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Patologia das Construções:

Agentes físicos, químicos e biológicos que


interferem na integridade e estabilidade dos
elementos construtivos em Madeira

Biólogo Sérgio Brazolin


Madeira

• Alto índice de resistência


específica;
• Isolamento térmico e
acústico;
• Beleza e aconchego;
• Muito fácil de ser trabalhada;
• Baixo consumo de energia no
seu processamento;
• Absorção e fixação de Co2;
• RENOVÁVEL
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
• Gimnospermas (resinosas, não • Angiospermas (porosas ou
porosas ou “softwoods”) “hardwoods”)
– pinho-do- paraná, pinho-bravo... – cerejeira, ipê, mogno...
MADEIRA
CASCA
ALBURNO

MEDULA

CERNE

• Substâncias de fácil assimilação:


– açucares, subs. de reserva, lipídeos...
• Parede celular:
– celulose; hemiceluloses; lignina
Degradação da madeira

• Fogo
• Produtos químicos
• “Weathering”
• Biodeterioração
– Agentes biológicos

Ambiente interno e externo


Fogo
• Madeira x outros materiais
– Risco de ruína de edificação
(favorável a madeira)
• Inflamabilidade e resistência ao
fogo
– Composição química
– Proporção/espessura da peça
• Processo
– Pirólise
• produtos voláteis e combustíveis
– Ignição
• Calor (temperatura de ignição)
– Combustão
• formação de chama (oxigênio)
• Tratamento
Produtos químicos

• Reações hidrolíticas
– Álcalis e ácidos
• Reações oxidativas
– Peróxidos
(branqueamento)
• Manchamento
– Extrativos
“Weathering”
• Intempéries
• Fatores
– Umidade
– Energético (luz)
– Outros
• Calor
• SO2 (amolecimento
lignina)
• Abrasão
• Tratamento
– Tintas, vernizes,
repelentes de água,
“stain”
BIODETERIORAÇÃO
Fungos, Cupins, Brocas-de-Madeira, Perfuradores Marinhos
FATORES ENVOLVIDOS NA BIODETERIORAÇÃO

• TEMPERATURA
• OXIGÊNIO
• ÁGUA
• DURABILIDADE NATURAL
• Outros (luz, pH...)

Batente de janela
apodrecido
DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
• Característica intrínsica do cerne
• Alburno: susceptível à biodeterioração
– Aspectos nutricionais
– Anatomia da madeira
– Materiais inorgânicos
– Extrativos
DURABILIDADE NATURAL DA MADEIRA
BIODETERIORAÇÃO

Organismos xilófagos
FUNGOS XILÓFAGOS
FUNGOS XILÓFAGOS
Classificação por atividade enzimática - Käärik, 1975)

• Fungos emboloradores e manchadores

• Fungos apodrecedores
– podridão mole
– podridão branca
– podridão parda
FUNGOS EMBOLORADORES E MANCHADORES

• Não degradam a parede celular


• Depreciação estética
• Higiene & Segurança (embalagens)

Ilustração: LÉLIS, A. T. et al., 2001


FUNGOS APODRECEDORES
Podridão branca

Ilustração: LÉLIS, A. T. et al., 2001

Podridão parda

Ilustração: LÉLIS, A. T. et al., 2001

Podridão mole

Ilustração: LÉLIS, A. T. et al., 2001


FUNGOS APODRECEDORES

Ilustração: IPT/2007
BROCAS DE MADEIRA

• Ordem Coleoptera
• Milhares de espécies
• Ocorrência: todas etapas de processamento da madeira -
hábito x umidade da madeira
• Ciclo de vida:
BROCAS DE MADEIRA CERAMBICÍDEOS

TEOR ÁRVORE VIVA


PLATIPODÍDEOS
DE
UMIDADE MADEIRA
ESCOLITÍDEOS
RECÉM-
ABATIDA

MADEIRA EM
PROCESSO DE
SECAGEM
ANOBÍDEOS BOSTRIQUÍDEOS
MADEIRA SECA

LICTÍDEOS
BROCAS DE MADEIRA
1 mm

Ilustração: IPT/2007

Lyctus sp. Ilustração: IPT/2007


CUPINS
• Insetos sociais
• Castas
– operários
– soldados
– reprodutores
• primários
• secundários
• Revoada
• Alimentação
CUPIM DE MADEIRA SECA

