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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO IV

Carlos Eduardo Lima da Silva1


Wagner Rodrigues Costa2
Edson Lima dos Santos3

Resumo: O trabalho a seguir visa expor o alinhamento entre conceitos teóricos e atividades práticas, unindo
estudos de metodologias de ensino com observação, coparticipação e regência em uma sala de aula na prática. O
estágio ocorreu no período de três meses, totalizando 60 horas de aula teórica e 16 horas de prática na escola
pública. O tempo passado no colégio trouxe experiências no ensino médio, esclarecidas no relatório, bem como a
oportunidade do uso de jogos como ferramenta auxiliar no ensino de matemática.

Palavras-chave: Estágio; Metodologia; Regência.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho fornece uma experiência fornecida pela disciplina de ESO IV, cujo a escola
campo escolhida para ser feito o estágio prático foi a Escola de Referência em Ensino Médio
Padre Nércio Machado, situada no bairro da Linha do Tiro, na cidade de Recife, juntamente
com os exercícios teóricos adquiridos durante os ESO’s anteriores e alinhado com o ESO IV.
Durante as aulas teóricas ocorridas na faculdade, foram discutidos: a base de
conhecimento para o ensino da matemática, a formação inicial de professores, seja no âmbito
nacional, quanto no internacional, as concepções sobre a matemática e seu ensino, a resolução
de problemas e o ensino/aprendizagem em matemática, a tecnologia no ensino de matemática
e a construção e o uso eficiente de livros didáticos.
A discussão sobre a base de conhecimento para o ensino da matemática trouxe um olhar
para a necessidade do professor não se limitar ao conhecimento matemático e/ou ao
conhecimento pedagógico. Um professor, qualquer que seja a sua área, precisa também ter o
conhecimento pedagógico do conteúdo, onde ele não sabe somente o assunto, mas entende
como ensinar aquele assunto de maneira mais compreensível e diversificada. A pesquisa e o

1
Graduando do curso de Licenciatura em Matemática, pela UFRPE. e-mail: carlosels002@gmail.com
2
Professor orientador de ESO IV. e-mail: wagner.costa@ufrpe.br
3
Professor supervisor da escola campo. e-mail: teacheredson13@gmail.com
diálogo sobre a formação dos professores mostrou a qualidade da preparação do professor
durante a fase da graduação, comparando o que se era proposto em documentos oficiais, e o
que de fato acontece na sala de aula da licenciatura, trazendo também comparativos
internacionais para discussão. As concepções sobre a matemática nos mostram como podemos
reformular o ensino da disciplina para melhor compreensão dos alunos, já a resolução de
problemas nos traz um conceito de reformulação. A tecnologia no ensino é outro exemplo de
como podemos adaptar o ensino da matemática para o que os alunos mais usam hoje:
computadores e celulares.
A realidade dos alunos da escola de estágio, que é uma escola pública e integral, e está
situada em um bairro periférico, é de um ensino anterior precário, dado o momento vivido nos
anos anteriores, onde a pandemia afetou mais ainda alunos de baixa renda e sem acesso à
internet. Porém, uma escola integral, bem estruturada e bem regida, fornece a eles uma
oportunidade de aprendizado e uma construção de futuro, seja na área técnica, militar ou de
ensino superior.
A EREM Padre Nércio Rodrigues possui as seguintes dependências: auditório, dois
banheiros coletivos, dois banheiros para professores, biblioteca, campo de futebol, cozinha,
depósito de alimentos, depósito de material, diretoria, estacionamento, laboratórios de
bioquímica e informática, quadra de esportes, refeitório, sala de apoio pedagógico, nove salas
de aula, sala de coordenação, sala de educadora de apoio, sala de estudos de línguas, sala de
mediação de conflito, sala de professores e secretaria. A composição administrativa é formada
por: Diretor, assistente de gestão, educadora de apoio, apoio pedagógico, secretária, dois
auxiliares administrativos, coordenador de biblioteca, três auxiliares de serviços gerais
terceirizados, guarda patrimonial diário, porteiro e dois vigilantes noturnos. A escola possui um
quadro de dezoito professores com formação completa entre graduados, especialistas e mestres.
Efetivamente, dos projetos pedagógicos, os que aconteceram durante o tempo de estágio foram
as aulas focadas em exercícios da SAEPE/SAEB, praticados semanalmente, e atividades
culturais e artísticas, organizadas sazonalmente. As turmas da escola são exclusivamente do
Ensino Médio, divididas em: três turmas do 1º ano, três turmas do 2º ano e três turmas do 3 º
ano.
O relatório tem como objetivo reunir as experiências teóricas e práticas a fim de fortalecer
e preparar o futuro professor de matemática, por meio do estudo e da análise de conteúdos
matemáticos, pedagógicos e pedagógicos da matemática, bem como dos ambientes físicos em
que ele irá atuar.
2. DESENVOLVIMENTO

Os objetivos deste trabalho são: a exposição das análises das observações de aulas do 2º
ano C, baseado no que foi discutido em sala de aula. A descrição da importância da
coparticipação para o aluno estagiário, e a exposição e análise de uma aula de regência.

