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ISMU

INSTITUTO SUPERIOR MUTASA


DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

Cadeira: Temas Transversais


3º Ano Turma - A

Tema: Educação para igualdade de género

Docente:
Msc. Lourenço Isaías Changua

Discentes:
Delfina José Fernando

Chimoio, Março de 2024


ISMU

INSTITUTO SUPERIOR MUTASA


DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

Cadeira: Temas Transversais

Tema: Educação para igualdade de género

Docente:
Msc. Lourenço Isaías Changua

Realizadores:
Delfina José Fernando

LICENCIATURA EM
ENSINO DE GEOGRAFIA COM HABILIDADES EM GESTÃO
AMBIENTAL

Chimoio, Março de 2024


Índice
Introdução ................................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos .................................................................................................................... 2

1.1.1. Geral ..................................................................................................................... 2

1.1. Metodologia ................................................................................................................. 2

1. Educação .......................................................................................................................... 3

1.1. Igualdade de Género ........................................................................................................ 4

1.2. Desigualdades de Género ................................................................................................ 4

1.3. Quais as origens e causas da desigualdade de gênero? ................................................... 5

1.4. Relação entra educação igualdade de género, desigualdade de género, sexo ................. 6

1.5. Factores da problemática da igualdade de género ........................................................... 9

2. Papel da educação, do currículo e do docente para igualdade de género ...................... 10

3. Atitudes que devem ser tomadas pelos governos para que se alcance da igualdade de género.
13

4. Moçambique tem desenvolvido acções para que a igualdade de género seja uma realidade.14

Capitulo III: Conclusão ............................................................................................................ 17

Referências bibliográficas ........................................................................................................ 18


Introdução

Os indicadores de desenvolvimento humano mostram a existência de um fosso significativo entre


os sexos em Moçambique. Consequentemente, um estudo das relações de género deve frisar
repetidamente a privação relativa das mulheres em relação aos homens. Este perfil enfatizadados
que ilustram a posição relativa dos homens e das mulheres em vez de tentar captar e analisar as
relações de género em todo o país. Uma discussão pormenorizada das relações de género para cada
área temática iria requerer dados extensivos e uma bibliografi a sociológica/antropológica sobre a
construção e a dinâmica das relações de poder entre os homens e as mulheres em relação a esse
aspecto específi co da vida pública e privada. Actualmente muito se debate sobre democracia e
cidadania a fim de destacar atitudes socioculturais concretas para o bem comum dentro das
perspectivas de ensino e aprendizagem. Sendo assim, as práticas pedagógicas exigem professores
preparados para trabalhar as problemáticas ocorrentes na sociedade.

O presente trabalho enquadra – se no âmbito para a tomada de consciência para todos no âmbito
da igualdade do género. A partir das múltiplas funções desempenhadas pela escola surge a
necessidade de incluir os temas transversais ao currículo escolar que passa a adotar a democracia
fundamentada nas inovações educacionais que se apresentam como possibilidade de emancipação
do indivíduo. (GOMES et.al. 2012).

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1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender no que consiste a educação para a igualdade de género;
1.1.2. Específicos
 Definir o conceito de igualdade de género;

 Destacar a importância da educação para a igualdade de género.

1.1. Metodologia

Este trabalho baseou-se unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas


publicadas com o objectivo de recolher informações ou conhecimentos sobre diversos conteúdos
relacionados com o estudo da cadeira de temas Transversais.

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1. Educação

As definições de educação, dadas por diversos autores, embora possam parecer diferentes,
geralmente têm muitos pontos em comum, especialmente colocam o indivíduo como sujeito no
centro da actividade e caracterizam a educação como um processo de influência sobre as pessoas
que conduz a sua transformação e as capacita para interagir com o meio.

A educação é a ação que desenvolvemos sobre as pessoas que formam a sociedade, com o fim de
capacitá-las de maneira integral, consciente, eficiente e eficaz, que lhes permita formar um valor
dos conteúdos adquiridos, significando-os em vínculo directo com seu quotidiano, para actuar
consequentemente a partir do processo educativo assimilado.

Atendendo às necessidades sociais que a educação e a escola devem satisfazer dentro deste
processo, podemos dizer que o professorado tem um importante papel, educa através da instrução,
em cada matéria ou disciplina e no conjunto das ações da escola. Um professor-educador deve
compreender que uma pessoa instruída não é necessariamente uma pessoa educada.

