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Professora: Edjelma Arantes dos Santos
Aula 01
Texto 01- SILVEIRA; SIMANKE. (2009). A psicologia em História da loucura de Foucault.
Fractal: Revista de Psicologia.v.21 – nº1, p23 -42, Jan/Abr.
Introdução (p.24 – 26)
Os autores colocam as contribuições da obra de Foucault à Psicologia enquanto ciência
e, através dela coloca o como a tão estudada por nós psique humana – bem como a
loucura – apesar de parecerem tão naturais às nossas essências são produzidas nas
relações de saber- fazer (fase arqueológica foucaultiana) e transmitidas (fase
genealógica foucaultiana) numa arqueogenealogia dos saberes que, além de “
escavar” e trazer as diferentes condições que possibilitam a validação de um
conhecimento como verdade ( epistemes), mostra também como essas construções
teórico- discursivas sobre a psique e a loucura são transmitidas e modificadas com o
tempo.
Como podemos perceber, o artigo foca na fase arqueológica, pois, mostra como as
condições históricas trazidas no livro de Michael Foucault - nos períodos do
renascimento, classicismo e modernidade - impactaram na história da Psicologia
enquanto ciência a partir da influência na construção de nosso objeto de estudo, dos
sujeitos bem como o que isso influencia nas nossas formas de subjetivar/ apreender
esse sujeito e objeto.
Na introdução, começa citando (ESCOBAR, 1984, P.75) Onde, de forma bem resumida
podemos afirmar que é nas relações entre pensamento e nas verdades construídas a
partir dele por nós, homens, nos construímos. É isso que o Foucault estuda em seus
livros: as correlações entre pensamento e verdades produzidas (sobre louco, ser de
desejo, doente etc.) são citadas ainda onde podemos ver tais estudos em algumas de
suas obras mais famosas. Logo, a partir disso, discursos sobre verdades são raros pois
requerem esforço de “análise de amplos momentos históricos”. Outra conclusão que se
pode chegar é a das várias possibilidades de discurso que os construtos tão estudados
e naturalizados por nós como : corpo, alma, psique podem comportar, logo, dos
poderes-saberes envolvidos nas suas construções.
Como o que entendemos como louco, por exemplo, ocupou vários lugares/sentidos
diferentes com o passar dos tempos e quais as relações de poder- saber que
permitiram tais constituições de louco? Como são ditadas as regras onde discursos
sobre esse louco entre outros construtos são produzidos, repetidos e fazem com que
coloquemos eles em diferentes lugares? É sobre esse percurso histórico que notamos
como os autores relacionam a obra de Foucault à Psicologia. Uma coisa é certa: que as
respostas a estes dois questionamentos interferem diretamente na validação de como
os tratamos/vemos/cuidamos dos ditos “loucos” e nas nossas relações de forma geral
com a saúde mental (nossas práticas sociais). Faz com que sejamos além de meros
reprodutores de técnicas e conhecimentos, mas, que pensemos de forma crítica tais
conhecimentos dados pela ciência de forma de aparência tão naturalizada.
Vale salientar que a fase arqueológica (também chamada no livro a ordem do discurso
pelo próprio Foucault de fase crítica) e a genealógica não são opostas: se
complementam. O que se “diz” da loucura desde o renascimento até a modernidade: é
isso que será focado nas partes que seguirão no artigo. Isso não é oposto ao que tais
dizeres validados pela ciência interferiram nas práticas e relações sociais nesse período
entendem? Isso tudo tem muito a nos convida a pensar, inclusive, em nossas práticas
no aqui-e- agora. Ando pensando sobre o que a psicologia me diz sobre psique, mente,
corpo, louco? Como esses dizeres afetam minhas práticas como futuro psicólogo e nas
minhas relações sociais em geral? Que relações de poder-saber noto no que estudo e
alimento (ou não) nos meus comportamentos? Garanto que são relações bem tensas –
não à toa esse pensamento de Foucault foi um dos influenciadores da reforma
Psiquiátrica em nosso país. Quais os mecanismos/ dispositivos de controle que
emergem dessas relações de poder-saber?
Bem... eis a importância desse texto. Vamos agora, de fato, ao resumo do passeio
histórico que os autores fazem nas partes seguintes após a introdução do artigo. É
onde colocam - com enfoque na FASE ARQUEOLÓGICA OU CRÍTICA: