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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
ENGENHARIA MECÂNICA

ANDRÉ MOREIRA CORREA - 21.2.1258


CARLOS EDUARDO HILARIO SILVA - 20.2.1289
JEAN KARLOS CÂMARA - 20.2.1448
KAMILA DE FATIMA - 20.1.1054
MATHEUS HENRIQUE LOPES DOS SANTOS - 20.2.1427
THALES LEONARDO DOS SANTOS - 20.2.1032
VITÓRIA CRISTINA ALVES - 20.2.1324

Análise do potencial de geração de energia elétrica nos


oceanos para utilização no processo de eletrólise da
água para a produção de hidrogênio verde

Ouro Preto
2023

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................
2. OBJETIVOS....................................................................................................................................
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................................
3.1. Hidrogênio verde...................................................................................................................
3.1.1. Geração de hidrogênio verde por eletrólise da água................................................
3.2. Geração de energia offshore...............................................................................................
3.2.1. Energia eólica................................................................................................................
3.2.2. Energia das correntes marítimas................................................................................
3.3. Oceano de plástico...............................................................................................................
3.3.1. Métodos de remoção dos resíduos plásticos dos oceanos.....................................
3.3.2. Geração de energia à partir de resíduos plásticos....................................................
4. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................................................
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................................
6. CONCLUSÕES...............................................................................................................................
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, testemunhamos uma crescente conscientização sobre os


impactos devastadores que as atividades humanas têm causado ao meio ambiente.
O agravamento dos problemas ambientais, como as mudanças climáticas, a
poluição e a perda da biodiversidade, impõe uma urgência incontestável para a
busca de soluções inovadoras e sustentáveis. Diante desse cenário crítico, é
imperativo abordar a questão dos impactos ambientais, explorando alternativas que
promovam a transição para um futuro mais verde e equilibrado.

No epicentro dessa discussão encontra-se a necessidade premente de redefinir


nossa abordagem em relação à geração de energia. O uso intensivo de
combustíveis fósseis tem contribuído significativamente para a emissão de gases de
efeito estufa, exacerbando os desafios ambientais. Para enfrentar essa crise, é
essencial adotar fontes de energia sustentáveis e implementar práticas eficientes de
gestão energética.

Este trabalho propõe uma análise profunda do potencial de geração de energia


elétrica nos oceanos, com foco na produção de hidrogênio verde por meio do
processo de eletrólise da água. A escolha dos oceanos como fonte de energia
estratégica baseia-se na sua vastidão e capacidade de oferecer soluções
inovadoras para os desafios ambientais emergentes. Especificamente, pretendemos
avaliar a viabilidade da criação de uma plataforma no Oceano Pacífico, onde serão
exploradas duas fontes principais de energia: a energia eólica offshore e a geração
de energia pelo movimento das correntes marítimas.

Além da busca por fontes de energia renovável, este estudo também abordará a
crise do oceano de plástico, destacando seus impactos prejudiciais à biodiversidade
marinha. Propomos uma abordagem única para abordar esse problema,
considerando a queima controlada dos resíduos plásticos como uma fonte adicional
de energia. A energia gerada a partir da queima dos plásticos será direcionada para
o processo de eletrólise da água, contribuindo assim para a produção de hidrogênio
verde de maneira mais abrangente.

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Em síntese, este trabalho busca integrar diversas abordagens inovadoras para
enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. Ao explorar as vastas
possibilidades oferecidas pelos oceanos, tanto na geração de energia quanto na
gestão de resíduos plásticos, almejamos contribuir para a construção de um futuro
mais sustentável e resiliente.

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2. OBJETIVOS

Em primeiro lugar, busca-se realizar uma análise aprofundada da viabilidade da


criação de uma plataforma de geração de energia sustentável no Oceano Pacífico.
Isso envolverá a avaliação das condições oceanográficas, logísticas e técnicas
necessárias para implementar com sucesso uma estrutura offshore. Serão
examinadas as tecnologias disponíveis para a geração de energia eólica offshore,
bem como para a captura da energia proveniente do movimento das correntes
marítimas, com o objetivo de otimizar a produção de eletricidade.

Em segundo lugar, o projeto visa analisar a viabilidade da produção e uso ampliado


de hidrogênio verde. Será investigada a eficiência do processo de eletrólise da
água, utilizando a energia gerada pela plataforma offshore. Além disso, será
examinado o potencial de amplificação do uso de hidrogênio verde em setores-
chave, como transporte, indústria e geração de energia elétrica, considerando os
benefícios ambientais decorrentes da substituição de fontes convencionais.

Um terceiro objetivo consiste na avaliação da possibilidade de utilizar resíduos


plásticos como fonte adicional de energia para a plataforma. Será realizada uma
análise técnica e ambiental da queima controlada de resíduos plásticos,
considerando seus impactos e benefícios. A integração dessa prática no processo
de geração de energia será cuidadosamente examinada, incluindo considerações
sobre emissões de poluentes e gestão de resíduos resultantes.

Por fim, o projeto visa realizar uma avaliação abrangente do impacto ambiental
global. Isso incluirá uma análise detalhada dos efeitos positivos e negativos
associados à implementação da plataforma de geração de energia sustentável.
Serão considerados aspectos como biodiversidade marinha, ecossistemas
oceânicos e contribuição potencial para a redução da poluição causada pelos
resíduos plásticos no oceano. Todos esses objetivos visam fornecer uma base
teórica sólida para a proposta, sem a intenção de implementação prática no
momento.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Hidrogênio
Hidrogênio como alternativa de combustível para mobilidade

O hidrogênio é uma alternativa promissora como fonte de energia devido à sua


abundância e simplicidade. É o elemento mais leve e simples, consistindo apenas
de um próton em seu núcleo. O hidrogênio molecular (H2) é composto por dois
átomos ligados por uma ligação covalente, compartilhando seus elétrons. Possui um
alto poder calorífico de 119,96 MJ/kg, 2,75 vezes maior do que os hidrocarbonetos,
como a gasolina.

O hidrogênio geralmente é encontrado na forma gasosa, conhecida como gás H2,


sendo incolor e inodoro, com uma densidade de 0,0899 kg/N m³ a 0 °C e 0,1013
MPa, e um ponto de ebulição de 252,8 °C sob uma pressão de 0,1013 MPa. É
inflamável em concentrações de 4% a 75% de H2 por volume, e 1 grama de
hidrogênio ocupa cerca de 11 litros sob pressão atmosférica.

A obtenção de hidrogênio envolve processos físicos ou químicos para separá-lo e


usá-lo como fonte de energia na forma molecular (H2). Existem diferentes métodos
de obtenção, sendo os mais comuns classificados como "verde", "cinza", "azul" e
"turquesa". Cada método tem suas próprias características e implicações
ambientais. O hidrogênio verde é obtido a partir de fontes de energia renovável,
enquanto o hidrogênio cinza é produzido a partir de combustíveis fósseis com
captura de carbono. O hidrogênio azul envolve o uso de gás natural com captura de
carbono, e o hidrogênio turquesa é produzido a partir de processos termoquímicos
com baixas emissões de carbono. Esses métodos buscam tornar o hidrogênio uma
opção sustentável como fonte de energia no futuro.

• Hidrogênio verde, que é produzido com eletricidade a partir de fontes de energia


renováveis, como turbinas eólicas, e solares para melhorar a eletrólise da água, que
é a opção mais adequada porque é livre de emissões.

• Hidrogênio cinza, que é produzido pela reforma a vapor do gás metano fóssil com
emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.

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• Hidrogênio azul, cuja produção é baseada em combustíveis fósseis com captura,
uso e armazenamento de carbono (CCS, da expressão em inglês “carbon capture
and storage”). Também é chamado de gás livre de carbono ou de baixo carbono
com captura de carbono CCS.

• Hidrogênio turquesa, produzido a partir de gás fóssil com o emprego da tecnologia


de pirólise de metano, que gera também carbono sólido o qual é posteriormente
utilizado em outras aplicações ou armazenado em reservatórios subterrâneos.

3.1.1. Principais processos de geração de Hidrogênio

a) Reforma a vapor de CH4.

A reforma a vapor tem sido empregada como o principal processo para a produção
de hidrogênio e é responsável por 50% da sua produção mundial. A popularidade
desse processo pode ser atribuída à sua alta eficiência de conversão e relação
custo-benefício em comparação com os outros processos concorrentes (CHENA et
al., 2008). A Figura mostra uma configuração simples de um processo de reforma a
vapor.

Conforme ilustra a Figura 1, esse processo ocorre em 2 etapas principais, uma em


alta temperatura (reforma a vapor – steam reforming), na qual o combustível
(hidrocarboneto ou álcool) reage com vapor e é convertido em uma mistura gasosa
de H2, CO, CO2, hidrocarboneto ou álcool e vapor não reagido. A outra etapa
ocorre em menor temperatura, no reator shift (reação de deslocamento), e o CO
presente no gás síntese reage com H2O formando CO2 e H2 adicional.

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b) Gaseificação/Pirólise de Biomassa.

O processo de gaseificação em si vai muito além do que apenas a gaseificação no


gaseificador, como representado no fluxograma abaixo.

Figura 2 - Fluxograma do Processo de Gaseificação (Coral et al., 2009)

Como são diferentes tipos de gaseificadores e diferentes aplicações dos produtos


da gaseificação, são necessários processos de tratamento prévio da biomassa, que
são conhecidos como processos upstream, ou a montante, e processos para
purificação e separação dos produtos gerados, conhecidos como processos
downstream, ou à jusante.

Processo de Gaseificação

Ao ser alimentada ao gaseificador, a biomassa sofre uma série de processos de


conversão. Esses processos permitem separar diferentes zonas dentro do
gaseificador, como a secagem, a pirólise, a combustão e a redução. A localização
desses processos depende da geometria do gaseificador. A composição do syngas
produzido está intimamente relacionado à temperatura do gaseificador.

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Pirólise

A pirólise é um processo físico – químico no qual a biomassa é aquecida a


temperaturas entre (500°C – 800°C) em atmosfera não oxidante, dando lugar à
formação de um resíduo sólido rico em carbono (carvão) e uma fração volátil
composta de gases e vapores orgânicos condensáveis (licor pirolenhoso). Um dos
processos mais antigos de pirólise é a carbonização (pirólise lenta), o qual se
caracteriza pelo uso de baixas taxas de aquecimento com o objetivo de maximizar a
produção de carvão vegetal. Outro processo comumente realizado é chamado
destilação seca ou destrutiva, em que se empregam taxas de aquecimento maiores
e se procura maximizar a produção de líquidos.

Tabela 1 - Características das tecnologias de pirólise (Nogueira, 2003)

Além disso, a pirólise é uma tecnologia menos madura e, por isso, há menos
fabricantes de reatores de pirólise e um pequeno número de projetos de
demonstração, o que dificulta a sua aplicação e seu funcionamento a longo prazo
(Lora et al., 2012). Por conta dessas dificuldades, normalmente são preferíveis
processos de conversão alternativos, como a gaseificação e a combustão.

c) Eletrólise da Água (Energia renovável).

A eletrólise é a única rota aqui exposta que não faz uso de hidrocarbonetos ou de
moléculas com carbono para a produção de H2, e o investimento nesse segmento
tem aumentado mais em decorrência de não haver a emissão de nenhum gás do
efeito estufa, tais como CO ou CO2 ou outros óxidos como NOx e SO2. O
desenvolvimento dessa rota é a decomposição da água em hidrogênio e oxigênio
utilizando eletrólitos ácidos ou alcalinos que provocam a separação da molécula de

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água e a geração dos dois gases. Neste sentido os átomos de hidrogênio se
deslocam para o cátodo e o oxigênio para o ânodo. (VERAS, 2016).

Atualmente o processo já se encontra com níveis de eficiência próximos ao da


reforma a vapor, que é a rota mais difundida na produção de H2 e com valores
comerciais de instalação que já estão mais competitivos do que as rotas
convencionais (VELAZQUEZ, 2017 e BAYKARA, 2018). Porém, a necessidade de
unidades de purificação para obter água destilada (o que inclui a dessalinização,
descontaminação e desmineralização da água), e os custos relacionados a energia
elétrica necessária para gerar os gases a partir da água elevam os custos da rota
em até 3 vezes mais do que as rotas convencionais (VERAS, 2016; BAYKARA,
2018; LAMB, 2020). Entretanto, vale ressaltar que os custos no início da década de
2010 da eletrólise da água giravam em até 10 vezes mais do que a reforma a
vapor,e gradualmente a rota tem se tornado mais atrativa com os avanços de
pesquisas nessa área (VELAZQUEZ, 2017).

