O personagem Denis do filme “Ensinando a viver” é uma criança que, foi
abandonada e deixada para adoção, ele vive recluso em uma caixa, diz ser de marte e possui fantasias como se não usar um cinto irá sair flutuando. Segundo Winnicott, todos estes sintomas de Denis podem ser sinais de que a criança foi ameaçada, no caso de Denis ele foi abandonado então em algum momento pode ter se sentido ameaçado e tem que lidar com um sentimento de ter sido abandonado e não entender o porquê deste fato. Além disso, o autor diz ser extremamente normal que crianças tenham alguns sintomas em circunstâncias apropriadas, o que também se encaixa no caso de Denis pois sua situação na infância não é o “normal” que ocorre com todas as crianças. O mais importante de tudo é que Winnicott diz que a criança cria um mundo interior, o que é normal e não patológico, visto que a criança pode criar pessoas, animais, coisas e tudo isto vive apenas em sua cabeça e é isto que Denis faz, ele é criativo o suficiente para criar seu próprio planeta, conseguir imaginar como é este planeta, qual o tipo de pessoa que vive neste planeta, como é a gravidade lá, portanto, Denis é uma criança normal e não patológica. Segundo um estudo psicanalítico de Noeli Reck Maggi que se refere ao tema de adoção, relacionado com a situação de Denis no começo do filme, o psiquismo da criança na situação de adoção ou que sofreram algum tipo de negligência há uma interrupção no encadeamento entre o que o sujeito viveu anteriormente em sua vida e o momento atual, o sujeito fica aprisionado em uma posição imaginária que é o que acontece com Denis. Segundo o artigo, o que torna uma criança psicótica, ou seja patológica, é ser o centro de amor dos pais adotivos, ser substituto do filho e não filho deles e Denis não é o centro de amor de David, nem substitui um filho pois para David Denis é seu filho, portanto, neste sentido Denis também não é patológico. Em suma, tem-se a análise de que Denis não é uma criança patológica, mas sim, uma criança inserida em um contexto difícil de abandono e adoção que possui sintomas apropriados a este contexto e além disso Denis possui um mundo interior, visto como normal por Winnicott. Referências: MAGGI, Noeli Reck. A criança em situações de adoção e a clínica psicanalítica: o registro identificatório e os recursos no processo de simbolização. Estud. psicanal., Belo Horizonte , n. 32, p. 141-146, nov. 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-3437200900010001 6&lng=pt&nrm=iso> . acessos em 28 ago. 2023.
WINNICOTT, D. Que entendemos por uma criança normal. In: A criança e seu mundo, RJ, Zahar, 1975.