Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em um grande salão, ADRIL, 25 anos, é escoltado por guardas até uma mesa onde está sentada
ÁRIA, 25 anos, uma Aprendiz da Justificação. Adril tem os olhos vendados. Ele é colocado em uma
cadeira à frente de Ária.
ÁRIA:
(Mostra seu pulso, revelando duas runas tatuadas.)
Meu nome é Ária. Sou uma Aprendiz da Justificação. Estou aqui para recolher informações para o
seu julgamento.
ADRIL:
(Silêncio.)
Ária aponta para uma TECELAGEM DE RUNAS - dispositivo semelhante a um sorobam, mas com
runas escritas em cada uma das contas.
ÁRIA:
Todas as suas palavras estão sendo transmitidas para os Sete Sacerdotes da Justificação através de
tecelagem de runas. Cada um deles tem sua própria tecelagem.
Ária vira uma ampulheta, e a areia começa a cair.
ÁRIA:
A primeira pergunta que a Doutrina da Justificação determina é: como Vossa Eldrade se declara?
ADRIL:
Culpado.
ÁRIA:
(Sem surpresa. Olhando papéis)
Sim. Isso já consta no meu relatório inicial.
Ária "empurra" um prato de frutas na direção de Adril usando psicocinese. As frutas não são as
mesmas que temos na Terra. Adril recusa com um gesto.
ÁRIA:
Sei que Eldras não comem na mesma mesa que os Justificadores, mas você está na condição de
prisioneiro.
ADRIL:
(Com frieza e certa arrogância.)
Eu sou mais que um Eldra. Sou um Barvran e arqui-herdeiro do meu Barvra.
ÁRIA:
Então como um Eldra Barvran se afastou tanto do conforto do seu Barvra?
Cena 2 - Fundo do Poço - Dia
ADRIL está no fundo de um poço, um ambiente escuro e úmido. O som do gotejamento ecoa pelas
paredes de pedra. Vestido com roupas nobres agora encharcadas, ele luta para se manter acima da
água, segurando-se em uma saliência de pedra. ADRIL percebe um movimento na superfície da
água e clama por ajuda.
ADRIL:
(Esforça-se para olhar para cima. A boca do poço é apenas uma pequena mancha de luz distante.)
Quem está aí em cima? Eu sou Adril! Sou um Barvran! Posso recompensá-los generosamente se me
ajudarem!
Sua voz vai enfraquecendo à medida que ele afunda um pouco mais na água.
ADRIL:
(Com voz fraca.)
Me ajudem! Eu sou um barvran…
De repente, uma corda é jogada no poço. ADRIL a agarra e, usando suas últimas forças, começa a
subir.
Cena 3 - Gruta do Poço - Dia
Na superfície, ADRIL encontra-se em uma gruta imensa. Ele olha ao redor, buscando quem o
ajudou a sair do poço, mas não encontra ninguém. Seus olhos se enchem de lágrimas quando ele vê
GARRINHA, seu animal de estimação que é uma espécie de gato alado, morto com uma flecha
atravessada em seu corpo.
ADRIL:
(Cai de joelhos ao lado de Garrinha, visivelmente abalado.)
Garrinha...
Depois de um momento ajoelhado ao lado de seu gato alado, o olhar de ADRIL se desvia para um
homem morto não muito longe dali. O homem tem uma besta apontada na direção de onde Garrinha
jaz.
Adril anda até o corpo. Adril observa a espada que está atravessada no corpo de homem. A espada
tem o brasão de Adril, o mesmo que vemos em suas vestes.
Adril retira sua espada do corpo do homem.
Cena 4 - Gruta do Poço - Dia
ADRIL, ainda visivelmente emocionado. Ele está cavando um buraco no chão da gruta usando a
ponta de sua espada. Ele faz isso com um misto de reverência e urgência
ADRIL:
(Enquanto cava, murmura para si mesmo.)
Desculpa, meu amigo...
Depois de cavar o suficiente, ADRIL delicadamente coloca o corpo de GARRINHA no buraco. Ele
então começa a cobrir o corpo com a terra que havia retirado. Em seguida, faz uma pilha de pedras
sobre o local.
Faz uma breve pausa, olhando para o monte de pedras que agora é o túmulo de Garrinha. Respira
fundo e se coloca de pé, guardando sua espada.
Cena 5 - Gruta do Poço - Dia
ADRIL caminha até o homem morto e pega a besta que está ao seu lado. Ele examina a arma por
um momento antes de seguir em frente.
Ele se aproxima de uma fonte rasa onde uma espada dourada repousa. Com cautela, ADRIL usa um
pedaço de seu manto para proteger sua mão e pega a espada, evitando olhar diretamente para ela.
ADRIL:
(Murmura para si mesmo enquanto enrola a espada no manto.)
Espero que fique calada.
Ele prende a espada enrolada em seu manto nas costas e começa a se afastar. No entanto, um som
fraco chama sua atenção. Ele volta ao corpo do homem morto e, após uma busca rápida, encontra
um pequeno cesto de palha escondido sob ele.
Curioso, ADRIL abre o cesto e encontra um filhote de gato alado, muito parecido com Garrinha. O
gatinho rosna e Adril sorri.
ADRIL:
(Sorri tristemente ao ver o filhote.)
Quem é você amigo? Posso chamar você de Destruidor? Sim? Sim!
ADRIL pega o cesto com cuidado, coloca o filhote dentro e leva consigo.
Cena 6 - Caminho Tortuoso da Gruta - Dia
ADRIL, com o cesto contendo o filhote de gato alado em uma mão e sua espada dourada enrolada
no manto presa às costas, começa a caminhar por um caminho tortuoso que leva para fora da gruta.
O ambiente é úmido e as paredes da gruta estão cobertas de musgo. A luz do dia começa a penetrar
pelas frestas à medida que ele se aproxima da saída.
ADRIL:
(falando para cesto com o gatinho alado)
Você tem medo de rakrans? Vamos encontrar um?
Ele continua a andar, cada passo ecoando na gruta. O filhote no cesto mia.
Cena 7 - Salão de Interrogatório - Dia
ADRIL está sentado em frente à ÁRIA, a Aprendiz da Justificação. Ele ainda está com os olhos
vendados. A ampulheta continua a marcar o tempo.