2.1 Observação
Os objetivos deste trabalho são: a exposição das análises das observações de aulas do 2º
ano C, baseado no que foi discutido em sala de aula. A descrição da importância da
coparticipação para o aluno estagiário, e a exposição e análise de uma aula de regência.
A primeira impressão da sala do 2º ano C foi de uma turma com uma quantidade não
muito grande de alunos. Porém, comentários dos professores afirmavam que essa era uma das
salas menos focadas nas aulas. A sala de aula contém um quadro grande com linhas auxiliares,
existem ar condicionados mas não são ligados. No lugar existem quatro ventiladores. A sala
também tem boas bancas com quantidade suficiente para todos os alunos. Em geral, um local
de estudos confortável.
A primeira observação aconteceu no dia 4 de agosto. Não haviam muitos alunos na sala,
o professor afirmou que isso aconteceu por ser início do 3º semestre. O assunto tratado no dia
foi de seno, cosseno e tangente de um ângulo. O assunto já havia sido trabalhado, e o professor
costuma colocar cinco exercícios no quadro para que os alunos respondam. A primeira questão
estava relacionada ao assunto de proporcionalidade entre segmentos, e as demais tinham como
assunto o uso da fórmula de seno, cosseno e tangente. A aula se resumiu nos alunos tentando
responder sozinhos ou copiando as respostas dos colegas, e o papel do professor era responder
corretamente as questões no quadro. Houve uma situação em que uma aluna errou a questão
por trocar o cateto oposto pelo cateto adjacente no momento em que estava calculando o seno
de um triângulo. Nesse momento houve a necessidade do professor trabalhar o porquê da aluna
ter trocado as informações a serem usadas, mas não aconteceu. Ao invés disso, o professor
informou que ela errou e disse qual era a resposta correta.
A segunda observação aconteceu no dia 11 de agosto. Na semana anterior, o professor
tinha oferecido a oportunidade de realizar uma regência sobre função cosseno, mas o tempo de
interação com a sala de aula ainda não tinha sido suficiente para criar o conforto necessário
para a aplicação de uma aula de regência. Nesta semana a turma já estava com mais alunos
regularmente presentes. Novamente, o professor já tinha trabalhado o assunto durante uma
quinta e a outra, então o momento nesse dia foi reservado para aplicar o que foi visto em
exercícios abstratos. Uma decisão que o professor havia tomado foi de entregar uma tabela de
valores de seno, cosseno e tangente para os alunos a fim de, quando os alunos encontrassem o
seno ou cosseno de algum triângulo, substituíssem a informação pelo valor da tabela. A
habilidade da BNCC trabalhada nessa aula foi: EM13MAT308: Aplicar as relações métricas,
incluindo as leis do seno e do cosseno ou as noções de congruência e semelhança, para resolver
e elaborar problemas que envolvem triângulos, em variados contextos. A habilidade foi
parcialmente desenvolvida.
A terceira observação aconteceu no dia 18 de agosto. Houve mais uma aplicação de
atividades sobre vários assuntos, para ajudar na nota. Em certo momento de uma atividade, os
alunos começaram a tentar adivinhar valores para acertar uma questão. O professor esperou até
o momento em que alguém adivinhou a resposta e só a deu como correta. Isso talvez crie um
pensamento nos alunos de que é mais fácil “chutar” uma questão em vez de procurar o caminho
correto para se responder a questão.
Em 25 de agosto, no quarto dia de observação, ao chegar na escola, o professor informou
que suas aulas foram reservadas para o ensaio de um evento cultural, mais especificamente uma
apresentação que os alunos iam fazer para toda a escola. Em uma conversa com o professor, o
mesmo afirmou que a frequência desse tipo de evento, bem como os pedidos de ensaios nos
momentos das aulas são um dos fatores que prejudicam o andamento dos assuntos matemáticos,
que naquele momento, estavam atrasados, algo bastante comum e constantemente afirmado
pelos professores de matemática na maioria das escolas, geralmente com alunos de baixa e
média renda, e que tiveram dificuldades em acompanhar a matéria de forma remota durante a
pandemia. Durante os trinta minutos finais da sua aula, o professor mostrou aos alunos uma
tabela que diferenciava as medidas de grau, radiano e grado em uma circunferência.
A quinta observação aconteceu no dia 8 de setembro. Nesse dia o professor teve uma
reunião/treinamento e deixou os alunos com uma atividade que envolvia o assunto de lei do
seno. Em certo momento da aula, um aluno do terceiro ano entrou na sala, e ensinou ao 2º ano
C uma música com o intuito de decorar a tabela dos ângulos notáveis. Houve uma resposta
positiva e de fácil decoração dos alunos na sala.
A sexta e última observação aconteceu no dia 15 de setembro. O professor, dando
continuidade ao assunto iniciado na aula de regência, introduziu o assunto de permutação
simples e pediu para que os alunos respondessem alguns exercícios escritos no quadro. Sempre
com o mesmo método de esperar que o aluno respondesse e posteriormente o professor
responde corretamente no quadro. A habilidade da BNCC trabalhada nessa aula foi:
EM13MAT310: Resolver e elaborar problemas de contagem envolvendo agrupamentos
ordenáveis ou não de elementos, por meio dos princípios multiplicativo e aditivo, recorrendo a
estratégias diversas, como o diagrama de árvore.
Em geral, o ensino aplicado no 2º ano não se mostra inovador nem animador. Para piorar,
os alunos não demonstram interesse em aprender. Houveram duas situações em que o professor
teve que parar a aula para conversar com a turma. O professor mostrou desconforto em não
conseguir aplicar de maneira eficiente a sua didática, muito por conta do barulho e inquietação
do 2º ano C. Ainda assim, foi essencial conhecer uma turma de ensino médio e perceber
diferenças em relação ao ensino fundamental II. Os exercícios se revelaram distantes da
realidade do aluno nem tão pouco foram contextualizados. O método de ensino do professor é
único, centrado apenas no conteúdo, o debate não é estimulado e é mais próximo do método
tradicional.