Figura 3 - Representação esquemática de uma célula eletrolítica

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A eletrólise da água pode ser desenvolvida em solução alcalina ou ácida, porém a
alcalina é mais favorável por evitar a dissociação dos íons H+ que dificultam a
formação de H2 (VERAS, 2016). No uso de soluções alcalinas, há dois eletrodos
metálicos e a solução aquosa pode conter KOH ou NaOH. Estudos apontam que
para melhor condutividade e eficiência na produção de H2 a proporção da solução
alcalina deve ser 40% m/m, e com temperaturas de operação entre 60-90°C. Com
essas condições a eficiência na produção pode girar em torno de 99.9% (LAMB,
2020). Deve-se levantar o questionamento das potenciais pegadas de carbono que
esta rota pode ter. Apesar de não gerar diretamente nenhum dos gases do efeito
estufa, é necessário um fluxo de elétrons para que ocorra a eletrólise. Se a energia
necessária para esse processo advir de fontes não-renováveis, a eletrólise
carregaria na sua produção a emissão desses gases de maneira secundária.
Todavia, alternativas já têm sido desenvolvidas para substituir essa possibilidade
através das energias hidrelétricas e eólica (KOTHARI, 2008).

Figura 4 - Representação de uma célula eletrolítica para produção de H2

11
Diferentes tipos de tecnologias de eletrólise disponíveis comercialmente

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A Figura apresenta os principais eletrolisadores utilizados na eletrólise da água para
produzir hidrogênio verde. Os eletrolisadores são operados sob diferentes
condições, como pressão e temperatura. Normalmente, os dispositivos PEM e AEL
operam em temperaturas moderadas (<80 ̊C e <220 ̊C, respectivamente), enquanto
os eletrolisadores de óxido sólido operam em temperaturas elevadas (>600 ̊ C)
(GALLANDAT et al, 2017, p. 36). A Tabela 2 apresenta os três principais tipos de
eletrolisadores e alguns parâmetros típicos de operação.

Eletrolisador alcalino (AEL)

Segundo Gallandat et al (2017), o eletrolisador alcalino representa uma tecnologia


muito madura, que é o padrão atual para eletrólise em larga escala. Os principais
componentes de um eletrolisador alcalino são o eletrólito, os eletrodos, o separador
e um recipiente.

Eletrolisadores alcalinos: têm um design simples de pilha e sistema e são


relativamente fáceis de fabricar. Atualmente, possuem áreas de eletrodos de até 3
metros quadrados (m²). eles operam com KOH altamente concentrado (tipicamente
57 mols de soluto por litro de solução [mol*L -1 ]) como eletrólito, diafragmas
robustos à base de ZrO2 e aço inoxidável revestido de níquel (Ni) para os eletrodos.
O portador de carga iônica é o íon hidroxila OH- , com KOH e água permeando a
estrutura porosa do diafragma para fornecer funcionalidade para a reação
eletroquímica. Isso permite a mistura dos gases produzidos (hidrogênio e oxigênio –

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H2 e O2) que são dissolvidos no eletrólito, limitando a faixa de operação de menor
potência e a capacidade de operar em níveis de pressão mais altos (IRENA, 2020).

Figura 5 - Ilustração esquemática de um eletrolisador de água alcalino

Figura 6 - Projeto de sistema típico e balanceamento de planta para um eletrolisador alcalino

Eletrolisador de membrana polimérica de troca de prótons (PEM)

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De acordo com IRENA (2020), os sistemas PEM são muito mais simples que os
alcalinos. Eles normalmente requerem o uso de bombas de circulação, trocadores
de calor, controle de pressão e monitoramento apenas no lado do ânodo (oxigênio).
No lado do cátodo, são necessários um separador de gás, um componente de
desoxigenação para remover o oxigênio restante (normalmente não necessário para
a pressão diferencial), um secador de gás é uma etapa final do compressor. A
Figura 7 contém uma representação esquemática de um eletrolisador PEM.

“A membrana cumpre dupla função, ela transporta as cargas iônicas (prótons


solvatados) e evita a mistura dos gases produzidos. O eletrólito sólido polimérico
utilizado é o Nafion® desenvolvido por E.I. DuPont Co. no final dos anos 1960. Esta
membrana apresenta boa estabilidade química, mecânica e térmica para a alta
condutividade de prótons. A célula desta tecnologia consiste em eletrodos
prensados contra a membrana polimérica, formando assim o conjunto eletrodo-
membrana eletrodo (MEA – Membrane Electrode Assembly). A desvantagem é que
apesar dos prótons móveis permanecerem confinados dentro da membrana, o
caráter ácido muito forte requer materiais com boa resistência à corrosão. Assim,
unicamente catalisadores de metais nobres (Pt, Ru, Pd) são utilizados, elevando os
custos da tecnologia (BALBUENA, 2021, p. 34).” Os sistemas de eletrólise
baseados em polymer electrolyte membrane ‐ PEM apresentam uma série de
vantagens em comparação com os eletrolisadores água‐ alcalinos tradicionais, entre
as quais a limpeza ecológica, características massa‐ volume consideravelmente
menores e custos de energia e, o que é muito importante, um alto grau de pureza
dos gases, uma oportunidade de obtenção de gases comprimidos diretamente na
instalação, o aumento do nível de segurança (SILVA, CONCEIÇÃO; FIGUEREDO,
2022, p. 3).

Figura 7 - Ilustração esquemática de um eletrolisador PEM

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Figura 8 - Projeto de sistema típico e balanceamento de planta para um eletrolisador PEM

Eletrolisador de membrana de troca aniônica (AEM)

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Conforme IRENA (2020), os eletrolisadores AEM têm conceitos de projeto de
sistema semelhantes aos dos eletrolisadores PEM. Devido à baixa maturidade desta
tecnologia, há informações limitadas sobre os desafios relacionados à operação de
alta pressão diferencial.

Nesta fase inicial, são esperadas melhorias na estabilidade mecânica das


membranas AEM, pureza do gás, sua capacidade de suportar altos diferenciais de
pressão e sua maior faixa de potência em comparação com a alcalina. Os
eletrolisadores AEM ainda estão limitados a uma faixa muito mais estreita de
entrada de energia em comparação com os eletrolisadores PEM. A limitação,
portanto, não está na pilha em si, mas no dimensionamento do balanço da usina. A
figura abaixo apresenta um sistema genérico de acordo com IRENA (2020).

Figura 9 - Projeto de sistema típico e balanceamento de planta para um eletrolisador AEM

Portanto, chegamos a conclusão que vamos utilizar o eletrolisador alcalino, que


possui uma tecnologia muito madura, que é o padrão atual para eletrólise em larga
escala.
3.2. Geração de energia offshore
A busca por fontes de energia renovável tem motivado avanços significativos na
exploração de recursos naturais, impulsionando a transição global para um futuro

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mais sustentável. Nesse contexto, a energia offshore emerge como uma alternativa
promissora, explorando os vastos recursos dos oceanos para gerar eletricidade de
maneira eficiente e com menor impacto ambiental.
A energia eólica offshore é uma das principais protagonistas desse cenário. Ao
contrário dos parques eólicos terrestres, as turbinas eólicas offshore são instaladas
em plataformas flutuantes ou fixas ao leito oceânico em águas profundas. Esta
modalidade oferece vantagens notáveis, como ventos mais constantes e de maior
velocidade, o que resulta em uma produção de energia mais estável e eficiente
quando comparada às instalações terrestres. O aumento da capacidade instalada e
a redução dos custos tornam a energia eólica offshore cada vez mais competitiva no
panorama energético global.
Dentre as regiões líderes na implementação da energia eólica offshore, a Europa
destaca-se, particularmente, com projetos no Mar do Norte e no Mar Báltico. Essas
instalações têm contribuído para a evolução tecnológica e aprimoramento da
eficiência das turbinas, consolidando a energia eólica offshore como uma peça
fundamental na matriz energética de países comprometidos com a
descarbonização.
Além da energia eólica, as correntes marítimas também oferecem um vasto
potencial para a geração de energia renovável. A exploração das correntes
oceânicas, por meio de turbinas subaquáticas e sistemas de conversão de energia
das correntes, se destaca como uma alternativa valiosa para diversificar as fontes
de energia limpa. Diferentemente da energia maremotriz, que aproveita o
movimento das marés, a energia das correntes marítimas é derivada do fluxo
contínuo das águas em determinadas regiões oceânicas.
A região do Havaí, por exemplo, é um potencial hotspot para a implementação de
plataformas de aproveitamento energético das correntes. Por serem constantes e
previsíveis ao redor das ilhas, oferecem um ambiente propício para a instalação de
tecnologias de conversão de energia. Além de fornecer eletricidade sustentável, tais
iniciativas podem desempenhar um papel crucial na mitigação da poluição marinha,
especialmente na área conhecida como ilha de lixo, contribuindo não só na fonte
renovável mas na preservação dos ecossistemas marinhos.
Portanto, a energia offshore, representada pela combinação de energia eólica e pelo
aproveitamento das correntes marítimas, emerge como um catalisador significativo
na transição para uma matriz energética mais sustentável. O desafio reside na
contínua inovação tecnológica, integração de políticas públicas e engajamento
comunitário para garantir que essas práticas se alinhem não apenas com as metas
ambientais, mas também com o desenvolvimento econômico sustentável. Nesse
sentido, a pesquisa contínua e a colaboração internacional são essenciais para
explorar plenamente o potencial dessas fontes de energia offshore e construir um
futuro mais verde e resiliente.
3.2.1. Energia eólica

Amplamente discutida, a energia eólica tem passado por constantes avanços e


aprimoramentos, influenciando significativamente tanto no cenário institucional
quanto no pessoal. Este renascimento, ou ressurgimento, considerando que em

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épocas anteriores eram utilizadas fontes motrizes como o vento, água e lenha,
ocorre em resposta à necessidade de garantir e preservar o meio ambiente,
buscando alcançar uma estabilidade e diversificação viáveis na matriz energética do
Brasil e no Mundo. Nesse contexto de evolução da energia eólica, destaca-se como
uma das fontes de energia renovável mais promissoras, proveniente de fontes
sustentáveis. Atualmente em uso em parques eólicos nos Estados Unidos e na
Europa, com alguns alcançando até 40 unidades por parque, essa tecnologia
também tem ganhado expressividade no Brasil. Em 2021, o país registrou um
recorde de expansão na capacidade instalada de energia elétrica a partir de fontes
eólicas, conforme dados do Governo Federal. As usinas eólicas agora representam
11% da matriz energética brasileira, totalizando aproximadamente 20 gigawatts de
potência instalada (Gov.br). Esse crescimento notável reflete não apenas o
comprometimento do Brasil com uma matriz energética mais sustentável, mas
também evidencia o papel cada vez mais crucial das energias renováveis em todo o
mundo.

Em sequência a energia eólica offshore, que envolve a produção de eletricidade a


partir da força dos ventos em áreas oceânicas, onde os ventos tendem a ser mais
consistentes e melhor direcionados, uma vez que obstáculos como montanhas são
inexistentes. Diante do panorama global, para as nações que ainda não dispõem de
uma matriz energética diversificada e enfrentam desafios significativos para
diversifica-la, é imperativo explorar novas abordagens e conceitos para suprir as
necessidades energéticas da população mundial, nos quais, a maioria dos países
não possuem fontes hídricas como o Brasil, e utilizam de combustíveis fósseis para
atender suas necessidades. Nesse contexto, a geração de energia em alto mar
representa uma significativa chance de ampliar e diversificar a parcela da geração
proveniente da força dos ventos. A energia eólica offshore, caracterizada como uma
fonte de energia renovável mais limpa e, frequentemente, mais eficiente do que a
energia eólica em ambientes terrestres, destaca-se como uma alternativa
promissora na busca por soluções sustentáveis. Ao realizar uma análise sequencial
desse contexto, a conclusão inevitável é que o mundo precisa confrontar e reduzir
sua dependência dos combustíveis fósseis. Essa necessidade é fundamentada na
percepção clara de que a vida útil dos combustíveis fósseis é limitada e, portanto,
não representam uma fonte inesgotável.

