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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL LUTERANA BOM JESUS/IELUSC

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE PROCESSOS E FENÔMENOS PSICOLÓGICOS II
PROF. DR. FABIO HENRIQUE MEDEIROS BOGO
Acadêmico: Allec Batista

Elaboração de comentário sobre o filme "Meu Pai" e o processo de memória

Nas palavras de Mourão Júnior e Faria (2015, pág. 780), “chamamos de


memória a capacidade que os seres vivos têm de adquirir, armazenar e evocar
informações”. A partir desta definição, pode-se entender a memória como fator
indispensável à sobrevivência, pois utilizamos este processo mental a todo
momento, mesmo que de forma autômata, para lembrarmos de quem nós somos,
para nos guiar em meio às estradas, para nos comunicarmos uns com os outros, e
assim por diante.
Sob um ponto de vista neurológico, as informações que chegam ao cérebro
percorrem circuitos neurais que, quando ativados, promovem potenciais elétricos e
descargas neuroquímicas responsáveis por evocar as memórias, bem como as
sensações/emoções associadas, além de promover a retenção de tais informações
quando reforçados. Neste sentido, a memória ocupa um espaço atrelado não
apenas às subjetividades dos sujeitos, destacando-se, então, como um fenômeno
biológico que promove alterações na síntese de proteínas através de disparos nos
circuitos neurais (MOURÃO JÚNIOR e FARIA, 2015).
Sendo assim, para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, foi exibido
em sala de aula o filme “Meu Pai” (2020), dirigido por Florian Zeller e baseado na
peça teatral homônima escrita pelo próprio diretor. O filme é centrado na vida de
Anthony, interpretado brilhantemente por Anthony Hopkins, um idoso que lida com a
demência, e sua filha Anne, interpretada por Olivia Colman. A trama é construída
para refletir a confusão mental de Anthony, proporcionando ao espectador uma
experiência imersiva na perspectiva de alguém que enfrenta a perda de memória e
a desorientação.
Dito isto, a deterioração mental ilustrada na obra de Zeller evidencia a
importância do processo de memória para que possamos operar a vida, uma vez
que a noção de tempo-espaço também se regula pela lembrança. Para Vigotski
(1998), a memória representa a função psicológica superior, onde se incute,
também, o processo de apropriação do conhecimento historicamente acumulado
através das interações sociais e culturais. Nesta perspectiva, é possível afirmar que
a demência vivenciada pelo personagem Anthony, pouco a pouco, vai destituindo-o
de sua humanidade, o que fica claro ao percebermos que ele já havia perdido a
habilidade de distinguir os eventos realmente ocorridos da ficção que se sobrepôs à
memória.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MOURÃO JÚNIOR, Carlos Alberto; FARIA, Nicole Costa. Memória.


Psychology/Psicologia Reflexão e Crítica, n. 28, vol. 4, pág. 780-788, 2015.

VIGOTSKI, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Editora Martins Fontes,
4ª ed., 1998.

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