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Cena 01 - Salão de Interrogatório - Dia

Em um grande salão, ADRIL, 25 anos, é escoltado por guardas até uma mesa onde está sentada
ÁRIA, 25 anos, uma Aprendiz da Justificação. Adril tem os olhos vendados. Ele é colocado em uma
cadeira à frente de Ária.
ÁRIA:
(Mostra seu pulso, revelando duas runas tatuadas.)
Meu nome é Ária. Sou uma Aprendiz da Justificação. Estou aqui para recolher informações para o
seu julgamento.
ADRIL:
(Silêncio.)
Ária aponta para uma TECELAGEM DE RUNAS - dispositivo semelhante a um sorobam, mas com
runas escritas em cada uma das contas.

ÁRIA:
Todas as suas palavras estão sendo transmitidas para os Sete Sacerdotes da Justificação através de
tecelagem de runas. Cada um deles tem sua própria tecelagem.
Ária vira uma ampulheta, e a areia começa a cair.
ÁRIA:
A primeira pergunta que a Doutrina da Justificação determina é: como Vossa Eldrade se declara?
ADRIL:
Culpado.
ÁRIA:
(Sem surpresa. Olhando papéis)
Sim. Isso já consta no meu relatório inicial.
Ária "empurra" um prato de frutas na direção de Adril usando psicocinese. As frutas não são as
mesmas que temos na Terra. Adril recusa com um gesto.
ÁRIA:
Sei que Eldras não comem na mesma mesa que os Justificadores, mas você está na condição de
prisioneiro.
ADRIL:
(Com frieza e certa arrogância.)
Eu sou mais que um Eldra. Sou um Barvran e arqui-herdeiro do meu Barvra.
ÁRIA:
Então como um Eldra Barvran se afastou tanto do conforto do seu Barvra?
Cena 2 - Fundo do Poço - Dia
ADRIL está no fundo de um poço, um ambiente escuro e úmido. O som do gotejamento ecoa pelas
paredes de pedra. Vestido com roupas nobres agora encharcadas, ele luta para se manter acima da
água, segurando-se em uma saliência de pedra. ADRIL percebe um movimento na superfície da
água e clama por ajuda.
ADRIL:
(Esforça-se para olhar para cima. A boca do poço é apenas uma pequena mancha de luz distante.)
Quem está aí em cima? Eu sou Adril! Sou um Barvran! Posso recompensá-los generosamente se me
ajudarem!
Sua voz vai enfraquecendo à medida que ele afunda um pouco mais na água.
ADRIL:
(Com voz fraca.)
Me ajudem! Eu sou um barvran…
De repente, uma corda é jogada no poço. ADRIL a agarra e, usando suas últimas forças, começa a
subir.
Cena 3 - Gruta do Poço - Dia
Na superfície, ADRIL encontra-se em uma gruta imensa. Ele olha ao redor, buscando quem o
ajudou a sair do poço, mas não encontra ninguém. Seus olhos se enchem de lágrimas quando ele vê
GARRINHA, seu animal de estimação que é uma espécie de gato alado, morto com uma flecha
atravessada em seu corpo.
ADRIL:
(Cai de joelhos ao lado de Garrinha, visivelmente abalado.)
Garrinha...
Depois de um momento ajoelhado ao lado de seu gato alado, o olhar de ADRIL se desvia para um
homem morto não muito longe dali. O homem tem uma besta apontada na direção de onde Garrinha
jaz.
Adril anda até o corpo. Adril observa a espada que está atravessada no corpo de homem. A espada
tem o brasão de Adril, o mesmo que vemos em suas vestes.
Adril retira sua espada do corpo do homem.
Cena 4 - Gruta do Poço - Dia
ADRIL, ainda visivelmente emocionado. Ele está cavando um buraco no chão da gruta usando a
ponta de sua espada. Ele faz isso com um misto de reverência e urgência
ADRIL:
(Enquanto cava, murmura para si mesmo.)
Desculpa, meu amigo...
Depois de cavar o suficiente, ADRIL delicadamente coloca o corpo de GARRINHA no buraco. Ele
então começa a cobrir o corpo com a terra que havia retirado. Em seguida, faz uma pilha de pedras
sobre o local.
Faz uma breve pausa, olhando para o monte de pedras que agora é o túmulo de Garrinha. Respira
fundo e se coloca de pé, guardando sua espada.
Cena 5 - Gruta do Poço - Dia
ADRIL caminha até o homem morto e pega a besta que está ao seu lado. Ele examina a arma por
um momento antes de seguir em frente.
Ele se aproxima de uma fonte rasa onde uma espada dourada repousa. Com cautela, ADRIL usa um
pedaço de seu manto para proteger sua mão e pega a espada, evitando olhar diretamente para ela.
ADRIL:
(Murmura para si mesmo enquanto enrola a espada no manto.)
Espero que fique calada.
Ele prende a espada enrolada em seu manto nas costas e começa a se afastar. No entanto, um som
fraco chama sua atenção. Ele volta ao corpo do homem morto e, após uma busca rápida, encontra
um pequeno cesto de palha escondido sob ele.
Curioso, ADRIL abre o cesto e encontra um filhote de gato alado, muito parecido com Garrinha. O
gatinho rosna e Adril sorri.
ADRIL:
(Sorri tristemente ao ver o filhote.)
Quem é você amigo? Posso chamar você de Destruidor? Sim? Sim!
ADRIL pega o cesto com cuidado, coloca o filhote dentro e leva consigo.
Cena 6 - Caminho Tortuoso da Gruta - Dia
ADRIL, com o cesto contendo o filhote de gato alado em uma mão e sua espada dourada enrolada
no manto presa às costas, começa a caminhar por um caminho tortuoso que leva para fora da gruta.
O ambiente é úmido e as paredes da gruta estão cobertas de musgo. A luz do dia começa a penetrar
pelas frestas à medida que ele se aproxima da saída.
ADRIL:
(falando para cesto com o gatinho alado)
Você tem medo de rakrans? Vamos encontrar um?
Ele continua a andar, cada passo ecoando na gruta. O filhote no cesto mia.
Cena 7 - Salão de Interrogatório - Dia
ADRIL está sentado em frente à ÁRIA, a Aprendiz da Justificação. Ele ainda está com os olhos
vendados. A ampulheta continua a marcar o tempo.
ÁRIA:
(Olhando para os papéis à sua frente.)
Diga-me sobre a espada dourada, A Palavra. Você tinha a intenção de trazê-la para o Ninho?
ADRIL:
(Com um tom de amargura.)
Atravessei todo o Arkadam, demorei mais de duas sincronizações das três luas nessa jornada, lutei e
perdi muito mais do que qualquer um pode imaginar... tudo para conseguir aquela espada. E foi
completamente inútil.

ÁRIA:
Então, seu objetivo era trazer A Palavra para o Ninho e obter em troca a reconstrução do seu
Barvran?
ADRIL:
(Firme.)
Sim, eu respeito as Palavras de Kandra.

ÁRIA:
(Consultando seus papéis novamente.)
Não deve ter sido fácil para um eldra viajar até o Ninho vindo das Terras do Terceiro.

ADRIL:
(Corrigindo.)
Aquelas terras não são do Terceiro.

