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UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO DE HISTORIA COM HABILIDADES EM


DOCUMENTAÇÃO

Donaldo António Bitone

Conflitos Políticos Militares Na região Centro e seus Impactos nos dias


de Hoje Caso de Distrito de Mopeia Povoado do Nzero

Quelimane

2022
Donaldo António Bitone

Projeto de Monografia a ser submetida na


faculdade de Línguas e Humanidade para a
obtenção de grau de Licenciatura em
Ensino de Historia com Habilidades em
Documentação supervisionado Por

Dr. Verde

Quelimane

2022

Índice
Capitulo I.......................................................................................................................................3
1.Introdução...................................................................................................................................3

2.Delimitação do Tema................................................................................................................. 4

2.1.Problematização...................................................................................................................... 4

2.2.Justificativa..............................................................................................................................5

3.Objetivos do Estudo................................................................................................................... 5

3.1.Geral........................................................................................................................................5

3.2.Especifico................................................................................................................................5

Capitulo II..................................................................................................................................... 6

4.Revisão da Literatura................................................................................................................. 6

4.1.Breve Contextualização...........................................................................................................6

4.2.Conflitos Armados.................................................................................................................. 7

5.Origem dos conflitos Na Região Centro de Moçambique......................................................... 8

5.1.Tensão Politica-Militar e Suas Motivações.............................................................................9

5.2.Renovação Dos Conflitos Armados...................................................................................... 10

5.3.Legitimidade Política Como Promotor de Conflitos.............................................................11

5.4.Confiança Institucional Como Promotora de Conflitos........................................................ 11

6.Acordo de paz definitiva e reconciliação nacional...................................................................12

7.Impacto do conflito e ameaças à paz e à segurança................................................................. 14

III capitulo...................................................................................................................................14

8.Metodologia............................................................................................................................. 14

8.1.Tipo de Pesquisa....................................................................................................................14

8.2.População/Universo de Pesquisa...........................................................................................15

8.4.Técnica de Recolha de dados................................................................................................ 15

9.Método de Abordagem.............................................................................................................16

9.1.Métodos de Procedimentos................................................................................................... 16

Capitulo IV..................................................................................................................................16
10.Estudo de Caso.......................................................................................................................16

Capitulo V................................................................................................................................... 17

11.Cronograma de Atividade...................................................................................................... 17

12.Orçamento.............................................................................................................................. 18

13.Referencias bibliográficas......................................................................................................19

Apêndices....................................................................................................................................21
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Capitulo I

1. Introdução
Após 16 anos de guerra civil, de 1977 a 1992, entre o Governo moçambicano liderado pelo
então partido-único, a FRELIMO, e os rebeldes anti-comunistas da Resistência Nacional
Moçambicana (RENAMO), foi assinado em Roma os Acordos Gerais de Paz, que cessaram o
conflito armado. Apesar da guerra civil ter terminado oficialmente em 1992, Moçambique tem
assistido um escalar de violência armada entre o Governo liderado pela FRELIMO e a
RENAMO.

Tomando em consideração os antecedentes eleitorais e perspectivando as eleições autárquicas


previstas para 20 de Novembro de 2013, o clima de tensão se agravou, sendo que o discurso de
retorno a guerra da Renamo ganhou mais relevo. A fixação do líder da Renamo matas de
Gorongosa, Satungira, aos 17 de Outubro de 2012, precisamente no momento em que se
discutia legislação eleitoral, aguçou o clima de instabilidade, como forma de pressionar o
governo a ceder as suas imposições relativas a lei eleitoral, dentre as quais constava a paridade
eleitoral e reposição de uma ordem política que permitisse um equilíbrio na competição
político-eleitoral.

A interdição da circulação de pessoas e bens na estrada N1, caracterizado por ataques regulares
contra civis e confrontos com as Forças de Defesa Nacional (FADM) em Muxungué, fizeram
que com a tensão, para além do carácter político e com implicações económicas e sociais,
assumisse proporções militares39. A ameaça de divisão de país e criação da República
Autónoma de Moçambique que compreendesse as regiões centro e norte afigurava-se central no
debate, causando incerteza sob a realização das eleições autárquicas agendadas para Novembro
do mesmo ano, de 2013, bem como as eleições gerais de 2014. Como forma de conter a tensão
político-militar que o país atravessava foram iniciadas negociações entre o governo e a Renamo
no Centro de Conferências Joaquim Chissano, aos 12 de Dezembro de 2012, contando com a
participação de mediadores40 nacionais que são personalidades de reconhecida idoneidade e
mérito, conforme a Renamo pressupunha como condição para o decurso das negociações.

