Você está na página 1de 74

PRINCÍPIOS

NUTRICIONAIS

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Sumário
A NUTRIÇÃO, AS DRIS E AS RDAS ................................................................ 4

CONCEITOS E FUNDAMENTOS................................................................... 5

O QUE SÃO AS DRI? .................................................................................. 5

ESTIMATED AVERAGE REQUIREMENT (EAR) ........................................ 5

RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCE (RDA) ..................................... 6

DRIS: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO .................................................... 7

DRIS: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E CATEGORIAS ..................................... 10

DRIS: USOS E APLICAÇÕES ..................................................................... 13

ESTIMATED AVERAGE LNTAKE/EAR - NECESSIDADE MÉDIA


ESTIMADA. ............................................................................................... 13

B) RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCE/RDA - INGESTÃO


DIETÉTICA RECOMENDADA ................................................................... 14

C) ADEQUATE LNTAKE/ AI - INGESTÃO ADEQUADA ........................... 14

D) TOLERABLE UPPER LNTAKE LEVEL/UL - LIMITE SUPERIOR


TOLERÁVEL DE INGESTÃO .................................................................... 14

DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE ENERGIA ESTIMADA (NEE) .. 17

QUESTÕES ÉTICAS EM NUTRIÇÃO E HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DA


SAÚDE ............................................................................................................. 20

A ÉTICA NA PESQUISA CLÍNICA............................................................... 26

ÉTICA NA TERAPIA NUTRICIONAL ........................................................... 31

ESPECIFICIDADES DA BIOÉTICA ................................................................. 33

RESTRIÇÕES ALIMENTARES POR MOTIVOS RELIGIOSOS .................. 36

PRÁTICAS ALIMENTARES “DIFERENCIADAS” ....................................... 41

VEGETARIANISMO................................................................................... 41

ALIMENTAÇÃO AYURVÉDICA ................................................................. 42

2
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

ALIMENTAÇÃO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) ............ 43

MACROBIÓTICA ....................................................................................... 43

ALIMENTAÇÃO ANTROPOSÓFICA ......................................................... 44

FITOTERAPIA/PLANTAS MEDICINAIS .................................................... 44

ALIMENTAÇÃO VIVA ................................................................................ 45

O CÓDIGO DE ÉTICA DOS NUTRICIONISTAS ............................................. 45

A ATENÇÃO BÁSICA E A NUTRIÇÃO .......................................................... 52

ATENÇÃO BÁSICA, SAÚDE COLETIVA E NUTRICIONISTAS ................. 54

A ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL E SUA SISTEMATIZAÇÃO .................... 57

CENTRANDO A ATENÇÃO NO PACIENTE/CLIENTE ............................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 61

REFERÊNCIAS BÁSICAS ........................................................................... 61

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ........................................................ 62

3
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

A NUTRIÇÃO, AS DRIS E AS RDAS

O estado nutricional reflete o grau no qual as necessidades fisiológicas


dos nutrientes estão sendo alcançadas, ou seja, a relação entre o consumo de
alimentos e as necessidades nutricionais do indivíduo.
Para avaliar a ingestão de nutrientes é necessário inicialmente
estabelecer a ingestão habitual do indivíduo e, em seguida, confrontá-la com as
necessidades deste mesmo indivíduo.
A ingestão habitual é definida como a média de ingestão do nutriente por
um grande período de tempo. De acordo com esta definição, só poderá ser
avaliada por um grande número de dias. Este variará segundo os nutrientes a
serem estudados. Uma estimativa correta da dieta habitual do indivíduo envolve
o conhecimento da variabilidade intrapessoal e a escolha de um método sensível
para estimar o consumo. Assinala-se que não há método de avaliação de
ingestão alimentar livre de erro, nem é factível obter estimativas de ingestão de
um grande número de dias, por problemas de tempo e custo.
Por outro lado, a necessidade é definida como o menor valor de ingestão
continuada do nutriente que irá manter um nível definido de nutrição em um
indivíduo, para um dado critério de adequação nutricional. É evidente que a
determinação da necessidade de um indivíduo exigiria um ambiente de
laboratório, onde o sujeito fosse alimentado com doses variáveis do nutriente
estudado durante um período de tempo, e, concomitantemente, fossem feitas
numerosas medidas bioquímicas e fisiológicas. Dessa forma, podemos concluir
que não é possível determinar, com acurácia, nem o verdadeiro consumo
habitual nem a verdadeira necessidade do nutriente em um determinado
indivíduo. Apesar disso, é possível avaliar aproximadamente se a ingestão de
um indivíduo atinge as necessidades. Esta avaliação pode ser chamada de
Adequação Aparente.
Nesse sentido, a avaliação nutricional pretende detectar problemas
nutricionais, colaborando para a promoção ou recuperação da saúde. Na prática
clínica utiliza-se a análise da história clínica, dietética e social, dados
antropométricos, dados bioquímicos e interação entre drogas e nutrientes para
estabelecer o diagnóstico nutricional e servir de base para o planejamento e

4
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

orientação dietética. A avaliação da ingestão de nutrientes é parte da avaliação


nutricional, sendo utilizada para a tomada de decisão quanto à adequação do
consumo alimentar do indivíduo e auxiliar no estabelecimento da conduta
dietoterápica, em conjunto com os outros parâmetros citados.
Este texto pretende introduzir e abordar os métodos propostos para
avaliação da adequação da ingestão de nutrientes, por um indivíduo, utilizando
os valores de referência Dietary Reference Intakes (DRI).

CONCEITOS E FUNDAMENTOS

O QUE SÃO AS DRI?


Relativamente novas no campo da Nutrição, as DRI definem-se como
um conjunto de quatro valores de referência de ingestão de nutrientes,
estabelecidos e usados para o planejamento e avaliação das dietas do indivíduo
ou grupos de indivíduos saudáveis, segundo estágio de vida e gênero.
Estes valores incorporam as recomendações dietéticas Recommended
Dietary Allowance (RDA) e foram desenvolvidos para a população americana e
canadense. Para sua formulação, foram formados Comitês de Especialistas
pelo Food and Nutrition Board, pelo Institute of Medicine da National Academy
of Sciences dos Estados Unidos e pelo Health Canadá. Este órgão tem
publicado os relatórios dos Comitês, que estão disponíveis para consulta na
Internet, no site www.nap.edu.org.

A seguir, são definidos os valores de referência propostos:

ESTIMATED AVERAGE REQUIREMENT (EAR)


É o valor médio de ingestão diária estimada para atender às
necessidades de 50% de indivíduos saudáveis de um grupo em determinado
estágio de vida e gênero. Neste nível de ingestão, a outra metade do grupo não
tem suas necessidades atingidas (Figura 1).

5
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

A EAR é baseada em um critério específico de adequação e formulada


a partir de uma revisão cuidadosa da literatura. Na seleção deste critério é
considerada a redução do risco de doenças por deficiência ou excesso,
juntamente com outros parâmetros de saúde.
Aplica-se a EAR, juntamente com a estimativa da variabilidade da
necessidade do nutriente, para avaliar a dieta, tanto de indivíduos quanto de
grupos de indivíduos e também para calcular a RDA.

RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCE (RDA)


Considerada como o nível de ingestão diária, a RDA é a quantidade do
nutriente suficiente para atender à necessidade de aproximadamente 97% a
98% dos indivíduos saudáveis de um grupo em determinado estágio de vida e
gênero.
A RDA é derivada matematicamente a partir da EAR e do desvio-padrão
da necessidade do nutriente sob a premissa de normalidade da necessidade do
nutriente (ou seja, a distribuição é simétrica em torno da média, e a média e
mediana são iguais). A RDA é definida como o valor correspondente a dois
desvios padrão acima da necessidade média (EAR): RDA = EAR + 2DPnecessidade.
Se não houver dados suficientes para estimar o desvio-padrão da
ingestão, ou se o desvio-padrão relatado na literatura for inconsistente, assume-
se um coeficiente de variação (CV = desvio-padrão da necessidade/necessidade

6
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

média X 100) teórico de 10% para a maioria dos nutrientes. Nessa circunstância:
RDA = 1,2 X EAR.
Em sendo, a avaliação da ingestão de nutrientes é um importante
indicador indireto do estado nutricional, e que segundo Marchioni; Slater e
Fisberg (2004), juntamente com outros parâmetros, ela pode ser utilizada para a
tomada de decisão quanto à adequação do consumo alimentar do indivíduo e
auxiliar no estabelecimento da conduta dietoterápica.
Dentro deste contexto, a Ingestão Dietética de Referência (Dietary
Reference Intakes) - DRIs, constituem-se na mais recente revisão dos valores
de referência de nutrientes e energia adotados pelos Estados Unidos e Canadá,
e vêm sendo publicadas desde 1997, na forma de relatórios parciais elaborados
por comitês de especialistas, organizados por uma parceria entre o Institute of
Medicine norte-americano e a agência Health Canadá (IOM, 2006).

DRIS: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO

Em consequência da fome e da desnutrição ocorridas no século XIX,


houve a necessidade do estabelecimento de recomendações nutricionais e
naquela época, as recomendações eram feitas com base em observações de
ingestão, e não nas necessidades do organismo.
Durante o século XX, os estudos se intensificaram, e, em especial após
a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações Unidas promoveu encontros para
debater as bases fisiológicas da nutrição. Em 1941, foi publicada no American
Journal of Dietetic Association a Recommended Dietary Allowance (RDA -
Ingestão Dietética Recomendada), com recomendações nutricionais de energia,
proteína, cálcio, ferro, vitamina A, tiamina, riboflavina, ácido nicotínico, ácido
ascórbico e vitamina D.
Em 1941 foram lançadas pelo Food and Nutrition Board (FNB) nos
Estados Unidos, as primeiras RDA´s - Recommended Dietary Allowances que
em português são traduzidas por Quotas Dietéticas Recomendadas para
vitaminas, proteínas e energia, com objetivo de servir como um guia para uma
nutrição adequada. Desde então elas foram utilizadas como base para a maioria
dos programas de alimentação e Nutrição, nos Estados Unidos e em outros

7
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

países. Até 1989, as RDAs foram revisadas 9 vezes e expandidas de 8 nutrientes


para 27 nutrientes.
Alguns anos antes, em 1938, o Conselho canadense de Nutrição lançou
suas referências de ingestão, elaboradas especificamente para o uso no
Canadá. As Referências de Ingestão Canadenses foram revisadas inúmeras
vezes e, em 1983, foram renomeadas, passando a se chamar RNI –
Recommneded Nutrient Intakes, ou seja, Recomendações de Ingestão de
Nutrientes. Ao final da década de 80, surgiu a preocupação de incorporar o risco
de doenças crônicas não transmissíveis nos valores de referência. Assim, esses
valores foram revisados e, em 1990, foi publicado “The Report of the Scientific
Review Committee”, com os novos valores de RNIs (IOM, 2006 apud CAETANO,
2011).
Em 1943, foi impressa a primeira edição das RDAs, e a partir desse
documento novas edições têm sido revisadas, modificadas e atualizadas a cada
5 anos, aproximadamente (LEITCHE, 1942 apud MOREIRA; FAGUNDES;
SOAR, 2011).
Tanto as RDAs quanto as RNIs eram amplamente utilizadas na
avaliação e planejamento de dietas, como guia nutricional e como referências
para rotulagem e fortificação de alimentos. Porém a necessidade de novos
valores era reconhecida. Assim, em 1994, o FNB com apoio dos governos
americano e canadense, resolveu criar e implementar um novo paradigma para
estabelecer referências de ingestão de nutrientes que expandiriam e
substituiriam as RDAs e RNIs. A partir de um maior e atualizado conhecimento
científico e estatístico, essa revisão deu origem a um conjunto de valores
chamados de Referências de Ingestão Dietética – DRIs (Dietary Reference
Intakes), válidos tanto para os Estados Unidos quanto para o Canadá. Esses
valores de referência foram baseados em evidências científicas de relação entre
o consumo de nutrientes e indicadores de adequação nutricional e também
prevenção de doenças crônicas em populações saudáveis (IOM, 2006 apud
CAETANO, 2011).
Diferentemente das antigas RDAs e RNIs, que tinham o foco
prioritariamente na redução da incidência de doenças decorrentes de
deficiências de nutrientes, as DRIs também objetivam otimizar a saúde, prevenir
doenças e evitar o consumo excessivo dos nutrientes.

8
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

As recomendações nutricionais baseadas em observações de ingestão


se mantiveram até meados dos anos 80, época em que as entidades Food and
Agriculture Organization (FAO) e World Health Organization (WHO) -
Organização Mundial de Saúde assumiam a hipótese de que a ingestão
corresponderia à necessidade energética em indivíduos saudáveis.
Em 1985, questionava-se o significado de vida saudável. Considerava-
se que determinar necessidades nutricionais a partir da ingestão observada em
pessoas saudáveis seria um argumento falho, pois essas pessoas poderiam não
manter massa corporal desejável e níveis ótimos de atividade física e, portanto,
não apresentar saúde em seu sentido amplo.
Especialistas começaram então a enfatizar, nas recomendações, a
manutenção da saúde de forma duradoura, com a provisão de necessidades
energéticas para a prática de atividade física, visando à manutenção de aptidão
física, do ponto de vista cardiovascular, além do fornecimento para tônus
muscular aumentado, efeito térmico do alimento e, quando necessário,
suprimento de energia para crescimento e lactação.
As recomendações de energia da 10ª edição das RDAs, em 1989, foram
baseadas nas recomendações descritas pela FAO/WHO/UNU (United Nations
University), em 1985. Assim, o desenvolvimento das DRIs é originário dos
relatórios denominados RDAs (Recommended Dietary Allowances), os quais
foram publicados desde 1941 até 1989 pela National Academy of Sciences, e
Recommended Nutrient Intakes, pelos governos americano e canadense,
respectivamente (MOREIRA; FAGUNDES; SOAR, 2011).
Entre as diferentes utilidades dessas publicações, destacam-se as DRIs
de 2002, que, além de estabelecerem valores de referência para os macro e
micronutrientes, propõem também o cálculo de necessidade de energia tanto
para indivíduos saudáveis como para grupos especiais. Além de estabelecer as
DRIs referentes aos micronutrientes: vitaminas lipossolúveis (A, D, E, e K) e
hidrossolúveis (tiamina, riboflavina, niacina, vitamina B6, folato, vitamina B12 e
C), assim como, para os minerais (ferro, zinco, cálcio, fósforo, iodo, magnésio,
manganês, selênio, cobre, iodo, cloro, sódio e potássio).
Segundo Padovani et al. (2006), além da atualização sobre os nutrientes
essenciais:

9
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

✓ as DRIs se diferem das antigas RDAs porque foi considerado o risco


de doenças crônicas e degenerativas causado pela alimentação na
construção de seus limites, ao invés de apenas a ausência de sinais
de carência. E ainda foram estabelecidos valores máximos de
consumo, a fim de prevenir riscos de efeitos adversos;
✓ as DRIs incorporam o conceito de risco, tido como uma medida de
incerteza advinda das fontes de variabilidade decorrentes de qualquer
inquérito dietético. Seja numa abordagem individual ou de âmbito
populacional, a estimativa de prevalência de carências se dá por meio
de riscos ou probabilidades, tanto de adequação quanto inadequação.
✓ O uso das RDAs em campos diversos, como, por exemplo, rotulagem
de alimentos, planejamento de guias alimentares para pessoas
saudáveis e avaliação da ingestão dietética em inquéritos nutricionais,
em associação com o aprofundamento das informações química,
nutricional e toxicológica dos alimentos, tornou sua utilização
inadequada.

DRIS: DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E CATEGORIAS

As DRIs são valores de referência de ingestão utilizados para a


avaliação e planejamento de dietas para indivíduos saudáveis. São compostas
por quatro valores ou quatro níveis:
i. EAR (Estimated Average Requirement) – necessidade média
estimada;
ii. RDA (Quota Dietética Recomendada);
iii. AI (Adequate Intake) – Ingestão Adequada.
iv. UL (Tolerable Upper Intake Level) - Limite Superior Tolerável de
Ingestão.

Os objetivos das DRIs passaram de metas simples, como nas RDAs, a


metas complexas, considerando a implicação da nutrição sobre a saúde e
consequente inclusão de novos nutrientes. O propósito das DRIs passou de
planejamento de dietas à prevenção de doenças por deficiências de nutrientes
em grupos populacionais, ou, no sentido mais amplo, para a recomendação de

10
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

ingestão visando à adequada utilização do nutriente e à redução do risco de


doenças crônicas.
As doenças crônicas destacadas nas DRIs são: câncer, doença
cardiovascular, catarata, degeneração macular, doenças neurodegenerativas do
sistema central e diabetes mellitus.
As DRIs definem as quantidades de nutrientes específicos e os
componentes alimentares para uso na avaliação da adequação e planejamento
de dietas. Assim, as DRIs têm por objetivo que os valores estabelecidos
previnam não apenas as deficiências nutricionais, mas também as doenças
crônicas não transmissíveis e forneçam limites para a ingestão de nutrientes, de
forma a prevenir os riscos de toxicidade (MOREIRA; FAGUNDES; SOAR, 2011).

No quadro abaixo temos as referências, sua definição e objetivos:

Conjunto de Definição Objetivos


referências

É o valor de ingestão diária, Avaliar (examinar a


estimado para atender às possibilidade de
necessidades de metade (50%) dos inadequação) e
indivíduos saudáveis de um grupo de planejar a dieta tanto
mesmo sexo e estágio de vida. de indivíduos quanto
Na seleção desse critério é de grupos de
EAR
considerada a redução do risco de indivíduos.
doença, juntamente com outros
parâmetros de saúde.
A EAR é utilizada para calcular a
RDA.

