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Dietary Reference Intakes (DRIs)

Ana Carolina Colucci

Histórico

• 1940: EUA  criação de Comitê em Alimentação e


Nutrição (Food and Nutrition Board – NRC): órgão
consultor para problemas relacionados à segurança
alimentar, de onde partiu a iniciativa de estabelecer
padrões de referência dietéticos.
• 1941: RDAs (Recommended Dietary Allowances) para
energia, proteína, cálcio, ferro, vitamina A, tiamina,
riboflavina, ácido nicotínico, ácido ascórbico e vitamina D
(publicada pelo Journal of American Dietetic
Association).
• 1943: impressa a 1ª edição da RDA
• Revisões periódicas a cada 5 anos

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Histórico
• RDAs:
– Objetivo: disponibilizar padrões que servissem de
meta para uma boa nutrição
– Surgiram no auge da 2ª Guerra Mundial.
– Preocupações com a prevenção das carências
nutricionais.
– Foram influenciadas:
• pelo reconhecimento clínico de doenças advindas
da má nutrição
• civis que estavam vivendo em condições
restritivas, mas cuja boa saúde era essencial no
reforço de guerra.

Histórico

• RDA
– 10ª edição: 1989
– Inicialmente: delineadas para o planejamento de
dietas para a prevenção de doenças por deficiências
de nutrientes em grupos populacionais
– Posteriormente: rotulagem de alimentos,
planejamento de guias alimentares para pessoas
saudáveis, avaliação da ingestão dietética em
inquéritos nutricionais.
– avaliação da quantidade média consumida pela
população estudada acrescentando-se 2 desvios
padrão (2DP), a fim de garantir que sejam satisfeitas
as necessidades da maior parte da população (98%).

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Histórico

• 1995: FNB formou o Comitê da Dietary Reference


Intake, em conjunto com o governo canadense 
desenvolver padrões de referência para a dieta para
toda a América do Norte.
• Havia acúmulo de conhecimentos científicos para nova
revisão.
• As RDAs não estavam sendo utilizadas de forma
apropriada: mau uso dos valores de referência.
• Prevenção de deficiências nutricionais e de DCNT.
• 2 grandes categorias de aplicação:
• Planejamento
• Avaliação da dieta

Histórico

• 1997 – Introdução de novos termos


– Estabelecer um conjunto de valores de referência
mais completo – DRIs (Dietary Reference Intakes).

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DRI x RDA
• Mudança de faixa etária para estágio de vida.
– Primeira infância: nascimento até 12 meses, divididos
em dois intervalos de 6 meses.
– Infância: 1 a 3 anos
– Pré-escolar: 4 a 8 anos
– Puberdade/Adolescência: 9 a 13 e 14 a 18 anos
– Adulto jovem e Meia idade: 19 a 30 e 31 a 51 anos
– Adultos e idosos: 51 a 70 anos e > 70 anos.
– Gestação e lactação

• Divisão de gênero a partir de 9 anos.

• Grupos de nutrientes correlatos: Ca, P, Mg, Vit. D, F.

Conceito

• As Dietary Reference Intakes (DRIs) são um conjunto de


4 valores de referência correspondentes à estimativa
quantitativa de ingestão de nutrientes, estabelecido e
usado para o planejamento e avaliação de dietas de
indivíduos saudáveis em um determinado grupo,
segundo estágio de vida e gênero.

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Micronutrientes

4 conceitos:
• Estimated Average Requirement (EAR)
• Recommended Dietary Allowances (RDA)
• Adequate Intake (AI)
• Tolerable Upper Intake Level (UL)

Estimated Average Requirement

Nível de
Necessidade ingestão do
média nutriente
estimada estimado para
atender 50%
(EAR) dos indivíduos
no grupo

EAR

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Recommended Dietary Allowance

Nível de
Ingestão ingestão do
dietética nutriente
recomendada estimado para
atender 98%
(RDA) dos indivíduos
no grupo

