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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ

CENTRO DE FILOSOFIA, LETRAS E EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
PROFESSOR: EDSON CABRAL

PRÁTICA DE DOCÊNCIA EM FILOSOFIA I / RELATÓRIO II


RELAÇÃO EMOTIVA / PSICOLÓGICA ENTRE PROFESSOR-ALUNO
ANTONIA SAMARIA DE SOUSA

SOBRAL - CE
OUTUBRO / 2023
RESUMO

O presente trabalho aborda o processo interativo das relações emotivas / psicológicas entre
professor-aluno, e como isso pode influenciar no processo de ensino-aprendizagem dos
discentes, colocando em pauta as contribuições e implicações que transcorrem no espaço de
sala de aula. Nesse sentido, é relevante apontar que o professor em meio ao seu processo de
transmissão de conhecimento para com os alunos deve proporcionar o espaço de trocas de
comunicação para que assim possa-se desenvolver as potencialidades destes. Com objetivo
de analisar a relação emotivas / psicológicas do professor-aluno, realizou-se uma breve
entrevista com uma ex- estudante do ensino médio, a fim de obter uma melhor compreensão
de que forma ocorre essa interação do professor com os estudantes, pegando a sua visão e
experiência e em meio a tal processo destacando pontos positivos e negativos. Para mais, será
usado método de fundamentação bibliográfica, evidenciando o educador Paulo Freire e
colocando em pauta o seu pensamento sobre a importância do docente no desenvolvimento
dos alunos. Diante do que foi observado, percebeu-se uma ausência de cooperação em parte
dos docentes perante ao emocional / psicológico dos discentes, consequentemente, fazendo
com que haja implicações no processo de ensino.

Palavras - chaves: Relação de professor - aluno; Processo de ensino - aprendizagem;


Afetividade; Paulo Freire.

INTRODUÇÃO

Em primeira análise, é válido ressaltar a importância do contexto escolar na vida do


indivíduo, pois é através da escola que o aluno tem um maior desenvolvimento de sua
aprendizagem, e o conhecimento que é repassado para tal o possibilita de ter uma visão
mais ampla sobre o mundo que o cerca. Mas o que entra em questão, não é só o
conhecimento que é oferecido para o discente dentro do âmbito escolar e sim quem o oferece,
ou seja, o docente e como se dá a relação afetiva / Psicológica de ambos.
Segundo Paulo Freire compreende que o sujeito aprende para se humanizar. De acordo
com o educador, aprender é complemento da formação do sujeito como humano. “Se aprende
na relação com o outro, no diálogo com outro, na aproximação dele com o conhecimento do
outro". A partir disso, tem-se uma visão da relevância que o docente possui perante os
discentes, pois é com a interação entre estes, que pode haver uma relação psicológica
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saudável para tais, trazendo ausência de prejuízos dentro do espaço pedagógico,
principalmente, quando se trata de aspectos psicológicos dos discentes. Paulo Freire valoriza
uma relação horizontal entre professor e aluno, na qual ambos se engajam num diálogo
igualitário e respeitoso. Ele enfatiza a importância de uma relação dialógica, onde o professor
não se coloca como detentor absoluto do conhecimento, mas como um facilitador do processo
de aprendizagem, considerando as experiências e saberes prévios dos alunos. Freire acredita
que essa relação promove a autonomia e a construção do conhecimento de maneira mais
significativa.
É por meio das informações que são repassadas pelo professor que pode haver uma
relação de aprendizagem com os seus alunos, fazendo com que tenha contribuições no
processo de ensino-aprendizagem do indivíduo. "O aprendizado é construído pela criança
durante sua relação com objetos e pessoas" (PIAGET, Jean. construtivismo). Em sua teoria
da aprendizagem Piaget enfatizou a importância da interação do professor com seus alunos
como um fator fundamental de aprendizagem. Segundo esse autor, o educador possui um
papel crucial ao criar um ambiente que estimula de maneira progressiva a exploração, a
descoberta e o desenvolvimento crítico dos indivíduos. Piaget acreditava que o educador
deveria atuar de forma facilitadora, fazendo com que encoraja os alunos, levando-os a
curiosidade e a experimentação ativa e constante.
Desse modo, é considerável mencionar que além dos discentes terem uma grande
influência do professor no desenvolvimento da aprendizagem, este por sua vez possui uma
grande influência nos aspectos emotivos / Psicológicos do aluno, podendo estes serem tanto
de forma positiva ou negativa. Nesse sentido, é importante discutir a relevância que o
professor possui na vida do aluno e o cuidado que este deve ter no momento em que ele entra
em contato com o aluno dentro do espaço de sala de aula. Desse modo, é notável que uma
boa relação emotiva do professor com o aluno se torna um papel fundamental para o
desenvolvimento cognitivo do discente, uma vez que com relevância da interação social e o
suporte que dado pelo professor (a) ajuda o aluno a auto desenvolver -se .
A partir disso, será discutido neste trabalho as relações emotivas / Psicológicas de
Professor - Aluno e como isso pode interferir no processo de ensino- aprendizagem, citando
pontos positivos e negativos. Para aprofundar esse trabalho foi necessário fazer uma breve
entrevista com uma ex- estudante do ensino médio que contou como se deu a sua interação
com os professores que teve contato ao longo de sua jornada escolar. E a partir disto, será
sugerido práticas de reflexão que incitam uma proposta de educação baseada nos
pressupostos de Paulo Freire e com isso será colocado em pauta uma possível solução para a
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problemática levando em consideração o ponto de vista da discente. É relevante dizer que não
será mencionado ao longo deste trabalho o nome da pessoa que se prestou para fazer tal
discussão, como também não será citado a instituição de ensino que a mesma esteve inserida
no seu processo de ensino - aprendizagem.

