.

O sistema de gestão de qualidade se expandiu para um sistema de gestão integrado,


que engloba Qualidade, Segurança, Meio ambiente e Responsabilidade Socioambiental
(QSMSRS), trazendo para o capitalismo o prevencionismo como um investimento e não
mais um custo.

Investimento é qualquer gasto de recursos que produz um retorno ou seja, a taxa de


investimento é proporcional ao retorno, mantendo o polo dinâmico da economia
capitalista.

As forças dominantes, a classe empresária, que detêm o domínio do capital industrial


Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

investe nos avanços tecnológicos operacionais e também prevencionistas, para que


a relação lucro versus custos não seja desequilibrada pelos custos com acidentes,
doenças ocupacionais e perdas na produção.

A formação para o mundo


do trabalho

O mundo globalizado, com


Custos com
acidentes e fortalecimento do sistema
doenças
ocupacionais Investimentos capitalista, focado no lucro e na livre
prevencionistas concorrência chegam também ao
ocupacionais
mercado de trabalho, trazendo
o aumento da competitividade
pelas oportunidades de trabalho e
FIGURA 3
exigindo formação e qualificação
Balança de investimentos prevencionistas e profissional. Os trabalhadores
custos com acidentes e doenças ocupacionais
vivenciam ou buscam a entrada
em um ambiente que exija cada
FONTE

Elaborada pela autora (2020)


vez mais o desenvolvimento de
habilidades e competências
multidisciplinares.
A competitividade pode ser evidenciada antes mesmo da entrada dos profissionais
no mercado de trabalho, por meio do conhecimento tecnológico e científico, exigindo
além da formação inicial, uma formação continuada. Por isso, já se insere na grade
do ensino fundamental, médio e técnico opções de unidades curriculares como:
empreendedorismo, robótica e tecnologia da informação, além das já exigidas pela
Lei de Diretrizes e Bases – LDB, como a transversalidade das unidades que abordam a
temática ambiental, preparando nosso jovem para o mercado de trabalho competitivo.
O mesmo se vê na formação continuada.

Essa tendência, embora globalizada nem sempre é igualitária ou proporciona igualdade


de oportunidades de entrada e permanência no mercado de trabalho. Devido às
desigualdades da sociedade capitalista, as diferenças de oportunidades acabam
refletindo na vida dos jovens que veem dificultada a sua inserção ao mercado de trabalho,
forçando a entrada precoce em atividades informais, sem garantias trabalhistas e que
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

comprometem ainda mais a formação dos jovens, por se dedicarem menos ou mesmo
abandonarem os estudos.

Todo esse cenário tem reflexo nas oportunidades futuras desses jovens, que quando
inseridos, estarão sujeitos às condições de vulnerabilidade trabalhista, econômica e
social, contribuindo com a desigualdade social e a pobreza.

As crises econômicas acabam sempre afetando os trabalhadores, seja pela falta de


conscientização ou pelo aumento da expectativa de qualificação. Tais fatores contribuem
para a entrada e permanência dos trabalhadores no setor informal sem as garantias
trabalhistas de saúde e segurança, pois a existência do direito no emprego formal não
garante o acesso a ele.

Uma sociedade com desigualdade social e econômica contribui para o processo


de exclusão social e do mercado. Sem oportunidades, o indivíduo encara como
marginalizadas as oportunidades, se submetendo às condições de trabalho degradantes
e até mesmo abrindo mão de seus direitos, de suas garantidas pela Constituição Federal,
que em seu Artigo 6o garante educação e trabalho como direitos sociais, fundamentais
à dignidade da pessoa humana. Podemos contextualizar as ações do prevencionismo
como o cumprimento das leis que
protegem os direitos de igualdade
e da dignidade humana.

O conflito capital-trabalho Capital:


Riquezas
adquiridas
O mundo gira e os seres humanos Interesses dos Trabalho:
empresários Saúde e
ainda se perguntam: o que gira o segurança do
mundo? trabalhador

Esse é o dilema dos profissionais


da área de saúde e segurança
FIGURA 3
do trabalho. Manter vivos seus A balança pende para os interesses dos de-
pilares prevencionistas diante das tentores do capital

resistências dos dois lados. De um FONTE

Elaborada pela autora (2020)


lado os empresários capitalistas
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

que estão a todo tempo direcionando sua gestão à obtenção de lucro e do outro os
trabalhadores que resistem à aplicação de uma política prevencionista, pois estão
mais preocupados com os direitos que garantem um retorno financeiro. Muitas vezes, o
profissional de SST precisa se posicionar entre os interesses capitalistas e a saúde, entre
a produção e a segurança, entre o salário e o emprego.

A arma do profissional de SST para lutar contra essa disputa é a produção de


conhecimento. Quando se produz conhecimento, sem cooperação da gestão, a
produtividade fica comprometida.

Porisso, aresponsabilidadeemorientarempregadoseempregadores em relação à


existência de riscos ocupacionais responsáveis por doenças e acidentes do trabalho e
suas consequências para a vida do trabalhador é tão importante para vencer o conflito
entre capital e trabalho.

Além de orientar, a gestão de SST também trabalha para neutralizar os riscos por meio de
medidas de segurança prevencionistas, que acabam sendo burladas por empregados
e empregadores, como o respeito à intrajornada, também conhecida como horário de
almoço. A interjornada tem como objetivo proporcionar aos trabalhadores um tempo
de descanso, para que eles recuperem suas energias e até para que eles passem mais
tempo ao lado de sua família e amigos, direitos garantidos ao trabalhador pela CLT, que
tem como finalidade evitar a fadiga física e mental.

Uma boa forma da empresa não ter prejuízos pela falta de respeito dos intervalos é
o sistema de ponto eletrônico adotado pelas empresas, que por vezes é vista pelo
empregado como uma posição punitiva para possíveis atrasos e não como um controle
positivo das horas trabalhadas, com o devido respeito ao descanso necessário à saúde
do trabalhador.

Valores versus vida

Na economia da segurança é notável a separação entre o trabalho e os meios de


produção, que reproduz a submissão do trabalho ao capital. Essa submissão pode ser
vista principalmente quando a função de um trabalhador não é igual ao do coletivo.
A relação do capitalismo com o trabalho é marcada pelos modelos de produção
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

Fordistas e Tayloristas, que baseavam a produção no tempo de movimento dos


trabalhadores. O modelo Taylorista adaptava o trabalhador ao ritmo da máquina. Assim,
menos interrupções aconteciam, havia menos desperdício e mais produtividade. Esse
modelo de produção consolida o materialismo estruturado na produção capitalista,
centralizada na exploração do capital, com o trabalho mal remunerado.

