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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

DEPARTAMENTO DE MORFOFISIOLOGIA VETERINÁRIA/CCA


CURSO: MEDICINA VETERINÁRIA
DISCIPLINA: IMUNOLOGIA VETERINÁRIA
DOCENTE: MARIA DO SOCORRO PIRES E CRUZ

RELATÓRIO 2
PRÁTICA DE COMPATIBILIDADE SANGUÍNEA

DAIANE VAL DE MELO SOUZA

TERESINA, 2023
INTRODUÇÃO

A tipagem sanguínea envolve a classificação do sangue com base em certos


marcadores presentes na superfície das células vermelhas. No sistema ABO, os
tipos sanguíneos são A, B, AB e O, dependendo dos antígenos A e B presentes
nessas células. Além disso, o fator Rh (positivo ou negativo) é considerado na
tipagem sanguínea.

A compatibilidade sanguínea refere-se à capacidade de dois tipos sanguíneos


diferentes interagirem sem desencadear reações adversas. É crucial para
transfusões e transplantes, evitando reações imunológicas adversas. Por exemplo,
uma pessoa com sangue tipo A não deve receber sangue tipo B, pois isso pode
desencadear uma resposta imune.

Na tipagem sanguínea veterinária, como em cães, também existem sistemas


específicos, como o DEA (Dog Erythrocyte Antigen), que são análogos aos sistemas
ABO e Rh em humanos. É fundamental garantir que o doador e o receptor tenham
compatibilidade para evitar reações adversas, como aglutinação ou destruição das
células sanguíneas. A compreensão da compatibilidade sanguínea é vital para o
sucesso das transfusões e tratamentos veterinários.
MATERIAIS E MÉTODOS
1. Foram utilizadas amostras de sangue coletadas em tubos de EDTA,
separadas entre doador e receptor;

2. As amostras foram então centrifugadas por 5 minutos (separação da papa de


hemácias), sendo que o plasma resultante foi transferido para um tubo de
vidro limpo mediante uma pipeta;

Tubo de amostra após centrifugação.

3. Seguindo a separação, procedeu-se à lavagem da papa de hemácias com


solução salina, submetendo-a a uma centrifugação de 5 minutos.
Posteriormente à centrifugação, o sobrenadante foi retirado com pipeta e
descartado. Este processo foi repetido três vezes;

Na primeira imagem à esquerda, é possível visualizar a solução salina


preparada para o experimento, utilizada na lavagem das amostras. Na
segunda imagem, temos a amostra após a adição da solução salina, e na
terceira imagem, observa-se a amostra após a centrifugação com solução
salina, representando a primeira lavagem.
4. Em um tubo de vidro limpo, foram acrescidas 5 gotas de solução proveniente
da papa de hemácias + 1 ml de solução de NaCl tamponada em cada tubo;

Tubo com papa de hemácias e solução de NaCl.

5. Para a execução do procedimento das provas Maior e Menor, dois tubos de


vidro foram designados como "A" e "B", nos quais foram coletadas 4 gotas de
plasma do "grupo 1" e 2 gotas de suspensão de papa de hemácias do "grupo
3". No tubo "A", foram adicionadas 4 gotas do plasma do receptor (nosso
grupo) + 2 gotas de hemácias do doador (grupo 3). No tubo "B", foram
acrescentadas 4 gotas do plasma do doador (grupo 1) + 2 gotas de
suspensão de hemácias do nosso grupo;

1. 2. 3.
Nas imagens temos: tubo A com plasma do receptor (imagem 1) e ambos os
tubos A e B após a adição de hemácias do doador (imagens 2 e 3).

6. Após a preparação, os tubos foram suavemente homogeneizados e


incubados por 15 minutos. Em seguida, ambos foram submetidos à
centrifugação por 15 segundos a 1000 x g;
7. Após a centrifugação, uma lâmina foi preparada com uma gota de solução de
cada um dos tubos A e B para verificação de presença ou ausência de
aglutinação com o auxílio de um microscópio.

A esquerda temos a solução do tubo A e a direita a solução do tubo B.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da microscopia, observou-se aglutinação na lâmina preparada com a
solução do tubo A, indicando incompatibilidade do sangue do doador. A aglutinação
ocorre devido à reação antígeno-anticorpo, onde os anticorpos presentes no plasma
do receptor interagem com os antígenos presentes nas hemácias do doador.

Lâmina A

A aglutinação de células sanguíneas ocorre quando estas se unem para formar


aglomerados. Essa reação, geralmente causada pela interação entre antígenos nas
superfícies das hemácias e os anticorpos no plasma, leva à formação de
conglomerados ou aglomerados.
No contexto de transfusões sanguíneas, se houver aglutinação, isso pode resultar
em sérios problemas, como obstrução de vasos sanguíneos devido à formação de
coágulos ou hemólise (ruptura das células sanguíneas). Portanto, a aglutinação é
um indicativo de incompatibilidade sanguínea e pode desencadear reações
adversas no organismo receptor.

Por outro lado, na lâmina preparada com a solução do tubo B, não ocorreu
aglutinação, indicando compatibilidade do sangue do receptor. Isso se deve à
ausência de anticorpos no plasma do doador que reagem com os antígenos
presentes nas hemácias do receptor, evitando a formação de aglutinação.

Lâmina B

Na lâmina da amostra B foi possível observar um fenômeno conhecido como


"rouleaux”. O rouleaux é um fenômeno no qual as células sanguíneas,
especialmente as hemácias, se alinham umas às outras em forma de pilhas ou
fileiras, como moedas empilhadas. Esse padrão pode ocorrer devido a diversas
condições, como aumento na concentração de proteínas plasmáticas. O "rouleaux"
em si não é indicador de incompatibilidade.

CONCLUSÃO
Por meio deste experimento, foi possível alcançar uma compreensão aprofundada
das dinâmicas envolvidas na compatibilidade sanguínea. A cuidadosa manipulação
das amostras, incluindo a lavagem da papa de hemácias com solução salina,
revelou-se crucial para preservar a integridade celular e evitar alterações osmóticas.

Ao analisar as lâminas preparadas, pudemos distinguir de maneira clara os padrões


de aglutinação, fornecendo evidências sólidas sobre a compatibilidade ou
incompatibilidade sanguínea. Este processo, baseado na interação entre antígenos
e anticorpos, destacou a importância de uma abordagem meticulosa para garantir a
segurança em transfusões sanguíneas.

Esses resultados são essenciais para aprimorar os protocolos transfusionais,


assegurando que as práticas laboratoriais estejam alinhadas com os princípios
fundamentais da compatibilidade sanguínea, garantindo a eficácia e segurança
desses procedimentos clínicos.

REFERÊNCIAS
TIZARD, Ian R. Imunologia veterinária. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

"Avaliação de Compatibilidade Sanguínea: Roteiro da Aula Prática." (2023).


Imunologia Veterinária, Universidade Federal do Piauí, Teresina.

Apicella, C. (2009). Transfusão sanguínea em cães. Monografia de Graduação em


Medicina Veterinária, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.

Imagens: arquivo pessoal

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