RELAÇÃO EMOTIVA / PSICOLÓGICA ENTRE PROFESSOR - ALUNO

Em primeira análise, a discente no começou a discussão dizendo que durante seu


processo escolar, sempre desenvolveu uma personalidade muito tímida de comunicação
retraída e que na maioria das vezes evitava questionar suas dúvidas, seja por questões de
timidez, receio a reação dos colegas, questão da “ausência” de tempo letivo, no que diz
respeito para não comprometer o tempo de aula, onde o diálogo entre professor e aluno
tornava-se algo mais “superficial” (rápido), como também por uma sensação delimitação
exacerbado ao espaço proporcionado á um possível diálogo entre alunos e professor. A
discente também ressaltou que:

"A questão do diálogo por muita das vezes tornou-se fragmentada na medida em que eu sentia que o
professor (a) desenvolvia um papel excessivo conteudista de “imposição” e eu não observava uma
possibilidade para o questionamento, para ser ouvida e compreender a dúvida, ou muita das vezes,
ter a dúvida ocultada ou considerada não tão importante, principalmente pela questão de não ter
tempo para sanar a mesma, pois o tempo da aula era considerado curto e o planejamento deveria ser
cumprido, além disso, diversas vezes fui orientada a pesquisar na internet sobre o assunto, para que
o'tempo da aula não fosse comprometido".

Paulo Freire enfatizou a importância de uma relação horizontal e colaborativa entre o


professor e o aluno. Ele defende a ideia de uma educação libertadora, na qual o diálogo, o
respeito mútuo e a troca de conhecimento são fundamentais para um aprendizado
significativo. Freire acreditava que o professor não deveria apenas transmitir conhecimento,
mas sim engajar os alunos, valorizando suas experiências e perspectivas, tornando-os
participantes ativos no processo de ensino - aprendizagem. A partir do comentário feito acima
feito pela estudante pode-se observar que a questão do diálogo parece contraditório de acordo
com os ideais defendidos por Freire, já que este não se torna presente na relação de professor
-aluno, consequentemente podendo trazer problemas para o desenvolvimento do aluno no seu
processo de aprendizagem dentro do espaço escolar.