O processo de globalização traz à tona a terceirização e outras atividades produtivas


mediante uma diversificação geral do modelo capitalista baseado na exploração do
assalariado, que com medo de perder o emprego e de ser socialmente excluído, se
submete às condições impostas pelo modelo atual (VASAPOLLO, 2003).

O valor material ainda ganha força pelas inovações tecnológicas que substituem o
trabalho físico humano e contribuem para fortalecer a classe empregadora que, visando
o lucro e um aumento da valorização da riqueza, aumenta o distanciamento entre os
níveis sociais (ricos e pobres) e dentro do processo de globalização, o distanciamento
nacional e internacional.

Podemos exemplificar essa relação desigual no ambiente de trabalho por um


entendimento do salário, que deveria ser constituído da jornada trabalhada e uma renda
social mínima que garantisse a qualidade de vida independente da posição social.

O problema existe também para quem possui um trabalho com condições cada vez
mais precárias, sem proteção, com salário menor e com altos níveis de mobilidade e
intermitência, tratando o prevencionista meramente como o atendimento da legislação
vigente BAZZO & PEREIRA, 2006.

Resumindo

E então, entendeu que em uma sociedade capitalista a valorização da


vida humana é calculada entre gastos e receitas para o empregador e
para o governo? Entendeu o quanto o processo de industrialização e o
sistema capitalista influenciou a regulamentação prevencionista? Pois
bem, só para não ficar nenhuma dúvida, vamos resumir rapidamente
o que vimos. O capitalismo é hoje o sistema econômico que reflete as
relações sociais e também as relações de trabalho. A certeza do lucro
Introdução à Engenharia A engenharia de segurança no contexto capital-trabalho Capítulo 1
de Segurança do Trabalho

da classe empregadora e o medo do desemprego e da exclusão


social fragilizam as relações trabalhistas, expondo trabalhadores a
salários indignos e condições de trabalho prevencionistas apenas
para atender a legislação e evitar custos dos trâmites legais. O
prevencionismo ainda é sufocado pelos interesses capitalistas,
dificultando a ação dos profissionais de SST. Reduzir o número de
acidentes e doenças do trabalho era considerado um gasto sem
retorno. Entretanto, atualmente a gestão prevencionista, junto com
os gestores operacionais entendem que os investimentos com
ações que reduzem acidentes e doenças ocupacionais aumentam o
desempenho e a qualidade da empresa, além de reduzirem os custos
com o afastamento e pagamento de benefícios aos trabalhadores
lesados.
@faculdadelibano_

2
Papel e as
responsabilidades
do engenheiro
de segurança do
trabalho
Introdução à Engenharia Capítulo 2
de Segurança do Trabalho

Papel e as responsabilidades
do engenheiro de segurança
do trabalho

Objetivos

Ao término deste capítulo, você será apresentado às subdivisões, aos


ramos e às fontes do direito, de modo que você possa compreender aas
peculiaridades e diferenças dessa ciência tão fascinante. Motivado para
desbravar esse novo universo? Então vamos lá.

Perfil profissional

Quando falamos em engenharia pensamos em projetos, construções e edificações


de cidades, prédios e estradas. E o engenheiro de segurança do trabalho? O que ele
planeja? O que ele constrói?

Para conceituar a profissão de engenheiro, Walter Bazzo e Luiz Teixeira conceituam a


profissão com relação à história da sociedade da seguinte forma:

Se o trabalho dos engenheiros é importante no dia a dia de uma


sociedade, eles estão lá como elementos fundamentais para a
procura de soluções, para a concretização de ideias ou mesmo para
a administração dos serviços necessários à execução dos produtos.
(BAZZO & PEREIRA, 2006, p. 65)

Então, podemos destacar que de forma geral, o engenheiro procura soluções, tanto
para concretizar ideias quanto para administrar a execução, podendo assim, desenhar
as atribuições do engenheiro do trabalho em procurar soluções para as situações de
riscos encontradas no ambiente de trabalho e concretizá-las.
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

FIGURA 5

engenheiro de segurança do
trabalho – planeja soluções para
os ambientes ocupacionais
FONTE

pixabay (adaptado)

Na gestão de saúde e segurança é necessário traçar o perfil ocupacional dos profissionais


no qual devem estar contidas as atividades desenvolvidas, local ou posto de trabalho,
os riscos ambientais encontrados e os respectivos agentes, incluindo a matéria-prima,
as medidas de controle aplicadas para eliminar, reduzir ou controlar a exposição aos
riscos.

Você Sabia?

Onde encontrar as informações do perfil profissional? Essas informações


são registradas no perfil profissional previdenciário, documento
elaborado e assinado pelo engenheiro de segurança do trabalho que
serve para comprovar as condições de trabalho em que um trabalhador
está inserido durante a jornada de trabalho e é uma exigência legal da
Previdência Social a todas as empresas na Lei n0 8.213/91.

Sendo assim, você conseguiria traçar o perfil ocupacional de um engenheiro de segurança


do trabalho que atua na indústria de calçados? Ou na construção civil? Ou ainda em
um navio de transporte de produtos perigosos? O perfil profissional do engenheiro não
se confunde com outros profissionais. Sua atuação está na descrita na promoção da
segurança dos trabalhadores, de forma ética, aplicando seus conhecimentos técnicos.

A prática do trabalho é de responsabilidade do operador, mas o profissional prevencionista,


como o engenheiro de segurança do trabalho, tem como responsabilidade planejar e
aplicar o suporte necessário para que o operador desenvolva a atividade com saúde e
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

segurança.

A principal função de qualquer profissional da área de segurança e não diferente do


engenheiro de segurança do trabalho é proporcionar aos demais trabalhadores um
ambiente salubre, participando das ações de promoção da saúde e segurança junto
com os demais membros do Serviço Especializado em Saúde e Medicina do Trabalho
(SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidente (CIPA).

Quando surgiu o engenheiro de segurança do trabalho?

As responsabilidades do engenheiro de segurança foram se adequando às mudanças


ocorridas no processo de produção.

Vimos na história da segurança prevencionista, que após a implantação da produção


em massa, com máquinas movidas a vapor e com o crescimento do número de
trabalhadores e de acidentes de trabalho, o engenheiro era o profissional que criava
artefatos de proteção, sem um planejamento prevencionista.

Podemos apresentar um molde de profissional de segurança em 1834, na figura do


inspetor de fábricas, que associou o prevencionista à presença diária de um médico
nas fábricas. A medicina do Trabalho ainda ganha destaque na história prevencionista
quando em 1959 a OIT define o serviço de saúde ocupacional como um serviço médico.

Mas e o engenheiro? Esse ainda mantém o perfil mecânico, responsável por peças
e engrenagens.

FIGURA 6

O médico anjo
protetor e o
engenheiro
Mecânico
FONTE

pixabay
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

Desde que surgiu a necessidade de um profissional que atuasse na função prevencionista,


ela foi desempenhada por profissionais de diferentes segmentos e de níveis hierárquicos
e responsabilidades diferentes.