ÁRIA:
(Olhando para os papéis à sua frente.)
Diga-me sobre a espada dourada, A Palavra. Você tinha a intenção de trazê-la para o Ninho?
ADRIL:
(Com um tom de amargura.)
Atravessei todo o Arkadam, demorei mais de duas sincronizações das três luas nessa jornada, lutei e
perdi muito mais do que qualquer um pode imaginar... tudo para conseguir aquela espada. E foi
completamente inútil.
ÁRIA:
Então, seu objetivo era trazer A Palavra para o Ninho e obter em troca a reconstrução do seu
Barvran?
ADRIL:
(Firme.)
Sim, eu respeito as Palavras de Kandra.
ÁRIA:
(Consultando seus papéis novamente.)
Não deve ter sido fácil para um eldra viajar até o Ninho vindo das Terras do Terceiro.
ADRIL:
(Corrigindo.)
Aquelas terras não são do Terceiro.
ÁRIA:
(Acenando com a cabeça.)
Entendo. Sei o que o Terceiro Gigante fez com o seu Barvran. (Pausa.) Agora, por favor, continue o
relato. Como conseguiu chegar ao Ninho em meio à Insurreição do Punho de Pedra?
ADRIL respira fundo, preparando-se para contar mais uma parte da sua jornada.
Cena 8 - Estalagem da Espada Enferrujada - Dia
ADRIL entra na estalagem "A Espada Enferrujada", onde diversas espécies, incluindo HUMANOS
e SILKÁRIOS (seres de orelhas pontudas, além de olhos, cabelos e pele verdes), que estão bebendo
e conversando, e GRIKS (seres de olhos amarelos, cabelos prateados, pele acinzentada e
craquelada), que estão servindo ou presos a correntes na proximidade de seus donos. Um MONGE
DA JUSTIFICAÇÃO está fazendo tecelagem de runas para pessoas em uma fila.
ADRIL tenta falar com uma fêmea GRIK que acabou de servir uma mesa. Ela olha para ele, mas se
assusta e sai rapidamente. Um HOMEM que também serve mesas se aproxima de ADRIL.
HOMEM:
(Fazendo uma reverência)
Perdão, vossa eldrade. Ela não deveria ter dirigido o olhar a um eldra.
ADRIL:
Preciso de um guia.
HOMEM:
Quase todos os vankrins que param aqui na Espada Enferrujada ou são guias de ofício ou em
potencial.
ADRIL dá ao homem uma LUA VERMELHA (uma pequena argola de bronze) e se dirige a
ALBARAN, um homem grande e corpulento que está bebendo ao lado de um adolescente GRIK
amarrado e machucado.
ALBARAN:
(Percebendo ADRIL, muda sua postura rapidamente e se torna submisso.)
Vossa eldrade?
Adril percebe o adolescente Grik olhar para ele de forma desafiadora.
ADRIL:
(Ignorando o olhar do adolescente GRIK.)
Como é seu nome?
ALBARAN:
(Mostra o pulso tatuado com três runas.)
Albaran, senhor!
ADRIL:
Preciso de um guia. Pago uma lua negra.
ALBARAN:
É claro, vossa eldrade! Quando deseja partir?
ADRIL tem uma vertigem e vê APRESTO, 30 anos, entrar na estalagem. Adril se dirige a
APRESTO sem dar explicações a ALBARAN, que fica confuso, mas dá de ombros e volta a beber.
ADRIL:
(Chegando até APRESTO, que está de costas.)
Vankrin?
APRESTO:
(Se vira, surpreso ao ver ADRIL.)
Perdão, vossa eldrade. Posso ser útil?
ADRIL:
Sente-se.
Adril se senta e Apresto se senta em seguida. Eles se sentam em mesas separadas, porém próximas.
ADRIL:
Como é seu nome?
APRESTO:
(Mostra o pulso rapidamente.)
Apresto D'Adonarian, vossa eldrade.
ADRIL:
Preciso de um guia urgente. Você conhece bem o território de Arkadam?
APRESTO:
Conheço todas as rotas oficiais e não oficiais. Mas, perdão vossa eldrade! Eu já estou
comprometido com uma rota.
ADRIL:
Pago uma lua negra.
APRESTO:
(Surpreso.)
Uma lua negra? Não poderia fazer uma rota que valha tanto...
Cena 9 - Espada Enferrujada - Dia
SOLDADOS HUMANOS e SOLDADOS SILKÁRIOS entram na estalagem, fazendo com que o
ambiente fique tenso. Eles exigem silêncio. APRESTO fica visivelmente nervoso. Um dos
SOLDADOS SILKÁRIOS começa a ler um decreto.
SOLDADO SILKÁRIO:
(Lendo o decreto em voz alta.)
Em razão da Insurreição do Punho de Pedra, as Palavras de Rakran determinam que todos os
vrankins que já tenham idade de 14 junções das três luas devem ser imediatamente apresentados às
Forças de Guerra de Arkadam. Enquanto o Rakran vigia, o Ninho jamais cairá.
O ambiente fica ainda mais tenso após a leitura do decreto. As pessoas começam a murmurar entre
si, algumas olhando para os adolescentes presentes. APRESTO olha para ADRIL, como se
ponderando suas opções.
Cena 10 - Espada Enferrujada - Dia
APRESTO está alarmado, mas tenta disfarçar. SOLDADOS se espalham pelo estabelecimento e um
deles, o SILKÁRIO, vem na direção de APRESTO. APRESTO faz menção de se retirar, mas
ADRIL lhe segura o pulso. O SOLDADO chega e cumprimenta ADRIL.
SOLDADO SILKÁRIO:
Perdão, grande eldra, preciso interrogar esse vrankin.
ADRIl consente com um gesto.
SOLDADO SILKÁRIO:
Me mostre sua marca, vrankin!
APRESTO estende o pulso e o SOLDADO lê duas runas tatuadas.
SOLDADO:
Apres?
APRESTO:
Sim, senhor!
SOLDADO:
Você está em contrato com algum eldra?
APRESTO congela em silêncio.
SOLDADO:
Me acompanhe.
ADRIl:
Ele está em contrato comigo.
ADRIl mostra o pulso para o SOLDADO, que lê rapidamente e à distância.