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A aluna também colocou em pauta de que a ideia de estigmatizar os alunos, também
foi um dos empecilhos nessa relação psicológica, emotiva, de educador e aluno que a mesma
viveu, uma vez que ela percebia um certo receio de dialogar com os professores por questões
de desempenho nas provas, se não não tivesse tirado uma nota adequada em determinada
avaliação, automaticamente eu seria um aluna irresponsável, desinteressada, onde isso muita
das vezes era alimentado pela própria instituição, decorrente de por exemplo premiar apenas
alunos com notas altas e “separar” destes, os que não eram “dedicados”. A discente destacou:

" Não que eu esteja criticando a meritocracia," muito pelo contrário, mas sim destacar a grande
diferença entre meritocracia e um ensino que apenas foca na geração de resultados instantâneos e
superficiais por notas e resultados plausíveis, onde em muita das vezes para beneficiar apenas a
instituição. Infelizmente um ensino incoerente que geralmente acaba favorecendo um cenário voltado
para a questão da evasão escolar, do preconceito, e em questões mais graves, podendo propiciar
indícios de transtornos como a ansiedade, por exemplo, decorrendo dessa ideia de insuficiência de
resultados".

É válido notar que a falta de preocupação de alguns professores juntamente com a


instituição de ensino diante dos estudantes que nela estão inseridos, pois é a partir dessa
ausência de cuidado que é possível que haja uma certa probabilidade de desinteresse dos
discentes perante a aprendizagem. É importante destacar que " é em meio a tantas
desigualdades sociais, a educação é uma forma de intervir no mundo e nas realidades
existentes, seja de maneira positiva ou negativa". (LOPES, wallison. 2010). Partindo desta
ideia, a educação deve ser usada como um instrumento para ensinar e libertar os indivíduos e
não sendo aplicada de forma desigual.

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

No processo ensinamento, a aluna continuou dizendo que a metodologia aplicada


durante o meu processo escolar acabou contribuindo para questões adversas no meu
desenvolvimento de ensino-aprendizagem. A cobrança por notas altas a motivava na maioria
das vezes apenas para resultado e não ao esforço e conhecimento. A necessidade pela nota
máxima superou seu sentimento de realização e mérito, acabava gerando algo automático
onde ela não precisaria aprender de fato, mas sim mostrar resultados adequados. A
preocupação para estar entre os “melhores”e incluída no tão cotado ranking escolar

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preocupava bastante a discente, pois se ela não estivesse se sentiria muito pressionada para
estar no próximo que fosse divulgado.

"A autocrítica e cobrança desencadeada por esse processo me prejudicava muito, mesmo eu
realizando as atividades de maneira correta ou mesmo apresentando seminários de forma adequada
eu nunca me sentia realizada ou boa o suficiente. Infelizmente essa cobrança excessiva me afetou de
uma maneira bem desgastante, no sentido de me sentir em “alerta” de maneira recorrente, criar
muitas expectativas e frustrar-se com a própria expectativa depositada em autojulgamento,
principalmente por essa questão de querer fazer tudo com “perfeição”.

De acordo com a discente tais comportamentos também acabaram gerando uma


fragilidade emocional no sentido de fazer as coisas sempre preocupada se os outros iriam
gostar, o que viriam a criticar, o que poderia deixá-los incomodados, obviamente que temos
que pensar na percepção das outras pessoas mas de uma maneira saudável e controlada,
“normal” e não de maneira excessiva, preocupante e estressante. Ao estudante continuou
dizendo que :

"A questão de alcançar resultados veio a intensificar-se principalmente na faculdade, com a questão
da validação acadêmica e um bom índice de rendimento acadêmico, Obviamente seria normal essa
preocupação, porém não de uma forma exagerada, consequentemente do meu processo escolar."

Pode-se observar que fazendo a análise desse depoimento chega-se à conclusão que
não só os professores juntamente com a instituição de ensino demonstram pouca preocupação
diante do emotivo / Psicológico dos alunos, uma vez que se concentram bastante na gama por
bons resultados que devem vir de maneira constante. Isso pode acabar prejudicando não só o
psicológico dos discentes, mas a sua relação com os professores.

PONTO DE VISTA DA DISCENTE PARA UMA POSSÍVEL RESOLUÇÃO PARA A


PROBLEMÁTICA.