ÁRIA:
(Acenando com a cabeça.)
Entendo. Sei o que o Terceiro Gigante fez com o seu Barvran. (Pausa.) Agora, por favor, continue o
relato. Como conseguiu chegar ao Ninho em meio à Insurreição do Punho de Pedra?
ADRIL respira fundo, preparando-se para contar mais uma parte da sua jornada.
Cena 8 - Estalagem da Espada Enferrujada - Dia
ADRIL entra na estalagem "A Espada Enferrujada", onde diversas espécies, incluindo HUMANOS
e SILKÁRIOS (seres de orelhas pontudas, além de olhos, cabelos e pele verdes), que estão bebendo
e conversando, e GRIKS (seres de olhos amarelos, cabelos prateados, pele acinzentada e
craquelada), que estão servindo ou presos a correntes na proximidade de seus donos. Um MONGE
DA JUSTIFICAÇÃO está fazendo tecelagem de runas para pessoas em uma fila.
ADRIL tenta falar com uma fêmea GRIK que acabou de servir uma mesa. Ela olha para ele, mas se
assusta e sai rapidamente. Um HOMEM que também serve mesas se aproxima de ADRIL.
HOMEM:
(Fazendo uma reverência)
Perdão, vossa eldrade. Ela não deveria ter dirigido o olhar a um eldra.
ADRIL:
Preciso de um guia.
HOMEM:
Quase todos os vankrins que param aqui na Espada Enferrujada ou são guias de ofício ou em
potencial.
ADRIL dá ao homem uma LUA VERMELHA (uma pequena argola de bronze) e se dirige a
ALBARAN, um homem grande e corpulento que está bebendo ao lado de um adolescente GRIK
amarrado e machucado.
ALBARAN:
(Percebendo ADRIL, muda sua postura rapidamente e se torna submisso.)
Vossa eldrade?
Adril percebe o adolescente Grik olhar para ele de forma desafiadora.
ADRIL:
(Ignorando o olhar do adolescente GRIK.)
Como é seu nome?
ALBARAN:
(Mostra o pulso tatuado com três runas.)
Albaran, senhor!
ADRIL:
Preciso de um guia. Pago uma lua negra.
ALBARAN:
É claro, vossa eldrade! Quando deseja partir?
ADRIL tem uma vertigem e vê APRESTO, 30 anos, entrar na estalagem. Adril se dirige a
APRESTO sem dar explicações a ALBARAN, que fica confuso, mas dá de ombros e volta a beber.
ADRIL:
(Chegando até APRESTO, que está de costas.)
Vankrin?
APRESTO:
(Se vira, surpreso ao ver ADRIL.)
Perdão, vossa eldrade. Posso ser útil?
ADRIL:
Sente-se.
Adril se senta e Apresto se senta em seguida. Eles se sentam em mesas separadas, porém próximas.
ADRIL:
Como é seu nome?
APRESTO:
(Mostra o pulso rapidamente.)
Apresto D'Adonarian, vossa eldrade.
ADRIL:
Preciso de um guia urgente. Você conhece bem o território de Arkadam?
APRESTO:
Conheço todas as rotas oficiais e não oficiais. Mas, perdão vossa eldrade! Eu já estou
comprometido com uma rota.
ADRIL:
Pago uma lua negra.
APRESTO:
(Surpreso.)
Uma lua negra? Não poderia fazer uma rota que valha tanto...
Cena 9 - Espada Enferrujada - Dia
SOLDADOS HUMANOS e SOLDADOS SILKÁRIOS entram na estalagem, fazendo com que o
ambiente fique tenso. Eles exigem silêncio. APRESTO fica visivelmente nervoso. Um dos
SOLDADOS SILKÁRIOS começa a ler um decreto.
SOLDADO SILKÁRIO:
(Lendo o decreto em voz alta.)
Em razão da Insurreição do Punho de Pedra, as Palavras de Rakran determinam que todos os
vrankins que já tenham idade de 14 junções das três luas devem ser imediatamente apresentados às
Forças de Guerra de Arkadam. Enquanto o Rakran vigia, o Ninho jamais cairá.
O ambiente fica ainda mais tenso após a leitura do decreto. As pessoas começam a murmurar entre
si, algumas olhando para os adolescentes presentes. APRESTO olha para ADRIL, como se
ponderando suas opções.
Cena 10 - Espada Enferrujada - Dia
APRESTO está alarmado, mas tenta disfarçar. SOLDADOS se espalham pelo estabelecimento e um
deles, o SILKÁRIO, vem na direção de APRESTO. APRESTO faz menção de se retirar, mas
ADRIL lhe segura o pulso. O SOLDADO chega e cumprimenta ADRIL.
SOLDADO SILKÁRIO:
Perdão, grande eldra, preciso interrogar esse vrankin.
ADRIl consente com um gesto.
SOLDADO SILKÁRIO:
Me mostre sua marca, vrankin!
APRESTO estende o pulso e o SOLDADO lê duas runas tatuadas.
SOLDADO:
Apres?
APRESTO:
Sim, senhor!
SOLDADO:
Você está em contrato com algum eldra?
APRESTO congela em silêncio.
SOLDADO:
Me acompanhe.
ADRIl:
Ele está em contrato comigo.
ADRIl mostra o pulso para o SOLDADO, que lê rapidamente e à distância.
SOLDADO:
Hum? ... Desculpe, grande eldra… Adril. Com sua permissão.
O SOLDADO se retira.
APRESTO:
Pra onde você quer ir?
ADRIl:
Com quem é o contrato que você disse ter?
APRESTO:
Com ninguém. Eu disse apenas que já tinha uma rota.
ADRIl:
Como assim? Com qual eldra você fará a rota?
APRESTO:
Com nenhum. Eu vou sozinho.
ADRIl:
Sozinho? As Palavras de Rakran não permitem que um vrankin viaje sozinho.
APRESTO:
Eu sei! Mas eu preciso desobedecer às Palavras do Rakran…
ADRIl:
Não tem medo de me dizer isso?
APRESTO olha apreensivo para ADRIL.
ADRIl:
Simplesmente falar em rebelião a qualquer uma das leis de Rakran, custa no mínimo um ciclo de
Serpel encarcerado.
APRESTO:
Perdão, grande eldra, eu não…
ADRIl:
Meu nome é Adril. Sou um bar-vran e arqui-herdeiro de meu barvra.
APRESTO:
É uma honra, bar-vran Adril.
ADRIl:
Eu preciso com urgência de um guia…
APRESTO:
Eldra bar-vran Adril, eu não…
ADRIl:
Eu pago 13 luas negras.
APRESTO:
13 Soluns?
ADRIl:
Você aceita?
APRESTO:
Pra onde o grande eldra deseja ir?
ADRIl:
Você aceita?
APRESTO:
Quando vossa eldrade ofereceu uma lua negra, eu já fiquei surpreso com tanta generosidade... Mas
13 luas negras?! Não posso enfrentar riscos que valem quase um Arkadellion Dourado…
Especialmente, não agora.
ADRIl:
Esse valor não cobre o risco. Eu quero ir para o Ninho.
APRESTO:
O que vossa eldrade disse?
ADRIl:
Quando chegarmos ao Ninho eu pago um Arkadellion Dourado… E lá, posso também selar uma
autorização para que você faça sozinho a rota que você está planejando. Você nunca vai conseguir
uma proposta melhor que essa. Eu acredito que…
APRESTO:
Eu aceito.
ADRIl:
… aceita? Tem certeza?
APRESTO:
Vossa eldrade disse para os soldados das três luas que tínhamos um contrato. Então temos um
contrato.
APRESTO:
Ao Justo.
ADRIl:
… Ao Justo.
APRESTO e ADRIL tocam suas próprias testas e, em seguida, tocam a testa um do outro, selando o
contrato.
Cena 11 - Salão de Interrogatório - Dia
ÁRIA, a Aprendiz da Justificação, move as runas da tecelagem a sua frente e depois olha para
ADRIL, que sempre está com os olhos vendados.
Ária: Então, você não suspeitou que o destino final de Apresto sempre foi o Ninho?
Adril: Obviamente, não. Se eu soubesse, não teria oferecido 13 luas negras.
Ária movimenta as runas.
Ária:
Isso é intrigante. Por favor, continue com o seu relato.
Adril suspira.
Adril: Muito bem, onde eu parei?
Ária: Você acabou de selar o contrato com Apresto na estalagem "A Espada Enferrujada".
Adril: Certo. Depois de selar o contrato, nós...
Cena 12 - Estábulo - Externa - Dia
O sol brilha forte enquanto Adril e Apresto caminham até o estábulo, onde uma variedade de
cavalos estão à mostra. O vendedor de cavalos se aproxima, sorrindo.
Vendedor de Cavalos: Bem-vindos, senhores! Estão interessados em comprar um bom cavalo?
Adril: Sim, preciso de dois cavalos fortes e rápidos.
O vendedor de cavalos leva Adril e Apresto até duas montarias robustas. Ao lado dos cavalos, um
grupo de griks escravizados está acorrentado, olhando para o chão.
Vendedor de Cavalos: Estes são os melhores que tenho. E se estiverem interessados, também tenho
alguns griks por apenas 90 serpels cada um. Vendo duas crianças por 100 serpels.
Adril olha para os griks, depois para Apresto, que parece incomodado.
Adril: Não, obrigado. Só os cavalos. Quanto eles custam?
Vendedor de Cavalos: 600 serpels cada um.
Adril entrega argolas prateadas para o vendedor de cavalos, que confere e balança a cabeça
positivamente.
Vendedor de Cavalos: Precisam de mantimentos para a viagem?
Adril: Sim, o suficiente para dois em uma jornada de 10 luas vermelhas.
O vendedor anda, sendo seguido por Adril, até uma mesa onde estão dispostos vários tipos de
mantimentos.
Apresto fica perto dos cavalos, lhes afagando o rosto. E, ao longe, o vendedor prepara pacotes de
mantimentos. O vendedor coloca os mantimentos sobre os cavalos e quando Apresto assume a
tafefa de amarralos, o vendedor se afasta.
Vendedor de Cavalos (para Adril) muito obrigado, vossa eldradre. Foi um prazer negociar com o
senhor.
Adril faz um gesto de cabeça e o vendedor se retira.
Adril: Vou descontar o valor dos mantimentos e do seu cavalo do seu salário, Apresto.
Apresto: Claro, senhor.
Adril: Como o cavalo é seu, você pode vendê-lo quando chegarmos ao Ninho do Rakran.
Apresto: (dando as costas para Adril) com sua licença, vossa eldrade.
Adril parece não compreender. Apresto volta ao vendedor de cavalos e, após uma breve conversa,
volta para Adril e lhe entrega algumas argolas.
Adril (surpreso): O que você fez?
Apresto: Negociei um preço melhor.
Adril: Você não vai ficar com a diferença?
Apresto (sorrindo): Não, senhor. As argolas são suas. No Ninho eu talvez consiga vender por um
preço até melhor.
Adril apenas assente e guarda as argolas. Apresto segue afagando o rosto do cavalo. Eles montam
nos cavalos e saem do estábulo.
Cena 13 - planície - Externa - Dia
Adril e Apresto cavalgam lado a lado em terreno aberto. Ao fundo, a figura colossal do Terceiro
Gigante domina a paisagem. O ser de pedra é tão imenso que as nuvens mal alcançam sua cintura.
Sua cabeça e peito estão cobertos de gelo devido à altitude, como se fosse uma montanha. A partir
da barriga, o gelo começa a derreter, formando pequenos veios de água que escorrem pela superfície
rochosa do Gigante. Na altura da coxa esquerda, a vegetação começa a aparecer, tornando-se cada
vez mais densa até chegar ao pé. A perna direita, no entanto, permanece árida e rochosa.
Apresto:
Nunca vi o Terceiro Gigante tão a leste de Arkadam. Ele está desafiando todas as previsões dos
tecelões.
Cena 14 - Estrada Larga - Externa - Dia
Adril e Apresto cavalgam por uma estrada larga quando são parados por um grupo de cinco
soldados das Três Luas. Os soldados estão armados e vestem armaduras com o emblema das Três
Luas.
Soldado 1:
(para Adril)
Desculpe, vossa eldrade. O senhor pode me mostrar sua identificação?
Adril mostra seu pulso, revelando suas runas tatuadas. O soldado confere e faz uma saudação
formal.
Soldado 1:
Eldra Adril, é uma honra. Mas o que faz tão longe de seu território?
Adril:
Isso não é da sua conta.
Adril se afasta do soldado 1. O soldado 1 acena para outro soldado, que se aproxima de Apresto.
Soldado 2:
Mostre seu pulso.
Apresto mostra o pulso. O soldado confere uma lista e depois o libera com um gesto.
Adril:
O que é essa lista?
Soldado 2:
É uma lista de vrankins desertores.
Adril:
Há muitos?
Soldado 2:
Todos os dias capturamos e enforcamos pelo menos uma dúzia.
Soldado 3:
Nobre eldra. Seja cuidadoso na sua jornada. Talvez vocês encontrem tropas do Punho de Pedra,
desertores das nossas tropas, assaltantes e talvez até rebeldes griks.
Adril:
Rebeldes griks? Isso é improvável.
Soldado 1:
Infelizmente não! Arkadam está se degradando.
Adril se aproxima de um dos soldados, afastando-se um pouco de Apresto.
Adril:
Nós estamos viajando para o Ninho. Eu preciso de informações sobre os movimentos da guerra. É
para garantir uma viagem segura.
Adril entrega algumas argolas ao soldado.
Soldado 3:
Haverá um grande confronto na planície do Médio-Arkadam em apenas 12 luas vermelhas. Se
quiser chegar ao Ninho, é melhor passar pela planície antes disso.
Adril entrega mais algumas moedas ao soldado.
Soldado 3:
Uma sugestão gratuita: tenha cuidado com seu guia. Longe das leis do Rakran, os vankrins podem
se tornarem perigosos.
Adril:
… Existe mesmo uma revolta grik?
Soldado 3:
Quanto mais longe das leis do dragão você ficar, mais perceberá que qualquer selvageria é possível.
Os soldados partem. Apresto se aproxima de Adril.
Apresto:
Foi bom os guardas confirmarem sua eldrade. Com todo respeito, eu já estava começando a
desconfiar. Nenhum dos eldras se arriscaria em uma jornada dessa forma.
Adril:
(olha firme para Apresto)
Fazem pouco mais de duas conjugações das três luas, meu barvra foi destruído pelo Terceiro
Gigante. Preciso da ajuda do Ninho para reconstruí-lo.
Apresto:
Ouvi histórias sobre o barvra que foi pisado pelo Terceiro Gigante. Mas, com todo respeito, o Ninho
está concentrando forças em uma guerra e não está indo bem. Acha que o Conclave vai receber bem
sua demanda?
Adril:
Tenho um bom argumento para apresentar ao Rakran.
Apresto:
Você pretende ter audiência com o próprio Rakran?
Adril:
Sim.
Apresto fica pasmado e para um pouco o cavalo. Adril segue na frente e logo Apresto o segue e
montam e retomam a jornada, cada um absorto em seus próprios pensamentos.
Cena 15 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
O Aprendiz da Justificação, Ária, folheia alguns papéis em sua mesa e olha para Adril.
Ária:
Então, pelo que entendi, o Terceiro Gigante foi responsável pela destruição do seu barvra, correto?
Adril:
Sim, e isso é algo que não posso perdoar.
Ária:
O Terceiro é uma força da natureza. Não se pode atribuir culpados em casos como esse.
Adril:
O que devemos fazer então? O Terceiro Gigante é uma ameaça a todos os barvras de Arkadam e até
para o Ninho. Meu barvra foi apenas o primeiro a ser destruído.
Ária:
Você pretende lutar contra o Gigante? Não se luta contra a chuva, a neve, o sol ou furacões.
Adril:
Quando construímos uma casa ou um palácio, é exatamente isso que estamos fazendo.
Ária:
Você tem razão. Devo corrigir minha frase. Não se vence uma força da natureza.
Adril:
O Primeiro e o Segundo Gigantes estão mortos.
Ária:
O Gigante que dorme e o Gigante afogado são apenas montanhas esculpidas. Essa não é uma boa
linha de argumentação.
Adril:
Um dos braços do Terceiro Gigante foi arrancado. Isso prova que ele pode ser ferido.
Ária pausa, considerando as palavras de Adril.
Cena 16 - Atravessando o Rio - Externa - Dia
Adril e Apresto estão a cavalo, atravessando um rio raso. O cenário é tranquilo, mas a conversa
entre eles é intensa.
Adril:
Então você acha que a mão do Terceiro Gigante foi arrancada em uma luta?
Apresto:
Sim, eu acredito que sim. Isso prova que ele pode ser ferido.
Adril:
Quem... o que poderia fazer isso contra um gigante? Mesmo os rakrans são como insetos voadores
para ele. Eles são uma força da natureza.
Apresto:
Isso é o que ensinam para os eldras? O que eles encontram dentro da mão? Todos dizem, o que é
ensinado desde sempre - que é só um pedaço do Terceiro Gigante que caiu, que é somente rocha.
Mas como o reino que se formou sobre a mão caída se tornou tão poderoso? Por que o rakran não
está lutando contra a insurreição do punho de pedra?
Adril:
Nunca nenhum povo desafiou o Ninho... todos tinham medo de o rakran voar contra eles, cuspir
fogo em suas casas e depois devorá-los.
Apresto:
Tinham medo?
Adril:
Tem... Todos têm medo do rakran.
Apresto:
"Enquanto o rakran vigia, o Ninho jamais cairá."
Adril:
Exatamente.
Apresto:
Mas será que o rakran ainda vigia? Ele é velho! Será que ainda cospe fogo, que ainda voa? Será que
ele ainda vive?
Adril:
Pare! Suas palavras estão mais e mais perigosas.
Adril olha para Apresto com um olhar severo, enquanto Apresto pondera o peso de suas próprias
palavras.
Cena 17 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
O Aprendiz da Justificação está sentado atrás de uma mesa, olhando para uma ampulheta. A areia
termina de cair.
Aprendiz:
O tempo de hoje acabou. Podem levá-lo.
Dois guardas entram na sala e escoltam Adril para fora. Ele lança um último olhar para o Aprendiz
antes de sair.
O Aprendiz olha para o lado e vê uma figura enigmática observando a saída de Adril. É uma
sacerdotisa grik, vestida em trajes cerimoniais. Ela mantém um olhar penetrante e misterioso.
Sacerdotisa Grik:
(olhando para Adril, mas falando ao Aprendiz) Ele é mais perigoso do que parece, não é?
Aprendiz:
Todos são, até que se prove o contrário.
Sacerdotisa Grik:
E você acha que ele provou?
Aprendiz:
Ainda é cedo para dizer.
O Aprendiz guarda seus papéis e a Sacerdotisa Grik se retira silenciosamente, deixando o Aprendiz
sozinho com seus pensamentos.
Cena 18 - Cela de Adril - Interna - Dia
Adril está sentado em um banco de pedra, comendo rapidamente a pouca comida que lhe foi dada.
O som de passos ecoa no corredor e uma pequena mão passa um pedaço de pão através das barras
da cela.
Voz (Akin):
Você parece faminto. Quer mais comida?
Adril olha para cima, surpreso ao ouvir a voz de uma criança.
Adril:
Você já tem identificação?
Akin:
Claro que sim, eu já tenho 8 junções das três luas.
Akin estende o pulso através das barras, mostrando duas runas tatuadas.
Akin:
Meu nome é Akin.
Depois de mostrar o pulso, Akin percebe que Adril tem os olhos vendados.
Akin:
Por que você está com os olhos vendados?
Adril:
É uma longa história. Por que uma criança como você está presa aqui?
Akin:
Também é uma longa história. Mas você quer mais comida ou não?
Adril hesita por um momento, mas então aceita o pão que Akin oferece.
Adril:
Obrigado, Akin.
Akin:
De nada. Nós temos que cuidar uns dos outros, certo?
Adril come o pão, pensativo. Akin, apesar de sua aparência frágil e magra, irradia uma força e
carisma que contrastam com o ambiente sombrio da cela.
Cena 19 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Adril é conduzido de volta ao salão de interrogatório. Ele está vendado, mas parece sentir algo no
ar. Ele vira a cabeça, como se "olhasse" para a parede atrás da Aprendiz.
Aprendiz:
Você sente algo?
Adril:
Sim, eu sinto presenças.
A Aprendiz segue o "olhar" de Adril e confirma.
Aprendiz:
Os 7 Sacerdotes da Justificação estão aqui. Eles estão observando você a distância, sobre um balcão
em uma das paredes.
Adril "olha" na direção indicada, como se pudesse ver através da venda.
Aprendiz:
Eles geralmente fazem preces pelos acusados antes do julgamento. Mas, na verdade, acho que estão
curiosos a seu respeito.
Adril continua a "olhar" na direção dos Sacerdotes. Seu "olhar" para na Sacerdotisa Grik, que o
observa com uma expressão rígida.
Adril:
Ela parece diferente dos outros.
Aprendiz:
Ela é a Sacerdotisa Grik. É raro ver um Grik alcançar tal posição. Ela é uma figura intrigante.
Adril:
Intrigante e inquietante.
Aprendiz:
Você tem um dom para sentir as coisas, mesmo vendado. Isso será considerado no seu julgamento.
Adril volta a "olhar" para a frente, ponderando as palavras da Aprendiz.