SOLDADO:
Hum? ... Desculpe, grande eldra… Adril. Com sua permissão.
O SOLDADO se retira.
APRESTO:
Pra onde você quer ir?
ADRIl:
Com quem é o contrato que você disse ter?
APRESTO:
Com ninguém. Eu disse apenas que já tinha uma rota.
ADRIl:
Como assim? Com qual eldra você fará a rota?
APRESTO:
Com nenhum. Eu vou sozinho.
ADRIl:
Sozinho? As Palavras de Rakran não permitem que um vrankin viaje sozinho.
APRESTO:
Eu sei! Mas eu preciso desobedecer às Palavras do Rakran…
ADRIl:
Não tem medo de me dizer isso?
APRESTO olha apreensivo para ADRIL.
ADRIl:
Simplesmente falar em rebelião a qualquer uma das leis de Rakran, custa no mínimo um ciclo de
Serpel encarcerado.
APRESTO:
Perdão, grande eldra, eu não…
ADRIl:
Meu nome é Adril. Sou um bar-vran e arqui-herdeiro de meu barvra.
APRESTO:
É uma honra, bar-vran Adril.
ADRIl:
Eu preciso com urgência de um guia…
APRESTO:
Eldra bar-vran Adril, eu não…
ADRIl:
Eu pago 13 luas negras.
APRESTO:
13 Soluns?
ADRIl:
Você aceita?
APRESTO:
Pra onde o grande eldra deseja ir?
ADRIl:
Você aceita?
APRESTO:
Quando vossa eldrade ofereceu uma lua negra, eu já fiquei surpreso com tanta generosidade... Mas
13 luas negras?! Não posso enfrentar riscos que valem quase um Arkadellion Dourado…
Especialmente, não agora.
ADRIl:
Esse valor não cobre o risco. Eu quero ir para o Ninho.
APRESTO:
O que vossa eldrade disse?
ADRIl:
Quando chegarmos ao Ninho eu pago um Arkadellion Dourado… E lá, posso também selar uma
autorização para que você faça sozinho a rota que você está planejando. Você nunca vai conseguir
uma proposta melhor que essa. Eu acredito que…
APRESTO:
Eu aceito.
ADRIl:
… aceita? Tem certeza?
APRESTO:
Vossa eldrade disse para os soldados das três luas que tínhamos um contrato. Então temos um
contrato.
APRESTO:
Ao Justo.
ADRIl:
… Ao Justo.
APRESTO e ADRIL tocam suas próprias testas e, em seguida, tocam a testa um do outro, selando o
contrato.
Cena 11 - Salão de Interrogatório - Dia
ÁRIA, a Aprendiz da Justificação, move as runas da tecelagem a sua frente e depois olha para
ADRIL, que sempre está com os olhos vendados.
Ária: Então, você não suspeitou que o destino final de Apresto sempre foi o Ninho?
Adril: Obviamente, não. Se eu soubesse, não teria oferecido 13 luas negras.
Ária movimenta as runas.
Ária:
Isso é intrigante. Por favor, continue com o seu relato.
Adril suspira.
Adril: Muito bem, onde eu parei?
Ária: Você acabou de selar o contrato com Apresto na estalagem "A Espada Enferrujada".
Adril: Certo. Depois de selar o contrato, nós...
Cena 12 - Estábulo - Externa - Dia
O sol brilha forte enquanto Adril e Apresto caminham até o estábulo, onde uma variedade de
cavalos estão à mostra. O vendedor de cavalos se aproxima, sorrindo.
Vendedor de Cavalos: Bem-vindos, senhores! Estão interessados em comprar um bom cavalo?
Adril: Sim, preciso de dois cavalos fortes e rápidos.
O vendedor de cavalos leva Adril e Apresto até duas montarias robustas. Ao lado dos cavalos, um
grupo de griks escravizados está acorrentado, olhando para o chão.
Vendedor de Cavalos: Estes são os melhores que tenho. E se estiverem interessados, também tenho
alguns griks por apenas 90 serpels cada um. Vendo duas crianças por 100 serpels.
Adril olha para os griks, depois para Apresto, que parece incomodado.
Adril: Não, obrigado. Só os cavalos. Quanto eles custam?
Vendedor de Cavalos: 600 serpels cada um.
Adril entrega argolas prateadas para o vendedor de cavalos, que confere e balança a cabeça
positivamente.
Vendedor de Cavalos: Precisam de mantimentos para a viagem?
Adril: Sim, o suficiente para dois em uma jornada de 10 luas vermelhas.
O vendedor anda, sendo seguido por Adril, até uma mesa onde estão dispostos vários tipos de
mantimentos.
Apresto fica perto dos cavalos, lhes afagando o rosto. E, ao longe, o vendedor prepara pacotes de
mantimentos. O vendedor coloca os mantimentos sobre os cavalos e quando Apresto assume a
tafefa de amarralos, o vendedor se afasta.
Vendedor de Cavalos (para Adril) muito obrigado, vossa eldradre. Foi um prazer negociar com o
senhor.
Adril faz um gesto de cabeça e o vendedor se retira.
Adril: Vou descontar o valor dos mantimentos e do seu cavalo do seu salário, Apresto.
Apresto: Claro, senhor.
Adril: Como o cavalo é seu, você pode vendê-lo quando chegarmos ao Ninho do Rakran.
Apresto: (dando as costas para Adril) com sua licença, vossa eldrade.
Adril parece não compreender. Apresto volta ao vendedor de cavalos e, após uma breve conversa,
volta para Adril e lhe entrega algumas argolas.
Adril (surpreso): O que você fez?
Apresto: Negociei um preço melhor.
Adril: Você não vai ficar com a diferença?
Apresto (sorrindo): Não, senhor. As argolas são suas. No Ninho eu talvez consiga vender por um
preço até melhor.
Adril apenas assente e guarda as argolas. Apresto segue afagando o rosto do cavalo. Eles montam
nos cavalos e saem do estábulo.
Cena 13 - planície - Externa - Dia
Adril e Apresto cavalgam lado a lado em terreno aberto. Ao fundo, a figura colossal do Terceiro
Gigante domina a paisagem. O ser de pedra é tão imenso que as nuvens mal alcançam sua cintura.
