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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Informações Explícitas e Informações Implícitas, Pressupostos...


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INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS E INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS,


PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS

RELEMBRANDO
As informações da interpretação, nas entrelinhas do texto, não estão expressas de manei-
ra explícita. No entanto, o texto traz informações, palavras ou termos que permitem chegar
à determinada conclusão.

Informações Explícitas e Informações Implícitas

Na construção do texto, naturalmente o autor registra informações mediante as estruturas


ali apresentadas. Trata-se de informações explícitas, que estão nitidamente postas na super-
fície do texto. O reconhecimento de tais dados ocorre no processo de compreensão textual.
Por outro lado, é comum que também se apresentem informações implícitas, que se
encontram nas entrelinhas do texto. A identificação de tais ideias ocorre mediante a interpre-
tação textual.
Exemplo:

• Astolfo deixou de falar com o filho.


– Informação explícita (posto): Astolfo atualmente não fala com o filho.
– Informações implícitas (pressupostos): Astolfo falava com o filho e Astolfo é pai.
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Pressupostos

As informações implícitas são identificadas mediante a inferência, em vista da percepção


de pressupostos.
Os pressupostos são ideias não expressas, mas perceptíveis com base em certas pala-
vras ou expressões presentes na frase.
Exemplos:

• Sua primeira decepção na escola foi a falta de recursos.


– Pressuposto: houve outras decepções na escola.
– É possível chegar a essa conclusão devido ao emprego da palavra “primeira”.
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• Descoberto novo foco da dengue.


– Pressuposto: já tinha sido descoberto outro foco.
– É possível chegar a essa conclusão devido ao emprego da palavra “novo”.

• Até políticos da direita se colocaram contra a reforma proposta pelo governo.


– Pressuposto: outros políticos, além dos da direita, se colocaram contrários à reforma.
– Pressuposto: políticos da direita não costumam se colocar contrários a reformas pro-
postas pelo governo.
– É possível chegar a essas conclusões devido ao emprego da palavra “até”.
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• A chuva constante tornou-se um risco para a lavoura.


– Pressuposto: A chuva não representava, antes, risco para a lavoura.
– É possível chegar a essa conclusão devido ao emprego do verbo “tornou-se”, que
mostra que houve uma mudança.

Obs.: Outros verbos que indicam mudança ou permanência de estado são: começar (a),
continuar, converter-se, deixar (de), ficar, ganhar, parar (de), passar (a), perder, per-
manecer, principiar (a), transformar-se, vir a ser, virar etc.

• Muitos imaginam que o mundo acelerou com a chegada da internet.


– Pressuposto: para muitos, a chegada da internet acelerou o mundo; para o autor da
frase, não.
– É possível chegar a essa conclusão devido ao emprego do verbo “imaginam”, que
indica um ponto de vista.

Obs.: Outros verbos que indicam ponto de vista são: alegar, presumir, pretender, supor etc.
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• Os alunos, que estudaram, obtiveram sucesso.


– A oração “que estudaram” se trata de uma oração subordinada adjetiva explicativa.
Para a interpretação de textos, é importante observar o efeito que a pontuação gera
nesse tipo de oração. Por ser uma estrutura pontuada por vírgulas, essa oração é
também um acessório (o mesmo acontece com as orações subordinadas adver-
biais), que pode ser retirado para a facilitação da leitura. Dessa forma, conseguimos
chegar a um pressuposto.
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– Pressuposto: todos os alunos estudaram e, por isso, obtiveram sucesso.

• Os alunos que estudaram obtiveram sucesso.


– Com a retirada das vírgulas, altera-se a natureza sintática da oração (deixa de ser
explicativa e passa a ser restritiva) e também o seu sentido.
– Pressuposto: somente alguns alunos estudaram, em vista disso, nem todos os
alunos da escola obtiveram sucesso.

ATENÇÃO
Em questões de reescritura de textos, geralmente os examinadores sugerem a alteração
da pontuação das orações adjetivas. É importante observar com atenção o comando. Se a
questão sugerir a alteração da pontuação mantendo a correção gramatical, mantém-se a
correção gramatical, mas o sentido é alterado. O mesmo acontece com os adjetivos puros.

• O leão, feroz, escondeu-se na mata.


– O adjetivo “feroz” está pontuado por vírgulas e se trata de um acessório. Ele pode
ser desconsiderado na leitura.
– Pressuposto: trata-se de um só animal.
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• O leão feroz escondeu-se na mata.


– O adjetivo, quando não pontuado, altera o sentido da frase.
– Pressuposto: trata-se de ao menos dois leões e um deles escondeu-se na mata.

Subentendidos

Os subentendidos, por sua vez, são informações deduzidas subjetivamente pelo interlo-
cutor. Em vista disso, os subentendidos nem sempre são verdadeiros ou permitem chegar à
determinada conclusão. Muitas vezes são, inclusive, usados para induzir ao erro na resolu-
ção da questão.
Exemplos:

• Esposa: – A lâmpada da cozinha, assim como a da geladeira, queimou.

Marido: – Terei cuidado ao pegar a cerveja.


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– Pressuposto: as lâmpadas estavam funcionando antes.