As décadas de 70 e 80 foram marcantes para a história dos profissionais prevencionistas,


principalmente para o engenheiro de segurança do trabalho e o técnico de segurança
do trabalho, que na década de 50 eram conhecidos como inspetores de segurança. A
nova fase acabava com o profissional espontâneo e entravam em cena os profissionais
legalmente constituídos.

Podemos afirmar que o divisor de águas na história da segurança do trabalho foi a


Portaria nº 3237 do MTE, criando o serviço de segurança, higiene e medicina do trabalho
nas empresas.

Com esta portaria foram criados cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação e
Cultura (MEC) de preparação dos profissionais para atuarem na área de segurança,
higiene e medicina do trabalho. Em 1979, em virtude da carência de profissionais para
compor o SESMT, a Resolução n° 262 regulamenta a criação de cursos em caráter
prioritário para esses profissionais. A Lei n° 7410 de 27/11/85 oficializou a especialização
em engenharia de segurança do trabalho. A lei também criou a categoria profissional
de técnico em segurança do trabalho, até então os únicos profissionais prevencionistas
não eram reconhecidos legalmente (BRASIL, 1985).

Hoje para atuar nesta função é necessária uma especialização que os profissionais
das engenharias e da arquitetura realizam, capacitando- se como engenheiros de
segurança do trabalho.

A segurança do trabalho nas empresas hoje se apresenta como uma gestão integrada
que envolve diversas áreas de trabalho e ainda é um desafio, que envolve a mudança
de paradigmas para todos os envolvidos, uma modificação da realidade de acidentes
e doenças relacionadas ao espaço laboral.

Com as áreas de gestão unificadas pelo sistema de gestão integrada (SGI), a atuação
do engenheiro de segurança do trabalho e de outros membros da equipe de segurança
do trabalho é fundamental em qualquer organização, que por meio do desenvolvimento
de métodos, procedimentos e programas de controle de acidentes ou de perdas, bem
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

como pela comunicação de acidentes, a medição e a avaliação dos sistemas de


controle de perdas e acidentes, oferecem suporte para garantir a saúde de todos.

Ao conquistar o reconhecimento dos gestores da empresa, um dos maiores desafios


do engenheiro de segurança do trabalho é mobilizar os funcionários, com o intuito de
chegar aos melhores resultados na prevenção de acidentes.

Atribuições e responsabilidades

A engenharia de segurança do trabalho deve ter como responsabilidade primordial a


gestão prevencionista voltada para o controle de acidentes e doenças ocupacionais. Para
a OIT, os aspectos prevencionistas devem estar além da redução dos riscos, eles devem
estar atrelados à conservação da saúde atingindo o conceito de saúde definido pela
OMS. Sendo assim, a engenharia de segurança do trabalho tem a responsabilidade pela
vida dos trabalhadores, atendendo a três componentes: Estado-Empresa-Trabalhador.

Então chegou a hora de definir as responsabilidades do engenheiro de segurança do


trabalho.

Legalmente, a figura do engenheiro de segurança surge no Brasil apenas para


garantir nas empresas o cumprimento das exigências legais impostas pelas medidas
governamentais, que tinham como objetivo principal reduzir o número de acidentes no
país e não assegurar a vida. A atribuição do engenheiro de segurança era a de fiscal
interno com postura corretiva.

Legalmente, suas atribuições estão atreladas ao Serviço Especializado em Medicina do


Trabalho (SESMT), atendendo aos dispositivos da NR4 (ENIT, 2016) em promover a saúde e
proteger a integridade física do trabalhador no local de trabalho. As principais atribuições
do engenheiro de segurança do trabalho no SESMT são:
• Elaborar projetos do âmbito da segurança e saúde do trabalho.
• Elaborar laudos.
• Realizar de perícias
• Confeccionar pareceres técnicos.
• Gerenciar o controle de riscos.
• Estudar as condições de segurança no ambiente de trabalho.
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

• Analisar os riscos de acidentes.


• Propor regulamentos internos para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
• Acompanhar a execução de obras e serviços no sentido de promover a segurança.
• Coordenar as comissões internas, como a CIPA.
• Atuar na área de higiene do trabalho.
• Elaborar ou colaborar com os programas de segurança do trabalho, como PCMAT e
PGR.
• Promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos
trabalhadores.

Nesse conceito legal, podemos então afirmar que engenheiro deixa de ser um fiscal e
ganha a responsabilidade de planejar e desenvolver a gestão de risco nas empresas
principalmente adequando às atualizações legais e ao desenvolvimento tecnológico,
passando de profissional fiscal para um profissional prevencionista. Com as atualizações
nos NRs, o engenheiro de segurança do trabalho também ganha novas responsabilidades
como a de gerenciar o controle de riscos. Para a legislação trabalhista, são atribuições
do engenheiro de segurança do trabalho:
• Prevenção e antecipação de riscos potenciais.
• Elaboração do PGR E PCMAT.
• Proteção do consumidor.
• Alterações de conceitos legais referentes a saúde e segurança.
• Controle ambiental objetivando a saúde e segurança do trabalhador, no que tange à
redução de acidentes e doenças ocupacionais da sociedade e do meio ambiente.

A atuação do engenheiro ou arquiteto na especialização de engenheiro de segurança


do trabalho só será autorizada mediante registro no Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CREA) que define as atribuições do engenheiro de segurança
do trabalho:
• Supervisionar, coordenar e orientar serviços da área
• Realizar estudos no ambiente de trabalho para identificar e controlar os riscos.
• Implantar técnicas de gerenciamento e controle de risco
• Realizar perícias e emitir pareceres para controle sobre o grau de exposição aos riscos
físicos, químicos e biológicos etc.
• Propor medidas preventivas e corretivas e orientar trabalhos estatísticos
• Propor normas e políticas de segurança do trabalho, fiscalizando o seu cumprimento
• Elaborar projetos de sistema de segurança do trabalho e assessorar a elaboração de
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

projetos e obras para garantir a segurança


• Analisar instalações, máquinas e equipamentos, projetando dispositivos de segurança
• Atuar em projetos de proteção contra incêndios.
• Delimitar as áreas de periculosidade.
• Fiscalizar os sistemas de proteção coletiva e os EPIs.
• Acompanhar a aquisição de substâncias e equipamentos que ofereçam riscos.
• Elaborar planos para prevenir acidentes
• Realizar treinamentos.
• Emitir Anotação de Responsabilidade Técnica (ART).

A responsabilidade do engenheiro de segurança do trabalho está atrelada à melhoria


dos resultados das empresas desenvolvendo métodos, procedimentos e programas de
controle de perdas e acidentes, medição e acompanhamento dos resultados.

