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Protocolo de
Monitoramento
da Recomposição
da Vegetação
Nativa no
Distrito Federal
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Protocolo de
Monitoramento
da Recomposição
da Vegetação
Nativa no
Distrito Federal
WWF
Brasília, 2017
Autores Realização
Artur de Paula Sousa, Restaurar Consultoria Ambiental
arturflorestal@gmail.com
Ilustrações
Marina Guimarães Freitas
maguimaraesfreitas@gmail.com
Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0
Projeto gráfico e diagramação Internacional (CC BY-NC-SA 4.0)
Zoltar Design
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Este protocolo é parte dos esforços As bases técnicas e científicas que A recomposição da vegetação nati- formação da vegetação pretendi-
da Aliança Cerrado em regulamen- fundamentam a nova norma são va deve ser monitorada por meio de da pelo restaurador como meta da
tar a legislação ambiental que trata resultantes da construção participa- indicadores ecológicos da sustenta- recomposição. A formação estabe-
da Recomposição da Vegetação tiva no âmbito da Aliança Cerrado, bilidade da recomposição. Assume- lecida como meta poderá ser feita
Nativa no Distrito Federal, atenden- envolvendo pesquisadores espe- se que a área em recomposição, ao considerando o tipo de vegetação
do o Programa de Regularização cialistas em restauração ecológica atingir os valores de referência, será original ou remanescente do entor-
Ambiental PRA/DF, o Licenciamento de Cerrado, profissionais técnicos, capaz de avançar a estágios mais no, condições de solos entre outras
Ambiental, a Compensação Flores- agentes públicos, empreendedo- maduros da vegetação nativa sem características ambientais relevan-
tal, as Autorizações Ambientais, a res, produtores rurais entre outros mais intervenção. Os indicadores tes. As formações campestres, sa-
Autuação Fiscal e as Determinações representantes da sociedade civil, ecológicos são: cobertura do dos- vânicas e florestais têm indicadores
Judiciais. Constitui ferramenta es- que trabalharam conjuntamente em sel (copas de árvores) e do solo; ecológicos específicos (Tabela 1). A
sencial para o acompanhamento do seminários, reuniões técnicas con- densidade de regenerantes nativos; classificação da vegetação seguida
cumprimento das metas e objetivos sultivas e na realização de testes em e número de espécies de nativos. por este protocolo é a definida por
da restauração ecológica no Cerra- campo para a definição dos indica- Os valores de referência dos indi- Ribeiro e Walter (2008) (Figura 1).
do. dores ecológicos e seus parâmetros, cadores variam de acordo com a
valores de referência e métodos de
O alcance de resultados efetivos na aferição. A avaliação do sucesso da 1 RIBEIRO, J.F. & B.M.T. WALTER. 2008. As principais fitofisionomias do bioma Cerrado. Pp. 150-211,
en: Cerrado: Ecologia e Flora (S.M. SANO; S.P. ALMEIDA & J.F. RIBEIRO. eds). Embrapa Informação
recuperação ambiental de ecossis- recomposição por meio de indica-
Tecnológica, Brasília, DF.
temas degradados fundamentou a dores de cobertura da vegetação
determinação do uso de indicadores nativa, densidade e riqueza de rege-
ecológicos de recomposição da ve- nerantes foram inspiradas e base-
getação nativa no DF pelo IBRAM. A adas no sistema empregado pela
Figura 1
recomposição da vegetação nativa Secretaria do Meio Ambiente do es-
Fitofisionomias do bioma cerrado
deve ser monitorada anualmente tado de São Paulo (Resolução SMA
segundo Ribeiro e Walter (2008).
por seus responsáveis, preferencial- nº32/2014), que constrói sua legisla-
mente durante o período de chuvas. ção tecnicamente há mais de uma
O monitoramento é feito por meio de década e teve diversas reformula-
indicadores ecológicos, através dos ções (Resoluções SMA Nº21/2001;
métodos descritos nesta publicação. SMA Nº47/2003; SMA Nº58/2006;
Ao atingir os valores de referência SMA Nº08/2008; SMA Nº32/2014). No
estabelecidos pelo IBRAM para os DF, o desempenho de algumas áreas
indicadores ecológicos, a recom- em recomposição foi avaliado com
posição da vegetação nativa será o objetivo de aprimorar os métodos
aprovada. de amostragem e verificar os valo-
res de referência dos indicadores.
