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LABORATÓRIO DE QUÍMICA

Mário Pereira
07/08/2019
1. Objectivos Gerais

- Conhecer e aplicar as regras de Higiene e Segurança no Trabalho Laboratorial;

- Adquirir capacidades e habilidades de lidar com produtos químicos;

- Aprender e dominar os métodos de trabalho laboratorial em Química e usá-los a medida do

possível;

- Adquirir capacidades e habilidades de montar aparelhagem para realização de experiências

simples;
- Desenvolver capacidades e habilidades de manuseamento de materiais e aparelhagens

laboratoriais;

- Desenvolver capacidades de observação, análise e interpretação de diferentes fenómenos

químicos;

- Realizar experiências a partir materiais convencionais e localmente disponíveis;

- Determinar as propriedades das substâncias;


- Separar misturas por processos físicos;

- Realizar experiências e apresentar os resultados;

- Compreender a inter-relação entre os fenómenos químicos, a natureza e os seres vivos;

- Interpretar tabelas, diagramas e gráficos de processos químicos;

- Aplicar os conhecimentos técnicos e práticos no trabalho em grupos, em pequenos projectos.


Bibliografia
1. AMÁLIA, Cândido e SILVA, Maria. Trabalhos práticos de Química. 2o ano Complementar. Volume
II; Porto, Porto editora, 1975.
2. BARROS, J. A. P. Química Geral - Guia de trabalhos laboratoriais. Universidade Pedagógica.
Maputo, 2003.
3. DELIZOICOV, D. & ANGOTTI, A. J. Metodologia de ensino de ciências. São Paulo: Cortez.2000
4. HESLOP, R.B. & JONES, K. Química Inorgânica moderna; Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa,
1987.
5. MACEDO, Ricardo. Manual de Higiene de Trabalho na Indústria. Fundação Coloust Guldbenkian.
Lisboa, 1989.
6. MAHAN, B. H. Química um Curso Universitário, 2a Edição, revisada; Editora Edgard Blücher, São
Paulo, Brasil, 1984
7. PURCELL, K. & KOTZ, F. J. C. Inorganic Chemistry, Holt-Sannders International Ed., 1987.
8. SIMÕES, José et all. Guia do Laboratório de Química e Bioquímica. Lisboa, 2000.
9. VOGEL A. I., Química Analítica Qualitativa, 5ª ed., São Paulo, Mestre Jou, 1981.
Composição e Características dos Materiais / Instrumentos de Laboratório de Química
 

• O Laboratório de Química é um lugar especialmente planeado para que seus usuários executem

um trabalho eficiente, contendo: bancada ampla e resistente ao ataque de substâncias químicas,

boa iluminação, fontes acessíveis de água, gás, electricidade, área especial para manipulação de

gases tóxicos, etc.

• Além de toda essa estrutura citada, deve-se relevar também, a importância dos recipientes e

equipamentos.
• São vários os materiais e equipamentos que fazem parte de um laboratório de Química,

produzidos de diferentes materiais e cada um deles apresenta funções especificas e modo de

manuseamento.

• Estes materiais / equipamentos requerem alguns cuidados ao serem manuseados durante os

trabalhos experimentais, durante a lavagem e devem ser guardados em lugares seguros e

próprios de modo a preservá-los.


Materiais de vidro

Existem muitos materiais de vidro usados em laboratórios de Química e estes apresentam na sua

constituição dum modo geral os seguintes componentes (percentagem):

SiO2 Al2O3 Na2O K2O B2O3 MgO CaO

Alcalinos: 71 1 17 - - 4 5

Boros silicatos: 81 2 4 0,5 13 - -


Vidro alcalino (Corning 0080)

- Lâminas descartáveis de microscópio

- Frascos de reagente de baixo custo

- Material barato

- Pouca resistência térmica

- Facilmente atacado por ácidos e bases

- Com o tempo perde transparência original.