EAR RDA RDA = EAR + 2 DP

2 DP

Adequate Intake

Quantidade do
Ingestão nutriente
adequada ingerida por
grupos
(AI) saudáveis na
impossibilidade
de estimar
RDAs

EAR RDA
2 DP AI

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Tolerable Upper Intake Level

Nível superior Quantidade


tolerável de associada
com risco de
Ingestão (UL)
excesso

EAR RDA
2 DP AI UL

Micronutrientes

Na avaliação do indivíduo deve ser levado em


conta:
• Dados clínicos
• Dados antropométricos
• Estilo de vida
• Padrão habitual de alimentação
• Informação de ingestão de nutrientes vinda de
recordatórios ou registros alimentares

 NÃO SE DEVE USAR A INGESTÃO DE NUTRIENTES


COMO ÚNICA FORMA DE AVALIAR A ADEQUAÇÃO
DA DIETA DO INDIVÍDUO

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Micronutrientes

Avaliação em indivíduos: adequação da ingestão

• Informações necessárias:
– Estimativa da ingestão
– Variabilidade da ingestão do nutriente
– Estimativa da necessidade (EAR)
– Variabilidade da necessidade (CV) do nutriente

• Cálculo da probabilidade da dieta estar adequada, ou


seja, o grau de confiança que a ingestão alcança as
necessidades (confiabilidade)

Micronutrientes

Avaliação em indivíduos: adequação da ingestão

• Ingestão habitual X Necessidades


• Ingestão habitual: média de ingestão do nutriente por
um grande período de tempo
– grande número de dias
– variabilidade intrapessoal
– método sensível
• Necessidade: menor valor de ingestão continuada do
nutriente que irá manter um nível definido de nutrição
em um indivíduo, para um dado critério de adequação
nutricional.

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Micronutrientes

Avaliação em indivíduos: adequação da ingestão

• Adequação aparente: avaliação aproximada se a


ingestão de um indivíduo atinge suas necessidades.

• Para o cálculo, são necessárias informações sobre:


– Estimativa da ingestão dietética total, incluindo
alimentos, suplementos e teor mineral da água
– Estimativa das necessidades do indivíduo

Micronutrientes

Avaliação em indivíduos: adequação da ingestão

• Estimativa da ingestão: diários alimentares ou


recordatórios de 24 horas

– Vários dias de consumo  2 ou mais dias – dias


alternados – um dia de final de semana

– Estabelecimento do padrão habitual de consumo


(variabilidade intrapessoal)

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Micronutrientes

Avaliação em indivíduos: adequação da ingestão

• Estimativa das necessidades:


– EAR

– Variação da necessidade entre os indivíduos,


pertencentes ao mesmo estágio de vida e gênero

– Variabilidade  coeficiente de variação (CV)


• 10% para a maioria dos nutrientes
• 15% para niacina

Avaliação

EAR = 625 mcg


(Vit. A)

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Quando o nutriente apresenta EAR

y  EAR
z
Vnec  (V int/ n)
• Onde:
– z = escore-Z
– y = média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo
– Vnec = variância da necessidade
– Vint = variância intrapessoal
– n = número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão avaliada
– Lembrando que: variância = quadrado dos DP correspondentes

Passo a passo

• Exemplo:
– Mulher de 20 anos
– Ingestão média diária de riboflavina (registro
alimentar de 3 dias) = 1,2 mg
– EAR de riboflavina = 0,9 mg/dia

– Vnec = (dpnec)2 = (10% da EAR)2


 Vnec = (0,1x0,9)2 = 0,0081
– Vint = (dpint)2  valores das Tabelas 1 e 2
 Vint = (0,6)2 = 0,36
– n = 3 dias de registro alimentar

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Passo a passo

Substituindo na fórmula:

1,2  0,9
z  0,838
0,0081  (0,36 / 3)

Procurar na tabela de valores de Z


– 0,84  P=0,8023 (indica a probabilidade de
aproximadamente 80%)