– Subentendido: o marido entende que a esposa quer que ele tome cuidado em vista
de estar escuro na cozinha.

– Pressuposto: o marido deveria, para o médico e para a esposa, apresentar melhor


aparência.
– Subentendido: a esposa só suporta o marido por questões financeiras.

ATENÇÃO
Muitas vezes, os subentendidos estão logicamente associados à situação colocada pelo
texto, dentro daquele determinado contexto. No entanto, o texto não permite chegar, com
segurança, a essa conclusão.
No caso de o examinador apresentar um subentendido, normalmente ele será considerado
errado, para fins de prova.
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Os pressupostos, por sua vez, são válidos pois podem ser comprovados com elemen-
tos do texto.

DIRETO DO CONCURSO
A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se
aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações Fili-
pinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adultério.
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Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso de
punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de maior
qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África.
No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o homem era supe-
rior à mulher. O Código Civil de 1916 dava às mulheres casadas o status de “incapazes”. Elas
só podiam assinar contratos ou trabalhar fora de casa se tivessem a autorização expressa
do marido.
Há tempos, o direito de matar a mulher, previsto pelas Ordenações Filipinas, deixou de
valer. O machismo, porém, sobreviveu nos tribunais. O Código Penal de 1890 livrava da con-
denação quem matava “em estado de completa privação de sentidos”. O atual Código Penal,
de 1940, abrevia a pena dos criminosos que agem “sob o domínio de violenta emoção”. Os
“crimes passionais” – eufemismo para a covardia – encaixam-se à perfeição nessas situa-
ções. Em outra bem-sucedida tentativa de aliviar a responsabilidade do homem, os advoga-
dos inventaram o direito da “legítima defesa da honra”.
O machismo é uma praga histórica. Não se elimina da noite para o dia. A criação da Lei
Maria da Penha, em 2006, em que se previu punição para quem agride e mata mulheres, foi
um primeiro e audacioso passo. O segundo passo contra o machismo é a educação.
Ricardo Westin e Cintia Sasse. Dormindo com o inimigo. In: Jornal do Senado. Brasília, 4/
jul./2013, p. 4-5.
Internet: <www.senado.gov.br> (com adaptações).
30m

1. (CEBRASPE/CESPE) No primeiro período do segundo parágrafo, sobrepõem-se duas


informações: a de que, mesmo no Brasil República, as leis traduziram a visão machista
de superioridade masculina e a de que essa visão imperava antes dessa época.

COMENTÁRIO
Para encontrar a suposta sobreposição mencionada, analisa-se o primeiro período do se-
gundo parágrafo: “No Brasil República, as leis continuaram reproduzindo a ideia de que o
homem era superior à mulher”.
O trecho “a ideia de que o homem era superior à mulher”, remete à ideia de “visão machis-
ta e superioridade masculina”, mencionada pela questão. Essa informação está de modo
explícito no texto.
Já o verbo “continuaram” indica o pressuposto de que essa visão já imperava antes.
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2. (CEBRASPE/CESPE) Depreende-se do texto que os termos “peão” e “pessoa de


maior qualidade” fazem referência à classe social do marido traído e do amante, res-
pectivamente.

COMENTÁRIO
Analisa-se o trecho do texto que apresenta informações relacionadas à questão:
“A vida do Brasil colonial era regida pelas Ordenações Filipinas, um código legal que se
aplicava a Portugal e seus territórios ultramarinos. Com todas as letras, as Ordenações
Filipinas asseguravam ao marido o direito de matar a mulher caso a apanhasse em adul-
tério. Também podia matá-la por meramente suspeitar de traição. Previa-se um único caso
de punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher uma “pessoa de
maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África”.
Pelo emprego da expressão “pessoa de maior qualidade”, pode inferir-se que se trata de
uma pessoa de classe social elevada.

3. (CEBRASPE/CESPE) As expressões “em estado de completa privação de sentidos”,


“sob o domínio de violenta emoção” e “legítima defesa da honra” são identificadas, no
texto, como estratégias exploradas nos tribunais para aliviar a responsabilidade de ho-
mens que cometem crimes contra as mulheres.

COMENTÁRIO
Analisa-se o trecho do texto que apresenta informações relacionadas à questão:
Há tempos, o direito de matar a mulher, previsto pelas Ordenações Filipinas, deixou de
valer. O machismo, porém, sobreviveu nos tribunais. O Código Penal de 1890 livrava da
condenação quem matava “em estado de completa privação de sentidos”. O atual Código
Penal, de 1940, abrevia a pena dos criminosos que agem “sob o domínio de violenta emo-
ção. Os “crimes passionais” – eufemismo para a covardia – encaixam-se à perfeição nes-
sas situações. Em outra bem-sucedida tentativa de aliviar a responsabilidade do homem,
os advogados inventaram o direito da “legítima defesa da honra”.
Pelo trecho “O machismo, porém, sobreviveu nos tribunais”, entende-se que as artimanhas
mencionadas no enunciado da questão remetem ao machismo nos tribunais, que ainda se
fazia presente.
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GABARITO
1. C
2. C
3. C

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Wagner Alves de Sousa.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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