No seu sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes e valores de
uma comunidade são transferidos de uma geração para a geração seguinte

De acordo com o filósofo teórico da área da pedagogia René Hubert, a educação é um conjunto de
ações e influências exercidas voluntariamente por um ser humano em outro, normalmente de um
adulto em um jovem. Essas ações pretendem alcançar um determinado propósito no indivíduo para
que ele possa desempenhar alguma função nos contextos sociais, econômicos, culturais e políticos
de uma sociedade.

No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas,


intelectuais e morais do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio
grupo. A educação não se limita apenas a normais morais e intelectuais, mas também pode estar
relacionada com o aspecto físico, como é o caso da educação física.

No mundo actual, a educação torna-se cada vez mais um importante instrumento de socialização e
não apenas de simples transmissão de conhecimento. Vivemos em um momento crítico e de
profunda atenção em relação a temas como a intolerância, violência e inclusão. A principal
finalidade da Educação hoje, tendo em vista uma sociedade globalizada e democrática como a

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nossa, deve ser justamente a de manter essa democracia e cada vez mais trabalhar no sentido da
socialização do educando, tendo como princípio a compreensão do outro, o respeito as diversas
culturas e o conhecimento de saberes que possibilitem uma perspectiva de melhor qualidade de
vida, sobretudo mais humana.

1.1.Igualdade de Género

A igualdade entre os géneros refere-se à igualdade de direitos, responsabilidades e oportunidades


entre meninas, meninos, mulheres e homens. A igualdade não significa que as mulheres e os
homens se tornarão iguais, mas que os direitos, as responsabilidades e as oportunidades das
mulheres e dos homens não dependerão do facto de terem nascido homens ou mulheres.

De acordo com ONU, a igualdade de género implica que os interesses, as necessidades e as


prioridades das mulheres e dos homens sejam considerados, reconhecendo a diversidade dos
diferentes grupos de mulheres e homens. A igualdade entre homens e mulheres não é uma questão
exclusiva das mulheres, mas deve preocupar e envolver plenamente tanto os homens como as
mulheres. A igualdade entre mulheres e homens é vista como uma questão de direitos humanos e
como uma condição prévia e um indicador de um desenvolvimento sustentável e centrado nas
pessoas.

Além de ser um direito humano básico, a igualdade entre os sexos foi considerada um dos pilares
para a construção de uma sociedade livre, o que é crucial para acelerar o desenvolvimento
sustentável. Empoderar mulheres e meninas tem um efeito multiplicador e colabora com o
crescimento econômico e o progresso.

É importante lembrar, quando falamos sobre igualdade de gênero, que na maioria das sociedades
pelo mundo são as mulheres que precisam de políticas para conseguirem alcançar o mesmo patamar
dos homens. De acordo com dados levantados pela ONU Mulheres, pessoas do sexo feminino
ganham menos que as do sexo masculino e estão mais sujeitas a ter empregos de baixa qualidade.

1.2.Desigualdades de Género

Nos últimos anos, a desigualdade de gênero tem se tornado um assunto recorrente. A luta por um
mundo em que homens e mulheres sejam livres para fazer suas escolhas, usufruindo das mesmas
responsabilidades, direitos e oportunidades, intensificou-se em meados do século XX,
impulsionada, principalmente, pelo movimento feminista.
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A desigualdade de gênero ocorre quando há privilégio de um gênero em detrimento de outro, ou
outros. Historicamente, os direitos e vontades do homem se sobrepuseram aos das mulheres e
pessoas não-binárias. Na origem desta desigualdade entre homens e mulheres, que se verifica ainda
na nossa sociedade, está o sistema patriarcal.

A explicação do contínuo domínio masculino através do sistema patriarcal é criticada pela teoria
evolucionista, com base na hipotética existência de um matriarcado primitivo, onde as mulheres
teriam tido o poder e o domínio das sociedades. Apesar de nunca provado e de residir em grande
parte no domínio da mitologia, é um facto que, mesmo “... nas sociedades matrilineares, a posse da
terra, a transmissão de bens, os poderes políticos (poderes locais ou políticos mais alargados)
pertencem aos homens.” (Héritier, 1998, p. 201).

Segundo Giddens, (2000, p. 139) “A desigualdade de género refere-se às diferenças de estatuto,


poder e prestígio entre mulheres e homens em vários contextos. Os funcionalistas, ao explicarem
a desigualdade de género, sublinham que as diferenças de género e a divisão sexual do trabalho
contribuem para a estabilidade e a integração social. As abordagens feministas rejeitam a ideia de
a desigualdade de género ser, de alguma forma, natural”.