Sua cabeça e peito estão cobertos de gelo devido à altitude, como se fosse uma montanha. A partir
da barriga, o gelo começa a derreter, formando pequenos veios de água que escorrem pela superfície
rochosa do Gigante. Na altura da coxa esquerda, a vegetação começa a aparecer, tornando-se cada
vez mais densa até chegar ao pé. A perna direita, no entanto, permanece árida e rochosa.
Apresto:
Nunca vi o Terceiro Gigante tão a leste de Arkadam. Ele está desafiando todas as previsões dos
tecelões.
Cena 14 - Estrada Larga - Externa - Dia
Adril e Apresto cavalgam por uma estrada larga quando são parados por um grupo de cinco
soldados das Três Luas. Os soldados estão armados e vestem armaduras com o emblema das Três
Luas.
Soldado 1:
(para Adril)
Desculpe, vossa eldrade. O senhor pode me mostrar sua identificação?
Adril mostra seu pulso, revelando suas runas tatuadas. O soldado confere e faz uma saudação
formal.
Soldado 1:
Eldra Adril, é uma honra. Mas o que faz tão longe de seu território?
Adril:
Isso não é da sua conta.
Adril se afasta do soldado 1. O soldado 1 acena para outro soldado, que se aproxima de Apresto.
Soldado 2:
Mostre seu pulso.
Apresto mostra o pulso. O soldado confere uma lista e depois o libera com um gesto.
Adril:
O que é essa lista?
Soldado 2:
É uma lista de vrankins desertores.
Adril:
Há muitos?
Soldado 2:
Todos os dias capturamos e enforcamos pelo menos uma dúzia.
Soldado 3:
Nobre eldra. Seja cuidadoso na sua jornada. Talvez vocês encontrem tropas do Punho de Pedra,
desertores das nossas tropas, assaltantes e talvez até rebeldes griks.
Adril:
Rebeldes griks? Isso é improvável.
Soldado 1:
Infelizmente não! Arkadam está se degradando.
Adril se aproxima de um dos soldados, afastando-se um pouco de Apresto.
Adril:
Nós estamos viajando para o Ninho. Eu preciso de informações sobre os movimentos da guerra. É
para garantir uma viagem segura.
Adril entrega algumas argolas ao soldado.
Soldado 3:
Haverá um grande confronto na planície do Médio-Arkadam em apenas 12 luas vermelhas. Se
quiser chegar ao Ninho, é melhor passar pela planície antes disso.
Adril entrega mais algumas moedas ao soldado.
Soldado 3:
Uma sugestão gratuita: tenha cuidado com seu guia. Longe das leis do Rakran, os vankrins podem
se tornarem perigosos.
Adril:
… Existe mesmo uma revolta grik?
Soldado 3:
Quanto mais longe das leis do dragão você ficar, mais perceberá que qualquer selvageria é possível.
Os soldados partem. Apresto se aproxima de Adril.
Apresto:
Foi bom os guardas confirmarem sua eldrade. Com todo respeito, eu já estava começando a
desconfiar. Nenhum dos eldras se arriscaria em uma jornada dessa forma.
Adril:
(olha firme para Apresto)
Fazem pouco mais de duas conjugações das três luas, meu barvra foi destruído pelo Terceiro
Gigante. Preciso da ajuda do Ninho para reconstruí-lo.
Apresto:
Ouvi histórias sobre o barvra que foi pisado pelo Terceiro Gigante. Mas, com todo respeito, o Ninho
está concentrando forças em uma guerra e não está indo bem. Acha que o Conclave vai receber bem
sua demanda?
Adril:
Tenho um bom argumento para apresentar ao Rakran.
Apresto:
Você pretende ter audiência com o próprio Rakran?
Adril:
Sim.
Apresto fica pasmado e para um pouco o cavalo. Adril segue na frente e logo Apresto o segue e
montam e retomam a jornada, cada um absorto em seus próprios pensamentos.
Cena 15 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
O Aprendiz da Justificação, Ária, folheia alguns papéis em sua mesa e olha para Adril.
Ária:
Então, pelo que entendi, o Terceiro Gigante foi responsável pela destruição do seu barvra, correto?
Adril:
Sim, e isso é algo que não posso perdoar.
Ária:
O Terceiro é uma força da natureza. Não se pode atribuir culpados em casos como esse.
Adril:
O que devemos fazer então? O Terceiro Gigante é uma ameaça a todos os barvras de Arkadam e até
para o Ninho. Meu barvra foi apenas o primeiro a ser destruído.
Ária:
Você pretende lutar contra o Gigante? Não se luta contra a chuva, a neve, o sol ou furacões.
Adril:
Quando construímos uma casa ou um palácio, é exatamente isso que estamos fazendo.
Ária:
Você tem razão. Devo corrigir minha frase. Não se vence uma força da natureza.
Adril:
O Primeiro e o Segundo Gigantes estão mortos.
Ária:
O Gigante que dorme e o Gigante afogado são apenas montanhas esculpidas. Essa não é uma boa
linha de argumentação.
Adril:
Um dos braços do Terceiro Gigante foi arrancado. Isso prova que ele pode ser ferido.
Ária pausa, considerando as palavras de Adril.
Cena 16 - Atravessando o Rio - Externa - Dia
Adril e Apresto estão a cavalo, atravessando um rio raso. O cenário é tranquilo, mas a conversa
entre eles é intensa.
Adril:
Então você acha que a mão do Terceiro Gigante foi arrancada em uma luta?
Apresto:
Sim, eu acredito que sim. Isso prova que ele pode ser ferido.
Adril:
Quem... o que poderia fazer isso contra um gigante? Mesmo os rakrans são como insetos voadores
para ele. Eles são uma força da natureza.
Apresto:
Isso é o que ensinam para os eldras? O que eles encontram dentro da mão? Todos dizem, o que é
ensinado desde sempre - que é só um pedaço do Terceiro Gigante que caiu, que é somente rocha.
Mas como o reino que se formou sobre a mão caída se tornou tão poderoso? Por que o rakran não
está lutando contra a insurreição do punho de pedra?
Adril:
Nunca nenhum povo desafiou o Ninho... todos tinham medo de o rakran voar contra eles, cuspir
fogo em suas casas e depois devorá-los.