É o nível de ingestão diária suficiente Planejar dietas


para atender à necessidade do individuais. No
RDA nutriente, para aproximadamente 97 planejamento de
a 98% de indivíduos saudáveis (ou dietas de grupos,
seja, praticamente todos), de um usar EAR,

11
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

determinado grupo de mesmo sexo juntamente com o


e estágio de vida. coeficiente de
E definida como o valor variação (CV) da
correspondente a dois desvios- ingestão da
padrão acima da necessidade média população-alvo. Se
(RDA = EAR + 2 DP necessidade). não houver
informações sobre o
CV, presume-se que
seja 10%, ou seja, a
RDA = 1,2 EAR.

Quando não há dados suficientes Utiliza-se o AI para


para se estabelecer EAR e, servir de meta de
consequentemente, a RDA, utiliza- ingestão diária do
se a AI. E baseada em níveis de nutriente para o
ingestão alimentar determinada indivíduo, quando
AI experimentalmente ou por não há RDA do
aproximações da média de ingestão nutriente, pois não
do nutriente por um grupo de se conhece a
indivíduos aparentemente necessidade média
saudáveis. (EAR).

É o mais alto nível de ingestão Averiguar a suspeita


habitual do nutriente que de ingestão
provavelmente não coloca em risco excessiva do
de efeitos adversos à saúde a nutriente.
maioria dos indivíduos de mesmo
UL sexo e estágio de vida.
Usualmente refere-se à ingestão do
nutriente através dos alimentos,
alimentos fortificados, água e
suplementos.

12
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Fonte: MOREIRA; FAGUNDES; SOAR (2011, p. 4-5).

Para estimativa da RDA a partir do valor de EAR (Estimated Average


Requirement) e do CV (Coeficiente de variação), vale ressaltar:

1. RDA = EAR + 2DP

2. CV = 100 x DP / EAR = 10 (ou 15 para niacina)

3. DP = 0,1 x EAR

Substituindo DP em 1:

RDA = EAR + 2 (0.1* EAR)

RDA = EAR + 0.2 EAR

RDA = 1.2 EAR

DRIS: USOS E APLICAÇÕES


O conjunto de referências descrito nas DRIs pode ser usado para o
planejamento e a avaliação de dietas tanto para indivíduos como para grupos
conforme estágio de vida (consideram-se a idade e, quando aplicável, a
gestação e lactação) e gênero.
Vejamos como e em quais situações devem-se utilizar as DRIs:

ESTIMATED AVERAGE LNTAKE/EAR - NECESSIDADE MÉDIA ESTIMADA.


O Comitê responsável pela DRIs sugere que a EAR é a melhor
ferramenta para avaliar e planejar necessidades nutricionais individuais;
entretanto, admitem-se limitações na utilização dessa referência, em função de
variações de necessidades de pessoa para pessoa, além da dificuldade de sua
correlação com a ingestão usual individual, especialmente de oligoelementos.
A EAR refere-se ao valor médio de ingestão diária estimado que atende
às necessidades nutricionais de 50% de indivíduos saudáveis de um grupo de
mesmo gênero e estágio de vida. Assim, a outra metade desse grupo pode não

13
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

ter suas necessidades nutricionais atingidas. Portanto, pode-se suspeitar de


consumo inadequado, necessitando de intervenção nutricional com o objetivo de
melhorar a qualidade dietética.
A EAR é aconselhada para avaliação de adequação de ingestão também
em grupos. Com esses valores pode ser determinada a prevalência de
inadequação de ingestão do nutriente em um determinado grupo de indivíduos.
Se a média de ingestão do grupo for igual aos valores de EAR, existe alta
probabilidade de o consumo usual desse grupo ser insuficiente.

B) RECOMMENDED DIETARY ALLOWANCE/RDA - INGESTÃO DIETÉTICA


RECOMENDADA
É indicada para o planejamento da dieta individual, e estabelecida para
servir de meta de ingestão diária do nutriente para indivíduos. No caso de grupos
de indivíduos, o planejamento deve ser feito com a utilização da EAR, juntamente
com o coeficiente de variação da ingestão da população-alvo.
No passado, valores médios de consumo de grupos de indivíduos iguais
ou superiores aos valores da RDA eram considerados adequados. Essa
interpretação é inapropriada, pois a prevalência de inadequação depende da
forma e da variação da distribuição de ingestão usual, e não da média de
ingestão.

C) ADEQUATE LNTAKE/ AI - INGESTÃO ADEQUADA


Utiliza-se a AI como meta de ingestão diária do nutriente para o
indivíduo, quando não se estabeleceu o RDA para o nutriente. Não se
recomenda sua utilização para a avaliação da adequação de dietas. Entretanto,
pode-se concluir que valores da dieta usual individual e valores médios de
consumo de grupos de indivíduos semelhantes aos valores descritos no AI
indicam pequena probabilidade de inadequação.

D) TOLERABLE UPPER LNTAKE LEVEL/UL - LIMITE SUPERIOR TOLERÁVEL


DE INGESTÃO
Efeitos adversos são usualmente associados ao excesso de ingestão
proveniente da suplementação de nutrientes e agentes farmacológicos, ou à
combinação de alimentação excessiva, suplementação de nutrientes e agentes

14
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

farmacológicos. Com a determinação da UL, os profissionais da área de nutrição


possuem uma ferramenta para ser usada como uma recomendação de nível
máximo de ingestão, porém a UL não pode ser usada como recomendação de
níveis de ingestão. O termo ingestão tolerável foi escolhido para evitar
implicações com possíveis efeitos benéficos.
Para indivíduos, o valor descrito na UL representa risco de ocorrência de
efeitos prejudiciais à saúde. No caso de grupos de indivíduos, a UL é usada para
estimar a porcentagem da população em risco potencial de efeitos adversos
decorrentes do excesso de ingestão do nutriente.
Nos dois quadros a seguir, Moreira, Fagundes e Soar (2011) propõem
um sumário de aplicações das DRIs para indivíduos e grupos e algumas
aplicações para o conjunto de referências DRIs em situações habituais.

Aplicações das DRIs para indivíduos e grupos

Aplicação Individual Grupos

EAR: verifica a EAR: pode ser usada para


possibilidade de estimar a prevalência de
inadequação da ingestão ingestão inadequada em
usual. RDA: ingestão grupos.
usual acima desse nível RDA: não deve ser utilizada
tem baixa probabilidade para avaliar a ingestão de
de inadequação. grupos.
AI: ingestão usual igual ou AI: ingestão usual média
acima desse valor tem igual ou superior ao valor
Avaliação
baixa probabilidade de proposto implica baixa
inadequação. prevalência de ingestão
UL: ingestão usual acima inadequada.
desse nível coloca o UL: utilizado para estimar a
indivíduo em risco de porcentagem da população
efeito adverso à saúde. em risco de efeito adverso à
ingestão excessiva do
nutriente.

15
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

EAR: não deve ser usada EAR1: usada para planejar a


como meta para planejar a ingestão com baixa
ingestão para indivíduo. prevalência de ingestão
RDA: usada para planejar inadequada em um grupo.
a ingestão. RDA: não deve ser usada
AI: usada para planejar a como meta para planejar a
ingestão. ingestão para grupo.
Planejamento
UL: usada como guia para AI2: usada para planejar a
evitar um risco potencial ingestão media.
de efeitos adversos de UL: usada para planejar a
ingestão excessiva de ingestão com baixa
nutrientes. prevalência de riscos
adversos.

Atenção!
1- Em relação ao consumo de energia, a EER (Estimated Energy Requirement -
Necessidade de Energia Estimada) é suficiente. A EER é a quantidade de
energia necessária (com variância) para manter em equilíbrio um adulto
saudável, de acordo com idade, sexo, peso, altura e atividade física. Para as
crianças, gestantes e lactantes, inclui a quantidade de energia necessária
para o crescimento e a produção de leite em indivíduos saudáveis. O peso do
corpo deve ser monitorado e ajustado quando necessário.
2- AI deve ser usada somente quando não se tem estabelecida a média de
ingestão para um grupo saudável.

Sugestões de aplicações para o conjunto de referências DRIs

16
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Situações Sugestão de aplicação da DRIs

Indicação de suporte nutricional Analisar dieta e comparar aos valores


descritos na EAR. Se os valores são
semelhantes, existe possível
indicação de suporte nutricional.

Planejamento de dietas para Usar valores descritos na RDA.


indivíduos
Análise de dieta para indivíduos Usar valores descritos na RDA e EAR.
Quando valores são semelhantes à
EAR, existe indicativo de dieta
insuficiente.
Planejamento de dietas para grupos Usar EAR mais o coeficiente de
de indivíduos variação de ingestão da população-
alvo; se o coeficiente de variação não
for descrito na literatura, presume-se
uma variação teórica de 10%, ou seja,
RDA = 1,2 EAR.
Análise de dietas para grupos de
indivíduos (por exemplo, determinar,
através de valores de média e
Usar EAR.
mediana em trabalhos realizados em
grupos, a prevalência de inadequação
de ingestão do nutriente)
Fonte: Moreira, Fagundes e Soar (2011, p. 6).

DETERMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE ENERGIA ESTIMADA (NEE)

O corpo necessita de energia para manter suas várias funções, tais


como respiração, circulação, trabalho físico e manutenção da temperatura. O

17
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

balanço energético de um indivíduo depende de sua ingestão dietética de


energia e de seu gasto energético. Um desequilíbrio entre ingestão e gasto
resulta em ganho ou perda de componentes corporais, especialmente gordura,
o que leva à modificação do peso corporal (IOM, 2002 apud MOREIRA,
FAGUNDES, SOAR, 2011).
A Necessidade de Energia Estimada - NEE (Estimated Energy
Requirement - EER) é definida como a ingestão energética diária que
supostamente manterá estável o balanço energético em indivíduos saudáveis,
cuja idade, sexo, peso, altura e nível de atividade física sejam condizentes com
a boa saúde.
A NEE é expressa em quilocalorias (Kcal) e é calculada a partir de dados
de gasto energético total (GET) diário (TotaI Energy Expenditure - TEE),
mensurados pela técnica da água duplamente marcada.
Em crianças, gestantes e lactantes, a NEE considera, além do GET, o
acréscimo calórico necessário à deposição de tecidos ou secreção de leite.
Na avaliação do estado nutricional, a utilização da equação adequada
no cálculo das necessidades energéticas é de suma importância; assim, o uso
das equações propostas pela DRIs é mais apropriado, pois considera o gasto
energético na sua elaboração. No caso de obesos, é importante utilizar a
equação mais acurada, para se ter um cálculo mais real do gasto energético a
partir do peso em que ele está, e somente então planejar a redução. Da mesma
forma, o indivíduo desnutrido pode utilizar como ponto de partida para o
planejamento da recuperação nutricional o peso do IMC no percentil 50 para
idade e sexo; para adultos, 18,5 a 25 kg/m 2, ou o valor médio do IMC para as
mulheres, que é de 21,5 kg/m2 e para os homens, 22,5 kg./m2, segundo as DRIS.
Ressalta-se ainda que para calcular a NEE em crianças acima de 3 anos
de idade e adultos é considerado também o nível de atividade física (Physical
Activity Level - PAL). Este é determinado pela razão entre o GET e a taxa
metabólica basal. O nível de atividade física segundo as DRIs é subdividido em
categorias:
- sedentário ≥ 1,0 < 1,4;
- atividade física leve ≥ 1,4 < 1,6;
- ativo ≥ 1,6 < 1,9;
- muito ativo ≥ 1,9 < 2,5.

18
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Por isso, o nível de atividade física varia de acordo com a idade, gerando
assim um coeficiente de atividade física (AF) por categoria e faixa etária que é
usado no cálculo da NEE.
Enfim, podemos chegar a algumas conclusões:

1ª) É preciso atenção na aplicação da metodologia das DRIs, pois se errônea


pode levar a conclusão equivocada sobre a adequação do consumo alimentar,
o que traz prejuízos científicos e de credibilidade aos estudos;

2ª) Atividade física de intensidade moderada em alguns dias da semana só


podem trazer benefícios para a saúde, mas somente ela não é capaz de manter
um peso saudável, portanto, um acompanhamento com nutricionista só tem a
somar para uma vida saudável;

3ª) O enfoque das DRls visando à adequada utilização do nutriente e à redução


do risco de doenças crônicas traduz a preocupação dos profissionais da área de
Nutrição e Saúde com a manutenção da saúde de forma duradoura. Entretanto,
as DRIs podem não ser adequadas para estados específicos de doenças, por
isso os profissionais da área de nutrição devem ajustar as recomendações às
necessidades individuais de pacientes com doenças específicas (MURPHY,
2001 apud CAETANO, 2011).

19
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

QUESTÕES ÉTICAS EM NUTRIÇÃO E HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DA


SAÚDE

Apesar de toda a evolução do conhecimento e da tecnologia na área da


saúde, mesmo sendo redundante, o instrumental mais importante para cuidar do
ser humano continua sendo o cuidado.
Não obstante, o simples fato da disponibilidade de um determinado
conhecimento ou tecnologia não é argumento válido o bastante para aplicá-lo
em toda e qualquer situação da prática profissional. Sempre será necessário
analisar os aspectos positivos e negativos de qualquer ação, tendo por referência
os valores que dão origem à mesma, seja para a pessoa assistida, seja para
grupos da população.
Nesse sentido, Tocantins, Silva e Passos (2003), informam que o estudo
e análise desses aspectos, ou seja, do valor de uma ação, é o que se denomina,
no seu sentido amplo, ética. (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003).
Noutrossim, a ética pode ser entendida como o estudo dos juízos de
apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de
modo absoluto, conforme Ferreira (2004). Em sendo, a ética sempre irá referir-
se ao valor da ação humana, à ação de um ser consciente, racional e com
liberdade para optar por este ou aquele valor para fundamentar o seu agir em
determinadas situações da vida. A pessoa, o ser humano, é o valor central de
tudo quanto nos rodeia.
Nesse aspecto, mesmo com essa liberdade de agir de cada ser humano,
o valor deste agir é constituído concretamente mediante relações com outros
seres humanos. Assim, os orientadores da validade dos valores do agir de cada
ser humano são o convívio e o aprendizado das regras e valores de diferentes
grupos humanos.
Isto porque, falar em ética nos reporta quase que automaticamente para
a moral! Esta palavra tem sua etimologia no latim (more) e remete aos usos e
costumes.
Porquanto, o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas,
quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou

20
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

pessoa determinada, é denominado moral. Como conjunto de normas e


costumes, ao mesmo tempo em que tende a regulamentar o agir das pessoas,
a moral oportuniza refletir sobre o valor do agir humano. Com esse
entendimento, a ética é o estudo, a análise, a discussão da moral do agir humano
em determinada realidade.
Sendo assim, enquanto a regra moral é ideal e se fundamenta no
respeito a essas regras a partir de convicções próprias de cada ser humano, a
regra legal é uma norma prática, de aplicação compulsória e faz agir por
obrigação externa, por conformidade à lei.
Nesse sentido, o questionamento quanto à eticidade de determinada
ação ocorre quando existem dúvidas quanto à adequação moral de cada
escolha, quando a escolha envolve proposições opostas ou uma situação com
apenas duas possibilidades de ação difíceis ou penosas, ou seja, um dilema
ético (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003).
Contudo e de forma geral, a ética ocupa-se da análise do que é bom (ou
correto) e do que é mau (ou incorreto) no agir humano. A ética aplicada, nessa
mesma linha de pensamento, trata de questões relevantes à pessoa e à
humanidade.
Temporalmente, a partir de 1960, a preocupação mundial com as
questões morais em diferentes setores da sociedade fez emergir, entre outras:
➢ ética dos negócios, em que a questão da corrupção e abusos econômico-
financeiros passaram a ser objeto de discussão;
➢ ética ambiental, envolvendo principalmente os valores a fundamentar a
defesa da preservação e proteção do meio ambiente;
➢ bioética, cujo objeto de estudo ético tem como realidade a vida dos seres
humanos em geral, significando um diálogo para formular, articular e
resolver dilemas que emergem das propostas de pesquisa e intervenção
sobre a vida, a saúde, o meio ambiente (CLOTET, 1997).