2.2 Coparticipação
A coparticipação é o momento em que o aluno pode não só observar mas participar
ativamente de algumas poucas atividades exercidas pelo professor, atuando lado a lado com o
profissional. Infelizmente, o curto tempo semanal e a falta de aproximação com os alunos fez
com que não houvesse espaço para a realização de alguma coparticipação considerável. Não foi
possível acompanhar reuniões, corrigir listas de exercícios, nem ajudar os alunos na resolução
de problemas em uma ou duas aulas inteiras.

2.3 Regência
A regência ocorreu em um único dia, 1 de setembro, durante duas aulas, cada uma com
duração de 50 minutos. Uma semana antes, foi discutido com o professor qual seria o assunto
da aula: Análise combinatória, dando início ao assunto com contagem, princípio multiplicativo
e fatorial de um número.
A escolha de uma metodologia dinâmica foi a do uso de jogos para o ensino da
matemática. Para isso, dois jogos foram escolhidos a partir do acesso ao Go Maths, site que
fornece vários jogos matemáticos de maneira gratuita. O primeiro jogo é intitulado “Ice Cream
Starter of the Day”, o objetivo do jogo é, a partir da possibilidade de escolha de seis sabores de
sorvete diferentes, fazer a combinação dois a dois de bolas de sorvete, podendo repetir o sabor,
mas não importando a ordem. A matemática do jogo permite que o jogador calcule as
possibilidades a partir do cálculo 6+5+4+3+2+1=21, mas que futuramente poderá ser calculado
a partir da fórmula de combinação simples.
Imagem 1: Jogo “Ice Cream Starter of the Day”
Disponível em: https://www.transum.org/Software/SW/Starter_of_the_day/starter_november12.ASP
O segundo jogo escolhido foi o “Misfit”. O jogo tem como objetivo fazer permutações
utilizando três personagens diferentes, divididos em três, em três espaços diferentes. O objetivo
é que o aluno perceba que está fazendo uma permutação simples onde irá calcular 3x3x3=27
possibilidades de construção de personagens diferentes.
Imagem 2: Jogo “Misfit”