Ora, a presente pesquisa visa compreender os efeitos dos conflitos políticos militares na região
centro, caso concreto do povoado do Nzero.
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Os conflitos politico militares na região centro e seus efeitos nos dias Atuais: Caso de
Povoado do Nzero distrito de Mopeia de 2014-2016

2. Delimitação do Tema
O presente, tema abrangerá o distrito de Mopeia precisamente no povoado do Nzero no período
compreendido entre os períodos de 2014 a 2016.

2.1.Problematização
A história de conflito armado e instabilidade violenta em Moçambique remonta a um passado
distante, Conflito político e militar em Moçambique resulta da insatisfação do maior partido
político da oposição moçambicana (a Renamo), que reclama ter mais acesso às instituições do
estado, no entanto as forças governamentais tomaram a base da RENAMO na Gorongosa. A
seguir, a RENAMO, anunciou o fim do Acordo de Paz de 1992. Depois de 21 anos de paz,
Moçambique voltou à guerra civil.

Os ataques protagonizados na região centro do pais, e instabilidades provocada por estes


conflito, que transformou vilas, povoados e a EN1 em um palco de conflito armados, não
desestabilizou apenas politica moçambicana, no seio social foi a mas afetada por estes ataques,
a Mobilidade compulsória da população em busca de Abrigos seguros, e a busca pela proteção
das suas famílias, verificou-se durante muito tempo em que a região centro precisamente na
região do Zero-Mopeia, que foi o palco dos conflitos entre a RENAMO e as Forças
Governamentais, apesar dos ataques perpetrados por Homens Armados ou Junta Militar da
RENAMO terem sido cessados, como resultado das rondas das negociações “Dialogo” entre a
RENAMO e o Governo Da FRELIMO, há ainda efeitos que se fazem sentir na região em que
foram palcos deste conflitos.

Portanto, a presente pesquisa busca intender:

Que impacto tiveram os conflitos militares no povoado do zero e que efeitos se fazem sentir
nos dias Atuais?
4

2.2.Justificativa
Volvidos 2 anos do fim de sessação de hostilidades político-militares na região centro e de
aproximadamente 5 anos no povoado do Nzero, torna-se imperioso estudar os efeitos deixados
pelos conflitos Armados perpetrados pela Renamo e a forcas governamentais em Moçambique,
a escolha deste tema deveu-se pelo facto de o tema ser de objeto de estudo, principalmente,
numa perspetiva da cadeira de Historia de Africa, sem pretensão de descurar da possibilidade
de interpretação do mesmo fenómeno através de perspetivas de outras áreas do saber, como da
sociologia, história, e entre outros os domínios do saber. Em segundo momento, deve-se pelo
facto do tema, ainda que amplamente discutido nos vários fóruns, existirem poucos estudos
sobre a tensão política e militar que incidem sobre o caso moçambicano,

meu argumento é o de que ao estudar este tema, significa repensar no dialogo como uma a
única via alternativa para o alcance da paz e a reconciliação em qualquer sociedade, significa
ainda repensar nos efeitos negativos que hostilidades politicas proporcionaram no seio social,
implica ainda repensar nos efeitos que hoje se fazem sentir nesta comunidade, pretendo ainda
com este tema abrir um Espaço possibilidades para a população deste povoado expor as suas
preocupações em relação aos conflitos e seus efeitos negativos nos dias atuais.

3. Objetivos do Estudo

3.1.Geral
 Compreender os efeitos dos conflitos armados na região do Nzero nos dias atuías

3.2.Especifico
 Descrever o inicio das Hostilidades Militares na região centro

 Analisar As Motivações da eclosão dos Conflitos

 Identificar os principais Focos de Conflitos na Povoado do Nzero

 Listar as principais consequências dos conflitos no Povoado do Nzero


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Capitulo II

4. Revisão da Literatura

4.1.Breve Contextualização
A história de conflito armado e instabilidade violenta em Moçambique remonta a um passado
distante e faz parte da herança do colonialismo. O alcance da independência em Moçambique
lancada pela FRELIMO Que culminou com à independência em 1975, ao fim de dez anos de
luta. Passados dois ou três anos, o conflito armado foi renovado mais uma vez, quando o
movimento RENAMO lançou a sua rebelião contra o novo governo, uma rebelião que durou
até 1992

Em finais dos anos oitenta, tinha ficado claro para ambas as partes que a guerra não seria
vencida militarmente, e o governo e os rebeldes sentaram-se à mesa para negociarem um fim
mediado para a guerra. Quando o Acordo Geral de Paz acabou por ser assinado, em fins de
1992, foi finalmente estabelecido um sistema multipartidário e abandonada a planificação
centralizada da economia.

