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Pós-Graduação Profissional em Administração Pública

A participação da mulher desmobilizada no desenvolvimento local em Moçambique:


Estudo de caso Gorongosa, 2014 – 2019Integração da mulher desmobilizada no
desenvolvimento local em Moçambique:Estudo de caso Gorongosa, 2012 – 2019.

Discente: Fernando Félix Supervisor: Prof. Doutor Bernardino


Bilério
Beira, 2021
Resumo...................................................................................................................................................1
1. Introdução.......................................................................................................................................2
1.1. Contextualização......................................................................................................................3
1.2. Justificação do tema/estudo.....................................................................................................4
1.3. Problemática do estudo............................................................................................................6
1.4. Objectivos do estudo................................................................................................................7
1.4.1. Objectivo geral..................................................................................................................7
1.4.2. Objectivos específicos......................................................................................................7
1.5. Interrogações problemáticas....................................................................................................7
1.6. Hipótese de investigação..........................................................................................................8
1.7. Justificação das hipóteses.........................................................................................................8
Capitulo II...............................................................................................................................................9
2. Enquadramento Teório e conceptual da pesquisa...........................................................................9
2.1. Enquadramento Teórico...........................................................................................................9
2.2. Enquadramento Conceptual da Pesquisa.................................................................................9
2.2.1. Conflito armado................................................................................................................9
2.2.2. Integração da rapariga.....................................................................................................10
2.2.3. Política de desenvolvimento...........................................................................................11
Capitulo III............................................................................................................................................12
3. Metodologia da Pesquisa..............................................................................................................12
3.1. Tipo de Pesquisa....................................................................................................................12
3.2. População-Alvo......................................................................................................................13
4. Cronograma das actividades.........................................................................................................14
5. Orçamento do projecto de pesquisa..............................................................................................14
Bibliografias.........................................................................................................................................15
Anexos

0
Resumo

Actualmente tem-se assistido na administração pública, sociedade civil e em instituições académicas a


preocupação sobre o processo do DDRo desenvolvimento, mas nunca se busca compreender aa não
aplicação da reabilitação psico-social na integração participação da mulher desmobilizada nos programas
de desenvolvimento local aplicando a reabilitação psico-social. Daí que, surgiu a ideia de pesquisar sobre
esta problemática que se espera contribuir para a existência de uma nova filosofia sobre a participação da
mulher afectada pelo pós-conflito armado no desenvolvimento local em Moçambique, cujo estudo basear-
se-á no paradigma quanti-qualitativa, privilegiando, neste contexto, a influência do conflito armado no
desenvolvimento local. O estudo em si, incidirá sobretudo na análise exploratório-descritiva para permitir
configurar uma teoria geral do fenómeno, tendo por finalidade não só compreendê-lo mas também
examinar a participação da mulher no desenvolvimento local sem descriminação política, com base os
organismos que com ela são suposto lidar. O presente trabalho procura trazer subsídios para a discussão do
caso de Gorongosa pelo longo tempo que este distrito é palco e bastião dos conflitos armados desde a
independência em Moçambique, tentando apurar em que medida a rapariga mulher sofre com esta situação.

Palavras-chave: integração Participação da mulher; desenvolvimento local e reabilitação psico-social.

Quando há integração participação de varias camadas, o processo das tensões políticas existentes ou eminentes tendem a
desaparecer!

1
1. Introdução

1.1. Tema e Delimitação do Tempo e Espaço

O presente trabalho com o tema (Participação)“A participação Integração da mulher


desmobilizada no desenvolvimento local em Moçambique: Estudo de caso Gorongosa, 2012 2014
– 2019” tem como pressuposto compreender a influência da participação da mulher desmobilizada
no desenvolvimento local em Moçambique.

Em Moçambique, a fragilidade da participação da mulher no processo de desenvolvimento está a


atingir proporções alarmantes, chegando muitas vezes a limitar envolvimento activo das mulheres
desmobilizada na produção, na preservação da própria identidade e da coesão familiar, sendo a
família o pilar mais importante que assegura a existência, manutenção e desenvolvimento do país.

Das leituras efectuadas depreende-se que a problemática da desmobilização articulada com a


questão da participação da mulher no desenvolvimento, merece servir para esta pesquisa objecto
de preocupação por afectar esferas sociais e que precisa compreender. É assim que, em matéria de
desmobilização para enquadrar no processo de participação da mulher, importa inspirar-se em
duas grandes vertentes que podem suportar a pesquisa:

 A primeira, que se baseia nos fundamentos de Srivastava (1994) ao considerar que os


desmobilizados não podem ser vistos como um conjunto específico dentro da sociedade,
dado que grande parte da população em geral atravessa os mesmos problemas vividos
pelos desmobilizados, dai, deve-se considerar que são problemas de todo o país.

 Enquanto a segunda, suporta-se pelos argumentos de Coelho e Vines (1994), defende que
os desmobilizados são um grupo especial a ser considerado, porque representam uma
variável importante na preservação de paz, para se evitar o regresso à guerra. Este autor
considera que, na prática, deve ser dada prioridade especial à população desmobilizada,
devido a ameaça potencial que representa para o processo de paz e sua reintegração, caso
não atinja níveis satisfatórios.

2
Esta ultima abordagem irá suportar o presente estudo, uma vez que os dados disponíveis mostram
que foram registrados mais de 2.307 guerrilheiros da Renamo desmobilizados dos 5.320 previstos,
o equivalente a 44% dos desarmados, destes 35 são mulheres desmobilizadas do distrito de
Gorongosa1.

Quanto ao tempo, o estudo abarca dois momentos a saber: o primeiro compreende um horizonte
temporal que se estende entre 2012 e 2014. Este período foi marcado pelo ressurgimento do
conflito na forma de tensão política e hostilidades militares – Tensão Político-Militar – que
culminou com a assinatura do Acordo de Cessação de Hostilidades, no dia 5 de Setembro de 2014.
E, o segundo momento tem horizonte temporal entre 2014 a 2019 que resultou na assinatura dos
acordos em 5 de Agosto de 2019.