Para atuar desenvolvendo as atribuições que competem a um engenheiro de segurança


do trabalho, ele precisa desenvolver competências que envolvem conhecimentos
da legislação vigente, laudos e perícias, conhecimentos acerca de saúde, máquina e
equipamentos, mas também conhecimentos que envolvam psicologia, sociologia e
meio ambiente, tanto em situações de sinistros quanto em medidas de primeiros
socorros.

Desenvolver essas competências é importante para cumprir o propósito da engenharia


de segurança, que inclui estudar as causas e modos de prevenção de acidentes com
lesões e morte atuando tanto na indústria, berço do prevencionismo, quanto nos demais
setores de trabalho, como produção e exploração de bens e serviços, podendo atuar
em médias e grandes empresas.

A segurança se expandiu, por isso o profissional deve também desenvolver competências


relacionadas ao controle de qualidade, auditorias internas, externas e oficiais,
respondendo aos requisitos legais e de certificadoras do sistema SSO, como ISO 45001,
no qual a empresa precisa adequar o gerenciamento de risco e gerar valores para
organização.

A OHSAS 18001 foi aplicada em mais cem mil empresas e juntamente com as Diretrizes
Internacionais do OIT, serviram de base para a nova norma ISO 45001:2018, que facilita a
integração com os demais sistemas ISO (9001, 14001) e consequentemente o SGI.
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

Mercado de trabalho

Após a conclusão da especialização de engenharia de segurança do trabalho o


profissional ganha espaço no mercado de trabalho na medida em que o mercado
percebe a importância política, social e principalmente econômica de prevenir doenças,
acidentes e incidentes no ambiente de trabalho.

As indústrias, por concentrarem historicamente o maior número de acidentes, são as que


mais têm abertura ao profissional de engenharia de segurança do trabalho, destacando
o ramo da construção civil.

Por concentrarem o maior número de indústrias, as regiões sul e sudeste do país são
as que apresentam o maior número de oportunidades, mas existem oportunidades em
aberto por todo país.

Como qualquer profissão, a carreira do profissional especializado em engenharia de


segurança do trabalho apresenta vantagens e desvantagens. De um lado podemos
destacar a progressiva conscientização do mercado em investir em profissionais
prevencionistas e do outro a dificuldade de desenvolver suas atribuições de conscientizar
suas equipes em cumprir as normas regulamentadoras devido à falta de conscientização
da classe operária.

FIGURA 7

Dificuldades encontradas no mercado de trabalho pelos engenheiros de segurança do trabalho


FONTE

Elaborada pela autora (2020).

Nesse cenário, o engenheiro de segurança do trabalho encontra um mercado repleto


de oportunidades, no setor privado ou público, com empregados regidos pela CLT,
Introdução à Engenharia Papel e as responsabilidades do Capítulo 2
de Segurança do Trabalho engenheiro de segurança do trabalho

pequenas ou grandes empresas, podendo atuar como funcionário efetivo ou prestador


de serviços.

Como consultor, o profissional presta serviço investigando as mudanças necessárias


para reduzir acidentes e doenças do trabalho e adequar a empresa às exigências legais
relacionadas à segurança e higiene do trabalho. Além disso, o engenheiro de segurança
pode trabalhar em um órgão público de fiscalização do trabalho, realizando auditorias
externas em empresas.

Portanto, além dos conhecimentos científicos adquiridos durante o contínuo processo


de formação, o engenheiro de segurança precisa apresentar habilidades que o insira e
mantenha no mercado de trabalho como o aperfeiçoamento contínuo, principalmente
no que se refere às atualizações legais prevencionistas, boas relações humanas,
comunicação, trabalho em equipe e ética profissional, assuntos que iremos abordar no
próximo capítulo.

Resumindo

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você
deve ter aprendido que para atender a demanda de uma sociedade
tecnológica em constante progresso por meio de ferramentas acessíveis,
o engenheiro de segurança do trabalho não poderá usar seu título para
proveito próprio e nem propor ações que coloquem em risco os colegas
de trabalho, a sociedade e o meio ambiente. Existe uma cobrança
constante na atividade profissional do engenheiro de segurança
do trabalho. Por isso, nortear-se pela conduta ética profissional é um
dever do profissional prevencionista, que atua para garantir a saúde e
qualidade de vida dos trabalhadores, o respeito à sociedade e ao meio
ambiente. Caso ele cometa uma infração ao código de ética profissional
ele poderá perder a sua licença por má conduta, escândalo ou crime
contra infame. Neste caso ele só poderá requerer uma nova licença
cinco anos depois, podendo ter o seu pedido aceito ou rejeitado pelo
sistema CONFEA/CREA.
@faculdadelibano_

3
Ética profissional
do engenheiro de
segurança do
trabalho
Introdução à Engenharia Capítulo 3
de Segurança do Trabalho

Ética profissional do
engenheiro desegurança do
trabalho

Objetivos

Ao término deste capítulo você conhecerá os direitos e deveres do


profissional de engenharia de segurança do trabalho baseado na
conduta ética profissional segundo o código de ética profissional do
sistema CONFEA/CREA.

Ética profissional

Você certamente já ouviu definições de ética profissional, o que não se afasta da


definição de ética.

No capítulo anterior, vimos que o engenheiro de segurança do trabalho responde no


ambiente ocupacional por diferentes atribuições e responsabilidades que devem ser
exercidas com ética e responsabilidade profissional.

Pode ser que o próprio engenheiro desconheça a importância de conduzir a todo o


momento suas responsabilidades que são capazes de modificar o ambiente e a
qualidade de vida das pessoas.

Por isso que as responsabilidades do engenheiro têm um grande peso nas relações
humanas entre si e com o meio e o mesmo deve estar preocupado em planejar e
implementar medidas apropriadas, mediante uma postura profissional coerente e
racional, baseada em conceitos éticos e profissionais.

Você pode estar se perguntando, como seria a aplicação da ética profissional nas
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

atribuições do engenheiro de segurança do trabalho? Vamos trazer alguns exemplos.

O profissional prevencionista estará se comunicando por meio de uma linguagem


técnica, na elaboração de relatórios, programas, planilhas com dados e laudos técnicos.
Esta comunicação deve ser clara e principalmente precisa, preferencialmente sem
metáforas, com as palavras sendo empregadas com o sentido direto sem dar margens
a interpretações errôneas que comprometam a real intenção prevencionista.

O engenheiro de segurança do trabalho estará lidando diretamente com o triângulo


prevencionista (empregados, empregadores e governo) ou seja, em suas decisões
devem prevalecer os direitos e deveres estabelecidos nas leis.