– Conclusão: podemos dizer que a ingestão está


adequada, com 80% de confiabilidade

Passo a passo

Curva Z

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Passo a passo

EAR – interpretação qualitativa


Interpretação qualitativa da adequação da ingestão em
relação a EAR:
Ingestão em relação a EAR Interpretação
qualitativa sugerida
< EAR Ingestão inadequada

> EAR e <RDA Ingestão inadequada

Muitos dias de observação: > Ingestão adequada


ou = RDA
Poucos dias de observação:  Ingestão adequada
> RDA
*Recomenda-se a avaliação quantitativa – precisão da análise

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Quando somente a AI está disponível

y  AI
z
(dp int/ n )
•Onde:
– z = escore-Z
– y = média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo
– AI = valor de referência estabelecido na impossibilidade de
estabelecer a EAR pelo indivíduo
– dpint = desvio-padrão intrapessoal, obtido em estudos
populacionais
– n = número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão
avaliada
PERMITE CONCLUIR APENAS SE A INGESTÃO EXCEDE OU
NÃO A AI

Passo a passo

• Exemplo:
– Mulher de 40 anos
– Ingestão média diária de potássio (registro alimentar
de 3 dias) = 5000 mg
– AI de potássio = 4700 mg/dia

– dpint  valores das Tabelas 1 e 2


• dpint = 851 mg/d

– n = 3 dias de registro alimentar

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Passo a passo

AI = 4700 mg
(Potássio)

Passo a passo

Substituindo na fórmula:

5000  4700
z  0,609
(851 / 3)

Procurar na tabela de valores de Z


– 0,61  P=0,7257 (indica a probabilidade de
aproximadamente 72,57%)

– Conclusão: ingestão habitual excede a AI com 73 %


de confiabilidade

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AI – interpretação qualitativa

Interpretação qualitativa da adequação da ingestão em


relação a AI:
Ingestão em relação a AI Interpretação qualitativa
sugerida
> ou = AI A ingestão média
provavelmente está
adequada se avaliada por
um grande n de dias
< AI A adequação da ingestão
não pode ser determinada

*Recomenda-se a avaliação quantitativa – precisão da análise

Usando o UL

y  UL
z
(dp int/ n )
• Essa abordagem deve ser usada somente quando a ingestão observada é
elevada.
• Onde:
– z = escore-Z
– y= média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo
– UL = valor de referência estabelecido como limite superior de ingestão do
nutriente que não causa efeitos adversos
– dpint = desvio-padrão intrapessoal, obtido em estudos populacionais
– n = número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão avaliada
PERMITE AVALIAR A PROBABILIDADE DA INGESTÃO ESTAR ACIMA DO
UL, TENDO PORTANTO ALTO RISCO DE EFEITOS ADVERSOS À SAÚDE

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Passo a passo

• Exemplo:
– Mulher de 56 anos
– Ingestão média diária de zinco (registro alimentar de
3 dias) = 37mg
– UL de zinco = 40mg/d

– dpint  valores das Tabelas 1 e 2


• dpint = 5mg/d

– n = 3 dias de registro alimentar

Passo a passo

Substituindo na fórmula:
37  40
z  1,039
(5 / 3)
Procurar na tabela de valores de Z
– -1,039  P=0,1469 (indica a probabilidade de
aproximadamente 15%)
– Conclusão: ingestão habitual excede o UL, com 15%
de confiabilidade
OU
– Ingestão habitual é segura, com 85% de
confiabilidade

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UL – interpretação qualitativa

Interpretação qualitativa da adequação da ingestão


crônica em relação ao UL:

Ingestão crônica Interpretação


qualitativa sugerida
> ou = UL Há um risco potencial de
efeitos adversos

< UL A ingestão é
provavelmente segura

*Neste caso a avaliação qualitativa funciona bem

Limitações

Limitações do cálculo de adequação aparente


1. Quando a ingestão diária observada não for normal (ou
simétrica)
– CV maior que 60% a 70%  caroteno, vitamina A,
vitamina C, vitamina E e vitamina B12