Cena 20 - Estrada - Externa - Dia


Adril e Apresto estão parados, bebendo água e comendo. Adril compartilha um pouco de sua
comida com o pequeno gato alado que carrega consigo.
Apresto:
Qual é o nome dele?
Adril:
Destruidor.
Apresto:
Destruidor? É um nome bem infantil, não acha?
Adril dá de ombros, indiferente. Apresto percebe a aproximação de mercadores de escravos griks.
Ele fica claramente incomodado ao ver que muitos dos escravos enjaulados são crianças griks que
parecem doentes e desnutridas.
Apresto:
Temos que fazer algo.
Adril:
Não é nosso problema.
Ignorando a relutância de Adril, Apresto se aproxima dos mercadores.
Apresto:
Estou interessado em comprar alguns mantimentos. Preciso de muita energia e água para a viagem.
Os mercadores vendem água e comida para Apresto. Ele paga com algumas das argolas que Adril
lhe deu como adiantamento.
Apresto:
Talvez eu precise de um escravo para a viagem. Posso ver a qualidade deles?
Adril:
Não vou comprar griks contaminados pela Morte Vermelha.
Mercador:
A Morte Vermelha só afeta os griks, e eles duram várias luas negras antes de morrerem.
Apresto insiste em verificar os escravos griks. Ele se aproxima das jaulas e, secretamente, passa
alguns mantimentos para os escravos, que rapidamente os escondem. Adril e os mercadores não
percebem nada.
Apresto:
Vou pensar sobre isso.
Adril e Apresto se afastam dos mercadores, cada um com seus próprios pensamentos e sentimentos
sobre o que acabou de acontecer.
Cena 21 - Estrada - Externa - Dia (Continuação)
Apresto, ainda perto das jaulas, nota uma criança grik particularmente fraca, com feridas vermelhas
cobrindo seu corpo. Ele olha ao redor para garantir que ninguém está observando e toca
discretamente a criança.
As feridas da criança começam a desaparecer, como se estivessem sendo curadas. A criança olha
para Apresto com uma mistura de surpresa e gratidão.
No entanto, Apresto começa a se sentir debilitado. Ele olha para o seu próprio braço e vê que várias
feridas vermelhas, semelhantes às que a criança tinha, começam a aparecer. Rapidamente, ele
abaixa a manga de sua roupa para cobrir as manchas.
Apresto:
(Voz baixa, para si mesmo)
O que eu fiz?
Adril, que está a uma certa distância, chama Apresto.
Adril:
Vamos, não temos todo o tempo do mundo.
Apresto se afasta das jaulas, escondendo o braço afetado e se juntando a Adril. Eles retomam a
viagem, mas agora Apresto parece mais pensativo e preocupado do que antes.
Cena 22 - Acampamento com Mercadores - Externa - Noite de Lua Negra (Azulada)
Adril, Apresto e os mercadores de escravos estão sentados ao redor de uma fogueira. O céu está
escuro, iluminado apenas pela luz azulada da lua negra.
Mercador:
A Morte Vermelha está dizimando os griks. Ninguém parece interessado em encontrar uma cura.
Apresto:
Os tecelões só estudam doenças que afetam os eldras.
Adril:
Os eldras tiraram esta sociedade da barbárie. É natural que priorizem seu próprio bem-estar.
Mercador:
Concordo, mas estou começando a me preocupar com uma possível rebelião grik. Ouvi dizer que há
uma autointitulada Arvrana Grik.
Adril parece chocado com a informação.
Adril:
Arvranas têm castelos, exércitos e um sistema de leis. Ela está começando pela parte do exército?
Mercador:
Dizem que já são vários griks a seguindo.
O mercador se levanta, claramente desconfortável com a conversa, e se afasta.
Apresto:
A Sacerdotisa Grik é um exemplo de que o Justo não faz distinção entre as três espécies.
Adril:
Ela é uma aberração. Não deveria ser permitida.
Apresto:
Ela tem a auréola. Isso não é decisão de homens, mas do Justo.
Adril:
A fé da Justificação é cheia de incoerências.
Apresto:
Isso é heresia.
Adril:
Só tolos podem acreditar que todos os homens e silkários são descendentes de Yadang. Que todos
têm um mesmo pai criado pelo Justo.
Apresto:
Os griks também são descendentes de Yadang.
Adril:
Isso é heresia.
Apresto:
E agora você se tornou um defensor da fé?
Ambos se olham, a tensão entre eles palpável sob a luz azulada da lua negra.
Cena 23 - Cela de Adril - Interna - Noite
Adril está sentado em um canto de sua cela, olhando para o chão. A voz de Akin ecoa do outro lado
do corredor.
Akin:
Do que você gosta?
Adril permanece em silêncio, sem responder.
Akin:
Eu gosto de histórias. Você pode contar uma para mim?
Adril:
Não, eu não sei nenhuma história.
Akin parece desapontada, sua voz carregando um tom de tristeza.
Akin:
Ah, que pena.
O silêncio volta a preencher a cela, cada um absorvido em seus próprios pensamentos, separados
pela escuridão e pelas grades que os confinam.
Cena 24 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
A Aprendiz está sentada atrás de sua mesa, folheando alguns papéis. Adril está do outro lado, ainda
vendado.
A Aprendiz:
Você percebeu que não há griks no palácio do Ninho?
Adril:
Eu vim para o Ninho como prisioneiro, não tive a oportunidade de passear pelo palácio.
A Aprendiz:
Bem, saiba que não é permitida a presença de griks no palácio. É uma determinação do próprio
Rakran. Ele teme que a Morte Vermelha possa se tornar contagiosa para homens ou silkários.
Adril:
E onde você quer chegar com isso?
A Aprendiz:
As conexões ainda não estão prontas na minha cabeça. Mas me diga, você percebeu que Apresto
curou a filhote de grik? E que ele se machucou no processo?
Adril:
Não, eu não percebi.
A Aprendiz:
Apresto era, possivelmente, um membro da seita Kabsa. Eles são proibidos e cada vez mais raros.
Eles têm a habilidade de trocar a dor de alguém pela própria saúde. Podem curar, mas o custo para
eles é a própria saúde.
Adril:
A filhote de grik estava muito doente, e Apresto ficou debilitado, mas parecia bem depois.
A Aprendiz:
A dor daqueles que eles ajudam se dilui no caminho. É como se eles recebessem apenas uma fração
da enfermidade e se curassem também sempre antes de um novo amanhecer.
A Aprendiz:
É lamentável que a educação dos eldras faça tão pouco caso em aprender sobre os demais povos.
Cena 25 - Acampamento dos Mercadores - Externa - Manhã
O acampamento dos mercadores de escravos griks está em alvoroço. Eles estão empacotando suas
coisas rapidamente. Apresto, com apenas algumas manchas em seus braços, está ajudando a dar
mantimentos secretamente para as crianças griks enjauladas.
Mercador Líder:
Nós temos que ir agora! Informes dizem que as tropas da Mão de Pedra estão se aproximando.
Estamos indo na direção de um destacamento de soldados das Três Luas.
Apresto:
(sussurrando para as crianças griks)
Aqui, escondam isso. Comam quando puderem.
Adril se aproxima do líder dos mercadores, claramente interessado em obter mais informações.
Adril:
Eu ouvi que vocês têm informantes. Estou disposto a pagar por informações.
Mercador Líder:
O que você quer saber?
Adril:
Confirme para mim, haverá uma batalha decisiva na planície do Médio-Arkadam em mais ou
menos 6 luas vermelhas?
Mercador Líder:
Sim, é o que os informes dizem. Uma grande batalha está se formando.
Adril:
(entregando algumas moedas ao Mercador Líder)
Obrigado. Isso pode salvar nossas vidas.
O Mercador Líder pega as moedas e assente. Apresto se junta a Adril, pronto para partir.
Apresto:
Estamos prontos para ir?
Adril:
Sim, temos que nos apressar. O tempo não está ao nosso favor.
Cena 26 - Estrada na Planície - Externa - Dia
Adril e Apresto estão cavalgando a um ritmo constante. O cenário ao redor está mudando, indicando
que estão se aproximando da planície do Médio-Arkadam.
Adril:
Quanto tempo você acha que vai levar para cruzarmos a planície do Médio-Arkadam?
Apresto:
Com base no ritmo que estamos indo, eu diria aproximadamente 15 luas vermelhas.
Adril:
Temos que passar por lá em 9 dias. No máximo 10.
Apresto sorri, pensando que Adril está brincando. Mas o olhar sério de Adril o faz perceber que não
é uma piada.
Apresto:
Isso é pouco provável, talvez até impossível.
Adril:
Uma grande batalha vai acontecer na planície em cerca de 6 luas vermelhas. Precisamos estar fora
de lá antes disso. Então, seja mais rápido.
Apresto, agora claramente assustado, assente.
Apresto:
Entendido, vou fazer o meu melhor.
Ambos apertam as rédeas e seus cavalos aceleram, correndo pela estrada que leva à planície do
Médio-Arkadam.
Cena 27 - Margens do Córrego Raso - Externa - Dia
Adril e Apresto estão cavalgando ao longo das margens de um córrego raso. A vegetação é densa, e
o caminho é estreito.
Apresto:
Esta rota é mais segura se quisermos evitar as zonas de guerra.
Adril:
Os mercadores de escravos sugeriram uma rota diferente.
Apresto:
Eles não conhecem Arkadan como eu. Além disso, para evitar a guerra, precisamos ficar o mais
longe possível das leis do rakran.
Adril olha para Apresto, claramente desconfiado com a última afirmação.
Adril:
O que você quer dizer com "ficar longe das leis do rakran"?
Apresto:
As tropas do rakran e os conflitos frequentemente ocorrem onde as leis do rakran têm mais
influência. Este caminho nos mantém distantes dessas áreas.
Adril:
E por que eu deveria confiar em você? Você é um vrankin, e os vrankins são conhecidos por serem
traiçoeiros quando estão longe das leis do rakran.
Apresto:
Se eu quisesse te trair, já teria feito isso. Eu sou seu guia, e minha palavra é minha honra.
Adril pondera por um momento, ainda desconfiado, mas eventualmente assente.
Adril:
Muito bem, continue. Mas saiba que estou de olho em você.
Apresto sorri levemente e ambos continuam a cavalgar, seguindo o córrego.
Cena 28 - Margens do Córrego, Entre Rochas - Externa - Dia
Adril e Apresto desmontam dos cavalos e começam a caminhar entre rochas e vegetação densa. O
córrego serpenteia ao lado deles, e o som da água é quase tranquilizador.
Apresto:
Você sabe, minha religião, os Kabsa, está sendo perseguida. Já somos quase inexistentes.
Adril:
Por que vocês são perseguidos?
Apresto:
Nossas crenças não são bem-vindas sob as leis do rakran. Sempre fomos poucos, e para evitar as
garras do rakran, nos reuníamos em segredo. Grupos pequenos, em casas, às vezes até em
cemitérios.
Adril:
Isso soa perigoso. Eles não poupam nem crianças e idosos?
Apresto:
Não, qualquer um associado a um Kabsa é punido. É por isso que somos tão cautelosos.
Adril:
Você não teme falar sobre isso comigo? Sou seu empregador.
Apresto:
As leis do rakran não foram feitas para afetar os eldras. Um eldra barvran como você, príncipe,
jamais seria punido por empregar um Kabsa.
Adril olha para Apresto, surpreso e um pouco desconfortável com o título de "príncipe".
Adril:
Príncipe? Isso é novidade para mim.
Apresto:
É uma forma de dizer. Você é um eldra, um barvran. Em comparação com um vrankin como eu,
você é como um príncipe.
Adril pondera por um momento, absorvendo as palavras de Apresto.
Adril:
Entendo. Vamos continuar, temos um longo caminho pela frente.
Apresto assente e ambos retomam a caminhada, cada um imerso em seus próprios pensamentos.
Cena 29 - Cela de Adril - Interna - Noite
Adril está sentado em um canto da cela, olhando para o nada. A voz de Akin ecoa do outro lado do
corredor.
Akin:
Ei, Adril! Eu posso te ensinar algumas histórias, se você quiser.
Adril:
Não estou interessado em histórias.
Akin:
Ah, vamos lá! Vou contar um conto de estrelas. Você vai gostar!
Adril:
Não gosto de contos de estrelas.
Akin:
Bem, você pode tapar os ouvidos então. Esta é uma história antiga, de outro mundo. Havia um
príncipe de um lugar chamado Colômbia, e ele conseguiu subir aos céus.
Adril, embora relutante, começa a prestar atenção.
Akin:
Quando ele voltou, contou que tinha visto a vida de todos nós, humanos, griks e silkários. Ele disse
que somos como um mar de chamas. Cada um de nós é uma chama única, brilhando no meio de
todas as outras.
Cena 30 - Estrada Deserta - Externa - Dia
Adril e Apresto cavalgam em um ritmo constante. Apresto segura um astrolábio, verificando sua
posição em relação ao sol e às estrelas visíveis. Adril observa com curiosidade.
Adril:
Esse é um equipamento de soldado. Como você sabe usá-lo tão bem?
Apresto:
As técnicas de localização não são úteis apenas em batalha. Guias e comerciantes também precisam
delas.
Adril assente, ponderando a resposta. Eles continuam cavalgando até que a estrada os leva a uma
cena perturbadora. Vários homens estão pendurados em árvores, enforcados. Um aviso claro para
desertores.
Adril:
Desertores do exército do Rakran.
Apresto olha para os homens enforcados, seu rosto fica sério por um momento. Ele então aponta
para um caminho à direita.
Apresto:
É melhor seguirmos por aqui.
Apresto acelera seu cavalo, tomando a liderança. Adril o segue, lançando um último olhar para os
homens enforcados antes de se afastar.

