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Resumo:
1. Introdução
3. Observação e análise
No encontro do dia 25 de março, a aula teve como assunto propriedades da adição, e foi
feita de modo tradicional. Percebi que a forma como foi trabalhada associatividade limitou a
potencialidade dos alunos de usarem essa propriedade de forma natural, visto que a regra da
associatividade permite que você some vários fatores na ordem que quiser, porém o livro
didático força algumas ordens, provavelmente para que o aluno perceba que pode somar fora
da ordem, porém alguns alunos já tem esse conhecimento no 6º ano e já fazem somas da forma
que acham mais fácil, apresentando diferentes maneiras de somar mais de dois números. Por
isso, considerei que pode haver outra forma de se trabalhar associatividade que não essa.
A turma do 7º ano A é uma turma que venho acompanhando desde o primeiro dia de
aula. Acompanham as aulas no turno da manhã e é a maior turma do período matutino, tendo
no hoje 15 alunos. Os alunos do 7º ano A formam em sua maioria um grupo que já se conhecem
e vieram pelo menos a um ano estudando juntos. A turma ao longo do ano foi se mostrando a
menos concentrada de todas durante as aulas, tendo casos de bastante barulho e inícios de
discussões fora dos tópicos trazidos pelos assuntos das aulas. Porém é uma turma que consegue
desempenhar bem na matemática, por isso foi a turma escolhida para ser realizada a regência.
Fonte: Autor.
A partir dessa atividade, baseado na resolução de problemas, existem formas de dar
continuidade ao assunto, com a finalidade de chegar ao assunto posterior. Essa atividade
sozinha não seria suficiente para isso, portanto, após a Etapa 1, foi criada uma nova atividade
chamada de Etapa 2, disposta na próxima figura. Ela tem o objetivo de o aluno construir três
equações do primeiro grau, mas inicialmente para um único caso:
Figura 2 – Etapa 2 da atividade baseada na resolução de problemas
Fonte: Autor.
Na atividade o aluno irá usar os valores encontrados na etapa anterior, colocando-os na
coluna amarela presente na tabela, de acordo com as lojas. Com a nova informação sobre o
valor da mão de obra, o aluno terá um coeficiente e um termo independente para cada loja, mas
se não chegar nesse resultado ainda, o aluno será norteado a construir os orçamentos dos
exemplos abaixo da tabela, a fim de que ele consiga perceber que, para mesmos valores do
coeficiente, ele terá diferentes resultados para cada equação de cada loja.
A Etapa 3 foi feita para o aluno que, após perceber que para cada situação apresentada,
as lojas mais rentáveis para o consumidor depende da quantidade de material o mesmo irá
comprar, ele faça um intervalo de quantidade de material em que sairá mais barato comprar em
determinada loja:
Figura 3 – Etapa 3 e Etapa Bônus da atividade baseada na resolução de problemas
Fonte: Autor.
A Etapa Bônus foi feita caso os alunos terminem as etapas anteriores antes do tempo
determinado pelo professor. Nessa etapa, além do aluno reforçar o que foi construído por ele
na atividade, ele pode perceber algum erro que, ao aplicar na sua própria criação, não faça
sentido, e ele possa corrigir nas etapas anteriores. Além do assunto, o aluno também estará
trabalhando a construção de atividades. A Etapa Bônus não precisa ser terminada durante a aula
de regência.
As habilidades da BNCC a serem desenvolvidas na regência são: EF07MA13 -
Compreender a ideia de variável, representada por letra ou símbolo, para expressar relação entre
duas grandezas, diferenciando-a da ideia de incógnita e EF07MA18 - Resolver e elaborar
problemas que possam ser representados por equações polinomiais de 1º grau, redutíveis à
forma 𝑎 ⋅ 𝑥 + 𝑏 = 𝑐, fazendo uso das propriedades da igualdade.
