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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE

ADRIANA LIMA
LUANA VIANA MOURA

COMPREENDENDO OS TRANSTORNOS MENTAIS PRESENTES EM PRESIDIOS


Metodologia Cientifica

Governador Valadares – MG
2020
ADRIANA LIMA
LUANA VIANA MOURA

COMPREENDENDO OS TRANSTORNOS MENTAIS PRESENTES EM PRESIDIOS

Trabalho acadêmico apresentado no


curso de graduação de psicologia a
Universidade Vale do Rio Doce.

Orientador (a): Suelem Almeida.

Governador Valadares – MG
2020
RESUMO

O descaso do poder publico para com o sistema prisional brasileiro é nítido tendo
em vista a falta de verbas publicas para a estrutura dos presídios. Com a precária
estrutura prisional o individuo carcerário tende a se submeter a transtornos mentais,
o fato de que ele não pode ter uma liberdade já é um massivo problema, que pode
ser dos mais variados. Por isso o sistema prisional necessita possibilitar ao preso
toda a assistência para a sua recolocação na sociedade. Assim a ajuda dos
profissionais da saúde, é de extrema importância para que com essa ajuda
especializada o individuo tenha possibilidade de desenvolver uma reabilitação da
saúde mental, para que este possa ser reabilitado ao corpo social com o possível
abandono da atividade criminal e a melhora da própria saúde mental.

Palavras-chave: Transtornos Mentais. Saúde. Psicologia. Presidio.

SUMMARY

The neglect of public power towards the Brazilian prison system is clear in view of
the lack of public funds for the structure of prisons. With the precarious prison
structure the prisoner tends to submit to mental disorders, the fact that he can not
have a freedom is already a massive problem, which can be of the most varied. That
is why the prison system needs to provide the prisoner with all the assistance they
need to be put back into society. Thus the help of health professionals is extremely
important so that with this specialized help the individual has the possibility to
develop a rehabilitation of mental health, so that it can be rehabilitated to the social
body with the possible abandonment of the criminal activity and the improvement of
the own mental health.

Keywords: Mental Disorders. Health. Psychology. Jail.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................5

TRANSTORNOS MENTAIS EM PRESIDIOS..............................................................5

Os Transtornos Mentais...............................................................................................5

Condições atuais dos presídios....................................................................................7

Os transtornos mentais nos presos..............................................................................9

CONCLUSÃO............................................................................................................10

REFERÊNCIAS..........................................................................................................10
5

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como questão central compreender os transtornos mentais


em presídios, nesse sentido levantando-se o questionamento das causas e
consequências que tem provocado os transtornos mentais nos presídios brasileiros
no século XXI.

Na primeira parte desse artigo serão conceituados os transtornos mentais


mostrando seu histórico, em seguida será descrita as condições atuais dos presídios
em relação ao atendimento das necessidades básicas dos presos e enfim salientar
os problemas psicológicos e físicos presentes nos presidiários, suas causas e
consequências.

Esse trabalho foi construído com bases em artigos científicos, estatísticas


governamentais e livros acadêmicos, todos captados no Scielo, Google Acadêmico,
sites governamentais e reportagens jornalísticas.

TRANSTORNOS MENTAIS EM PRESIDIOS

Os Transtornos Mentais

Os transtornos mentais são uma disfunção da atividade cerebral que podem afetar o
humor, o comportamento, o raciocínio, a forma de aprendizado e maneira de se
comunicar de um indivíduo. Podem abranger qualquer pessoa e em qualquer idade
e, geralmente, são provocados por complexas alterações do sistema nervoso
central.

Na Antiguidade grega, a loucura tinha um caráter mitológico que se misturava à


normalidade, o “louco” era uma espécie de ponte com o oculto. Na Idade Media
havia o estereotipo de que a loucura estaria ligada ao pecado, bastava um
transtorno fora do normal aceitável que o individuo era taxado de endemoniado. No
Renascimento a loucura sai do mundo das forças naturais ou divinas e se torna a
falta da razão, a lógica era simples: quem pensa chega à razão, e a razão leva à
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virtude. Já o “louco”, desprovido de razão, cai no vício. Torna-se a falta de controle,


o perigo.

No século XIX o médico francês Philippe Pinel transformou a loucura de uma


questão de ordem social para uma questão médica. Agora, a ciência a veria como
uma doença que deve ser curada, daí foi surgindo a psicanalise, a psicologia e a
psiquiatria. No século XX surgiu a era da psicofarmacologia com o desenvolvimento
de sedativos para acalmar pessoas com quadros psicóticos e estimulantes para
“levantar” depressivos.