Cena 31 - Cela de Adril - Interna - Noite (Continuação)


Adril:
Um mar de chamas?
Akin:
Sim! E não há duas chamas iguais. Algumas são grandes, outras pequenas, e há chamas de todas as
cores. Algumas pessoas têm um fogo tão sereno que nem o vento as afeta. Outras são como
fagulhas loucas que enchem o ar com sua energia.
Adril:
E o que mais ele disse?
Akin:
Ele disse que há fogos bobos que nem iluminam nem queimam. Mas há outros, outros que
incendeiam a vida com tanta vontade que você não pode olhar para eles sem se sentir feliz. E se
você chegar perto, você pega fogo também.
Adril fica em silêncio por um momento, ponderando as palavras de Akin.
Adril:
É uma bela história, Akin.
Akin:
Eu sabia que você ia gostar!
Cena 32 - Campo de Batalha - Externa - Dia

O cenário é desolador. O campo está repleto de corpos caídos, a maioria despojada de suas
armaduras e armas. O cheiro de morte e metal paira no ar. Adril e Apresto observam a cena a partir
de uma colina próxima.
Adril: (olhando cauteloso) Não devemos nos aproximar. Pode haver batedores ou sobreviventes
fingindo estar mortos. É uma tática comum em campos de batalha.
Apresto: (intrigado) Mas e se houver alguém precisando de ajuda?
Adril olha para Apresto, percebendo seu interesse em se aproximar.
Adril: Olhe ao redor, Apresto. As armaduras e armas já foram saqueadas. Isso significa que
salteadores já passaram por aqui. Precisamos sair daqui o mais rápido possível.
Apresto hesita, mas então seus olhos se fixam em um silkário caído, ainda vestindo sua armadura.
Apresto: (baixo, para si mesmo) Ele ainda está com a armadura... talvez esteja vivo.
Sem que Adril perceba, Apresto se aproxima do silkário caído. Ele se abaixa para verificar os sinais
vitais do guerreiro. No momento em que toca o silkário, este se mexe rapidamente e apunhala
Apresto com uma adaga escondida.
Apresto: (gritando de dor) Ah!
Adril: (sacando seu arco e flecha) Maldição!
Adril dispara duas flechas certeiras que atingem o silkário, matando-o instantaneamente. Ele corre
até Apresto, que está caído no chão, segurando o ferimento.
Adril: (irritado) Eu avisei para não se aproximar!
Apresto: (ofegante, com dor) Eu... eu pensei que poderia ajudar.
Adril: (olhando ao redor, nervoso) Não temos tempo para isso agora. Você consegue andar?
Apresto: (lutando para se levantar) Acho que sim.
Adril: Então ande. Precisamos sair daqui antes que mais problemas apareçam.
Cena 33 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Ária, a Aprendiz da Justificação, olha para Adril com um olhar penetrante. Ela folheia alguns papéis
em sua mesa antes de levantar o olhar novamente para ele. Então, com um movimento fluido de sua
mão, ela começa a manipular sua Tecelagem de Runas, um aparelho de madeira semelhante a um
soroban japonês, mas com contas que têm runas gravadas nelas.
Ária: "Você acredita que Apresto estava tentando curar o silkário, mesmo após ser apunhalado?"
Adril: "Sim, eu acredito. Ele era um tolo que não aprendia nada. Colocou a própria vida em risco
por um desconhecido, um inimigo até."
Ária: "E você acha que isso foi tolice?"
Adril: "Sim, foi tolice. Nós estávamos em território perigoso, cada decisão errada poderia custar
nossas vidas. Ele deveria ter sido mais cauteloso."
Ária move mais contas em sua Tecelagem de Runas, capturando as palavras e sentimentos de Adril.
Ária: "Então você ainda acredita que foi uma tolice, mesmo sabendo que ele estava tentando fazer o
bem?"
Adril: "Sim, eu ainda acredito que foi uma tolice. Boas intenções não mudam o fato de que foi uma
decisão imprudente, especialmente em tempos de guerra."
Ária finaliza sua manipulação na Tecelagem de Runas, e as contas se encaixam com um clique
satisfatório.
Ária: "Interessante. Você acredita que a intenção de fazer o bem pode ser perigosa?"
Adril: "Em circunstâncias erradas, sim. Boas intenções podem levar a más decisões. E más decisões
em tempos como estes... bem, você sabe o que acontece."
Ária fecha o livro de anotações e olha para Adril com uma expressão indecifrável.
Ária: "Sim, eu sei. Muito bem, acho que por hoje é só. Você será levado de volta à sua cela."
Adril é escoltado para fora do salão de interrogatório, e enquanto ele sai, Ária olha para ele,
pensativa, ponderando as complexidades do bem e do mal em tempos de conflito.
Cena 34 - Cela - Interna - Noite
O silêncio na cela é palpável, interrompido apenas pelos sons ocasionais de guardas passando pelo
corredor. Adril, ainda com os olhos vendados, quebra o silêncio.
Adril: O que é um príncipe?
Akin: Ah, essa história é realmente especial, sabe? Ela veio das estrelas. É sobre um homem
chamado Aleano. No mundo dele, "príncipe" é outra palavra para "barvra."
Adril: (pausa) Um barvra? Interessante. E o que faz um príncipe... um barvra, nesse mundo de
Aleano?
Akin: Bem, um príncipe, ou barvra, é alguém de grande importância. Eles têm terras, pessoas que
os seguem, e muitas responsabilidades. Eles são como líderes, mas também são protegidos e
treinados para serem os melhores em tudo o que fazem.
Adril: (pensativo) Protegidos e treinados, mas ainda com responsabilidades... parece familiar.
Akin: Sim! Mas sabe, o mais importante é que eles têm o poder de mudar as coisas, de fazer a
diferença. Eles são como chamas brilhantes que podem incendiar o mundo com sua vontade!
Adril: (silêncio) Uma chama, você diz?
Akin: Isso mesmo! Uma chama que pode iluminar ou queimar, dependendo de como é usada.
Adril: (com um sorriso irônico) Uma chama, você diz? Você sabe, no mundo de onde venho, ser um
barvra é muito mais complexo do que ser apenas uma "chama brilhante."
Akin: Ah, é? Como assim?
Adril: Um barvra não é apenas um líder ou um guerreiro. Ele é um símbolo, uma representação viva
das tradições e da cultura de seu povo. Ele carrega o peso de sua linhagem, das expectativas de seu
povo, e da estabilidade de suas terras.
Akin: Uau, isso parece muita responsabilidade.
Adril: É, e não é algo que se possa levar de ânimo leve. Um barvra deve ser sábio, pois suas
decisões afetam muitas vidas. Ele deve ser forte, não apenas na batalha, mas também em caráter. E
acima de tudo, ele deve ser justo, pois ele é o pilar que sustenta a ordem social.
Akin: Então, você acha que um barvra é mais do que uma chama? Ele é como um fogo controlado,
que dá calor e luz, mas que também pode ser devastador se não for cuidado.
Adril: (pausando para pensar) Sim, você poderia dizer isso. Um barvra é uma chama que deve ser
cuidadosamente cultivada e controlada. Caso contrário, ele pode consumir tudo ao seu redor,
deixando apenas cinzas.
Akin: Isso é muito profundo. Você deve ser um barvra muito sábio.
Adril: (suspirando) A sabedoria frequentemente vem com um preço, Akin. E às vezes, esse preço é
mais alto do que estamos dispostos a pagar.
Ambos ficam em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos, ponderando as
complexidades e os pesos das palavras que acabaram de ser trocadas.
Cena 35 - Colina - Externa - Anoitecer
Adril e Apresto estão deitados em uma colina, observando através de uma luneta os exércitos
inimigos ao longe. A noite de lua amarela começa a se instalar, e Apresto ainda está visivelmente
ferido.
Adril: (olhando através da luneta) Esta guerra é um desperdício. O verdadeiro inimigo é o Terceiro
Gigante. Todos deveriam estar unindo forças contra ele.
Apresto: Você já se perguntou o que tem na pele do Terceiro Gigante?
Adril: Pedra, vegetação, o que mais poderia ser?
Apresto: Não é só isso. Eu já escalei o Terceiro Gigante. Subi pelo pé esquerdo porque era mais
fácil.
Adril: (incrédulo) Supondo que eu acredite em você, o que há no pé esquerdo do Terceiro Gigante,
além de uma floresta?
Apresto: Uma cidade. A última cidade somente de kabsas.
Adril: (bocejando) Os tutores sempre nos ensinaram que os kabsas são uma seita tola e alienada que
se julgam melhores que todos.
Apresto: Pelo contrário, um dos méritos dos kabsas é a consciência de que não são melhores que
ninguém.
Adril: (bocejando novamente) Percebo que você vê que não me interesso muito pelo assunto. Mas
já pensou no que aconteceria se o Ninho fosse derrotado? Já pensou em viver sob o governo da
Mão?
Apresto: E o que há de tão grandioso no código de leis do Rakran?
Adril: É um avanço, um sistema que traz ordem e justiça.
Apresto: As leis da Mão também têm seus méritos. Você já ouviu falar da lenda de "A Palavra"?
Adril: A arma que motivou esta guerra? Dizem que foi roubada do Castelo na Mão.
Apresto: Exatamente. E, príncipe, concordo com você sobre a estupidez desta guerra. Mas eu
preciso sobreviver. (se levanta) Podemos acampar aqui e amanhã seguir por ali. (aponta uma
direção) Acho que esse caminho está seguro.
A noite de lua amarela se instala completamente, e os dois homens se preparam para descansar,
cada um com seus próprios pensamentos e preocupações.
Cena 36 - Colina - Externa - Noite de Lua Amarela
O céu está amarelado, ainda que escuro, sob a influência da lua amarela. Apresto dorme
profundamente, exausto e ainda se recuperando de suas feridas. Adril está acordado e alimentando
seu gatinho alado, o Destruidor. Depois ele devolve o gatinho ao cesto e coloca o cesto de lado. Ele
olha para o manto enrolado ao seu lado e, tomando uma respiração profunda, desenrola o tecido
para revelar "A Palavra".
Cautelosamente, ele toca a espada. Ela brilha suavemente e uma voz ressoa em sua mente.
A Palavra: Olá, Adril! Previ que iria demorar mais para voltar a falar comigo.
Adril: (sussurrando para si mesmo) Eu não estou falando com você.
A Palavra: Não? Podemos continuar a não falar sobre o que?
Adril: ...
A Palavra: Sinto que você está com medo.
Adril: Eu não estou com medo.
A Palavra: Recuperar o Bar-vra é o que você quer, mas não é o que você precisa. O que você precisa
é muito mais simples e muito mais difícil.
Adril: Do que eu preciso?
A Palavra: Força e coragem.
Adril: Eu tenho força e coragem.
A Palavra: Força e coragem para agir de forma não intuitiva.
Adril fica em silêncio, sua expressão revela confusão e incompreensão. Ele olha para Apresto, que
ainda dorme, e depois para a espada em suas mãos. Ele a enrola de volta no manto e a guarda,
perdido em pensamentos que ele não consegue articular.
Cena 37 - Salão de Interrogatório - Interna - Dia
Ária, a Aprendiz, está diante de sua Tecelagem de Runas, manipulando as contas com runas
inscritas. Ela olha para Adril, que está sentado do outro lado da mesa, e começa a falar.
Ária: Você já ouviu falar da mitologia em torno d'A Palavra, Adril?
Adril: Apenas rumores e lendas.
Ária: (manipulando as contas de sua Tecelagem de Runas) Dizem que foi forjada por mais de