2. Quando a distribuição das necessidades do nutriente


não for normal ou simétrica  necessidades de ferro em
mulheres em idade fértil, devido às perdas de ferro
decorrentes da menstruação
NESTES CASOS, NÃO HÁ ALTERNATIVA PARA AVALIAÇÃO
DA INGESTÃO DO NUTRIENTE

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Exemplo

Ingestão alimentar: indivíduo do sexo masculino, 40 anos,


três dias de inquérito

Nutriente Ingestão Parâmetro Confiabilidade


de adequação
Tiamina (mg) 1,3 1,0 (EAR) 85%

Folato (µg) 200 320 (EAR) 5%

Micronutrientes: avaliação em grupos

• Objetivo:
– conhecer a proporção de indivíduos que apresenta
ingestão acima ou abaixo de um determinado critério

• Informação útil para o planejamento de ações de saúde


 monitoramento, intervenção ou regulamentação de
atividades comerciais

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Micronutrientes: avaliação em grupos

Estimativa da prevalência de inadequação da ingestão de


determinado nutriente

Cálculo do consumo de determinado nutriente pelo grupo


populacional, comparando-o com padrões de referência.

EAR como ponto de corte  prevalência de


inadequação é a proporção de indivíduos cujo consumo
está abaixo da EAR

Micronutrientes: avaliação em grupos


Condições Necessárias para uso da EAR como ponto de corte:
Necessidades e Ingestão devem ser independentes.

A distribuição das necessidades deve ser simétrica em torno da


EAR.

 A variabilidade da ingestão deve ser maior que a variabilidade das


necessidades.

 Conhecer o consumo médio do grupo.

 É necessário conhecer a variância intrapessoal e interpessoal da


ingestão.

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Micronutrientes: avaliação em grupos
Atendidas as premissas, pode-se utilizar a fórmula:

• Cálculo da proporção de indivíduos com


inadequação de consumo
EAR  média
z
dp

Passo a passo

• Exemplo:
– Grupo de 79 adolescentes do sexo feminino
– Ingestão média diária de fósforo (3 R24h) = 801,9 mg
– DP = 274,4 mg
– EAR = 1055 mg/dia
z  (1055  801,9)  0,92
274,4
z = 0,92  P = 0,8159
Conclusão: A prevalência de inadequação de ingestão de fósforo
é de 82%
(82% de inadequação = consumo < EAR; 18% de adequação =
consumo > EAR)

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Interpretação qualitativa da ingestão

Ingestão em relação à Interpretação qualitativa


EAR
Ingestão < EAR A ingestão média provavelmente
está inadequada
Ingestão entre EAR e RDA Risco de inadequação

Ingestão ≥ RDA É pouco provável que a ingestão


seja inadequada se avaliada por
um grande número de dias
Ingestão muito superior à A ingestão média provavelmente
RDA está adequada, mesmo que
avaliada por poucos dias

Interpretação qualitativa da ingestão

Ingestão em relação Interpretação qualitativa


à AI
Ingestão ≥ AI A ingestão média provavelmente está adequada
se avaliada por um grande número de dias

Ingestão < AI A adequação da ingestão não pode ser


determinada
Ingestão em relação Interpretação qualitativa
ao UL
Ingestão ≥ UL Risco potencial de efeitos adversos se a
ingestão observada incluiu um grande número
de dias
Ingestão < UL A ingestão provavelmente é segura se
observada por um grande número de dias

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Avaliação da ingestão em grupos
Table 1 – Estimated Average Requirement (EAR) or Adequate Intake (AI),
mean, standard deviation (SD), and prevalence of students with inadequate
intake in comparison to Estimated Average Requirements (EARs), from food
sources alone, based on data from 119 female students. Adjusted values
Nutrient EAR/ AI Mean (SD) Inadequate intake
(%)
Vitamin C (mg) 60 103.46 (50.20) 19.33
Thiamin (Vit. B1) (mg) 0.9 1.55 (0.57) 12.53
Riboflavin (Vit. B2) (mg) 0.9 1.49 (0.37) 5.39
Niacin (mg) 11 16.54 (4.12) 8.96
Vitamin B6 (mg) 1.1 1.37 (0.42) 25.72
Vitamin B12 (g) 2 3.02 (1.24) 20.60
Folate (g) 320 154.41 (49.03) 99.00
Morimoto et al, 2006