Ao avaliar os riscos e as probabilidades de danos em uma real situação ou provável


situação no ambiente ocupacional, o engenheiro de segurança do trabalho deve,
sobretudo, garantir o respeito ao trabalhador, à empresa, à sociedade e aos seus
concorrentes. Sendo assim, no exercício da profissão, o engenheiro de segurança do
trabalho não deve, segundo o ponto de vista ético, buscar interesses e satisfação pessoal
e sim um serviço, uma contribuição à sociedade. Tudo isso só será possível com uma
sólida formação técnica, científica e profissional.

Outro ponto que devemos abordar é a sobreposição entre as competências profissionais


que o engenheiro por formação pode atuar. A engenharia de segurança do trabalho é
uma especialização autorizada pelos órgãos de educação e trabalho a ser conferida
aos profissionais graduados em engenharia e arquitetura, aos quais são também
atribuídas outras especializações como a engenharia ambiental, engenharia geotécnica,
topografia e sensoriamento. Digo isso, pois pode acontecer que ao engenheiro de
segurança do trabalho sejam atribuídas decisões em que se tornem dúbios os limites
entre as especializações. Desta forma, para resolver tais possíveis conflitos, o engenheiro
deve exercer suas atividades com ética e profissionalismo.

Código de ética da engenharia

Assim como toda profissão, o engenheiro de segurança do trabalho exerce suas


atribuições pautadas em um código de ética estabelecido por um conselho de classe.
O engenheiro de segurança do trabalho deve seguir o código de ética do Conselho
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

Federal de Engenharia e Agronomia


– (CONFEA) podendo cada Conselho Regional (CREA) submeter à aprovação do conselho
federal e apresentar seu código de ética.

O código de ética preconiza o estabelecido em lei (Lei no 5.194/96), que em sua atuação
profissional, o engenheiro, em qualquer que seja sua especialização, sobreponha o
interesse social e humano por meio do aproveitamento e da utilização dos recursos
naturais, desenvolvimento industrial entre outros. Esta lei ainda delibera ao sistema
CONFEA/CREA, o direito de julgar as infrações do Código de Ética.

Para o sistema CONFEA/CREA é inadmissível desenvolver a prática profissional sem que


se conheça e principalmente que se aplique, de forma cotidiana e rotineira, os princípios
estabelecidos pelo código de ética. Essa exigência baseia-se principalmente pelo
caráter social apresentado pela profissão do engenheiro, que deve aplicar os princípios
éticos na elaboração, na fiscalização, na pesquisa e execução de projetos de construção
ou na prevenção de acidentes, ou seja, nas inúmeras atividades desenvolvidas pelo
engenheiro.

O sistema CONFEA/CREA ainda destaca o caráter individual na aplicação do código


destacando que o profissional inicia sua responsabilidade com a sociedade ainda
durante sua formação acadêmica e continuada, trazendo os princípios éticos como um
norte para sua conduta profissional ao desempenhar seus deveres profissionais e até
mesmo contribuindo, quando julgar necessário, para renovar tais princípios baseados
em seus conhecimentos adquiridos. Isso posto, entende-se que o profissional é, antes
de tudo, um cidadão e como tal deve estar atento às mudanças globais que impactam
a sociedade.

O código de ética atual, após mudanças propostas pelo Colégio de Entidades Nacionais
(CDEN) atualiza e contempla demandas acumuladas e atuais. Por isso é indispensável
aos profissionais. Nele estão estabelecidos os direitos, deveres e condutas vedadas aos
profissionais definindo, por exemplo, o que é uma infração ética:

Todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos,
descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese
direitos reconhecidos de outrem. (CONFEA, 2019, p. 7)
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

A entidade entende que o código de ética aprovado na sua 11a Edição, em vigor desde
2003, se apresenta aos profissionais a ela filiados um pacto com as adequações exigidas
por uma sociedade globalizada, que possa atender as transformações técnicas,
científicas, mas também as transformações sociais e culturais.

Em seus catorze artigos divididos em oito capítulos, o código fundamenta os preceitos


e condutas orientadoras a respeito das práticas profissionais, envolvendo direitos e
deveres, respeitando e estimulando a competitividade ética e inserção profissional.
O código de ética deve ser seguido de forma a alavancar a excelência na profissão,
aplicando o código de ética não como ideias abstratas, mas concretas e delimitadas
nos conhecimento técnicos e científicos.

O Artigo 2o estabelece que o código de ética tem alcance a todos


os profissionais:

Os preceitos deste Código de Ética Profissional têm alcance sobre os


profissionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação,
modalidades ou especializações. (CONFEA, 2019, p. 28)

O que remete ao profissional especialista em engenharia de segurança do trabalho a


responsabilidade de seguir o código. Outra garantia dada pelo código é a liberdade de
criar. O Artigo 5o garante aos profissionais a detenção do conhecimento: “Os profissionais
são os detentores do saber especializado de suas profissões e são sujeitos proativos do
desenvolvimento”. (CONFEA, 2019, p. 29)

O Artigo 6o define o objetivo da atuação do engenheiro e suas especializações em prol


do bem-estar da sociedade e do meio ambiente em suas diversas dimensões:

O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se para


o bem-estar e o desenvolvimento do homem, em seu ambiente e
em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade,
sociedade, nação e humanidade; nas suas raízes históricas, nas
gerações atuais e futuras. (CONFEA, 2019, p. 29)

Podemos concluir que aos engenheiros de segurança cabe o cumprimento da conduta


ética que vai muito além dos muros e das salas de um ambiente de trabalho e para isso
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

são estabelecidos direitos e deveres.

Direitos, deveres e vetos

O Artigo 8o do Código de Ética que fundamenta os seus princípios éticos, pauta sua
conduta em:
• Objetivo da profissão.
• Natureza da profissão: bem cultural da humanidade.
• Honradez da profissão: exige conduta honesta.
• Eficácia profissional: cumprimento responsável dos compromissos profissionais.
• Relacionamento profissional: honesto, justo com igualdade de tratamentos entre
os profissionais.
• Intervenção profissional sobre o meio: Baseado nos preceitos de
desenvolvimento sustentável.
• Liberdade e segurança profissional: livre exercício dos habilitados
a desenvolver a função. (CONFEA, 2019, p. 31)

O código estabelece os direitos (Artigo 11o), deveres (Artigo 9o) e vetos a condutas
profissionais (Artigo 10o). Quanto aos direitos coletivos estão estabelecidos no Artigo 11o
dos quais podemos citar o direito ao reconhecimento legal, enquanto que no Artigo 12o
são estabelecidos os direitos individuais universais, dos quais podemos citar:
• A liberdade de escolha de especialização.
• O direito de recusa quando julgar incompatível a titulação ou dignidade.
• A liberdade de escolha de métodos e procedimentos.
Entre os deveres atribuídos eticamente podemos citar como deveres:
• Ante ao ser humano e seus valores: harmonizar os interesses pessoais aos coletivos.
• Ante a profissão: realizar sua função nos limites de suas atribuições
e de sua capacidade pessoal de realização.
• Ante o meio: orientar as atividades respeitando os princípios de desenvolvimento
sustentável.
• Nas relações com clientes, empregadores e colaboradores: atuar com
imparcialidade e impessoalidade.
• Nas relações com os demais profissionais: atuar com lealdade no
mercado. (CONFEA, 2019, p. 34)
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