Assim, ao focalizar a reflexão ética no fenômeno da vida, e considerando


o dinamismo dos eventos vitais, as temáticas tratadas pela Bioética podem ser
subdivididas em: aquelas que emergem dos conflitos entre o progresso das
ciências e os direitos humanos, como a fecundação artificial, a clonagem; e

21
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

aquelas presentes no cotidiano das pessoas, como a eutanásia, o aborto, a


violência.
Conquanto, a Bioética é o estudo sistemático das dimensões morais –
incluindo visão moral, decisões, condutas e políticas – das ciências da vida e
atenção à saúde, utilizando uma variedade de metodologias éticas em um
cenário interdisciplinar. (REICH, 1995 apud TOCANTINS; SILVA; PASSOS,
2003). Com esse entendimento, a Bioética envolve o estudo sistemático da
conduta humana na área das ciências da vida e da atenção à saúde, conduta
esta examinada à luz dos valores e princípios morais (GONÇALVES, 1994).
Em sendo, no que se refere aos cuidados e à atenção à saúde, e tendo
por base a sua diretriz central, os valores que fundamentam o agir no setor saúde
podem ser agrupados em:
➢ orientados por recursos – na situação em que a diretriz central são os
recursos, predomina o valor do custo-benefício, isto é, a relação entre o
custo de investimentos em recursos financeiros, materiais e recursos
humanos e o benefício de alcançar o máximo de saúde;
➢ orientados por doenças – quando a diretriz central é a doença, o valor
presente é de que qualquer problema de saúde pode ser eliminado pela
aplicação de tecnologias médicas e de saúde. Nesse contexto, ela é
entendida como a ausência de qualquer doença, entendida por sua vez
como apresentando um fundamento físico-biológico particular, passível
de ser diagnosticado pelo profissional de saúde. Assim, o valor positivo
da assistência de saúde é o adequado tratamento dos indivíduos que
apresentam uma doença, contribuindo para a eliminação de sinais e
sintomas físico-biológicos, caracterizados como situação de
anormalidade;
➢ orientados decisões políticas – o agrupamento das ações que envolvem
decisões políticas trazem em destaque os valores e interesses das
lideranças políticas, que em princípio expressam os problemas de saúde
da população de uma região ou país, envolvendo implicitamente a
questão do direito como cidadão, a saúde e equidade no acesso a
serviços;
➢ orientados por valores de clientes e familiares – o agir no setor saúde que
tem como diretriz central os clientes e seus familiares apresenta como

22
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

valor central os valores daqueles que se beneficiam da assistência à


saúde.

Em sendo, as necessidades concretas de assistência de saúde da


pessoa ou de grupos da população são concebidas não como uma concepção
abstrata, mas, tendo por referência problemas vivenciados, como a única forma
possível de garantir o preenchimento do seu direito à saúde e ao bem-estar.
Não obstante, os valores da atenção à saúde podem ser refletidos e
analisados, no sentido ético, tendo por fundamento princípios morais. Os
princípios que orientam a análise de dilemas éticos, tanto aqueles que emergem
da vida em geral quanto aqueles que envolvem o setor saúde (como os valores
da prática profissional), são o respeito à autonomia, à beneficência, a não-
maleficência e à justiça. (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 1994 apud TOCANTINS;
SILVA; PASSOS, 2003).
Isto porque, a concepção central que fundamenta o princípio da
autonomia é a auto governabilidade, a de que cada pessoa é soberana para
decidir tudo o que se refere ao seu corpo, ao seu pensar e ao seu agir. Está
implícita a perspectiva social de respeito a outro ser humano, ou seja, o respeito
à autonomia de modo recíproco.
Noutrossim, o princípio do respeito à autonomia tem como valor
fundamental que cada ser humano é capaz de decidir sobre o que é melhor para
si mesmo e para seu grupo. Assim, não considerar essa capacidade, seja
negando a liberdade pessoal e social de agir, seja omitindo informações
disponíveis que subsidiam o julgamento do seu agir, significa faltar com respeito
a essa autonomia.
Nesse sentido, geralmente encontramos em códigos de ética, trechos
como: “respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana”, “respeitar o
ser humano desde a concepção até depois da morte” – focaliza como valor
central o respeito pela autonomia daquele que é assistido e a responsabilidade
pelo seu agir profissional.
Intermitentemente, faz-se importante destacar que o reconhecimento,
total ou parcial, da capacidade de julgamento e decisão de uma pessoa pode
variar de acordo com a cultura do grupo ou sociedade que integra. Dessa forma,
aqueles que na nossa sociedade são considerados legalmente imaturos

23
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

(menores de idade), aqueles considerados incompetentes para fazerem


julgamentos ou se autogovernarem (doentes mentais) ou aqueles
institucionalmente impedidos de exercerem a sua liberdade de ação
(presidiários) requerem proteção da sua autonomia para, em última instância,
não serem desrespeitados como seres humanos.
Noutro aspecto, o princípio da beneficência tem o bem como fundamento
básico de toda e qualquer ação profissional de saúde, isto é, o valor moral de
agir em benefício de outros. Com esse entendimento, a assistência à saúde visa
sempre os interesses do cliente, da família e da comunidade.
Conquanto, a beneficência distingue-se da benevolência; enquanto a
primeira refere-se à característica da ação que visa o bem, a segunda caracteriza
a atitude de boa vontade de uma pessoa em relação a outra. O bem visado pela
ação dos profissionais de saúde – que em geral está explicitamente detalhada
no seu juramento profissional – é a vida, tanto na dimensão individual como
coletiva (“respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte”; “atuar
junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da
população”) (TOCANTINS; SILVA; PASSOS, 2003).
Não obstante, o princípio da não-maleficência tem como valor máximo
que qualquer ação deve, em primeira instância, não infligir dano intencional
(primum non nocere). Esse princípio também está explícito nos códigos de ética
- “não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do
ser humano”.
Em sendo, muitos autores entendem que o valor da ação profissional
“não causar dano” é complementar ao valor do princípio da beneficência,
especificando que uma ação benéfica deve priorizar em primeiro lugar “não
colocar em risco a saúde e a vida” e em segundo lugar “maximizar os benefícios”.
Essa priorização, denominada “dever prima facie”, justifica-se pelo fato de, ao
prevenir um dano intencional, o profissional está concretamente tendo em vista
um bem.
Conquanto, a distribuição justa, equitativa, apropriada e universal no que
se refere aos benefícios dos serviços e das ações dos agentes de saúde é o
valor que compõe o princípio da justiça aplicado ao setor da saúde e à prática
profissional, também chamado Justiça Distributiva.

24
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Isto porque, o Princípio da Justiça Distributiva inclui o entendimento de


que o Estado, nos seus diferentes níveis, tem como dever promover o direito à
saúde universal, isto é, o bem-estar coletivo. Apesar de todos os valores sociais
deverem ser distribuídos igualmente – critério da equidade –, uma distribuição
desigual tem valor moral positivo desde que redunde em vantagem para todos,
especialmente os mais necessitados.
Nesse contexto, é importante não confundir os termos justiça e direito; a
justiça refere-se a um critério moral, enquanto o direito é concretizado no
convívio em sociedade.
Uma das áreas na qual a Ética sempre ocupou um lugar de destaque é
a da saúde, particularmente em questões que envolvem vida e morte. E, em
sendo, falemos um pouco sobre a questão da humanização.
Conforme Baraúna (2007), a humanização é um processo de construção
gradual, realizada através do compartilhamento de conhecimentos e de
sentimentos (BARAÚNA, 2007).
Ainda sob a ótica do autor supracitado, as ações de humanização
englobam muitas e diversificadas práticas profissionais que vêm sendo
introduzidas no tratamento de pessoas hospitalizadas (a psicologia, a
dietoterapia, a terapia ocupacional, a arteterapia, a contação de histórias, a arte
do palhaço, as artes plásticas, o toque terapêutico, a massoterapia, etc.)
(BARAÚNA, 2007).
Noutra perspectiva, Cembranelli (2007) afirma que, nas ações da
humanização, procura-se resgatar o respeito à vida humana, a nossa e a do
paciente. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática na qual o profissional
que cuida da saúde do próximo, enfim, toda a equipe multiprofissional, seja do
hospital, de um centro de saúde público ou privado, encontre a possibilidade de
assumir uma posição ética de respeito ao outro, de acolhimento do
desconhecido, do imprevisível, do incontrolável, do diferente e singular,
reconhecendo os seus limites (CEMBRANELLI, 2007).
Assim, quando falamos, portanto, em “humanização do atendimento”,
não falamos apenas em resgatar o mais bonito do humano ou o quanto somos
“maravilhosos”, mas resgatar-nos de uma forma mais inteira, mais coerente em
todas essas nossas dimensões da comunicação. Temos que ser capazes de não
ficar imaginando que “em algum lugar do planeta” nos comunicaríamos muito

25
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

bem, mas sim entendermos que a nossa habilidade de comunicação passa pela
verdade de sermos capazes de nos relacionar com quem existe à nossa volta;
que as pessoas que nos rodeiam são os nossos professores de comunicação, e
que melhorar a nossa comunicação significa conquistar o melhor de nós
mesmos, significa colocarmos a atenção em dimensões que, muitas vezes, não
a pomos (SILVA, 2007).
Nesse ínterim e conforme Brasil (2004), a humanização em hospitais
envolve essencialmente o trabalho conjunto de diferentes profissionais, de toda
a equipe. O trabalho interdisciplinar pode favorecer a uma multiplicidade de
enfoques e alternativas para a compreensão de aspectos que estão envolvidos
no atendimento ao paciente. Isto tudo pode colaborar para o estabelecimento de
uma nova cultura de respeito e valorização da vida humana no atendimento ao
paciente.
Em sendo, é necessário mudar a forma como os hospitais se posicionam
frente ao seu principal objeto de trabalho – a vida, o sofrimento e a dor de um
indivíduo fragilizado pela doença. De nada valerão os esforços para o
aperfeiçoamento gerencial, financeiro e tecnológico das organizações de saúde,
pois a mais extraordinária tecnologia, sem ética, sem delicadeza, sem respeito,
não produz bem-estar. Muitas vezes, desertifica o homem (BRASIL, 2004).

A ÉTICA NA PESQUISA CLÍNICA


O tema não é novo como dizem Faintuch e Falcão (2004) no editorial da
Revista Brasileira de Nutrição Clínica. Há mais de dois milênios, Hipócrates já
formulava o princípio do “primum non nocere”. O profissional da saúde não
poderia garantir benefícios para todos os pacientes, mas deveria se esforçar ao
máximo para não lhes causar mal, nem comprometer ainda mais a sua situação.
O juramento até hoje repetido solenemente por formandos em
faculdades do mundo inteiro, já esboçava alguns dos alicerces da moderna ética:
integridade, competência e respeito no trato com o paciente, bem como,
confidencialidade no tocante às informações adquiridas.
Embora seja um registro antigo, vimos que, ao longo da segunda guerra
mundial a pesquisa tomou rumos um tanto obscuros, tanto que, terminada a
guerra, a mesma precisou ser reinventada.

26
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Nesse sentido, os campos de guerra serviram de palco para


experiências científicas atrozes, devidamente anotadas e cujos registros
sobreviveram à guerra, como retirar fetos imaturos de grávidas com várias
idades gestacionais e abandoná-los sem atendimento, para documentar sua
sobrevida espontânea fora do útero.
Analogamente, prisioneiros eram arremessados em tanques de água a
temperaturas próximas de 0ºC, objetivando registrar o tempo que levaria para
que ocorressem paradas cardíacas.
Enfim, uma das consequências do tribunal internacional de Nuremberg,
que julgou os chefes nazistas capturados, ao final da conflagração, foi a
enunciação do Código de Nuremberg, que proibia procedimentos como os
citados acima.
Com a criação da Organização das Nações Unidas e suas entidades
associadas, aproximadamente na mesma época, entre elas a Organização
Mundial da Saúde, coube a esta capitanear as iniciativas no sentido de
normatizar os estudos científicos em todo o mundo. O desdobramento deste
pioneirismo foi a Convenção de Helsinki, hoje considerada obrigatória por todas
as agências de fomento e pelas principais publicações científicas internacionais.
Em sendo, resultou de todo este empenho que a pesquisa clínica se
encontra na atualidade submetida a regras gerais semelhantes, ainda que com
divergências em pontos específicos, na maioria dos países desenvolvidos.
Também no Brasil, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP, órgão
do Ministério da Saúde, atua há cerca de uma década no sentido de ditar as
regras que norteiam todos protocolos experimentais envolvendo pacientes (e
também animais de laboratório).
Nesse sentido, Faintuch e Falcão (2004) relacionam algumas destas
regras:
1) Consentimento informado – trata-se de atitude absolutamente
consagrada. O paciente somente deve participar de um projeto após
ser esclarecido objetivamente de suas características e de concordar
por escrito com o mesmo.
2) Vantagens, riscos e alternativas – não basta dar ciência da natureza
da pesquisa. O paciente precisa saber se auferirá algum benefício
(muitas pesquisas destinam-se a beneficiar gerações futuras, não

27
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

seus atuais sujeitos), os perigos devem ser enumerados e explicados


(e não apenas substituídos pela clássica expressão de que “tudo dará
certo”), e também as alternativas existentes (ou pelo menos a
alternativa de não se integrar no protocolo).
3) Direito ao sigilo profissional, acesso a seus dados pessoais,
possibilidade de desistência a qualquer momento sem pressões ou
penalidades, previsão para atendimento em caso de complicações,
nome e telefone de um profissional responsável. Todas estas
salvaguardas, além de outras mais, costumam ser incluídas no Termo
de Consentimento, a fim de assegurar amplo respaldo ao paciente em
qualquer circunstância.
4) Atendimento especial a populações desprotegidas, drogas novas ou
incompletamente testadas, tratamentos envolvendo fases isentas de
suporte terapêutico (uso de placebo ou períodos de “wash out”), etc.
Deve-se recorrer a cautelas especiais no recrutamento de indivíduos
incapazes de entender ou aceder plenamente ao estudo como
crianças, idosos com Alzheimer, e indígenas não aculturados. Outros
como populações carcerárias, poderão sentir-se constrangidos ou
cerceados, o que igualmente interferirá na sua capacidade de
consentimento. E certas drogas ou procedimentos, cujas
consequências são ou poderão vir a se revelar deletérias, exigirão
cuidadosa pesagem da relação risco-benefício antes de sua
aprovação.
5) Fundamentação científica – é consensual em todas as partes do
mundo que também a ciência frágil ou pouco consistente é antiética.
Ou seja, não basta que as salvaguardas e explicações usuais sejam
proporcionadas. O ritual do Termo de Consentimento executado
segundo a melhor liturgia, a amostragem suficiente e a metodologia,
um primor. Se o arrazoado e a justificativa técnica em si não
possuírem bases sólidas e documentadas, e se as intervenções
contempladas não evidenciarem perspectiva de avanço dos
conhecimentos ou das práticas diagnósticas ou terapêuticas, não
haverá como endossá-los.

28
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Na realidade, a ética em pesquisa já avançou tanto em nossos dias, que


tratados e publicações, periódicas, já são disponíveis exclusivamente neste
campo, ao lado de sites na Internet, razão pela qual os presentes comentários
não são, nem poderiam ser completos ou exaustivos.
Em se tratando de pesquisa médica, Castilho e Kalil (2005) demonstram
que, no Brasil, em 1988, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) elaborou uma
norma sobre ética em pesquisa médica – a Resolução nº 01/88 do CNS. Este
documento mescla aspectos éticos das pesquisas com questões e aspectos de
biossegurança e de vigilância sanitária. Este fato, segundo alguns estudiosos,
como Hosne (2003), explica a não implantação da resolução na medida
desejada.
Noutrossim, a atual Constituição das diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos, no nosso País, é a
Resolução nº 196/96 do CNS e as resoluções complementares: a Resolução nº
251/97 que normatiza as pesquisas com novos fármacos, medicamentos,
vacinas e testes diagnósticos; a Resolução nº 292/99 referente à pesquisa com
cooperação estrangeira; para as pesquisas conduzidas na área de reprodução
humana tem-se a Resolução nº 303/00; a Resolução nº 304/00 refere-se às
pesquisas com povos indígenas e a recente Resolução Complementar nº 340/04
diz respeito à área de genética humana.
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) é uma instância
colegiada, de natureza consultiva, deliberativa, normativa, educativa,
independente e vinculada ao Conselho Nacional de Saúde (HOSNE, 2003).
Após a resolução 196/96, foram criados os Comitês de Ética em
Pesquisa (CEPs) em todo o País com o objetivo de examinar as questões éticas
em pesquisas com seres humanos, em que os três princípios acima
mencionados são avaliados (HOSNE, 2003).
A CONEP insiste exaustivamente no Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Esse consentimento surge nos EUA com a denominação de
consentimento informado ou consentimento pós-informação. A CONEP entende
o consentimento como livre por não poder haver nenhum tipo de limitação a
influenciar a vontade e a decisão do sujeito da pesquisa, e é esclarecido na
medida em que se considera que o compromisso com o sujeito da pesquisa não
é apenas o de informar, mas o de esclarecer.

29
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Na elaboração do TCLE, o pesquisador deve procurar a efetiva


informação ao sujeito de pesquisa para assegurar o seu direito de escolha. Deve-
se ter em mente que poderá haver conflitos de interesse com o patrocinador da
pesquisa (por exemplo: indústria farmacêutica), com a instituição de pesquisa
(faculdade ou hospital) ou com o próprio pesquisador.
Há vários casos relatados na literatura médica destes conflitos de
interesse implicando problemas éticos importantes. Há, também, que se levar
em consideração as diferenças culturais entre povos em um estudo multicêntrico
internacional e, sobretudo, em minorias étnicas (por exemplo, população
indígena) incluídos no estudo. Para tal, o TCLE deve ser escrito em termos
acessíveis ao sujeito, e contemplar toda informação pertinente à pesquisa. Ele
deve ser apresentado por indivíduo treinado e ser confidencial. Com a evolução
da pesquisa, pode haver necessidade de o TCLE ser modificado, a informação
renovada ou, em suma, ser reconsiderada a qualquer momento.
Tudo isto para prover integral autonomia ao sujeito da pesquisa.
Deve-se evitar, sobretudo, a ambiguidade, esconder riscos inerentes à
pesquisa, ou ser dirigido aos pares que analisarão a proposta. Sua redação não
merece ser feita visando à proteção do pesquisador, de instituição ou de
patrocinador. Devem, ainda, estar claramente especificados os possíveis
desconfortos, os riscos e os possíveis benefícios; como o paciente poderá obter
continuidade se caso venha a se beneficiar do tratamento e como será
indenizado ou tratado por problemas decorrentes da pesquisa. O sujeito deverá
estar seguro da privacidade de todas as informações. O pesquisador deverá
deixar claro como procederá à informação em casos de incapacidade mental
(crianças ou adultos com retardo mental), clínica (pacientes inconscientes) ou
culturais (por exemplo, indígenas).
A CONEP postula que não poderá haver pagamento para que um sujeito
participe da pesquisa sendo sua adesão voluntária. No entanto, poderá haver
ressarcimento de despesas ou de interrupção de ganhos advindos do trabalho.
Estas questões têm que estar claramente delineadas.
A CONEP preconiza, também, que os estudos clínicos devem ser
controlados com o melhor tratamento atualmente existente. Estudos com
placebo devem ser evitados e só serão aceitos em casos excepcionais.