Apesar disso, conceber a luta política posterior ao AGP como sendo meramente “um
movimento socialista de libertação contra uns rebeldes reacionários financiados por
estrangeiros” é claramente inadequado. Mesmo durante as negociações de paz em Roma, no
início dos anos noventa, ambos os lados se recusavam obstinadamente em reconhecer a
legitimidade do outro: a Frelimo não conseguia aceitar que um grupo de oposição pudesse
existir por direito, ou se pudesse basear num apoio popular genuíno; pelo seu lado, a RENAMO
não conseguia chegar a reconhecer o Estado moçambicano que tinha passado a ter existência
jurídica em 1975 (Della Rocca 2012).

O AGP foi assim amplamente bem-sucedido no pôr fim à guerra por um período prolongado.
Mas o AGP não preparou uma base sólida para processos que pudessem vir a constituir uma
paz positiva no seu sentido absoluto: não apenas um fim ao conflito armado, mas uma
democratização do Estado, responsabilidade e transparência política, descentralização tanto no
sentido administrativo como político, e uma vida melhor para a maioria dos cidadãos
moçambicanos.

Não tendo sido satisfeitas algumas preocupações acima citadas, entre os anos 2013 e 2014,
irrompeu a violência entre a Renamo e as autoridades governamentais, quando Afonso
6

Dhlakama liderou um grupo de homens armados da Renamo contra a principal estrada de


ligação terrestre do país, concretamente na zona Centro de Moçambique. O que se viu logo
depois é que muitos dos envolvidos recusaram-se a depor armas como sendo parte do programa
de Desarmamento, Desmobilização e reintegração (DDR) do país. Entre as razões que se
poderão apontar para esta rebelião armada terão sido as desigualdades de oportunidades
políticas e económicas.

4.2.Conflitos Armados
De acordo com o dicionário de relações internacionais (2005: 47), a palavra conflito pode
designar a ‘’rivalidade ou antagonismo entre indivíduos ou grupos de uma sociedade. O
conflito pode ter duas formas: uma, ocorre quando há um confronto de interesses entre dois ou
mais indivíduos ou grupos. A outra acontece quando há pessoas ou colectividades envolvidas
em luta directa com outras.

O Direito Internacional Humanitário (DIH) distingue entre duas categorias de conflitos


armados, a saber:

Conflitos armados internacionais, em que dois ou mais Estados se enfrentam; e Conflitos


armados não internacionais, entre forças governamentais e grupos armados não
governamentais, ou somente entre estes grupos. O DIH com base nos tratados também
estabelece uma distinção entre os conflitos armados não internacionais, na acepção do artigo 3º
comum às Convenções de Genebra de 1949, e os que se encaixam na definição prevista pelo
art.1º do Protocolo Adicional II.

O artigo 2º comum às Convenções de Genebra de 1949 estipula que:

Os conflitos armados internacionais (CAI) são aqueles em que se enfrentam as “Altas


Partes Contratantes”, que são os Estados. Um CAI ocorre quando um ou mais Estados
recorrem à força armada contra outro Estado, sem importar a intensidade do confronto.

Conflitos Armados Não Internacionais na excepção do Artigo 3º Comum


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O artigo 3º comum aplica-se a “conflito armado sem caráter internacional e que surja no
território de uma das Altas Partes Contratantes”. A definição compreende conflitos
armados nos quais haja o envolvimento de um ou mais grupos armados não
governamentais. Dependendo da situação, as hostilidades podem ocorrer entre forças
armadas governamentais e grupos armados não governamentais, ou somente entre estes
grupos.