Disponível em: https://www.transum.org/Maths/Activity/Misfits/


Na preparação da aula, foi decidido iniciar expondo o primeiro jogo, onde os alunos iriam
auxiliar na construção das bolas de sorvete, e tentar usar algum pensamento matemático para
solucionar a questão: “Qual o total de combinações que podemos fazer?”. A aula seguiria com
três atividades adaptadas do livro Conexões: matemática e suas tecnologias, da editora
Moderna, onde se trabalharia o princípio multiplicativo, mas sem necessariamente ensinar a
definição teórica do assunto. Assim os alunos construiriam a definição a partir da resolução de
problemas. Ao finalizar as atividades, a definição teórica do conteúdo deveria ser apresentada,
mas não antes de perguntar aos próprios alunos que definição eles dariam para a aplicação do
que eles utilizaram para resolver as questões. Após isso, foi decidido desenvolver o assunto de
fatorial de um número de maneira mais tradicional, a fim de observar as respostas dos alunos a
esse tipo de rompimento de metodologias.
A aula foi preparada em um slide para ser utilizado em um retroprojetor fornecido pela
escola. Também foi preparada uma “Atividade de fixação”, com exercícios baseados nos
assuntos vistos no dia para os alunos fazerem em casa. Ao final da atividade, era pedido que,
em casa, os alunos avaliassem a aula de regência.
Apesar de o assunto não necessitar de nenhum assunto matemático prévio que não fosse
lógica e multiplicação, era esperado que os alunos não tivessem tanta facilidade com as
questões. Uma maneira de solucionar esse problema, caso ocorresse, era proporcionar um
diálogo entre respostas diferentes encontradas pelos alunos.
Em relação à regência, ao chegar na escola, fui informado que o professor estava de
licença médica, e por um tempo achou-se que a regência não iria acontecer, porém o professor
do 1º ano, que naquele momento estava com aula livre, informou que iria supervisionar a turma
e auxiliar no regimento da regência. A notícia atrapalhou um pouco a confiança durante a
regência, pois os alunos não foram avisados de que iriam acompanhar a aula de regência, e os
mesmos pensavam que teriam a aula livre, se decepcionando e ficando chateados durante toda
a aula. Após um pouco de dificuldade em fazer os recursos tecnológicos funcionarem, deu-se
início à aula. Os alunos foram participativos a todo momento e demonstraram facilidade no
assunto, fazendo-se reconhecer que na preparação da aula, o conhecimento dos alunos foi
subestimado, e a aula ocorreu de maneira tranquila.
A aula de regência serviu para mostrar a dificuldade em se ministrar uma aula com uma
quantidade grande de alunos, impossibilitando o professor de dar uma atenção individual a cada
dúvida que fosse revelada. Também foi analisado que nem sempre os alunos irão se animar
com metodologias novas. O trabalho do professor também é, a longo prazo, identificar e
entender as prioridades metodológicas que mais funcionariam em cada sala de aula, não existe
a metodologia mais eficaz, a necessidade muda de acordo com a identidade da turma a ser
lecionada.
Foi pedido para que se retornasse a lista de exercícios respondida, uma semana depois da
regência, porém não houve retorno de nenhum dos alunos, e uma justificativa de que as
atividades pedidas pelo professor fizeram com que a atividade da regência fosse colocada em
segundo plano. Com isso, não foi possível ter um retorno do que foi aprendido pelos alunos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse último estágio obrigatório, onde deve ser observada a atuação do professor no
ensino médio, os resultados teóricos, em sala de aula, se mostraram mais satisfatórios do que
as atividades práticas, na escola de estágio. Porém, a experiência em uma sala de aula de uma
escola de ensino médio de tempo integral trouxe vários aprendizados em relação à: ambiente,
oportunidade e ensino. Por mais que os alunos tivessem uma boa oportunidade de aprender,
nem sempre eles vão colaborar para que os professores possam aplicar suas metodologias. Por
mais que existam treinamentos e atualizações didáticas oferecidas aos professores, uma aula
tradicional pode ser a escolha quando se é colocado para ensinar matemática a uma turma
difícil. A qualidade da relação professor-aluno é equivalente e é necessário haver um esforço
de um dos lados para que o outro melhore.

REFERÊNCIAS

- BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): educação é a base. Brasília, DF:
MEC/CONSED/UNDIME, 2018.

- MODERNA, Editora. Conexões: matemática e suas tecnologias: manual do


professor/organizadora. Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida
pela Editora Moderna; editor responsável Fabio Martins de Leonardo. - 1. ed. - São Paulo:
Moderna, 2020.
- RODRIGUES, EREM Padre Nércio. Projeto Político Pedagógico. Recife - PE, 2022.
ANEXOS
Anexo 1 - Atividade de fixação

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