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1.

BIODIESEL NO BRASIL

O biodiesel é um combustível renovável obtido a partir de um processo químico


denominado transesterificação. Por meio desse processo, os triglicerídeos
presentes nos óleos e gordura animal reagem com um álcool primário, metanol
ou etanol, gerando dois produtos: o éster e a glicerina. O primeiro somente
pode ser comercializado como biodiesel, após passar por processos de
purificação para adequação à especificação da qualidade, sendo destinado
principalmente à aplicação em motores de ignição por compressão (ciclo
Diesel).
A sua mistura ao diesel fóssil teve início em 2004, em caráter experimental e,
entre 2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser voluntária. A
obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o
biodiesel na matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a
mistura legalmente obrigatória de 2% (B2), em todo o território nacional. Com o
amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente
ampliado pelo CNPE até o atual percentual de 12,0%.
A especificação do biodiesel tem sido aprimorada constantemente ao longo dos
anos, o que tem contribuído para o alinhamento da sua qualidade às condições
do mercado brasileiro e a sua harmonização com as normas internacionais,
assegurando maior segurança e previsibilidade aos agentes econômicos.
A especificação do biodiesel a ser comercializado no país para ser misturado
ao óleo diesel A é estabelecida pela Resolução ANP nº nº 920, de 4 de abril de
2023.
FONTE: Biodiesel. Disponível em:
https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-fornecimento-de-
biocombustiveis/biodiesel

Aviso: Foi aprovada, em 29/4/2021, pela Diretoria Colegiada da ANP, a Nota


Técnica Conjunta nº 10/2021/ANP, que propõe novo modelo de
comercialização de biodiesel para atendimento da mistura obrigatória ao Diesel
B, de forma a atender o disposto na Resolução CNPE nº 14/2020.
FONTE: Nota Técnica Conjunta n° 10/2021
https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-fornecimento-de-
biocombustiveis/biodiesel/ntconj2021.pdf

1.1. ESPECIFICAÇÃO DO BIODIESEL

Os primeiros estudos para a criação de uma política para o biodiesel no Brasil


iniciaram em 2003, com a criação da Comissão Executiva Interministerial do
Biodiesel (CEIB) e do Grupo Gestor (GG) pelo governo federal. Em dezembro
de 2004, o governo federal lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel (PNPB), com o objetivo inicial de introduzir o biodiesel na matriz
energética brasileira. Com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento
regional, o principal resultado dessa primeira fase foi a definição de um
arcabouço legal e regulatório.
A sua mistura ao diesel fóssil teve início em 2004, em caráter experimental e,
entre 2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser voluntária. A
obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o
biodiesel na matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a
mistura legalmente obrigatória de 2% (B2), em todo o território nacional. Com o
amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente
ampliado pelo CNPE até o atual percentual de 12%, conforme pode ser
observado:
Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel fóssil no Brasil
2003 - Facultativo
Jan/2008 - 2%
Jul/2008 - 3%
Jul/2009 - 4%
Jan/2010 - 5%
Ago/2014 - 6%
Nov/2014 - 7%
Mar/2017 - 8%
Mar/2018 - 10%
Mar/2019 - 11%
Mar/2020 - 12%
A especificação do biodiesel tem sido aprimorada constantemente ao longo dos
anos, o que tem contribuído para a sua harmonização com as normas
internacionais e alinhamento da sua qualidade às condições do mercado
brasileiro, assegurando maior segurança e previsibilidade aos agentes
econômicos.
Assim, o biodiesel já é uma realidade no País e garante ao Brasil uma posição
destacada em relação ao resto do mundo. Juntos, etanol e biodiesel fortalecem
a participação dos biocombustíveis na matriz energética nacional e a imagem
do Brasil como país que valoriza a diversidade de fontes energéticas.
Os atos normativos referentes à especificação do biodiesel são os seguintes:
 Resolução ANP n° 798/2019 - altera a Resolução ANP nº 45/2014, que
estabelece as especificações de qualidade de biodiesel, para determinar
a obrigatoriedade da aditivação do biodiesel com antioxidante e
estabelecer novo limite de especificação da característica estabilidade à
oxidação.
 Resolução ANP nº 909/2022 - estabelece a especificação de óleo diesel
BX a B30, em caráter autorizativo, nos termos dos incisos I, II e III do art.
1º da Resolução CNPE nº 3, de 21 de setembro de 2015.
 Resolução ANP nº 920/2023 - estabelece a especificação do biodiesel e
as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos
agentes econômicos que comercializem o produto em território nacional.