5. Origem dos conflitos Na Região Centro de Moçambique


Na mesma lógica de raciocínio e ratificando o pensamento do cientista político Brito, o
cientista político moçambicano Salvador Forquilha reforça a ideia de que a tensão-político
militar que se viveu é reflexo de uma transição política inacabada rumo ao pluralismo político e
à construção de uma lógica democrática de relação e organização social e política, pelo menos,
ao nível dos principais atores políticos, na medida em que a Renamo continua sendo um
movimento armado e a Frelimo, um Partido-Estado reflexo da era socialista em que o Estado
era constitucionalmente subordinado aos interesses do partido e que a Frelimo se constituía
como único representante legitimo dos povo moçambicano (FORQUILHA, 2014). Ou seja:
apesar de o Acordo Geral de Paz ter permitido, ao longo dessas duas décadas, a criação de
novas instituições, bem como a realização de eleições multipartidárias, dentre outros feitos, a
Frelimo e a Renamo ainda não conseguiram, na visão de Forquilha (2014), fazer uma transição
“do movimento de guerrilha e partido-estado, respetivamente, para partidos cujo
funcionamento esteja em linha com as regras do jogo democrático”

É possível perceber o invisível limite entre o Estado e o partido no poder (em que o Estado
confunde-se com o próprio partido) em vários exemplos: na permanência de células do partido
no poder nas instituições públicas, sem que as outras representações partidárias tenham o
mesmo privilégio só para citar algumas situações. Esse limite invisível evidencia, ainda, o
caráter inacabado da transição política que se opõe, de acordo com Forquilha (2014),

Portanto, Num contexto de construção democrática e do pluralismo político, a subordinação do


Estado ao partido político no poder enfraquece os mecanismos institucionais de inclusão social
e política. Esse fato combinado com o caráter militarizado da Renamo – um caráter que é
incompatível com uma lógica democrática de relação e organização social e política – reforça o
potencial de violência política, desafiando o próprio processo de construção da paz e
estabilidade.
8

Nesse contexto, para Macamo (2014), a tensão político-militar que se viveu num passado
recente em Moçambique não foi exclusivamente uma disputa entre dois partidos políticos: é,
também, um choque entre o Estado de Direito e uma cultura política autoritária profundamente
hostil à cidadania. Hostilidade essa que se manifesta pela subordinação da cidadania às
vontades particularistas do partido no poder e do Estado, bem como por uma lógica pela qual o
partido e o Estado atuam como “intérpretes das vontades do povo”. Essa perspectiva se baseia,
segundo o autor, na “ideia gêmea de que alguém tem competência para definir os limites da
liberdade individual, ao mesmo tempo em que pode também definir os horizontes do poder
legítimo do Estado sobre os seus cidadãos” (Idem, p. 48).

Tal como afirma Macamo (2014), apesar de o partido no poder ter aceitado o fim da guerra
com a Renamo – com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma e todas suas implicações
em relação a introdução de uma democracia de relação e organização social e política lógica –,
nunca abandonou a sua concepção de liberdade (herdada da era socialista), que é em si hostil à
ideia moderna de cidadania como limite do poder legítimo do Estado na vida dos indivíduos.
Por sua vez, a Renamo não é diferente do partido no poder nesse quesito, pois também insiste
na sua luta anticomunista e pela democracia como elemento que legitima o seu direito de falar
em nome do povo. “Isso explica porque a Renamo não considera, aparentemente, útil e
oportuno reunir consensos sociais para formular as suas exigências à Frelimo. Ela não precisa
disto porque fala em nome do povo”

Isso evidencia, para o autor, uma transição democrática inacabada feita por atores políticos –
Frelimo e a Renamo – que se sentem na legitimidade histórica de governar, mandar e falar em
nome do povo: um em razão do seu papel na independência nacional; outro, do anticomunismo
e de se considerar “o pai da democracia”. É por essa razão que, de acordo com Elísio Macamo,
a crise político-militar vivida em Moçambique, a partir de 2013, é também uma crise de
cidadania e ela começa, acima de tudo, na “prerrogativa que alguns reclamaram para si próprios
de serem os intérpretes da vontade do povo” (MACAMO, 2014, p. 54).

5.1.Tensão Politica-Militar e Suas Motivações


A tensão política constitui um momento de abertura e manifestação de hostilidades entre os
actores políticos, com propensão ao colapso do executivo (Idem), podendo se manifestar pela
pressão para adoção de políticas públicas de determinada natureza em determinadas condições,
bem como de instrumentos legais que configuram o sistema político. Geralmente, a tensão
9

política é causada por questões inerentes ao próprio processo político, designadamente, o


acesso e/ou manutenção do poder, as regras eleitorais, sistema político entre outros fatores. As
tensões políticas são inevitáveis, podendo ser em maior ou menor visibilidade, e com
possibilidade de se alastrar para a dimensão social e económica.