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Esta transição para utilização de energias renováveis não apenas evidencia a busca
por uma matriz energética mais sustentável, mas também ressalta a urgência de
explorar novas alternativas diante da finitude dos recursos tradicionais oferecendo
uma resposta ambientalmente consciente, e também apontada para uma
abordagem inovadora na superação dos desafios relacionados às mudanças
climáticas e à depleção dos recursos naturais. Ao adotar tecnologias mais limpas e
eficientes, o mundo pode avançar na direção de um futuro energético mais
equilibrado e ambientalmente responsável. A energia eólica offshore, portanto,
representa não apenas uma solução técnica, mas também um passo significativo
em direção à construção de um mundo mais sustentável e resiliente.

Em sequência desta análise, observa-se as mudanças climáticas advindas do


excesso de Carbono emitido pelas fontes de energia não renováveis. Como
comprovação, podemos destacar os danos climáticos recentemente observados ao
longo dos anos. Por exemplo, em 1927, as emissões de carbono resultantes da
queima de combustíveis fósseis com o avanço da industrialização atingiram 1 bilhão
de toneladas por ano (Fonte: BBC NEWS BRASIL, 2013). Isso ilustra o impacto
significativo da atividade humana no aumento das emissões de carbono e seus
efeitos no clima global. Essa sequência de mudanças ao longo do tempo tem
impactado adversamente as vidas humanas e os seus bens materiais e imateriais,
provocando tempestades, enchentes e secas em momentos que deveriam ser de
clima mais estável, resultando em instabilidade, e frequentemente relacionado a
conflitos militares, a instabilidade causada por escaladas de possíveis guerras,
certamente atingem a economia com menos investimentos e uma fuga de capital
dos países emergentes, como exemplos atuais, temos a guerra envolvendo a
Palestina, e em 2003 com invasões de países no intuito de obter posse de jazidas
de petróleo e assim abastecer economias com maior poder.

Ao examinar a representação visual da matriz energética apresentada na Fig. 10,


podemos confirmar a significativa dependência de combustíveis fósseis em 2004.
Essa evidência ressalta a noção de que, no século XXI, havia uma compreensão de
que os países tinham a necessidade de empreender esforços substanciais para
promover uma diversificação da matriz energética global (Jean Carlo Viterbo -
2008).

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Figura 10: Gráfico da matriz energética

Mesmo após um intervalo de 19 anos e uma redução na dependência de


combustíveis fósseis na matriz energética brasileira, ainda encontramos a
necessidade de incorporar energia OffShore. A antiga participação de 0,051%, de
acordo com a IEA e FGV ENERGIA, em janeiro de 2024 se eleva a 3,5%, o que, no
entanto, representa um aumento, embora não tão substancial junto a energia solar.

Figura 11: Consumo energético (BEN, 2023; total em 2022: 303 milhões de TEP - tonelada
equivalente de petróleo)

Turbinas Eólicas

A turbina eólica de três pás destaca-se como um exemplo de eficiência


aerodinâmica e estabilidade operacional na geração de energia renovável. Seu
design simples e equilibrado contribui para uma operação suave, minimizando

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vibrações e desgaste mecânico ao cortar o vento de maneira eficiente. Além disso,
a adaptabilidade a velocidades variáveis do vento é uma característica crucial,
permitindo que a turbina opere eficientemente em diversas condições climáticas. A
capacidade de gerar eletricidade de forma consistente, juntamente com a produção
reduzida de ruído, torna essa tecnologia atraente para aplicações em instalações
offshore. Com peso e custo muitas vezes mais favoráveis em comparação com
designs mais complexos,

Rotor: É composto por três lâminas que são fixadas ao cubo do rotor, formando a
parte mais externa da turbina. As pás são projetadas para capturar a máxima
quantidade de energia do vento, está ligado ao eixo da turbina, O hub, localizado no
centro do rotor, conecta as pás ao eixo da turbina, permitindo a transferência
eficiente da energia capturada.

Gerador: Tem como principal característica converter essa energia mecânica


rotacional em eletricidade. Para otimizar essa conversão, algumas turbinas eólicas
incorporam caixas de engrenagens, ajustando a velocidade do eixo para atender às
exigências de geração.

Sistema de controle: São equipados com sensores meteorológicos que monitoram


constantemente a velocidade e a direção do vento. Esse sistema ajusta
automaticamente a orientação das pás para garantir uma eficiência máxima em
diversas condições climáticas.

Torre: É uma estrutura robusta que suporta todo o conjunto, desempenha um papel
crucial ao elevar a turbina para altitudes onde os ventos são mais constantes e
vigorosos. Ancorada por uma fundação, que pode variar de concreto a estruturas
mais complexas dependendo das condições locais, a torre fornece estabilidade e
segurança.

Sistema de freio: São implementados para controlar a velocidade da turbina,


especialmente em condições de vento extremamente forte ou durante operações de
manutenção.

Sistema elétrico: Normalmente composto por transformadores, ajusta a voltagem


da eletricidade gerada antes de integrá-la à rede elétrica.

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As hélices de uma turbina eólica moderna podem ultrapassar os 100 metros de
comprimento. A Haliade-X da General Eletric, maior torre eólica em operação no
mundo, possui pás de 107 metros.

A Lei de Betz estabelece um limite teórico para a quantidade máxima de potência


que uma turbina eólica pode extrair do vento, independentemente de sua concepção
específica. Essa lei é derivada dos princípios fundamentais de conservação de
massa e dinâmica do fluxo de ar. Ela considera o vento como ele passa por um
"disco atuador", o qual extrai energia do fluxo de vento.

De acordo com a Lei de Betz, nenhum sistema de turbina eólica não pode captar
mais do que 59,3% da energia cinética do vento (BURTON et al., 2001). Esse valor
representa o máximo teórico de eficiência para a conversão de energia eólica em
eletricidade. É importante notar que a turbina não é capaz de extrair toda a energia
cinética presente no vento

A produção de uma turbina eólica depende principalmente da curva de potência,


velocidade do vento e frequência da velocidade do vento, como podemos ver na
figura.

Figura 12: Exemplo de comportamento de curva de potência, destaque para o ponto da velocidade
de início da geração (cut-in).

23
A evolução do tamanho das pás na energia eólica tem sido notável, impulsionando
significativamente a geração de energia renovável. Desde as turbinas mais
modestas, com pás de 17 metros, até as estruturas gigantescas que abrigam pás de
até 150 metros, a indústria testemunhou avanços extraordinários. Essas turbinas
têm capacidades de geração que variam de 350 kW a 20,000 kW, tornando-se
verdadeiras potências na produção de eletricidade. Com pás mais longas e
aerodinâmicas, as turbinas modernas são capazes de capturar mais eficientemente
a energia do vento em uma variedade de velocidades evidenciado na figura 3.2.6.

Em suma, a tecnologia dos sistemas de conversão de energia eólica atingiu um


estágio notável de maturidade. Os equipamentos são reconhecidos por sua
confiabilidade, com uma expectativa de vida útil de aproximadamente 20 anos e
taxas médias de disponibilidade em torno de 90%, destacando sua durabilidade. A
integração dos conversores eólicos, seja conectada diretamente aos grandes
sistemas de energia elétrica ou em paralelo com sistemas em locais remotos,
mostra uma trajetória promissora e consistente, conforme evidenciado pelo gráfico
que destaca a significativa produção de energia proveniente dos ventos.
Figura 13: Energia eólica ao longo dos anos.

Plataformas Eólicas Flutuantes

24
As turbinas eólicas offshore são mais propensas a instabilidades do que as
terrestres, devido às interações hidrodinâmicas adicionais que ocorrem na base da
plataforma, influenciadas pelas correntes oceânicas e ondas superficiais. Os graus
de liberdade das plataformas flutuantes usadas como suporte para as estruturas
eólicas seguem os princípios derivados das indústrias de petróleo e engenharia
naval. Assim, temos três graus de liberdade de translação: Surge, Sway e Heave,
que representam os movimentos de translação ao longo dos eixos x, y e z,
respectivamente. Além disso, existem três graus de liberdade de rotação: Roll, Pitch
e Yaw, que representam as rotações em torno dos eixos x, y e z, respectivamente.
Ao observar a Figura 1.18, é possível notar que a origem do sistema de
coordenadas está localizada no centro de gravidade da plataforma no plano xy, e a
coordenada z = 0 coincide com a superfície do mar calmo (SWL - Still Water Level).

Durante as análises realizadas ao longo deste estudo, assumimos que o vento, as


ondas e a corrente estão alinhados com o eixo x, propagando-se no sentido positivo
desse eixo. A exceção a essa regra ocorre apenas nos casos em que, por
imposição, a plataforma flutuante deve proporcionar flutuabilidade suficiente para
suportar o peso da torre e da turbina eólica. Além disso, é crucial garantir que os
movimentos da plataforma, especialmente em pitch, roll e heave, sejam restritos aos
limites considerados aceitáveis. Para minimizar as excitações da estrutura, os
projetistas envolvidos devem esforçar-se para afastar a frequência natural da
estrutura da faixa de frequências das ondas o máximo possível. Além disso, é
comum na indústria naval realizar estudos de Response Amplitude Operators -
RAO2 para minimizar os deslocamentos das plataformas.

25
Tipos de Plataformas Flutuantes

As diversas configurações de plataformas flutuantes podem apresentar


consideráveis variações, conforme ilustrado na Figura 1.19. Em geral, a seleção do
design da plataforma é frequentemente influenciada pela capacidade da mesma em
manter o equilíbrio estático ressaltando as seguintes:

Figura 14: Quatro modelos de aquisição e fundamentação de estabilidade estática de plataformas


flutuantes. Spar-Buoy, TLP, Barge Semi-S.

Spar: Neste modelo, a ênfase recai em posicionar a maior parte do peso no ponto
mais baixo possível para proporcionar estabilidade. Por exemplo, ao considerar um

26
cilindro oco e impermeável lançado na água, sua flutuabilidade ocorre se a relação
entre a altura e a superfície da base for suficiente para que o volume de água
deslocado compense seu peso. Entretanto, se o cilindro for homogêneo, ele não
manterá estabilidade flutuando verticalmente, inclinando-se para flutuar
horizontalmente. Para corrigir isso, o cilindro é dotado de uma quantidade
significativa de massa na extremidade oposta àquela onde a turbina é instalada,
visando manter sua verticalidade. Em resumo, a geometria do cilindro determina a
flutuabilidade, enquanto a estabilidade é influenciada pelo peso concentrado no
ponto mais baixo. À medida que as turbinas crescem em tamanho, isso resulta em
cilindros bastante longos para compensar os pesos, tornando essa solução
desafiadora em termos de fabricação, transporte e instalação.

Tensioned Legs Platform (TLP): O conceito mais inovador e, atualmente, o


mais tecnicamente desafiador envolve uma abordagem em que a plataforma não
mantém flutuação verdadeira após a instalação da turbina. O objetivo é reduzir as
dimensões para diminuir os custos de fabricação. A geometria estelar, composta por
três, quatro ou cinco braços, reduz os volumes de cada braço de maneira a permitir
que a plataforma flutue sem carga, ou seja, antes da instalação da turbina eólica.
Antes do processo de instalação, para evitar rotações conforme o centro de
gravidade se desloca, flutuadores temporários e reutilizáveis são fixados à
plataforma TLP. Isso possibilita o reboque até o local de ancoragem offshore. Ao
chegar lá, cabos ou tensionadores de aço são conectados, e os flutuadores
temporários são desconectados para serem reutilizados na próxima plataforma TLP
a ser instalada.