quarenta seres. Homens, silkários, arvras, barvras, tecelões... algumas seitas até acreditam que griks
tiveram um papel na sua criação. Todos inspirados pelo Justo.
Adril: E o que isso significa?
Ária: (pausa, olhando para Adril) Nos contos de estrelas escritos para crianças, A Palavra foi
empunhada por grandes governantes. Mas não como uma arma. Como um símbolo de poder e
sabedoria. Como um guia.
Adril: Um guia?
Ária: (falando mais baixo) Sim, mas também foi usada como uma arma. Uma arma contra rakrans.
Adril: (interessado) Contra rakrans?
Ária: (olhando para suas runas) São apenas contos de estrelas. Mas você deve saber que mesmo
sendo apenas contos, o Rakran a busca.
Adril: (pausa) E por que ele faria isso se são apenas contos?
Ária não responde. Ela apenas olha para Adril, depois volta sua atenção para a Tecelagem de Runas,
deixando a pergunta pairar no ar, carregada de significado não dito.
Cena 38 - Montagem de Planos
Plano 1: Adril e Apresto cavalgam por uma floresta densa, os galhos das árvores formando um
dossel acima deles. Eles desviam as cabeças dos galhos.
Plano 2: Eles se escondem atrás de uma colina rochosa, observando uma patrulha do exército
inimigo passar ao longe. Adril olha através de uma luneta.
Plano 3: A dupla desce rapidamente uma colina íngreme, evitando um grupo de desertores que
parecem estar procurando algo... ou alguém.
Plano 4: Adril e Apresto passam por um campo aberto, o sol escaldante acima deles. Apresto olha
para sua garrafa de água, quase vazia. Mas Adril ainda tem muita água.
Plano 5: À noite, eles acampam sob as estrelas e uma lua vermelha. Adril abre uma pequena bolsa
de couro, retirando um pedaço de pão duro e um pedaço de carne seca. Ele divide o pão ao meio e
dá uma metade para Apresto, mas guarda a carne para si. Dá uma pequena parte da carne seca para
Destruidor, o gatinho alado no cesto de palha.
Plano 6: Apresto, visivelmente mais fraco e cansado, tenta manter o ritmo. Ele olha para sua garrafa
de água, agora completamente vazia. A frente, Adril bebe água em uma garrafa pela metade.
Plano 7: Apresto está bem fraco. Adril observa Apresto com preocupação, mas continua a cavalgar,
apertando o passo.
Plano 8: Apresto quase cai do cavalo de exaustão, mas se mantém firme. Ele olha para Adril, que
não vê seu estado.
Plano 9: Adril e Apresto estão sob uma forte chuva. Eles enchem suas garrafas de água com
urgência, como se cada gota fosse preciosa.
Cena 39: ATRAVESSANDO A PLANÍCIE DO MÉDIO-ARKADAM
INT. CAMPO FLORIDO - DIA
[Um letreiro surge na tela: "Planície do Médio-Arkadam"]
Adril e Apresto cavalgam lado a lado, suas expressões são de alívio e uma pitada de júbilo. O sol
brilha sobre a vasta planície, iluminando campos de flores silvestres que balançam ao vento.
ADRIL
(olhando em volta, satisfeito)
Nós conseguimos. Atravessamos antes que qualquer exército chegasse. Isso é o que importa.
APRESTO
(sorrindo, mas com um tom melancólico)
É uma vitória pequena, mas significativa.
Adril olha para o campo florido, depois para Apresto.
ADRIL
(suspirando, impaciente)
Não temos tempo para sentimentalismos. O que importa é que passamos a tempo.
APRESTO
(olhando triste para o campo)
Em breve, essas flores estarão manchadas de sangue.
ADRIL
(irritado)
E daí? O que importa é que estamos a salvo e adiantados em nosso cronograma.
Ambos compartilham um momento de silêncio, mas é um silêncio carregado, cada um absorvido
em seus próprios pensamentos e preocupações.
ADRIL
(apressado)
Vamos, temos que continuar. Cada momento conta agora.
APRESTO
(concordando, mas ainda preocupado)
Sim, cada momento.
Eles chutam os flancos de seus cavalos e continuam a cavalgar, deixando para trás o campo florido
que em breve será um campo de batalha.
Cena 40: NA CELA DE ADRIL INT. CELA DE ADRIL - NOITE
O ambiente é escuro e sombrio, iluminado apenas pela fraca luz que entra através das grades. Adril
está sentado, seus olhos ainda vendados, ouvindo atentamente a voz de Akin que vem do outro lado
do corredor.
AKIN
(Voz suave, contando a história)
Havia uma vez uma barvrana que gostava de passear à beira de um rio. Um dia, ela viu um pequeno
akrav venenoso se debatendo na água.
ADRIL
(Interessado, mas cauteloso)
Um akrav venenoso?
AKIN
Sim, muito venenoso. Mas a barvrana era bondosa e sabia que o akrav estava prestes a se afogar,
pois akravs não podem nadar.
ADRIL
(Esperando o desfecho)
E então?
AKIN
Então, a barvrana estendeu a mão e pegou o akrav para salvá-lo. Mas assim que ela o fez, o akrav a
picou.
ADRIL
(Surpreso)
Ele a picou?
AKIN
Sim. A dor foi tão intensa que a barvrana soltou o akrav, que caiu de volta na água.
ADRIL
(Esboçando um sorriso amargo)
Uma história interessante. O que aconteceu depois?
41 EXT. CAMPO FLORIDO - NOITE
A lua amarela brilha no céu, iluminando o campo florido. Apresto e Adril estão acampados, seus
cavalos amarrados a uma árvore próxima. Apresto parece inquieto.
APRESTO
(Esperançoso)
Acho que estamos sendo seguidos. Talvez devêssemos esperar e ver quem é.
ADRIL
(Desconfiado)
Esperar? Por quê? Você tem algo a esconder?
APRESTO
(Respira fundo)
Eu também tenho pressa, Adril. Tenho um filho no Ninho, e se eu não voltar em sete luas
vermelhas, ele será escravizado nas minas de sal.
ADRIL
(Surpreso)
Você tem um filho?
APRESTO
(Sério)
Sim, e já falei demais. Vou ficar de vigia.
Apresto se afasta, assumindo sua posição como sentinela. Adril fica sozinho, pensativo.
A PALAVRA
(Voz suave)
Ele nunca verá o filho dele novamente, Adril.
ADRIL
(Chocado)
O que você disse?
A PALAVRA
Apresto seria uma força importante durante o Kataklusmos, mas ele não vai sobreviver a essa
jornada.
ADRIL
(Esperançoso, mas temeroso)
E eu? Vou sobreviver?
A PALAVRA
Sim, você vai. Mas morrerá após três luas vermelhas no Ninho.
ADRIL
(Irritado)
Cale a boca!
Adril guarda A Palavra de volta no manto, visivelmente abalado pelas revelações. Ele olha para
Apresto, que está de vigia, e depois para o céu estrelado, ponderando o peso das palavras que
acabou de ouvir.
CORTA PARA:
A tensão entre Adril e Apresto aumenta, assim como as incertezas sobre o futuro. As revelações de
A Palavra lançam uma sombra sobre ambos, tornando suas jornadas ainda mais incertas e perigosas.
Cena 42: NO TOPO DE UMA COLINA EXT. TOPO DE UMA COLINA - ANOITECER
O céu está tingido de vermelho pela lua vermelha que surge no horizonte. Apresto está de pé,
observando a batalha que acontece abaixo. Adril se aproxima, curioso.
ADRIL
(Questionador)
O que você espera ver?
APRESTO
(Grave)
Quero ver se o Rakran vai lutar pelo Ninho.
ADRIL
(Cético)
O Rakran não se envolve em qualquer combate.
APRESTO
(Incisivo)
Isso não é qualquer combate. Todo o exército do Rakran está aqui e está sendo derrotado. Pense nas
milhares de crianças que nunca mais verão seus pais.
ADRIL
(Indiferente)
Nós passamos pela planície a tempo, é isso que importa.
De repente, Adril abre a boca em expressão de estarrecimento. Ele sussurra.
ADRIL
(Sussurrando)
Rakran...
Apresto segue o olhar de Adril e vê o Rakran voar na direção deles. A criatura majestosa passa bem
acima deles, sua cauda longa e serpentina rasgando o ar.
Os olhos de Adril ficam marejados. A cauda do Rakran explode um pedaço da colina ao lado deles,
levantando uma nuvem de poeira que os cobre.
APRESTO
(Emocionado)
Enquanto o Rakran vigia, o Ninho jamais cairá.
ADRIL
(Alarmado)
Precisamos sair daqui. Os soldados, amigos e inimigos, vão se dispersar em todas as direções.
CORTA PARA:
O voo do Rakran deixa uma impressão duradoura em ambos. Apresto se sente encorajado, enquanto
Adril é forçado a reconsiderar suas prioridades. A batalha abaixo deles é um lembrete cruel da
realidade da guerra e do preço que ela cobra.

Cena 43: NA CELA DE ADRIL INT. CELA DE ADRIL - DIA


Adril está sentado, imerso em seus pensamentos, quando a voz de Akin ressoa do outro lado do
corredor.
AKIN
(Continuando a história)
Então, a barvrana, ainda determinada a salvar o akrav, usou um galho para tirá-lo da água. Mas o
akrav venenoso saltou pelo galho e picou a barvrana novamente. Assustada, ela deixou o akrav cair
de volta na água.
Adril escuta atentamente, curioso sobre o desfecho da história.
AKIN
(Prosseguindo)
Um humilde vrankin que estava observando a cena se aproximou da barvrana e perguntou: "Por que
você continua tentando salvar o akrav, sabendo que a natureza desse tipo de animal é sempre
picar?"
A história de Akin deixa Adril pensativo, ponderando sobre as escolhas que fez e as pessoas que
tentou ajudar, independentemente das consequências.
CORTA PARA:
A história de Akin serve como um espelho para Adril, fazendo-o refletir sobre sua própria natureza
e as decisões que tomou. Ele começa a questionar se suas ações foram motivadas por uma
compreensão verdadeira da natureza das coisas ou se ele também foi picado ao tentar ajudar.

Cena 44: ACAMPAMENTO SEM FOGUEIRA


INT. ACAMPAMENTO SEM FOGUEIRA - NOITE DE LUA VERMELHA
Adril e Apresto estão acampados, sem fogueira. Ouvem barulhos e logo são cercados por
SOLDADOS DAS TRÊS LUAS, machucados e famintos.
LÍDER DOS SOLDADOS
Nós sobrevivemos à grande batalha da planície do Médio-Arkadam. Fomos derrotados. O Rakran
voou, e ainda assim, fomos derrotados.
SOLDADO
O Rakran está ferido!
LÍDER DOS SOLDADOS
(Cortando-o)
Cale a boca!
O líder se vira para Adril, amistoso.
LÍDER DOS SOLDADOS
(Para Adril)
Você é um eldra, não é? E quem é ele?
O líder aponta para Apresto e manda um SOLDADO verificar a marca dele.
SOLDADO
(Verificando)
Não está listado como desertor. O nome é Apres.
ADRIL
(Calmamente)
Você leu errado. O nome dele é Apresto.
Apresto fica tenso. O líder decide ler pessoalmente e descobre a verdade.
LÍDER DOS SOLDADOS
(Examinando de perto)
A vossa eldrade tem razão. O nome é Apresto.
O soldado consulta a lista novamente.
SOLDADO
Ele desertou das tropas do Rakran há seis luas vermelhas.
Apresto é imediatamente preso. Adril fica surpreso.
LÍDER DOS SOLDADOS
(Para Adril)
Está claro que você não sabia que estava sendo guiado por um criminoso. Mas teremos que enforcar
Apresto. Você pode seguir sozinho ou conosco.
O líder começa a ler as palavras de Rakran de condenação a desertores. Os soldados preparam uma
corda.
APRESTO
(Para Adril)
Tenho um filho no Ninho. Por favor, encontre-o. Ajude-o a fugir.
Apresto é enforcado. A cena é pesada, o ar denso. Adril fica ali, olhando para o corpo de Apresto,
pensativo e cheio de remorso.
CORTA PARA:
A morte de Apresto serve como um ponto de inflexão para Adril, fazendo-o questionar suas próprias
ações e decisões. Ele agora carrega o peso da vida que não pôde salvar, e a responsabilidade de uma
promessa feita a um homem condenado.