A tensão militar, por seu turno, pode ser definida como a propensão para confrontação militar,
e manifesta-se associada a discursos de exortação à guerra, movimentação de contingentes
militares, confrontação militar – ainda que localizada –, como forma de pressionar mudanças
do status quo. A necessidade impor ou forçar a redefinição das regras do jogo político pode
estar na essência desta tensão por parte dos grupos dissidentes ou que se sentem excluídos pelo
sistema

5.2.Renovação Dos Conflitos Armados


Em 2012, Afonso Dhlakama, aparentemente frustrado com o que então via como a
intransigência do Presidente Armando Guebuza, mudou o seu quartel general para as
montanhas da Gorongosa e permaneceu lá, a liderança da RENAMO e os seus apoiantes foram
largamente excluídos do acesso ao poder político, tanto a nível nacional como local, bem como
do acesso a renda.

Em Abril de 2013, portanto, na aproximação às eleições presidenciais e legislativas de 2014, as


forças residuais da RENAMO, que nunca foram totalmente desmobilizadas (sob o pretexto de
constituírem a guarda do seu líder), decidiram “regressar à floresta” e começar uma extensa
campanha de ataques terroristas, no que foi, na verdade, uma espécie de “propaganda armada”.
Inicialmente, a RENAMO tinha duas exigências: a restruturação da Comissão Nacional de
Eleições (CNE), o que acabou por ser concedido, e uma tardia renovação do processo de
integração dos soldados da RENAMO no exército nacional numa base de igualdade, que não
foi (Darch 2016).

Os ataques continuaram mesmo depois das eleições, que foram ganhas pela Frelimo, mas com a
RENAMO a aumentar a sua percentagem de votos. Subsequentemente, a RENAMO exigiu a
verificação de seis províncias do centro e do Norte, onde reclamava ter recebido a maioria dos
votos populares nas eleições nacionais.

Ao fim de meses de confrontos, um acordo de “cessação de hostilidades” foi assinado em


Setembro de 2014 para permitir que os candidatos da RENAMO participassem na corrida às
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eleições de Outubro desse ano. As tensões voltaram a crescer depois das eleições, com a
RENAMO a acusar a Frelimo de fraude e supressão violenta da oposição, e exigindo o controle
directo de seis províncias (inicialmente como “regiões autónomas”) onde teria, alegadamente,
ganho uma pluralidade de votos populares.

5.3.Legitimidade Política Como Promotor de Conflitos


De acordo com Weffort (1988), o conceito de legitimidade política suscita uma discussão sobre
a democracia e a política, e se fundamenta a partir de quatro dimensões fulcrais que ajudam a
clarificar o conceito. A primeira dimensão remete a ideia de existência de normas, crenças e
valores que plasmam o espaço das acções e das relações sociais sempre ligadas a uma noção de
reciprocidade entre os actores. A segunda dimensão do conceito de legitimidade política não só
se restringe à dimensão social, a mesma, estende-se à classe dirigente apelando à necessidade
de reunião de consensos entre os stakeholders. A terceira dimensão remete à ideia de
reconhecimento de existência, na sociedade, de uma estrutura de poder, sendo que a ausência
da mesma pode gerar uma crise de poder. E, por fim, a quarta dimensão remete diretamente ao
tema institucional, dos regimes políticos e, em particular dos partidos políticos que dão forma à
organização do poder numa sociedade.

De acordo Tarouco (2014) a ausência da legitimidade tende a dar lugar a situações de tensão e
crises que afetam de forma significativa a consolidação do regime, isto pela possibilidade de
influenciar negativamente o engajamento dos atores no jogo político. Nesse caso, em contextos
há registos de têm níveis de apoio às instituições, os mesmos estariam propensos a criar formas
de mobilização política ou de outra natureza, até militares, para forçar mudanças institucionais
com intenção de acomodar os seus interesses. Contudo, apresentadas algumas definições de
alguns autores, o conceito de legitimidade política é aqui entendido como aceitação, adesão e
aprovação da produção ou desempenho das instituições fundamentada em consensos, valores,
crenças, atitudes, normas e opiniões que são decisivas para a sobrevivência e manutenção do
regime democrático a longo prazo.

5.4.Confiança Institucional Como Promotora de Conflitos


A confiança nas instituições tem sido objeto de estudo das ciências sociais, por ser uma
variável explicativa chave para a compreensão da dinâmica política em relação às inúmeras
interações e processos sociais e, portanto, relevante se tratando da qualidade da democracia,
11

quer nas democracias avançadas quer nas emergentes. No campo político, a confiança nas
instituições é relevante para a resolução de contenciosos da ação coletiva em como para a
estabilidade democrática e para a participação política dos cidadãos. Estes elementos impelem
à ideia de coesão política, indispensável para um bom funcionamento dos regimes.