Com a aplicação da atividade, o professor pode seguir mais seguro para o assunto de
equação do primeiro grau com uma variável, pois ela foi elaborada para que o aluno tenha
contato com equações a partir de uma situação fictícia baseada na realidade, o que leva os alunos
ao estudo da matemática como um conhecimento mais palpável, mais presente no seu cotidiano.
5. Planejamento da regência
Baseado ainda no livro de Walles, a atividade baseada na resolução de problemas precisa
ser planejada a partir de três etapas além da construção da atividade, dividida em três fases:
Antes, Durante e Depois. Em cada fase existe algo a ser explorado.
Na fase Antes, podemos ativar os conhecimentos prévios úteis que os alunos detém. O
professor pode trazer uma revisão dos assuntos anteriores, no caso dessa regência, parte do
assunto da atividade já foi previamente dada, relacionado ao capítulo de Introdução à álgebra.
Como complemento do assunto prévio, decidi fazer o seguinte exercício no quadro:
Figura 4 – Atividade da Fase Antes
Fonte: Autor.
A ideia é que o aluno veja um exemplo em que temos o valor para uma unidade, onde
devemos multiplicar pela quantidade desejada para obter o valor total, e que desenvolva o
exemplo da atividade a seguir, onde eles têm o valor total e devem calcular o valor da unidade,
fazendo assim a divisão.
O professor também pode retirar possíveis dúvidas da revisão, ler o enunciado e tirar
possíveis dúvidas sobre a atividade que vai ser trabalhada. Deve-se focar sua explicação aqui
na missão e na relevância das sugestões dadas pela atividade, pois os alunos podem ignorá-las
a fim de chegar logo no produto final. O professor irá estabelecer expectativas claras para os
produtos, esclarecendo o que e como devem ser apresentadas as soluções do problema. No final,
para essa atividade o professor pode pedir para que os alunos façam grupos de 2 a 3 pessoas
dependendo da quantidade de alunos da sala, e que elas primeiro façam algumas partes da
atividade individualmente, podendo fazer as sugestões juntos, mas produzindo um relatório
individual registrando suas respostas.
Antes da atividade ser iniciada, poderá primeiro ser explicada a motivação por trás da
atividade baseada na resolução de problemas. Os alunos precisam perceber que eles são
detentores de conhecimentos matemáticos prévios, que os conhecimentos matemáticos se
complementam de um ano para o outro, e que com isso eles também são capazes de construir
os próximos conhecimentos de maneira autônoma, a partir dos saberes já adquiridos.
Na fase Durante, as atividades serão entregues aos grupos, e os primeiros minutos
podem ser dados para que o aluno crie intimidade com a atividade, sem que seja pressionado
com prazo de entrega, e que seja incentivado a não procurar o professor nesse primeiro contato.
No primeiro momento que a atividade for iniciada, o aluno já pode querer auxílio do professor,
é importante que o professor saiba responder com outras perguntas que façam o aluno chegar
na resposta desejada sozinho. Após algum tempo o professor pode ajudar o aluno caso o mesmo
não esteja conseguindo desenvolver nada da primeira etapa, porém o ideal é que o professor
não precise. Uma alternativa a isso é pedir para que o aluno do grupo que esteja mais avançado
ajude o colega que esteja com dificuldade. Fornecer sugestões adequadas sem definir
diretamente o que o aluno deve fazer é o ideal para essa fase e para a atividade. O aluno deve
ter confiança de sua resposta, fazer com que ela faça sentido para ele, assim, ao responder outros
exercícios e atividades, ele não precisará necessariamente procurar o professor para dar o
veredito final sobre a confirmação da resposta.