Quanto ao espaço, o estudo será realizado na Província de Sofala, no Distrito de Gorongoza que
tem suas especificidades, visto que é nesta região onde a RENAMO sempre instalou a sua Base
Central. Este ponto para esta pesquisa representa uma amostra bastante importante, tendo em
conta os tipos de prejuízo perpetrados para a vida da rapariga. Para além disso, foi em Gorongosa
onde iniciaram as hostilidades militares dos dois momentos em referência.

O local foi escolhido devido ao facto de o Distrito de Gorongosa ser ciclicamente uma zona
afectada por muitos conflitos armados que ocorreram em Moçambique, deixando maior número de
mulheres desmobilizadas sem oportunidades de participar nas actividades que possam promover o
desenvolvimento local.

O estudo em proposta, considera as seguintes fronteiras temáticas, espaciais e temporais:

 Temática: O tema proposto, enquadra-se numa linhas de pesquisas estabelecidas pelo


Instituto Superior de Administração Pública, para o curso de Administração Pública, que
se compromete apenas a referir sobre a participação da mulher desmobilizada no
desenvolvimento local em Moçambique.

 Espacial: o estudo abrange as comunidades do Distrito de Gorongosa, na Província de


Sofala. A escolha deste distrito, deveu-se pela especificidade do local ser ciclicamente uma
zona afectada por conflitos armados que ocorreram em Moçambique, deixando maior

1
Comunicação à Nação do Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi. TVM, 16/12/2020.
3
número de mulheres sem oportunidades de participar nas actividades que possam
promover o desenvolvimento local e que neste distrito a RENAMO sempre instalou a sua
Base Central. Este ponto para esta pesquisa representa uma amostra bastante importante,
tendo em conta os tipos de prejuízo perpetrados para a vida das mulheres. Para além disso,
foi em Gorongosa onde iniciaram sempre as hostilidades militares e registou uma
estagnação no que concerne ao desenvolvimento.

 Temporal: o estudo em proposta, cingir-se-á num intervalo de tempo que se estende entre
2014 e 2019. Este período foi marcado pelo ressurgimento do conflito na forma de tensão
política e hostilidades militares orientados pelo líder da Renamo na sua antiga base em
Satunjira, Gorongosa, que culminou com a assinatura do acordo de cessação de
hostilidades, no dia 5 de Setembro de 2014 e iniciou-se o processo de Desmobilização,
desmilitarização e reintegração dos ex-guerrilheiros (DDR). E, em fevereiro de 2014, o
Governo e a RENAMO chegaram finalmente a um consenso. O Parlamento moçambicano
aprovou na generalidade o projeto de revisão da lei eleitoral, que deu espaço as liderança
da Renamo participar as eleições 2015, enquanto as negociações continuavam o que
resultou na assinatura de um outro acordo de cessão das incursões militares em 5 de
Agosto de 2019, onde anunciou-se de novo o processo DDR para 5.320 ex-guerrilheiros.

1.2. Contextualização

Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta armada de libertação nacional.
A FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique, que havia conduzido a luta durante 10 anos,
formou o primeiro governo, com um programa de trabalho orientado para a construção de uma
sociedade socialista, .Pélissier, (1988).

4
Opondo-se à este sistema, em 1976, surgem os primeiros indícios de desestabilização em
Moçambique, liderado pela RENAMO – Resistência Nacional de Moçambique, cujo
desenvolvimentocujo desenvolvimento atinge a forma de uma guerra civil alargada à todo o país,
sobretudo na década de 80. A desestabilização provocada por estes conflitos internos é agravada
por agressões militares que a Rodésia do sul faz à Moçambique, mais tarde transferidas para o
regime de Apartheid da África do Sul. Apenas em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz
entre a FRELIMO e a RENAMO, cessam as hostilidades e inicia-se um processo de paz e
reconciliação onde houve desmobilizados, incluindo mulheres, Pélissier, (1988).

PorémSegundo Tajú, G. (1993), passados vinte anos, o país parecia estar a viver em paz alcançado
numa maneira consensual e viável, mas banhada de imperfeição e pouca resolução pacífica porque
infelizmente os dois pPartidos políticos continuaram presos ao seu passado, dum lado a
FRELIMO com políticas marxistas e do outro as condições materiais e políticas para novos
conflitos que continuavam a existir na RENAMO por meio de rejeçãorejeição dos resultados das
eleições e ainda controlava o seu exército devidamente armado.

Para Couto, (2005) o falhanço da ONU em apoiar os procedimentos de acompanhamento para as


suas actividades de DDR contribuíram para uma lacuna no processo, e uma década decorreria
antes de o governo decidir sobre um planeamento para o DDR de maneira abrangente e global.
Quando a ONUMOZ deixou o país, Moçambique tinha um governo recentemente eleito, mas a
sua fraca capacidade pós-conflito e falta de experiência a conduzir o programa DDR.

Foi desta que depois de 1995, o processo DDR continuou incompleto, as armas permaneceram nas
mãos de alguns moçambicanos sem a reabilitação da mentalidade dos ex-guerrilheiros da
RENAMO, que não confiavam na FRELIMO e recusavam-se a entregar as armas, Coelho e Vines,
(1996).

No entanto, até 2005 não havia iniciativas claras de planos do governo ao mais alto nível com
vista à reinserção de ex-combatentes nem o acompanhamento daqueles que tinham sido já
desmobilizados. Mas em 2005 grupos de ex-combatentes começaram a pressionar o governo
devido à falta de oportunidades económicas que sentiam.