Vidro borossilicato (Corning 7740 - Pyrex)

- Mais empregado em laboratório

- Descoberto pelos cientistas da Corning Glass Works (EUA)

- Tem baixo conteúdo alcalino e não contém Mg, Zn,Ca, As, Sb e metais pesados

- Quimicamente inertes

- Altamente resistente à corrosão por ácidos e bases

- Reage apenas com HF, H3PO4 ou com álcalis fortes e quentes

- Devido ao baixo coeficiente de dilatação apresenta uma grande resistência a choques térmicos

- PF relativamente alto.
Vidro Corning Vycor

- Trabalhos especiais

- 96% de sílica

- Alta resistência ao calor

- Alta resistência a choque térmico

- Estável diante dos ácidos (excepto HF), da água e de diversas soluções.


Materiais de porcelana

• Os materiais de porcelana são mais resistentes que o vidro, são usados para trabalhos com

líquidos quentes em períodos prolongados entre outros trabalhos.

• Os materiais de porcelana são muito empregados nos laboratórios em geral, como almofarizes

para trituração de sólidos e o funil de Buchner, este utilizado como filtro à pressão reduzida.

Têm-se ainda os cadinhos, disco para dessecador, tampa para cadinho entre outros materiais de

porcelana para laboratório.


Materiais plásticos

• Muitos são os materiais de plástico para trabalhos em laboratório de Química, diferenciando na sua

constituição e função.

Materiais metálicos

• Os metais mais usuais são: platina, prata, níquel, ferro, aço inoxidável. Temos os cadinhos, as

cápsulas, os aparelhos de cadinho, os funis, as pinças entre outros materiais feitos por metais e

que são muito utilizados em laboratórios.


Descrição dos materiais de laboratório de Química

 Tubos de ensaios: tubos fechados em uma das extremidades, utilizados para conter pequenas

quantidades de material sólido ou líquido na realização de testes e reacções químicas.

A transparência permite a perfeita observação dos fenômenos que ocorrem. Podem ser aquecido

cuidadosamente com movimentos circulares e directamente sob a chama do Bico de Bunsen.  

Béquer: É de uso geral em laboratório. Serve para fazer reacções entre soluções, dissolver

substâncias sólidas e efectuar reacções de precipitação. Feitos de vidro Pyrex, resistem bem ao

aquecimento, quando feito sobre a tela de amianto, ao resfriamento e ataque por drogas químicas.

São recipientes de fácil limpeza.


Funil de haste longa: Apresenta duas aplicações importantes: na transferência de líquidos para
frascos de boca estreita ou em filtração, para suportar o papel poroso (papel de filtro) destinado a
reter as partículas grosseiras, em suspensão na mistura sólido-líquido a ser separada.  

Kitassato: Usado para filtração à pressão reduzida. É utilizado em conjunto com o funil de
Buchner para filtrações à vácuo.

Funil de separação: Utilizado na separação de líquidos não miscíveis e na extração


líquido/líquido.

Funil de Buchner: Utilizado em filtrações a vácuo. Pode ser usado com a função de filtro em
conjunto com o Kitassato.
Vidro de relógio: Peça de vidro de forma côncava é usada em análises e evaporações. Não pode
ser directamente aquecida.

Condensador: Tem como finalidade condensar vapores gerados pelo aquecimento de líquidos.
Existem três tipos de condensadores: condensador de Libieg (tubo recto), condensador de Allinh
(bolas) e condensador de Graham (serpentina).

Erlenmeyer: Utilizado em titulações, aquecimento de líquidos e para dissolver substâncias e


proceder às reacções entre soluções.

Exsicador: um recipiente grande provido de tampa bem ajustada destinado a manter atmosfera
anidra. Para tal, o compartimento inferior é carregado com agente dessecante, como CaCl2 anidro ou
sílica-gel. Usado para secagem e proteção contra umidade de materiais higroscópicos; cadinhos
quando aquecidos podem ser resfriados em seu interior, para posterior secagem etc...
Balão volumétrico: Possui volume definido e é utilizado para o preparo de soluções em laboratório. Não
se deve armazenar solução em balão volumétrico.

Balão de fundo chato: Utilizado como recipiente para conter líquidos ou soluções, ou mesmo, fazer
reacções com desprendimento de gases. Pode ser aquecido sobre o TRIPÉ com TELA DE AMIANTO.

Balão de fundo Redondo: Utilizado principalmente em sistemas de refluxo e evaporação a vácuo.

Cadinho: Geralmente de porcelana é usado para aquecer substâncias a seco e com grande intensidade,
por isto pode ser levado diretamente ao bico de bunsen ou em fornos (mufla) a altas temperaturas.