Essa diferença está enraizada em nossa sociedade sob a forma do machismo, muito em função de
uma cultura patriarcal ultrapassada. Isso porque a estrutura familiar e as relações sociais antigas
colocava o gênero masculino no lugar mais elevado da pirâmide social.

Os homens trabalhavam fora, tomavam as decisões e impunham suas vontades às suas esposas e
filhos. Entretanto, desde crianças, também foram ensinadas a diferenciar as pessoas pelo gênero, o
que reforça o preceito de que é preciso rotular a pessoas e, consequentemente, prejulgá-las.

1.3.Quais as origens e causas da desigualdade de gênero?

É necessário reforçar que o gênero, determinado pelos cromossomos em nossa genética, não é um
parâmetro para definir nossos direitos e deveres nas relações sociais. No entanto, historicamente,
as mulheres receberam um papel de submissão na pirâmide social. Enquanto os homens
trabalhavam fora, tinham direitos políticos e podiam estudar, as mulheres cuidavam da casa e dos
filhos. A superioridade financeira masculina potencializava a dependência da mulher e limitava o
seu poder de escolha. Além disso, a percepção colectiva de que essa formação social está errada
demanda muitos factores, tornando o processo lento.

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Além disso, a falta de representatividade, evidenciada pela predominância de símbolos culturais
masculinos — grandes pensadores, figuras históricas e até seres mitológicos que são
predominantemente homens —, dificultam essa mudança na percepção da sociedade. Logo,
superioridade econômica e questões culturais são factores que contribuem para a desigualdade de
gênero.

1.4.Relação entra educação igualdade de género, desigualdade de género, sexo e educação


para igualdade do género

A educação enquanto veículo destes ideais e meio para a criação de uma nova sociedade forte e
progressista é organizada por forma a permitir o acesso de todos ao sistema de ensino. A escola
passa a ocupar um papel fundamental na socialização das novas gerações, substituindo as
instituições tradicionais e assume uma crescente importância enquanto meio de unificação social.

Assim, desde cedo se verificou que a escola que assegura a socialização das novas gerações, é
igualmente um factor de divisão, ao avaliar os indivíduos sem ter em conta as suas diferenças, e de
selecção social com base na escolarização que enquadra socialmente o indivíduo. Mas, segundo a
ideologia do dom, a sociedade proporciona todas as condições para que a socialização através da
escola abarque todos os cidadãos. A importância da educação escolar na expansão da cidadania
social, como um direito que permite a expansão do ser humano nas suas potencialidades, como um
pré-requisito da liberdade civil, como uma forma de integração mais próxima, por fornecer mais
oportunidades e mais igualitária no contexto do estado-nação (Araújo, 2005, p. 3).

As diferenças de género não são determinadas biologicamente, mas geradas culturalmente”


(Giddens, 2001:110). Convencionou--se então, em Sociologia, utilizar o termo sexo para designar
as diferenças anatómicas e biológicas que distinguem o corpo masculino e feminino e o termo
género para designar as diferenças psicológicas, sociais e culturais entre os indivíduos do sexo
masculino e os do sexo feminino.

Afinal, após quase um século de investigação sobre o papel do determinismo biológico nos padrões
de comportamento associados ao feminino e ao masculino, não há qualquer evidência que associe
as forças biológicas aos padrões de comportamento social dos dois sexos. “As teorias que vêem os
indivíduos a agir de acordo com uma espécie de predisposição inata descuram o papel vital da
interacção social na formação do comportamento humano.” (Giddens, 2001, p. 110).
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A Igualdade entre mulheres e homens é uma questão de direitos humanos e uma condição de
justiça social, sendo igualmente um requisito necessário e fundamental para a igualdade, o
desenvolvimento e a paz. A Igualdade de Género exige que, numa sociedade, homens e mulheres
gozem das mesmas oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações em todas as áreas. Devem
beneficiar das mesmas condições:

 No acesso à educação;
 Nas oportunidades no trabalho e na carreira profissional;
 No acesso à saúde;
 No acesso ao poder e influência.

