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Fichamento

Texto PRADO, Maria Lígia. O populismo na América Latina. 2. ed. Nova Friburgo:
Brasiliense.

João Lucas T. Cavalcante. 6º - America II


RESUMO

Maria Lígia Prado realiza uma análise minuciosa do fenômeno do populismo na


América Latina, adotando uma perspectiva historicista que contextualiza o conceito nas
circunstâncias históricas que o influenciaram. Definindo o populismo como um processo no
qual as aspirações populares são intermediadas por setores sem poder político,
especialmente em períodos de crise e instabilidade social, a autora inicia seu artigo
revisando críticamente análises de estudiosos como Gino Germani e Francisco Wefort.

Os dois estudos de caso centrais são o populismo no México e na Argentina. No


México, Prado examina a Revolução Mexicana e sua influência nas políticas de Lázaro
Cárdenas na década de 1930, destacando medidas intervencionistas, solidárias e
nacionalistas, incluindo uma reforma agrária abrangente. A industrialização, apesar de
dinâmica, não resultou na supressão dos direitos dos trabalhadores. O enfoque muda para
a Argentina da década de 1940, onde o populismo ganhava força após a crise de 1929. O
governo de Juan Perón é analisado, abrangendo suas políticas nacionalistas, ideologia e
sindicalismo. Contudo, o segundo governo de Perón enfrenta desafios significativos,
culminando em um golpe de Estado em 1955. Prado argumenta que, apesar da aparência
nacionalista e sindical, os líderes populistas não adotaram uma postura anti-establishment
eficaz. Destaca o desenvolvimento do capitalismo nacional na década de 1930 como um
fenômeno que substituiu as antigas oligarquias agrícolas exportadoras.

A essência do argumento de Maria Lígia Prado reside na complexidade do


populismo na América Latina, evidenciada pelos casos do México e da Argentina.
Contrastando com a visão simplista de líderes carismáticos desafiando o status quo, a
autora enfatiza as raízes do populismo em condições históricas específicas. O
desenvolvimento do capitalismo de Estado na década de 1930 é apresentado como agente
transformador, substituindo as antigas estruturas oligárquicas. A participação ativa do povo
na política é destacada como um fator crucial que desafia a retórica dos líderes que
mostram misericórdia sem exercer pressão efetiva sobre o povo.

A contribuição significativa deste texto para o campo de estudos reside na


desmistificação do populismo na América Latina, questionando a narrativa simplista dos
líderes populistas como agentes de mudança radical. Prado destaca a complexidade
desses fenômenos, revelando a interconexão entre contextos históricos específicos,
desenvolvimento econômico e participação ativa das massas. Ao analisar o populismo no
México e na Argentina, ela oferece uma abordagem crítica que vai além das aparências
superficiais, enriquecendo a compreensão acadêmica desse fenômeno político na região.

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