Entre as condutas vedadas aos profissionais podemos citar


• Usar de privilégios profissionais de forma abusiva, para fins de
vantagens pessoais.
• Omitir ou ocultar fatos que transgridam a ética profissional;
• Descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua
coordenação.
• Prestar de má-fé qualquer ato profissional que resulte em danos ao meio ambiente
a sociedade e a saúde humana. (CONFEA, 2019, p. 37)

Infração ética e cancelamento do registro

No exercício de sua profissão o engenheiro do trabalho deverá sempre priorizar os


cumprimentos dos direitos e deveres éticos definidos para sua profissão.

Em alguns casos, quando o profissional não conduz suas atividades nesses princípios ele
pode estar cometendo uma infração ética que deverá ser julgada pelo conselho, que
irá proceder de forma a averiguar os fatos, estabelecendo se de fato houve a infração
e se ela se caracteriza como uma má conduta, imprudência, imperícia, negligência ou
ainda um crime.

A Resolução no 1004/2003 em seu anexo estabelece os procedimentos para instauração


e julgamento dos processos administrativos, assim como a aplicação das penalidades
relacionadas à apuração da infração ao código de ética profissional. “Todo o
processo deve seguir os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência” (CONFEA, 2019, p. 47).

O profissional que comete infrações ao código de ética profissional poderá ter seu registro
profissional cancelado. Estarão sujeitos ao cancelamento do registro por má conduta
ou escândalo, os profissionais que cometerem os seguintes atos ou comportamentos:
I. Incidir em erro técnico grave por negligência, imperícia ou imprudência, causando
danos.
II. Manter no exercício da profissão conduta incompatível com a honra, a dignidade
e a boa imagem da profissão.
III. Fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para o registro no Crea.
Introdução à Engenharia Ética profissional do engenheiro Capítulo 3
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

IV. Falsificar ou adulterar documento público emitido ou registrado pelo Crea para
obter vantagem indevida para si ou para outrem.
V. Usar das prerrogativas de cargo, emprego ou função pública ou privada para
obter vantagens indevidas para si ou para outrem.

Resumindo

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você
deve ter aprendido que para atender a demanda de uma sociedade
tecnológica em constante progresso por meio de ferramentas acessíveis,
o engenheiro de segurança do trabalho não poderá usar seu título para
proveito próprio e nem propor ações que coloquem em risco os colegas
de trabalho, a sociedade e o meio ambiente. Existe uma cobrança
constante na atividade profissional do engenheiro de segurança
do trabalho. Por isso, nortear-se pela conduta ética profissional é um
dever do profissional prevencionista, que atua para garantir a saúde e
qualidade de vida dos trabalhadores, o respeito à sociedade e ao meio
ambiente. Caso ele cometa uma infração ao código de ética profissional
ele poderá perder a sua licença por má conduta, escândalo ou crime
contra infame. Neste caso ele só poderá requerer uma nova licença
cinco anos depois, podendo ter o seu pedido aceito ou rejeitado pelo
sistema CONFEA/CREA.
@faculdadelibano_

4
Informática
aplicada à
engenharia de
segurança do
trabalho
Introdução à Engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho

Informática aplicada à
engenharia de segurança do
trabalho

Objetivos

Ao término deste capítulo você conhecerá como a informática causou


uma revolução na indústria, a que chamamos de revolução 4.0 e
como esses avanços tecnológicos podem contribuir para a gestão de
segurança.

Tecnologia aliada à segurança no trabalho

A indústria sempre foi um dos propulsores das relações humanas. Primeiro, trouxe
as máquinas e a energia a vapor o que também aumentou os acidentes e doenças
ocupacionais. Os movimentos seguintes trouxeram novos desafios. Chegamos hoje aos
desafios atrelados aos avanços tecnológicos da indústria 4.0.

Agora, você sabe como a tecnologia influencia a engenharia de segurança do trabalho?


O que muda na segurança do trabalho como a tecnologia? Quero te convidar a descobrir
junto comigo.

O primeiro aspecto que iremos abordar será as vantagens que a tecnologia traz para
a sociedade e, certamente, para a segurança do trabalho. Podemos observar no dia
a dia do trabalhador que a sociedade é diariamente beneficiada com os avanços
tecnológicos.

Podemos até citar o fato do trabalhador poder direcionar-se ao trabalho usando o


GPS que irá lhe mostrar qual o caminho mais rápido ou como evitar o engarrafamento,
chegando no horário certo na empresa, evitando atraso no início da jornada de trabalho
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

e aumentando o bem- estar do trabalhador que não chegará estressado para trabalhar.
Mas é preciso estar atento à rota indicada, qualquer descuido pode levá-lo a um
caminho mais perigoso, por isso é importante saber usar os dispositivos tecnológicos
para trazer benefícios.

Conseguiram ver a vantagem de usar o GPS? Agora vamos usar o mesmo exemplo para
abordar a tecnologia na gestão de segurança da empresa, pois claro que nem todos os
trabalhadores vão de carro e podem usar o GPS.

Vamos colocar esse GPS na frota de transporte de carga terrestre de uma empresa que
trabalha com carga de produtos in natura, ou seja, perecíveis.

O caminhão dotado de ferramentas tecnológicas poderá proporcionar a rota


estabelecida reprogramada, ser monitorado via satélite garantindo a segurança
do trabalhador e também da carga e do produto, o que irá proporcionar à empresa
redução com gastos com a carga roubada, extraviada e até mesmo multas contratuais
em caso de atraso na entrega ou ainda fazendo uma economia de combustível, pneus
e motor do veículo.

Vamos concordar que a tecnologia além de gerar segurança, garante qualidade e reduz
custos de forma geral na empresa, ajudando a gestão integrada, valorizando qualidade,
saúde, meio ambiente e segurança. Não há dúvidas que a tecnologia trabalha a favor
da segurança.

Não investir em segurança pode trazer perdas nos resultados das empresas, por isso
gestores e profissionais de segurança do trabalho devem trabalhar juntos para investir
em segurança, não de forma pontual, mas como uma rotina nos processos de produção,
pois quando a empresa está em conformidade com as exigências de segurança, ela
aumenta a produtividade. Trabalhadores seguros, trabalham melhor.