Almofariz com pistilo: Usado na trituração e pulverização de sólidos.


Suporte Universal: Utilizado em operações como: filtração, suporte para condensador, bureta,
sistemas de destilação etc. Serve também para sustentar peças em geral.

Bico de Bunsen: É a fonte de aquecimento mais utilizada em laboratório.


 
Anel: Usado como suporte do funil em filtração.
 
Tripé: Sustentáculo para efectuar aquecimentos de soluções em vidrarias diversas de laboratório. É
utilizado em conjunto com a tela de amianto.

Tela de amianto: Suporte para as peças serem aquecidas. O amianto é uma fibra natural sintéctica,
largamente utilizado na indústria devido a suas propriedades físico-químicas: Alta resistência
mecânica e a elevadas temperaturas, incombustibilidade, boa qualidade isolante, durabilidade,
flexibilidade, indestrutibilidade, resistente ao ataque de ácidos, álcalis e bactérias. A função do
amianto é distribuir uniformemente o calor recebido pelo bico de Bunsen. É extraído
fundamentalmente de rochas compostas de silicatos hidratados de magnésio, onde apenas de 5 a
10% se encontram em sua forma fibrosa de interesse comercial.
Bureta: Aparelho utilizado em análises volumétricas.
 
Pipeta graduada: Utilizada para medir pequenos volumes. Mede volumes variáveis. Não
pode ser aquecida.
 
Pipeta volumétrica: Usada para medir e transferir volume de líquidos. Não pode ser
aquecida, pois possui grande precisão de medida.

Proveta: Serve para medir e transferir volumes de líquidos. Não pode ser aquecida.
 
Estante ou grade: É usada para suporte de os tubos de ensaio
 
Garra de condensador: Usada para prender o condensador à haste do suporte ou outras
peças como balões, Erlenmeyers etc.
 
Pinça de Madeira: Usada para prender o tubos de ensaio durante o aquecimento
Pinça metálica: Usada para manipular objetos aquecidos
 
Garra dupla: Utilizada para fixar buretas.
 
Pisseta: Usada para lavagens de materiais ou recipientes através de jatos de
água, álcool ou outros solventes
Limpeza de vidrarias

Toda a vidraria utilizada em uma análise química deve estar perfeitamente limpa antes do uso, pois

a presença de substâncias contaminantes pode induzir erros no resultado final da análise.

Existem vários métodos para o procedimento de limpeza de vidrarias, mas geralmente é lavada

com o auxílio de escovas e solução de detergente neutro, enxaguados com água corrente (torneira)

e posteriormente três vezes com água pura (destilada ou deionizada) secando em um local

protegido da poeira ou em estufas de secagem (excepto vidrarias volumétricas).


Água para uso laboratorial

O trabalho de análise química envolve o consumo de quantidades consideráveis

de água na lavagem de utensílios, preparo de soluções, extracções, lavagem de

precipitados, etc. Porém, a água da “torneira” possui quantidades apreciáveis de

Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Fe2+, Cl-, SO2-4- e CO2-3, que contaminam ou podem interferir

na correcta quantificação de diversos procedimentos químicos.


Temas de Aulas 1-3

Biossegurança

Riscos de Trabalho

Equipamentos de Protecção

Procedimentos no Laboratório
Introdução

• Em todas sociedades existem muitas e diferentes actividades (Serviços) que permitem o

desenvolvimento e o bem estar do Homem.

• Temos actividades na construção civil, indústrias, fábricas, ensino, pesquisa em laboratórios,

hospitais, comércio, electricidade, protecção civil entre outras.

• Desenvolvem por meio de normas ou obedecendo algum regulamento de modo que haja um

bom funcionamento e também minimizar alguns riscos que põem em causa a saúde e

integridade do próprio trabalhador.


• Houve a necessidade de elaboração de um conjunto de normas ou algum regulamento que

permitem certo comportamento durante as actividades em muitos locais de trabalho.

• Estas normas permitem uma redução ou a minimização de riscos durante as actividades em várias

áreas de trabalho.

• Aos profissionais é obrigatório o conhecimento destas regras e também que os futuros

profissionais comecem a se familiarizar-se com este conjunto de normas.