5
Mais ou menos entre 2010 – 2011, o governo definiu um enquadramento legal para apoiar a
reinserção de combatentes desmilitarizados e transformá-los numa força laboral, que acabou por
integrar aproximadamente 450 pessoas. Continua a serem necessários programas de suporte à
inserção na economia do país de ex-combatentes2.

Neste aparato militar estavam mulheres, destas algumas compunham a liderança da RENAMO
que se sentiam profundamente excluídos excluídas no acesso a renda e ao poder político de nível
nacional e local. Desta feita, em 2013, quase às eleições gerais de 2014, as forças da RENAMO,
que nunca foram totalmente desmobilizadas, decidiram retornar à cerra de Gorongosa e começar
com ataques armadas3.

Para que os candidatos da RENAMO podessempudessem estar na corrida eleitoral de Outubro de


2015, em2015, em Setembro de 2014 foi assinada a “cessação de hostilidades”, isto meses depois
de ataques armadasataques armados nas estradas, principalmente EN1, que constitui espinha
dorsal de Moçambique, tendo ocorrido um processo de desmobilização DDR com pouca
expressão.

Mas, devido a acusação de fraudes eleitorais, onde a RENAMO revendicavareivindicava algumas


províncias que teve maioria de eleitores a seu favor, as tensões político militar voltaram a
acontecer até 05 de Agosto de 2019 que se assinou mais um acordo de “cessação de hostilidades”,
ocorrendo mais uma vez, o processo de desmobilização para 5.320 homens ex-guerrilheiros da
RENAMO e neste processo, apenas já beneficiaram 57 mulheres4, que receberam bens materiais e
financeiros insignificantes para retornar as suas famílias e comunidades de origem5.

Nestes termos a situação de desmobilização da mulher em Moçambique, devia ocorrer com base a
preparação antecipada por meio de participação destas no desenvolvimento local que garantem o
equilíbrio social numa sociedade.

2
Forquilha (2011)
3
Tajú, G. (1993)
4, 4
Comunicação à Nação do Presidente da República de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi. TVM, 16/12/2020.
5

6
Esta realidade de intervenção, buscar-se-ia historicamente segundo Coelho e Vines, (1996), nas
experiências da luta de libertação nacional que terminou em 1974, onde após a independência
nacional, vários combatentes foram integrados em programas de desenvolvimento local, como é o
caso das fracassadas cooperativas de consumo, machambas estatais, entrega de tractores agrícolas,
entre outros benefícios que serviram para reabilitar psicologicamente os combatentes.

Ao analisar-se os mecanismos de participação, sobretudo as expansivas, encontrar-se-á evidências


teóricas que as mesmas se constitui como um instrumento de estabilização social, pois a provisão
de trabalho psicossocial pode influenciar na redução de preconceitos, estereótipos, estigmatização,
auto-exclusão social e descriminação individual das mulheres e estarem envolvidas no processo de
desenvolvimento local.

Com os argumentos acima, o Madeira, M. (1999) explica que o agravante, após o conflito que
terminou em 1992, não houve medidas e iniciativas sistemáticas de reabilitação para facilitar a
participação da mulher desmobilizada pós-conflito. Para além disso, no quadro da assinatura do
Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, em 2014, foi aprovado o Fundo da Paz e
Reconciliação Nacional, mas, este fundo não fez menção da proporcionalidade e equilíbrio do
género e no processo de DDR retomado em 2019 não se verificou a sua continuidade.

Este fundo, tinha como pressuposto oferecer oportunidades de geração de renda, criando o espírito
empreendedor aos moçambicanos, devidamente desmobilizados, incluindo, naturalmente, as
mulheres das forças residuais da Renamo6.

Com tudo, estas foram tentativas que se juntaram ao pacote redução do nível de pobreza pós-
conflito, que complementaram os Planos de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta – PARPA
I (2001 – 2005), PARPA II (2006 – 2010) e PARPA III (2011 – 2014) que incluíam a participação
insignificante das mulheres, mas sem dar visão claras das que participaram do conflito armado.

6
FORQUILHA, Salvador Cadete; ORRE, Aslak, 2011. Transformações sem mudanças? Os Conselhos locais e o
desafio da institucionalização democrática em Moçambique. In: BRITO, Luís de et al. (Org.). Desafios para
Moçambique. Maputo: Instituto de Estudos Sociais e Econômicos (IESE).
7
1.3. JJustificação do tema

O presente estudo baseou-se na consideração de que o desenvolvimento e a consolidação da paz


estão profundamente interligados e estes acontecem num determinado local. Ainda existem três
motivações uma de ordem pessoal, outra de ordem académica e profissional.

No entanto, a partir da experiência de trabalhar com mulheres desmobilizadas da RENAMO


durante o período que exerci a função de Secretario Permanente Distrital, era notório que o DDR
não conseguia suprir as reais necessidades das mulheres no pós-conflito, porque não houve um
programa específico que foram envolvidas capaz de abrigar suas vontades e dificuldades num
ambiente social onde estavam inseridas e que muitos pontos ainda são precários e insuficientes
para a satisfazer a vida civil das mulheres.

Durante o acompanhamento e escuta dos depoimentos das mulheres, foi possível observar que
algumas só relatavam a sua situação quando questionadas sobre a vivência comunitária ou no
momento em que se sentiam seguras para conversar sobre a participação no processo de
desenvolvimento local. Os relatos dessas mulheres, eram dados com muita insegurança e medo,
pois, algumas alegavam a falta de apoio das estruturas locais. Muitas ficavam desconfiadas, com
medo de ser percebida mal e perder confiança, por isso sujeitavam-se ao silêncio e resignação. Foi
à luz dos relatos destas mulheres que impulsionou o pesquisador realizar um estudo mais
aprofundado sobre este assunto.

Em segundo lugar, a pesquisa é motivada por um interesse académico científico, pois o tema é de
grande relevância no cenário actual, pois os casos de fraco envolvimento das mulheres no
desenvolvimento local tendem a crescer, evidenciando a presença de um problema social e de
politicas de desenvolvimento, que afecta a integridade psíquica da mulher e fragiliza as
comunidades, além de constituir uma flagrante violação dos direitos humanos, no contexto da
igualdade, equidade de género.