Nestes termos, a confiança institucional explica-se em função da justificação e dos padrões de


funcionamento das instituições, ou seja, da avaliação dos actores políticos no que se refere a
confiar ou não nas instituições, muito embora essa avaliação remeta à sua performance, estando
fundamentada em um julgamento sobre a consistência e a coerência internas na aplicação de
normas instituídas.

Segundo Brito (2014), a tensão político-militar testemunha a falta de adequação das instituições
políticas existentes na garantia de uma gestão pacífica das diferenças e dos conflitos inerentes a
qualquer sociedade e seus atores políticos, ou seja: a incapacidade dos protagonistas
construírem consensualmente as regras de convivência democrática. Isso significa que, apesar
de o Acordo Geral de Paz e o processo de transição política subsequente terem introduzido
elementos de democratização na sociedade moçambicana (tais como cessação das hostilidades,
a desmobilização dos combatentes e a formação de um exército composto por elementos
provenientes das duas forças protagonistas), a Renamo e a Frelimo não foram em si suficientes
para garantir um progresso significativo na construção democrática do pais” (Idem, p. 24). A
Frelimo continua sendo um partido-Estado, reflexo da era socialista; e a Renamo, um
movimento armado.

A paz em Moçambique é, para Brito (2014), um desafio de democracia e inclusão. O caminho


da reconciliação efetiva “é, pois, um engajamento comum na construção de instituições que
podem fazer avançar a democracia no país, da inclusão política, social e econômica, assim
como a promoção de igualdades de oportunidades para todos”

6. Acordo de paz definitiva e reconciliação nacional


Para que se possa tirar as lições e ilações do processo de precariedade da paz em Moçambique
é preciso, antes de tudo, recuar não só para 4 de outubro de 1992, mas igualmente para 5 de
Setembro de 2013, data em que ficou conhecida como do dia do ‘’Acordo para a cessação das
hostilidades’’ (ACHM), assinado pelo então Presidente da República, Armando Guebuza e
então Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, como notamos acima. Este acordo, portanto,
12

era destinado para o que designamos de ‘’Paz das eleições’’ – que pode ser caracterizada por
um cenário em que se procurou alcançar a Paz de forma fugaz para que permitisse a Renamo e
o seu líder participar do processo eleitoral que se avizinhava, para viabilizar a realização das
eleições.

No entanto, mesmo com eleições na base do novo pacote eleitoral e paridade nos órgãos de
gestão e administração eleitoral a todos os níveis, o que se assistiu foi um processo titubeante,
com erros desde a falta de profissionalização dos órgãos de gestão de eleições a todos os níveis,
bem como a falta de preparo dos partidos políticos – uma desorganização generalizada de todo
o processo.

Obrigou a um novo processo negocial. Entravam, no entanto, novos actores políticos,


nomeadamente o novo Presidente da República, Filipe Nyusi, e o Presidente da Renamo,
Ossufo Momade, este último que veio a ser eleito no IV Conselho Nacional do partido Renamo
para suceder Afonso Dhlakama. A necessidade de negociação de mais um pacote de
manutenção sugere a hipótese de haver uma necessidade primária de analisar as expectativas de
cada actor envolvido e sobretudo as condições de efectivação dos acordos. Não basta só tomada
de decisões que resulte em acordos, precisa-se de criar bases para a sua implementação.

Em Agosto de 2019 foi assinado mais um acordo, dito Acordo de paz definitiva e reconciliação
nacional, visando encerrar formalmente, meses de confrontação militar entre as Forças de
Defesa e Segurança e o braço armado do principal partido da oposição, na sequência da
contestação aos resultados das eleições gerais de 2014. Este acordo possui igualmente no seu
pacote questões que envolvem o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do
braço armado da Renamo e a amnistia a pessoas que tenham cometido delitos no âmbito da
violência militar relacionada com os confrontos entre as forças governamentais e a Renamo.