FONTE: ESPECIFICAÇÃO DO BIODIESEL.


Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/producao-e-
fornecimento-de-biocombustiveis/biodiesel/biodiesel/especificacao-do-biodiesel
1.2. INFORMAÇÕES DE MERCADO

Com o intuito de dar maior transparência aos dados e facilitar a busca de


informações relacionadas à atividade de produção de biodiesel no país, a partir
de abril de 2017, o conteúdo acerca desse tema passou a ser disponibilizado
através das planilhas e figuras.
São apresentados gráficos que mostram a capacidade nominal autorizada pela
ANP e a produção de biodiesel nacional e regional ao longo do ano vigente,
assim como a distribuição nacional e regional das matérias-primas consumidas
para produção de biodiesel, considerando os dados informados através do
Sistema de Informações de Movimentação de Produtos (I-SIMP).
Atualmente existem 51 plantas produtoras de biodiesel autorizadas pela ANP
para operação no País, correspondendo a uma capacidade total autorizada de
26602,26 m3/dia.
Em maio de 2020, a ANP publicou painéis dinâmicos como uma nova forma
interativa de visualização dos dados de produção de biodiesel oriundos das
declarações dos agentes via Sistema de Informações de Movimentação de
Produtos (Simp).

1.2.1. Painel dinâmico de produtores de biodiesel

A ANP propicia uma nova forma interativa de visualização dos dados de


produção de biodiesel oriundos das declarações dos agentes via Sistema de
Informações de Movimentação de Produtos (Simp).
O Painel Dinâmico de Produtores de Biodiesel apresenta o mapa com os dados
de localização de todos produtores de biodiesel regulados pela ANP e suas
capacidades autorizadas.
Informações temporais relativas à produção regional, matéria-prima e
tancagem de biodiesel podem ser obtidas a partir do uso dessa ferramenta. As
tabelas com os dados utilizados também foram disponibilizadas.
FONTE: https://app.powerbi.com/view?
r=eyJrIjoiOTlkODYyODctMGJjNS00MGIyLWJmMWItNGJlNDg0ZTg5NjBlIiwidC
I6IjQ0OTlmNGZmLTI0YTYtNGI0Mi1iN2VmLTEyNGFmY2FkYzkxMyJ9&pageN
ame=ReportSection8aa0cee5b2b8a941e5e0%22
 Produção Brasileira de Biodiesel

(FONTE: Biocombustíveis: Biodiesel e Etanol. Caderno Setorial ETENE,


ano 7, outubro 2022, Banco do Nordeste. Disponível em:
https://www.bnb.gov.br/s482-dspace/bitstream/123456789/1441/1/2022_
CDS_248.pdf

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de biodiesel (OCDE, 2021); de


acordo com dados da ANP (2022), a capacidade total de produção no Brasil
em 2021 foi de 12,2 milhões de m3. Porém, existe no País uma elevada
capacidade ociosa em todas as regiões (Tabela 1). A produção de biodiesel no
Brasil é limitada pelo percentual de mistura obrigatória; a forma de diminuir a
capacidade ociosa do setor é elevar a mistura para o percentual previsto na
Resolução n°16 de 29 de outubro de 2018, do Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) que é de 15% para 2023.

Mesmo com a redução do percentual da mistura obrigatória de 12% para 10%


a partir de 2021, a produção de biodiesel no Brasil teve um crescimento de
quase 60% entre 2017 e 2021 (Gráfico 2). O produto é comercializado através
de leilões em quantidade suficiente para compor a mistura imposta pela
legislação.
Apesar dos esforços que foram realizados para o desenvolvimento do setor no
Nordeste, a produção de biodiesel no Brasil está concentrada no Sul e Centro-
Oeste (Gráfico 3), o que está relacionado à ampla participação da soja como
matéria-prima (72,1%) na produção do biodiesel (Tabela 2). Essa concentração
evidencia a baixa participação dos produtores familiares no fornecimento de
matéria-prima para produção de biodiesel no Brasil. A agroindústria da soja no
País é composta por empresas nacionais e multinacionais que atuam em vários
segmentos do negócio, desde a produção até a comercialização. Muitas
dessas empresas são grandes produtoras de biodiesel.

O Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Paraná e Goiás são os maiores produtores
nacionais de biodiesel; juntos, responderam em 2021 por 79,3% da produção
do País. Chama a atenção o elevado crescimento (51,3%) da produção de
biodiesel no Paraná em relação a 2020, enquanto o Rio Grande do Sul e Goiás
cresceram 3,6% e 4,5%, respectivamente, e os demais estados produtores
apresentaram queda na produção; contribuíram para esta redução: a escalada
do preço do óleo de soja, principal matéria-prima para biodiesel no Brasil e a
diminuição da mistura de biodiesel no diesel para 10%.
A Bahia e o Piauí são os únicos estados do Nordeste que continuam
produzindo biodiesel, tendo respondido em 2021 por pequena parcela da
produção nacional, 6,1% e 0,6 %, respectivamente.
O consumo de biodiesel no Brasil está atrelado à política de adição desse
biocombustível ao diesel fóssil, tendo aumentado 5,3% em 2021 em relação a
2020, resultado do aumento do percentual de mistura mandatória de biodiesel
no diesel para 13% no primeiro trimestre de 2021 (EPE, 2022a). De acordo
com o EPE (2022c), em 2021, o uso de biodiesel e etanol no Brasil evitou a
emissão de aproximadamente 67milhões de toneladas de dióxido de carbono
equivalente.