8
Esta motivação acresce à luz de estudos já feitos neste âmbito a nível do país, por exemplo,
Guambe (2015), BarbosaMoré e Krenkel (20184), Muendane (2012) e, Muleide (2018). Higa,
ADCA e Reis (2008) que serviram de base para este estudo, na perspectiva de aprofundar outras
dimensões desta mesma realidade, sobretudo no que diz respeito a percepção da comunidade sobre
mulher desmobilizada e as emoções que ambos experimentam vivenciar e como esta mulher
procura gerir a situação para participar no desenvolvimento da comunidade onde esta se encontra
inserida.

A relevância deste estudo consiste pela importância da manutenção da paz em Moçambique para
catapultar o desenvolvimento local por meio de exploração das potencialidades locais disponíveis
e para o crescimento da economia, assim como, no relançamento de relações socio-culturais nas
comunidades e na garantia do bem-estar das mulheres desmobilizadas.

Por isso, a convicção de que esta pesquisa é da actualidade e pode ser uma contribuição para a
sociedade ter um olhar mais cuidadoso e para que as autoridades governamentais criem e
melhorem as políticas públicas, visando reduzir o impacto de desmotivação e proporcionar um
envolvimento mais adequado às mulheres desmobilizadas, encorajou o pesquisador a fazer parte
dos estudos da matéria em causa.

O presente projecto de pesquisa pretende abordar um problema de actualidade sobre a


integração da mulher desmobilizada que participou nos conflitos armados e ficou por muito
tempo inibida a se envolver no processo de desenvolvimento local em Moçambique.

Porém, as motivações da pesquisa desta matéria cingem-se pela fragilidade da concepção de


programa de desarmamento das mentes das mulheres por meio de um trabalho de reabilitação
psicossocial como funções do Estado que consistem na provisão e prestação dos bens e
serviços sociais públicos da melhor qualidade, na alocação e redistribuição dos benefícios de
forma eficiente dos recursos, onde governo na execução das suas funções, podia garantir o
equilíbrio socio-económico para estabilização social, promoção do desenvolvimento local e
sobretudo a maximização do bem-estar das comunidades.

9
Nestes termos a situação da integração da mulher desmobilizada no desenvolvimento local em
Moçambique, devia ocorrer com base a preparação antecipada por meio de um trabalho social
prestado por profissionais que garantem a qualidade da prestação deste serviço exercido pelo
sector devidamente qualificado para o efeito.

Esta realidade de intervenção, buscar-se-ia historicamente nas experiências da luta de


libertação nacional que terminou em 1974, onde após a independência nacional, vários
combatentes a pois a entrega das armas foram integrados em vários programas de
desenvolvimento local, como é o caso das fracassadas cooperativas de consumo, machambas
estatais, entrega de tractores agrícolas, entre outras benefícios que serviram para reabilitar
psicologicamente os combatentes.

Ao analisar-se os mecanismos de integração, sobretudo as expansivas, encontrar-se-á


evidências teóricas que as mesmas se constitui como um instrumento de estabilização social,
pois a provisão de trabalho psicossocial pode influenciar a redução de preconceitos,
estereótipos, estigmatização, auto-exclusão social e descriminação individual das mulheres
estarem envolvidas no processo de desenvolvimento local.

Dai que, a escolha deste tema, deveu-se ao facto de o autor deste projecto de pesquisa ter
desempenhado a função de Secretario Permanente Distrital, onde notou existir um vasto
campo de abrangência de mecanismos que podem empoderar a mulher desmobilizada nas
comunidades e atingir-se o desenvolvimento local.

Mas isso não acontece porque, por um lado, existe falta de inclusão do pacote de reabilitação
psicossocial para facilitar a integração da mulher desmobilizada na vida socio-económica das
comunidades locais. Por outro, existência de vontade política com a abordagem da igualdade
do género aliado aos interesses políticos partidários que não chegam a beneficiar as mulher,
colocando-as sempre na situação de receptoras de conflitos armados.

Outro motivo mais candente é pelo facto de que o conflito armado iniciado em 1976 que
terminou com os acordos de Roma em 1992, os conflitos retomados em 2012 que terminou
com a assinatura de acordos de cessão das hostilidades em Agosto de 2019, todos centraram-
se nas povoações de Gorongosa, interrompendo todas actividades praticadas pelo governo

10
local, no caso de alocação de recursos que podiam garantir a integração da mulher no
desenvolvimento.

No contexto da motivação social, o tema, cinge-se no facto de a desmobilização acarretar


consequências psicológicas nefastas como rompimento do desenvolvimento local, das
relações inter-pessoas dentro da esfera familiar, assim como, a quebra dos valores e hábitos
socio-culturais da comunidade.

O agravante, após o conflito que terminou em 1992, não houve medidas e iniciativas
sistemáticas de reabilitação psicossocial para facilitar a integração da mulher desmobilizada
pós-conflito. Para além disso, no quadro da assinatura do Acordo de Cessação das
Hostilidades Militares, em 2014, foi aprovado o Fundo da Paz e Reconciliação Nacional, mas,
este fundo não fez menção da proporcionalidade e equilíbrio do género.

No contexto científico, o tema reveste-se de importância ao procurar demonstrar realidades


preocupantes que apontam para as formas da concepção do desenvolvimento local, as razões
de não integração da mulher desmobilizada nas actividades de reabilitação psicossocial, aliada
ao seu fraco empoderamento. Mas também, o estudo visa ilustrar a fraca abrangência e
percepção da reforma pública face ao desenvolvimento local no seio das lideranças
comunitárias.