Indicadores Ecológicos da Recomposição da Vegetação Nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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A demarcação dos polígonos de lite que produzem mapas também Parcelas de amostragem
recomposição na Figura 2 está exem- podem ser utilizados. No caso esta-
plificada utilizando o software Google belecido na Figura 2 serão necessá- A amostragem da vegetação em cada polígono
Earth Pro®. Este programa de compu- rias 8 parcelas (5 para o 1º hectare de recomposição será feita utilizando parcelas
tador é gratuito e possui ferramentas + 3 para os três restantes) para os amostrais com tamanho, número e distribuição
simples para realizar a demarcação polígonos de 3,6 ha e 3,4 ha, e 7 par- abaixo especificadas.
e cálculo do tamanho das áreas. celas (5 parcelas para o 1º hectare
Outros programas de computador de + 2 para os dois restantes) para o Número de parcelas
manipulação de imagens de saté- polígono de 2,4 ha. O número de parcelas é definido pela área do po-
lígono de recomposição. Polígonos com áreas me-
nores que 0,5 hectare não devem ser amostrados
em parcelas, devendo ser realizada a amostra-
gem de densidade na área total e para cobertura
serão utilizadas 5 linhas. Áreas maiores que 0,5 até
1 hectare deverão conter cinco parcelas. Para as
áreas maiores que 1 hectare, deverão ser utilizadas
quatro parcelas mais uma parcela por hectare,
até o limite de 50 parcelas (Tabela 2). Polígonos de
recomposição com área descontínua deverão ter
suas áreas somadas para obtenção da área total.
O cálculo do número de parcelas é feito separa-
damente para cada polígono de recomposição.
Veja a Figura 2 para um exemplo.
Tabela 2
Cálculo do número (N) de parcelas por unidade
de monitoramento/polígono de recomposição.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Tamanho da parcela
Cada parcela tem área de 25 × 4 m (100 m²). Para
montar a parcela, estica-se uma trena de 25 m no
centro, presa por estacas nas duas extremidades
(Figura 3). A parcela retangular pode ser definida
em seus quatro pontos, mas esse procedimento é
mais demorado.
Figura 4
Exemplo da coleta de dados em
uma parcela para cobertura de
copas em formação florestal.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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O cálculo da cobertura para o polígono de recom- Cálculo da cobertura de copas do caso estabelecido na Figura 4
posição deverá ser feito para cada uma das ca-
tegorias de cobertura (Sem copas, Nativa, Exótica Como exemplo para o cálculo de (N), Exótica (E) e Cobertura Total
e Cobertura Total (Nativa e/ou exótica). Primeiro cobertura do solo para áreas de (CT), correspondentes das seis par-
é calculado a média de cobertura, incluindo todas floresta, serão assumidos os valores celas do monitoramento. Os valores
as parcelas do polígono. Para isso, são somados da Tabela 4, resultantes de um moni- de Cob μ são somados e após isso
os valores de Cobertura média (Cob μ) e divididos toramento hipotético feito com seis são feitas as médias, dividindo a
pelo número total de parcelas. Em seguida, para parcelas de amostragem, incluindo somatória pelo número de parcelas
transformar em porcentagem, o valor resultante é a parcela 1, mostrada na Figura 4. Na (n). Ao final, as médias são multipli-
multiplicado por 100. tabela estão os valores de cobertura cadas por 100, resultando nos valores
média (Cob μ) por parcela, para as de cobertura do solo em porcenta-
Média de Sem Copas — μ(SC) categorias Sem Copa (SC), Nativa gem (Cob%), para cada categoria.
μ(SC)=(Cob μ(SC) parcela 1+Cob μ(SC) parcela 2... Cob μ(SC) parcela n)
n
Parcela Cob μ SC Cob μ N Cob μ E Cob μ CT
Cobertura em porcentagem de Sem Copas — Cob%SC 1 0,1923 0,6538 0,2307 0,8076
Cob%SC=μ(SC)×100
2 0,012 0,4533 0,5352 0,988
μ(N)=(Cob μ(N) parcela 1+Cob μ(N) parcela 2... Cob μ(N) parcela n) 4 0,2114 0,6287 0,2196 0,7886
μ(CT)=(Cob μ(CT) parcela 1+Cob μ(CT) parcela 2... Cob μ(CT) parcela n)
n
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
18 19
Figura 5
Exemplo da coleta de dados em uma
parcela para cobertura da vegetação
em formação savânica.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Cobertura
Sem Lenhosa Capim
Toque Nativa Total Exótica total (Nativas Tabela 5
vegetação nativa Nativo
ou exóticas) Anotação dos dados coletados no
caso estabelecido na Figura 5.