Já no século XXI há o estudo do genoma e o mapeamento dos circuitos neurais: o


mapeamento do cérebro tem revelado quais as áreas envolvidas em cada tipo de
transtorno e estudos também identificam genes que podem causar o mau
funcionamento de circuitos neurais.

As causas para os transtornos mentais não são especificas e variam muito de


pessoa para pessoa, mas como estudos mostram à genética é um grande fator para
esses transtornos, porem não é só a genética que é uma causa ‘geral, também
existem questões que podem desencadear um distúrbio mental, como luto,
traumas ou umas situações de estresse intenso. Além disso, a baixa qualidade de
vida de uma pessoa e o abuso de drogas também podem ser agravantes.

Alguns principais transtornos mentais na população são:

 Ansiedade: os transtornos de ansiedade são caracterizados por


uma sensação de desconforto, tensão, medo ou mau
pressentimento, que são muito desagradáveis e costumam ser
provocados pela antecipação de um perigo ou algo
desconhecido. As formas mais comuns de ansiedade são a
ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e as fobias, e
são muito prejudiciais tanto por afetar a vida social e
emocional da pessoa, como por provocar sintomas
desconfortáveis, como palpitação, suor frio, tremores, falta de
ar, sensação de sufocamento, formigamentos ou calafrios, por
exemplo.

 Depressão: é definida como o estado de humor deprimido que persiste por


mais de duas semanas, com tristeza e perda do interesse ou do prazer nas
atividades, podendo ser acompanhada de sinais e sintomas como
irritabilidade, insônia ou excesso de sono, apatia, emagrecimento ou ganho
de peso, falta de energia ou dificuldade para se concentrar, por exemplo.
 Esquizofrenia: uma síndrome que provoca distúrbios da linguagem,
pensamento, percepção, atividade social, afeto e vontade. Alguns dos sinais e
sintomas mais comuns são alucinações, alterações do comportamento,
delírios, pensamento desorganizado, alterações do movimento ou afeto
superficial, por exemplo.
 Transtorno bipolar: é a doença psiquiátrica que provoca oscilações
imprevisíveis no humor, variando entre depressão, que consiste em tristeza e
desânimo, e mania, impulsividade e característica excessivamente
extrovertida.
 Transtorno obsessivo-compulsivo: este transtorno provoca pensamentos
obsessivos e compulsivos que prejudicam a atividade diária da pessoa, como
exagero em limpeza, obsessão por lavar as mãos, necessidade de simetria
ou impulsividade por acumular objetos, por exemplo.

O diagnóstico de um transtorno mental é feito por profissionais especializados em


saúde mental: psicólogos, psiquiatras ou psicanalistas. Dependendo da gravidade
do caso, é necessário encaminhar o paciente para médicos especialistas em
determinados tipos de transtorno, ou mesmo recorrer à internação.

Condições atuais dos presídios

A Lei de Execução Penal n° 7.210/1984³ garante ao preso e ao internado a devida


assistência e outras garantias legais. Mas como vemos a realidade não é nada do
que se prevê na lei. As prisões deveriam ser estabelecimentos em que condenados
fossem penalizados e ao mesmo tempo recuperados para o convívio em
sociedade.

Mas o ambiente prisional brasileiro é degradante e desumano ao preso pela


superlotação, ausência de assistência medica precariedade na alimentação, falta de
higiene desencadeando várias doenças e sem nenhum tipo de trabalho ou atividade
para ocupar o tempo ócio, esses fatores são empecilhos para a realocação do
individuo preso para a sociedade.

Segundo o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) a taxa de superlotação


dos presídios brasileiros é de 175,82%, nos 1.456 estabelecimentos penais no país,
o Brasil tem hoje mais de 700 mil presos em regime fechado, enquanto nos
presídios a capacidade é de 415 mil. Faltam quase 300 mil vagas. Em um ano, a
população carcerária de novos internos cresceu num ritmo maior que o da criação
de vagas, com a superlotação tem a dificuldade de separação dos presos com alta
periculosidade dos que cometeram crimes mais leves assim dando um grande
espaço para o aumento da criminalidade.

Em decorrência a saúde também não se mostra nada boa, segundo dados de 2012,
do Sistema de Informações Penitenciárias (Infopen), do Ministério da Justiça apenas
6,5% de 1.478 estabelecimentos prisionais possuem módulos de saúde. Os detentos
não têm acesso a camisinhas, estratégia de prevenção fundamental para qualquer
população, especialmente para a carcerária, uma vez que as doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), como Aids e hepatite B, estão no rol das mais prevalentes
nas prisões.