Cena 45: CELA DE ADRIL


INT. CELA DE ADRIL - NOITE
Adril está sentado, olhando para o chão. Akin, do outro lado do corredor, continua a contar a
história.
ADRIL
Akravs venenosos são perigosos. Foi uma boa lição para a barvrana aprender a não ajudar qualquer
um.
AKIN
Mas a barvrana não desistiu. Ela continuou tentando ajudar e, finalmente, conseguiu resgatar o
akrav venenoso, colocando-o em terra firme.
ADRIL
(Interrompendo)
Ela foi picada de novo?
AKIN
Sim, sua mão estava inchada pelas picadas, mas ela estava feliz. Ela disse ao vrankin que observava
tudo: "É da natureza do akrav venenoso picar, mas a minha natureza é ajudar. Não podemos mudar
nossa natureza boa por causa da natureza má dos que nos rodeiam."
Adril respira fundo e balança a cabeça.
ADRIL
Eu não sou como essa barvrana.
AKIN
Você pode escolher ser como o akrav venenoso e não mudar de natureza. Mas lembre-se, um akrav
não pensa.
Adril fica em silêncio, ponderando as palavras de Akin. Ele olha para o chão, pensativo, como se
estivesse em um dilema interno.
CORTA PARA:
A história de Akin serve como um espelho para Adril, fazendo-o refletir sobre suas próprias
escolhas e a natureza de suas ações. Ele está em um ponto de decisão: continuar sendo o "akrav
venenoso" que age por instinto, ou ser a "barvrana" que age de acordo com uma natureza mais
nobre.

Cena 46: ACAMPAMENTO SEM FOGUEIRA


EXT. ACAMPAMENTO SEM FOGUEIRA - NOITE
Adril desvia o olhar de Apresto, que está enforcado. De repente, uma FLECHA atravessa o pescoço
do líder dos soldados. Um a um, os demais soldados são rapidamente assassinados por GRIKS que
surgem das sombras.
Adril recua, confuso, mas é poupado. Uma GRIK que parece estar na liderança corta a corda que
enforca Apresto. Ele despenca, desfalecido, mas depois de um tempo, tosse e volta a respirar.
A líder Grik, com cabelos prateados presos em uma trança e pele cinzenta com manchas vermelhas,
se aproxima. Seus olhos são de um amarelo brilhante.
LÍDER GRIK
(Apresentando-se)
Eu sou a Arvrana dos Griks.
ADRIL
(Desafiador)
Entre griks não há barvras ou arvranas. E as leis do Rakran não permitem que griks andem em
bandos.
LÍDER GRIK
(Sorrindo)
Aqui, as palavras do Rakran não ecoam. Aqui, a lei sou eu.
Ela faz um sinal e os Griks prendem Adril, que se surpreende.
LÍDER GRIK
(Continuando)
Você está sendo observado por mim há cinco luas vermelhas. Por que um eldra barvran como você
está tão longe do seu bar-vran e viajando por uma zona de guerra?
A Arvrana Grik encontra A Palavra enrolada no manto de Adril. Ela desenrola a espada e a
contempla, um sorriso se formando em seus lábios.
LÍDER GRIK
(Sorrindo ao ver A Palavra)
Interessante...
Adril observa, tenso, enquanto a Arvrana Grik segura A Palavra, como se estivesse ponderando o
peso de sua descoberta.
CORTA PARA:
A cena deixa Adril em uma situação precária, capturado por uma líder Grik que não só desafia as
leis do Rakran, mas também parece ter seus próprios planos e interesses. A descoberta de A Palavra
adiciona uma nova camada de complexidade e perigo à sua jornada.

Cena 47: SALÃO DE INTERROGATÓRIO


INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA
Ária, A Aprendiz, levanta a cabeça de suas anotações feitas em sua Tecelagem de Runas. Ela olha
para Adril com um olhar intrigado.
ÁRIA (Interessada) A Arvrana dos Griks? Há muitos boatos sobre ela. Sua aparição muda muitas
coisas.
Adril observa Ária, percebendo que a informação sobre a Arvrana Grik parece ter um peso
significativo para ela.
ADRIL (Desconfiado) Boatos? Ou algo mais?
ÁRIA (Enigmática) Às vezes, os boatos têm um fundo de verdade. E às vezes, a verdade é mais
complexa do que qualquer boato.
Ária volta a sua Tecelagem de Runas, mas o clima no salão de interrogatório fica mais pesado,
como se a menção da Arvrana Grik tivesse adicionado uma nova camada de complexidade e
urgência à situação.
CORTA PARA:
A cena termina com uma sensação palpável de que as coisas estão prestes a se complicar ainda mais
para Adril. A menção da Arvrana Grik não só adiciona uma nova dimensão ao seu interrogatório,
mas também sugere que há forças maiores em jogo, forças que nem mesmo Ária, A Aprendiz,
parece entender completamente.

Cena 48: ACAMPAMENTO SOB A LUA VERMELHA


INT. ACAMPAMENTO AO AR LIVRE - NOITE
A Arvrana Grik está sentada, contemplando A Palavra com um olhar profundo. Adril está algemado,
observando-a atentamente.
ARVRANA GRIK (Com um sorriso enigmático) As tecelagens de runas estão fervilhando com
notícias de um barvran viajando para o Ninho com algo importante. Mas nunca imaginei que fosse
algo tão... vital.
ADRIL (Com um olhar sério) Eu pretendia entregá-la ao Rakran.
ARVRANA GRIK (Levantando uma sobrancelha) Isso faria de você um traidor aos olhos de
muitos. Mas seria interessante se essa espada chegasse às mãos da Sacerdotisa Grik.
ADRIL (Desconfiado) Por quê?
ARVRANA GRIK (Com um olhar ardente) O Rakran oprime não apenas os Griks, mas todos nós.
Uma revolução está se formando, e a Sacerdotisa Grik será sua líder.
ADRIL (Com um sorriso irônico) Uma revolução? Você realmente acredita nisso?
ARVRANA GRIK (Com convicção) O Rakran Grafize está doente. E onde ele é fraco, o Ar-vra
também é. A Sacerdotisa Grik já tem uma rede de guardas e tecelões leais apenas a ela.
ADRIL (Com um sorriso sarcástico) E você acha que isso vai mudar alguma coisa?
ARVRANA GRIK (Com um olhar penetrante) Foi a Sacerdotisa Grik que vazou a informação sobre
o Rakran estar contaminado com a Morte Vermelha.
ADRIL (Sorrindo) Isso é uma estupidez.
A Arvrana Grik olha para o cesto onde está o gatinho alado e rosna. O gatinho responde com um
rosnado próprio, criando uma atmosfera ainda mais tensa.
ARVRANA GRIK (Com um olhar final) Subestimar a Sacerdotisa Grik seria o seu maior erro.
CORTA PARA:
A cena termina com Adril ponderando as palavras da Arvrana Grik, percebendo que ele pode ter
subestimado a complexidade da situação em que se encontra. A presença da Palavra e a revelação
sobre a Sacerdotisa Grik adicionam novas camadas de intriga e perigo à sua jornada.

Cena 49: SALÃO DE INTERROGATÓRIO


INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA
Ária, A Aprendiz, afasta as mãos da sua tecelagem de runas, visivelmente alarmada. Ela olha ao
redor, como se temesse que alguém mais pudesse ouvir.
ÁRIA (Voz baixa, nervosa) Você falou isso para mais alguém?
ADRIL (Com um olhar sério) Obviamente não. Você acredita nisso?
ÁRIA (Com um olhar cauteloso) É crime até mesmo discutir isso.
ADRIL (Com um olhar intrigado) Então você acha que pode ser verdade?
ÁRIA (Desviando o olhar) Não é uma questão de acreditar ou não. É uma questão de segurança.
Falar sobre isso pode nos colocar em perigo.
ADRIL (Com um olhar penetrante) Então o que vamos fazer agora?
ÁRIA (Com um suspiro) Vamos continuar com o interrogatório. Mas mantenha essa informação
para si mesmo. Pelo bem de todos nós.
CORTA PARA:
A cena termina com Ária voltando para sua tecelagem de runas, mas a tensão permanece palpável.
Ambos estão cientes de que as apostas são altas e que cada palavra dita pode ter consequências
imprevistas. A revelação sobre a Sacerdotisa Grik e o Rakran adiciona uma nova dimensão de
perigo e incerteza à situação.

Cena 50: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
A Arvrana Grik, mais fraca e tossindo, fala com Adril. Ele revela a natureza mágica de Apresto e a
urgência da sua missão.
ARVRANA GRIK (Voz fraca) O Rakran respeita suas próprias leis. Agradeço a Apresto por trazer
um eldra até mim.
ADRIL (Questionador) O que você quer comigo?
ARVRANA GRIK (Meio tossindo) Meu interesse é em Apresto. As pessoas tendem a ignorar
servos, ainda mais escravos. Nossos espiões e tecelões de runas me trouxeram informações sobre
ele.
A Arvrana Grik mostra suas feridas vermelhas, indicando que ele está com a Morte Vermelha.

Cena 50: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
ARVRANA GRIK (Estudando Adril e Apresto) A guerra é oportuna para nós, Griks. A guarda das
três luas está fraca e distraída. É o momento perfeito para nossa rebelião.
ADRIL (Escutando atentamente) E o que isso tem a ver com nós?
ARVRANA GRIK (Voltando-se para Apresto) Você, Apresto, tem uma natureza mágica. Uma
habilidade que pode ser útil para nós.
APRESTO (Desconfortável) Eu não sei do que você está falando.
ARVRANA GRIK (Com um sorriso) Oh, eu sei que você sabe. E sei também da sua pressa. Um
desertor e seu familiar são condenados a serem escravos nas minas de sal após 30 luas da deserção.
O Rakran respeita suas próprias leis, você sabe.
ADRIL (Desconfiado) Então, o que você quer de nós?
ARVRANA GRIK (Para Apresto) Agradeço por trazer um eldra até mim. Isso alimenta a
desconfiança de Adril, o que é útil para mim.
ADRIL (Confuso) O que você está planejando?
ARVRANA GRIK (Com um olhar misterioso) Você verá.

Faltaram algumas informações importantes. Como, por exemplo, a arvrana Grik, deve falar da
guerra e sua providencialidade para a rebelião grik. Outro exemplo é a ausência das informações
sobre Apresto ser um desertor, da punição e da seriedade do Rakran em relação a legalidade de
tudo.
Peço desculpas pela omissão. Vamos tentar novamente, incorporando todas as informações
importantes que você mencionou:

Cena 50: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
ARVRANA GRIK (Estudando Adril e Apresto) A guerra é oportuna para nós, Griks. A guarda das
três luas está fraca e distraída. É o momento perfeito para nossa rebelião.
ADRIL (Escutando atentamente) E o que isso tem a ver conosco?
ARVRANA GRIK (Voltando-se para Apresto) Você, Apresto, tem uma natureza mágica. Uma
habilidade que pode ser útil para nós. E também sei que você é um desertor.
APRESTO (Desconfortável) Eu não sei do que você está falando.
ARVRANA GRIK (Com um sorriso) Oh, eu sei que você sabe. E sei também da sua pressa. Um
desertor como você e seu familiar são condenados a serem escravos nas minas de sal após 30 luas
da deserção. O Rakran respeita suas próprias leis, você sabe.
ADRIL (Desconfiado) Então, o que você quer de nós?
ARVRANA GRIK (Para Apresto) Agradeço por trazer um eldra até mim.
ADRIL (Confuso) O que você está planejando?
ARVRANA GRIK (Com um olhar misterioso) Você verá.
ARVRANA GRIK (Esperançoso) Dizem que não há cura, mas eu acredito que há.
Ele acena para seus capangas.
CORTA PARA:
Os capangas griks trazem Apresto, que é forçado a segurar as mãos da Arvrana Grik. A Arvrana
Grik começa a se curar, enquanto Apresto convalesce.
ARVRANA GRIK (Satisfeito) Dizem que apenas uma fração da doença afeta um Kabsa.
Infelizmente, temos muitos doentes aqui.
Os griks ao redor também seguram as mãos de Apresto e começam a se curar. Apresto desmaia,
aparentemente morto.
ARVRANA GRIK (Para seus capangas) Preparem o corpo para ser queimado.
Cena 51: SALÃO DE INTERROGATÓRIO
INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA
ÁRIA (Preocupada) E ele morreu dessa vez?
ADRIL (Com um olhar sério) Não.