Avaliação da ingestão em grupos


Table 1 – Estimated Average Requirement (EAR) or Adequate Intake (AI),
mean, standard deviation (SD), and prevalence of students with inadequate
intake in comparison to Estimated Average Requirements (EARs), from food
sources alone, based on data from 119 female students. Adjusted values
Nutrient EAR/ AI Mean (SD) Inadequate
intake (%)
Copper (g) 700 801.70 (228.00) 32.78
Phosphorus (mg) 580 781.11 (219.92) 18.02
Selenium (g) 45 60.59 (17.74) 18.97
Zinc (mg) 6.8 7.00 (2.36) 46.71
Pantothenic acid (mg) 5* 3.26 (0.86) ---
Calcium (mg) 1000* 714.85 (191.05) ---
Manganese (mg) 1.8* 8.60 (4.57) ---
*Adequate Intake
Morimoto et al, 2006

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Micronutrientes: planejamento
Planejamento:
Há considerações especiais?

Não Sim
(ex. fumante - Vitamina C)
Planejar para outros nutrientes
alcançar RDA ou AI
Permanecer abaixo
do UL Planejar ingestões
baseadas em
considerações
especiais

Planejamento

RDA = 900 mcg


(Vit. A) AI = 120 mcg
(Vit. K)

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Planejamento

UL = 3000 mcg
(Vit. A)

Energia

Necessidade Estimada de Energia


(Estimated Energy Requirement - EER):

• Definida como o valor de ingestão de energia


proveniente da dieta para manutenção do balanço
energético em indivíduos saudáveis de acordo com
idade, sexo, peso, altura e atividade física.
• A EER é estimada a partir de equações para predição
do Gasto Total de Energia (Total Energy Expenditure -
TEE) medido pela técnica da água duplamente
marcada.

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Gasto Total de Energia (TEE)

TEE = BEE (Basal energy expenditure gasto metabólico


basal estimado para 24 horas) + TEF (efeito térmico dos
alimentos) + NAF (nível de atividade física) +
termorregulação + energia gasta para depósito de novos
tecidos e/ou produção de leite materno.

Energia

• Equação para predição do gasto total de energia (TEE)


segundo idade, altura, peso e categoria de atividade
física:

• TEE = A + (B x Idade) + NAF x (C x Peso + D x Altura)

Sendo: TEE em kcal/dia


Idade em anos
Peso em kg
Altura em m
Coeficiente NAF (Nível de Atividade Física)

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Energia

• Atividade física
• É necessário uma avaliação precisa para não
subestimar ou superestimar a necessidade de energia
(EER)

Energia

Atividade física
• Sedentário: atividades típicas do dia a dia.
• Pouco ativo: atividades cotidianas + de 30 a 60
minutos de uma atividade moderada diariamente.
• Ativo: atividades cotidianas + pelo menos 60 minutos
de uma atividade moderada diariamente.
• Muito ativo: atividades cotidianas + no mínimo 60
minutos diários de uma atividade moderada + 60
minutos de uma atividade vigorosa OU 120 minutos de
uma atividade moderada diariamente.

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Energia

EER para crianças (0 a 35 meses)


EER= TEE + Energia de Depósito*
0-3 meses = (89 x Peso corporal – 100) + 175*

4-6 meses = (89 x Peso corporal – 100) + 56*

7-12 meses = (89 x Peso corporal – 100) + 22*

13-35 meses = (89 x Peso corporal – 100) + 20*

* Energia de depósito (kcal)

Energia

EER para crianças (3 a 8 anos)


EER= TEE + Energia de Depósito*
Sexo masculino
EER= 88,5 – 61,9 x Idade + NAF x [26,7 x Peso + 903 x Altura] + 20*
Desvio padrão = 58 kcal

Sexo feminino
EER= 135,3 – 30,8 x Idade + NAF x [10,0 x Peso + 934 x Altura] + 20*
Desvio padrão = 68 kcal