Desse acordo sublinha ainda uma grande mudança do ponto de vista do xadrez político, uma
vez que foi do acordo de 2019, que pela primeira vez, o país conheceria a eleição de
governadores nas províncias. E na mesma sequência a partir de 2024 será a vez da eleição para
os administradores distritais. Todo este cenário já vinha das reclamações de Afonos Dhlakama
quando este argumentava que era preciso governar onde cada candidato ganhou as eleições, o
que chamara na altura de “governação autónoma’’. Mesma com a introdução de um modelo de
eleição de governadores, o Governo instituiu uma nova figura provincial, a de Secretário de
Estado provincial.
13

7. Impacto do conflito e ameaças à paz e à segurança


Assim como a pobreza e a falta de acesso a serviços pode resultar em conflito, o conflito, por
sua vez, funciona como um travão da redução da pobreza. A má governação e o fornecimento
de serviços de segurança inadequados criam o risco de se estabelecerem zonas “no-go” , zonas
perigosas onde o conflito e a violência prevalecem e se deixam de prestar serviços. As reacções
tradicionais ao conflito e à violência (intervenções das forças de segurança, aprisionamentos e
repressão) que não tratam das causas subjacentes desses fenómenos correm facilmente o risco
de acentuar o descontentamento, o que resulta em maior conflito ainda, podendo contribuir para
um ambiente onde todos os esforços de redução da pobreza fracassem.

De modo semelhante, a insegurança e o conflito têm um impacto negativo sobre os objectivos


de redução da pobreza descritos no Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta
(PARPA)

III capítulo

8. Metodologia

8.1.Tipo de Pesquisa
Quanto ao tipo de abordagem da pesquisa, será selecionada abordagem de natureza qualitativa
a e de natureza Exploratória. Abordagem qualitativa é utilizada com a intenção de melhor
delinear e alcançar os resultados e objetivos propostos, bem como aprofundar sobre a unidade
individual alvo. Este tipo de abordagem serve para responder questionamentos que o
pesquisador não tem muito controle sobre o fenómeno estudado (Yin, 2005). Este método é útil
quando o fenómeno a ser estudado é amplo e complexo e não pode ser estudado fora do
contexto onde ocorre naturalmente, visando intender em particular os impactos dos conflitos
políticos militares no povoado do Nzero na atualidade.

Pretendo ainda associar na presente pesquisa o método Historico que na prespectiva de


Marconi e Lakatos (2010) o método histórico consiste na investigar acontecimentos do passado
para verificar a sua influencia nas sociedades de hoje, nesta pesquisa o método histórico servira
para recorer ao passado histórico dos conflitos políticos militares ocorrido no povoado do
Nzero e que impactos se fazem sentir nos dias de Hoje
14

8.2.População/Universo de Pesquisa
A população é um grupo de indivíduos com pelo menos uma característica comum, que
interessa ao pesquisador.

Segundo Gil (1999, p. 90) Universo ou população é um conjunto definido de elementos que
possuem determinadas características; enquanto Amostra é um Subconjunto do universo ou da
população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou
população, assim, para a presente pesquisa A população ou universo de pesquisa será
constituída por 120 Famílias da Região do Nzero.

8.3.Tamanho da Amostra

O estudo visa compreender essencialmente os efeitos dos conflitos armados ocorridos no


período compreendido entre 2014 a 2016. É, pois, neste contexto que visando atingir o objetivo
geral deste estudo foi assumida uma amostra constituída 40 famílias do povoado do Nzero,
Pedreira e vila sede feitas de forma aleatória.

8.4.Técnica de Recolha de dados


Para a coleta de dados na presente pesquisa pretendo utilizar Entrevista Estruturada e
semiestruturada, portanto a entrevista estruturada sera baseada na utilização de um questionário
como instrumento de recolha de dados, oque garante que a mesma pergunta seja feita da mesma
maneira a todas as pessoas que pretendo pesquisar. Gil (1999), explica que a entrevista
desenvolve-se a partir de uma reflexão fixa de perguntas cuja a ordem e a redação permanece
invariável para todos os entrevistados que geralmente são em grande Numero. Para a a
entrevista semiestruturada que e caraterizada por ser totalmente aberta pautando pela
elexibilidade e pela busca de significados na concepção do entrevistado permite ao entrevistado
responder ao entrevistador dentro da sua estrutura de referencia (May 2004:149)

9. Método de Abordagem
Segundo Lakatos e Marconi (1995), os métodos podem ser subdivididos em métodos de
abordagem e método de procedimentos

9.1.Métodos de Procedimentos
Para a presente pesquisa fundamentara-se em Pesquisa bibliográfica e o estudo de Caso.
15

9.2.Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica, segundo Demo (2000) é desenvolvida a partir de material já


elaborado. Esse tipo de pesquisa serve para reconstruir teoria, conceitos, idéias, ideologias,
polêmicas, com o objetivo de aprimorar fundamentos teóricos. A pesquisa bibliográfica, ainda
de acordo com o autor, não requer intervenção imediata na realidade, mas desempenha papel
importante e decisivo na criação de novas condições para intervir.