Apresto:
Tinham medo?
Adril:
Tem... Todos têm medo do rakran.
Apresto:
"Enquanto o rakran vigia, o Ninho jamais cairá."
Adril:
Exatamente.
Apresto:
Mas será que o rakran ainda vigia? Ele é velho! Será que ainda cospe fogo, que ainda voa? Será que
ele ainda vive?
Adril:
Pare! Suas palavras estão mais e mais perigosas.
Adril olha para Apresto com um olhar severo, enquanto Apresto pondera o peso de suas próprias
palavras.
Cena 17 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
O Aprendiz da Justificação está sentado atrás de uma mesa, olhando para uma ampulheta. A areia
termina de cair.
Aprendiz:
O tempo de hoje acabou. Podem levá-lo.
Dois guardas entram na sala e escoltam Adril para fora. Ele lança um último olhar para o Aprendiz
antes de sair.
O Aprendiz olha para o lado e vê uma figura enigmática observando a saída de Adril. É uma
sacerdotisa grik, vestida em trajes cerimoniais. Ela mantém um olhar penetrante e misterioso.
Sacerdotisa Grik:
(olhando para Adril, mas falando ao Aprendiz) Ele é mais perigoso do que parece, não é?
Aprendiz:
Todos são, até que se prove o contrário.
Sacerdotisa Grik:
E você acha que ele provou?
Aprendiz:
Ainda é cedo para dizer.
O Aprendiz guarda seus papéis e a Sacerdotisa Grik se retira silenciosamente, deixando o Aprendiz
sozinho com seus pensamentos.
Cena 18 - Cela de Adril - Interna - Dia
Adril está sentado em um banco de pedra, comendo rapidamente a pouca comida que lhe foi dada.
O som de passos ecoa no corredor e uma pequena mão passa um pedaço de pão através das barras
da cela.
Voz (Akin):
Você parece faminto. Quer mais comida?
Adril olha para cima, surpreso ao ouvir a voz de uma criança.
Adril:
Você já tem identificação?
Akin:
Claro que sim, eu já tenho 8 junções das três luas.
Akin estende o pulso através das barras, mostrando duas runas tatuadas.
Akin:
Meu nome é Akin.
Depois de mostrar o pulso, Akin percebe que Adril tem os olhos vendados.
Akin:
Por que você está com os olhos vendados?
Adril:
É uma longa história. Por que uma criança como você está presa aqui?
Akin:
Também é uma longa história. Mas você quer mais comida ou não?
Adril hesita por um momento, mas então aceita o pão que Akin oferece.
Adril:
Obrigado, Akin.
Akin:
De nada. Nós temos que cuidar uns dos outros, certo?
Adril come o pão, pensativo. Akin, apesar de sua aparência frágil e magra, irradia uma força e
carisma que contrastam com o ambiente sombrio da cela.
Cena 19 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Adril é conduzido de volta ao salão de interrogatório. Ele está vendado, mas parece sentir algo no
ar. Ele vira a cabeça, como se "olhasse" para a parede atrás da Aprendiz.
Aprendiz:
Você sente algo?
Adril:
Sim, eu sinto presenças.
A Aprendiz segue o "olhar" de Adril e confirma.
Aprendiz:
Os 7 Sacerdotes da Justificação estão aqui. Eles estão observando você a distância, sobre um balcão
em uma das paredes.
Adril "olha" na direção indicada, como se pudesse ver através da venda.
Aprendiz:
Eles geralmente fazem preces pelos acusados antes do julgamento. Mas, na verdade, acho que estão
curiosos a seu respeito.
Adril continua a "olhar" na direção dos Sacerdotes. Seu "olhar" para na Sacerdotisa Grik, que o
observa com uma expressão rígida.
Adril:
Ela parece diferente dos outros.
Aprendiz:
Ela é a Sacerdotisa Grik. É raro ver um Grik alcançar tal posição. Ela é uma figura intrigante.
Adril:
Intrigante e inquietante.
Aprendiz:
Você tem um dom para sentir as coisas, mesmo vendado. Isso será considerado no seu julgamento.
Adril volta a "olhar" para a frente, ponderando as palavras da Aprendiz.
O cenário é desolador. O campo está repleto de corpos caídos, a maioria despojada de suas
armaduras e armas. O cheiro de morte e metal paira no ar. Adril e Apresto observam a cena a partir
de uma colina próxima.
Adril: (olhando cauteloso) Não devemos nos aproximar. Pode haver batedores ou sobreviventes
fingindo estar mortos. É uma tática comum em campos de batalha.
Apresto: (intrigado) Mas e se houver alguém precisando de ajuda?
Adril olha para Apresto, percebendo seu interesse em se aproximar.
Adril: Olhe ao redor, Apresto. As armaduras e armas já foram saqueadas. Isso significa que
salteadores já passaram por aqui. Precisamos sair daqui o mais rápido possível.
Apresto hesita, mas então seus olhos se fixam em um silkário caído, ainda vestindo sua armadura.
Apresto: (baixo, para si mesmo) Ele ainda está com a armadura... talvez esteja vivo.
Sem que Adril perceba, Apresto se aproxima do silkário caído. Ele se abaixa para verificar os sinais
vitais do guerreiro. No momento em que toca o silkário, este se mexe rapidamente e apunhala
Apresto com uma adaga escondida.
Apresto: (gritando de dor) Ah!
Adril: (sacando seu arco e flecha) Maldição!
Adril dispara duas flechas certeiras que atingem o silkário, matando-o instantaneamente. Ele corre
até Apresto, que está caído no chão, segurando o ferimento.
Adril: (irritado) Eu avisei para não se aproximar!
Apresto: (ofegante, com dor) Eu... eu pensei que poderia ajudar.
Adril: (olhando ao redor, nervoso) Não temos tempo para isso agora. Você consegue andar?
Apresto: (lutando para se levantar) Acho que sim.
Adril: Então ande. Precisamos sair daqui antes que mais problemas apareçam.
Cena 33 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Ária, a Aprendiz da Justificação, olha para Adril com um olhar penetrante. Ela folheia alguns papéis
em sua mesa antes de levantar o olhar novamente para ele. Então, com um movimento fluido de sua
mão, ela começa a manipular sua Tecelagem de Runas, um aparelho de madeira semelhante a um
soroban japonês, mas com contas que têm runas gravadas nelas.