Na fase Depois, o professor deve encorajar a formação de uma Comunidade de
Estudantes. Aqui o professor pode pedir para que cada grupo apresente o que foi feito quanto
às etapas. O professor irá escutar e aceitar soluções dos estudantes sem julgá-las, em momento
nenhum deve-se dizer ou apontar algo errado no encontro das respostas. É necessário que os
alunos se corrijam, e se por acaso os grupos não conseguirem identificar os erros dos outros, o
professor pode aplicar exemplos de forma que os alunos verifiquem as respostas. Sintetizar as
principais ideias e identificar futuros problemas é necessário para que as consequências da
realização da atividade não fique apenas na aula de regência. Conversar sobre os erros
cometidos com todos pode ajudar em uma possível dúvida que outro aluno teve, mas não
demonstrou. Anotar possíveis dificuldades pode ajudar com que o professor consiga lidar
melhor futuramente caso essa dificuldade apareça novamente durante os próximos passos no
decorrer do assunto.
Essas etapas são extremamente necessárias para que a atividade baseada na resolução
de problemas seja concretizada de forma completa. As fases trazem a reflexão para o
planejamento não só da regência como para todas as aulas na atuação do professor. Planejar
significa se preparar, e se preparar significa desempenhar melhor determinado trabalho.
A regência baseada na resolução de problemas foi realizada em duas segundas, nos dias
23/05 e 30/05. Cada encontro teve a duração de três aulas de 50 minutos. O primeiro encontro
aconteceu logo após o período de testes, por isso, avisei que as notas dos alunos não seriam
dadas naquele momento, e que faríamos uma atividade um pouco diferente. Antes de separar a
sala em grupos, expliquei a motivação por trás da atividade. Os alunos precisam perceber que
eles são detentores de conhecimentos matemáticos prévios, que os conhecimentos matemáticos
se complementam de um ano para o outro, e que com isso eles também são capazes de construir
os próximos conhecimentos de maneira autônoma, a partir dos saberes já adquiridos. Após isso,
separei os nove alunos presentes em três grupos de três pessoas, tendo o cuidado de ter, em cada
grupo, um aluno que aparenta ter mais desenvolvimento com a matemática, um aluno com
menos desenvolvimento e um aluno mediano.
Entreguei as atividades de maneira impressa e os autorizei a iniciar. Percebi que tinha
esquecido de fazer a atividade que tinha planejado fazer na Fase Antes, então pedi para que os
alunos voltassem sua atenção ao quadro antes de iniciar a atividade de fato. A atividade
realmente ajudou dois dos três grupos a diferenciar o que fazer quando um exercício dá uma
informação em que deveremos multiplicar ou o exercício dá uma informação que deveremos
dividir.
No primeiro momento da Fase Durante, observei o comportamento dos grupos. O grupo
2, que não aparentou ter entendido a atividade do quadro, foi o que mostrou menos sinergia e
mais dificuldade em desenvolver a Etapa 1 da atividade. Uma das alunas do grupo 1 me
perguntou se eles deveriam usar a divisão na primeira etapa, respondi que não deveria
influenciar nas respostas durante toda a atividade, e que eles poderiam discutir sobre que
operação usar e tomar uma decisão conjunta. Foquei em não dar um prazo de término para
entrega da atividade, pois sabia que seriam necessários dois encontros para a realização da
atividade, mas esperava que os grupos realizassem as etapas 1 e 2. Ao decorrer da aula, os
grupos 1 e 3 pensaram no mesmo caminho e finalizaram a etapa 1, mas tiveram dificuldades
em entender a etapa 2. Nesse momento, me reservei em reler o enunciado com eles e retirar
possíveis dúvidas de interpretação. O grupo 2 terminou o encontro sem desenvolver
completamente a etapa 1.
Com isso, já chegaríamos ao final do primeiro encontro. Pedi a eles que devolvessem
os papéis da atividade junto com os seus relatórios, e que, diferente de uma tarefa de casa, só
deveríamos desenvolver aquela atividade em classe.
No segundo encontro, um dos alunos do primeiro encontro tinha faltado, enquanto 3
alunos que faltaram o primeiro encontro vieram nesse dia. Separei cada um em um grupo e dei
continuidade à atividade pedindo para que os grupos explicassem o que ocorreu no encontro
passado e o que eles desenvolveram de resposta nas etapas 1 e 2. Após esse momento, pensando
na dificuldade do grupo 2 em desenvolver a etapa 1, antecipei a discussão entre todos os grupos
para essa etapa, a fim de que o grupo 2 tentasse avançar na atividade. Deu certo. Após esse
momento, os grupos 1 e 3 começaram a pensar na etapa 3, enquanto o grupo 2 fazia os cálculos
da etapa 1.