A educação é um transmissor de códigos de gênero, sendo uma instância socializadora que


reproduz e produz hierarquias, papéis e estereótipos que sustentam construções e relações de
gênero desiguais entre homens e mulheres. Os sistemas educacionais "dependem das sociedades
em que existem, ao mesmo tempo que as criam" (UNESCO, 2020) e neles reside seu potencial
transformador e também sua problemática. Uma mudança nos sistemas educacionais poderia ter
um impacto significativo na superação das desigualdades de gênero e na erradicação das violências
e da discriminação contra as pessoas por motivos de gênero. Reconhecer esta dupla face é
fundamental para enfrentar os desafios deste século na América Latina, favorecendo o caminho
para a igualdade de gênero e a não discriminação através da educação.

Entre esses desafios, as evidências globais revelam as dificuldades desmedidas que meninas e
mulheres enfrentam no exercício de seu direito à educação, ocasionadas por diversos fatores:
barreiras de acesso, aprofundadas pela pobreza e as crises econômicas; estereótipos de gênero nos
planos de estudos, livros didáticos e processos pedagógicos; violência contra meninas e mulheres
dentro e fora da escola; e barreiras estruturais e ideológicas param fazer parte de disciplinas
acadêmicas ou de formação profissional dominadas pelos homens (Nações Unidas, 2017).

No eixo educação e gênero, é possível identificar vários elementos que compõem as estruturas
normativas em nível internacional e nacional, em relação a instrumentos e acordos sobre gênero e
direitos humanos das mulheres que integram questões educacionais e, ao mesmo tempo, com
estruturas sobre educação que integram questões de gênero. As estruturas normativas e a agenda
internacional são apresentadas abaixo, seguidas das estruturas normativas nacionais, identificando
os desenvolvimentos para cada um dos países.
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Gomes (2012, p. 78), afirma que a crescente integração da perspectiva de igualdade de gênero
nos documentos de planejamento nacionais é um aspecto que se destaca por sua importância na
promoção da relação entre educação e gênero para as políticas e planos, com um horizonte temporal
de mais longo prazo, o que permite orientar as ações sectoriais (tanto no sector educacional quanto
no sector de gênero, igualdade ou diversidade dentro dos Estados). Por sua vez, as políticas e
programas específicos do sector educacional também incorporam temas de gênero. Neste sentido,
foram identificadas iniciativas em vários países da região, tais como programas de formação,
planos específicos ou estratégias para promover a igualdade de gênero na educação ou para atender
casos de violência de gênero através de protocolos de ação.

Entre os desafios para os países da região, é necessário ir além das barreiras de acesso,
enfatizando a igualdade de gênero nas trajectórias educacionais. Por um lado, embora haja uma
alta participação das mulheres na educação primária, secundária e terciária, é preciso reconhecer a
diversidade a partir de uma perspectiva interseccional, já que as mulheres indígenas, as
diversidades sexo-genéricas, com deficiências e em situação de migração continuam sendo mais
propensas a serem excluídas dos sistemas educacionais, exacerbando sua situação de exclusão em
virtude do gênero e de outras categorias sociais.

Os problemas de convivência escolar incluem as violências de gênero e as práticas sexistas e


discriminatórias, razão pela qual é necessário orientar as políticas para abordagens curriculares,
formação docente e metodologias de ensino que integrem uma perspectiva de gênero nos aspectos
mais substantivos do exercício educacional. Não se trata apenas de reconhecer o número de pessoas
envolvidas, mas na experiência educacional das pessoas enquanto produtoras e reprodutoras das
construções de gênero.

De acordo com Heritier (1995, p. 44) A igualdade de gênero e a não discriminação pode ser
incorporadas no setor educacional como princípio orientador, em currículos e materiais
educacionais, como parte dos processos de sensibilização e capacitação em gênero e inclusão, ou
em estratégias e intervenções com perspectiva de gênero. No entanto, deve deixar de ser um
elemento contextual para ser colocada no centro das políticas educacionais, tendo como propósito
transformar as relações desiguais de gênero, suas hierarquias e formas de discriminação, com base
na justiça educacional.

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1.5.Factores que fizeram com que os estados se preocupassem com a problemática da
igualdade de género
A pauta da igualdade de gênero e da diversidade está em alta, e esse é um assunto que deve
preocupar o Estado. Não se trata apenas do que é politicamente correto, ou de se adoptar um selo
de responsabilidade social. Vários estudos comprovam que a igualdade entre gêneros nas empresas
traz inúmeros benefícios. Antes de entender como o investimento em equidade pode aumentar as
chances de sucesso de um negócio e diminuir seus riscos jurídicos, é preciso entender como ainda
se configura nosso atual cenário empresarial e corporativo.
Apesar da presença feminina no mercado de trabalho hoje já ser practicamente equiparada à
masculina, ainda existe grande desigualdade quando o assunto é a ocupação de cargos de liderança.