Barge (Barcaça, em portugués): A concepção é análoga à de um barco em


termos de dimensões. Em outras palavras, as dimensões da viga e do comprimento
(comprimento e largura) são significativamente maiores do que a dimensão vertical
(altura). A plataforma flutuante possui uma considerável área de superfície em
contato com a água, o que proporciona estabilidade. Similarmente aos navios, são
projetados para se movimentar e evitar excessivas tensões na estrutura. Para
mitigar esses movimentos, a plataforma é comumente equipada com placas de
alheta, superfícies localizadas abaixo da linha d'água.

27
Semi-submersible (Semissubmersível, em portugués): Este projeto busca
minimizar a área de superfície exposta à água, priorizando simultaneamente a
maximização do volume, o qual efetivamente desloca a massa de água e
proporciona flutuabilidade. Geometricamente, uma esfera seria a forma ideal (com o
máximo de volume e a menor superfície), mas devido à impraticabilidade de
fabricação, os volumes que oferecem flutuabilidade são subdivididos em vários
cilindros verticais (ou paralelepípedos). Esses elementos são conectados por vigas
e escoras, formando uma estrutura sobre a qual a turbina pode ser instalada. A
estabilidade do conjunto é determinada pelo tamanho dos cilindros e pela distância
entre eles.

Observa-se que em todas fundações usa-se a ancoragem por meio de uma


estrutura, podendo variar seus materiais junto a diferentes tipos de cabos de
ancoragem que gera fixação e busca garantir estabilidade estática. Os tipos de
cabos de ancoragem podem ser de ancoragem em catenária (catenary mooring),
com cabos tracionados (taut-leg mooring) e com ancoragem vertical (vertical tension
leg mooring).

Imagem 1 - Catenária/Tracionada Imagem 2 - Vertical

28
Cabos de Ancoragem em Catenária: Os cabos de ancoragem em catenária, como
representados na Figura 1 acima, caracterizam-se por permitirem maiores
deslocamentos da plataforma. Em geral, a tensão vertical nos cabos é inadequada
para manter a estabilidade da plataforma, especialmente evitando movimentos de
pitch e roll. Esta questão torna-se mais crítica no caso de turbinas eólicas, onde o
peso e as forças horizontais estão significativamente acima do centro de flutuação.
Portanto, é necessário adicionar lastro abaixo do centro de flutuação para garantir a
estabilidade. Devido às baixas tensões verticais típicas desse tipo de solução, uma
parte maior da plataforma flutuante fica acima da linha d'água, sujeita a maiores
cargas das ondas. Além disso, o fato dos cabos arrastarem-se pelo solo por vários
metros pode resultar em congestionamento com as linhas de ancoragem de
plataformas próximas e interferência em atividades submarinas, transformando
assim uma potencial vantagem em desvantagem. Portanto, a utilização desse tipo
de ancoragem deve ser cuidadosamente avaliada.

Sistemas de Ancoragem Tracionados: Os cabos de ancoragem tracionados são


preferíveis em maiores profundidades, pois, ao formarem geralmente um ângulo de
45 graus com o solo, exigem um comprimento de cabo menor da plataforma à
fundação. Além disso, a área circundante influenciada pelos cabos é
consideravelmente reduzida, como ilustrado na Figura 2, minimizando assim a
interferência com o ambiente circundante. Comparativamente à solução em
catenária, sua principal desvantagem reside no fato de estarem constantemente
tracionados e exercerem valores de tração mais elevados, o que resulta em
esforços consideravelmente maiores transmitidos às fundações. Isso, por sua vez,
leva à necessidade de fundações mais complexas e dispendiosas. A ancoragem
vertical, que utiliza comprimentos de cabos menores, oferece menor interferência no
ambiente circundante. Plataformas que adotam ancoragens verticais beneficiam-se
de um maior volume de plataforma submersa, abaixo da linha d'água, minimizando
os efeitos das ondas incidentes e mantendo a plataforma bastante estável. No
entanto, essa abordagem apresenta desafios adicionais, como maior complexidade
no cálculo e na instalação.

29
3.2.2. Energia das Correntes Marítimas
Correntes Marítimas e a Ilha de Lixo no Pacífico

Para compreender e projetar um sistema de aproveitamento energético dos


oceanos faz-se necessário o entendimento dos fenômenos existentes no mar,
dentre eles, as correntes oceânicas ou marítimas, capazes de transportar e
acumular lixo em regiões do oceano.

Em função de suas características térmicas, as correntes marítimas exercem


influência sobre o clima de uma região, provocando elevação ou queda de
temperaturas. Além disso, podem contribuir na formação das precipitações e
nevoeiros, influenciando no deslocamento de icebergs e na distribuição dos animais
marinhos sensíveis à temperatura. É responsável também no transporte de
sedimentos e têm importante papel na configuração dos contornos dos litorais.

Entre as correntes marinhas conhecidas destacam-se a corrente das Guianas, a


corrente fria das ilhas Malvinas e as correntes quentes Equatorial do Norte e
Equatorial do Sul, além da corrente do Japão, a corrente do Pacífico Norte e a
corrente El Niño.

Figura 15:: Circulação superficial oceânica global. Setas azuis representam correntes frias,
vermelhas representam correntes quentes e as regiões roxas são as áreas de encontro entre
correntes frias e quentes.

30
As correntes marítimas são capazes de movimentar grandes fluxos no oceano e
desempenham um papel na distribuição e acúmulo de resíduos plásticos. A
Corrente Norte do Pacífico e a Corrente Equatorial do Norte são dois sistemas de
correntes que contribuem significativamente para a concentração desses resíduos.
Os movimentos rotativos e circulares dessas correntes contribuem para a formação
dos vórtices, capturando e retendo lixo em seu interior, influenciando em um
ambiente propício para o acúmulo e formação de grandes aglomerados de resíduos
plásticos na superfície do oceano, caracterizando a Ilha de Plástico do Pacífico
(Lebreton et al., 2018) constituída por vários desses vórtices, sendo o mais notório o
Grande Giro do Pacífico Norte, formado pela convergência das correntes oceânicas,
concentrando detritos flutuantes, especialmente os plásticos.

Figura 16: Movimentação oceânica e a aglomeração de detritos que formam duas grandes ilhas,
localizadas entre o Japão, Canadá e Estados Unidos.

31
Vórtice de Lixo do Pacífico

O "vórtice de lixo do Pacífico", descoberto por Charles Moore em 1997, é uma


grande concentração de detritos plásticos que afeta significativamente a vida
marinha. Partículas de plástico na região são seis vezes mais numerosas que o
plâncton, resultando em problemas de contaminação para os peixes. O Projeto
Kaisei lançou uma expedição para recolher 40 toneladas de lixo, buscando também
converter o material em combustível para soluções sustentáveis. O sucesso dessa
iniciativa pode influenciar futuras ações de limpeza em outros pontos críticos nos
oceanos. A problemática exige esforços globais, destacando a importância da
remoção prática e reutilização do lixo, com colaboração internacional e
conscientização pública essenciais para preservar os ecossistemas marinhos para
as futuras gerações.

Aproveitamento de Energia Cinética para Plataforma Offshore

A energia das marés é utilizada desde meados dos séculos X no continente europeu
para o movimento de moinhos para o processamento da produção agrícola. No
entanto, foi no século XX que iniciaram-se os estudos para sua viabilidade, visando
uma produção energética em larga escala. Esses estudos foram conduzidos nos
Estados Unidos e no Canadá entre as décadas de 1920 e 1970.

32
Em 1961 uma barragem de aproximadamente 700 metros de extensão começou a
ser construída no estuário do rio Rance, no litoral de Saint-Malo, situada na região
da Bretanha, no norte da França. As obras foram finalizadas cinco anos mais tarde,
e a usina foi aberta em 26 de novembro de 1966. Desse modo, a Usina de La
Rance foi a primeira usina maremotriz do mundo, estando ainda em operação. Ela
gera eletricidade por meio de 24 turbinas, com potencial de 240 MW.

Atualmente, com as crescentes buscas por ofertas mais vantajosas com menor
custo e maior eficiência visando também a diminuição do uso de fontes de energia
associadas a combustíveis fósseis, a aplicação de métodos para a produção de
energia limpa e renovável vem cada vez mais ganhando espaço em discussões
sobre o setor energético mundial. Atualmente, existem diversos métodos de
produção de energia limpa como, por exemplo, as usinas hidrelétricas, eólicas,
captação de energia solar e também produção por meio de usinas maremotrizes.

As correntes marítimas crescem como forma de gerar energia elétrica por meio do
aproveitamento da energia cinética associada ao movimento da água (UNICAMP,
2012). Dentre as principais fontes de energia presente nos oceanos tem-se a
energia maremotriz, como o próprio nome diz, proveniente das marés, e a energia
das correntes, obtidas através das correntes oceânicas. Nas correntes oceânicas a
energia cinética contida na água faz com que as turbinas instaladas no sistema
possam gerar energia elétrica.
Um dos principais sistemas de captação de energia cinética é através de terminais,
utilizando-se de estruturas metálicas construídas onshore (em terra), nearshore
(próximo à terra) ou offshore (distante da terra, em alto mar). Nesse sistema,
compreende-se uma base perpendicular ao solo ou ao mar que apresenta em seu
interior uma coluna de ar que aplica compressão e despressurização, o que faz a
subida e descida do ar. Esses movimentos são causados pela vinda e recuo das
ondas dentro da estrutura, gerando energia elétrica. Por se tratar de um movimento
contínuo e direcional das massas de água, a energia cinética é associada ao fluxo
das correntes marinhas, diferentemente de uma instalação maremotriz que está
ligada ao movimento ascendente e descendente das marés.

Equipamentos para Conversão de Energia

Os equipamentos destinados à conversão de energia são uma das principais


parcelas que compõem o custo total de uma usina que utiliza as correntes. Os

33
dispositivos utilizados para essa finalidade são geralmente classificados como
turbinas de corrente ou turbinas subaquáticas. Abaixo alguns dos principais
equipamentos empregados:

Turbinas de Corrente: São semelhantes às turbinas eólicas, mas são projetadas


para operar sob a água. Elas capturam a energia cinética das correntes marítimas,
convertendo-a em energia elétrica. À medida que a água flui sobre as pás da
turbina, ela provoca a rotação das lâminas. A rotação é então transferida para um
gerador elétrico acoplado à turbina, onde a energia mecânica é convertida em
eletricidade.

Diferentes abordagens para converter a energia cinética das correntes marítimas


em eletricidade são exploradas, dependendo das condições locais e preferências
tecnológicas. Apesar de grande parte do potencial energético oceânico permanecer
inexplorado, avanços em equipamentos mecânicos reduzem custos, viabilizando a
exploração de locais com queda muito baixa. A implementação de uma plataforma
de aproveitamento energético no mar do Havaí, especialmente na região da Ilha de
Lixo, é considerada viável devido às correntes consistentes e ao potencial
energético. A localização estratégica, onde diferentes correntes convergem,
aumenta a eficiência na captura de energia. Além disso, a região é conhecida por
altos níveis de poluição, tornando a plataforma uma solução sustentável ao limpar
resíduos marinhos. No entanto, avaliações ambientais, econômicas e sociais são
cruciais antes da implementação, garantindo sustentabilidade e considerando
impactos adversos. A colaboração internacional e a preservação do ecossistema
são essenciais para o sucesso do empreendimento.

34
Estrutura e Operação das Turbinas de Correntes Marítimas

As turbinas de correntes marítimas são estruturas projetadas para gerar energia a


partir do movimento das correntes marítimas, também conhecidas como correntes
marinhas. A movimentação da massa de água desloca as pás das turbinas,
retirando-as do estado de inércia por meio da transferência de energia cinética. O
deslocamento das correntes pode variar devido a fenômenos físicos como a
influência gravitacional da Lua e do Sol nos mares. Além disso, mudanças podem
ocorrer devido a interferências no leito marinho, resultando em quedas d'água (over
falls) ou movimentos repentinos de subida e descida das correntes (upwelling and
downwelling).

Assim, é possível analisar o comportamento das correntes em termos de


desenvolvimento do campo de escoamento e variação de seus parâmetros. Os
parâmetros de velocidade e o tipo de escoamento são de interesse, classificando-se
em uma escala que varia de velocidades baixas (e os escoamentos associados) até
faixas de velocidades altas, acompanhadas pelos tipos de escoamento
correspondentes.

Figura 17: Classificação das velocidades das correntes marinhas.