Ária: "Você acredita que Apresto estava tentando curar o silkário, mesmo após ser apunhalado?"
Adril: "Sim, eu acredito. Ele era um tolo que não aprendia nada. Colocou a própria vida em risco
por um desconhecido, um inimigo até."
Ária: "E você acha que isso foi tolice?"
Adril: "Sim, foi tolice. Nós estávamos em território perigoso, cada decisão errada poderia custar
nossas vidas. Ele deveria ter sido mais cauteloso."
Ária move mais contas em sua Tecelagem de Runas, capturando as palavras e sentimentos de Adril.
Ária: "Então você ainda acredita que foi uma tolice, mesmo sabendo que ele estava tentando fazer o
bem?"
Adril: "Sim, eu ainda acredito que foi uma tolice. Boas intenções não mudam o fato de que foi uma
decisão imprudente, especialmente em tempos de guerra."
Ária finaliza sua manipulação na Tecelagem de Runas, e as contas se encaixam com um clique
satisfatório.
Ária: "Interessante. Você acredita que a intenção de fazer o bem pode ser perigosa?"
Adril: "Em circunstâncias erradas, sim. Boas intenções podem levar a más decisões. E más decisões
em tempos como estes... bem, você sabe o que acontece."
Ária fecha o livro de anotações e olha para Adril com uma expressão indecifrável.
Ária: "Sim, eu sei. Muito bem, acho que por hoje é só. Você será levado de volta à sua cela."
Adril é escoltado para fora do salão de interrogatório, e enquanto ele sai, Ária olha para ele,
pensativa, ponderando as complexidades do bem e do mal em tempos de conflito.
Cena 34 - Cela - Interna - Noite
O silêncio na cela é palpável, interrompido apenas pelos sons ocasionais de guardas passando pelo
corredor. Adril, ainda com os olhos vendados, quebra o silêncio.
Adril: O que é um príncipe?
Akin: Ah, essa história é realmente especial, sabe? Ela veio das estrelas. É sobre um homem
chamado Aleano. No mundo dele, "príncipe" é outra palavra para "barvra."
Adril: (pausa) Um barvra? Interessante. E o que faz um príncipe... um barvra, nesse mundo de
Aleano?
Akin: Bem, um príncipe, ou barvra, é alguém de grande importância. Eles têm terras, pessoas que
os seguem, e muitas responsabilidades. Eles são como líderes, mas também são protegidos e
treinados para serem os melhores em tudo o que fazem.
Adril: (pensativo) Protegidos e treinados, mas ainda com responsabilidades... parece familiar.
Akin: Sim! Mas sabe, o mais importante é que eles têm o poder de mudar as coisas, de fazer a
diferença. Eles são como chamas brilhantes que podem incendiar o mundo com sua vontade!
Adril: (silêncio) Uma chama, você diz?
Akin: Isso mesmo! Uma chama que pode iluminar ou queimar, dependendo de como é usada.
Adril: (com um sorriso irônico) Uma chama, você diz? Você sabe, no mundo de onde venho, ser um
barvra é muito mais complexo do que ser apenas uma "chama brilhante."
Akin: Ah, é? Como assim?
Adril: Um barvra não é apenas um líder ou um guerreiro. Ele é um símbolo, uma representação viva
das tradições e da cultura de seu povo. Ele carrega o peso de sua linhagem, das expectativas de seu
povo, e da estabilidade de suas terras.
Akin: Uau, isso parece muita responsabilidade.
Adril: É, e não é algo que se possa levar de ânimo leve. Um barvra deve ser sábio, pois suas
decisões afetam muitas vidas. Ele deve ser forte, não apenas na batalha, mas também em caráter. E
acima de tudo, ele deve ser justo, pois ele é o pilar que sustenta a ordem social.
Akin: Então, você acha que um barvra é mais do que uma chama? Ele é como um fogo controlado,
que dá calor e luz, mas que também pode ser devastador se não for cuidado.
Adril: (pausando para pensar) Sim, você poderia dizer isso. Um barvra é uma chama que deve ser
cuidadosamente cultivada e controlada. Caso contrário, ele pode consumir tudo ao seu redor,
deixando apenas cinzas.
Akin: Isso é muito profundo. Você deve ser um barvra muito sábio.
Adril: (suspirando) A sabedoria frequentemente vem com um preço, Akin. E às vezes, esse preço é
mais alto do que estamos dispostos a pagar.
Ambos ficam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos, ponderando as
complexidades e os pesos das palavras que acabaram de ser trocadas.
Cena 35 - Colina - Externa - Anoitecer
Adril e Apresto estão deitados em uma colina, observando através de uma luneta os exércitos
inimigos ao longe. A noite de lua amarela começa a se instalar, e Apresto ainda está visivelmente
ferido.
Adril: (olhando através da luneta) Esta guerra é um desperdício. O verdadeiro inimigo é o Terceiro
Gigante. Todos deveriam estar unindo forças contra ele.
Apresto: Você já se perguntou o que tem na pele do Terceiro Gigante?
Adril: Pedra, vegetação, o que mais poderia ser?
Apresto: Não é só isso. Eu já escalei o Terceiro Gigante. Subi pelo pé esquerdo porque era mais
fácil.
Adril: (incrédulo) Supondo que eu acredite em você, o que há no pé esquerdo do Terceiro Gigante,
além de uma floresta?
Apresto: Uma cidade. A última cidade somente de kabsas.
Adril: (bocejando) Os tutores sempre nos ensinaram que os kabsas são uma seita tola e alienada que
se julgam melhores que todos.
Apresto: Pelo contrário, um dos méritos dos kabsas é a consciência de que não são melhores que
ninguém.
Adril: (bocejando novamente) Percebo que você vê que não me interesso muito pelo assunto. Mas
já pensou no que aconteceria se o Ninho fosse derrotado? Já pensou em viver sob o governo da
Mão?
Apresto: E o que há de tão grandioso no código de leis do Rakran?
Adril: É um avanço, um sistema que traz ordem e justiça.