Ainda na Lei de Execução Penal prevê, “o estabelecimento penal, conforme sua


natureza, deverá contar m suas dependências com áreas e serviços destinados a
dar assistência, educação, trabalho, recreação e pratica esportiva”, porem na
realidade nas celas existe muita violência dentro das próprias celas, sem trabalho,
sem estudo, vivendo em condições subumanas. Este tempo ociosos o qual faz parte
do cotidiano das penitenciárias poderia ser utilizado de forma a oferecer ao
condenado condições para o retorno à sociedade através da educação, trabalho e
regras de convívio harmonioso dentro da mesma.

Portanto a realidade do preso não condiz com o que se é previsto na lei, ferindo
seus direitos e privando o preso de seus deveres, mostra-se que a dignidade do

preso é violada e que o Estado que é o responsável pela integridade física e moral
do preso não está cumprindo seu papel.

Os transtornos mentais nos presos

As prisões brasileiras são marcadas por um conjunto de carências de natureza


estrutural e processual que afetam de forma direta os resultados produzidos em
relação à pretendida ressocialização dos reclusos e à sua saúde. Estudos mostram
que aspectos como ócio, superlotação, pouca quantidade de profissionais dedicados
à saúde, ao serviço social e à educação, além de arquitetura precária e ambiente
insalubre, alimentam o estigma e atuam como potencializadores de diferentes
iniquidades e enfermidades.

A prevalência de transtornos mentais graves entre os encarcerados é de 5 a 10


vezes maior do que na população geral, segundo estudo do Departamento de
Psiquiatra da UNIFESP. A privação da liberdade pode ser considerada por si só um
fator estressante, e as limitações estruturais das penitenciárias dificultam o
tratamento de transtornos com a falta de avaliação adequada da situação médica do
preso.

Mesmo com os avanços legais em termos de atenção à saúde da população


prisional, a integralidade das ações e serviços de saúde é ainda um grande desafio.
Apesar da política de saúde do sistema prisional estar oficialmente integrada no
SUS e, portanto, ser embasada nos princípios de universalidade e integralidade,
bem como objetivar a atenção integral à saúde, na realidade parecem existir dois
sistemas de saúde paralelos, que não interagem entre si.
Sintomas depressivos entre pessoas presas é tema frequentemente investigado.
Refere-se ao humor persistentemente deprimido, à perda de interesse e alegria e
reduzida energia, que levam ao aumento da fadiga e à atividade diminuída.

O estresse é um problema de saúde mental que se encontra associado a diversos


outros transtornos físicos e mentais, dentre eles a depressão. A vivência de estresse
no ambiente prisional - agudo ou prolongado - é especialmente relacionada a

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sintomas depressivos, sendo mais comum entre os novos presos e estando


relacionado ao maior risco de suicídio na prisão.

Logo a necessidade de um maior investimento no sistema prisional, no sentido de


ampliar e qualificar os serviços de saúde mental, com o intuito de fornecer a essa
parcela da população um tratamento adequado, com especial ênfase ao
atendimento à mulher encarcerada. Vale ressaltar a importância do vínculo familiar
como um fator de proteção para a saúde mental. Nesse sentido, a estratégia de
fortalecimento de vínculos familiares nas unidades prisionais, além de um direito a
ser assegurado, configura-se como um fator de prevenção dos agravamentos de
problemas emocionais.

CONCLUSÃO

Os transtornos mentais então esta muito mais presente nos presídios do que se
pode notar, a falta de estruturas para os presos agrava de uma forma simbólica
esses transtornos, como a superlotação, a falta de higiene, a precariedade na
alimentação, a falta de atividade no tempo ócio, enfim tudo isso contribui para o
avassalamento dos transtornos mentais nos presos como a ansiedade e a
depressão.

Assim se conclui que politicas públicas para a melhora desses ambientes como a
diminuição da superlotação, aquisição da equipe de saúde, alimentação saudável,
atividades em geral para ocupar o tempo ócio é essencial para a saúde mental
desses não fique comprometida, logo não tendo problemas para a ressocialização
do preso.

REFERÊNCIAS
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foram vistos ao longo da humanidade. 2016. Disponível em:
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<http://www.jf.jus.br/ojs2/indexphp/revcej/article/viewFile/949/1122>.

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RODRIGUES, Karine. Apenas 6,5% das prisões têm serviço de saúde no país:
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REVISTA CONSULTOR JURÍDICO (Brasil). Cresce índice de superlotação em


unidades prisionais, afirma Ministério Público. Consultor Jurídico. 18 jun. 2018.
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-jun-18/cresce-indice-superlotacao-
unidades-prisionais-afirma-cnmp>.

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