Cena 52: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
Um dos griks examina Apresto e constata que ele ainda está vivo.
ARVRANA GRIK (Impressionado) Amarrem-no. Vamos ver se ele realmente se cura ao amanhecer.

Cena 53: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
Os griks dormem. Um sentinela grik não percebe Apresto se libertando e fugindo com Adril. A
Arvrana Grik, que parecia dormir, abre os olhos e observa a fuga.
ARVRANA GRIK (Com um sorriso misterioso) Interessante.

Cena 52: ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
ADRIL (Desconfiado) O que você quer comigo?
ARVRANA GRIK (Tossindo, claramente fraco) Meu interesse não é em você, mas em Apresto. As
pessoas tendem a ignorar servos e escravos, o que os torna ouvidos úteis.
ADRIL (Confuso) O que isso tem a ver com Apresto?
ARVRANA GRIK (Mostrando feridas vermelhas) Estou com a Morte Vermelha há muitas luas
negras. Nossos espiões e tecelões de runas me informaram sobre uma menina grik curada por um
vankrin viajando na direção do Ninho. Um vankrin kabsa, para ser mais preciso.
ADRIL (Compreendendo) Apresto.
ARVRANA GRIK (Com um sorriso) Exatamente. Os tecelões dizem que não há cura para a Morte
Vermelha, mas eu acredito que há.
(Para os capangas) Tragam Apresto. Certifiquem-se de que ele esteja consciente. Isso não
funcionará se ele estiver inconsciente.

Cena 52 (Continuação): ACAMPAMENTO GRIK


INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE
(Capangas Griks trazem Apresto para o centro do acampamento. Eles o forçam a segurar as mãos da
Arvrana Grik.)
ARVRANA GRIK (Sentindo-se revigorado) Ah, sim. Isso é bom.
(Arvrana Grik começa a se curar, suas manchas vermelhas desaparecem. Apresto, por outro lado,
começa a convalescer, sua energia visivelmente drenada.)
ARVRANA GRIK (Dirigindo-se aos outros Griks) Dizem que apenas uma fração da doença afeta
um Kabsa. Infelizmente, temos muitos doentes aqui.
(Os outros Griks, também com manchas vermelhas, se aproximam e seguram as mãos de Apresto.
Um a um, eles começam a se curar, suas manchas desaparecendo.)
(Apresto cai, aparentemente morto.)
ARVRANA GRIK (Para os capangas) Preparem o corpo para ser queimado.
Cena 53: SALÃO DE INTERROGATÓRIO INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA
(Ária olha para Adril, claramente preocupada.)
ÁRIA E Apresto? Ele morreu dessa vez?
ADRIL (Com um olhar sério) Não, ele não morreu. Mas foi por pouco.

Cena 54. INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE


Um dos griks examina Apresto e constata que ele ainda está vivo. ARVRANA GRIK
(Impressionado) Amarrem-no. Vamos ver se ele realmente se cura ao amanhecer.

CENA 55. INT. ACAMPAMENTO GRIK - NOITE


(Os griks estão espalhados pelo acampamento, dormindo. Um sentinela grik está de pé, olhando
para a distância, mas não percebe Apresto se libertando de suas amarras.)
APRESTO (Com movimentos silenciosos) (Liberta-se e caminha até Adril, libertando-o também.)
ADRIL (Sussurrando) Vamos.
(Os dois pegam A Palavra e começam a se afastar do acampamento, movendo-se silenciosamente
entre as sombras.)
ARVRANA GRIK (Aparentemente dormindo, encostado em uma rocha) (Abre os olhos lentamente
e observa a fuga de Adril e Apresto, um sorriso enigmático cruza seu rosto.)

Essa cena adiciona mais elementos de suspense e tensão, mostrando que a Arvrana Grik pode ter
mais planos para Adril e Apresto do que inicialmente revelado. O que você acha?