Pessoas diferentes pensam diferente e possuem vivências distintas, o que contribui para visões
diferenciadas na tomada de decisões. Pesquisas apontam que a presença de mulheres na liderança
contribui para soluções mais eficientes de problemas, já que elas são capazes de trazer perspectivas
de acordo com suas experiências, que diferem das masculinas. O mesmo pode se dizer de grupos
com etnia, raça e orientação sexual plurais.

O Estado tem vindo a inserir no currículo as disciplinas como a Sociologia, a Antropologia, a


Psicanálise e a Psicologia Social, no século XXI, aliado ao desenvolvimento dos movimentos
feministas de luta pela emancipação das mulheres, que tentavam explicar a desigualdade social
existente entre os dois sexos, foi fundamental para trazer alguma luz a esta questão.

De facto, “As diferenças de género não são determinadas biologicamente, mas geradas
culturalmente” (Giddens, 2001 p. 110). Convencionou-se então, em Sociologia, utilizar o termo
sexo para designar as diferenças anatómicas e biológicas que distinguem o corpo masculino e
feminino e o termo género para designar as diferenças psicológicas, sociais e culturais entre os
indivíduos do sexo masculino e os do sexo feminino.

Afinal, após quase um século de investigação sobre o papel do determinismo biológico nos padrões
de comportamento associados ao feminino e ao masculino, não há qualquer evidência que associe
as forças biológicas aos padrões de comportamento social dos dois sexos. “As teorias que vêem os

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indivíduos a agir de acordo com uma espécie de predisposição inata descuram o papel vital da
interacção social na formação do comportamento humano.” (Giddens, 2001, p. 110).

Conforme Araujo (2005, p. 98), A igualdade também impacta na retenção de talentos, já que
trabalhadores tendem priorizar ambientes inclusivos e capazes de valorizar o potencial de seus
diversos funcionários. A diversidade, por isso, aumenta a criatividade, enriquece as perspectivas
da empresa e resulta em inovação e productividade. As Mulheres são consumidoras, e querem se
sentir representadas pelos produtos e marcas que compram. E isso não se resume a produtos
“tipicamente femininos”, mas se evidencia no mercado como um todo. E para se conectar com o
público consumidor, nada mais importante do que ter representatividade dentro da própria equipe
gestora.
Atitudes discriminatórias são mais propensas em ambientes desiguais e podem gerar a
responsabilização das empresas nas esferas cível, trabalhista e até criminal. Podemos citar, como
exemplos, a diferenciação salarial, a imposição de barreiras para a promoção de mulheres e o
assédio sexual (Nunes, 2000, p. 90).
Com mais mulheres nos cargos de liderança, mais políticas voltadas para público feminino dentro
da empresa tendem a ser adotadas, reduzindo a responsabilidade da companhia por possíveis danos
às suas funcionárias e trabalhadoras. E sempre vale lembrar: quanto maior o risco jurídico, maior
o prejuízo financeiro.

2. Papel da educação, do currículo e do docente para igualdade de género

A educação é o principal motor para acelerar a promoção da igualdade de género, apelando a que
as novas gerações tenham respeito pelos direitos humanos. A Educação para a Igualdade de
Género, visa a promoção da igualdade de direitos e deveres das alunas e dos alunos, através de uma
educação livre de preconceitos e de estereótipos de género, de forma a garantir as mesmas
oportunidades educativas e opções profissionais e sociais. Este processo configura-se a partir de
uma progressiva tomada de consciência da realidade vivida por alunas e alunos, tendo em conta a
sua evolução histórica, na perspetiva de uma alteração de atitudes e comportamentos(Carlos, 1997,
p. 89).
No nosso sistema educativo, e decorrente da reorganização curricular, define-se currículo como
um “conjunto de aprendizagens e competências a desenvolver pelos alunos ao longo do ensino