Ilustração: IPT/2007

Ilustração: IPT/2007 Ilustração: IPT/2007


CUPIM SUBTERRÂNEO

Ilustração: IPT/2007
Ilustração: IPT/2007

Ilustração: IPT/2007

Ilustração: IPT/2007
CUPIM ARBORÍCOLA
Ilustração: IPT/2007

Ilustração: IPT/2007
Ilustração: LÉLIS A. T. et al, 2001
PERFURADORES MARINHOS
1 cm
1 cm

1 cm

15 cm
PALÁCIO DOS CAMPOS ELÍSEOS
MUSEU DE ARTE SACRA DA BAHIA (2002)
GINÁSIO DO PACAEMBU - SP
PRESERVAÇÃO DE MADEIRAS

PRODUTOS PRESERVATIVOS E MÉTODOS DE


TRATAMENTO

Ministério do Meio Ambiente - IBAMA


PRESERVAÇÃO DE MADEIRAS
Área do conhecimento que estuda/aplica métodos químicos,
biológicos e físicos para aumentar a durabilidade da madeira
frente aos agentes deterioradores
TRATAMENTOS PREVENTIVOS E CURATIVOS TRADICIONAIS

• Processo com pressão


– Equipamentos industriais (autoclaves)
• Processo sem pressão
– Pincelamento
– Pulverização
– Imersão
• Adição na cola (Painéis de madeira)
• Fumigação
• Barreira química
PROCESSO COM PRESSÃO
Usinas de Preservação de Madeiras - UPM (Autoclave)

• CCA (arseniato de cobre


cromatado)
• CCB (cobre, cromo e
boro)
• Óleo creosoto
• CA-B (Tebuconazole e
cobre)
Folhosa Conífera
Madeira roliça de eucalipto
CONSTRUÇÃO CIVIL

Estrutura de viga laminada de


pinus
PROTÓTIPO IPT (> 22 ANOS)

Pinus e eucalipto
tratados com CCA
(pressão)
Manutenção mínima
PROTÓTIPO IPT (> 22 ANOS)
CASA COR 2008
CASA COR 2008
PROCESSO SEM PRESSÃO - MADEIRA SECA
Tratamento superficial (difusão/capilaridade)

Ilustração: LÉLIS, A. T., et al., 2001

Ilustração: IPT/2007 Ilustração: LÉLIS, A. T., et al., 2001


ADIÇÃO NA COLA - INSETICIDA
Painéis compensados e reconstituídos

MDF com ataque de cupins subterrâneos

Painel compensado com ataque de cupim de


madeira seca
Barreira química
Cupim subterrâneo
FUMIGAÇÃO COM GASES TÓXICOS
PRÉDIOS
HISTÓRICOS
ABORDAGEM INTEGRADA
CONTROLE DE ORGANISMOS XILÓFAGOS
Abordagem integrada

inspeções periódicas
MONITORAMENTO manutenção preventiva
monit. do microambiente

TRATAMENTO redução uso de biocidas


biocidas de menor toxidez

DIAGNÓSTICO métodos não destrutivos


ABORDAGEM INTEGRADA

PROJETO NÍVEL MICRO


madeira organismos xilófago
detalhes construtivos microambiente
importância do componente

RISCO
DE
BIODETERIORAÇÃO
NÍVEL MACRO
aspectos
NÍVEL MESO geográficos
local (região e clima)
poluição
DIAGNÓSTICO
MÉTODOS NÃO-DESTRUTIVOS
• “DOG DETECTION” (CUPINS)
• DETECÇÃO ACÚSTICA (CUPINS)
IMAGENS EM INFRA ULTRASOM
VERMELHO
SONDAGEM
MECÂNICA:
PENETRÔMETRO
BOROSCOPIA RAIOS X
TRATAMENTO
REDUÇÃO DO USO DE BIOCIDAS
BIOCIDAS MENOS TÓXICOS
CUPINS DE MADEIRA SECA E BROCAS

• Tratamento térmico calor/frio


• Microondas
• Corrente elétrica
• Congelamento

Métodos utilizados comercialmente em alguns países

Carecem dados científicos que comprovem eficiência


GASES INERTES
Cupins de madeira seca e brocas
• Modo de ação: anoxia -
dessecamento
• Processo: temperatura e
umidade
• Gases: nitrogênio, argônio,
hélio
• Problemas operacionais e
práticos
– umidificação x materiais
higroscópicos
FUMIGAÇÃO COM DIÓXIDO DE CARBONO