Para Gil (2007), a vantagem deste tipo de pesquisa é garantir ao investigador a cobertura de
uma gama de fenômenos muito mais ampla do que daquela que poderia ser pesquisada
diretamente. No caso em estudo dos impactos dos conflitos políticos militares no povoado do
Nzero na atualidade.

Capitulo IV

10. Estudo de Caso


O Estudo de Caso pode assumir diferentes níveis de complexidade, pelo que tanto
investigadores inexperientes como experientes os realizam, devendo adequar-se a sua dimensão
à segurança do investigador. Bogdan & Biklen (1994) referem que o “estudo de caso é
adequado ao início de uma atividade de investigação, dado que se caracteriza por ser facilmente
operacionalizável relativamente a outros estudos que implicam o acesso a múltiplos locais e
sujeitos” (p. 83).
16

Capitulo V

11. Cronograma de Atividade


Atividades Cronograma

Agosto Setembro Outubro Novembr Dezembro a Maio


o Fevereiro

Desenho da proposta de X X
Pesquisa e o loca de estudo

Revisão das Literaturas X X


referente ao Problema da
Pesquisa

Digitação e organização do X
Projeto

Submissão do Projeto para a X


comissão Cientifica

Coleta de Dados no terreno X

Analise e interpretação de X X
Dados e Entrega da
Monografia Cientifica
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12. Orçamento
No Necessidade Preço Total

01 Internet 1.000,00mt 1.000,00mt

02 Transporte

03 1-Caderno, 2-Lápis e 2- 100,00mt 100,00mt


Caneta

04 Ajuda de Custo e 3.000,00mt 3.000,00mt

alimentação

05 Extra 1.000,00mt 1.000,00mt

06 Total 5.100,00mt
18

13. Referencias bibliográficas


Bogdan, R. & BIKLEN, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução à
Teoria e aos Métodos. Porto: Porto Editora.

Borges Coelho, João Paulo; Macaringue, Paulo (2002). “Da paz negativa à paz positiva: uma
perspetiva sobre o papel das forces armadas moçambicanas num contexto de segurança em
transformação”, Estudos Moçambicanos no.20.

Brito, Luís (ed.) (2017). Agora eles têm medo de nós: uma coletânea de textos sobre as revoltas
populares em Moçambique, 2008-2012. Maputo: IESE.

Brito, Luís; Chaimite, Egídio; Pereira, Crescêncio; Posse, Lúcio; Sambo, Michael; Shankland,
Alex (2015). Revoltas da fome: protestos populares em Moçambique, 2008–2012. Maputo:
IESE.

Canfora, Luciano (2006). Democracy in Europe: a history of an ideology. Oxford: Blackwell.

D. Schindler, The Different Types of Armed Conflicts According to the Geneva Conventions
and Protocols, RCADI, Vol. 163, 1979-II, p. 147.

Darch, Colin (2016). “Separatist tensions and violence in the model post-conflict state:
Mozambique since the 1990s”, Review of African Political Economy vol.41, no.148.

Darch, Colin (2018), Uma História de Sucesso que Correu Mal? O Conflito Moçambicano e o
Processo de Paz numa Perspetiva Histórica.

Eusébio. Albino José, Instabilidade político-militar, deslocamentos compulsórios e a vida


cotidiana em Moçambique: uma agenda de pesquisa, Revista de Ciências Sociais. Fortaleza,
v.49, n. 1, p.349-374, mar./jun., 2018

FORQUILHA, Salvador. Do discurso da ‘história de sucesso’ às dinâmicas políticas internas:


O desafio da transição política em Moçambique. In: DE BRITO, L. (Org.). Desafios para
Moçambique 2014. Maputo: IESE, 2014, p. 61-82.

MACAMO, Elísio. Cultura política e cidadania em Moçambique: uma relação conflituosa. In:
BRITO, L. (Org.). Desafios para Moçambique 2014. Maputo: IESE, 2014, p. 41-60

Gil, A. C. (1999). Métodos, Técnicas e Pesquisa Social, 5 a e/d, São Paulo, Atlas. Gil, A. C.
(2008). Métodos e técnica de pesquisa social. 6.ª ed. São Paulo, Atlas, p. 113
19

Marconi, M.A & Lakatos E.M. (2002). Técnicas de pesquisa; panejamento e execução de
pesquisas. Amostragens e técnicas de pesquisa. Elaboração de dados.5 edição S.Paulo. Editora
Atlas.

Apêndices
20

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