" Acredito que os educadores deveriam “adotar posicionamentos e ações” que


visassem não só esse bem estar do aluno sentir-se seguro para dialogar, mas também uma
afetividade mútua, onde o discente não só sinta um espaço de segurança e acolhimento nessa

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relação professor-aluno, mas também de evitar essa possível banalização no contexto
emotivo,psicológico, nesse aspecto de ensino, aprendizagem.
Mudanças comportamentais dos educadores, como por exemplo, a questão do aluno
ter a percepção de pertencimento da sala de aula, do contato com o professor , assim como
com a comunidade escolar, na medida que o aluno compreender que ele tem esse espaço de
fala, de escuta e compreensão, isso completamente fica subentendido no pensamento dele o
quanto o questionamento que ele fizer será válido, o quanto ele contribui para o entendimento
não só dele, mas também de outros colegas.
Além disso, a questão de iniciativa do professor em reconhecer o que está
impossibilitando o progresso de determinado aluno, enquanto educador, o que está ao seu
alcance para o auxílio do aluno e não apenas ocultando e descartando a ideia desse impasse.
Adotar metodologias que sejam ausentes na rotina letiva do aluno, como por exemplo,
mecanismos que possuam o intuito de conduzir a aula de uma forma mais flexível,
estimulando discussões dos conteúdos de uma maneira mais didática, atividades cognitivas, a
fim de gerar uma participação mais espontânea, diferente das que são frequentes nas aulas,
onde acontece uma aula conteudista, a qual na maioria das vezes apenas o professor fala e os
Os discentes têm a “responsabilidade” de absorver todo o conteúdo. Dessa forma,
possivelmente acaba permitindo uma compreensão mais próxima acerca da inteligência
emocional, psicológica, para o convívio educacional.
A Questão do diálogo entre professor e aluno também propicia uma ideia de retorno,
por exemplo, ao propor o espaço ao diálogo seria válido o professor demonstrar
“curiosidade” para as demandas construtivas do aluno, dessa forma, o educador favorece essa
escuta,essa comunicação, permitindo que o mesmo conhecesse as necessidades e demandas
dos discentes e de como eles poderiam contribuir com a construção da aula, ademais, seria de
extrema importância também a receptividade para colocações individuais.
Estabelecer uma perspectiva de “igualdade” entre educador discente também é um
dos meios de auxílio na relação, uma vez que é importantíssimo desconstruir essa ideia de
que o professor possui todo o conhecimento, vale salientar que é uma aprendizagem mútua,
nessa visão, o professor passa a atuar como um “parceiro” do estudante no seu
desenvolvimento de ensino-aprendizagem, um mediador do conhecimento, propagando assim
não só essa orientação, mas dando oportunidade para esse ensino conjunto, para um contato
mais próximo, reforçando a aprendizagem e fortalecendo a ideia de como o educador não
necessita ser uma “figura central” que demonstra autoridade, mas um agente da
aprendizagem que está incluso nessa propagação do conhecimento da mais diversas formas."
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CONCLUSÃO

Diante do exposto, podemos observar a importância da relação emotiva / Psicológica


entre professor e aluno e como isso pode interferir de maneira positiva ou negativa na vida do
aluno no seu processo de ensino-aprendizagem. Pois percebeu-se que em meio às frustrações
sofridas da relação com o discente- docente tem como causa a falta de atenção não só dos
professores, mas como a instituição pelo interesse em apenas em resultados e a ausência de
cuidado dos professores perante a didática.
É a partir de uma interação entre ambos que o desenvolvimento do discente pode
ocorrer de forma benevolente principalmente através de princípios dialógicos. Além disso, a
relação entre o professor e o aluno deve ser de maneira que promova a liberdade do ser e a
sua autonomia. Nessa perspectiva o professor a fim de promover um ambiente desenvolvedor
o professor deve usar o diálogo como ferramenta para fomentar a curiosidade e a interação
entre os sujeitos para a construção de conhecimentos. Pois é a partir da interação que pode
diminuir as desigualdades presentes no espaço de sala de aula dentro da instituição de ensino
Portanto, observamos o diálogo como uma forma de respeitar os conhecimentos que
são trazidos por cada indivíduo, pois, ao trabalhar nessa perspectiva, aumentam-se a
capacidade de haver uma troca rica em conhecimentos de vida, princípios morais, éticos e
provocar um questionamento e reflexão acerca da realidade social e educacional do aluno e
como ele poderia agir para mudar essa realidade, e com essa proposta de diálogo fomentaria
bastante de forma positiva a relação do professor -aluno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes Necessários à prática educativa /


Paulo Freire: Paz e Terra, 1996 (coleção leitura).
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

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