1 X
A coluna Nativa total deverá ser anotada se hou-
2 X
ver pelo menos uma coluna marcada para as na-
3 X tivas (lenhosa e capim). Também são anotados
4 X os pontos que tocam plantas exóticas. A cobertura
total deve ser anotada se houver qualquer plan-
5 X
ta tocando o ponto (nativa ou exótica). A coluna
6 X Sem vegetação deve ser anotada quando no pon-
7 X X X to não houver toque com vegetação.
8 X X X X
O cálculo da cobertura deverá ser feito para cada
9 X X X X uma das categorias de cobertura (Sem vege-
10 X X X X tação, Lenhosa nativa, Capim nativo, Exótica e
Cobertura Total (Nativas e exóticas)). Primeiro é
11 X X X X
calculada a média de cobertura, incluindo todas
12 X X X X as parcelas do polígono. Para isso, são somados
13 X X X X os valores de Cobertura média (Cob μ) e divididos
14 X X pelo número total de parcelas (n). Em seguida,
para transformar em porcentagem, o valor resul-
15 X X tante é multiplicado por 100.
16 X X
17 X X X
18 X X X X
Média de Sem Vegetação — μ(SV)
19 X X X μ(SV)=(Cob% (SV) parcela 1+Cob% (SV) parcela 2... Cob%(SV) parcela n)
20 X X X n
21 X X X
Cobertura em porcentagem de Sem Vegetação — Cob%SV
22 X X X X Cob%SV=μ(SV)×100
23 X X X
Média de cobertura de Lenhosas Nativas — μ(LN)
24 X X
μ(LN)=(Cob μ(LN) parcela 1+Cob μ(LN) parcela 2... Cob μ(LN) parcela n)
25 X X X X n
26 X X X X
Cobertura em porcentagem de Lenhosas Nativas — Cob%LN
Soma (∑) ∑SV=6 ∑LN=9 ∑CN=13 ∑NT=16 ∑E=8 ∑CT=20
Cob%LN=μ(N)×100
Cobertura
∑SV/26=0,2307 ∑LN/26=0,3461 ∑CN/26=0,5 ∑NT/26=0,6153 ∑E/26=0,3076 ∑CT/26=0,7692
média (Cob μ)
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
22 23
Média de cobertura de Capim Nativo — μ(CN) Parcela Cob μ SV Cob μ LN Cob μ CN Cob μ NT Cob μ E Cob μ CT
μ(CN) = (Cob μ(CN) parcela 1+Cob μ(CN) parcela 2... Cob μ(CN) parcela n) 1 0,2307 0,3461 0,5 0,6153 0,3076 0,7692
n
2 0,1401 0,1519 0,6445 0,7112 0,2245 0,8599
Cobertura em porcentagem de Capim Nativo — Cob%CN 3 0,0598 0,3740 0,3228 0,5874 0,4861 0,9402
μ(CT)=(Cob μ(CT) parcela 1+Cob μ(CT) parcela 2... Cob μ(CT) parcela n) porcentagem μ×100= 17,84% μ×100= 33,28% μ×100= 48,80% μ×100= 61,77% μ×100= 27,93% μ×100= 82,15%
(Cob%)
n
Tabela 6
Cobertura Total de dossel em porcentagem — Cob%CT Cálculo dos valores de cobertura do solo para
Cob%CT=MCT×100 um monitoramento hipotético de uma área
de savana, incluindo a parcela da Figura 5.
Como exemplo para o cálculo de (CN), Nativa Total (NT), Exótica (E)
cobertura do solo para áreas de e Cobertura Total (CT), correspon-
savana, serão assumidos os valores dentes das oito parcelas do moni-
da Tabela 6, resultantes de um moni- toramento. Os valores de Cob μ são
toramento hipotético feito com oito somados e após isso são feitas as
parcelas de amostragem, incluindo médias, dividindo a somatória pelo
a parcela 1, mostrada na Figura 5. Na número de parcelas (n). Ao final, as
tabela estão os valores de cobertura médias são multiplicadas por 100,
média (Cob μ) por parcela, para resultando nos valores de cobertura
as categorias Sem Vegetação (SV), do solo em porcentagem (Cob%),
Lenhosa Nativa (LN), Capim Nativo para cada categoria.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Figura 6
Exemplo de amostragem em uma
parcela para cobertura do solo em
formação campestre.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Cobertura
Sem Lenhosa
Toque Capim Nativo Nativa Total Exótica total (Nativas Tabela 7
vegetação nativa
ou exóticas) Anotação dos dados coletados no
caso estabelecido na Figura 6.
1 X X X X
2 X X X X
Cálculo da cobertura do caso estabelecido na Figura 6
3 X X X X
4 X X X X Como exemplo para o cálculo de (LN), Capim Nativo (CN), Nativa
cobertura da vegetação para áre- Total (NT), Exótica (E) e Cobertura
5 X X X X
as de campos, serão assumidos os Total (CT), correspondentes às oito
6 X X X X valores da Tabela 8, resultantes de parcelas do monitoramento. Os va-
7 X X X um monitoramento hipotético feito lores de Cob μ são somados e após
com cinco parcelas de amostragem, isso são feitas as médias, dividindo a
8 X X X
incluindo a parcela 1, (exemplo da somatória pelo número de parcelas
9 X X X Figura 6). Na tabela estão os valo- (n). Ao final, as médias são multipli-
10 X X X res de cobertura média (Cob μ) por cadas por 100, resultando nos valo-
parcela, para as categorias Sem res de cobertura do solo em porcen-
11 X X X X
Vegetação (SV), Lenhosa Nativa tagem (Cob%), para cada categoria.
12 X X X
13 X X X
14 X X X
Tabela 8
15 X X X
Cálculo dos valores de cobertura do solo para
16 X X X um monitoramento hipotético de uma área
17 X X X de campo, incluindo a parcela da Figura 6.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Figura 7
Exemplo da coleta de
dados para densidade
de indivíduos nativos
regenerantes e número de
espécies nativas em uma
unidade de monitoramento
com duas parcelas.
Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa Procedimentos para o monitoramento da recomposição da vegetação nativa
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Protocolo de
Monitoramento
da Recomposição
da Vegetação
Nativa no
Distrito Federal
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Realização
Apoio
MINISTÉRIO DO
MEIO AMBIENTE