Além do interesse particular, ainda no campo científico procura-se compreender a


contribuição da solução do problema, acima de tudo, está em causa a imagem e o futuro do
país. As atenções dos políticos, líderes estão viradas na consulta da sociedade civil sobre o
que fazer para dar volta ao assunto da integração da mulher desmobilizada para evitar que esta
retorne nas florestas para combater.

A experiência diz-nos que é urgente proporcionar contribuições do género para garantir a


integração da mulher desmobilizada antes que se registe um caos no desenvolvimento local no
país. As mulheres na sua maioria não escolarizadas, retornam a guerra por não encontrar
resposta positiva de integração social dentro da sua comunidade.

11
1.4. Problemática e Pergunta de Partida

1.4.1. Problema

A existências de armas espalhadas um pouco por todo o lado em Moçambique e faz com que haja
ainda tensões políticas envolvendo combatentes desmobilizados e que alguns determinantes mais
significativos de desestabilização, para além, do défice no desenvolvimento socioeconómico das
regiões.

Dai que, o problema focal para esta pesquisa consiste no aumento de casos de mulheres
desmobilizadas que não participaram eficientemente no processo de desenvolvimento local e
acabaram retornando nas matas, o que cria impactos adversos para todo o sistema da sociedade em
Moçambique. De facto há uma necessidade de explorar a questão das mulheres desmobilizadas e
ver que percepções e emoções elas tem do funcionamento do processo da participação no
desenvolvimento.

O problema central esta relacionado com os programasMas também o processo de


desmilitarização, desmobilização, reintegração e reinserção social , que para além de sertem sido
profundamente masculinizado , ele focaliza demasiadamente a componente da entrega de armas,
acompanhada coem compensação, são entregues material e financeira dinheiro ados ex-
guerrilheiros da Renamo, sem complementar a componente de preparação da mulher para
participar no desenvolvimento local. e reabilitação psico-social, ressocialização e desarmamento
de mentes das mulheres e homens armados.

Esta situação enquadra-se nas relações de género em Moçambique que são caracterizadas pela
posição subordinada das mulheres e de acordo com Costa (2013) continuam a persistir valores,
comportamentos e atitudes que revelam as relações assimétricas entre género feminino e
masculino e que resultam, em casos extremos, no uso da desproporcionalidade na atribuição dos
benefícios que possam garantir a mulher participar no desenvolvimento da comunidade e as vezes
obriga a mulher a abandonar, a viver traumatizada, insegura e vulnerável.

Notabiliza-se igualmente, que grande parte destes, principalmente as mulheres apresentam


perturbação de personalidade (angústia de culpa), pesadelos por meio de estereótipos individuais,
desordens pós-traumáticos, evitamento, irritabilidade verificado pela fraca socialização com outras

12
pessoas da comunidade, alucinações, depressão, ansiedades e ressentimentos quanto estão
andando pelas ruas. Estes problemas, muitas vezes são resolvidos por curandeiros, profetas,
ervanários, adivinhos e lideranças locais, através do uso de métodos tradicionais tais como,
“cussossera”, “cupembera”, “mandara”, “cutequemuca”, em quanto estes não possuem
ferramentas adequadas de trabalho social para o desarmamento de mentes, quer para os próprios
militares afectados, como para as comunidades traumatizadas por períodos prolongados de guerra,
violência, desumanização, destruição de propriedades individuais, uso de mulheres e raparigas
como escravas sexuais, trabalho forçado, cópula compulsiva, prática de sexo em grupo, entre
outras formas de depravação moral.

Ainda verifica-se sempre a fraca oferta participação daos ex-guerrilheiroas beneficiáriosna vida de
DDR e respectivas das comunidades, aliada a ausência um programa de reabilitação psico-social e
reinserção social orientado para o desarmamento de mentes e criação da cultura de paz, tolerância,
perdão, valorização, amor e solidariedade com o ser humano que podia galvanizar o
desenvolvimento local em todas comunidades onde estes desmobilizados vão ser integradoseste
processo foi acontecendo.

Assim como, a exclusão da mulher provocada pelo conflito armado, pode estar relacionada com o
facto desta, estar confinada maioritariamente na zona rural e chegando nas comunidades ela passa
a ter estereótipos pessoas, que dificultam o progresso da sua integração participação e
ressocialização, provocando desde modo o retorno nas matas para pegar novamente em armas.

Neste contexto, nota-se o fraco empoderamento da mulher desmobilizada, uma vez que esta é a
base do desenvolvimento local. Dai, na mente destas mulheres ressente-se da fraca recepção, uma
percepção de quem participou nos terrores durante o conflito armado e voltam a pegar em armas
por não se sentirem protegidas dentro da comunidade.

Mas também, grande parte dos gestores públicos locais não têm a comunidade como um parceiro
ou aliado da administração pública. Conforme Gaspar et. al. (1997), o processo de participação
deve buscar essa parceria. O parceiro deve ser, fazer e tomar parte do processo de
desenvolvimento a nível local. A iniciativa da parceria obriga o indivíduo empenhar-se e marcar
uma diferença qualitativa na atitude de cada actor, que passa a ter um papel no processo de
desenvolvimento local.

13
Os gestores públicos durante a desmobilização fazem a imposição de uma série de regras
informais deixando de fora a consideração de que a participação social se constrói e reconstrói por
meio do relacionamento dos órgãos locais do Estado com as comunidades, segundo o Decreto
n°15/2000, art.2º, (MAE/MADER/MPF, 2007) e no que Nunes e Sousa (2008, p.62), clarifica que
“a participação deve ser entendida como um processo em constante aprendizado que sensibiliza e
leva o individuo à identificação das necessidades de sua comunidade, à busca de soluções que
contribui com a melhoria de sua condição de vida”.

Desta forma, urge estudar a problemática de exclusão submetida a mulher para beneficiar nos
programas de desenvolvimento local. Descobertas as causas do problema certamente que com
facilidade poder-se-ia desenvolver estratégias de acção e assim contribuir na solução da
problemática em estudo.