• Muitas das normas ou regulamento já se encontram em livros, manuais, instruções entre outros,

dependendo das áreas de trabalho e todo o conjunto faz parte da chamada biossegurança.
Biossegurança

É um conjunto de procedimentos, acções, técnicas, metodologias, equipamentos e

dispositivos capazes de eliminar ou minimizar os riscos inerentes as actividades de

pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que

podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos

trabalhos desenvolvidos.
• No caso de laboratório de Química

• Os cuidados que devemos ter: para não haver contaminação dos materiais, não contaminar o

pessoal do laboratório, da limpeza, os equipamentos, o meio ambiente através de libertação de

gases e os cuidados com o descarte destes materiais fazem parte das regras da Biossegurança.
Riscos de trabalhos

1. Riscos de acidentes

Considera-se risco de acidente qualquer factor que coloque o trabalhador em situação de perigo e

possa afectar sua integridade, bem estar físico e moral.

São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem protecção, probabilidade de

incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado etc.


2. Riscos ergonômicos
 

Considera-se risco ergonômico qualquer factor que possa interferir nas características

psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afectando sua saúde.

São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo

de trabalho, a monotonia, a repetitividade, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de

trabalho, o trabalho em turnos etc.


3. Riscos físicos

Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os

trabalhadores.

Tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes,

radiações não ionizantes, ultra-som, materiais cortantes e ponteagudos etc.


4. Riscos químicos
 

Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam

penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases

ou vapores, ou que, pela natureza da actividade de exposição, possam ter contacto ou ser absorvido

pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Exemplos: inalação de gases tóxicos, substâncias radioactivas, contacto de pele com ácidos e bases

fortes etc
5. Riscos Biológicos
 

Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitas, vírus, entre outros.

Os agentes de risco biológico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por ordem

crescente de risco, classificados segundo os seguintes critérios: patogenicidade para o

homem, virulência, modos de transmissão, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes,

disponibilidade de tratamento eficaz e endemicidade.

 
Equipamentos de protecção individual (EPI)
 

São empregados para proteger o pessoal do contacto com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos,

calor excessivo, fogo e outros perigos.

A roupa e o equipamento servem também para evitar a contaminação do material em experimento ou

em produção.

 
Equipamentos de protecção colectiva (EPC)
 

São equipamentos que possibilitam a protecção do pessoal do laboratório, do meio ambiente e da

pesquisa desenvolvida.
 Causas Possíveis de Acidentes
 
- Instrução não adequada
- Mau planejamento
- Supervisão incorrecta e/ou despreparada
- Não seguimento das normas
- Prática inadequada
- Manutenção incorrecta
- Mau uso de EPI e/ou EPC
- Material de origem desconhecida
- Layout inadequado
- Jornada excessiva de trabalho.
Classificação de produtos químicos

a) Tóxicos: oferecem um elevado risco de envenenamento por inalação, absorção ou ingestão. Ex: benzeno,
mercúrio, tetracloreto de carbono. Devem ser arrumados separadamente dos reagentes inflamáveis.

b) Corrosivos: destroem os tecidos vivos. Incluem-se nessa categoria a maior parte dos ácidos e das bases.

c) Inflamáveis: entram facilmente em combustão. Ex: acetona, ácido acético, álcool etílico;

d) Explosivos: na sequência de um choque ou impacto, ou expostos ao calor, podem explodir. Ex: peróxido,
perclorato de magnésio, dicromato de amónio etc.

e) Oxidantes: podem iniciar reacções de oxidação. Ex: compostos ricos em oxigênio como, óxidos, peróxidos,
nitratos cloratos, percloratos, cromatos, dicromatos e permanganatos;

f) Reagentes sensíveis à água: reagem facilmente com a água libertando gases e calor – ex: metais alcalinos,
hidretos metálicos. Devem ser acondicionados ao abrigo da humidade;

g) Gases comprimidos: gases não liquefeitos e submetidos à pressão. Devem ser acondicionados fora do
laboratório.
Símbolos de perigo
Alguns procedimentos importantes de segurança em laboratório
 

- Usar sempre óculos de segurança, bata e avental, de preferência de algodão, longo e de mangas

longas.

- Não usar saias, bermudas ou calçados abertos. Pessoas que tenham cabelos longos devem

mantê-los preso enquanto estiverem no laboratório.