2. BIODIESEL NO MUNDO

(FONTE: Biocombustíveis: Biodiesel e Etanol. Caderno Setorial ETENE,


ano 7, outubro 2022, Banco do Nordeste. Disponível em:
https://www.bnb.gov.br/s482-dspace/bitstream/123456789/1441/1/2022_
CDS_248.pdf
Em 2021, o etanol e o biodiesel representaram em torno de 80% do comércio
mundial de biocombustíveis (IEA, 2021), contudo, a tendência é de que este
percentual seja reduzido, pois as perspectivas são de crescimento da demanda
por diesel renovável e biocombustível para aviação e estagnação do mercado
para biodiesel e etanol.
A demanda mundial por biocombustíveis está correlacionada à adoção de
políticas públicas como misturas obrigatórias, sistema de tributação
diferenciada e subsídios. Apesar da crescente preocupação com o uso dos
combustíveis fósseis sobre o clima, principalmente no setor de transportes, o
mundo continua fortemente dependente dessa fonte de energia.
Como resultado, um percentual crescente da produção mundial de cana-de-
açúcar e milho passou a ser utilizado para produção de etanol e um grande
volume de óleo vegetal tem sido destinado à produção de biodiesel. De acordo
com dados da (OCDE/FA0, 2021), atualmente, em torno de 60% do etanol
produzido no mundo é fabricado a partir do milho e 25% de cana-de-açúcar. O
biodiesel tem como principal fonte de matéria-prima os óleos vegetais: de colza
(20%), de soja (25%) e de palma (30%), o óleo de cozinha residual representa
20%.
A União Europeia responde por aproximadamente 32% da produção mundial
de biodiesel, tendo como principais matérias-primas óleos vegetais (soja, colza,
palma) e óleo de cozinha residual. O Bloco possui menor representatividade na
produção global de etanol, em torno de 5%, e utiliza como principais matérias-
primas a beterraba, o milho e o trigo (OCDE/FAO, 2021). Os maiores
produtores de biocombustíveis na UE são a França, a Alemanha, a Espanha e
a Holanda (IEA, 2020).
Mesmo com o aumento dos percentuais de mistura, as expectativas são de
estagnação da produção e consumo de etanol e biodiesel na UE em 2022
devido principalmente ao aumento dos custos com matéria-prima e dificuldade
de produção agrícola em decorrência da seca que afeta grande parte da
Europa. A guerra na Ucrânia está aumentando os custos de aquisição de grãos
(trigo e milho); assim, deve aumentar o uso de beterraba para produção de
etanol, pois os grãos estão sendo, prioritariamente, destinados para a
alimentação humana e para ração animal. Em 2022, a UE concedeu aos
Estados-Membros alguma flexibilidade para reduzir a proporção de mistura
para os biocombustíveis com o objetivo de liberar áreas para produção de
alimentos em detrimento da produção de matéria-prima para biocombustíveis.
Portanto, a competitividade dos biocombustíveis frente aos combustíveis
fósseis pode cair, a depender do comportamento do preço do petróleo.
De acordo com o USDA (2022a), o consumo de biocombustíveis na UE
também não deve aumentar nos próximos anos, pois a tendência é de
crescimento do uso de veículos elétricos com consequente redução no
consumo da gasolina.
Nos Estados Unidos, a política energética é baseada no Programa Padrão de
Combustíveis Renováveis (Renewable Fuel Standard - RFS) que foi
estabelecido pela Lei de Política Energética em 2005. O RFS estabelece metas
específicas de adição de biocombustíveis celulósicos, diesel de biomassa e
biocombustível avançado em volumes crescentes até 2022 (CRS, 2020). O
atual mandato para biocombustíveis no País estabelece a necessidade de
20,77 bilhões de galões (78,61 bilhões de litros) para atender ao RFS, sendo
5,77 bilhões de galões (21,84 bilhões de litros) de biocombustíveis avançados
(EPA, 2022).
O biodiesel pode ser usado em diferentes concentrações nos EUA sendo as
mais comuns B5 (até 5% biodiesel) e B20 (6% a 20% de biodiesel) (USDOE,
2021). Os EUA respondem por aproximadamente 18% da produção mundial de
biodiesel, as principais matérias-primas são óleo de soja e de cozinha residual.
O padrão de Quebec (segundo maior mercado de gasolina do Canadá e maior
mercado de diesel) exige 10% e 3% de mistura de combustíveis renováveis,
respectivamente, na gasolina e no diesel em janeiro de 2023; o regulamento
prevê ainda aumentos gradativos a partir de então, devendo chegar a 15% de
combustível renovável na gasolina e 10% no diesel em 2030. Ontário, deverá
aumentar a mistura de 10% para 15% de combustível renovável na gasolina
até 2030 (USDA, 2022b).
Na Argentina, oitavo maior produtor mundial de etanol e quinto de biodiesel, o
percentual de mistura obrigatória de etanol na gasolina é de 12%; em setembro
de 2022, diante da escassez e elevados preços do diesel, causados, entre
outros fatores, pela guerra na Ucrânia, o Governo argentino elevou o
percentual da mistura do biodiesel, de 5% para 7,5% e ao mesmo tempo
aprovou um decreto aumentando temporariamente a mistura de biodiesel para
12,5% (USDA, 2022c). O País exporta mais da metade da sua produção de
biocombustíveis, sendo o principal exportador mundial e o maior fornecedor de
biodiesel para a Europa (OCDE/FAO, 2021).
A produção de biocombustíveis na Argentina sofreu os impactos da Pandemia
em 2020, porém, após a fase mais crítica da crise sanitária, a demanda por
combustíveis voltou a se recuperar; assim, em 2021 a produção de etanol no
País foi 24,6% superior à obtida no ano anterior e para 2022, as expectativas
são de que ocorra novo incremento de 7,1%. A produção de biodiesel também
cresceu nesse período, 49% em 2021 e deverá aumentar mais 7% em 2022,
mostrando uma forte recuperação após a Pandemia (USDA, 2022c).
A Ásia deverá ultrapassar a Europa na produção de biocombustíveis em pouco
tempo, políticas internas fortes, demanda crescente por combustíveis e foco na
exportação devem impulsionar a produção. Metas de mistura para biodiesel na
Indonésia, Malásia e Índia e as políticas para impulsionar a produção de etanol
são os principais fatores apontados como responsáveis por esse crescimento
(EIA, 2021).
Brasil e Índia estabeleceram em 2022 um Centro de Excelência em Etanol,
uma inciativa de intercâmbio técnico com o objetivo de melhorar a eficiência da
produção de etanol a partir de cana-de-açúcar\melaço e elevação da mistura
de etanol na gasolina no País asiático. O acordo de cooperação energética
entre os dois países prevê ainda o desenvolvimento de tecnologias,
contemplando veículos “flex fuel”, biodiesel, etanol de segunda geração,
combustível sustentável de aviação, além do desenvolvimento de políticas de
incentivo de biogás e biometano (USDA, 2022g).

NOTICIAS:

Frente Parlamentar quer ampliar o uso do biodiesel no Brasil (Maio 2023)


Link: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2023/05/5093716-frente-
parlamentar-quer-ampliar-o-uso-do-biodiesel-no-brasil.html

Aumento da mistura obrigatória do biodiesel se alinha à transição energética


sustentável do Brasil (Maio 2023)
Link: https://comvcportal.com.br/noticia/68692/aumento-da-mistura-obrigatoria-
do-biodiesel-se-alinha-a-transicao-energetica-sustentavel-do-brasil

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