Figura 18: Classificação dos escoamentos.

35
Para compreender melhor o funcionamento das turbinas de correntes marítimas,
podemos dividir sua estrutura em quatro componentes fundamentais: rotor, caixa de
velocidade, gerador e sistema de suporte. O rotor, destinado a extrair energia do
escoamento das correntes, é classificado com base na orientação de seu eixo, que
pode ser horizontal ou vertical. A caixa de velocidade, o segundo componente,
amplifica a velocidade de rotação do rotor e é caracterizada por um sistema de
engrenagens planetárias ou um sistema hidráulico. O gerador, o terceiro
componente, pode ser de indução ou de ímã permanente e converte a energia
cinética rotacional em energia elétrica. Por fim, o sistema de suporte, responsável
por alicerçar a turbina no solo marinho, pode ser classificado como fixo ou flutuante,
dependendo da natureza da estrutura de suporte.

O suporte fixo utiliza estruturas rígidas fixadas ao solo, como blocos maciços de
concreto ou aço (estruturas gravitacionais) e estruturas de pilares, fixadas ao
substrato por cravação ou perfuração de hastes. Por outro lado, os sistemas móveis
ou flutuantes utilizam ancoragem por cabos fixados ao solo para garantir a
estabilidade da geração de energia, proporcionando maior mobilidade.

Figura 19: – Sistemas estruturais de fixação de turbinas de correntes marítimas.

A tecnologia das turbinas de correntes marítimas têm recebido crescente atenção


nas últimas décadas, impulsionada pela necessidade de explorar alternativas
renováveis na matriz hídrica. Diversos projetos e modelos têm sido estudados e
implementados, especialmente na costa noroeste da Europa, no Mar do Norte e
seus limites com o Oceano Atlântico. Países como Inglaterra, Irlanda do Norte,
Noruega e França são pioneiros nessa pesquisa.

36
Em termos de funcionamento, as turbinas de correntes marítimas compartilham
semelhanças, com algumas ressalvas, com as turbinas eólicas. Alguns modelos
apresentam grande semelhança com turbinas eólicas projetadas para gerar energia
a partir do vento. O processo de conversão de energia é análogo: o rotor é
movimentado pelo escoamento do fluido, a caixa de velocidade amplifica a rotação
do rotor, o gerador converte a energia rotacional em elétrica, e a energia é
transmitida à costa por meio de cabos no solo marinho.

Comparativamente às turbinas eólicas, as turbinas de correntes marítimas oferecem


vantagens, como menor impacto em termos de poluição sonora e visual durante sua
vida útil. Além disso, a densidade da água marinha, aproximadamente oitocentas
vezes maior que a do ar, implica que uma turbina de corrente marítima
dimensionada adequadamente pode ter um diâmetro de rotor cerca da metade de
uma turbina eólica, considerando a mesma potência nominal. A previsibilidade dos
parâmetros das correntes marítimas, como velocidade e direção, também é maior
em comparação com os ventos.

Tipos de Turbina

As turbinas destinadas ao aproveitamento de energia a partir de correntes marítimas


apresentam variações, principalmente, relacionadas à orientação do eixo. Em sua
maioria, as aplicações concentram-se nas turbinas de eixo horizontal, sendo este o
formato mais comumente adotado. Contudo, também estão presentes as turbinas
de eixo vertical, aquelas baseadas no princípio do hidrofólio e as que exploram o
Efeito Venturi. Algumas concepções mais específicas têm sido objeto de estudo,
como a "pipa de correntes", em que a turbina flutua, assemelhando-se ao
funcionamento de uma pipa no ar, e um sistema conhecido como "parafuso de
Arquimedes", que, em formato de um parafuso, gera energia pelo movimento das
correntes ao seu redor.

Entre os tipos de turbinas para correntes marítimas, as de eixo horizontal são as


mais difundidas nos estudos e nos dispositivos já implementados. Caracterizam-se
pelo posicionamento do eixo na horizontal, alinhado paralelamente ao fluxo das
correntes marítimas. Sua semelhança com as turbinas eólicas é notável.

37
Outro exemplo é o das turbinas de eixo vertical, em que o eixo encontra-se na
posição vertical, perpendicular ao fluxo das correntes. Apesar de menos numerosas
em comparação com as turbinas de eixo horizontal, também têm sido bem
difundidas.

Os hidrofólios representam outra abordagem para turbinas de correntes marítimas.


Compostos por peças que possuem perfis hidrodinamicamente eficientes,
conhecidos como hidrofólios, eles são acoplados a hastes fixadas à estrutura de
suporte. O movimento ascendente e descendente dessas peças, causado pelo fluxo
das massas de água, gera energia cinética, permitindo o aproveitamento energético.
Os hidrofólios podem apresentar configurações simples, com uma única peça, ou
estruturas mais complexas com conjuntos de duas ou mais peças.

Além dessas abordagens, são estudados dispositivos baseados no Efeito Venturi.


Nesses casos, o fluido é direcionado para o interior de um duto de diâmetro variável,
visando aumentar a velocidade e, consequentemente, diminuir a pressão. Este fluxo
direcionado para o interior do duto, onde estão localizados o rotor e as pás da
turbina, movimenta-se a uma velocidade superior ao fluxo externo, buscando
otimizar o aproveitamento energético.

Parâmetros de Influência Ambiental

A escolha do tipo de turbina e de cada um de seus componentes é condicionada por


vários parâmetros que tornam sua definição mais complexa. O fluxo das correntes,
as características do solo local e as condições geográficas têm uma influência
significativa no processo de seleção da configuração desejada.

Quanto ao fluxo, o parâmetro inicial a ser considerado é a velocidade das correntes.


Conforme mencionado anteriormente, velocidades superiores a 2,5 m/s são mais
favoráveis para a exploração energética, enquanto valores inferiores tornam a
produção de energia menos competitiva. Ademais, as condições de fluxo local, seja
laminar ou turbulento, têm implicações diversas no dimensionamento das turbinas.
Esses comportamentos podem induzir vibrações e esforços excessivos na estrutura,
exigindo antecipação desses efeitos. No entanto, é importante destacar que, em
alguns locais, os dados para definir esses parâmetros são escassos ou imprecisos,
podendo ser necessário realizar estudos específicos para sua obtenção, o que pode
aumentar os custos do projeto.

38
Vibrações induzidas pelo fluxo, como o efeito Flutter, podem resultar em altas
frequências e vibrações prejudiciais à estrutura e à fundação das turbinas, bem
como amplitudes indesejáveis em sistemas móveis de ancoragem.

As informações sobre o leito marinho também são cruciais. Dados batimétricos,


incluindo a profundidade local, o tipo de solo e a topografia local, são amplamente
utilizados. A altura da camada d'água, determinada pela profundidade, influencia
diretamente a geometria do dispositivo. Locais rasos exigirão estruturas mais
compactas, posicionadas sobre bases fixas para restringir sua mobilidade e evitar o
contato das pás da turbina com o solo. Geralmente, locais considerados rasos estão
na faixa de 0 a 20 metros de profundidade.

O tipo de solo condiciona a escolha das fundações e a geometria do equipamento.


Solos granulares são propícios à cravação de estacas, enquanto solos rochosos
podem demandar abordagens diferentes. Além disso, o tipo de solo deve ser
avaliado para determinar a necessidade de preparação da fundação, como a
colocação de lastro de brita. A batimetria também fornece dados sobre o perfil do
leito marinho, e locais acidentados ou com elevadas inclinações podem limitar o uso
de fundações por gravidade, enquanto áreas com formação de lagos oceânicos
podem ser mais favoráveis à exploração de energia.

A exposição ao vento também é um fator a ser avaliado na escolha dos dispositivos.


A energia transferida ao longo da pista de vento, conhecida como Fetch, influencia a
formação de ondas e pode resultar em efeitos hidrodinâmicos inesperados nas
turbinas, dependendo de sua posição em relação à superfície. A formação de ondas
influencia não apenas a operação das turbinas, mas também sua instalação,
manutenção e desmontagem. A variação das janelas de ondas condiciona o período
em que essas atividades podem ser realizadas, afetando o planejamento
operacional.

Outros aspectos locais, como a proximidade de estuários, podem impor restrições


de profundidade e fluxo, influenciando as opções de geometria e materiais a serem
aplicados. A interferência com o calado de embarcações que trafegam na região
também deve ser considerada. Em áreas de mar aberto, as restrições de altura

39
relacionam-se à dificuldade de instalação dos dispositivos e fundações, bem como à
complexidade aumentada das operações de instalação.

A variação entre a maré mais baixa e a profundidade do local pode impactar o


design da turbina. A chamada maré de sizígia, que corresponde ao nível mais baixo
que a superfície da água atinge em um local específico, cria uma altura crítica de
operação. A proximidade com a costa pode influenciar significativamente esse fator,
embora para profundidades médias a altas, isso tenha menos aplicação.

3.3. Oceano de plástico

A Grande Mancha de Lixo do Pacífico (GMLP) é um dos maiores problemas de


poluição marinha enfrentados pelo mundo atualmente. Localizada a meio caminho
entre o Havaí e a Califórnia, é a maior das cinco zonas offshore de acumulação de
plástico nos oceanos globais.

A cada ano, uma estimativa alarmante entre 1,15 e 2,41 milhões de toneladas de
plástico invadem os oceanos através dos rios. Mais da metade desse plástico tem
densidade inferior à água, o que significa que não afunda, mas flutua na superfície.
Esses plásticos flutuantes, especialmente os mais resistentes, demonstram uma
notável resiliência no ambiente marinho, o que permite que sejam transportados por
longas distâncias através das correntes convergentes, finalmente acumulando-se na
Grande Mancha de Lixo do Pacífico.

Esta mancha, que abrange uma área estimada de 1,6 milhões de quilômetros
quadrados, é aproximadamente duas vezes maior que o estado do Texas ou três
vezes maior que a França. Para calcular sua extensão, uma equipe de cientistas
conduziu um estudo abrangente, empregando uma frota de 30 barcos, 652 redes de
superfície e realizando voos sobre a área para coletar imagens aéreas dos
destroços.

40
Devido às variações sazonais e interanuais das correntes e ventos, a localização e
a forma da GMLP estão em constante mudança. Durante o estudo, foram
identificados mais de 1,8 trilhão de pedaços de plástico na mancha, totalizando
cerca de 100 mil toneladas. Esses números superam em muito as estimativas
anteriores, destacando a escala e a urgência do problema.

A densidade populacional de plástico na Grande Mancha de Lixo do Pacífico é


alarmante. Calcula-se que 1,8 bilhão de pedaços de plástico flutuem na área, o que
equivale a aproximadamente 250 peças de detritos por pessoa no mundo.

O impacto da poluição plástica na vida marinha é devastador. Animais marinhos


confundem o plástico com alimentos, sofrem emaranhamento em redes de pesca
abandonadas e ficam expostos a produtos químicos tóxicos presentes no plástico.
Estima-se que até 84% dos plásticos na GMLP contenham pelo menos um produto
químico tóxico, representando uma ameaça para a saúde e a sobrevivência das
espécies marinhas.

Além disso, a presença de plástico na cadeia alimentar marinha também apresenta


riscos para os seres humanos. A bioacumulação desses produtos químicos pode
resultar em efeitos adversos na saúde humana.

Do ponto de vista econômico, a poluição plástica marinha impõe custos


significativos, estimados entre 6 e 19 bilhões de dólares anualmente, decorrentes de
impactos no turismo, pesca e aquicultura, além dos custos de limpeza.

Diante desse cenário, fica evidente a necessidade urgente de abordagens eficazes


para mitigar a poluição plástica nos oceanos e proteger os ecossistemas marinhos e
a saúde humana. A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é um lembrete vívido do
impacto devastador das atividades humanas no meio ambiente e da urgência de
ações coletivas para enfrentar esse desafio global.

Além disso, os plásticos dentro da mancha foram categorizados em quatro classes


de tamanho: microplásticos (0,05 – 0,5 cm), mesoplásticos (0,5 – 5 cm),
macroplásticos (5 – 50 cm) e megaplásticos (acima de 50 cm). A maioria dos
detritos na mancha consiste em objetos maiores que 0,5 cm, com microplásticos
representando 94% do total em termos de contagem.