- Não trabalhar sozinho, principalmente fora do horário de expediente.

- Não fumar, comer ou beber nos laboratórios. Lavar bem as mãos antes de deixar o recinto
- Ao ser indicado para trabalhar em um determinado horário, é imprescindível o conhecimento da

localização dos acessórios de segurança.

- Antes de usar reagentes que não conhece consultar a bibliografia adequada e informar-se sobre

como manuseá-los e descartá-los.

- Não retornar reagentes aos frascos originais, mesmo que não tenham sido usados. Evitar circular

com eles pelo laboratório;


- Não usar nenhum equipamento em que não tenha sido treinado ou autorizado a utilizar;

- Certificar-se da tensão de trabalho da aparelhagem antes de conectá-la a rede eléctrica. Quando

não estiver em uso, os aparelhos devem permanecer desligados.

- Usar sempre luvas de isolamento térmico ao manipular material quente. Nunca pipetar líquidos com

a boca, usar bulbos de borracha ou trompas de vácuo.


Laboratório de Química 3° Ano - Biologia

Temas: Medição, Erros e Variáveis

Docente: Mário Pereira Data: 13\08\19


Medição
 

• A medição é uma operação muito antiga e muito importante para a vida dos homens na

Sociedade.

• Podemos ouvir falar de medição em vários sectores de actividades tais como o

comércio, nas alfaiatarias, nos hospitais, nas fábricas, indústrias e demais outras

actividades.
• Medir é uma forma de descrever o mundo.

• As grandes descobertas científicas, as grandes teorias clássicas foram, e ainda são formuladas

a partir de observações experimentais.

• A descrição das quantidades envolvidas em cada fenômeno se dá através da medição.


• A medição continua presente no desenvolvimento tecnológico.

• A qualidade, a segurança, o controle de um elemento ou processo é sempre assegurada através

de uma operação de medição.

• Medir é um procedimento experimental pelo qual o valor momentâneo de uma grandeza

física (mensurando) é determinado como um múltiplo e/ou uma fracção de uma unidade,

estabelecida por um padrão, e reconhecida internacionalmente


• A operação de medição é realizada por um instrumento de medição ou, de uma forma mais genérica,

por um Sistema de Medição (SM), podendo este último ser composto por vários módulos.

• O Resultado de uma Medição (RM) expressa propriamente o que se pode determinar com segurança

sobre o valor do mensurando, a partir da aplicação do sistema de medição sobre esta.

• A magnitude de uma grandeza é expressa pelo produto da unidade de medida por um número.

Exemplo concreto é quando medimos a massa de corpo, dizemos que o corpo tem uma massa de 100

Kg.

• Massa do corpo (mensuranda) = 100 (valor numérico) e Kg (unidade de grandeza)


• A medição consiste num conjunto de operações que têm por objectivo determinar o valor

de uma dada grandeza.

• Para determinar o valor numérico de uma grandeza é necessário ter em conta o seguinte:

Principio de medição

Método de medição

Procedimento de medição
Princípio de medição

O principio de medição consiste no fundamento científico da medição que se pretende efectuar.

Temos alguns exemplos de principio de medição: o efeito termoeléctrico utilizado para a medição

da temperatura, o efeito Doppler na medição da velocidade entre outros.


Métodos de medição

• Ao referir métodos de medição podemos dizer que se trata de um conjunto de operações

envolvidas na execução das medições.

• Método de medição directa: o valor da grandeza é medido directamente e não através da

medição de outras grandezas que estejam relacionadas por meio de uma função com a

grandeza a medir. Exemplo: medição de comprimento de uma mesa utilizando uma escala

graduada.
• Método de medição indirecta: o valor da grandeza é obtido através da medição de outras

grandezas que estão relacionadas com a grandeza a medir. Exemplo: medição de uma pressão

pneumática recorrendo à medição de altura de uma coluna de liquido que se encontra em equilíbrio

sob a acção da pressão a medir.

• Método de medição por comparação directa: o valor da grandeza é obtido por comparação

directa com uma grandeza da mesma natureza que tenha um valor conhecido. Exemplo: a medição

com uma fita métrica.