• Muito utilizado em grandes


peças/acervos e prédios
– condições de anoxia menos
controladas
– preço menor
• Modo de ação: dessecamento
• Problemas
– formação de ácido carbônico
(umidade)
– problemas de segurança
• gás não tóxico mas causa
problemas respiratórios
CUPINS-SUBTERRÂNEOS

MUDANÇA DE ESCALA: GRANDES ÁREAS

• ELIMINAÇÃO DE COLÔNIAS

– ISCAS

– NOVOS INSETICIDAS - TRAT DE SOLO E MADEIRA

– CONTROLE BIOLÓGICO

• BARREIRA FÍSICA
ISCAS
Princípio de controle: eliminação de colônias

INSPEÇÃO INSTALAÇÃO MONITORAMENTO


NOVOS PRODUTOS - TRATAMENTO DE SOLO
Cupins subterrâneos

• Princípio: eliminação de colônias


• Produtos de ação lenta e não-repelente
• Menor toxidade
• Necessidade de formar “barreira”
• Produtos:
– fipronil
– “imidacloprid”
– “chlorfernapyr”
CONTROLE BIOLÓGICO
Cupins de solo

• Iscas ou aplicação direta nos ninhos


• Organismos utilizados
– fungos (Methahizum anisopliae e Beauveria basseana) - Austrália/Brasil
• Princípio:
contato ou ingestão
transporte
disseminação pela colônia
• Experiência:
– Austrália - produto já comercializado
– Brasil: pesquisas IPT / ESALQ-USP
• isolamento; teste de patogenicidade e repelência
BARREIRAS FÍSICAS
• Isolar a edificação para
impedir o acesso dos cupins
subterrâneos à edificação
• Tipos
– Mantas plásticas com
inseticida incorporado
• piretróides; organofosforados
– Rocha basáltica moída
– Folha de metal
– Trama metálica
PROJETO CONSTRUTIVO

• Detalhes construtivos que:


– dificultem instalação de fungos e insetos
– facilitem inspeções periódicas
PROJETO CONSTRUTIVO E REFORMAS

• Seleção de materiais resistentes:


– madeira com durabilidade natural adequada ao uso
– madeira tratada
– compósitos
• Barreiras físicas
• Tratamento de solo/Iscas/Monitoramento
contínuo
• Limpeza da obra / reforma
CONCLUSÃO

• Novas tendências de controle são adequadas para


prédios históricos
– intervenções minimizadas
– pequena ou sem contaminação do meio ambiente
• Necessidade de pesquisas - condições brasileiras
– técnicas construtivas
– condições macro e microclimáticas
– variedade de espécies de organismos xilófagos
Preservação de madeiras:
Sistema de categorias de uso

REVISÃO DA NBR 7190 – ANEXO D


ESCOPO

– Ferramenta simplificada para


a tomada de decisão
(produtor e usuário)
– Uso racional e inteligente da
madeira na construção civil
– Garantia de maior
durabilidade das construções

Foto: Preservar Ltda./2007


CONCEITO

• Presença do(s) organismo(s) xilófago(s)


• Durabilidade natural da madeira
• Tratabilidade da madeira
• Condição de uso

American Wood Preserver´s Association - AWPA (2002)


Normas Européias - EN
Normas Australianas e Neo-Zelandesas - AS/NZS
Eurocode 5 - Design of timber estructures
CATEGORIAS DE USO
CATEGORIA
CONDIÇÃO DE USO DA MADEIRA ORGANISMO XILÓFAGO
DE USO
Interior de construções, fora de contato com o solo, fundações ou
alvenaria, protegida das intempéries, das fontes internas de Cupim-de-madeira-seca
1 umidade e locais livres do acesso de cupins-subterrâneos ou Broca-de-madeira
arborícolas.
Cupim-de-madeira-seca
Interior de construções, em contato com a alvenaria, sem
Broca-de-madeira
2 contato com o solo ou fundações, protegida das intempéries e das
fontes internas de umidade.
Cupim-subterrâneo
Cupim-arborícola

Cupim-de-madeira-seca
Broca-de-madeira
Interior de construções, fora de contato com o solo e protegidos
Cupim-subterrâneo
3 das intempéries, que podem, ocasionalmente, ser exposta a
fontes de umidade.
Cupim-arborícola
Fungo embolorador/manchador
Fungo apodrecedor