41
Figura 20: Concentração de massa na Grande Ilha de Plástico do Pacífico.

Após a coleta dos plásticos, uma equipe de voluntários classificou-os em quatro


tipos: Tipo H (plástico rígido, folha ou filme plástico), Tipo N (linhas, cordas e redes
de pesca plásticas), Tipo P (plásticos de pré-produção como cilindros, esferas ou
discos) e Tipo F (fragmentos feitos de materiais espumados).

Cálculo da energia considerando apenas os Macroplásticos e Megaplásticos.

(20195+42362) toneladas * 650 quilowatt-hora (kWh) de energia por tonelada

Energia Total = 40.662.050 KWh

3.3.1. Métodos de remoção dos resíduos plásticos dos oceanos

O uso inevitável de plástico resulta na dispersão de seus resíduos no meio


ambiente, especialmente nos oceanos. Os danos ambientais causados,
notadamente ao ecossistema, geraram a necessidade de controlar de forma mais
eficaz esses poluentes. Entre as três principais abordagens para o controle desses
recursos, a pirólise se destaca pela sua relevância e superioridade em comparação
com as demais. Essa estratégia tem o potencial de contribuir significativamente para
a redução dos resíduos plásticos, ao mesmo tempo em que melhora a economia e a
busca por fontes de energia.

42
Devido ao uso excessivo e à gestão inadequada dos plásticos, grandes volumes
são descartados em áreas terrestres, oceanos, esgotos e sistemas de drenagem
(Alabi et al., 2019). Essas práticas representam uma ameaça às vidas e
propriedades humanas. É importante notar que a poluição oceânica interfere na
navegação, prejudica a vida marinha e contribui para a degradação do ecossistema
(Awuchi e Awuchi, 2019).

Figura 21: Atribuição da poluição por resíduos plásticos (em milhões de toneladas métricas
por ano) em todo o mundo (d'Ambrières, 2019).

Existem duas categorias principais de plásticos: os termoplásticos e os polímeros


termoendurecíveis. Os termoplásticos, quando submetidos a temperaturas
adequadas, tornam-se maleáveis e podem ser derretidos repetidamente. Essa
propriedade os torna passíveis de reciclagem. Pelo contrário, os plásticos
termoendurecíveis não são passíveis de reciclagem após a primeira produção. A
figura 2 mostra a classificação dos plásticos e a quantidade encontrada em
polímeros.

Figura 22: Categorização dos plásticos com base na procura por setor e tipo de polímero
(Plastic Europe, 2015).

43
Como a utilização do plástico é inevitável fica iniludível a eliminação dos plásticos
dos cursos de água, terras, esgotos, drenagens, oceanos, etc., e reciclá-los de
forma adequada. Dado à procura de energia, a produção de biocombustíveis
através da pirólise de plástico prevê uma opção limpa e econômica para a produção
de energia (Al-Salem et al.,2020; Erdogan, 2020 ; Khan et al., 2016).

Os plásticos que se encontram no ambiente passam por processos de degradação,


incluindo fotoquímica, térmica e biológica, resultando na formação de Microplásticos
(MPs) (Fok et al., 2020). Os MPs são definidos como plásticos com dimensões
inferiores a 5 mm (Thompson et al., 2004). Em sua maioria, esses MPs originam-se
da fragmentação de plásticos maiores (Cole et al., 2011). Horton e colaboradores
descobriram que 70–80% dos resíduos de MPs em sistemas marinhos foram
importados pelos rios. MPs de fontes pontuais incluem entrada direta de esgotos,
drenos e outros (Horton et al., 2017).

A retirada dos resíduos plásticos nos oceanos tornou-se uma prioridade global,
exigindo abordagens inovadoras e estratégias sustentáveis. A presença onipresente
de microplásticos e a fragmentação contínua de plásticos de maior porte
intensificam a complexidade desse desafio ambiental. A busca por métodos eficazes
e inovadores para a remoção desses poluentes tornou-se imperativa para preservar
a vitalidade dos oceanos.

Tecnologias voltadas para mares e oceanos

Bolsões Flutuantes de Contenção

44
Grande parte das tecnologias de contenção de lixo usa bolsões flutuantes formando
um cordão de isolamento, semelhantemente à técnica de contenção de óleo
derramado na água, o que permite que, em alguns casos, o cordão de contenção de
lixo também seja eficiente em conter óleos. A técnica tem a vantagem de custo
viável, porém se limita apenas à contenção de detritos na camada superficial da
água ou próximo a ela. Tais bolsões aparentam ser uma escolha recorrente e
eficiente no que tange a tecnologias de contenção e coleta.

Estação-Embarcação (The Ocean Cleanup Array)

Como seu método de atuação, tal sistema possui bolsões flutuantes que direcionam
os detritos para dentro da embarcação, onde são recolhidos, processados e
armazenados em um tanque para depois serem recolhidos e enviados de volta para
terra para reciclagem. Apesar de parecer simples, o projeto contava com muitos
impedimentos que o fizeram deixar de ser a prioridade de sua companhia
idealizadora, a The Ocean CleanUp, que hoje conta com mais de 60 empregados,
colaboradores e diversos investidores.

Sendo o mais recente projeto da organização The Ocean CleanUp, já é um protótipo


em desenvolvimento, pois suas vantagens são consideráveis: companhia
energeticamente auto suficiente, produtora de material pronto para reciclagem
e com alta capacidade de contenção de lixo, porém de alto custo de produção, e
baixa resistência às intempéries, assim como os sistemas utilizando bolsões ou
estações fixas. O projeto Ocean Cleanup Array posicionaria flutuadores e redes ao
redor de locais com manchas de lixo que funcionam afunilando os resíduos para
plataformas processadoras usando as correntes oceânicas naturais. De acordo com
o site, essas redes poderiam limpar um gyre em apenas cinco anos e teriam
capacidade de remover 7.250.000 toneladas de resíduos plásticos dos oceanos.

Figura 23: The Ocean CleanUp Array.

45
Cordão de bolsões flutuantes com âncora especial

Limpar a Grande Mancha de Lixo do Pacífico usando métodos convencionais –


navios e redes – levaria milhares de anos e dezenas de bilhões de dólares. (THE
OCEAN CLEANUP) Nossos sistemas passivos poderiam remover estimadamente
metade da Grande Mancha de Lixo do Pacífico em cinco anos, a uma fração desse
custo. Esse conceito ambicioso que acabou não saindo do papel, mas não pode
ser descartado para um futuro com tecnologia mais avançada e acessível.
Consiste em uma larga barreira de contenção dotada de tela ligada por cabos a uma
âncora móvel. Seu diferencial é que o sistema é móvel e ficaria em movimento em
um giro, porém, devido às camadas de água mais profundas se movimentarem e
velocidades menores do que as superficiais, a âncora faria o sistema se mover
consideravelmente mais devagar do que detritos flutuantes, os acumulando nos
bolsões flutuantes e os contendo. Após acumulados, tais detritos seriam recolhidos
e reciclados. Resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento de uma grande
equipe de estudiosos engajada na causa de retirada de plástico dos oceanos, o
protótipo promete fazer a limpeza de 50% da grande ilha de lixo flutuante do
Oceano Pacífico. Apesar de apresentar uma projeção ambiciosa de coleta de
lixo, caso o protótipo se comporte na prática como simulado pela equipe de Boyan
Slat, esta aparentava ser a proposta mais sólida para a despoluição oceânica de
grande escala, pois apresenta um custo de produção viável, ainda que possa
representar um perigo para a navegação (a equipe conta com um advogado

46
marítimo encarregado da parte de legislação). O fato de ser móvel é vital para
aumentar a capacidade de contenção de lixo e proporcionar resistência altíssima às
intempéries do mar, permitindo o uso de materiais mais leves e abaixando o custo
do sistema. Associando isso com o fato da não-utilização de nenhuma fonte de
energia, o custo benefício torna-se atrativo.

Navio-Tanque de Recolhimento de Detritos

Um conceito naval patenteado, inovativo e eficiente. Uma solução industrial para um


desafio ecológico global. Uma solução economicamente viável. O Ocean Phoenix é
um projeto patenteado de empresa francesa com o mesmo nome (SAS Ocean
Phoenix) de uma embarcação com aberturas frontais que pretende operar
admitindo toda a água em sua frente junto com o lixo, conter os detritos de diversos
tamanhos e depois liberar a água de volta, devolvendo uma imensa quantidade de
água livre de detritos para o mar a cada minuto. Para se ter uma ideia melhor da
capacidade do Ocean Phoenix deve-se comparar o volume de água que entra em
seu tanque ao da cachoeira do Niágara. Tratando um volume de 16,500 m³ por
segundo, o Ocean Phoenix tem descarga 2.8 vezes maior do que a da
cachoeira do Niágara em sua fase de pico. Os pontos fortes do projeto são:
capacidade imensa de materiais retidos, em seus formatos diferentes, captando
até microplásticos, em acordância com as leis marítimas internacionais (o que o
torna mais viável); capacidade de mudar seu processo, dependendo da área
navegada; aceleração do processo de reciclagem, podendo ser acrescentados
todos os empregos gerados pela embarcação caso venha a ser construída e
operada. Obviamente, o projeto também apresenta pontos negativos, e alguns
deles são: custos de construção e operação demasiadamente altos, mesmo que o
retorno financeiro do material reciclado seja levado em conta; possibilidade de,
mesmo com precauções para que tais eventos não ocorram, alguns animais
marinhos menores ficarem presos e acabaram mortos pelo processo de operação
do navio; e dificuldades referentes às grandes proporções do navio, como seu
comprimento e calado, que restringem sua operação, limitam sua manobrabilidade
e o impedem de atuar e transitar em certos locais muito perto da costa ou que não
o comportam, devido ao seu grande calado (estimado em aproximados 30
metros), como o Canal do Panamá. Robô autônomo submarino lançado por navio.

47
Pontos positivos do projeto: Possibilidade de recolhimento de lixo entre a camada
superficial e o leito marinho. Pontos negativos: necessidade de energia; alto custo
de construção e manutenção; e área de atuação não favorável (maior parte do lixo
está na camada superficial ou no fundo do mar).

Outras tecnologias que auxiliam na limpeza marinha

Moinho de Recolhimento de Lixo Movido a energia solar e operando no Rio Jones


Falls (Maryland, EUA) desde 9 de maio de 2014, o moinho, também conhecido
como ̈Mr. Trash Wheel”, já recolheu cerca de 1.342.920 lbs (609.138 quilos) de
detritos, mostrando ser uma opção eficiente para a remoção de detritos sólidos de
rios. Necessita apenas de uma embarcação, esporadicamente, para trocar o
depósito de lixo. É considerado por muitos um sucesso, atingindo até certo grau de
fama na internet.

Como citado anteriormente, a maior parte do plástico despejado nos oceanos não
permanece na superfície. Logo, devem-se explorar as profundidades médias e o
leito marinho, seja com o intuito de determinar quais tecnologias melhor seriam
aplicadas em determinada área ou em quais áreas focar o combate à poluição, ou
simplesmente mostrar a poluição para o mundo e ajudar na conscientização. A
importância do drone de exploração é grande, apesar de ele não realizar nenhum
tipo de contenção ou coleta direta. O projeto Open ROV tem como propósito a
distribuição de mil “drones-tri-dente” para organizações sem fins lucrativos,
instituições educativas e cientistas. Espera-se que, com tal ato, sejam favorecidas
explorações marinhas que irão auxiliar na proteção dos mares. Lixeira para coleta
de detritos costeiros (Seabin V5) “Se podemos ter lata de lixo em terra, porque não
ter na água”

(SEABIN PROJECT) - Partindo do pressuposto que lixeiras poderiam coletar lixo


marinho, assim como fazem em terra, os surfistas Andrew Turton e Pete Ce-glinski
tiveram a ideia de criar a Seabin. Utilizada em portos, clubes náuticos e cais, com
protótipos testados e aperfeiçoados, esta lixeira consegue retirar, em média, 1,5
quilos por dia de detritos. Apesar de esta não ser uma quantidade grande, a
tecnologia opera com baixo consumo de energia e também consegue retirar óleo da

48
água e seu baixo de construção viabiliza o uso de várias Se-abins próximas umas
das outras, limpando efetivamente uma área costeira.