• Método de medição por substituição: o valor da grandeza é obtido substituindo o
objecto em medição por outro, de grandeza da mesma natureza, mas com valor
conhecido. Exemplo: a determinação de massas por meio de uma balança e de massas
conhecidas.

• Método de medição diferencial: neste método a mensuranda é comparada com uma


grandeza da mesma natureza, com valor conhecido que tenha valor idêntico ao que se
pretende medir (um valor padrão). Exemplo: calibrar um bloco padrão com recurso a um
comparador, o qual foi levado à posição zero medindo outro bloco padrão de valor
conhecido (referência), sendo este valor muito semelhante ao de bloco em calibração.

•  
• Método de medição absoluto: a mensuranda é medida directamente a partir de uma referência de

posição de valor equivalente ao valor da grandeza em medição.

• Método de medição por zero: o valor da grandeza a medir é determinado por equilíbrio ajustando

uma ou várias grandezas, de valores conhecidos, associados à grandeza por uma relação

conhecida no ponto de equilíbrio. Exemplo: a medição de uma impedância eléctrica com uma ponte

e um indicador de zero.
Procedimentos

• Um procedimento funciona como uma memória de uma actividade, permitindo que se cumpra

determinada sequência sem degradação de como fazer, sem falhas acumuláveis etc.

• Portanto o procedimento é um modo especificado de realizar uma actividade ou um processo.

• Trata-se de um conjunto de operações que descritas com pormenor, sob aspectos teóricos

e práticos, visam à execução correcta de medições.


Erro, exactidão e precisão

• Durante os procedimentos de medição de uma dada grandeza, os resultados que se obtém

podem vir acompanhados de erros por mais cuidados que se tenha e por mais que se utilizem

equipamentos bem sofisticados.

• Umas das tarefas de um pesquisador ou experimentador é identificar as fontes de erro que

podem afectar o processo de medição quantificar essas fontes.


• Exactidão: entende-se como a maior ou a menor aproximação entre o resultado obtido e

o resultado verdadeiro.

• Precisão: entende-se como a dispersão dos valores resultantes da repetição das

medições.

• Erro: designa o afastamento entre o valor obtido numa medição e o correspondente valor

verdadeiro, o qual é em geral desconhecido.


Tipos de Erros

• Erros Grosseiros: são devidos à falta de atenção, pouco treino ou falta de perícia do operador. Por
exemplo, uma troca de algarismos ao registrar um valor lido. São geralmente fácil de detectar e
eliminar.

• Erros Sistemáticos: são os erros que afectam os resultados sempre no mesmo sentido. Exemplo:
incorrecto posicionamento do “zero” na escala, afectando todas as leituras feitas com esse
instrumento. Devem ser compensados ou corrigidos convenientemente.

• Erros Aleatórios: associados à natural variabilidade dos processos físicos, levando a flutuações nos
valores medidos. São imprevisíveis e devem abordados com métodos estatísticos
• Erro de métodos: referem-se ao método analítico propriamente dito. Ex.: uso inadequado

do indicador, precipitado parcial (solúvel), reacção incompleta, co-precipitação, reacções

paralelas, volatilização do precipitado numa calcinação etc.

• Erro Operacionais: são relacionados com a capacidade técnica do analista. A

inexperiência e a falta de cuidado podem ocasionar vários erros como, por exemplo, o

chamado erro de preconceito.


• Erros Instrumentais: são relacionados com imperfeições e limitações do equipamento.

Ex.: peso analítico mal calibrado, vidraria volumétrica mal calibrada, ataque de reagentes

sobre a vidraria, etc.

• Erros Aditivos: independem da quantidade do constituinte. Ex.: perda de peso de um

cadinho no qual se calcina um precipitado e erros nos pesos.

• Erros Absolutos: corresponde a diferença algébrica entre o valor obtido e o valor

verdadeiro. Erro absoluto = Valor medido – Valor verdadeiro.


• Diz-se que uma medição tem um erro positivo (erro com sinal +, ou medição “adiantada”) se o

seu valor for superior ao valor que se podia obter na medição ideal. Pelo contrario, se obter um

valor inferior ao ideal, diz-se que o erro é negativo (erro com medição – ou medição “atrasada”).

• Erros Proporcionais: dependem da quantidade do constituinte. Exemplo: impurezas em uma

substância padrão.