Cena 56. INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA


ÁRIA (Pensativa) Não há precedentes da auto-intitulada Arvrana dos Griks permitir sobreviventes
ou fuga. Eu acredito que ela permitiu que vocês escapassem.
ADRIL (Desinteressado) Não faz diferença.
ÁRIA (Insistente) Faz sim. Ela queria que vocês chegassem ao Ninho. Mas o porquê ainda é um
mistério.
Claro, aqui está a cena 56:
INT. CAMINHO NA NEBLINA - DIA
Adril e Apresto caminham por uma trilha envolta em neblina e vento forte. Adril começa a delirar,
seus passos ficam incertos.
APRESTO (Preocupado) Adril, os griks te envenenaram. Você precisa me deixar te ajudar.
ADRIL (Desconfiado e delirante) Não, fique longe de mim!
Apresto hesita, claramente preocupado, mas respeita a decisão de Adril.
INT. CELA DE ADRIL - DIA
Akin olha para Adril com uma expressão séria e determinada.
AKIN Meu pai foi chamado para a guerra contra o Punho de Pedra. Se ele não fosse, nós dois
seríamos condenados à escravidão nas minas de sal do Baixo Arkadam.
ADRIL (Interessado) E o que aconteceu?
AKIN Os tecelões de runas informaram que ele foi marcado como desertor. Por isso estou aqui,
presa. Se meu pai for encontrado dentro de trinta luas vermelhas, ele será enforcado e eu serei
libertada. Se ele não for encontrado, estarei condenada às minas de sal.
ADRIL Você tem medo das minas?
AKIN (Sincera) Sim, tenho. Mas é exatamente isso que eu quero que aconteça. Não quero que meu
pai seja enforcado. As minas são um lugar de dor, um lugar onde eu posso fazer a diferença, ajudar
muita gente.
ADRIL (Confuso) Como assim?
AKIN Eu posso curar pessoas. Se eu pudesse alcançá-lo, talvez pudesse até curar seus olhos.
ADRIL (Chocado) Qual é o nome do seu pai?
AKIN (Suavemente) Apresto.
Cena 58: NA NEBLINA
INT. NEBLINA DENSAMENTE COBERTA - DIA
Adril está visivelmente pior, com orelhas sangrando e olhos vermelhos. Apresto, ignorando as
objeções de Adril, se aproxima e coloca as mãos sobre as orelhas de Adril.
ADRIL (Resistindo) Não toque em mim!
Apresto ignora e aperta a cabeça de Adril. Adril, recuperando um pouco de força, apunhala Apresto
no peito. Apresto começa a sangrar pelas orelhas.
APRESTO (Morrendo) Isso é para você.
Apresto entrega algo para Adril e cai, morto. A Guarda do Ninho chega nesse momento.
GUARDA DO NINHO (Entrando em cena) O que aconteceu aqui?
Os olhos de Adril escurecem totalmente. Um dos guardas discretamente pega A Palavra e a cobre
com sua capa.
Cena 59: SALÃO DE INTERROGATÓRIO
INT. SALÃO DE INTERROGATÓRIO - DIA
ADRIL (Sério) Pela segunda vez, o tolo tentou ajudar um akrav venenoso. Ele sabia que podia se
ferir, mas insistiu. Não entendo como alguém pode ser tão tolo.
ÁRIA (Confusa) Akrav venenoso? O que você quer dizer com isso?
ADRIL É apenas um conto de estrelas.
ÁRIA (Consultando suas anotações) Então você confirma o sumiço de A Palavra?
ADRIL Sim, confirmo.
ÁRIA O relato está pronto. Seu julgamento será na próxima lua vermelha. Você será defendido por
um sacerdote cuja auréola brilhará fortemente, indicando que ele foi escolhido para ser seu
justificador.
(Ária aponta para sua própria auréola, que emana uma fraca luz)
Em alguns casos, nenhuma auréola brilha, e a condenação ocorre sem julgamento. Todos os
sacerdotes têm que estudar o caso.
(Ária aponta para suas páginas escritas)
No seu caso, acredito que será um sacerdote da justificação mais antigo.
Cena 60: CELA DE ADRIL
INT. CELA DE ADRIL - DIA
ADRIL (Com um tom pesado) Akin, eu matei seu pai.
Nesse momento, a porta da cela se abre bruscamente e ÁRIA entra, seguida por GUARDAS.
ÁRIA (Com autoridade) Chegou o momento do seu julgamento, Adril.
AKIN (Em choque, recuando para o canto mais escuro da cela) ...
ADRIL (Vendado, chamando) Akin?
ÁRIA (Nervosa) Não há tempo para isso agora. Vamos.
ÁRIA (Voltando-se para os GUARDAS) Tragam a criança também.
Os GUARDAS avançam para pegar ADRIL, que dá uma última olhada na direção onde Akin
estava, antes de ser levado para fora da cela. Outros GUARDAS se aproximam de Akin, que
permanece no canto escuro, em estado de choque.
Cena 61: SALÃO DO JULGAMENTO INT. SALÃO DO JULGAMENTO - DIA
ADRIL é trazido ao salão, seus olhos ainda vendados. Um GUARDA remove a venda, revelando
suas pupilas brancas, completamente cegas.
GARRA DE RAKRAN (Sub-líder do conclave, com autoridade) Apresento as regras e a acusação
contra o acusado. Quem irá defendê-lo?
Uma balança com dois pesos está à frente do GARRA DE RAKRAN. Ele pega um dos pesos e
aponta o outro para os SACERDOTES DE JUSTIFICAÇÃO, que baixam seus capuzes, revelando
suas auréolas. Nenhuma auréola brilha.
GARRA DE RAKRAN (Com um tom de finalidade) O acusado ficará sem defesa.
Ele pega um peso e o coloca do seu lado da balança. De repente, uma luz brilha atrás dele. A
auréola da SACERDOTISA GRIK brilha intensamente. Ela sorri.
GARRA DE RAKRAN (Surpreso) A Sacerdotisa Grik foi escolhida.
ADRIL (Com desdém) Não desejo ser defendido por uma grik.
SACERDOTISA GRIK (Com energia e segurança) Não é você quem escolhe. Seu querer está
revogado.
Ela usa psicocinese para mover um peso e equilibrar a balança. A APRENDIZ entrega o relatório a
ela.
SACERDOTISA GRIK (Defendendo brilhantemente) Apresento provas de envenenamento e
delírio...
A acusação parece acuada, mas finalmente pergunta como Adril se classifica. AKIN é trazida ao
tribunal.
ADRIL (Com veemência) Eu me declaro culpado.
AKIN (Chorando, mas se controlando) ...
A balança pende para o lado da acusação.
SACERDOTISA GRIK (Aceitando) A decisão está com a acusação.
GARRA DE RAKRAN (Com autoridade) Diante do assassinato do desertor Apresto e dos fatos
apresentados, o acusado é declarado culpado. No entanto, não haverá sentença, pois ele estava fora
do alcance das Leis de Rakran e agiu em legítima defesa.
Cena 62: SALÃO DO JULGAMENTO
INT. SALÃO DO JULGAMENTO - DIA
DEFESA (SACERDOTISA GRIK) (Aceitando) Aceitamos a definição da acusação.
A balança do Justo pende para o lado de ADRIL.
DEFESA (SACERDOTISA GRIK) (Questionando) E quanto a Akin?
ACUSAÇÃO Ela agora pertence ao Arvra e será enviada para as minas de sal, já que seu pai era um
desertor e não foi punido.
DEFESA (SACERDOTISA GRIK) Adril, mesmo em legítima defesa, é agora o tutor oficial de
Akin.
ACUSAÇÃO Isso não muda nada. Ela é propriedade do Arvra do Rakran.
DEFESA (SACERDOTISA GRIK) Um eldra tem o direito de pagar a taxa de comutação por seus
filhos.
ACUSAÇÃO Akin não é filha de Adril.
DEFESA (SACERDOTISA GRIK) Não são deveres, são direitos. Adril tem o direito de pagar a
comutação.
ACUSAÇÃO A palavra é do acusado, Adril.
ADRIL (Sério) Sim, pagarei a taxa de comutação.
ACUSAÇÃO São 50 luas negras.
ADRIL (Com arrogância) Não me interessa o custo. Você deve me chamar de barvran.
A ACUSAÇÃO curva a cabeça e se cala.
ADRIL A balança já se moveu em meu favor?
Com a confirmação, ADRIL ordena que o libertem. A SACERDOTISA GRIK coloca um pó em
uma bebida e a entrega para AKIN. Ela hesita, mas depois de um olhar com a SACERDOTISA
GRIK, ela bebe.
MEMBRO DA GUARDA DO NINHO (Com urgência) O Conclave o espera, Adril.
ADRIL (Com firmeza) Não quero falar com o Conclave, quero falar com o Rakran.
MEMBRO DA GUARDA DO NINHO (Assustado) O Rakran estará presente. Precisamos ir
imediatamente.
Cena 63: CRIPTA DO CONCLAVE
INT. CRIPTA DO CONCLAVE - DIA
ADRIL (Desafiador) Estou aqui para falar com o Rakran, não com vocês.
CONCLAVE (Nervoso) O Rakran falará quando achar necessário.
RAKRAN (Voz fraca, do escuro) Não sou o primeiro Rakran. As leis não foram feitas por mim, mas
para legitimar o poder do Rakran.
LÍDER DO CONCLAVE (Interrompendo) Poupe sua energia, Rakran.
RAKRAN (Continuando) Elas servem para proteger os bens e o poder de um eldra como você,
Adril.
SUB-LÍDER DO CONCLAVE O Ninho pode pagar duas mil luas negras por Akin.
ADRIL (Desprezando) Não preciso de argolas. O Ninho e o Rakran falharam em proteger meu
barvra.
RAKRAN Você é o barvran do barvra destruído pelo Terceiro Gigante?
LÍDER DO CONCLAVE (Confirmando) Sim, ele é.
RAKRAN O que você deseja, Adril?
ADRIL (Sério) Quero que o Rakran e o exército do Ninho se juntem a nós contra o Terceiro
Gigante.
LÍDER DO CONCLAVE (Chocado) Isso é impossível!
RAKRAN O Terceiro Gigante é um eixo de equilíbrio deste planeta. O Kataklusmos se aproxima.
ADRIL (Confuso) O que isso significa?
LÍDER DO CONCLAVE Vamos reconstruir seu barvra longe do novo trajeto do Terceiro Gigante.
Em troca, você entregará a tutoria de Akin ao Conclave.
ADRIL (Pensativo) Por que querem tanto a criança?
SUB-LÍDER DO CONCLAVE Isso não lhe diz respeito.
RAKRAN Oferecemos 100 mil luas negras, a reconstrução do seu barvra, e a liberdade para você
organizar seus próprios exércitos.
ADRIL (Aceitando) Aceito.
CUT TO:
Um membro do Conclave conduz Adril até uma tecelagem de runas. Adril move as peças, outro
membro as transcreve.
LÍDER DO CONCLAVE Está feito. Você pode se retirar.
ADRIL ouve o líder mandar trazer Akin.
LÍDER DO CONCLAVE (Ordenando) Acordem a criança! Ela tem que estar consciente!
SOLDADOS Estamos tentando.
LÍDER DO CONCLAVE (Nervoso) Não tentem, façam!
ADRIL (Resoluto) Não permitirei que me toquem.
Adril sai sozinho, mesmo cego, desafiando todos no recinto.
Cena 64: CORREDOR DO CONCLAVE
INT. CORREDOR DO CONCLAVE - DIA
Adril é escoltado por GUARDAS DO CONCLAVE e quase esbarra na SACERDOTISA GRIK, que
está acompanhada de sua GUARDA PESSOAL.
ADRIL (Desconfiado) O que está acontecendo aqui?
SACERDOTISA GRIK (Gesto com a mão) Guardas do Conclave, afastem-se.
Os GUARDAS DO CONCLAVE obedecem, mas permanecem próximos, observando à distância e
claramente alarmados.
SACERDOTISA GRIK (Séria) Sou a Sacerdotisa Grik. Como você se sente?
ADRIL (Defensivo) Não estou mais em julgamento.
SACERDOTISA GRIK E como se sente ao vender sua própria filha?
ADRIL (Resoluto) Ela não é minha filha!
SACERDOTISA GRIK Mas ela é!
ADRIL (Exasperado) Isso não importa! O que importa é a segurança do meu barvra.
SACERDOTISA GRIK (Insistente) E sua filha?
ADRIL (Pausa) Eu não sei.
SACERDOTISA GRIK Estenda a mão.
ADRIL Por quê?
SACERDOTISA GRIK usa psicocinese para mover a mão de Adril em sua direção. Ele resiste, mas
é inútil. Ela toca o cabo da PALAVRA na mão dele.
A PALAVRA (Observando) Olá, Adril. Hoje fazem três luas vermelhas desde sua chegada ao
Ninho. Cuidado.
ADRIL Cuidado com o quê?
SACERDOTISA GRIK (Sorrindo) Eu sabia! A espada fala com ele.
Guardas da GUARDA PESSOAL seguram Adril, que não consegue resistir.
SACERDOTISA GRIK (Pedindo perdão) Peço perdão por isso.
Ela atravessa A PALAVRA no coração de Adril. Ele cai morto.
SACERDOTISA GRIK (Respirando fundo) Limpa a lâmina e entrega A PALAVRA para a Aprendiz
que se aproxima.
SACERDOTISA GRIK (Para os GUARDAS DO CONCLAVE, que estão alarmados) Joguem o
corpo dele no fosso. Eu falarei a respeito disso com o Conclave do Rakran.
Ela sai com sua GUARDA PESSOAL. Adril é arrastado, deixando um rastro de sangue no chão.
Cena 65: FOSO DE LIXO ORG NICO
INT. FOSO DE LIXO ORG NICO - NOITE
O corpo de Adril é lançado no fosso, rodeado por lixo orgânico. Ratos caminham sobre ele. Ele
acorda subitamente, respirando com dificuldade.
ADRIL (Chorando) Eu... eu estou vivo?
Ele percebe que sua visão voltou e enxuga as lágrimas.
ADRIL (Se recompondo) Minha visão... voltou.
Ele se levanta, ainda atordoado. A APRENDIZ surge das sombras, segurando A PALAVRA,
protegida por um manto, e um cesto de palha.
APRENDIZ (Entregando A PALAVRA) Isso pertence a você.
ADRIL (Esboçando um sorriso) Obrigado.
A APRENDIZ entrega o cesto de palha onde está o GATINHO ALADO.
GATINHO ALADO (Miando) Miau!
APRENDIZ (Jovial) Eu já dei comida para ela, mas ela nunca fica satisfeita.
ADRIL Ela?
APRENDIZ Sim, é uma gatinha. Você não sabia?
ADRIL Vou ter que mudar o nome então. "Destruidora" vai ter que servir.
ADRIL (Pensativo) Preciso buscar Akin. Você pode ficar um pouco mais com a Destruidora?
APRENDIZ (Entregando a outra espada e a besta) Claro, mas você não pode usar A Palavra contra
os guardas.
ADRIL (Grato) Obrigado.
APRENDIZ Você quer ajuda?
ADRIL Você sabe lutar?
APRENDIZ (Sorrindo constrangida) Não, mas posso ficar em oração por você.
ADRIL (Carregando a besta com flechas) Isso serve.
Adril se afasta, armado e determinado, enquanto a Aprendiz observa, segurando o cesto com a
Destruidora.
Cena 66: CORREDOR DO RAKRAN
INT. CORREDOR DO RAKRAN - NOITE
O corredor é longo e imponente, com tochas ardentes iluminando as paredes de pedra. Vinte
GUARDAS armados com lanças e escudos estão posicionados em uma formação rigorosa,
protegendo a entrada para a sala do Rakran.
ADRIL (Entrando no corredor, besta em mãos) Vou buscar o que é meu.
Os GUARDAS percebem sua presença e imediatamente assumem uma postura defensiva.
GUARDA 1 (Levantando a lança) Alto! Você não pode passar!
Sem hesitar, Adril dispara uma flecha da besta, acertando o Guarda 1 diretamente no peito. O
guarda cai, incapacitado.
ADRIL (Recarregando a besta) Eu avisei.
Os outros guardas avançam, lanças apontadas. Adril larga a besta e saca sua espada. Ele se move
com uma velocidade sobre-humana, desviando das lanças e cortando através dos escudos e
armaduras como se fossem feitos de papel.
Ele gira, sua espada um borrão, e três guardas caem, incapacitados. Ele salta no ar, chutando o rosto
de outro guarda enquanto corta a lança de outro ao meio.
GUARDA 2 (Atordoado) O que é ele?
ADRIL (Sorrindo) Sou o que vocês me forçaram a ser.
Ele avança, sua espada dançando em um balé mortal. Cada movimento é preciso, cada golpe letal.
Em segundos, mais cinco guardas estão no chão.
O GUARDA 3, o mais forte entre eles, avança com um grito de guerra, brandindo uma lança longa
e afiada. Adril desvia da lança e, com um movimento fluido, corta a arma e a mão do guarda em um
único golpe.
GUARDA 3 (Gritando) Aaargh!
ADRIL (Parando por um momento) Última chance. Saiam do meu caminho.
Os guardas restantes hesitam, olhando uns para os outros. Adril não espera. Ele avança, sua espada
cantando uma canção de fúria e vingança.
Em um último confronto épico, ele derrota os guardas restantes, deixando o corredor cheio de
corpos caídos e armas quebradas.
ADRIL (Respirando pesadamente, olhando para a porta do Rakran) Agora, vamos acertar as contas.
Ele guarda a espada e avança, entrando na sala do Rakran, determinado e imparável.
Cena 67: CRIPTA DO RAKRAN
INT. CRIPTA DO RAKRAN - NOITE
O ambiente é sombrio, iluminado apenas por chamas etéreas que dançam nas paredes. Membros do
CONCLAVE seguram as mãos de AKIN sobre a pele escamosa do RAKRAN. Akin chora, sua pele
mostrando sinais da Morte Vermelha e tornando-se escamosa como a do Rakran.
ADRIL (Entrando na cripta, espada em mãos) Soltem ela. Agora.
Sem hesitar, Adril avança, sua espada cortando o ar e derrubando membros do Conclave que tentam
impedi-lo.
RAKRAN (Agradecendo a Akin) Minhas chamas... elas voltaram.
O Rakran cospe um jato de fogo em direção a Adril. Akin, caída, lamenta, pensando que Adril será
consumido.
Mas quando as chamas se dispersam, Adril está intacto, empunhando A VERDADE à sua frente.
A VERDADE (Animada) Ah, finalmente! Sou uma espada afiada, destinada a ferir nações!
RAKRAN (Assustado, recuando) O que...?
O Rakran respira fundo e cospe outro jato de fogo em Adril. Desta vez, Adril empunha A
PALAVRA à sua frente.
A PALAVRA (Com firmeza) Quando você andar através do fogo, você não se queimará; as chamas
não o queimarão.
Adril permanece ileso. Com um salto ágil, ele avança contra o Rakran e corta sua pele escamosa. O
Rakran grita e voa para fora da cripta.
ADRIL (Pegando Akin nos braços) Vamos sair daqui.
Akin está desmaiada, mas segura nos braços de Adril. Eles saem da cripta. Os guardas, agora, não
tentam lutar contra Adril; em vez disso, recuam com medo.
ADRIL (Caminhando pelo corredor, Akin nos braços) Ninguém mais vai nos parar.
Cena 68: CORREDOR DO NINHO
INT. CORREDOR DO NINHO - NOITE
ADRIL caminha apressadamente pelo corredor, AKIN ainda desmaiada em seus braços. De repente,
A APRENDIZ surge de uma passagem lateral.
A APRENDIZ (Indicando uma porta escondida) Por aqui. São túneis subterrâneos. Você deve ser
rápido; o Conclave está atônito, mas em breve mobilizará todas as forças do Ninho contra você.
ADRIL (Com uma reverência) Obrigado. Sua ajuda foi inestimável.
A Aprendiz acena, e Adril entra nos túneis, desaparecendo na escuridão. A Aprendiz olha para a
direção de onde ele partiu, preocupada, mas esperançosa.

Adril sabe que uma jornada perigosa o aguarda, mas armado com A Verdade e A Palavra, e com
Akin a salvo em seus braços, ele se sente preparado para enfrentar qualquer coisa. O futuro é
incerto, mas pela primeira vez em muito tempo, ele sente que tem algo pelo qual vale a pena lutar.

Cena 69: TÚNEIS SUBTERR NEOS


INT. TÚNEIS SUBTERR NEOS - NOITE
ADRIL caminha cautelosamente pelos túneis escuros, AKIN ainda desmaiada em seus braços. Ele
se move com propósito, evitando armadilhas e perigos ocultos.

Cena 70: FLORESTA AO REDOR DO NINHO


EXT. FLORESTA AO REDOR DO NINHO - ENTARDECER
ADRIL emerge dos túneis, entrando na floresta. AKIN começa a despertar, olhando ao redor
confusa.
AKIN (Desorientada) Para onde estamos indo?
ADRIL (Determinado) Vamos escalar o Terceiro Gigante.
AKIN (Com hesitação e desconfiança) Com você? Você matou meu pai.
ADRIL (Com pesar) Eu sei. E vou carregar isso comigo para sempre. Mas agora, precisamos
sobreviver e descobrir como enfrentar o que vem pela frente.
AKIN olha para ADRIL, seu rosto uma mistura de emoções conflitantes: raiva, tristeza, e uma ponta
de curiosidade relutante.
AKIN (Com cautela) Eu vou com você. Mas não pense que isso te absolve de qualquer coisa.
ADRIL acena, reconhecendo a tensão entre eles, mas também a necessidade de seguir em frente.
FIM

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