3.3.2. Geração de energia à partir de resíduos plásticos

O gerenciamento e descarte de resíduos sólidos, especialmente plásticos,


representam um desafio significativo na sociedade contemporânea. Em escala
global, diversas técnicas são empregadas para aproveitar esse material, incluindo a
reciclagem mecânica (amplamente utilizada no Brasil), reciclagem química, co-
combustão e aproveitamento energético (mais predominante em países
desenvolvidos como Suíça, Holanda e Dinamarca) (Associação Brasileira de
Embalagem. Reciclagem no Brasil, 2004.)

A reciclagem mecânica de produtos plásticos é a abordagem mais simples para


recuperar esse material, mas nem sempre é economicamente viável devido à
presença comum de uma mistura de diferentes tipos de polímeros contaminados por
resíduos orgânicos.

A incineração de resíduos enfrenta desafios, principalmente relacionados à má


mistura do ar com o combustível, criando condições propícias para emissões de
produtos de combustão incompleta (PCI). Essa imperfeição na mistura ocorre
porque o combustível sólido, composto por partes sólidas, precisa fundir e pirolisar
antes de se misturar com o oxigênio.

Para superar esse problema, os plásticos podem ser convertidos em uma mistura
gasosa por meio da pirólise, tornando possível uma queima homogênea com ar e
condições de baixa emissão de poluentes (PANAGIOTOU , T.; LEVENDIS, Y. A.;
CARLSON, J.; VOUROS, P.) Surpreendentemente, a pirólise do combustível sólido
antes da combustão é energeticamente viável, requerendo apenas 1% do conteúdo
energético do polietileno (PE) e menos de 4% para o poliestireno (PS) (JINNO, D;
GUPTA, A. K; YOSHIKAWA, K.). O conteúdo energético da maioria dos plásticos é
comparável a combustíveis de alta qualidade, como gasolina e óleo de
aquecimento, e até mesmo superior ao carvão.

Portanto, a recuperação energética dos polímeros é possível através da combustão,


liberando energia que pode ser aproveitada para gerar vapor ou eletricidade

49
(SUBRAMANIAN, P.M.) Na co-combustão, duas ou mais substâncias passam por
combustão para aproveitar o conteúdo energético e/ou utilizar componentes
presentes nos materiais.

3.3.3 Processo de Incineração

As usinas de Waste-to-Energy (WTE) são instalações que convertem resíduos


sólidos urbanos (RSU) em energia, através da incineração dos mesmos para gerar
vapor. Esse vapor aciona turbinas a vapor que, por sua vez, movem geradores de
energia elétrica, ou pode ser direcionado para processos industriais ou
aquecimento. O processo de geração de eletricidade é similar ao das usinas
térmicas convencionais, utilizando o ciclo Rankine. A quantidade de energia gerada
depende da eficiência na transformação do calor em eletricidade e do poder
calorífico dos resíduos queimados.

As usinas de incineração podem produzir entre 400 e 700 kWh de eletricidade por
tonelada de RSU. A técnica mais comum é conhecida como "mass burning", na qual
os resíduos são queimados conforme chegam, sem prévio tratamento. A eficiência
das usinas WTE na conversão de calor em eletricidade é relativamente baixa,
geralmente entre 20 e 25%, devido às limitações impostas pelas altas temperaturas
operacionais.

No Brasil, segundo dados de Campos (2012), são geradas em média 192.000


toneladas por dia de RSU. Se esses resíduos fossem incinerados, considerando
uma média de 0,5 MWh por tonelada, poderiam resultar na geração de
aproximadamente 35 TWh por ano. Adotando uma perspectiva mais otimista, com
uma taxa de 700 kWh por tonelada, essa quantidade poderia chegar a 50 TWh por
ano.

Na tabela abaixo, é possível observar o poder calorífico de materiais que compõem


o RSU.

Figura 24: Poder calorífico que compõem o RSU

50
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Método de remoção dos resíduos plásticos
Ocean Cleanup Array: Criado por um jovem holandês essa ideia consiste em usar
as correntes marinhas para ajudar a captura de plástico nos oceanos. A ideia
consiste basicamente em uma barreira flutuante que aproveita o movimento natural
das correntes oceânicas para bloquear o lixo encontrado no caminho. A barreira
formada por boias fica fixa no oceano e “segura” todo tipo de lixo e plástico que
passar por ali, enquanto a maré e a vida aquática podem passar normalmente por
baixo da superfície. O lixo reunido seria recolhido posteriormente. O objetivo do
projeto é construir uma estrutura de 100 km capaz de recolher 70 mil toneladas de
plástico em 10 anos.

Figura 25: Ocean Cleanup Array.

51
4.2. Geração de energia por incineração dos resíduos plásticos

Para a geração de energia elétrica por incineração dos resíduos plásticos serão
utilizados valores obtidos pelo eCycle de que esse processo é capaz de gerar 650
quilowatt-hora (kWh) de energia por tonelada de resíduo.

Desta forma, foram selecionados os serviços da Fisia Babcock Environment –


inovadora e global, com produtos gerados na Alemanha, pois tem experiência de
mais 5 décadas no tratamento térmico de resíduos. Assim, como as especificações
do projeto tem fatores ímpares, torna-se mais eficiente a implantação de um projeto
personalizado. Sendo o processo de geração de energia seguindo, geralmente, os
seguintes passos:

Figura 26: Processo de incineração de resíduos.

52
O esquema acima, representa um projeto mais robusto implementado, porém com a
mesma finalidade de uso de resíduos e aproveitamento energético.

Dependendo do volume e da composição dos resíduos, cada sistema requer um


controle de combustão individual. Positivamente, este aspecto é um dos pontos
fortes da FBE. Seja para sistemas novos, para inspeção ou para aperfeiçoamento:
quando se trata de um controle otimizado de combustão, desenvolvemos uma
solução individual e personalizada para cada sistema. A quantidade, temperatura e
distribuição do ar fornecido ao processo de incineração, assim como a velocidade
do alimentador e das grelhas, são os parâmetros que podem influenciar a
quantidade de vapor, teor de oxigênio nos gases de combustão e a posição do fogo
nas grelhas.

Por meio de alteração individualizada desses parâmetros, é feita a liberação


uniforme de calor, mesmo que o sistema tenha que incinerar resíduos
heterogêneos. A FBE é especializada quando se trata de produzir um sistema de
controle de combustão atualizado. Vale a pena examinar todos os parâmetros e
modernizar o sistema de controle, pois uma incineração que não esteja
corretamente ajustada terá um desempenho inferior, desgaste mais rápido e com
danos aos equipamentos, reduzindo significativamente sua vida útil

4.3.Seleção das Turbinas Marítimas e Análise de Desempenho:

As turbinas marítimas de última geração foram escolhidas levando em consideração


critérios fundamentais de eficiência, durabilidade e adaptabilidade às condições
específicas do ambiente marinho. A seleção englobou modelos que atendem não
apenas aos requisitos de potência, mas também apresentam resistência adequada
para operação eficaz em ambientes oceânicos desafiadores.

A análise de desempenho foi conduzida de maneira abrangente, envolvendo a


interpretação de diversos parâmetros. A eficiência energética, a resposta dinâmica
às variações nas condições ambientais e a estabilidade operacional foram

53
avaliadas. Essa abordagem sistemática permitiu não apenas a escolha criteriosa
das turbinas, mas também proporcionar insights valiosos sobre seu comportamento
em ambientes marinhos, contribuindo para a compreensão abrangente de sua
viabilidade e eficácia na geração de energia.

AR1500

Uma turbina de eixo horizontal, produzida pela Atlantis Resources, cujo projeto é da
Lockheed Martin . Com um conjunto pesando 150 toneladas-força no ar, pode
atingir aproximadamente 1000 toneladas-força junto com suas fundações. É
constituída de três pás de materiais compósitos de 18 metros de diâmetro no total,
fixas a um cubo de 2,4 m. Com um ciclo de vida de 25 anos, sua velocidade
operacional normal é de 2,0 m/s e a máxima de 5,0 m/s. A AR1500 possui um
gerador com eficiência de 97%, tendo uma capacidade de geração de energia de
1,5 MW, tendo seu uso limitado a profundidades maiores que 30 metros. A turbina já
está em testes em Pentland Firth, na Escócia, conectada ao local do projeto
MeyGen. As fundações utilizadas neste caso são do tipo de amarração com blocos
de gravidade. A turbina possui uma fundação individual semelhante a um trípode,
amarrada por cabos a seis blocos de 1200 toneladas que garantem sua estabilidade
horizontal.
Figura 27 : Turbina desenvolvida no projeto AR1500.

MORILD II

Uma turbina de eixo horizontal, desenvolvida no nível de pesquisa como um


protótipo. A MORILD II foi implantada em novembro de 2010 e retirada da água em

54
novembro de 2012, na Noruega. Com uma capacidade instalada de 1,5 MW, o
conjunto contava com quatro turbinas, cada uma com duas pás. Fixada ao solo por
meio de um sistema flutuante, contava com cabos submersos para a transmissão de
energia. Durante sua operação foram monitorados todos seus dados, observando-
se a geração de 40% menos dióxido de carbono que as turbinas eólicas onshore.
Além disso, 80% de toda a estrutura da MORILD II pode ser reciclada, gerando
menos impacto, mesmo após seu ciclo de vida previsto de 30 anos.

Figura 28 : Ilustração da turbina MORILD II

Open-Centre

A Open-Centre Turbine desenvolvida pela OpenHydro consiste de uma turbina de


eixo horizontal, cujas pás estão dentro de um duto hidrodinâmico, caracterizando
seu nome “centro aberto”, onde encontra-se acoplado o seu gerador. Sendo
desenvolvida buscando a ser um dispositivo mais simples, no que se refere ao custo
de produção e de manutenção, devido a sua eficiência consegue garantir um baixo
LCoE (Levelised Cost of Energy). A turbina possui 16 m de diâmetro e pode gerar
até 2 MW de potência a partir das correntes marítimas, pesando aproximadamente
300 toneladas-força. Sua implantação é realizada por um sistema gravitacional
apoiado no solo marinho, sendo que ao final desta o conjunto atinge 20-25 m no
topo da turbina. As turbinas estão em testes na França e Canadá, por meio da
parceria com a EDF (produtora e distribuidora de energia francesa) e a Nova Scotia
Power (produtora e distribuidora de energia canadense), e também na Irlanda. A
EDF tem atuado juntamente com a OpenHydro para melhorar a eficiência das
turbinas.

55
Figura 29 : Turbina desenvolvida no projeto Open-Centre Turbine

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1. Plataforma
Como estudado anteriormente, a região entre o Havaí e os EUA emerge como um
ponto crítico de preocupação ambiental devido à grande concentração de lixo,
porém a mesma também compartilha de uma complexidade de atuação pois possui
profundidade oceânica variada e à dificuldade de acesso a áreas remotas. Com um
ecossistema marinho diversificado e sensível, a presença de resíduos plásticos
representa uma ameaça significativa para a vida marinha e a saúde dos
ecossistemas costeiros e oceânicos. A profundidade do oceano dificulta as
operações de limpeza e recolhimento de plásticos, prolongando a persistência
desses resíduos e intensificando os danos ao ambiente marinho. Diante desse
cenário desafiador, a necessidade de abordagens inovadoras e sustentáveis para
lidar com a poluição plástica é imperativa. como podemos ver na imagem abaixo:

Figura 30: Tamanho da ilha de lixo plástico do Pacífico já equivale a área total de Alemanha,
Espanha e França.

56
A atualização da plataforma FPSO para recolhimento e queima de plástico com
geradores de energia enfrenta desafios consideráveis devido à complexidade da
profundidade oceânica na região entre o Havaí e os EUA. Esta área apresenta
características variadas de profundidade, o que pode complicar as operações de
limpeza e recolhimento de plásticos, especialmente em locais mais profundos e
remotos. A profundidade do oceano pode aumentar a complexidade logística e os
custos associados à recolha eficaz de plásticos, ampliando a importância de
soluções inovadoras e adaptáveis para lidar com esse desafio.