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básico, de acordo com os objectivos consagrados na Lei de Bases do Sistema Educativo para este
nível de Ensino, expresso em orientações aprovadas pelo Ministério da Educação, tomando por
referência os desenhos curriculares anexos ao presente decreto-lei” (art.º 2.º do Decreto-Lei: 6/2001
de 18 Janeiro).
O currículo Moçambicano foi integrado a cadeiras sociais que abordam assunto inerentes a
saúde e género. É relevante dizer ainda que, segundo Nunes e Silva (2000, p. 33) “a postura
assumida diante da sexualidade varia muito de acordo com a sociedade, sua cultura, seu contexto
histórico e ideológico”. Dessa forma, ressaltamos a importância do professor em abandonar
posturas conservadoras acerca deste assunto e procurar mudar suas atitudes diante da expressão da
sexualidade porque, com base nas pesquisas, que os mesmos autores fizeram, mostra que muitos
ainda apontam a dificuldade em lidar com a sexualidade infantil devido à própria dificuldade
pessoal do docente em compreender a sexualidade humana e, por isso, é necessário que o (a)
professor (a) reflita sobre sua prática, assumindo seu papel de crítico ao modelo
repressivos/permissivo para que se possa construir uma sexualidade humanizada, lúdica e erótica
o que só é possível mediante uma relação de afeto e confiança. Além do que, é necessário que o
(a) professor (a) tenha em mente que ele (a) não vai ensinar a sexualidade.

Quando se propõe um modelo ideal de escola que se combata o sexismo diariamente nas práticas
diárias que concernem à reformulação do sistema, e até mesmo nas intervenções nas relações entre
os discentes, não podemos deixar de abordar sobre a importância do Docente que se assume
enquanto progressista nesse processo.

Segundo Castiano (1993, p. 77) Inúmeros são os desafios já apontados entre estudiosos, sobre
as dificuldades que os docentes enfrentam pra iniciar e dar prosseguimento ao projeto de GDE
(Gênero e Diversidade na Escola), a ausência de formação, da formação continuada e a não inclusão
da temática de gênero e diversidade na grade do curso de Pedagogia, das demais licenciaturas e na
matriz curricular do curso normal são alguns dos obstáculos. Estamos certos de que incorporar o
debate de Gênero e Diversidade na formação de professores que trabalham com crianças e jovens
é o caminho mais consistente e promissor para um mundo sem intolerância, mais plural e
democrático.

Entretanto, pouco se aborda a respeito da formação da consciência docente de modo a se


desconstruir e reconhecer a devida importância do trabalho com a temática gênero e diversidade,

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antes de qualquer proposta de ação que venha intervir nas visões estereotipadas dentro da
Instituição escolar, o docente progressista, deve repensar sua ação, sua práxis pedagógica, com o
objetivo de buscar primeiramente a sua libertação total de todo e qualquer preconceito,
compreender que dentro da função social que a escola está comprometida ele desempenha um papel
de extrema relevância na libertação dos homens, no contexto da reflexão, pela compreensão de ser
no mundo, com o mundo e para o mundo, buscando a formação cidadã de seus alunos e por fim as
injustiças, as desigualdades pelo constante busca da equidade.

Paulo Freire na sua obra Pedagogia da Autonomia discursa sobre a importância da responsabilidade
ética docente, e afirma que nenhum educador pode escapar à rigorosidade ética, e que essa mesma
ética deve condenar o cinismo, e quaisquer atitudes discriminatórias:

A ética de que falo é a que se sabe afrontada na manifestação


discriminatória de raça, de gênero e de classe. É por esta ética
inseparável a prática educativa, não importa se trabalhamos com
crianças, jovens ou com adultos, que devemos lutar. E a melhor maneira
de por ela lutar é vivê-la em nossa prática, é testemunhá-la, vivaz, aos
educandos em nossas relações com eles (FREIRE,1996, p.16)

De acordo com Freire, devemos ensinar os educandos a pensar certo, isso significa que devemos
fazer e viver enquanto dele se fala com força de testemunho. Pensar certo implica a existência de
sujeitos que pensam mediados por objetos ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos
e afirma,e quem pensa certo rejeita toda forma de discriminação:

Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer


forma de discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de
gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a
democracia. Quão longe dela nos achamos quando vivemos a
impunidade dos que matam meninos nas ruas, dos que assassinam
camponeses que lutam por seus direitos,dos que discriminam negros,dos
que inferiorizam as mulheres. (FREIRE,1996 p.36)

FREIRE (1996) aponta que mulheres e homens se tornaram educáveis na medida em que se
reconheceram inacabados,que não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis,mas a

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consciência de sua inconclusão é que gerou educabilidade. Portanto, ao desenvolver a temática de
gênero e diversidade, o educador deve despertar nesse aluno a consciência de inacabamento, o
desejo em se desconstruir de todo e qualquer preconceito, para propiciá-lo a educabilidade. Para o
educador os sujeitos que aprendem e crescem na diferença, sobretudo no respeito a ela, que tem a
consciência de seu inacabamento, tornam-se radicalmente éticos.