* Energia de depósito (kcal)

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Energia

EER para adolescentes (9 a 18 anos)


EER= TEE + Energia de Depósito
Sexo masculino
EER= 88,5 – 61,9 x Idade + NAF x [26,7 x Peso + 903 x Altura] + 25*
Desvio padrão = 58 kcal

Sexo feminino
EER= 135,3 – 30,8 x Idade + NAF x [10,0 x Peso + 934 x Altura] + 25*
Desvio padrão = 68 kcal

* Energia de depósito (kcal)

Energia

Valores de NAF para crianças e adolescentes segundo


sexo.

Categoria Masculino Feminino


Sedentária 1,00 1,00
Leve 1,13 1,16
Moderada 1,26 1,31
Intensa 1,42 1,56

29
Energia

EER para adultos (19 anos e mais)

Sexo masculino
EER = 662 - 9,53 x Idade + NAF x (15,91 x Peso + 539,6 x Altura)
Desvio Padrão = 199 kcal

Sexo feminino
EER = 354 - 6,91 x Idade + NAF x (9,36 x Peso + 726 x Altura)
Desvio Padrão = 162 kcal

Energia

Valores de NAF para adultos segundo sexo.

Categoria Masculino Feminino


Sedentária 1,00 1,00
Leve 1,11 1,12
Moderada 1,25 1,27
Intensa 1,48 1,45

30
Energia

EER para gestantes


EER para idade + energia de depósito
14 a 18 anos
1o trimestre: EER adolescente + 0
2o trimestre: EER adolescente + 160 kcal + 180 kcal
3o trimestre: EER adolescente + 272 kcal + 180 kcal

19 a 50 anos
1o trimestre: EER adulto + 0
2o trimestre: EER adulto + 160 kcal + 180 kcal
3o trimestre: EER adulto + 272 kcal + 180 kcal

Energia

EER para lactantes


EER p/ idade + energia produção de leite – perda de peso

14 a 18 anos
Primeiros 6 meses: EER adolescente + 500 - 170
Após 6 meses iniciais: EER adolescente + 400 - 0

19 a 50 anos
Primeiros 6 meses: EER adulto + 500 - 170
Após 6 meses iniciais: EER adulto + 400 - 0

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Energia

Adultos com sobrepeso/obesidade visando


manutenção de peso

Sexo masculino
TEE = 1086 – 10,1 x Idade + NAF x (13,7 x Peso + 416 x Altura)
Desvio padrão = 208 kcal

Sexo feminino
TEE = 448 – 7,95 x Idade + NAF x (11,4 x Peso + 619 x Altura)
Desvio padrão = 160 kcal

Energia

Valores de NAF para adultos com


sobrepeso/obesidade segundo sexo.

Categoria Masculino Feminino


Sedentária 1,00 1,00
Leve 1,12 1,16
Moderada 1,29 1,27
Intensa 1,59 1,44

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Energia

Crianças e adolescentes com sobrepeso visando


manutenção de peso

Sexo masculino
TEE = 114 – 50,9 x Idade + NAF x (19,5 x Peso + 1161,4 x Altura)
Desvio padrão = 69 kcal

Sexo feminino
TEE = 389 – 41,2 x Idade + NAF x (15 x Peso + 701,6 x Altura)
Desvio padrão = 75 kcal

Energia

Valores de NAF para crianças e adolescentes com


sobrepeso segundo sexo.

Categoria Masculino Feminino


Sedentária 1,00 1,00
Leve 1,12 1,18
Moderada 1,24 1,35
Intensa 1,45 1,60

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Energia

Planejamento para indivíduos

• Objetivo:
Baixo risco da ingestão de energia inadequada ou
excessiva.

• Indivíduos com peso estável (saudáveis) - ingestão de


energia habitual.

• EER para indivíduos com IMC na eutrofia.