Perante as abordagens acima, surge a seguinte pergunta de partida:

 Até que ponto a reabilitação psico-social, ressocialização da mulher desmobilizada pode


influenciar no desenvolvimento local em Moçambique?De que forma a mulher desmobilizada
pode participar no desenvolvimento local em Moçambique?

1.5. Objectivos do estudo

1.5.1. Objectivo geral

 Contribuir na integração da mulher desmobilizada no processo de reabilitação psico-social,


ressocialização para o desenvolvimento local em Moçambique.Compreender a forma como
a mulher desmobilizada pode participar no desenvolvimento local em Moçambique.

1.5.2. Objectivos específicos

 Identificar as formas de integração da mulher no processo de desenvolvimento local em


Moçambiquecausas que fragilizam a participação da mulher desmobilizada no
desenvolvimento local.

14
 Descrever as formas de participação da mulher desmobilizada no desenvolvimento
localCaracterizar o processo de desenvolvimento local em Moçambique.
 Descrever o processo de reabilitação psico-social e ressocialização.
 Propor estratégias que facilitem a participação da mulher no desenvolvimento
local.Subsidiar em estratégias que facilitem a reabilitação psico-social e ressocialização
das mulheres desmobilizadas em Moçambique.

1.6. Questões-Chave de Pesquisa


 Como as mulheres desmobilizadas percebem e vivem emocionalmente Quais são as formas
de integração da mulher no processo de desenvolvimento local em Moçambiquenas
comunidades?
 Quais são as causas que fragilizam a participação da mulher desmobilizada no processo de
desenvolvimento local?Como tem sido o processo de desenvolvimento local em
Moçambique?

 Que factores contribuem para o retorno da mulher às matas depois de desmobilizadaQue
processo de reabilitação psico-social e ressocialização podem ser viável para as mulheres
desmobilizadas em Moçambique?
 Que estratégias a sugerir que possam influenciar a participação da mulher desmobilizada
no desenvolvimento local em MoçambiqueQual é a estratégia de reabilitação psico-social
para mulheres desmobilizadas que influência no desenvolvimento local em Moçambique?

1.7. Hipóteses de investigação

Hi1: A integração participação da mulher desmobilizada no desenvolvimento local pode


constituir uma mais vália para estabilização socialo desenvolvimento socio-económico em
Moçambique.

Tipo de variável Variável


Independente A integração participação da mulher desmobilizada no desenvolvimento
local

15
Dependente Constituir uma mais vália para estabilização social o desenvolvimento
socio-económico
H2: A s percepções e emoções comunitária vividas pelas mulheres desmobilizadas
reabilitação psico-social, ressocialização da mulher desmobilizada influêenciam no
desenvolvimento local em Moçambique.

Tipo de variável Variável


Independente As percepções e emoções comunitária vividas pelas mulheres
desmobilizadasA reabilitação psico-social, ressocialização da mulher
desmobilizada
Dependente Influenciam no Ddesenvolvimento local em Moçambique

Capitulo II

16
2. Quadro Metodológico
Este capítulo apresenta os principais vectores metodológicos que irão ajudar produzir resposta às
perguntas de pesquisa, por meio de:

 métodos usados no estudo;

 os instrumentos e técnicas usadas para a colecta de dados;

 procedimentos no tratamento de dados;

 a população alvo da pesquisa e a amostra;

 as considerações éticas, limitações e lacunas possíveis ao longo da pesquisa.

2.1. Justificação da metodologia de trabalho

Num trabalho de pesquisa, segundo Rodrigues, (2007) a metodologia científica é o caminho


percorrido, isto é, onde se apresenta um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados
pela ciência em função da formulação e resolução de problema pesquisado de forma objectiva e
sistemática.

Pelo carácter do presente estudo, o pesquisador optou por O presente trabalho vai basear-se na
recolha de dados por meio de combinação de pesquisas primárias e secundárias. Onde,A pesquisa
primária é a denominação que se dá quando se vai directamente à fonte à procura da informação
desejada. O motivo principal do recurso a fontes primárias é que estas dispõem de informações
que não estão publicadas.

Contudo, o foco da obtenção da informação deve estar em factos não publicados que não sejam
considerados confidenciais pelo proprietário da informação. E, por isso, para além de ouvir
pessoas dotadas de alguma especialização ou conhecimento sobre a matéria em análise, vamos
colher declarações de autoridades governamentais locais e a sociedade civil (Baptista & Cunha,
2007)..

A pesquisa secundária é constituída de informações colhidas e divulgadas em formato impresso ou


electrónico (Baptista & Cunha, 2007). Neste tipo de pesquisa, o trabalho vai compreender as
seguintes etapas:

17
 Pesquisa bibliográfica, que constitui o acto de levantamento de dados através da leitura,
selecção e organização de tópicos sobre o tema.
 Pesquisas de informações sobre os sistema de integraparticipação no desenvolvimento em
Moçambique, utilizando as seguintes fontes: artigos publicados, jornais, revistas e
documentos do Ministério de Administração e Função Publica.

2.2. Classificação das Pesquisas

2.2.1. Forma Quanto ade abordagem do Problema

Nesta pesquisa vai-se suportar com a combinação dos métodos quanti-qualitativos. Segundo
Rodrigues, (2007) este procedimento consiste na colecta de dados do ponto de combinação do
método quantitativo e qualitativo. As duas abordagens devem ser encaradas como
complementares. O método quantitativo é uma pesquisa científica onde os resultados podem ser
quantificados. Este recorre a linguagem matemática para descrever as causas de um fenómeno, as
relações entre as variáveis (Rodrigues, 2007).

Este método tem o objectivo de garantir uma maior precisão na análise e interpretação dos
resultados, aumentando a margem de confiabilidade quanto às inferências dos resultados
encontrados (Baptista & Cunha, 2007).