Por outro lado, quando o ambiente em que os trabalhadores exercem suas atividades
não é seguro e saudável, causa mortes, mutilações e doenças na força de trabalho.

A gestão dos processos de produção, atendendo as exigências de segurança, requer


uma rotina de monitoramento e avaliação. Se levarmos em conta a diversidade de
processos, o monitoramento feito com a percepção humana pode ser otimizado com
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

a tecnologia. A tecnologia é um instrumento eficaz para reduzir os riscos e melhorar o


desempenho em segurança.

Questões culturais também podem, às


vezes, se tornar um obstáculo para a gestão
tecnológica, principalmente nas mudanças
requeridas para a implantação de uma
gestão de segurança com a utilização da
tecnologia. É necessária uma maturidade
tanto por parte dos gestores quanto dos
trabalhadores para o sucesso das mudanças
planejadas.

O primeiro passo para alcançar os resultados


planejados, é estabelecer uma cultura de
segurança, pois o comportamento e as
FIGURA 8

Os processos de produção tendem atitudes dos trabalhadores em relação à


a se tornar cada vez mais eficientes,
segurança dependem de um contexto de
autônomos e customizáveis
FONTE
maturidade em relação à segurança e não
pixabay de imposição e aceitação à tecnologia.

Ferramentas tecnológicas para a segurança do trabalho

Como podemos ver, a revolução 4.0 trouxe a tecnologia para o processo de produção,
as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia
da informação, aplicadas aos processos de manufatura.

A implantação e o desenvolvimento da indústria 4.0 passam por seis princípios básicos


da produção inteligente. A capacidade de operação em tempo real, que na segurança
do trabalho gera a possibilidade de aquisição e tratamento de dados em tempo real e
consequente tomada de decisão.

A virtualização e as cópias virtuais permitem o monitoramento remoto e rastreabilidade


em todo processo, garantindo a gestão de segurança assertiva em possíveis alterações
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

no processo.

A descentralização através de
sistemas cyber-físico aprimora o
processo de produção, permitindo a
gestão de riscos dentro do ciclo sem
interrupções.

Com a indústria 4.0 chegam também


suas inovações tecnológicas
FIGURA 9

baseadas em novos pilares, Fábricas inteligentes geram mudanças


na forma em que os produtos serão
baseados em recursos físicos e
manufaturados, causando impacto direto
digitais conectando máquinas e no mercado
sistemas para alcançar resultados FONTE

Pixabay
(LAVAGNOLI, 2018). Todos os noves
pilares apresentam relevância para a
indústria.

Para a segurança do trabalho podemos trazer sua relevância no sentido que os riscos
ocupacionais estão inseridos nesse processo sistematizado.

A segurança pode se beneficiar com a realidade aumentada para determinar os riscos


durante a manutenção de um equipamento utilizando óculos de realidade aumentada,
junto com uma simulação computacional eles aproximam o mundo físico do virtual,
aumentando os resultados e reduzindo custos.

Com a impressão 3D os engenheiros de segurança podem projetar proteções de


máquinas e equipamentos, assim como proteções individuais em um modelo 3D,
criando produtos personalizados.

Há a Internet das Coisas (IoT) instalada em veículos e máquinas que permitem a coleta
e análise de dados de desempenho.

A análise de dados e a integração dos sistemas aumentam o desempenho da gestão


e a automatização das cadeias de produção auxiliando nas tomadas de decisão, para
que o engenheiro de segurança do trabalho possa garantir vidas.
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

Para que os pilares gerem sucesso para os processos, sua implantação deve ser feita de
forma modular, oferecendo retorno e incentivos. Além do treinamento dos profissionais
é necessária uma cultura prevencionista comprometida com a segurança.

Riscos na indústria 4.0

A tecnologia chegou e transformou à indústria, isso é um fato! A tecnologia chegou e


resolveu a exposição aos riscos ocupacionais? Será que podemos afirmar que a indústria
4.0 é 100% segura?

É verdade que na automatização do sistema cyber-físicos os processos se tornaram


mais eficientes. O conceito de fábricas inteligentes traz diversas transformações, mas
causam mudanças nos processos de produção desde sua organização até a integração
de todo o processo. É lógico que toda essa mudança provoca medo em relação à
substituição do homem pelas máquinas.

Embora a sociedade tenha o medo de serem substituídas por máquinas, as empresas


sempre precisarão de pessoas, independente do desenvolvimento tecnológico.

Por isso, o profissional de segurança do trabalho precisa trabalhar com o conceito de


gestão de risco integrado no ambiente, usando as tecnologias para tornar os ambientes
inteligentes e seguros, capazes de gerenciar as atividades humanas dentro desse
ambiente inteligente e responder na velocidade que a tecnologia demanda (GERMANO,
2019).

Exemplo:
• Os trabalhos com máquinas e equipamentos sempre foram fontes geradoras de risco
de acidentes. O uso de sensores em máquinas pode ajudar na prevenção automática
de acidentes em tempo real.
• O trabalho em altura gera uma grande demanda de ações que garantam que o
trabalhador possa exercê-lo em segurança, como durante inspeções em superfícies
acima do nível inferior ou superior a dois metros que agora pode ser feita por drones,
com imagens de alta resolução, sendo operado remotamente.
• Em áreas com manipulação de agentes biológicos, químico ou radioativos a
exposição a esses agentes pode ocasionar o aparecimento de doenças ocupacionais.
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

O uso de dispositivos conectados à internet das coisas possibilita o monitoramento


através do uso de biometria como forma de limitar o acesso de funcionários ao setor e
o monitoramento do tempo de exposição dos funcionários autorizados.

Os riscos presentes nos ambientes de trabalho nem sempre podem ser reduzidos com
a tecnologia. Um exemplo negativo são os danos causados pelo estresse em condições
de isolamento, com reflexos na vida pessoal, profissional e social do trabalhador. É claro
que como consequência, o trabalhador pode apresentar redução nos resultados em
seu trabalho, que impactam também a empresa, além de aumentar os custos com os
benefícios e seguros de saúde.

Os principais fatores de afastamento dos trabalhadores estão ligados a traumas e


doenças relacionadas aos agentes ergonômicos, principalmente em função de um
mercado globalizado e competitivo.

Para atender a esse novo cenário, o profissional da área de segurança do trabalho precisa
gerenciar suas equipes para a demanda atual e para as futuras, ou seja, desenvolver
habilidades e competências presentes e as que serão necessárias no futuro. Investir na
capacitação e no treinamento das novas tecnologias é a melhor estratégia da gestão
de segurança, envolvendo trabalhadores e lideranças.

Investimentos na segurança 4.0

A indústria 4.0 exige profissionais cada vez mais qualificados, aptos a atender as novas
demandas. No Brasil, a tecnologia em alguns setores ainda se apresenta distante. Há
setores que, como o agronegócio, a indústria de alimentos e bebidas investe cada vez
mais na indústria 4.0.