Já durante a aula percebi algumas falhas na produção da atividade. Os alunos não
conseguiam entender o que seria um ‘orçamento’ na etapa 2, que consiste na soma entre o valor
da quantidade de PVC total e o valor da mão de obra, o que os fez chegar na solução incorreta
da etapa. Outra palavra que eles não entendiam era ‘intervalo’, presente na etapa 3. Tive a ideia
de colocar os grupos 1 e 3 para se desafiarem a calcular orçamentos, onde o primeiro grupo
falaria um número entre 1 e 150, que corresponderia à quantidade de metro de PVC, e o outro
deveria responder corretamente em que loja o orçamento dessa quantidade de material sairia
mais barato. A ideia era que eles entendessem que, definindo um intervalo, seria mais fácil dizer
em que loja seria mais viável comprar. Porém não consegui realizar tal ideia pois as respostas
da etapa 2 influenciariam no resultado errado desse duelo, por isso incentivei os grupos 1 e 3 a
discutirem sobre suas respostas e verificarem as diferenças entre as respostas.
Nesse segundo encontro, tive que estipular um horário em que finalizaríamos a
realização da atividade e começaríamos a Fase Depois, de discussão das respostas elaboradas.
Essa fase foi reservada para os 50 minutos finais e a essa altura todos os grupos tinham respostas
para as etapas 1 e 2. A primeira etapa não gerou nenhuma discussão pelo fato de todos os grupos
chegarem na mesma resposta. Já a segunda etapa culminou em diferentes resultados. Os grupos
1 e 3 conseguiram chegar ao resultado correto, enquanto o grupo 2, ao invés de usar como
multiplicador da variável o resultado da primeira etapa, usaram os próprios números presentes
na primeira etapa, resultando em valores bastante elevados para cada orçamento na etapa 2. Os
grupos conseguiram chegar na resposta correta da etapa 2 apresentando suas respostas e
justificativas para ela.
Para mim, apesar de os alunos não terem terminado as três etapas, a construção das
respostas e justificativas das etapas 1 e 2 já são um bom caminho para a introdução de equação
do primeiro grau com uma incógnita. É interessante que na aula posterior à ultima aula de
resolução de problemas, sejam conversadas as dificuldades dos alunos nas etapas feitas, e que
seja feita a resolução da etapa 3 não realizada por eles.
9. Agradecimentos
A elaboração do presente Relatório de Estágio não seria possível sem o apoio de alguns
participantes. Assim sendo, são concedidos agradecimentos ao professor orientador Jadilson
Almeida por compartilhar seu conhecimento e estar sempre presente durante a disciplina, aos
gestores, discentes e alunos da instituição Colégio Brilho de Jesus onde foi desenvolvido o
estudo, por toda a atenção, ao professor Pablo que abriu as portas da sua sala de aula para
observação, sendo sempre gentil e colaborador em conservas sobre a turma e a matemática, e à
coordenadora e professora supervisora Rejane Maria que concedeu e acompanhou o estágio,
sempre estando presente e prestativa quando surgiam dificuldades.
10. Referências
PAIVA, Ana Maria Severiano de; SÁ, Ilydio Pereira de. Educação matemática crítica e
práticas pedagógicas. Revista Ibero-Americana de Educação (RIE) Volume 55 Número 2, 2011.
Disponível em: https://rieoei.org/RIE/article/view/1616
VAN DE WALLE, John A. Matemática no ensino fundamental: formação de
professores em sala de aula – 6ª ed. – Porto Alegre: Artmed, 2009.
CORDEIRO, Lécio. Matemática 7º ano Ensino Fundamental – Recife: Formando
Cidadãos, 2021.