Portanto, é um método caracterizado pela busca da magnitude e das causas dos fenómeno. O
método adoptado como base científica neste trabalho será a pesquisa qualitativa e caracteriza-se
como um estudo de caso de carácter exploratório, que tem como principal finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias referentes ao estudo de caso sobre integração da mulher
desmobilizada no processo de desenvolvimento local em Moçambique.

De acordo com Alves & Gewandszna (2001:84), o conceito de pesquisa qualitativa envolve cinco
características básicas que configuram este tipo de estudo: ambiente natural, dados descritivos,
preocupação com o processo, preocupação com o significado e processo de análise indutivo. No
presente estudo, a questão qualitativa será tomada em consideração no processo das entrevistas
com residentes mulheres ex-guerrilheiras da Renamo emdo Gorongosa.

18
Para Gil (1994:44), este tipo de estudo proporciona o aumento do conhecimento do pesquisador e
tem como produto final deste processo um problema mais esclarecido, passível de investigação
mediante processos mais sistematizados sobre o caso em estudo.

No que diz respeito ao propósito deste trabalho, torna-se indispensável destacar que, pelo facto de
o tema ser recente e pouco pesquisado, ele se situa no nível de pesquisa exploratória. De acordo
com Gil (1993:45), este tipo de pesquisa tem por objectivo “(...) proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses.”

Quanto à natureza

O estudo enquadra-se numa pesquisa aplicada, pois, tem como fim ultimo a geração de
conhecimentos para aplicação prática, sobretudo, no que concerne a problemas de estagnação de
processos de desenvolvimento local, considerando a conjuntura socio-económica vivida no país.

Como afirmam Ramalho & Marques, (2010), a pesquisa aplicada visa adquirir ou gerar novos
conhecimentos, novos processos, para a solução imediata de problemas determinados e
específicos, com objetivo prático. A pesquisa aplicada operacionaliza as ideias.

2.2.2. Quanto aos Objectivos


Para esta pesquisa irá suportar-se com pesquisa explicativa.

S Segundo Lakatos & Marconi (2001:51), este tipo de pesquisa visa estabelecer relações de causa-
efeito por meio da manipulação directa das variáveis relativas ao objecto de estudo, buscando
identificar as causas do fenómeno.

Enquanto Gil (1999:23), refere que a pesquisa explicativa tem como objectivo básico a
identificação dos factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de um fenómeno.
É o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, pois tenta explicar a razão e
as relações de causa e efeito dos fenómenos.

2.2.3. Quanto aos Procedimentos Técnicos


Este terá sua base de investigação para obtenção de bons resultados o eEstudo de cCaso.

19
O estudo de caso, Cconforme caracterizado por Gil (1993:31), é o estudo profundo e exaustivo de
um ou de poucos objectos, de forma que possibilite amplo e detalhado conhecimento do mesmo.

2.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dado


2.3.1. Pesquisa Documental
A pesquisa documental, segundo Gil (1999:32), é muito semelhante à pesquisa bibliográfica. A
diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes: enquanto a bibliográfica se utiliza
fundamentalmente das contribuições de diversos autores, a documental vale-se de materiais que
não receberam, ainda, um tratamento analítico, podendo ser reelaboradas de acordo com os
objectos da pesquisa. A pesquisa documental versouportara sobre com os decretos, leis e
relatórios.

2.3.2. Pesquisa Bibliográfica

Segundo Lakatos e Marconi (2001:183), a pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já


tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. e, sua finalidade é
colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto.

i.

2.3.3. 3.3. Técnicas de Colecta de Dados


2.3.4. 3.3.1. de Eentrevista

Para o efeito, a recolha de dados será feita aplicando entrevistas que nos possibilitarão a
formulação de questões abertas e fechadas, através de um contacto directo entre entrevistador e
entrevistado, antecedido de um pedido de autorização aos inquiridos. Dencker (1998:137) explica
que: “A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com grau de estruturação
previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informação de pesquisa”.

Para garantir representação proporcional do universo dos entrevistados vamos utilizar a


amostragem aleatória estratificada que consiste em identificar subgrupos significativos (estratos),
calcular o peso relativo de cada estrato na população e utilizar, em cada um dos estratos, um
20
procedimento de amostragem aleatória simples para escolher (na mesma proporção em que estão
representados na população) os elementos de cada estrato que irão integrar a amostra.

2.3.5. Tecnica de inquérito

Conforme Gil (1999), o inquérito como técnica de investigação tem por objectivo colher opiniões,
crenças, sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas, mediante menor ou maior
número de questões apresentadas por escrito às pessoas.

Para o presente projecto de estudo, esta técnica consistirá numa série de questões dirigidas a
amostra de pesquisa, das quais serão respondidas por escrito, assegurando-se a confidencialidade e
a diminuição do risco de contaminação pela COVID-19 meio as medidas de isolamento social
decretas pelo estado moçambicano, pois, essa técnica dispensa a presença do pesquisador no
mesmo espaço com os pesquisados no momento de resposta ao questionário.

Por isso, na visão de Lima (1971), o inquérito por questionário só deve ser utilizado quando a
informação pretendida não puder ser mais rigorosamente e menos dispendiosa e obtida por outros
meios: informação directamente obtida junto de entidades competentes, análise documental
(arquivos públicos, publicações administrativas, estatísticas disponíveis, imprensa, literatura,
documentos privados, bibliografia, objectos técnicos e culturais, desenhos, fotografias, filmes,
gravações e outros registos, relatórios de inquéritos ou estudos), outras fontes de dados.

Com recurso a essa técnica de pesquisa, obter-se-á informações relacionadas ao processo de


desmobilização, desenvolvimento local em Moçambique, os factores que interferem para a
estagnação do processo de desenvolvimento local.