Cupim-de-madeira-seca
Broca-de-madeira
Uso exterior, fora de contato com o solo e sujeitos as Cupim-subterrâneo
4 intempéries. Cupim-arborícola
Fungo embolorador/manchador
Fungo apodrecedor
Cupim-de-madeira-seca
Broca-de-madeira
Contato com o solo, água doce e outras situações favoráveis à Cupim-subterrâneo
5 deterioração, como engaste em concreto e alvenaria. Cupim-arborícola
Fungo embolorador/manchador
Fungo apodrecedor
Perfurador marinho
6 Exposição à água salgada ou salobra. Fungo embolorador/manchador
Fungo apodrecedor
APLICAÇÕES
• Madeira serrada
– Estruturas de telhado, pontes, assoalhos, “decks”,
fundações, paredes, colunas, cercas/estacas para
agricultura, dormentes...
• Madeira roliça ou parcialmente roliça
– Postes, moirões de cerca, fundações permanentes,
equipamentos de playground, tesouras....
• Madeira laminada
– Vigas, pontes...
• Painéis (madeira compensada, aglomerado,
MDF/HDF, OSB)
– Embalagens, assoalho, viga-caixão...
SEQUÊNCIA DE DECISÃO

Atenção:
PROJETO
(conceito)

Produtos preservativos e
Definição da aplicação da
sim Durabilidade
natural é
adequada?
não

Métodos de Tratamento
madeira
Madeira
Tratamento sim suficientemente não
preservativo impregnável ?
desnecessário (Tratabilidade)

registrados no
Definição categoria de uso

Escolha do processo de
Escolha da espécie de

IBAMA/ANVISA
madeira
tratamento e do produto
preservativo
EXEMPLO: MADEIRA ROLIÇA
APLICAÇÃO CATEGORIA DE USO PROVÁVEL
Coluna 2, 3, 4 e 5
Cruzeta 4
Defensa 5e6
Dormente 5
Estrutura de telhado 2, 3 e 4
Fundação 5e6
5
Moirões/Lasca
(NBR 9480/2009)
Playground 4e5
Ponte/passarela 4, 5 e 6
5
Poste (energia e telefonia)
(NBR 8456/1984)
CATEGORIA DE USO 4
PROCESSO PRESERVATIVO RETENÇÃO
APLICAÇÃO DE MÍNIMA PENETRAÇÃO
TRATAMENTO Inseticida Fungicida kg/m3 (i.a.)
Não
Duplo vácuo Cipermetrina IPBC (d)
Madeira disponível (c)
serrada, 1,7 ou
roliça e CA-B 100 % do
3,3 (f) alburno e
laminada Sob pressão
(seca), painel 4,0 ou porção
(e) CCA – C ou CCB
compensado 6,5 (f) permeável do
Óleo creosoto (g) 96 cerne

Não
Duplo vácuo Cipermetrina IPBC (d)
disponível (c)
Painel 1,7 ou
CA-B 100 % do
compensado Sob pressão 3,3 (f)
painel
(e) 4,0 ou
CCA – C ou CCB (lâminas)
6,5 (f)
CATEGORIA DE USO 5

PROCESSO PRESERVATIVO RETENÇÃO


APLICAÇÃO DE (inseticida e MÍNIMA PENETRAÇÃO
TRATAMENTO fungicida) kg/m3 (i.a.)
Madeira Octaborato e Não disponível 100 % do alburno e
Difusão (j)
roliça fluoreto de sódio (c) parte do cerne
3,3 ou
CA-B 5,0 (f)
Madeira 6,6 (l)
serrada,
6,5 ou 100 % do alburno e
roliça, Sob pressão CCA - C ou
9,6 (f) porção permeável
laminada e (e) CCB (k)
12,8 (l) do cerne
painel
compensado 96 ou
Óleo creosoto (g) 130 (f)
192 (l)
CATEGORIA DE USO 6

PROCESSO RETENÇÃO
APLICAÇÃO DE PRESERVATIVO MÍNIMA PENETRAÇÃO
TRATAMENTO kg/m3 (i.a.)

Madeira Sob pressão CCA – C 40,0


(e) 100 % do
serrada, Óleo creosoto 400,0
alburno e
roliça, Sob pressão CCA - C e 24 porção
laminada e duplo permeável do
painel tratamento Óleo creosoto 320 cerne
compensado (e) (m)
Sérgio Brazolin – IPT

brazolin@ipt.br

0 xx 11 3767-4533

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