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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

GABRIEL VIEIRA CAETANO

FICHAMENTO

DRAMATURGIA DE EUGENIO BARBA

UBERLÂNDIA

2024
Resumo

O texto Dramaturgia de Eugenio Barba, presente no livro: A arte Secreta do ator, traz
para os leitores uma visão bem ampla sobre o tema dramaturgia. Esse capítulo fala sobre
vários tópicos para compreender esse assunto como: aborda o significado da palavra texto,
mostra a diferença entre a dramaturgia de representação e interpretar um texto, explica sobre o
polo de concatenação e simultaneidade, argumenta sobre o equilíbrio e a importância de cada
um deles e fala sobre o entrelaçamento das ações. Além disso, acaba trazendo para os leitores
questionamentos, novas concepções e noções da dialética por meio da concatenação e o
entrelaçamento por meio da simultaneidade das naturezas complementares.

De acordo com Barba (1983, p.69):

Numa representação, as ações (isto é, tudo que tem haver com a dramaturgia) não
são somente aquilo que é dito e feito, mas também os sons, as luzes e as mudanças
no espaço. Num nível mais elevado de organização, as ações são episódios da
história ou as diferentes facetas de uma situação, os espaços de tempo entre dois
clímax do espetáculo, entre duas mudanças do espaço ou mesmo a evolução da
contagem musical, a mudança da luz e as variações do ritmo e intensidade que um
fator desenvolve seguindo certos temas físicos precisos (maneiras de andar, manejar
bastões, usar maquiagem ou figurino)

“Tudo que trabalha diretamente com a atenção do espectador em sua compreensão,


suas emoções, cinestesia, é uma ação” (Barba, 1983, p.69).

Já nesse primeiro momento, o livro me fez questionamentos internos, os quais eu


nunca tinha parado pra pensar, no sentido em relação ao que são as ações, que pessoalmente
tenho uma visão vinda do livro “A preparação do ator”, de Stanislavski, 1936. No meu
conhecimento eu estava muito preso ao pensar em ações somente sobre o personagem,
ignorando a luz, variações de ritmo, mudanças do espaço e tudo que trabalha diretamente com
a atenção do espectador.

De acordo com Barba (1983, p.69):

Quando uma representação é baseada num texto composto de palavras, há o perigo


de que o equilíbrio na representação seja perdido por causa do predomínio das
relações lineares (a trama como concatenação). Isso prejudicará a trama,
compreendida como o tecer das ações simultâneas presentes.
“O espectador não tende a atribuir um valor significativo ao entretenimento de ações e
comportamentos simultâneos, em oposição ao que ocorre na vida cotidiana” (Barba, 1983,
p.69)

Essa frase me deu uma girada de chave na minha cabeça, isso porque é realmente o
que acontece na vida, sempre há inúmeras ações que estão acontecendo ao mesmo tempo e
nós temos que nos relacionar e lidar com todas de uma vez.

“Quanto mais o diretor entrelaça os diferentes fios de acordo com sua própria lógica,
mais o significado do espetáculo parecerá surpreendente, motivado e inesperado, até mesmo
para o próprio diretor” (Barba, 1983, p.70).

Quando li esse trecho eu fiz uma conexão com a primeira parte dita nesse capítulo
sobre a palavra “texto” significar “tecendo junto”, ou seja, quanto mais o diretor tecer as
ações, mais o espetáculo ficará surpreendente.

“Como ocorre com a atenção do ator, a atenção do espectador deve ser capaz de viver
em um espaço tridimensional, governado por uma dialética própria, equivalente a dialética
que governa a vida.” (Barba, 1983, p.70).

Quando li esta parte senti que era um toque pessoal para mim. Devido ao fato de,
pessoalmente, eu não gosto de espetáculos contemporâneos e que trabalham muito com a
simultaneidade. Mas, ao ler esse trecho eu percebi que é igual beber vinho, nós precisamos ir
acostumando o nosso paladar aos poucos, e isso é um paralelo com obras teatrais que
trabalham nesse viés, aos poucos treinando a atenção para ter um melhor compreendimento da
obra.

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