Apresto: As leis da Mão também têm seus méritos. Você já ouviu falar da lenda de "A Palavra"?
Adril: A arma que motivou esta guerra? Dizem que foi roubada do Castelo na Mão.
Apresto: Exatamente. E, príncipe, concordo com você sobre a estupidez desta guerra. Mas eu
preciso sobreviver. (se levanta) Podemos acampar aqui e amanhã seguir por ali. (aponta uma
direção) Acho que esse caminho está seguro.
A noite de lua amarela se instala completamente, e os dois homens se preparam para descansar,
cada um com seus próprios pensamentos e preocupações.
Cena 36 - Colina - Externa - Noite de Lua Amarela
O céu está amarelado, ainda que escuro, sob a influência da lua amarela. Apresto dorme
profundamente, exausto e ainda se recuperando de suas feridas. Adril está acordado e alimentando
seu gatinho alado, o Destruidor. Depois ele devolve o gatinho ao cesto e coloca o cesto de lado. Ele
olha para o manto enrolado ao seu lado e, tomando uma respiração profunda, desenrola o tecido
para revelar "A Palavra".
Cautelosamente, ele toca a espada. Ela brilha suavemente e uma voz ressoa em sua mente.
A Palavra: Olá, Adril! Previ que iria demorar mais para voltar a falar comigo.
Adril: (sussurrando para si mesmo) Eu não estou falando com você.
A Palavra: Não? Podemos continuar a não falar sobre o que?
Adril: ...
A Palavra: Sinto que você está com medo.
Adril: Eu não estou com medo.
A Palavra: Recuperar o Bar-vra é o que você quer, mas não é o que você precisa. O que você precisa
é muito mais simples e muito mais difícil.
Adril: Do que eu preciso?
A Palavra: Força e coragem.
Adril: Eu tenho força e coragem.
A Palavra: Força e coragem para agir de forma não intuitiva.
Adril fica em silêncio, sua expressão revela confusão e incompreensão. Ele olha para Apresto, que
ainda dorme, e depois para a espada em suas mãos. Ele a enrola de volta no manto e a guarda,
perdido em pensamentos que ele não consegue articular.
Cena 37 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Ária, a Aprendiz, está diante de sua Tecelagem de Runas, manipulando as contas com runas
inscritas. Ela olha para Adril, que está sentado do outro lado da mesa, e começa a falar.
Ária: Você já ouviu falar da mitologia em torno d'A Palavra, Adril?
Adril: Apenas rumores e lendas.
Ária: (manipulando as contas de sua Tecelagem de Runas) Dizem que foi forjada por mais de
quarenta seres. Homens, silkários, arvras, barvras, tecelões... algumas seitas até acreditam que griks
tiveram um papel na sua criação. Todos inspirados pelo Justo.
Adril: E o que isso significa?
Ária: (pausa, olhando para Adril) Nos contos de estrelas escritos para crianças, A Palavra foi
empunhada por grandes governantes. Mas não como uma arma. Como um símbolo de poder e
sabedoria. Como um guia.
Adril: Um guia?
Ária: (falando mais baixo) Sim, mas também foi usada como uma arma. Uma arma contra rakrans.
Adril: (interessado) Contra rakrans?
Ária: (olhando para suas runas) São apenas contos de estrelas. Mas você deve saber que mesmo
sendo apenas contos, o Rakran a busca.
Adril: (pausa) E por que ele faria isso se são apenas contos?
Ária não responde. Ela apenas olha para Adril, depois volta sua atenção para a Tecelagem de Runas,
deixando a pergunta pairar no ar, carregada de significado não dito.
Cena 38 - Montagem de Planos
Plano 1: Adril e Apresto cavalgam por uma floresta densa, os galhos das árvores formando um
dossel acima deles. Eles desviam as cabeças dos galhos.
Plano 2: Eles se escondem atrás de uma colina rochosa, observando uma patrulha do exército
inimigo passar ao longe. Adril olha através de uma luneta.
Plano 3: A dupla desce rapidamente uma colina íngreme, evitando um grupo de desertores que
parecem estar procurando algo... ou alguém.
Plano 4: Adril e Apresto passam por um campo aberto, o sol escaldante acima deles. Apresto olha
para sua garrafa de água, quase vazia. Mas Adril ainda tem muita água.
Plano 5: À noite, eles acampam sob as estrelas e uma lua vermelha. Adril abre uma pequena bolsa
de couro, retirando um pedaço de pão duro e um pedaço de carne seca. Ele divide o pão ao meio e
dá uma metade para Apresto, mas guarda a carne para si. Dá uma pequena parte da carne seca para
Destruidor, o gatinho alado no cesto de palha.
Plano 6: Apresto, visivelmente mais fraco e cansado, tenta manter o ritmo. Ele olha para sua garrafa
de água, agora completamente vazia. A frente, Adril bebe água em uma garrafa pela metade.
Plano 7: Apresto está bem fraco. Adril observa Apresto com preocupação, mas continua a cavalgar,
apertando o passo.
Plano 8: Apresto quase cai do cavalo de exaustão, mas se mantém firme. Ele olha para Adril, que
não vê seu estado.
Plano 9: Adril e Apresto estão sob uma forte chuva. Eles enchem suas garrafas de água com
urgência, como se cada gota fosse preciosa.
Cena 39: ATRAVESSANDO A PLANÍCIE DO MÉDIO-ARKADAM
INT. CAMPO FLORIDO - DIA
[Um letreiro surge na tela: "Planície do Médio-Arkadam"]
Adril e Apresto cavalgam lado a lado, suas expressões são de alívio e uma pitada de júbilo. O sol
brilha sobre a vasta planície, iluminando campos de flores silvestres que balançam ao vento.
ADRIL
(olhando em volta, satisfeito)
Nós conseguimos. Atravessamos antes que qualquer exército chegasse. Isso é o que importa.
APRESTO
(sorrindo, mas com um tom melancólico)
É uma vitória pequena, mas significativa.
Adril olha para o campo florido, depois para Apresto.
ADRIL
(suspirando, impaciente)
Não temos tempo para sentimentalismos. O que importa é que passamos a tempo.
APRESTO
(olhando triste para o campo)
Em breve, essas flores estarão manchadas de sangue.