Energia

Planejamento para indivíduos

• Exemplo:
Mulher, 33 anos, atividade física leve (Coeficiente de
NAF=1,12), 1,63 m e 55 kg

EER = 354,1 – (6,91 x 33) + 1,12 x (9,36 x 55 + 726 x


1,63)
EER = 2028 kcal/dia.

2028 kcal ± 2x162 = 1704 - 2352 kcal/dia.

34
Energia
Planejamento para grupos populacionais
• Objetivo:
Baixa prevalência de ingestão de energia inadequada ou
excessiva.

• Estratégias:
1- Estimar a necessidade de energia para um indivíduo
referência.

2- Média das necessidades de energia estimada para os


membros do grupo.

Energia
Planejamento para grupos populacionais
1. Indivíduo referência
Representa a média do grupo para idade, altura, peso e
atividade física – distribuição simétrica das variáveis.

Exemplo:
Homem, 19-30 anos, 70 kg, 1,76 m e atividade física leve

EER = 2700 kcal/dia ± 2 x 199


= 2302 – 3098 kcal/dia

35
Energia
Planejamento para grupos populacionais
2. Média das necessidades de energia estimada
para os membros
 Média x Medianado
dogrupo.
grupo
Indivíduo Idade Altura Peso Nível de Coeficiente EER
(anos) (m) (kg) NAF de NAF (kcal)
1 21 1,83 95 Sedentário 1,0 2.961
2 27 1,77 75 Baixo 1,12 2.811
3 25 1,69 60 Moderado 1,27 2.794
4 19 1,80 75 Baixo 1,12 2.905
5 30 1,73 80 Intenso 1,45 3.575
6 25 1,75 75 Baixo 1,12 2.818
Média 24,5 1,76 76,7 ---- 1,18 2.977
Mediana 25 1,76 75 ---- 1,12 2.862

Energia

Avaliação da ingestão em indivíduos

• Diferente dos outros nutrientes – marcador biológico:


peso corporal

• IMC de indivíduos ou grupos populacionais –


desequilíbrio entre ingestão e gasto energético.

• Subestimação da ingestão do total da amostra – idade,


sexo, composição corporal.

36
Energia

Avaliação da ingestão em indivíduos

• Exemplo:
Mulher, 33 anos, baixa atividade física, 1,63 m, 55 kg.
(IMC = 20,68 kg/m2)

EER = 2028 kcal/dia (1708 – 2348)


Energia ingerida = 2200 kcal/dia

Energia
Avaliação da ingestão em grupos populacionais
IMC proporção do grupo com ingestão adequada,
inadequada e excessiva.
Table 3 - Number (n), mean, and standard deviation (SD) of adjusted energy intake by
categories of body mass index (BMI).
BMI (kg/m2) n Mean SD
< 18.5 9 1706.93 342.40
18.5 | 25.0 97 1773.88 374.71
25.0 | 30.0 11 1729.48 508.71
> 30.0 2 1604.32 287.37
Total 119 1761.86 381.68
p = 0.876
Fisberg et al, 2006

37
Macronutrientes
Percentual de Energia
DRIs 2002* WHO/ FAO
Idade (anos) 2003
Macronutrientes 1-3 4 - 18 19 e + Todos
Gorduras Totais 30 - 40 25 - 35 20 - 35 15 - 30
(-6) ácido linoleico 5 - 10 5 - 10 5 - 10 5-8
(-3) ácido linolênico 0,6 - 1,2 0,6 - 1,2 0,6 - 1,2 1-2
Carboidratos 45 - 65 45 - 65 45 - 65 55 - 75
açúcares < 25 < 25 < 25 < 10
Proteínas 5 - 20 10 - 30 10 - 35 10 - 15
* AMDR - Acceptable Macronutrient Distribution Ranges (intervalos de
distribuição aceitável dos macronutrientes)

Macronutrientes

Planejamento para indivíduos


Ex.: Mulher; 35 anos; 1,68 m; 69 kg; sedentária; 2000 kcal.
Nutriente AMDR % Energia Quantidade (g) Energia
(%) Selecionado 2000 kcal 2000 kcal
Gorduras 20 - 35 30 67 600