Neste cenário cabe alertar o educador que se assume progressista, democrático de não ferir a ética
que lhe é exigida, não podendo adotar uma prática reacionária, autoritária, elitista, ou discriminar
o aluno em nome de nenhum motivo, tão pouco manter a falsa neutralidade, a posição que o docente
ocupa exige uma definição,uma tomada de decisão.

De acordo com Getter (1995, p. 66) a forma, o que se espera do docente, é que ele auxilie a
construção de um mundo mais igualitário entre homens e mulheres, é um exercício diário, que pode
se materializar em pequenos gestos, como se atentar em não reproduzir discursos e atitudes
segregacionistas,não contribuir com a invisibilidade feminina, não estimular a rivalidade e
competição entre os sexos, intervir nos conflitos de cunho discriminatório, se posicionar contra
todas as formas de injustiça e discriminação, propiciar momentos de reflexão e a busca do educando
pela sua condição de inacabamento, defender veemente o cumprimento dos direitos e deveres dos
alunos, desenvolverem projetos coletivos, interdisciplinares que favoreçam a análise dos papéis
sociais atribuídos aos sexos, e romper com fundamentos científicos que discriminam a mulher,
principalmente no que tange ao sistema capitalista patriarcal.

3. Atitudes e ou comportamento devem tomadas pelos governos e por outros actores


singulares (organizações não governamentais) para que se alcance a desejada
igualdade de género.

A Constituição de Moçambique consagra a igualdade de direitos para homens e mulheres. O Estado


Moçambicano aderiu à Convenção das Nações Unidas para a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Contra Mulheres (CEDAW). Adoptou a Plataforma de Acção de Beijing e ainda as
declarações relativas à Igualdade de Género e Promoção do Estatuto das Mulheres, a nível do
Continente e da Região, respectivamente na União Africana e na SADC. O compromisso
estratégico centra-se nos cinco domínios prioritários seguintes:

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 Aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho e a independência
económica tanto dos homens como das mulheres
 Reduzir as disparidades de género em termos salariais, de rendimentos e de pensões e
combater, assim, a pobreza entre as mulheres
 Promover a igualdade entre homens e mulheres no processo de tomada de decisões
 Combater a violência com base no género e proteger e apoiar as vítimas
 Promover a igualdade de género e os direitos das mulheres em todo o mundo
Além de definir objectivos em cada um destes domínios prioritários e de identificar mais de 30
ações concretas, o compromisso estratégico reafirma o empenho na integração da perspetiva de
género em todas as políticas europeias, bem como nos programas de financiamento da UE.

4. Moçambique como estado não tem desenvolvido acções para que a igualdade de
género seja uma realidade.
Não é verdade. A instituição do Governo que tem actualmente o mandato de promover a igualdade
de género é o Ministério da Mulher e da Acção Social. Historicamente, a função de promover a
igualdade de género tem sido atribuída a diferentes instituições, começando com um Secretariado
Nacional para a Acção Social no Ministério da Saúde.
Em 1995 esta função foi atribuída ao então recém-criado Ministério de Coordenação da Acção
Social, em particular ao Departamento da Mulher na Direcção Nacional da Acção Social. No ano
2000 o Ministério foi transformado no Ministério da Mulher e Coordenação da Acção Social, tendo
resultado na criação de uma Direcção Nacional da Mulher separada. Em 2005 o Ministério foi
transformado em Ministério da Mulher e da Acção Social, continuando a Direção Nacional da
Mulher a existir dentro do MMAS.