ADRIL
(irritado)
E daí? O que importa é que estamos a salvo e adiantados em nosso cronograma.
Ambos compartilham um momento de silêncio, mas é um silêncio carregado, cada um absorvido
em seus próprios pensamentos e preocupações.
ADRIL
(apressado)
Vamos, temos que continuar. Cada momento conta agora.
APRESTO
(concordando, mas ainda preocupado)
Sim, cada momento.
Eles chutam os flancos de seus cavalos e continuam a cavalgar, deixando para trás o campo florido
que em breve será um campo de batalha.
Cena 40: NA CELA DE ADRIL INT. CELA DE ADRIL - NOITE
O ambiente é escuro e sombrio, iluminado apenas pela fraca luz que entra através das grades. Adril
está sentado, seus olhos ainda vendados, ouvindo atentamente a voz de Akin que vem do outro lado
do corredor.
AKIN
(Voz suave, contando a história)
Havia uma vez uma barvrana que gostava de passear à beira de um rio. Um dia, ela viu um pequeno
akrav venenoso se debatendo na água.
ADRIL
(Interessado, mas cauteloso)
Um akrav venenoso?
AKIN
Sim, muito venenoso. Mas a barvrana era bondosa e sabia que o akrav estava prestes a se afogar,
pois akravs não podem nadar.
ADRIL
(Esperando o desfecho)
E então?
AKIN
Então, a barvrana estendeu a mão e pegou o akrav para salvá-lo. Mas assim que ela o fez, o akrav a
picou.
ADRIL
(Surpreso)
Ele a picou?
AKIN
Sim. A dor foi tão intensa que a barvrana soltou o akrav, que caiu de volta na água.
ADRIL
(Esboçando um sorriso amargo)
Uma história interessante. O que aconteceu depois?
41 EXT. CAMPO FLORIDO - NOITE
A lua amarela brilha no céu, iluminando o campo florido. Apresto e Adril estão acampados, seus
cavalos amarrados a uma árvore próxima. Apresto parece inquieto.
APRESTO
(Esperançoso)
Acho que estamos sendo seguidos. Talvez devêssemos esperar e ver quem é.
ADRIL
(Desconfiado)
Esperar? Por quê? Você tem algo a esconder?
APRESTO
(Respira fundo)
Eu também tenho pressa, Adril. Tenho um filho no Ninho, e se eu não voltar em sete luas
vermelhas, ele será escravizado nas minas de sal.
ADRIL
(Surpreso)
Você tem um filho?
APRESTO
(Sério)
Sim, e já falei demais. Vou ficar de vigia.
Apresto se afasta, assumindo sua posição como sentinela. Adril fica sozinho, pensativo.
A PALAVRA
(Voz suave)
Ele nunca verá o filho dele novamente, Adril.
ADRIL
(Chocado)
O que você disse?
A PALAVRA
Apresto seria uma força importante durante o Kataklusmos, mas ele não vai sobreviver a essa
jornada.
ADRIL
(Esperançoso, mas temeroso)
E eu? Vou sobreviver?
A PALAVRA
Sim, você vai. Mas morrerá após três luas vermelhas no Ninho.
ADRIL
(Irritado)
Cale a boca!
Adril guarda A Palavra de volta no manto, visivelmente abalado pelas revelações. Ele olha para
Apresto, que está de vigia, e depois para o céu estrelado, ponderando o peso das palavras que
acabou de ouvir.
CORTA PARA:
A tensão entre Adril e Apresto aumenta, assim como as incertezas sobre o futuro. As revelações de
A Palavra lançam uma sombra sobre ambos, tornando suas jornadas ainda mais incertas e perigosas.
Cena 42: NO TOPO DE UMA COLINA EXT. TOPO DE UMA COLINA - ANOITECER
O céu está tingido de vermelho pela lua vermelha que surge no horizonte. Apresto está de pé,
observando a batalha que acontece abaixo. Adril se aproxima, curioso.
ADRIL
(Questionador)
O que você espera ver?
APRESTO
(Grave)
Quero ver se o Rakran vai lutar pelo Ninho.
ADRIL
(Cético)
O Rakran não se envolve em qualquer combate.
APRESTO
(Incisivo)
Isso não é qualquer combate. Todo o exército do Rakran está aqui e está sendo derrotado. Pense nas
milhares de crianças que nunca mais verão seus pais.
ADRIL
(Indiferente)
Nós passamos pela planície a tempo, é isso que importa.
De repente, Adril abre a boca em expressão de estarrecimento. Ele sussurra.
ADRIL
(Sussurrando)
Rakran...
Apresto segue o olhar de Adril e vê o Rakran voar na direção deles. A criatura majestosa passa bem
acima deles, sua cauda longa e serpentina rasgando o ar.
Os olhos de Adril ficam marejados. A cauda do Rakran explode um pedaço da colina ao lado deles,
levantando uma nuvem de poeira que os cobre.
APRESTO
(Emocionado)
Enquanto o Rakran vigia, o Ninho jamais cairá.
ADRIL
(Alarmado)
Precisamos sair daqui. Os soldados, amigos e inimigos, vão se dispersar em todas as direções.
CORTA PARA:
O voo do Rakran deixa uma impressão duradoura em ambos. Apresto se sente encorajado, enquanto
Adril é forçado a reconsiderar suas prioridades. A batalha abaixo deles é um lembrete cruel da
realidade da guerra e do preço que ela cobra.
Faltaram algumas informações importantes. Como, por exemplo, a arvrana Grik, deve falar da
guerra e sua providencialidade para a rebelião grik. Outro exemplo é a ausência das informações
sobre Apresto ser um desertor, da punição e da seriedade do Rakran em relação a legalidade de
tudo.
Peço desculpas pela omissão. Vamos tentar novamente, incorporando todas as informações
importantes que você mencionou:
Essa cena adiciona mais elementos de suspense e tensão, mostrando que a Arvrana Grik pode ter
mais planos para Adril e Apresto do que inicialmente revelado. O que você acha?
Adril sabe que uma jornada perigosa o aguarda, mas armado com A Verdade e A Palavra, e com
Akin a salvo em seus braços, ele se sente preparado para enfrentar qualquer coisa. O futuro é
incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, ele sente que tem algo pelo qual vale a pena lutar.