-6 5 - 10 7 16 144 (parte


gordura
total)
-3 0,6 - 1,2 0,8 1,8 16 (parte
gordura
total)
Proteínas 10 - 35 15 75 300

Carboidratos 45 - 65 55 275 1100

38
Carboidratos (g/dia)
Estágio de Vida EAR AI / RDA
Primeira Infância
0 - 6 meses -- 60
7 - 12 meses -- 95

Infância
1 - 3 anos 100 130

Homens/ Mulheres
9 - 70 anos 100 130

Gravidez 135 175

Lactação 160 210

Proteína
Estágio de Vida AI / RDA AI EAR RDA
(g/ dia) (g/ kg de peso/ dia)

Primeira Infância
0 - 6 meses 9,1 1,52 -- --
7 - 12 meses 13,5 -- 1,1 1,5

Infância

1 - 3 anos 13 -- 0,88 1,10

Homens/ Mulheres

19 - 70 anos 56/46 -- 0,66 0,80

39
Aminoácidos essenciais
Aminoácido EAR (mg/kg/dia) RDA (mg/kg/dia)

Histidina 11 14
Isoleucina 15 19
Leucina 34 42

Lisina 31 38

Metionina + 15 19
Cisteína
Fenilalanina + 27 33
Tirosina
Treonina 16 20
Triptofano 4 5
Valina 19 24

Macronutrientes: planejamento e avaliação

Mulher; 35 anos; 1,68 m; 69 kg; sedentária; 2000 kcal.


Nutriente AMDR % Energia Quantidade (g) Energia
(%) Selecionado 2000 kcal 2000 kcal
Gorduras 20 - 35 30 67 600

-6 5 - 10 7 16 144 (parte


gordura
total)
-3 0,6 - 1,2 0,8 1,8 16 (parte
gordura
total)
Proteínas 10 - 35 15 75 300

Carboidratos 45 - 65 55 275 1100

40
Considerações

• Importante avanço: incorpora a preocupação com


qualidade de vida e com a prevenção das doenças não
transmissíveis (câncer, doenças cardiovasculares, etc)

• Incorpora para análise dos dados a natureza variável da


dieta e das necessidades humanas de nutrientes

Considerações

• DRIs são baseadas nas necessidades da população dos


EUA e Canadá

• Dados de consumo são da população dos EUA

• Os valores de EAR, RDA e UL não foram estabelecidos


para todos os nutrientes.

41
Dietary Reference Intakes

Necessidades Ingestão de
de Nutrientes Nutrientes a
a= alimentos
+
suplementos

Planejamento de Dietas Avaliação de Dietas

Grupo Indivíduos Grupo Indivíduos


RDA RDA EAR EAR
(AI) (AI) (AI) (AI)
UL UL UL UL

Referências
www.nap.edu = livros das DRIs na íntegra
Fisberg RM, Slater BV, Marchioni DML, Martini LA. New dietary recommendations.
Jornal Brasileiro de Nutrição Clínica 2003; 18(2):81-86.
Fisberg RM, Marchioni, DML, Slater B. Aplicação da s Dietary Reference Intakes na
avaliação ingestão de nutrientes para grupos.Simpósio Usos e Aplicações das DRIs.
Material em Cdroom, 2001.
Slater B, Phillipi ST, Marchioni DML, Fisberg RM. Estimando a prevalência de
inadequação na ingestão de nutrientes. Rev Saúde Pública 2004; 38(4):599-605.
Marchioni, DML, Slater, B, Fisberg, RMF Estimando a adequação da ingestão de
nutrientes em indivíduos utilizando as Dietary Reference Intakes – DRIs., Revista de
Nutrição 2004; 17(2): 207-216.
Fisberg RM, Slater B, Marchioni DML. Como estimar a probabilidade de adequação e
inadequação da ingestão dos nutrientes? Revista Nutrição em Pauta 2003, 11(58):
29-33.
Marchioni DM, Fisberg RM, Villar BS. As novas recomendações nutricionais: DRIS.
Nutrição em Pauta 10(53):34-40, 2002.

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