Os questionários serão aplicados aos participantes de forma individual e será entregue a cada um
dando-se um prazo para as respostas e posterior devolução. Para a efectivação desta técnica, usar-
se-á como instrumento de colecta de dados os roteiros de inquérito.

2.3.6. Observação Directa

Segundo Cervo & Bervian citado por Creswell (2007) “observar é aplicar atentamente os
sentidos físicos a um amplo objecto, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso”. Com
esta técnica foi possível observar in look o local em estudo. Assim utilizar-se-ia a observação

21
como um instrumento de colecta de dados para obter informações sob determinados aspectos da
realidade sobre A participação da Mulher no desenvolvimento local em Moçambique.

2.4. Universo e Amostra População e Amostra

2.5. População

Segundo Lakatos e Marconi (1992), universo em uma pesquisa, corresponde ao conjunto de seres
animados ou não que possuam pelo menos uma característica comum, dos quais se pretende
realizar-se um determinado estudo De acordo com Lakatos e Marconi (2010:190), a população é
definida como o conjunto de pessoas que apresentam pelo menos uma característica em comum.
Para o presente trabalho a população se enquadra como sendo os residentes do Distrito de
Gorongosa.

Para Silva e Menezes (2005) afirmam que o universo como totalidade de indivíduos que tem as
mesmas características conduzidas para um determinado tipo de estudo, isto é, o universo faz
menção do grupo maior, que, no entanto, comunica as mesmas ideias e vive num espaço
determinado com o mesmo tipo de cultura.

Como forma de adquirir informação consistente, propomo-nos a inquirir todos , como população-alvo,
aso univers88888o de 57 mulheres desmobilizadas no Distrito de Gorongosa, na Província de Sofala,
em Moçambique que viveram a situação de conflito armado nos anos (1992-2019). O tipo de estudo
proposto vai ser aplicado num universo populacional de 40 mulheres desmobilizadas.

2.6. Processamento, análise e Interpretação de dados

No acto de processamento, análise e interpretação, os dados a serem colhidos através das técnicas
previamente estabelecidas serão quantificados e agrupados em categorias, e posteriormente farse-á um
cruzamento destes por meio de instrumentos adequados, resultando deste modo, diversos modelos de
gráficos e tabelas ilustrativas conforme cada situação, que nos permitirão fazer a análise, interpretação
e tirar possíveis conclusões do estudo de forma quanti-qualitativa.

2.6.1. Tratamento ético dos dados de pesquisa

22
No processo de recolha de dados para a pesquisa em proposta, tanto através das tecnicas acima,
assegura-se aos sujeitos da pesquisa o direito de recusar-se a responder as perguntas que ocasionem
constrangimentos de qualquer natureza, e a estes serão previamente disponibilizados os roteiros de
inquéritos e entrevistas a serem utilizados, como forma de tornar estes instrumentos mais adequados
eticamente e menos invasivos a privacidade do indíviduo.

Garante-se que os possíveis sujeitos de pesquisa receberão uma adequada descrição e esclarecimento
dos riscos, desconfortos ou benefícios trazidos por esta proposta de pesquisa.

Assegura-se de igual modo, a privacidade e protecção da imagem dos sujeitos envolvidos por esta
pesquisa, pois, não se utilizará as informações colhidas em prejuízo das pessoas e/ou do universo
abrangido, inclusive em termos de autoestima, prestigio e/ou económico-financeiro. E principalmente,
assevera-se a confidencialidade dos dados a serem colhidos para esta pesquisa, pois em nenhuma
situação ou momento serão divulgados nomes, idades, género, dentre outras informações que possam
perigar a vida dos sujeitos envolvidos de forma particularizado, optando-se por se codificar todos
sujeitos de pesquisa envolvidos, como forma de manter o anonimato.

Os dados são destinados apenas e exclusivamente para fins académicos e os resultados da pesquisa
serão publicados em fórum próprio, obedecendo as normas éticas de publicação de trabalhos
científicos.

3. Cronograma das actividades


DatasMeses
Etapas
AbrilInicio MaioFim Junho Julho
Preparação da bibliografia específica à
pesquisaPlanificação
Elaboração do projecto de pesquisa Recolha de
dados
Entrega do projecto Lançamento dos dados
Trabalho de campo Análise de dados
Elaboração do relatório de pesquisa Redacção
de Relatório
Pré-Defesa (Qualificação) Revisão do Relatório
Apresentação do relatório de pesquisa (defesa)
Submissão do Relatório (1ª versão)
Incorporação de Correcções
Submissão do Relatório (2ª versão)
Incorporação de Correcções

23
Pré-Defesa (Qualificação)

Defesa

4. Orçamento do projecto de pesquisa


Tarefa Valor Unit. Valor Total
Descrição
específicaQuantidades

Compra de bloco de 3Gravação de dados 80,00Mts8.000,


8.000,00MT
notaGravador digital obtidos através de 00MT
entrevistas, recolha de
narrativas.
Aquisição de canetas 31 Tonner para 25,00Mts6.000, 6.000,00MT
Consumíveis Informáticos Impressora 00MT
Aquisição de resma A4 22 Flashs de 4 GB 600,00Mts1.200 2.400,00MT
,00MT
Impressão de questionários 702 resmas de papel A4 2,500Mts500,00 1.000,00MT
MT
Uso de internet Material Livros 1.000,00Mts10. 10.000,00MT
Bibliográfico 000,00MT
Fotocópias Fotocópias 3.000,00MT 3.000,00MT
Transporte 10 dias 4 viagens de ida 1.000,00MT 4.000,00MT
e volta para Gorongosa.
Perdiem Alojamento e 2.000,00MT 20.000,00MT
Alimentação durante 10
dias em viagens para
Gorongosa.
Tarefeiro7 Subsidio para 10 dias 200,00MT 2.000,00MT
Total 56.400,00MT

7
Tarefeiro – pessoa que vai ajudar na recolha de dados.
24
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