A indústria de autopeças investe na tecnologia com o intuito de minimizar os erros e


aumentar a qualidade, produtividade e a rastreabilidade do processo.

As vantagens para o Brasil na indústria 4.0 exigem investimentos em longo prazo para
reduzirem as principais causas de acidente, tais como esforço repetitivo, manipulação
de materiais perigosos, estresse, trabalho em altura. A gestão deve procurar desenvolver
planos de ações em segurança do trabalho que envolvam a automatização do processo
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

e pesquisas em novas tecnologias para solucionar as causas de acidentes.

A verificação de uma área contaminada por agentes radioativos pode exigir a geração de
um volume de resíduos contaminados devido à exigência de dispositivos de segurança
individual (EPI) que garantam a segurança do trabalhador exposto ao agente radioativo.
Para evitar a exposição do trabalhador e a produção de resíduos, a empresa pode optar
por usar robôs e drones para realizar a vistoria no ambiente.

O foco na segurança 4.0 inclui investimentos em sistemas de inteligência com


resultados positivos para a indústria mediante monitoramento e identificação de falhas
na produção que possam gerar doenças ou acidentes ocupacionais.

Durante a produção, as máquinas começam a apresentar um aquecimento no


sistema que pode ocasionar um incêndio. Se a máquina estiver ligada a um sistema de
monitoramento por internet das coisas, esse pode identificar o aquecimento de forma
remota e emitir um alarme que possibilite a interrupção das atividades e evacuação do
local.

Durante o armazenamento de cargas de produtos perigosos é possível haver


vazamentos de substâncias tóxicas que criam uma atmosfera perigosa que pode levar à
intoxicação e até mesmo à morte do trabalhador. Se no local houver um monitoramento
da atmosfera que indique alterações nos índices de salubridade, ele pode acionar
o sistema de segurança e a ventilação controlando a atmosfera e promovendo a
evacuação do local.

O sistema de monitoramento remoto, uma das tecnologias proporcionadas pela


indústria 4.0, gera um ambiente seguro possibilitando aos trabalhadores desenvolverem
suas atividades evitando o desgaste físico, ergonômico, psicofisiológico e os acidentes
de trabalho.
Introdução à Engenharia Informática aplicada à engenharia Capítulo 4
de Segurança do Trabalho de segurança do trabalho

Resumindo

Conseguiu acompanhar tanta evolução tecnológica? Caso tenha


ficado alguma dúvida, vamos fazer uma breve revisão. A velocidade dos
sistemas informatizados não reduz o papel do ser humano na atividade
industrial e, por consequência, os cuidados com SST, serão reduzidos.
Mas, engana-se quem pensa que a segurança do trabalho não pode
se beneficiar com a tecnologia, pelo contrário: é necessário desenvolver
novas habilidades e formas de prevenção. Teremos um novo cenário,
em que as principais causas de afastamento que conhecemos hoje
diminuirão sensivelmente.
Introdução à Engenharia
de Segurança do Trabalho

Referências

ALTUS. Conheça os nove pilares da indústria 4.0 e sua relevância para a atividade
industrial. Disponível em: https://bit.ly/2R5ofkC. Acesso em: 17 dez 2020.

BARROS, M. Indústria 4.0. Alcer. Disponível em: https://bit.ly/2LTkNHf. Acesso


em: 22 out 2020.

BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. de. Introdução à engenharia: conceitos,


ferramentas e comportamentos. Trinidade: EDITORA UFSC, 2006.

BRASIL. Lei nº 7.410, de 27 de novembro de 1985. Conselho Federal de engenharia,


Arquitetura e Agronomia. Seção 1, p. 17.421 Disponível em: https://bit.ly/37A8Yy8. Acesso
em: 7 out 2020.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Brasília, DF. Disponível em: https://bit.ly/37Gx34L.
Acesso em: 7 out 2020.

BRASIL. O que significa ter saúde? Saúde Brasil. 7 ago. 2020. Disponível em: https://bit.
ly/3auAMpA. Acesso em: 7 out 2020.

BITENCOURT, C. L.; QUELHAS, O. G. Histórico da evolução dos conseitos de segurança.


In: Anais do Encontro Nacional de engenharia de Produção, 18, 1998.

CICCO, F. F. HSAS 18001 x ISO 45001 - As 10 principais mudanças e tabela comparativa


completa. Disponível em: https://bit.ly/38iu0R2. Acesso em: 9 out 2020.

CONFEA. Código de ética profissional da engenharia, da agronomia, da geologia, da


geografia e da meteorologia. ÉTICA/CONFEA/CREA, 11. ed. 2019. Disponível em: https://bit.
ly/3nCHsFN. Acesso em: 13 out 2020.

DANDERFER, V. Intervalos Intrajornada e Interjornada: mudanças na reforma trabalhista.


Disponível em: https://bit.ly/37xMopO. Acesso em: 22 out 2020.
Introdução à Engenharia Referências
de Segurança do Trabalho

ENIT. NR 4 – Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do


trabalho. Disponível em: https://bit.ly/305hNvW. Acesso em: 2 out 2020.

FUTURA. Destino: Educação – Escolas Inovadoras. Disponível em: https://www.futura.org.


br/programacao/escolasinovadoras/. Acesso em: 7 out 2020.

GERMANO, A. SST e inovação tecnológica: o que você precisa saber sobre Segurança e
Saúde no Trabalho na Indústria 4.0. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3asnKIP. Acesso em:
17 dez 2020.

LAVAGNOLI, S. Indústria 4.0 – Evolução ou Revolução? 2018. Disponível em: https://


opencadd.com.br/9-pilares-da-industria-4-0/. Acesso em: 17 dez 2020.

NACARATO, R. Você sabe as diferenças entre intervalo intrajornada e


interjornada? Disponível em: https://bit.ly/34vHI1B. Acesso em: 22 out 2020.

POCHMANN, M. Capitalismo e desenvolvimento. In: Brasil sem industrialização: a herança


renunciada [online]. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016, pp. 16-64. Disponível em: https://bit.
ly/3mE9lvE. Acesso em: 22 out 2020.

QUALICAST. Principais mudanças da OHSAS 18001:2007 para ISO 45 001:2018. Brasil.


Disponível em: https://spoti.fi/37A96O8. Acesso em: 21
out. 2020.

VASAPOLLO, L. O conflito capital – trabalho na competição Global. In: Lutas Sociais. Núcleo
de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais/PUC/ SP, p. 133-142.

VIEIRA, E. B. Perspectiva do direito do trabalho no Brasil. Revista da Escola Nacional de


Inspeção do Trabalho, Ano 3, 173-199, jan. 2019. nnnn

Você também pode gostar