Notamos que os centros de formação do pessoal docente as exigências tem orientado para que haja
equilíbrio no recrutamento de formandos assi, como nos serviços militar sempre há uma tendência
de olha na área género. Os cargos de chefia ultimamente no nosso país são tomados por mulheres
incentivando assim elas para que adquiram competências básicas para exercerem quaisquer
actividades que lhes sejam confiadas.
A Direcção Nacional da Mulher é responsável pela definição e promoção de diversos programas
concebidos para prestar apoio material bem como para empoderar as mulheres. Embora a DNM

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implemente algumas actividades, a sua função primária é manter ligações com outros parceiros
activos neste campo e coordenar intervenções sensíveis ao género. Este papel da DNM é
reproduzido ao nível provincial através das Direcções Provinciais do Ministério.
A DNM é composta por dois departamentos, nomeadamente o Departamento da Mulher e Família
e o Departamento de Género e Desenvolvimento. Desde 1999 a DNM tem sido em grande medida
financiada através do Programa de Capacitação Institucional em Género encabeçado pelo UNFPA
e pelo UNIFEM. Este programa fornece apoio para alguns aspectos operacionais da DNM,
assistência técnica de longo prazo e várias formações. O programa é executado tanto ao nível
central como numa província, a Zambézia.
Actualmente, a ação do Governo, que tem tido apoio de parceiros, incide sobretudo na promoção
de igualdade de direitos e de oportunidades entre mulheres e homens", frisou o estadista
moçambicano, assinalando "progressos significativos" do país em garantir o acesso das mulheres
à educação e saúde.
De acordo com o documento da O Fundo de População das Nações Unidas o organismo da ONU
responsável por questões populacionaisno que aborda sobre igualdade de género e empoderamento
da mulher em moçambique refere que Apesar dos esforços, a maior parte da população analfabeta
do país é constituída por mulheres, acrescentando que o grupo, que é a maioria da população
moçambicana, chefia mais de dois milhões de agregados familiares.
A campanha "Nós Somos Iguais" é liderada pela Organização das Primeiras Damas Africanas para
o Desenvolvimento (OPDAD), que reúne ainda parceiros e aliados, para promover a igualdade de
género "e colmatar a disparidade de género em todo o continente.

5. O planejamento familiar consiste em um conjunto de ações criadas com o intuito de orientar


mulheres e homens quanto a métodos contraceptivos, prevenção de gravidez não desejada e
direito de escolha de ter filhos ou não. Para casais que desejam ser pais, o planejamento familiar
orienta sobre a importância da organização antes da chegada dos filhos.
O apoio do serviço de saúde e o acompanhamento da equipe médica são peças fundamentais para
o planejamento familiar, pois promovem o acesso à informação sobre os métodos mais eficazes e
seguros de acordo com o histórico do paciente.

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Além de contribuir por meio da orientação para que o casal tenha sua vivência da sexualidade com
segurança e saúde, o foco de entender o que é planejamento familiar é também sinônimo de bem-
estar físico e mental de mulheres e homens.
Assim sendo tratando se de uma proposta o senhor Mutota Johane não tem nenhuma legitimidade
em devolver a esposa e exigir devolução o valor de lobolo não só porque já tem 5 filhos mas porque
olhando para a nossas sociedades ultimamente a vida d um casal não se resume em fazer filhos,
pois ter mais filhos acarreta custos. Um casal que já tem 5 filho está a falar de um casal que
aproxima a terceira idade. Ultimamente as leis permitem que uma mulher faca por próprio o
planeamento familiar sem o consentimento do cônjuge mas a esposa do senhor Mutota Johane teve
o respeito de propor ao seu marido a adesão do planeamento familiar devido a uma razão
previamente identificada.
Portanto o senhor Mutota deveria sentar com a esua esposa conversar sobre o assunto e se calhar
aderir olhando para as imensas vantagens da realização do planeamento familiar

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Capitulo III: Conclusão

A desigualdade está intimamente relacionada à discriminação de gênero, que opera com base em
preconceitos e estereótipos. Tem origem em construções sociais e culturais que reforçam as
relações de dominação/subordinação, e se reproduzem na vida cotidiana, anulando o
reconhecimento ou o exercício dos direitos humanos. A discriminação implica uma prática
caracterizada pela expressão sistemática de menosprezo e invisibilidade do papel das mulheres,
suas contribuições e demandas, e também das dissidências sexuais e diversidades sexo-genéricas.

Como meio privilegiado de socialização, a escola tem como missão promover a igualdade de oportunidades
e educar para os valores do pluralismo e da igualdade entre homens e mulheres. Urge, desenvolver um
esforço para a eliminação da discriminação em função do género e, consequentemente, de relações de
intimidade marcadas pela desigualdade e pela violência, constituindo-se parte essencial da educação para
os direitos humanos, para o respeito pelos direitos e pelas liberdades individuais na perspetiva da construção
de uma cidadania para todos.

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Referências bibliográficas

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