30
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

O TCLE é ainda hoje a razão principal de devolução de protocolos para


modificações (cerca de 25% das não aprovações, quando da primeira análise,
de projetos analisados pela CAPPesq (Comissão de Ética para Análise de
Projetos de Pesquisa do Complexo HC-FMUSP). Também, é responsabilidade
dos CEPs auditarem a execução da pesquisa e revisarem os termos do TCLE
baseados nos resultados da pesquisa (CASTILHO; KALIL, 2005).
Faintuch e Falcão (2004) ponderam que não obstante, as agências de
fomento oficiais, tanto federais quanto estaduais, já de algum tempo rejeitam
quaisquer pedidos sem a competente chancela ética, e o mesmo ocorre com
projetos de Mestrado e Doutorado, na maioria das Universidades. Revistas
científicas internacionais e muitas nacionais, analogamente, cobram tal requisito,
e o mesmo já começa a se suceder com os principais congressos da área da
saúde.
Note-se ainda que aprovações a posteriori para estudos já concluídos
são, virtualmente, impossíveis de se conseguir, ainda que não paire qualquer
suspeita de infringências éticas.

ÉTICA NA TERAPIA NUTRICIONAL


Para Jorge Filho (2004), certamente a assistência nutricional é uma das
áreas que mais tem avançado a partir dos últimos decênios do Século XX.
Rapidamente, procedimentos ligados à nutrição clínica ampliaram seus
nichos, restritos as copas e cozinhas de estabelecimentos hospitalares,
invadiram indústrias, farmácias, centros cirúrgicos, unidades de terapia intensiva
e, deixando os muros dos hospitais, chegaram aos ambulatórios e atingiram os
próprios domicílios dos pacientes.
Procedimentos que envolviam tão somente prescrição médica de dietas
artesanais, sua produção pela cozinha do hospital e oferta aos pacientes,
passaram a envolver médicos, enfermeiros, nutricionistas, farmacêuticos e,
muitas vezes, psicólogos e fisioterapeutas. Tal diversificação foi tão pronunciada
que justificou plenamente a criação das Equipes Multiprofissionais de Terapia
Nutricional, atestado claro do entendimento das autoridades sanitárias quando a
complexidade das ações de cunho nutricional na doença, a exigir trabalho amplo
e coordenado de diferentes categorias profissionais.

31
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Era de esperar que uma revolução de tal vulto trouxesse consigo


problemas éticos novos e acentuasse outros, até então pouco percebidos.
Discutir tais problemas não é tarefa simples, já que envolve diferentes Códigos
e Conselhos de Ética, sendo aconselhável, do ponto de vista do Dr. Isac Jorge
Filho, que estes Conselhos se reúnam para traçar rumos e normas éticas
comuns, especificamente para a Terapia Nutricional.
Enquanto isso não acontece, vale considerar os princípios da Bioética,
que podem perfeitamente nortear muitos dos passos dos profissionais
envolvidos com a Terapia Nutricional, independente da categoria profissional a
que pertençam.
Com muita propriedade, Dr. Isac Jorge filho aponta o que se espera, em
termos bioéticos, dos procedimentos de apoio e de terapia nutricional, que
condizem com o já exposto sobre os princípios que devem nortear a ética para
a saúde:
1. Que tragam benefícios para o paciente sob tratamento, obedecendo,
assim o princípio da beneficência.
2. Que não determine efeitos colaterais relevantes e previsíveis, dentro do
princípio da não maleficência.
3. Que sejam disponíveis para as diferentes pessoas, independente de
qualquer tipo de preconceito, seja de credo, cor, gênero, tendência
política ou situação socioeconômica. Desta maneira, estará sendo
cumprido o princípio da justiça.
4. Que seja utilizado dentro do princípio da autonomia do paciente em
aceitar ou não o tratamento proposto.

A teoria dos princípios da Bioética, que preconiza que se uma ação tem
boas consequências e está dentro de regras estabelecidas ela é eticamente
recomendável, é considerada, por muitos bioeticistas, muito simplista já que nem
sempre permite respostas satisfatórias aos problemas bioéticos que se
apresentam. É assim também no caso da Terapia Nutricional, já que enquanto
os princípios da beneficência e não maleficência são claramente aplicáveis, os
princípios da autonomia e, principalmente, da justiça, geralmente se chocam
com a realidade. É claro, por exemplo, que no Brasil a terapia nutricional não
está ao alcance de todos e nem todos os que a recebem tiveram autonomia em

32
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

aceitá-la. Nesse sentido, a normatização da Vigilância Sanitária e o


credenciamento de Equipes Multiprofissionais em hospitais abre espaço para
maior justiça na utilização de procedimentos nutricionais a pacientes com baixas
condições socioeconômicas, mas ainda há uma grande distância entre essa bela
teoria e a dura realidade.
De qualquer forma, os princípios acima citados são bastante úteis nessa
fase do desenvolvimento das equipes multiprofissionais, por lidar com aspectos
populacionais, como é característico da Bioética. Fica, portanto, a dica para
participarem desses debates e reflexões que dizem respeito especificamente à
Terapia Nutricional e que a ética seja incorporada aos Códigos de Ética das
diferentes categorias envolvidas.
ESPECIFICIDADES DA BIOÉTICA
Desde o seu surgimento, a ética busca estratégias de organizar o
pensamento sobre como o ser humano deve se adequar à vida. Começamos
questionando nossa existência, porque somos e agimos de uma determinada
maneira.
Com o avanço da ciência, novos desafios foram introduzidos. A
ampliação dos conhecimentos científicos e o impacto da sua transposição
tecnológica geraram a necessidade de avaliar até onde podemos ir. (LATOUR,
1987 apud GOLDIM, 2009). Às discussões sobre o bem-viver foram acrescidos
os questionamentos sobre a vida em si, sobre o que é estar vivo. A identificação
de que o ser humano é parte da natureza, que é um ser que tem interações
ativas com seu meio, reconhecendo que pode alterar o seu próprio destino e de
toda a natureza, introduziu uma nova pauta de questionamentos.
Repensar o início e o final da vida, produzir embriões, congelá-los,
ressignificar os papéis familiares e o próprio conceito e critérios de morte foram
itens determinantes. Saber reconhecer os limites da pesquisa, identificando a
sua adequação ética e metodológica, a existência de grupos e pessoas
vulneráveis, foram outros temas fundamentais. Tudo isso, também segundo
Goldim, levou à necessidade de propor uma ampliação da discussão ética, que
acabou sendo denominada de bioética.
Atualmente, a bioética pode ser entendida como sendo uma reflexão
complexa, interdisciplinar e compartilhada sobre a adequação das ações
envolvendo a vida e o viver (GOLDIM, 2006). A bioética é uma reflexão

33
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

complexa, pois inclui os múltiplos aspectos envolvidos no seu objeto de atenção;


é interdisciplinar, devido à possibilidade de contar com conhecimentos oriundos
de diferentes áreas do saber; e é compartilhada, por utilizar as diferentes
interfaces para realizar diálogos mutuamente enriquecedores.
A bioética parte de problemas e acaba por refletir sobre situações de
complexidade sempre crescente. No processo de reflexão e de tomada de
decisão, o importante é identificar adequadamente o problema a ser abordado,
os fatos e as circunstâncias envolvidas, as alternativas e suas respectivas
consequências. Como parte da reflexão, devem ser incluídos os referenciais
teóricos e os casos já ocorridos relacionados ao problema. Todos estes
elementos, desde a identificação do problema até a utilização de experiências e
vivências prévias são passíveis de discussão racional.
O objetivo da bioética complexa ao buscar solucionar problemas não é
identificar uma solução ideal, mas buscar achar a melhor solução disponível nas
circunstâncias reais. É fundamental reconhecer que algumas vezes as
circunstâncias podem ser alteradas, e em outras não; assim como algumas delas
dependem de nós e outras não (ÉPICTÈTE, 2007 apud GOLDIM, 2009).
Os fatos e as circunstâncias devem ser adequadamente avaliados para
entender o mais adequadamente possível o problema a ser abordado. Quanto
mais informação e de melhor qualidade for coletada, menos ambiguidade estará
presente, e assim o próprio problema poderá ser melhor compreendido.
Na busca de soluções para um problema, é fundamental levar em
consideração as múltiplas alternativas possíveis.
Habitualmente, as questões éticas são abordadas sob a forma de
dilemas, restringindo as alternativas a apenas duas possibilidades de solução
(SOTTOMAYOR-CARDIA, 1992).
Na área da saúde, as alternativas são múltiplas; assim, é melhor utilizar
a denominação problema ético ao invés de dilemas éticos, com o objetivo de não
restringir a própria reflexão.
Cada alternativa deve ser sempre cotejada com as suas consequências,
pois elas constituem a própria ação a ser realizada. As consequências
manifestam e explicitam a ação em si. As consequências podem ser associadas
às circunstâncias (WEBER, 1999).

34
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

A bioética complexa também leva em consideração outros dois


componentes não racionais: os sistemas de crenças e valores e a afetividade
(GOLDIM, 2006).
Eis o ponto que nos interesse: as crenças e valores!
Os sistemas de crenças incluem os valores, as tradições e os interesses
envolvidos no problema em questão.
As crenças são julgamentos subjetivos da pessoa, referentes a alguns
aspectos discrimináveis do seu mundo, que dizem respeito à compreensão que
esta pessoa tem de si e de seu meio (FISHBEIN; AJZEN; BELIEF, 1975 apud
GOLDIM, 2009). De cinco a nove crenças determinam as atitudes das pessoas
(AJZEN; FISHBEIN, 1979 apud GOLDIM, 2009).
Os valores são crenças duradouras em um modelo específico de
conduta ou estado de existência, que pode ser adotado de forma pessoal ou
social, e se baseia em conduta anteriormente existente (ROKEACH, 1973 apud
GOLDIM, 2009).
A tradição é um passado presente, é uma referência do passado que
atua no presente. A tradição é uma memória individual ou coletiva: individual
porque dá identidade ao indivíduo, e coletiva porque dá sentido de partilha
efetiva, de pertencimento (OST, 1994).
Os interesses são uma satisfação vinculada à representação da
existência de um determinado objeto (KANT, 1974 apud GOLDIM, 2009). Em
outras palavras, os interesses geram envolvimento, despertam atenção, geram
curiosidade. De forma geral, os interesses reduzem as alternativas de solução
ao restringirem o foco de atenção.
Em suma, os sistemas de crenças lidam no presente simultaneamente
com o passado e o futuro. As tradições são um presente histórico, pois baseiam-
se na memória, na contínua restauração de crenças e condutas. Por outro lado,
os interesses são uma antecipação do futuro no tempo presente.
Existem vários trabalhos acadêmico-científicos refletindo e analisando a
questão/restrição alimentar seja por motivos religiosos ou por indivíduos que
buscam uma harmonia com a natureza, que acabam fazendo parte do sistema
de crenças que falamos acima.
Veremos alguns destes trabalhos devido o profissional da Nutrição estar
a cada dia se deparando com tais questões e porque o desconhecimento ou

35
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

interpretações equivocadas sobre estes aspectos criam divergência de opinião,


principalmente na área de saúde, o que dificulta a compreensão e resolução dos
conflitos.

RESTRIÇÕES ALIMENTARES POR MOTIVOS RELIGIOSOS


Em Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação em
Medicina, Wettstein (2010) objetivou conhecer diferentes perspectivas
espirituais, referentes às práticas nutricionais, predominantes em nosso meio e
verificar a influência do sistema de crenças, especialmente as religiosas, no
processo de escolha de alimentos e sua repercussão para a saúde. Realizou um
estudo transversal com paciente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Ao nosso propósito interessa tomar emprestado o referencial teórico que
utilizou, mas sugerimos de imediato que leiam sua dissertação, caso desejem
aprofundamento no conteúdo.
Segundo a autora, as crenças religiosas ou espirituais podem influenciar
a adesão à dieta pelos pacientes, tanto no hospital como no retorno às suas
casas, e no ambiente hospitalar, a influência religiosa nos hábitos alimentares
pode ser omitida pelos pacientes, talvez pelo receio da estigmatização por parte
dos profissionais de saúde.
Em vários trabalhos, Goldim (2007, 2008, 2009) infere que no processo
de tomada de decisão, o sistema de crenças de uma pessoa tem papel
fundamental. Estas crenças, incluindo-se as religiosas, afetam a sua percepção
e a sua leitura do mundo, afetam o conjunto das alternativas consideradas e na
seleção da ação que irá ser realizada.
Desta forma, os aspectos religiosos e espirituais devem ser incluídos nas
reflexões feitas pela Bioética. A inclusão destes aspectos não retira o caráter
laico e secular da reflexão bioética, ao contrário, permite ter uma visão ampla e
real das motivações associadas às decisões que as pessoas tomam (DAAR;
KHITAMY, 2001 apud WETTSTEIN, 2010).
O Brasil é um país onde as convicções religiosas são um importante
componente social. No censo demográfico realizado pelo IBGE no ano de 2000,
apenas 7,26% dos entrevistados declararam-se como “sem religião”, todos os
demais 92,74% praticam algum tipo de tradição religiosa. Este dado pode indicar
que para muitos pacientes, os aspectos religiosos e espirituais presentes na

36
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

cultura brasileira podem interferir na aceitação e na adesão de determinadas


práticas assistenciais. Lembrando que, no Brasil, a liberdade de credo é
assegurada no artigo 5º da Constituição de 1988, como um dos direitos
fundamentais.
Protas (2010) citando Hofstede (s.d.) descreve cultura como sendo uma
programação coletiva que distingue os membros de um grupo, ou categoria de
pessoas, de outro. Estes grupos ou categorias podem se referir a países,
religiões, profissões, entre outros. Estes aspectos culturais podem ser
entendidos como as “regras não escritas do jogo social” e definem os rumos das
decisões das pessoas. Segundo este autor, a cultura não deixa fósseis, mas
deixa valores, rituais e práticas.
Estas talvez sejam as melhores razões – o grande percentual de
pessoas que dizem ter alguma prática religiosa ou espiritual aliada à importância
destes aspectos na cultura brasileira – para se conhecer a grande diversidade
destas tradições religiosas na população e, em especial, nos pacientes
atendidos no sistema de saúde.
Desde 1983, a Organização Mundial da Saúde discute a inclusão da
dimensão espiritual no conceito de saúde. A nova proposta modifica o conceito
atual de saúde, redefinindo-o como “um estado dinâmico de completo bem-estar
físico, mental, espiritual e social”.
A Resolução 196/96 (versão 2012) do Conselho Nacional de Saúde
Brasil, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos no país também
inclui os aspectos espirituais como um dos valores a seres considerados e
preservados quando da realização de investigações científicas. O item II.25
desta Resolução, considera risco de pesquisa como sendo a “possibilidade de
danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual
do ser humano”, em qualquer fase de uma pesquisa e dela decorrente.
Também no item V.2 da mesma resolução, encontramos que:

as pesquisas nas quais os benefícios forem


exclusivamente indiretos aos seus participantes devem ser
toleráveis, considerando as dimensões física, psíquica,
moral, intelectual, social, cultural ou espiritual desses.

37
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

A dimensão espiritual também vem sendo reconhecida como um


elemento importante na avaliação da qualidade de vida das pessoas,
principalmente com a inserção da espiritualidade como um dos seis domínios do
instrumento WHOGOL SRPB.
Ao perceber que uma única faceta composta por quatro questões era
insuficiente para avaliar o domínio Espiritualidade/religião/crenças pessoais do
instrumento de avaliação da qualidade de vida da Organização Mundial da
Saúde – o WHOQOL-100, os pesquisadores do Grupo WHOQOL iniciaram o
projeto WHOQOL-SRPB, que consiste na suplementação do WHOQOL-100 com
facetas que ampliem o domínio Espiritualidade/religião/crenças pessoais do
referido instrumento.
De acordo com Fleck e Skevington (2007, p. 1), o WHOQOL-SRPB trata-
se de um “estudo transcultural para desenvolver uma medida que avalie de que
forma a espiritualidade, religião e crenças pessoais (SRPB, sigla em inglês)
estão relacionadas à qualidade de vida (QV) na saúde e na assistência à saúde”.
O WHOQOL-SRPB não é um instrumento para avaliar a espiritualidade,
mas sim, um instrumento que contempla, de forma ampliada, o constructo
Aspectos espirituais/Religião/Crenças pessoais, representado no WHOQOL-100
e WHOQOL-bref de forma reduzida (PEDROSO; GUTIERREZ; PICININ, 2012).
As oito facetas que foram adicionadas ao domínio Aspectos
espirituais/Religião/Crenças pessoais são:
1) Conexão com o ser ou força espiritual: o quanto a conexão com Deus
auxilia na resolução de problemas ou no confronto de momentos
difíceis.
2) Sentido na vida: nível com o qual o indivíduo enxerga um sentido em
sua vida.
3) Admiração: capacidade de admirar e apreciar as coisas que estão ao
redor do indivíduo, de forma a inspirar-lhe a viver.
4) Totalidade e integração: sentimento de equilíbrio entre a mente, o
corpo e a alma, de forma a criar harmonia entre as ações,
pensamentos e sentimentos do indivíduo.
5) Força espiritual: nível com o qual a presença de força espiritual interna
ajuda em épocas difíceis e/ou na melhoria da vida do indivíduo.