• Erros Relativos: representam os valores relativos e são dados em percentagem.

Erro relativo = Erro absoluto / Valor verdadeiro x 100 (%).


Minimização dos erros determinados

Os erros determinados podem ser minimizados por um dos seguintes métodos:

• Calibração do aparelho e aplicação de correcções;

• Corrida de prova em branco;

• Corrida de uma determinação de controle (ex.: liga padrão);

• Uso de métodos independentes de análise;

• Corrida de determinações em paralelo (precisão);

• Uso do método da adição de padrão.


• Variáveis e seus tipos

• Segundo Almeida et al. (2005), variável reporta-se a características ou atributos que podem
tomar diferentes valores ou categorias, o que se opõe ao conceito de “constante”.

• As variáveis podem ser: variáveis qualitativas e variáveis quantitativas.


• Os valores possíveis de uma variável qualitativa são: qualidades ou símbolos.

• A relação entre esses valores só tem sentido em termos de igualdade e de desigualdade.

• As variáveis qualitativas (descrevem tipos ou classes) podem ser: dicotômicas (apenas duas

categorias) ou poliatômicas (três ou mais categorias).

• Os valores de uma variável quantitativa são representados através de números.


• As variáveis quantitativas podem ser discretas ou contínuas.

• Uma variável diz-se discreta quando os seus valores podem ser relacionados por uma

correspondência biunívoca com um subconjunto de números inteiros.

• Uma variável diz-se contínua quando os seus valores podem ser relacionados por uma

correspondência biunívoca com intervalos de números reais.

• Assim, as variáveis discretas assumem valores inteiros e as variáveis contínuas assumem valores

reais.
Escalas de medição

 
• Segundo Herrero & Cuesta (2005) a estrutura do processo de medição tem quatro níveis: a) a
variável (propriedade que se quer medir – exemplos: inteligência, memória, temperatura); b) o
atributo (o grau ou modalidade em que se manifesta a propriedade medida – exemplos: baixo,
médio, alto); c) o valor (modo de expressar de forma numérica o atributo – exemplo: 1, 2 e 3); e d)
a relação (“ligação” entre os vários valores da variável).

• As variáveis relativamente à escala de medida podem distribuir-se por escalas: nominais, ordinais,
intervalares e proporcionais (ou de razão).

 
• Escalas nominais: são meramente classificativas, permitindo descrever as variáveis ou

designar os sujeitos, sem recurso à quantificação.

• É o nível mais elementar de representação, baseado no agrupamento e classificação de

elementos para a formação de conjuntos distintos.

• As variáveis expressas na escala nominal podem ser comparadas utilizando, apenas, as

relações de igualdade ou de diferença.

• Os números atribuídos às variáveis servem como identificação, ou para associar a

pertença a uma dada categoria. Exemplos: matrículas de automóveis, códigos postais,

estado civil, sexo, cor dos olhos, código de artigo, código de barras.
• Escalas ordinais: os indivíduos ou as observações distribuem-se segundo uma certa

ordem, que pode ser crescente ou decrescente, permitindo estabelecerem-se diferenciações.

• Na escala ordinal a variável utilizada para medir uma determinada característica, além de

identificar a pertença a uma classe, também pressupõe que as diferentes classes estão

ordenadas sob um determinado critério.

• Exemplo: nível social, nível salarial e escalas usadas na medida de opiniões.


• Escala intervalar: é uma forma quantitativa de registar um fenômeno, medindo em termos da

sua intensidade específica, ou seja, posicionando-o em relação a um valor conhecido

arbitrariamente denominado como ponto zero.

• A escala intervalar pode ser considerada como um caso particular das escalas métricas, em que

é possível quantificar as distâncias entre as medições, mas não existe um ponto zero natural.

• Exemplos clássicos são as escalas de temperatura, onde não se pode assumir um ponto zero

como ausência de temperatura, ou dizer que a temperatura X é o dobro da temperatura Y.


• Escalas proporcionais ou de razão: em acrescento às intervalares, dispõe-se de um zero

absoluto. Escala de razão é a mais completa e sofisticada das escalas.

• Ela é uma quantificação produzida a partir da identificação de um ponto zero que é fixo e

absoluto, representando, de facto, um ponto mínimo.

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