Comparativamente, enquanto a plataforma FPSO oferece vantagens em termos de


capacidade de processamento e queima de plásticos, sua mobilidade e capacidade
de acesso a áreas de difícil alcance podem ser limitadas devido à sua configuração
mais convencional. A FPSO é projetada principalmente para operações de produção
de petróleo e gás, e sua adaptação para lidar com a poluição plástica pode exigir
modificações significativas e custosas.

57
Por outro lado, as plataformas semi submersíveis, com sua capacidade de
permanecer parcialmente submersas, oferecem uma vantagem em termos de
estabilidade e mobilidade em condições oceânicas adversas. Isso pode ser
especialmente relevante na região entre o Havaí e os EUA, onde a topografia
oceânica é complexa. As plataformas semi submersíveis podem ser mais facilmente
adaptadas para operações de recolhimento de plásticos, aproveitando sua
capacidade de acesso a áreas remotas e profundas de maneira mais eficiente.

Portanto, embora a atualização da plataforma FPSO represente uma abordagem


importante para lidar com a poluição plástica, a utilização de plataformas semi
submersíveis pode oferecer uma solução mais flexível e adaptável aos desafios
específicos impostos pela topografia oceânica na região em questão. A escolha
entre as duas opções dependerá das considerações ambientais, logísticas e
econômicas específicas de cada cenário.

Figura 31: Cidade de Paraty operando no campo Tupi, nordeste da Bacia de Campos.

58
Figura 32: Plataforma submersível.

Antes de abordar a transformação de energia por pirólise em hidrogênio, é


fundamental destacar a produção inicial de energia na plataforma por meio de
turbinas de geração marítima. As turbinas marítimas representam uma fonte valiosa
de energia renovável, aproveitando o poder das correntes oceânicas para gerar
eletricidade de forma limpa e sustentável. Instaladas estrategicamente ao redor da
plataforma FPSO ou Semi-Submersível, essas turbinas capturam a energia cinética
das correntes oceânicas, convertendo-a em eletricidade para alimentar as
operações da plataforma. Esse método inovador de geração de energia não apenas
reduz a dependência de combustíveis fósseis, mas também minimiza o impacto
ambiental das operações offshore. Ao adotar tecnologias de energia renovável,
como as turbinas marítimas, as plataformas, não apenas se tornam mais auto
suficientes em termos energéticos, mas também demonstram um compromisso
tangível com a sustentabilidade ambiental e a redução das emissões de carbono.

A transformação de energia por pirólise em hidrogênio, juntamente com o emprego


de turbinas marítimas, oferece uma solução abrangente e inovadora para o
transporte de energia produzida em plataformas. A pirólise, um processo

59
termoquímico que envolve a decomposição de materiais orgânicos na ausência de
oxigênio, pode ser aplicada para converter resíduos plásticos coletados na
plataforma em hidrogênio. Esse hidrogênio é altamente versátil e limpo. As turbinas
marítimas, aproveitando a energia cinética das correntes oceânicas, convertem essa
energia em eletricidade, proporcionando uma fonte adicional de energia renovável e
sustentável. Essa abordagem não apenas promove a gestão eficiente de resíduos
plásticos, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis, mas também aproveita
os recursos naturais disponíveis de forma responsável. Além disso, as turbinas
marítimas oferecem uma solução de energia de baixo impacto ambiental, evitando a
emissão de gases de efeito estufa e minimizando os danos aos ecossistemas
marinhos. Juntas, a pirólise e as turbinas marítimas representam uma convergência
poderosa de tecnologias limpas e inovadoras, impulsionando a transição para um
futuro energético mais sustentável e resiliente.

Localização Geográfica da Plataforma

A plataforma offshore projetada entre o Havaí e a Califórnia se encontra nas


coordenadas 31.06924, -140.1268, onde está estrategicamente posicionada no
vasto Oceano Pacífico Norte. Esta região é conhecida por sua importância
geográfica e sua complexidade ambiental.

Localizada em uma latitude relativamente baixa, a plataforma se beneficia do clima


oceânico peculiar dessa região, caracterizado por águas profundas e correntes
marinhas significativas. A proximidade com o Havaí, a oeste, e a Califórnia, a leste,
destaca sua posição estratégica em relação a centros populacionais e rotas de
navegação importantes.

As coordenadas exatas da plataforma indicam sua posição ao largo da costa oeste


dos Estados Unidos, em uma área que pode ser propícia para a exploração de
recursos marinhos, como petróleo, gás natural ou energia renovável, aproveitando
os potenciais eólico e correntes oceânicas.

60
Além disso, a região é conhecida por sua rica biodiversidade marinha, o que impõe
a necessidade de rigorosos protocolos ambientais durante o planejamento e
operação da plataforma. Medidas de conservação devem ser implementadas para
proteger ecossistemas marinhos sensíveis que podem coexistir nesse ambiente.

Portanto, a localização estratégica dessa plataforma destaca não apenas seu


potencial econômico, mas também a importância de uma abordagem sustentável
para garantir a preservação do meio ambiente marinho na região.

Figura 33 : Localização geográfica da plataforma, localizada entre o Havaí e a Califórnia.

5.2. Geração de energia por incineração dos resíduos plásticos

Considerando o método de remoção de resíduos definido como sendo a barreira


flutuante Ocean Cleanup Array, será possível fazer a remoção de 70 mil toneladas
de plásticos em 10 anos. Isso nos dá 7 mil toneladas de plástico removida
anualmente e 583 toneladas mensais.

61
Segundo estudo realizado pelo eCycle, o processo de incineração de plásticos é
capaz de gerar 650 quilowatt-hora (kWh) de energia por tonelada de resíduo.

Portanto, a geração mensal de energia em tais condições é dada por:

Geração de energia mensal = 650 kWh x 583 toneladas/mês

Geração de energia mensal = 378950 kWh/mês.

Segundo a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), o valor atual da


energia elétrica é de 0,95254203 R$/kWh. Portanto, essa instalação poderia gerar
um lucro de R$360.965,80 mensais (para números do Estado de Minas Gerais).

5.3. Geração de hidrogênio verde a partir da energia elétrica gerada pela


incineração de resíduos plásticos

Segundo a União Nacional de Bioenergia, 1 kg de hidrogênio eletrolítico requer


cerca de 50 kWh, com uma eficiência energética da ordem de 67% (depende da
eficiência do eletrolisador).

Considerando a produção de 378950 kWh/mês, é possível produzir:

Peso de hidrogênio verde produzido = 378950 kWh/mês / 50 kWh

Peso de hidrogênio verde produzido = 7579 kg/mês

Portanto, apenas com a energia elétrica produzida pelo método de incineração de


plásticos é possível produzir 7579 kg/mês de hidrogênio verde.

Segundo o site MegaWatt, O custo nivelado do hidrogênio verde produzido no Brasil


está em torno de US$2,87/kg e US$3,56.

Portanto, o valor arrecadado poderia estar entre R$21.751,73 e R$26.981,24


dólares mensais. Para a cotação atual do real: R$108.106,1 e R$134.366,58 reais
mensais.

62
5.4. Explorando Turbinas para Geração de Energia:
Figura 34 : Quadro comparativo dos exemplos de aplicação estudados

1. Capacidade Nominal da Turbina: 1,5 MW


2. Horas Operacionais Efetivas por Mês: 720 horas (considerando uma eficiência
média de 30%)
3. Preço Médio da Eletricidade: R$ 0,95254203 por kWh)

Cálculo da Produção Mensal de Energia:


Produção Mensal (kWh) = Capacidade Nominal x Horas Operacionais Efetivas por
Mês × Eficiência
Produção Mensal (kWh) = 1,5 MW x 720 horas x 0,30
Produção Mensal (kWh) = 324 MWh
Cálculo do Lucro Mensal:
Lucro Mensal - Produção Mensal × Preço Médio da Eletricidade
Lucro Mensal - 324 MWh x 0,95254203/kWh
Lucro Mensal ≈ R$308.767,05

Em paralelo

Mantendo a consideração que 1 kg de hidrogênio eletrolítico requer cerca de 50


kWh, com uma eficiência energética da ordem de 67% (depende da eficiência do
eletrolisador).

Considerando a produção de 324000 kWh/mês, é possível produzir:

Peso de hidrogênio verde produzido = 324000 kWh/mês / 50 kWh

Peso de hidrogênio verde produzido = 6480 kg/mês

63
Portanto, apenas com a energia elétrica produzida pelo método energia das
correntes marítimas produzir 6480 kg/mês de hidrogênio verde.

Segundo o site MegaWatt, O custo nivelado do hidrogênio verde produzido no Brasil


está em torno de US$2,87/kg e US$3,56.

Portanto, o valor arrecadado poderia estar entre US$18.597,60 e US$23.068,80


dólares mensais. Para a cotação atual do real: R$92.430,07 e R$114.651,93 reais
mensais.
Figura 35 : Quadro comparativo dos locais e tipos de sistema de fundeio dos exemplos de aplicação.
Fonte: Elaborada pelos autores.

E a escolha para nosso projeto foi a MORILD II

A MORILD II emprega uma abordagem inovadora de fixação, combinando um


sistema flutuante e cabos submersos. Essa estratégia visa assegurar estabilidade e
suporte eficientes à turbina durante a operação em ambientes marinhos
desafiadores. A opção por cabos submersos não apenas proporciona uma fixação
robusta, mas também se revela como uma estratégia eficaz para garantir a
transmissão eficiente de energia e minimizar o impacto ambiental. Assim, essa
escolha de design consolida a MORILD II como uma opção sustentável e viável
para a geração de energia marítima.

64
6. CONCLUSÃO

Conclui-se por meio deste trabalho que surge a necessidade de buscar alternativas
para o uso de combustíveis fósseis, já que estes são os maiores responsáveis pelo
aquecimento global. Este projeto surge como uma possibilidade a ser aprofundada
em futuros estudos.

O processo de geração de energia pelo método de incineração de resíduos


plásticos tem capacidade de geração de 378950 kWh/mês. Considerando o valor
atual da energia elétrica que é de 0,95254203 R$/kWh, essa instalação poderia
gerar um lucro de R$360.965,80 mensais (para números do Estado de Minas
Gerais). Em termos de hidrogênio verde, esse processo seria capaz de produzir
7579 kg/mês, considerando o custo nivelado do hidrogênio verde produzido no
Brasil entre US$2,87/kg e US$3,56, o valor arrecadado poderia estar entre
US$21.751,73 e US$26.981,24 dólares mensais. Para a cotação atual do real:
R$108.106,1 e R$134.366,58 reais mensais.

O aproveitamento das turbinas de correntes marítimas, exemplificado pela Morild II,


apresenta-se como uma promissora fonte de geração de energia, com uma
capacidade mensal de produção de 324000 KWh/mês. No contexto do Estado de
Minas Gerais, onde o valor atual da energia elétrica é de 0,952 R$/kWh, a utilização
dessa tecnologia proporcionaria um lucro estimado de R$308.767,05 mensais.

Além do impacto econômico, a Morild II demonstra sua versatilidade ao contribuir


para a produção de hidrogênio verde. Com uma capacidade mensal de 6480 kg
desse combustível sustentável, a instalação alinha-se às demandas por fontes
energéticas limpas. Ao considerar o custo nivelado do hidrogênio verde no Brasil,
variando entre US$2,87/kg e US$3,56/kg, o valor arrecadado com a produção
mensal poderia situar-se entre US$18.597,60 e US$23.068,80 dólares, equivalente
a R$92.430,07 e R$114.651,93 reais mensais, respectivamente, com base na
cotação atual do real.

Esses dados não apenas destacam a eficiência da Morild II na geração de


eletricidade, mas também sublinham seu papel fundamental na produção de
hidrogênio verde como uma fonte de receita adicional. A convergência de benefícios
econômicos e ambientais ressalta a importância estratégica de investir em
tecnologias sustentáveis para atender às crescentes demandas por energia limpa.

Por fim, em números finais, a plataforma seria capaz de gerar 702950 kWh mensais,
equivalente a R$ 669.732,85. Já em termos de hidrogênio verde, existe capacidade

65
de produzir 14.059 kg/mês, proporcionando um lucro entre R$219.133,77 e
R$249.018,51.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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