38
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

6) Paz interior: nível de paz e harmonia com o qual o indivíduo consegue


viver.
7) Esperança e otimismo: sentimento de esperança e otimismo que o
indivíduo possui com relação à melhoria da sua vida.
8) Fé: o quanto a fé conforta e fortalece o dia-a-dia do indivíduo,
melhorando o seu bem-estar e a forma com a qual este aproveita a
vida.

No tocante à questão alimentar, escolhas e restrições, o ambiente


cultural e as crenças religiosas podem influenciar na decisão e adesão ao
tratamento nutricional como já dito.
Um estudo realizado na Nigéria, na década de 1980, com mulheres
grávidas e recém-nascidos, foi constatada uma prevalência maior de raquitismo,
decorrente da falta de vitamina D, nos recém-nascidos de mulheres muçulmanas
que faziam uso contínuo de véu ritual (Purdah) que nas demais mulheres da
mesma região (WETTSTEIN, 2010).
Os hábitos e práticas alimentares são oriundos de conhecimentos,
vivências e experiências construídas a partir das condições de vida, da cultura,
das tradições, das redes sociais, dos sistemas de crenças ou valores que se
ajustam a uma tradição religiosa e do saber científico de cada período histórico
e cultural, ultrapassando o mero ato biológico.
No que se refere ao campo das religiões, a alimentação tem um papel
fundamental no cotidiano de seus adeptos: permissões, proibições e jejuns são
regulações religiosas simbólicas constantemente exercidas, tanto que ao
abordarem a História da Alimentação, Flandrin e Montanari (2007) apresentam
um panorama da alimentação no mundo, desde a pré-história até os tempos
atuais e suas observações abrangem preceitos religiosos islâmicos, judeus,
católicos romanos e cristãos ortodoxos, com suas preferências e proibições
alimentares, que se mantém ao longo do tempo.
Algumas restrições alimentares decorrentes de crenças religiosas são
evidenciadas com maior frequência, tais como o não consumo de alguns tipos
de carnes, de alimentos contendo sangue, e de práticas de jejum em
determinados períodos do ano. Muitas destas variações têm especificidades

39
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

locais, as quais podem influenciar na adoção ou não de preceitos religiosos


ligados às restrições alimentares.
Estes preceitos resultam de uma combinação da cultura local e da
interpretação dos textos de referência religiosa. A equipe de saúde deve estar
atenta a reconhecer esta diversidade e evitar estereótipos (GOLDIM et al., 2007).
Em sua pesquisa, Wettstein (2010) encontrou que:
✓ os Adventistas do Sétimo Dia relataram ter restrições com relação
às carnes de animais com casco fendido, carnes e alimentos com
sangue, e bebidas alcoólicas;
✓ as restrições alimentares relacionadas ao Islamismo foram às
carnes de animais domésticos, com destaque para a carne suína, e
animais silvestres e os que comem carniças. Foram referidas
restrições às carnes e alimentos com sangue, assim como as
bebidas alcoólicas;
✓ no Judaísmo as restrições foram com relação às carnes de animais
com pata fendida, carne suína, carnes e alimentos com sangue,
peixes de pele. Outras restrições referidas são referentes à forma de
abate dos animais e na produção de alimentos, com destaque e com
a mistura de leite com carnes em um mesmo local de preparo;
✓ o Metodismo tem restrição alimentar apenas relacionada ao
consumo de bebidas alcoólicas;
✓ os Santos dos Últimos Dias referiram restrições às bebidas
alcoólicas e as que tenham cafeína, como o café e o chá preto;
✓ na Umbanda a restrição se refere a mistura de arroz com galinha,
especificamente na alimentação das lideranças religiosas (Pais de
Santo).

Existem outros tipos de restrições que se referem à cor dos alimentos e


muitas outras;
✓ as Testemunhas de Jeová tem restrições associadas aos alimentos
com sangue.

Se associarmos as restrições aos grupos de alimentos da Pirâmide


Alimentar Brasileira, encontraremos no grupo 5 – carnes e ovos restrições de

40
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

cinco denominações religiosas (Adventistas do Sétimo Dia, Islamismo,


Judaísmo, Testemunhas de Jeová e Umbanda). No Grupo de Outros Alimentos,
as restrições se relacionaram especialmente às bebidas alcoólicas e com
cafeína, por parte das lideranças dos Adventistas do Sétimo Dia, dos Metodistas,
dos Santos dos Últimos Dias, anteriormente conhecidos como Mórmons, e do
Islamismo.
Estes dados referem-se apenas às denominações estudadas no projeto
de pesquisa, inúmeras outras denominações também podem apresentar
restrições alimentares (WETTSTEIN, 2010) e embora não tenha aprofundado
muito, é importante que essas restrições sejam valorizadas pelos profissionais
de saúde.
Embora vejamos um crescimento no interesse pelo estudo das relações
entre religião e saúde, acreditamos que seja importante aprofundar nos estudos
e valorizar a questão das restrições alimentares não só por parte dos cientistas,
mas evidentemente que por parte dos profissionais de saúde, pois eles estão em
contato permanente e cotidianamente com os pacientes que carregam essa
bagagem religiosa, afinal de contas, essas crenças podem influenciar a saúde
física e a suscetibilidade às doenças (KOENIG, 2005).

PRÁTICAS ALIMENTARES “DIFERENCIADAS”

VEGETARIANISMO
A prática vegetariana está presente em muitas culturas tradicionais e
vem ganhando adeptos em todos os países. Diversos são os motivos que levam
à adoção desta corrente alimentar, dentre eles: os aspectos éticos relacionados
à exploração animal; as preocupações com os impactos socioambientais da
produção de carne, as preocupações com a saúde, além de aspectos religiosos,
filosóficos e culturais.
Existem diferentes tipos de dietas vegetarianas:
• ovolactovegetariana: exclui o consumo de qualquer tipo de carne e inclui
ovos, leite e derivados;
• lactovegetariana: exclui carnes e ovos e permite o consumo de leite e
derivados;

41
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

• ovovegetariana: exclui carnes e leite e derivados, mas inclui consumo de


ovos;
• vegana ou vegetariana estrita: não inclui o consumo de nenhum alimento
de origem animal, inclusive mel (COUCEIRO, SLYWITCH, LENZ, 2008).

Estudos na área demonstram que a dieta vegetariana, quando bem


planejada e equilibrada, pode trazer diferentes benefícios à saúde,
especialmente se relacionada a um maior consumo de alimentos integrais, de
origem ecológica e menor consumo de alimentos industrializados (COURY,
SILVA, AZEVEDO, 2007; TEIXEIRA et al., 2006).
Segundo Navolar, Tesser e Azevedo (2012), o aumento de pesquisas na
área tem trazido avanços no que diz respeito às contribuições da dieta
vegetariana para a saúde. Apesar destas evidências, o vegetarianismo ainda é
considerado um tema controverso na Nutrição, e não é abordado com atenção
nos cursos de graduação. Considerando as evidências científicas recentes, a
discussão que envolve a SAN e os impactos da pecuária extensiva, e o número
crescente de adeptos à prática, é importante aprofundar estudos na área e incluir
essa temática nos debates da categoria profissional.

ALIMENTAÇÃO AYURVÉDICA
A medicina ayurvédica, ou ciência da vida, considerada uma
racionalidade médica vitalista por Luz (1996), tem sido desenvolvida há mais de
cinco mil anos na Índia, sendo o sistema médico mais antigo conhecido. Nessa
medicina a dieta é considerada fundamental para uma vida saudável.
Outras práticas como yoga, exercícios respiratórios, massagens, uso de
plantas e meditação, formam um conjunto de ações que promovem a harmonia
e saúde. Neste sistema, o equilíbrio do corpo é vinculado a três tipos básicos de
energia, denominados doshas - Vata, Pitta, Kapha -, que se referem às
características constitucionais, tendo predominância de um ou mais tipos em
cada indivíduo. O desequilíbrio destas energias, devido ao excesso ou
deficiência de um deles, pode levar o indivíduo a uma doença. A alimentação
deve ser personalizada e escolhida de acordo com a constituição individual.
Conciliar os seis sabores – doce, salgado, amargo, ácido, adstringente e picante

42
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

– é essencial para o equilíbrio da dieta na medicina ayurvédica (DE GASPERI,


RADUNS, GUIORZI, 2008).

ALIMENTAÇÃO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC)


A MTC é conhecida mundialmente por suas diversas técnicas de
prevenção, promoção e recuperação da saúde, também descrita, por Luz (1996),
como uma racionalidade médica vitalista.
A acupuntura, o uso de plantas medicinais, as práticas corporais, como
o tai chi chuan e o lian gong, e as massagens estão entre as técnicas mais
utilizadas.
A tradição taoísta, base da cosmologia e da doutrina dessa
racionalidade, é centrada no princípio de equilíbrio entre as energias yin e yang,
e no conceito de Qi, entendido como a força vital que permeia o universo,
manifesta em todos os seres vivos e no ser humano (NAVOLAR; TESSER;
AZEVEDO, 2012).
Além destes princípios, a MTC é baseada no sistema dos cinco
elementos ou cinco manifestações da energia (água, madeira, fogo, terra, metal),
presentes no ser humano, e a partir dos quais todos os fenômenos naturais são
classificados.
Na alimentação chinesa, a classificação entre yin e yang distingue os
alimentos de acordo com sua natureza, sendo divididos como: frios, frescos,
neutros, mornos ou quentes. Além deste aspecto, a classificação dos cinco
elementos atua sobre os alimentos, sendo que cada elemento corresponde a um
sabor específico, relacionado a recomendações individuais e a contextos
específicos, dependendo do estado de saúde do indivíduo e do ambiente em que
vive (COURY, SILVA, AZEVEDO, 2007).

MACROBIÓTICA
A macrobiótica foi fundada por Ishisuka no Japão, no final do século XIX,
a partir da dieta tradicional japonesa. Osawa deu continuidade a seus
ensinamentos, trazendo-os para a Europa na década de 1930 (NAVOLAR;
TESSER; AZEVEDO, 2012).

43
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Posteriormente, Michio Kushi desenvolveu, nos Estados Unidos, a


alimentação macrobiótica padrão, mais utilizada atualmente. Esta corrente
alimentar também se baseia na teoria taoísta de equilíbrio entre yin e yang,
porém de forma distinta da MTC. De maneira geral, são evitados alimentos crus,
frutas, açúcar, excesso de líquidos, leite e carnes; e estimulado o consumo de
algas, cereais integrais, especialmente o arroz, legumes cozidos, chás e peixes,
e frangos eventualmente, constituindo uma dieta ajustada ao local de origem da
Macrobiótica (AZEVEDO, 2006).

ALIMENTAÇÃO ANTROPOSÓFICA
É um recurso terapêutico da medicina antroposófica, cuja base é a
Antroposofia, filosofia espiritualista desenvolvida por Rudolf Steiner, na
Alemanha, no início do século XX. A medicina é pautada na visão tetramembrada
do ser humano: corpo físico, vitalidade, alma e espírito. Na dieta antroposófica,
são enfatizadas a origem integral e biodinâmica dos alimentos, sua vitalidade, a
diversificação de todos os vegetais, e a prática lactovegetariana, considerando
a retirada da carne como uma escolha individual, normalmente envolvida com
aspectos de desenvolvimento espiritual (COURY, SILVA, AZEVEDO, 2007).

FITOTERAPIA/PLANTAS MEDICINAIS
O uso de plantas medicinais é uma constante nas tradições culturais e
nas racionalidades médicas mais conhecidas, sendo uma prática terapêutica que
atravessa os povos e seus curadores, as racionalidades médicas e os modelos
alimentares. Com efeito, apenas as práticas hegemônicas da biomedicina
afastaram-se grandemente de seu uso (e, agora, vêm dele se aproximando). Ele
é incluído como uma parte da Nutrição Complementar Integrada (NCI) tanto por
ser considerado no seu conjunto como terapia complementar incluída na Política
Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL, 2006), quanto por
haver regulamentação para sua prescrição pelos nutricionistas brasileiros.
A Resolução (RDC nº 242/2008) que regulamenta a prescrição
fitoterápica permite, ao nutricionista, a indicação de formas terapêuticas
exclusivamente de uso oral. Ressalta-se que existem fitoterápicos de exclusiva
prescrição médica (CFN, 2008). O CFN orienta que, para realizar a prescrição,
o nutricionista esteja apto para tal por meio de capacitações complementares, já

44
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

que o tema é ainda pouco abordado na graduação (NAVOLAR; TESSER;


AZEVEDO, 2012).
O resgate, a utilização e o estudo das plantas medicinais vêm ganhando
terreno, tanto no âmbito do SUS, quanto da Nutrição. Parte desse
reconhecimento veio da regulamentação da Fitoterapia, instituída pela Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, e de ações definidas pelo
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, editado pela Portaria
Interministerial 2.926, de 2008 (BRASIL, 2009). Com relação ao cuidado, o uso
de plantas medicinais na atenção primária pode trazer diversas contribuições,
como: a valorização da cultura popular; a geração de emprego e renda através
da cadeia produtiva; baixo custo; fácil aplicação e baixo risco; promoção da
racionalização do uso dos recursos na saúde e aceitabilidade pela população
(BOTSARIS, 2008).

ALIMENTAÇÃO VIVA
A alimentação viva é uma corrente alimentar centrada na vitalidade dos
alimentos, e cujo princípio básico é a valorização dessa vitalidade. Sua difusão
inicia-se na década de 1980, nos Estados Unidos, devido aos trabalhos de Ann
Wigmore, cuja base vem dos estudos da dieta hipocrática. Os praticantes da
alimentação viva excluem da dieta, alimentos considerados ‘desvitalizados’:
produtos de origem animal, alimentos cozidos e industrializados; consumindo,
exclusivamente, frutas e vegetais crus, com ênfase para as sementes
germinadas e brotos (WIGMORE, 1994).
No Brasil, desde a década de 1990, o Projeto Terrapia, da Escola
Nacional de Saúde Pública (Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro), divulga
essa proposta, considerando a alimentação viva como um movimento de
consciência ecológica e de promoção da saúde (SILVA, 2006). O olhar para a
vitalidade dos alimentos em oposição à visão estritamente bionutricional pode
trazer interessantes contribuições para a Nutrição.

O CÓDIGO DE ÉTICA DOS NUTRICIONISTAS

45
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

O Conselho Federal de Nutricionistas, no uso das atribuições que lhe


são conferidas na Lei n° 6.583, de 20 de outubro de 1978, no Decreto n° 84.444,
de 30 de janeiro de 1980 e no Regimento Interno, e tendo em vista o que foi
deliberado na 154ª Reunião Plenária, Ordinária, realizada no período de 22 a 26
de março de 2004,
Resolve:
Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética do Nutricionista.
Art. 2º O Código de Ética do Nutricionista aprovado por esta Resolução
entra em vigor na data da sua publicação, revogando-se a partir de então as
disposições em contrário, especialmente a Resolução CFN n° 141, de 1993, de
1° de outubro de 1993.

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Art. 1°. O nutricionista é profissional de saúde, que, atendendo aos
princípios da ciência da Nutrição, tem como função contribuir para a saúde dos
indivíduos e da coletividade.
Art. 2°. Ao nutricionista cabe a produção do conhecimento sobre a
Alimentação e a Nutrição nas diversas áreas de atuação profissional, buscando
continuamente o aperfeiçoamento técnico-científico, pautando-se nos princípios
éticos que regem a prática científica e a profissão.
Art. 3°. O nutricionista tem o compromisso de conhecer e pautar a sua
atuação nos princípios da bioética, nos princípios universais dos direitos
humanos, na Constituição do Brasil e nos preceitos éticos contidos neste Código.
[...]
CAPÍTULO III
DOS DEVERES DO NUTRICIONISTA
Art. 5°. São deveres do nutricionista:
I - indicar as falhas existentes nos regulamentos e normas das
instituições em que atue profissionalmente, quando as considerar incompatíveis
com o exercício profissional ou prejudiciais aos indivíduos e à coletividade, disso
comunicando aos responsáveis e, no caso de inércia destes, aos órgãos
competentes e ao Conselho Regional de Nutricionistas da respectiva jurisdição;

46
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

II - recusar-se a executar atividades incompatíveis com suas atribuições


profissionais, ou que não sejam de sua competência legal;
III - identificar-se, informando sua profissão, nome, número de inscrição
no Conselho Regional de Nutricionistas e respectiva jurisdição, quando no
exercício profissional;
IV - utilizar todos os recursos disponíveis de diagnóstico e tratamento
nutricionais a seu alcance, em favor dos indivíduos e coletividade sob sua
responsabilidade profissional;
V - encaminhar aos profissionais habilitados os indivíduos sob sua
responsabilidade profissional, quando identificar que as atividades demandadas
para a respectiva assistência fujam às suas atribuições;
VI - primar pelo decoro profissional, assumindo inteira responsabilidade
pelos seus atos em qualquer ocasião;
VII - denunciar às autoridades competentes, inclusive ao Conselho
Regional de Nutricionistas, atos de que tenha conhecimento e que sejam
prejudiciais à saúde e à vida;
VIII - manter o indivíduo sob sua responsabilidade profissional, ou o
respectivo responsável legal, informado quanto à assistência nutricional e sobre
os riscos e objetivos do tratamento;
IX - comprometer-se em assegurar as condições para o desempenho
profissional e ético, quando investido em função de chefia ou direção;
X - manter, exigindo o mesmo das pessoas sob sua direção, o sigilo
sobre fatos e informações de que tenham conhecimento no exercício das suas
atividades profissionais, ressalvados os casos que exijam informações em
benefício da saúde dos indivíduos e coletividade sob sua responsabilidade
profissional;
XI - somente permitir a utilização do seu nome e título profissionais por
estabelecimento ou instituição onde exerça, pessoal e efetivamente, funções
próprias da profissão.
CAPÍTULO IV
DA RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
Art. 6°. No contexto das responsabilidades profissionais do nutricionista
constituem seus deveres:

47
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

I - prescrever tratamento nutricional ou outros procedimentos somente


após proceder à avaliação pessoal e efetiva do indivíduo sob sua
responsabilidade profissional;
II - atender às determinações da legislação própria de regulação da
proteção e defesa do consumidor;
III - assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha
praticado ou delegado, mesmo que tenha sido solicitado ou consentido pelo
indivíduo ou pelo respectivo responsável legal;
IV - prestar assistência, inclusive em setores de urgência e emergência,
quando for de sua obrigação fazê-lo;
V - colaborar com as autoridades sanitárias e de fiscalização profissional;
VI - analisar, com rigor técnico e científico, qualquer tipo de prática ou
pesquisa, abstendo-se de adotá-la se não estiver convencido de sua correção e
eficácia;
VII - respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade de qualquer pessoa
sob seus cuidados profissionais;
VIII - alterar prescrição ou orientação de tratamento determinada por
outro nutricionista quando tal conduta deva ser adotada em benefício do
indivíduo, devendo comunicar o fato ao responsável pela conduta alterada ou ao
responsável pela unidade de atendimento nutricional.
Art. 7°. No contexto das responsabilidades profissionais do nutricionista
são-lhe vedadas as seguintes condutas:
I - utilizar-se da profissão para promover convicções políticas, filosóficas,
morais ou religiosas;
II - divulgar, ensinar, dar, emprestar ou transmitir a leigos, gratuitamente
ou não, instrumentos e técnicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da
profissão;
III - tornar-se agente ou cúmplice, ainda que por conivência ou omissão,
com crime, contravenção penal e ato que infrinjam postulado técnico e ético
profissional;
IV - praticar atos danosos aos indivíduos e à coletividade sob sua
responsabilidade profissional, que possam ser caracterizados como imperícia,
imprudência ou negligência;

48
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

V - solicitar, permitir, delegar ou tolerar a interferência de outros


profissionais não nutricionistas ou leigos em suas atividades e decisões
profissionais;
VI - Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo
temporariamente, sem garantir estrutura adequada e/ou nutricionista substituto
para dar continuidade ao atendimento aos indivíduos ou coletividade sob sua
responsabilidade profissional;
VII - adulterar resultados, fazer declarações falsas e dar atestados sem
a devida fundamentação técnico-científica;
VIII - vincular sua atividade profissional ao recebimento de vantagens
pessoais oferecidas por agentes econômicos interessados na produção ou
comercialização de produtos alimentares ou farmacêuticos ou outros produtos,
materiais, equipamentos e/ou serviços;
IX - divulgar, dar, fornecer ou indicar produtos de fornecedores que não
atendam às exigências técnicas e sanitárias cabíveis;
X - divulgar, fornecer, anunciar ou indicar produtos, marcas de produtos
e/ou subprodutos, alimentares ou não, de empresas ou instituições, atribuindo
aos mesmos benefícios para a saúde, sem os devidos fundamentos científicos
e de eficácia não comprovada, ainda que atendam à legislação de alimentos e
sanitária vigentes;
XI - utilizar-se de instituições públicas para executar serviços
provenientes de consultório ou instituição privada, como forma de obter
vantagens pessoais;
XII - produzir material técnico-científico que contenha voz e imagens de
indivíduos sob sua responsabilidade profissional, ou que contenham indicações
físicas capazes de associar a pessoa a que se refiram, sem que para tanto
obtenha autorização escrita do indivíduo ou de seu responsável legal;
XIII - divulgar os materiais técnico-científicos referidos no item XII ou
qualquer outra informação, acerca de indivíduos que estejam ou tenham estado
sob sua responsabilidade profissional, sem que para tanto obtenha autorização
escrita do indivíduo ou de seu responsável legal;
XIV - deixar de desenvolver suas atividades privativas, salvo quando não
houver condições de fazê-lo, caso em que deverá dar ciência ao superior
imediato;

49
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

XV - aproveitar-se de situações decorrentes da relação entre


nutricionista e cliente para obter qualquer tipo de vantagem;
XVI - desviar para atendimento particular próprio, com finalidade
lucrativa, pessoa em atendimento ou atendida em instituição com a qual
mantenha qualquer tipo de vínculo;
XVII - realizar consultas e diagnósticos nutricionais, bem como
prescrição dietética, através da Internet ou qualquer outro meio de comunicação
que configure atendimento não presencial.
Parágrafo único. Para os fins do inciso XVII deste artigo, compreende-
se:
a) por consulta, a assistência em ambulatório, consultório e em domicílio;
b) por diagnóstico nutricional, o diagnóstico elaborado a partir de dados
clínicos, bioquímicos, antropométricos e dietéticos; e,
c) prescrição dietética, a prescrição elaborada com base nas diretrizes
estabelecidas no diagnóstico nutricional.
[...]
CAPÍTULO IX
DO SIGILO PROFISSIONAL
Art. 17. É dever do nutricionista manter o sigilo no exercício da profissão
sempre que tal seja do interesse dos indivíduos ou da coletividade assistida,
adotando, dentre outras, as seguintes práticas:
I - manter a propriedade intelectual e o sigilo ético profissional, ao
remeter informações confidenciais a pessoas ou entidades que não estejam
obrigadas ao sigilo por força deste Código;
II - assinalar o caráter confidencial de documentos sigilosos remetidos a
outros profissionais;
III - impedir o manuseio de quaisquer documentos sujeitos ao sigilo
profissional, por pessoas não obrigadas ao mesmo compromisso;
IV - manter sigilo profissional referente aos indivíduos ou coletividade
assistida de menor idade, mesmo que a seus pais ou responsáveis legais, salvo
em caso estritamente essencial para promover medidas em seu benefício.
[...]
CAPÍTULO XI
DA PESQUISA E DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS

50
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Art. 19. Relativamente aos trabalhos científicos e de pesquisa é dever


do nutricionista:
I - executar atividades com a cautela indispensável a prevenir a
ocorrência de riscos ou prejuízos aos indivíduos ou coletividades, assistidos ou
não, ou sofrimentos desnecessários a animais;
II - realizar estudos e pesquisas com caráter científico, visando à
produção do conhecimento e conquistas técnicas para a categoria;
III - mencionar as contribuições de caráter profissional prestadas por
assistentes, colaboradores ou por outros autores;
IV - ater-se aos dados obtidos para embasar suas conclusões;
V - obter autorização expressa do autor e a ele fazer referência, quando
utilizar fontes particulares ainda não publicadas.
Art. 20. Relativamente aos trabalhos científicos e de pesquisa é vedado
ao nutricionista forjar dados ou apropriar-se de trabalhos, pesquisas ou estudos
onde não tenha participado efetivamente.
[...]
CAPÍTULO XIII
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art. 23. Constitui infração ético-disciplinar a ação ou omissão, ainda que
sob a forma de participação ou conivência, que implique em desobediência ou
inobservância de qualquer modo às disposições deste Código.
Art. 24. A caracterização das infrações ético-disciplinares e a aplicação
das respectivas penalidades regem-se por este Código e pelas demais normas
legais e regulamentares específicas aplicáveis.
Parágrafo único. A instância ético-disciplinar é autônoma e independente
em relação às instâncias administrativas e judiciais competentes, salvo se nestas
ficar provado que o fato não existiu ou que o profissional não foi o responsável
pelo fato.
Art. 25. Responde pela infração quem a cometer ou concorrer para a sua
prática, ou dela obtiver benefício, quando cometida por outrem.
Art. 26. A ocorrência da infração, a sua autoria e responsabilidade e as
circunstâncias com ela relacionadas serão apuradas em processo instaurado e
conduzido em conformidade com as normas legais e regulamentares próprias e

51
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

com aquelas editadas pelos Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas


nos limites das respectivas competências.
Art. 27. Àqueles que infringirem as disposições e preceitos deste Código
serão aplicadas, em conformidade com as disposições da Lei n° 6.583, de 20 de
outubro de 1978 e do Decreto n° 84.444, de 30 de janeiro de 1980, as seguintes
penalidades:
I - advertência;
II - repreensão;
III - multa;
IV - suspensão do exercício profissional;
V - cancelamento da inscrição e proibição do exercício profissional.
§ 1º. Salvo os casos de gravidade manifesta ou reincidência, a imposição
de penalidades obedecerá à gradação fixada neste artigo, observadas as
normas baixadas pelo Conselho Federal de Nutricionistas.
§ 2º. Na fixação de penalidades serão considerados os antecedentes do
profissional infrator, o seu grau de culpa, as circunstâncias atenuantes e
agravantes e as consequências da infração.

A ATENÇÃO BÁSICA E A NUTRIÇÃO

As ações de alimentação e nutrição relativas à saúde coletiva vieram


ganhando terreno no complexo cenário epidemiológico desde início dos anos
2000, sobretudo no que se refere às medidas de promoção da saúde. Nesse
sentido, a Atenção Básica, como porta de entrada dos serviços públicos, é o local
por excelência para a realização dessas ações (MEDEIROS, 2012).
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, regulamentado
em 1990 (Lei nº 8.080/90 e Lei nº 8.142/90), momento em que o Estado assume
a responsabilidade de assegurar o direito à saúde, é o ponto de partida para a
definição de políticas de promoção da saúde no Brasil. A regionalização, a
hierarquização, a descentralização das ações e o controle social da gestão
figuram entre os princípios e as diretrizes do sistema que operacionalizam essa
assistência nos distintos níveis de atenção: básica, de média e de alta

52
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

complexidade. O trabalho em equipe multiprofissional e a interdisciplinaridade se


põem como condição sine qua non para a equidade e a integralidade da atenção.
Os arranjos na trajetória de construção do SUS conduziram a escolha
da Saúde da Família como estratégia para a operacionalização das ações
básicas de saúde, o que se inicia a partir de meados da década de 1990, quando
o Ministério da Saúde concentrou esforços na estruturação do Programa de
Saúde da Família (PSF) para a universalização e a integralidade dessas ações.
Para tanto, a Atenção Básica se volta à atuação no território, o que
demanda a estruturação de equipes proativas, com vistas a planejar ações
embasadas em diagnóstico situacional, focadas na família e nas comunidades.
Definida como um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e
coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de
agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, a
Política Nacional de Atenção Básica se fundamenta no gerenciamento
participativo visando ao acesso universal, à criação de vínculo entre equipes de
saúde e população e ao acompanhamento sistemático das intervenções.
Estruturada para se estabelecer como o primeiro acesso da população
aos serviços, a Atenção Básica busca resolver os problemas de saúde mais
frequentes das áreas de abrangência das respectivas Unidades Básicas de
Saúde – UBS. Assume, portanto, como frentes a atenção ao diabetes melitus e
à hipertensão arterial, o controle da tuberculose, a eliminação da hanseníase, a
saúde da criança e a eliminação da desnutrição infantil, a saúde da mulher e do
idoso, a saúde bucal e a promoção da saúde.
Do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica, faz parte o
mapeamento das condições e dos riscos à saúde do território para o
planejamento de prioridades; a responsabilização pela população adscrita; a
vigilância à saúde, envolvendo a busca ativa e a notificação de doenças e
agravos; e o atendimento humanizado, com formação de vínculo. A construção
de parcerias intersetoriais na promoção da saúde e o desenvolvimento de ações
educativas que contribuam para a melhoria da qualidade de vida são também
requisitos para ampliar o espectro do cuidado.
Os preceitos da Política Nacional de Promoção da Saúde fortalecem as
intervenções na Atenção Básica, ao reivindicar a ampliação do seu escopo,
incidindo sobre as condições de vida e favorecendo a ampliação de escolhas

53
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

saudáveis por parte dos sujeitos e das coletividades no território onde vivem e
trabalham. Por isso, a promoção da alimentação saudável figura entre as ações
específicas dessa política e o nutricionista tem lugar de destaque nessa
caminhada para a efetivação da integralidade do cuidado na política de Atenção
Básica à Saúde. Isso significa assumir a promoção da saúde como princípio,
sem desprezar a proteção, o tratamento e a reabilitação, mas, principalmente,
entendendo que a dimensão educacional, sob essa ótica se configura como
processo socialmente inserido (MEDEIROS, 2012).

ATENÇÃO BÁSICA, SAÚDE COLETIVA E NUTRICIONISTAS

A atuação do nutricionista na Atenção Básica está respaldada por alguns


referenciais político-institucionais, quais sejam: a Política Nacional de
Alimentação e Nutrição; a Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas
(CFN 380/2005), que define atribuições específicas por área de atuação e
estabelece parâmetros numéricos por área, e a Política Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional, signatária do Direito Humano à Alimentação Adequada.
No universo da promoção, a Estratégia Global para a Promoção da Alimentação
Saudável, Atividade Física e Saúde orienta esse arsenal de marcadores
institucionais para a legitimação das práticas no terreno da saúde coletiva, tendo
subsidiado a redação do Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL,
2001).
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), cuja primeira
redação é de 1999, é resultado da criação, em 1988, da Coordenação Geral da
Política de Alimentação e Nutrição (CGPAN), vinculada ao Departamento de
Atenção Básica do Ministério da Saúde. A publicação de sete diretrizes da PNAN
serve de norte para a disposição de ações no âmbito das três esferas do
governo: municipais, estaduais e federal. O estímulo às parcerias intersetoriais
para o acesso universal aos alimentos, a garantia da segurança e da qualidade
dos alimentos e a prevenção e o controle dos distúrbios nutricionais e das
doenças associadas à alimentação e nutrição merecem destaque entre as
diretrizes dessa política (CASTRO et al., 2007).
Nessa linha, a CGPAN adotou como frentes prioritárias a promoção da
alimentação saudável, o que se desdobra em medidas intersetoriais de incentivo

54
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

ao consumo de frutas, legumes e verduras, no incentivo à alimentação saudável


nas escolas, na regulação da propaganda de alimentos e na produção de guias
alimentares para a população. O monitoramento e a avaliação dos distúrbios
relacionados com a alimentação e nutrição, incluindo a organização do Sistema
Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), assim como o
acompanhamento da população beneficiada pelo Programa Bolsa Família,
também compõem as ações da CGPAN.
Diante do exposto, verifica-se que a atuação do nutricionista na Atenção
Básica, além de se situar teoricamente no campo da saúde coletiva, se encontra
institucionalmente legitimada.
A ideia aqui é dar uma exposição geral na legitimidade desse
profissional, pois teremos um módulo específico para a questão da educação
nutricional.
No campo da saúde coletiva, a atuação do nutricionista se estabelece
na esfera dos problemas nutricionais de dimensão epidemiológica, estudando a
sua magnitude e os seus determinantes, para subsidiar o planejamento e o
gerenciamento de políticas de alimentação e nutrição nos serviços públicos de
saúde, assim como em outros setores.
O exercício da atenção nutricional é modulado por um conjunto de
transições que, no caso brasileiro, assume uma configuração peculiar: se, de um
lado se assiste a um processo de aumento da morbimortalidade por doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), por outro persistem velhos males, como as
doenças típicas da pobreza, endemias, além da emergência de novas
epidemias. A redução da fertilidade e o aumento da expectativa de vida são
dados de realidade que contribuem para esse quadro, demandando a
formulação de políticas públicas que contemplem o envelhecimento populacional
(CARVALHO; RODRIGUEZ-WONG, 2008; BATISTA FILHO; RISSON, 2003).
A urbanização desordenada e as mudanças no mundo da produção, com
a globalização da economia, a automação do trabalho, a redução da atividade
física e a importação de padrões de comportamento alimentar pouco saudáveis,
repercutirão no estado nutricional da população. Mostram os estudos de base
populacional que o padrão alimentar brasileiro nas três últimas décadas tem se
deteriorado especialmente com a crescente substituição do consumo de
alimentos básicos por alimentos processados. (IBGE, 2004).

55
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

Entre as décadas de 1970 e 1990, ocorreu um aumento de 400% do


consumo de produtos industrializados, principalmente de biscoitos e
refrigerantes, além do aumento do teor de gordura e de açúcar da dieta dos
brasileiros. Isso se dá em detrimento do consumo de frutas e hortaliças
contribuindo para o crescimento do excesso de peso entre adultos e crianças e
aumentando o risco para doenças como a hipertensão arterial, o diabetes melito
e as dislipidemias. A coexistência de desnutrição e obesidade em populações de
baixa renda, destacadamente em bolsões de pobre é um dado preocupante para
os gestores da saúde pública brasileira. Do mesmo modo, a regulação do
consumo de alimentos processados deve estar na agenda governamental para
a proteção da saúde (IBGE, 2004).
Tal panorama de profundas mudanças nas práticas alimentares
demanda e justifica o papel que no plano da Atenção Básica deve assumir a
dimensão educativa, desafio posto aos profissionais de saúde e nutrição na
contemporaneidade.
Sabemos que é complexa a trajetória de afirmação do campo da
alimentação e nutrição na Atenção Básica, diante das desigualdades e das
contradições sociais de um país de capitalismo hipertardio como o Brasil.
Irrefutáveis são os avanços havidos entre os idos de 1980 e a primeira década
de 2000, quando se observa a expressiva presença das questões candentes
desse campo na pauta das políticas públicas (MEDEIROS, 2012, p. 179).
Entretanto, há ainda um longo caminho a percorrer, tanto nos ajustes
das universidades na formação para o SUS quanto no âmbito da gestão dos
serviços.
O processo de fragmentação e especialização do conhecimento que
atingiu as profissões da saúde, do qual a medicina é expoente, repercutiu
diretamente na dimensão do cuidado. A reestruturação dos projetos
pedagógicos dos cursos de Nutrição, em direção a uma formação mais
abrangente, se impõe como um desafio para a superação de práticas
profissionais tradicionalmente compartimentalizadas.
A interdisciplinaridade, nesses termos, confere importante contribuição
para o resgate da visão de conjunto, bem como para a integralidade das ações
(MEDEIROS, 2012).

56
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

A ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL E SUA SISTEMATIZAÇÃO

Quando falamos em sistematização da assistência (principalmente para


aqueles que transitam pela área da saúde) logo se completa a frase com
“assistência de enfermagem”, o conhecido SAE.
Do mesmo modo que a SAE é uma metodologia de organização,
planejamento e execução de ações sistematizadas, que são realizadas pela
equipe durante o período em que o cliente se encontra sob a assistência de
enfermagem, fazendo uma analogia, no caso da assistência nutricional, esta é
feita priorizando-se, os cuidados aos pacientes que requerem maior atenção.
A classificação do nível de assistência nutricional é realizada após
diagnóstico da situação do paciente, relacionando a patologia de base, a
necessidade de tratamento dietoterápico e a presença ou não de fator de risco
nutricional associado.
Risco nutricional pode ser definido como qualquer situação em que há
presença de fatores, condições ou diagnósticos que possam afetar o estado
nutricional do indivíduo. A observação da presença de um ou mais fatores
determina a necessidade de assistência nutricional especializada.
Dentre os principais fatores, temos:
✓ perda de peso nos últimos seis meses, quando eutrófico (+ ou - 10%
nos últimos seis meses);
✓ alterações nas funções digestivas (diarreia, vômito);
✓ inapetência;
✓ dificuldades na mastigação e/ou deglutição;
✓ idade acima de 70 anos;
✓ alergia alimentar;
✓ terapia com quimioterápicos; e,
✓ presença de diagnóstico de alto risco nutricional: complicações pós-
operatórias: infecção - pneumonia, feridas; síndrome da
imunodeficiência adquirida: acidente vascular cerebral; disfagias;
colite ulcerativa; doença de Crohn; pancreatite, câncer no trato
digestivo ou cabeça, pescoço ou pulmão; insuficiência renal:
insuficiência cardíaca congestiva graus III ou IV; insuficiência
respiratória por doença pulmonar obstrutiva crônica; cirurgias

57
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

digestivas; cirrose; insuficiência hepática; distúrbios metabólicos


severos – diabetes descompensado (glicemia acima de 140mg/dl),
dislipidemias severas; Índice de Massa Corporal abaixo de 18,5kg/m 2
ou acima de 30,0 kg/m2; crianças com peso abaixo do percentil 25 ou
acima do percentil 75 do National Center for Health Statistics - NCHS
(EUA); necessidade de nutrição enteral ou parenteral (CARDOSO,
2009).

Nestes casos faz-se a anamnese nutricional com base no levantamento


do hábito alimentar do paciente para dar sequência à sistematização da
assistência.

CENTRANDO A ATENÇÃO NO PACIENTE/CLIENTE

Concordamos com Solymos (2012) que a assistência em saúde tem


vivido um enorme avanço tecnológico nos últimos 50 anos, permitindo a cura e
revertendo o prognóstico de inúmeras doenças sobre as quais os médicos
costumavam desenganar os pacientes. Assim, não obstante as pesquisas
seguirem avançando e os desafios nessa área estarem longe de ser resolvidos,
a preocupação com a tecnologia parece estar abrindo espaço à preocupação
com um outro fator não menos importante para o processo de cura: o chamado
fator humano.
Muito se tem falado sobre o problema do atendimento em saúde e da
necessidade de oferecer melhores condições de tratamento do paciente. O tema
da humanização hospitalar vem sendo debatido há mais de uma década,
trazendo mudanças em termos de instalações e até de procedimentos em
determinadas áreas. Exemplos disso, entre outros, são as brinquedotecas nos
vários hospitais infantis, a atenção ao aprendizado e ao acompanhamento
escolar de crianças com nefropatias e dependentes de hemodiálise, ou o método
canguru para crianças nascidas a pré-termo.
Outro lado desse mesmo fator, porém, é o do próprio paciente ou
beneficiário da ação saúde.
O sucesso da intervenção em saúde depende do êxito em suas duas
grandes formas de atuação: ações de assistência, que genericamente consistem

58
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

na prestação de serviços a pessoas doentes ou situação de risco, e ações de


orientação e educação em nutrição e saúde. As ações de orientação podem ser
subsequentes às de assistência ou podem ser realizadas como ações
educativas em si. Por exemplo, na consulta médica mais elementar, após a
realização do diagnóstico do paciente, o médico prescreve um medicamento,
que precisará ser adquirido e ingerido de acordo com as indicações oferecidas.
O seguimento de tais orientações implica uma mudança (temporária ou
permanente) de comportamento do paciente.
Para o sucesso da intervenção, portanto, é necessário que a orientação
seja clara, isto é, seja compreendida em sua totalidade e em seu significado pelo
paciente, e efetiva, ou seja, conduza à realização do comportamento esperado.
Já se sabe que uma orientação efetiva não se dá simplesmente a partir
da transmissão de informações ao público-alvo. Estudos têm demonstrado que
a dieta é um dos principais aspectos do estilo vida que influem no risco de morte
de pacientes cardiopatas e oncológicos. Apesar das campanhas de saúde
pública nos EUA para incentivar mudanças saudáveis no comportamento
alimentar, o consumo de frutas e verduras permanece abaixo dos níveis
recomendados.
Profissionais da área da saúde e afins têm, portanto, se empenhado em
aprofundar a compreensão do problema, buscando soluções alternativas – e
intersetoriais. Recentemente, na 32ª Reunião Comitê Permanente de Nutrição
da Organização das Nações Unidas, em Brasília, a coordenadora da área de
nutrição da Organização Mundial de Saúde comunicou a necessidade de se
realizarem campanhas educativas sobre nutrição nas escolas, de modo a lidar
com os crescentes problemas nutricionais em jovens e adultos no mundo.
Podemos afirmar que o sucesso da intervenção em saúde depende: do
enfrentamento, da compreensão, do lidar com dois aspectos fundamentais
desse “fator humano”; a experiência vivida da pessoa e a atuação de sua
liberdade no processo decisório (de adesão).
A pessoa responde à realidade a partir da compreensão que tem dela,
ou seja, a partir da experiência vivida dentro dessa determinada realidade. A
experiência vivida é a vida presente, que, segundo o significado que lhe é
atribuído, forma uma unidade com a pessoa. Ela é, ao mesmo tempo,
condicionada objetivamente, ou seja, acontece dentro de certo contexto

59
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

histórico, localizado temporalmente, e vivida subjetivamente, ou seja, está


inseparavelmente associada à interpretação, ao significado atribuído à situação
objetiva (LEEUW, 1960, p. 530 apud SOLYMOS, 2012). Conhecer a experiência
vivida de uma pessoa implica conhecer o modo como ela compreende,
interpreta, atribui significado, significa os fatos que enfrenta em seu cotidiano.
Assim, uma proposta de intervenção em saúde sempre encontrará uma
pessoa que estará elaborando certo tipo de experiência da realidade – positiva
ou negativa –, que favorecerá uma posição de abertura ou fechamento a uma
nova proposta.
Sobre a liberdade temos que, apesar de exercerem uma grande
influência sobre a experiência de vida da pessoa, as condições externas não a
determinam completamente.
Viktor Frankl, médico vienense e fundador da logoterapia (a terapia pela
busca de significado) descobriu, nos 3 anos em que foi refém dos campos de
concentração nazistas, que a sobrevivência ou não de um prisioneiro não
dependia das condições externas, em si mesmas muito precárias, mas do modo
com o qual ele vivia tais condições, do significado que dava à própria vida dentro
daquela situação. Em uma conferência proferida em Viena, em 1946, pouco
tempo depois de ser libertado, Frankl (1990, p. 101 apud SOLYMOS, 2012)
afirmou:

quero limitar-me ao fundamentalmente importante, ou seja,


à constatação [...] que fiz a partir dos mesmos dados de
observação, a saber: que o homem no campo de
concentração não está de forma alguma sob coação
exterior [...] mas que ele ao contrário conserva uma
liberdade, a liberdade humana de posicionar-se desta ou
daquela forma face ao seu destino, ao seu ambiente. E
havia homens no campo que, por exemplo, superavam sua
apatia e podiam reprimir sua irritação; tratava-se também
de apelar para este poder; de mostrar este poder-fazer-de-
outra-forma - e não apenas o suposto tem-que-ser-assim!
O poder interior, a verdadeira liberdade humana - não se
podia subtrai-la do prisioneiro, ainda que lá se podia tirar

60
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

tudo dele; ela permanecia com ele, ela permanecia


também até mesmo quando seus óculos, que se desejaria
que ficassem com ele, tivessem sido destruídos com um
murro no rosto, e também mesmo quando ele um dia
precisasse trocar seu cinto por um pedaço de pão, de tal
forma que finalmente nada mais restasse de seus haveres
- aquela liberdade permanecia com ele, e permanecia até
o último suspiro!

Como testemunhou Frankl, essa liberdade mantém-se sob quaisquer


circunstâncias e/ou condições adversas, inclusive em uma situação de doença
física ou psíquica grave (SOLYMOS, 2012).
Que fique claro que para uma intervenção em nutrição e saúde alcançar
o sucesso desejado, é necessário que sua estratégia considere o significado e a
importância que tal intervenção tem para a vida – e para a felicidade – das
pessoas envolvidas. É preciso considerar as condições adversas vividas por
essas e o modo como incidem sobre a experiência que elas fazem da própria
realidade, ajudando-as a reconhecer e a viver experiências positivas. A
corresponsabilidade da intervenção é alcançada por meio do livre envolvimento
dos participantes do processo (profissionais e público-alvo). Será a consideração
operativa desses fatores que permitirá que a atuação seja efetiva e duradoura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS

BATISTA FILHO, M. RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências


regionais e temporais. Cad. Saúde pública. Rio de Janeiro, 2003, 19 suppl 1:
S181 91.

CARDOSO, Elisabeth. Sistematização do Atendimento Nutricional. In: ISOSAKI,


Mitsue; CARDOSO, Elisabeth; OLIVEIRA, Aparecida de. Manual de Dietoterapia
e Avaliação Nutricional: serviço de nutrição e dietética do Instituto do Coração -
HCFMUSP. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2009.

61
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

DIEZ-GARCIA, Rosa Wanda; CERVATO-MANCUSO, Ana Maria. (coord.).


Mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2012. Nutrição e metabolismo.

WARDLAW, Gordon M.; SMITH, Anne M. Nutrição contemporânea. 8 ed. Porto


Alegre: Artmed, 2013.

REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

ALVARENGA, M; LARINO, M.A. Terapia nutricional na anorexia e bulimia


nervosas. Rev Bras Psiquiatr 20v. 24(SupI. III) :39-43.

ARAÚJO, Wilma M. A. et al (org.) Alquimia dos alimentos. Brasília: SENAC,


2009.

______; BORGO, Luiz A.; ARAÚJO, Halina M. C. Aspectos da química e


funcionalidade das substâncias químicas presentes nos alimentos. In: ARAUJO,
2009.

AZEVEDO, E. Alimentos orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana,


ambiental e social. 2.ed. Tubarão: Unisul, 2006.

______. Reflexões sobre riscos e o papel da ciência na construção do conceito


de alimentação saudável. Rev. Nutr., v.21, n.6, p.717-23, 2008.

BANDUK, Maria Luiza Sampaio; RUIZ-MORENO, Lidia; BATISTA, Nildo Alves.


A construção da identidade profissional na graduação do nutricionista. Interface
- Comunic., Saúde, Educ., v.13, n.28, p.111-20, jan./mar. 2009. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/icse/v13n28/v13n28a10.pdf>. Acesso em: 29 out.
2014.

BARATIERI, L. N. et al. Dentística: procedimentos preventivos e restauradores.


Rio de Janeiro: Quintessence, 1989.

BARAÚNA, Tânia. Humanizar a ação, para humanizar o ato de Cuidar (2007).


Disponível em: <http://www.iacat.com/revista/recrearte/recrearte02/tania01.htm

62
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

BENEDICT, R. O crisântemo e a espada. Padrões da Cultura japonesa. São


Paulo: Perspectiva, 2002.

BERGER, P, LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Ed.


Vozes, 1983.

BOTSARIS, A. Brasil – plantas medicinais e fitoterápicos: um olhar sobre a


atenção à saúde. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Relatório do 1º Seminário
Internacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde – PNPIC.
Brasília: Ministério da Saúde, 2009. p.170-4. (Série C. Projetos, Programas e
Relatórios).

BOURDIEU, P. Poder simbólico. Rio de Janeiro: Difel/Bertrand Brasil; série


Memória e Sociedade, 1989.

BRASIL. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Manual técnico de promoção


da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar / Agência
Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). 3 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: ANS,
2009.

______. Guia Alimentar para a população brasileira: Promovendo a alimentação


saudável. Ministério da Saúde,CGPAN – Brasília, 2005.

______. Ministério da Saúde. Glossário temático de alimentação e Nutrição.


Brasília: Ministério da Saúde, 2007. (Série A, Normas e Manuais Técnicos).

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Programa


Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar / MS. Brasília: Ministério da
Saúde, 2004.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de


Atenção Básica. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de


Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no

63
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

SUS (PNPIC). Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Série B, Textos Básicos de


Saúde).

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de


Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. 2ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2007

CAETANO, Yasmin Pereira. Avaliação da aplicação das DRIs – Ingestão


Dietética de Referência - em estudos de consumo alimentar de crianças. Brasília:
UnB, 2011.

CARRANZA, F. A.; NEWMAN, M.G. Periodontia clínica. 8 ed. Rio de Janeiro;


Guanabara Koogan, 1997.

CARVALHO, J.A.M.; RODRIGUEZ-WONG, L. L. A transição da estrutura etária


da população brasileira na primeira metade do século XXI. Cad. Saúde pública.
Rio de Janeiro, marc. 2008,24(3): 597-605.

CARVALHO, M.A. Um modelo semiótico do processo Nutricional. Tese de


Doutorado em Saúde Coletiva, defendida na Faculdade de Medicina da
Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu, 2012.

______. O processo nutricional e a bioética: perspectivas da Teoria Semiótica e


Teoria da Auto-organização. Rev. Simbio-Logias, V. 6, n.8, Nov/2013. Disponível
em: <http://www.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/Educacao/Simbio-
Logias/o_processo_nutricional_e_a-bioetica.pdf>. Acesso em: 29 out. 2014.

CASTILHO, Euclides Ayres de; KALIL, Jorge. Ética e pesquisa médica:


princípios, diretrizes e regulamentações. Revista da Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical 38(4):344-347, jul-ago, 2005 Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v38n4/a13v38n4.pdf>. Acesso em: 29 out. 2014.

CASTRO, I.R.R. et al. A culinária na promoção da alimentação saudável:


delineamento e experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e
a profissionais das redes de saúde e de educação. Rev Nutr, Campinas,
nov.jdez. 2007; 20(6):571-588.

64
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

CAVALCANTI, A.P.R, DIAS, M.R., COSTA, M.Jr. Psicologia e nutrição:


predizendo a intenção comportamental de ade a dietas de redução de peso entre
obesos de baixa renda. Estudos de Psicologia 2005; 10 (1): 121-129.

CAVALCANTI, M.L.F. A entrevista alimentar como método educativo na


orientação dietoterápica de pacientes externos. Rev Paul Hosp 1976; 24:516-25.

CEMBRANELLI, Fernando. Por que um Programa de humanização nos


hospitais? (2007). Disponível em:
<http://www.portalhumaniza.org.br/ph/texto.asp?id=116>. Acesso em: 29 out.
2014.

CLOTET, J. Bioética com ética aplicada e genética. Revista Bioética. Brasília,


CFM, v.5, n.2, 1997, 173-183.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS – CFN. CFN discute as terapias


complementares em Nutrição. Rev. CFN, v.10, n.3, p.6, 2003.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS - CFN. O nutricionista e a


prescrição fitoterápica. Rev. CFN, v.6, n.25, p. 13, 2008.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS – CFN. Resolução 402/2007.


Regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura
frescas, ou como droga vegetal, nas suas diferentes formas farmacêuticas, e dá
outras providências. Diário Oficial da União, 06 ago. 2007, seção1.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. Código de Ética. RESOLUÇÃO


CFN N° 334/2004 Disponível em: <http://www.cfn.org.br>. Acesso em: 29 out.
2014.

CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. RESOLUÇÃO CFN N°


334/2004, dispõe sobre o Código de Ética do Nutricionista. Disponível em:
<http://www.cfn.org.br/eficiente/repositorio/Cartilhas/485.pdf>. Acesso em: 29
out. 2014.

65
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resoluções 196/96, 251/97, 292/99,


303/00 e 304/00 do Conselho Nacional de Saúde. Disponível em:
http://conselho.saude.gov.br

COSTA, C. A fenomenologia e o significado da ciência. Revista Brasileira de


Filosofia. São Paulo: Fundação Armando Álvares Penteado, 1985; XXXIV
(138):149-160.

COUCEIRO, P.; SLYWITCH, E.; LENZ, F. Padrão alimentar da dieta


vegetariana. Einstein, v.3, n.6, p.365-73, 2008.

COURY, S.T.; SILVA, D.L.; AZEVEDO, E. Dietoterapia chinesa, vegetarianismo


e nutrição antroposófica. In: MURA, J.D.P.; CHEMIN, S.M.S.S. (Orgs.). Tratado
de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. p.1017-035.

DE GASPERI, P.; RADUNS, V.; GUIORZI, A.R. A dieta ayurvédica e a consulta


de enfermagem: uma proposta de cuidado. Cienc. Saude Colet., v.13, n.2, p.495-
506, 2008.

DEBRUN, M. M. Identidade Nacional Brasileira e auto-organização. In:


D’OTAIANO, I. M. L; GONZALEZ, M.E.Q.(orgs). Campinas: Unicamp, 2009.

DELEUZE, G. Foucault. Tradução: Claudia Sant'Ana Martins. São Paulo:


Brasiliense, 2005.

DIEZ-GARCIA, Rosa Wanda; CERVATO-MANCUSO, Ana Maria. (coord.).


Mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2012. Nutrição e metabolismo.

ELIAS, N. O processo civilizador: uma história dos costumes. Vol. 1. Tradução:


Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

FAINTUCH, Joel; FALCÃO, Mário Cícero. Ética em pesquisa clínica. Rev Bras
Nutr Clin 2004; 19(2):47-53. Disponível em:
<http://www.sbnpe.com.br/_n1/docs/revistas/volume19-2.pdf#page=3>. Acesso
em: 29 out. 2014.

66
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3 ed. CDRom,


2004.

FIGUEIREDO, L.C.M. Matrizes do pensamento psicológico. 12 ed. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1991.

FLANDRIN, J.L.; MONTANARI, M. História da alimentação. São Paulo: Estação


Liberdade, 2007.

FLECK, M. P. A.; SKEVINGTON, S. Explicando o significado do WHOQOL-


SRPB. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 34, Suplemento 1, p. 146-
149, 2007.

FOUCAULT, M. História da sexualidade: o uso dos prazeres. 11ª ed. São Paulo:
Graal, 1984.

FREITAS, C.F.T. História social da cárie dentária. São Paulo: EDUSC, 2001.

FREITAS, Maria do Carmo Soares de et al. Hábitos Alimentares e os Sentidos


do Comer. In: 2012.

______. Agonia da fome. Salvador/Rio de Janeiro: Edufba/Fiocruz, 2003.

______ et al Relatório MS do Projeto "Estudos e pesquisas para a promoção de


hábitos de vida e de alimentação saudáveis para a prevenção da obesidade e
das doenças crônicas não transmissíveis" em Ilha de Maré, março 2006.

______. Mulher light, corpo dieta e repressão. In: Imagens da mulher na cultura
contemporânea. Salvador: Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a
Mulher/Universidade Federal da Bahia, 2002.

FREYRE, G. Casa-Grande e Senzala. 32 ed. Rio de Janeiro: Record, 1997.

FUSHIDA, C.E.; CURY, J.A. Estudo in situ do efeito da frequência de ingestão


de Coca-cola na erosão do esmalte dentina e reversão pela saliva. Rev. Odontol.
Univ São Paulo, 1999; 13 (2): 127-134.

67
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

GARCIA, R.V D. Práticas e comportamento alimentar no meio urbano: um estudo


no centro da cidade de São Paulo. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, jul./set.
1997; 13:3.

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC; 1989.

GEUS, Laryssa Maria Mendes de et al. A importância na inserção do nutricionista


na Estratégia Saúde da Família. Ciência & Saúde Coletiva, 16(Supl. 1):797-804,
2011. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/csc/v16s1/a10v16s1.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2014.

GÓES, J. A.W. Mudanças de hábitos alimentares e saúde - um estudo sobre fast


food. Tese de Doutorado em Saúde Pública, Instituto de Saúde Coletiva,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2004.

GOLDIM, J.R et al. Bioética e Espiritualidade. 1 ed. Porto Alegre: EDIPUCRS,


2007.

______. Bioética complexa: uma abordagem abrangente para o processo de


tomada de decisão. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 53 (1): 58-63, jan.-mar.
2009. Disponível em: <http://www.bioetica.ufrgs.br/complexamrigs09.pdf>.
Acesso em: 29 out. 2014.

______. Bioética: origens e complexidade. Revista HCPA. 2006; 26:86-92.

______; FRANCISCONI, C.F. Uma introdução aos comitês de ética em saúde.


Revista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 1997.

GONÇALVES, E.L. Situações novas e novos desafios para a Bioética. Revista


Bioética. Brasília, CFM, v.2, n.1, 1994, 13-18.

GONÇALVES, W.L. Teoria da personalidade em Wilhelm Reich. In: Reis, AOA.


Teorias da personalidade Freud, Reich e Jung. São Paulo: EPU, 1984. p. 125-
167.

HABERMAS, J. O futuro da natureza humana. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

68
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

HOSNE, W.S. A regulamentação de pesquisa com seres humanos como


instrumento de controle social. In: Fortes PAC, Zoboli ELCP (eds) Bioética e
Saúde Pública. Edições Loyola, São Paulo, p. 95-111, 2003.

______. Dos referenciais da bioética - a vulnerabilidade. São Paulo: Centro


Universitário São Camilo, 2009.

INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary Reference Intakes: The Essential


Guide to Nutrient Requirements, 2006. Disponível em:
<http://www.nap.edu/catalog/11537.html>. Acesso em: 29 out. 2014.

INSTITUTE OF MEDICINE (IOM).Dietary Reference Intakes Research


Synthesis: Workshop Summary, 2006. Disponível em:
<http://www.nap.edu/catalog/11767.html>. Acesso em: 29 out. 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de


orçamentos familiares 2002:2003. Análise da disponibilidade domiciliar de
alimentos e do estado nutricional do Brasil. Brasília: MOP/IBGE, 2004.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Programa nacional de controle


do tabagismo e outros fatores de risco de câncer: modelo lógico e avaliação. 2.
ed. Rio de Janeiro, 2003.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Abordagem e tratamento do


fumante: consenso 2001. Rio de Janeiro, 2001.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativas 2008: incidência de


câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2007.

ISOSAKI, Mitsue; CARDOSO, Elisabeth; OLIVEIRA, Aparecida de. Manual de


Dietoterapia e Avaliação Nutricional: serviço de nutrição e dietética do Instituto
do Coração - HCFMUSP. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2009.

JORGE FILHO, Isac. Editorial. A ética na terapia nutricional. Rev Bras Nutr Clin
2004; 19(2):47-53. Disponível em:
<http://www.sbnpe.com.br/_n1/docs/revistas/volume19-2.pdf#page=3>. Acesso
em: 29 out. 2014.

69
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

KOENIG H. Espiritualidade no cuidado com o paciente. São Paulo: Ed.


Jornalística, 2005.

LÉVI-STRAUSS, C. A origem dos modos à mesa. Tradução: Beatriz Perrone


Moisés. Mitológicas 3. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

LIMA, M.G.G.C.; DUARTE, R.C. Prevalência dos defeitos por esmalte em


crianças com baixo peso ao nascer na faixa etária de 06 a 72 meses na Grande
João Pessoa. JPB, 1995: 2(10):459-467.

LOESCHE, W.J. Cárie dental: uma infecção tratável. Rio de Janeiro: Cultura
Médica, 1993.

LOLLO, Pablo C. B.; TAVARES, Maria da Consolação G.C.F.; MONTAGNER,


Paulo Cesar. Educação física e nutrição. Revista Digital - Buenos Aires - Año 10
- N° 79 - Diciembre de 2004. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/>.
Acesso em: 29 out. 2014.

LUZ, M.T. Medicina e racionalidades médicas: estudo comparativo da medicina


ocidental contemporânea, homeopática, chinesa e ayurvédica. In: CANESQUI,
A.M. (Org.). Ciências Sociais e saúde para o ensino médico. São Paulo:
Hucitec/Fapesp, 2000. p.181-200.

______. Novos saberes e práticas em Saúde Coletiva: estudo sobre


racionalidades médicas e atividades corporais. 3.ed. São Paulo: Hucitec, 2007.

______. Racionalidades médicas e terapêuticas alternativas. Rio de Janeiro:


IMS/UERJ, 1996. (Série Estudos em Saúde Coletiva, 62).

MAGALHÃES, L.M.A. Teoria da personalidade em Carl Gustav Jung. In: Reis,


AOA. Teorias da personalidade Freud, Reich e Jung. São Paulo: EPU, 1984. p.
65-122.

MAHAN,L.K.; ESCOTT-STUMP,S. Krause. Alimentos, nutrição & dietoterapia.


10 ed. São Paulo: Editora Roca, 2002.

70
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

MARCHIONI, DML; SLATER, B; FISBERG,RM. Aplicação das Dietary Reference


Intakes na avaliação da ingestão de nutrientes para indivíduos. Rev. Nutr.,
Campinas, v. 17, n. 2, Junho, 2004.

MARTINS, C. Aconselhamento dietético. In: Riella MC, Martins C. Nutrição e o


rim. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

MAUSS, M. As técnicas corporais. Capítulo I - IV. In: Sociologia e Antropologia,


VaI. 2. São Paulo: Edu/Edusp, 1974. p. 211-233.

MEDEIROS, Maria Angélica Tavares de. Desafios do campo da alimentação e


nutrição na atenção básica. In: DIEZ-GARCIA, Rosa Wanda; CERVATO-
MANCUSO, Ana Maria. (coord.). Mudanças alimentares e educação nutricional.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. Nutrição e metabolismo.

MOREIRA, Emília Addison Machado; CHIARELLO, Paula Garcia (coord.).


Atenção nutricional: abordagem dietoterápica em adultos. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2011. Nutrição e metabolismo.

MOTTA, D.G, BOOG M.C.F. Educação nutricional. 2 ed. São Paulo: Ibrasa,
1988.

______; MOTTA, C.G. da; CAMPOS, R.R. de. Teorias Psicológicas da


Fundamentação do Aconselhamento Nutricional. In: DIEZ-GARCIA, R.W;
CERVATO-MANCUSO, A.M. (coord.). Mudanças alimentares e educação
nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. Nutrição e metabolismo.

NAVOLAR; T.S; TESSER, C.D; AZEVEDO, E. de. Contribuições para a


construção da Nutrição Complementar Integrada. Interface - Comunic., Saude,
Educ., v.16, n.41, p.515-27, abr./jun. 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/icse/v16n41/aop2412>. Acesso em: 29 out. 2014.

OLIVEIRA, J.E.D. de; MARCHINI, J.S. Nutrologia: especialidade médica. Rev.


Assoc. Med. Bras. [online]. 2008, vol.54, n.6, pp. 483-485.

OST, F. Tempo do Direito. Lisboa: Piaget, 1994.

71
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

PADOVANI, RM; et al. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em


estudos nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, v. 19, n. 6, 2006.

PANZINI, R. G. et al. Validação brasileira do instrumento de qualidade de


vida/espiritualidade, religião e crenças pessoais. Revista de Saúde Pública, São
Paulo, v. 45, n. 1, p. 153-165, jan./fev. 2011.

PEDROSO, B; GUITIERREZ, G. L; PICININ, C.T. Qualidade de vida,


espiritualidade, religião e crenças pessoais: análise do instrumento WHOQOL-
SRPB. Itararé: FAFIT/FACIC, v.03, n.1, jan./jun, 2012. Disponível em:
<http://www.fafit.com.br/revista/index.php/fafit/article/viewFile/ 37/21>. Acesso
em: 29 out. 2014.

PISANI, E.M, et al. Psicologia geral. 5 ed. Caxias do Sul: Educs, Porto Alegre:
Vozes 1985.

RAUBUSTT, K.D; ALVES, L.V.B.N.F; GOLDIM, J.R. Restrição alimentar por


motivação religiosa e coerção: dados Preliminares. X Salão de iniciação
Científica. Porto Alegre: PUCRS, 2009. Disponível em:
<http://www.pucrs.br/edipucrs/XSalaoIC/Ciencias_da_Saude/Bioetica/ 70415-
KAMILA_DELLAMORA_RAUBUSTT.pdf>. Acesso em: 29 out. 2014.

RAVEN, Michelle Soares; MOREIRA, Emilia Addison machado. Nutrição e


condição bucal. In: MOREIRA, Emília Addison Machado; CHIARELLO, Paula
Garcia (coord.). Atenção nutricional: abordagem dietoterápica em adultos. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Nutrição e metabolismo.

RESOLUÇÃO Nº196/96 versão 2012. Disponível em:


<http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_o
ut_versao_final_196_ENCEP2012.pdf>. Acesso em: 29 out. 2014.

ROCHA, N. S. et al. Desenvolvimento do módulo para avaliar espiritualidade,


religiosidade e crenças pessoais do WHOQOL (WHOQOL-SRPB). In: FLECK,
M. P. A. et al. (Org.). A avaliação de qualidade de vida: guia para profissionais
da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 93-101.

72
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

RODRIGUES, E.M, et al. Resgate do conceito de aconselhamento no contexto


do atendimento nutricional. Rev Nutr 2005; 18(1): 119-128.

SÁ, Neide Gaudenci de. Princípios de Nutrição. São Paulo: Nobel, 1989.

SALGUEIRO, J.B et al. Restrições alimentares por motivação religiosa:


implicações no processo de tomada de decisão frente a tratamento de saúde.
Rev HCPA 2008;28(supl):252.

SCHEEFFER, R. Aconselhamento psicológico: teoria e prática. 7ª ed. São Paulo:


Editora Atlas, 1989.

SCHMIDT, M.L.S IN: ROSENBERG RL. Aconselhamento psicológico centrado


na pessoa. São Paulo: EPU, 1987. IX.

SHILS, M. at al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 1. ed.


Brasileira, São Paulo: Manole, 2003.

SILVA, M.L.B.N. Terrapia - criação de ambiente saudável na Atenção Básica. In:


CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA, 8., e CONGRESSO
MUNDIAL DE SAÚDE PÚBLICA, 11., 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro, 2006. 1 cd-rom.

SILVA, Maria Julia Paes da. O papel da comunicação na humanização da


atenção à Saúde (2007). Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/revista/bio10v2/simposio2.htm>. Acesso em: 29
out. 2014.

SILVA, P.S. Fenomenologia e aprendizagem. Cad Psicopedag 2004; 3(6):40-47.

SIZER, Francis; WHITNEY, Eleanor. Nutrição: conceitos e controvérsias. 8 ed.


Barueri (SP): Manole, 2003.

SOLYMOS, Gisele Maria Bernardes. A centralidade da pessoa na intervenção


em nutrição e saúde. In: DIEZ-GARCIA, Rosa Wanda; CERVATO-MANCUSO,
Ana Maria. (coord.). Mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. Nutrição e metabolismo.

73
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521
INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO
PRINCÍPIOS NUTRICIONAIS

SOTTOMAYOR-CARDIA, M. Etica I. Lisboa: Presença; 1992.

SOUSA, Eliene. Referências nutricionais. Brasília: Ministério da


Educação/PNAE, 2008.

TEIXEIRA, R.C.M.A. et al. Estado nutricional e estilo de vida em vegetarianos e


onívoros - Grande Vitória - ES. Rev. Bras. Epidemiol., v.9, n.1, p.131-43, 2006.

TOCANTINS, Florence Romijn; SILVA, Teresinha de Jesus E. S. da; PASSOS,


Joanir Pereira. Ética da Enfermagem. In: FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida
de. Práticas de enfermagem: fundamentos, conceitos, situações e exercícios.
São Caetano do Sul: Difusão Paulista de Enfermagem, 2003.

TRAEBERT, J.; MOREIRA, E.A.M. Transtornos alimentares de ordem


comportamental e seus efeitos sobre a saúde bucal na adolescência. Pesqui
Odontol. Bras. 2001; 15(4): 359-363

WEBER, T. Ética e Filosofia Política: Hegel e o Formalismo Kantiano. Porto


Alegre: EDIPUCRS; 1999.

WETTSTEIN, Marília Fernandes. Bioética e restrições alimentares por


motivações religiosas: tomada de decisão em tratamentos de saúde. Porto
Alegre: UFRGS, 2010. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26904/000762339.pdf?seque
nce=1>. Acesso em: 29 out. 2014.

WIGMORE, A. Energia vital: o poder de cura que existe em você. São Paulo:
Gaia, 1994.

74
WWW.INE.COM.BR – (31) 3272-9521

Você também pode gostar