ITOLOGIA É MAIS DO QUE ANTIGAS MENTIRAS E seu domínio se dá unicamente por conta do conflito entre
HISTÓRIAS, explicações pseudocientíficas para as Raças Anciãs, que ainda governam grandes regiões do
fenômenos naturais ou segredos antigos sobre
conhecimento perdido. É um estado mental e um
modo de vida. Ela tem uma consciência e vida próprias: um
poder. RuneQuest: Aventurando-se em Glorantha permite que
você vivencie este estado mental e explore este modo de vida
pelo reino místico de Glorantha.
O que é RuneQuest?
RuneQuest surgiu pela primeira vez em 1978, como o
primeiro jogo de interpretação de personagem publicado
pela Chaosium, uma peculiar empresa de três pessoas da
Bay Area de São Francisco. RuneQuest surpreendeu o
jovem mundo de jogos de interpretação de personagens; ele
deixou de lado várias das abordagens que a maioria dos
outros jogos adotavam. RuneQuest não tem classes de
personagens, pontos de experiências, níveis e tem muito
menos restrições sobre como armas, armaduras e magias
podem ser utilizadas. Ele usa um sistema D100 baseado em
porcentagem ao invés de um baseado em um dado de vinte
lados D20. Acima de tudo, ao invés de ser ambientado em
uma mescla de Europa Medieval e das histórias de J.R.R
Tolkien, RuneQuest é ambientada em Glorantha, um
cenário da Idade do Bronze cheio de mitos e fantasia.
Este livro é a quarta edição das regras de RuneQuest
escritas e publicadas pela Chaosium (embora outras
empresas também tenham publicado versões licenciadas,
principalmente a The Design Mechanism).
O que é Glorantha?
Glorantha é um mundo na Idade do Bronze, aonde as
pessoas prestam fidelidade à tribo, cidade e culto, não a
alinhamentos ou ideologias abstratas. Embora a
humanidade seja a espécie dominante,
mundo.
O tema central de Glorantha é religião e o
relacionamento mágico entre homens e deuses. Em
Glorantha, os deuses e deusas são reais, e através de seus
seguidores e cultos exercem um papel ativo e importante na
maioria dos grandes eventos. O Sol, Terra, Ar, Água,
Escuridão e Lua têm importantes divindades associados
com eles, assim como poderes como a Morte, Fertilidade,
Mudança, Estase, Ilusão, Verdade, Desordem e Harmonia.
Há divindades menores associados com coisas tão diversas
quanto gatos, vacas, barcos, vingança e vulcões
Glorantha é um universo completo. Ele é autocontido, e
deve ser encarado em seus próprios termos, desde seus mitos
até suas moléculas. Você não encontrará adoradores de Zeus ou
Alá aqui. Não há romanos, vikings ou hunos; embora
certamente existam impérios, piratas e nômades. Muitas
criaturas normalmente associadas a outros cenários de fantasia
não são representadas aqui.
O mundo de Glorantha é descrito em sua totalidade no
Guia de Glorantha, da Moon Design Publications, mas um
resumo é apresentado neste livro.
Propósito do J ogo
O título deste jogo, RuneQuest: Aventurando-se em Glorantha,
descreve seu objetivo. Jogadores criam personagens,
conhecidos como aventureiros, e jogam como eles em
aventuras gerenciadas e moderadas pelo mestre. Cada jogador
interpreta seu aventureiro de modo condizente com a maneira
como ele é descrito na ficha do aventureiro—definindo suas
habilidades, personalidade, lealdades, paixões e ódios. As
regras modelam as características físicas, mentais, sociais e
espirituais dos aventureiros, governando as suas interações
com o cenário. Esta interação é representada pela chance
percentual de obter sucesso em uma ação.
RuneQuest
Cada aventureiro de RuneQuest está ligado a várias
Runas, os poderes cósmicos que definem Glorantha e
são manifestados pelos deuses. Aventureiros unem-se
aos cultos a seus deuses, que lhes fornecem magia e
auxílio. Conforme um aventureiro progride por seu
culto, ele fortalece sua conexão com as Runas, ganhando
poder e seguindo na missão para se tornar um verdadeiro
Herói. Um aventureiro de RuneQuest é membro de uma
sociedade—um clã, tribo, cidade ou outra comunidade.
Aventureiros têm deveres, lealdades e conflitos além de
serem meros saqueadores, com ligações tão profundas
quanto possível com o mundo de Glorantha e as Runas.
Com a ajuda do mestre, os jogadores criam e
negociam a história. O resultado pode ser mágico, como
músicos ensaiando e inventado algo completamente
novo e inesperado. Um jogo de interpretação de
personagem não possui as limitações impostas pela
tecnologia—o único limite é a imaginação daqueles
jogando!
Apesar da abrangência de situações tratadas pelas
mecânicas do jogo, as regras de RuneQuest são robustas,
e não complexas. Qualquer um que seja novato em jogos
de interpretação de personagem conseguirá fácil e
rapidamente dominar as mecânicas do jogo.
Materiais
RuneQuest usa uma variedade de dados diferentes—dados
de 10 ou 20 lados, de 8 lados, 6 lados e 4 lados. Certas
combinações ou divisões de resultados rolados nestes dados
criam outras rolagens de dados. Estes diferentes dados
criam um espectro grande de probabilidades.
Os dados possuem abreviações padrões nestas regras.
"D" sempre se refere à palavra "dado" ou "dados". "D" é
sempre seguido por um número, denotando o número de
lados do dado necessário. D20 indica um dado de 20
lados, D6 indica um dado de 6 lados e D100 indica um
dado percentual.
Designações de dados podem ser precedidas por um
número. Este número indica a rolagem de uma quantidade
específica de dados. Por exemplo, 2D6 requer que dois
dados de 6 lados sejam rolados.
Sempre que o resultado da rolagem de mais de um
dado for pedido, some os resultados para formar um
único total.
Algumas vezes, somas são feitas para rolagens
específicas de dados. Pode ser que você veja "1D6+1", por
exemplo. Some o número depois do sinal de soma ao
resultado da rolagem de 1D6. O "1D6+1" significa que a
soma total deve ser entre 2 e 7, embora o total real dependa
do resultado da rolagem de 1D6. De maneira semelhante,
algumas vezes será preciso fazer subtrações nas rolagens de
dados. Pode ser que você veja "1D6-1", o que resulta numa soma
total entre 0 e 5.
Diversão Máxima no Jogo
Quando estiver escrevendo, pensando ou
jogando em Glorantha, sempre pergunte a si
mesmo, "Nesta situação, o que seria mais
divertido?" e siga por aí. Essa é a Diversão
Máxima no Jogo (DMJ). Mantenha este princípio
em mente quando aplicar as regras de
RuneQuest para qualquer situação.
Ocasionalmente, rolagens especificadas de dados
pedem a rolagem de dados diferentes ao mesmo tempo.
Se uma arma causar 2D8+1D4 de dano, por exemplo, o
dano real é descoberto rolando-se estes três dados (dois
dados de 8 lados e um dado de 4 lados) e somando seus
resultados.
Lendo os Dados
D100: chamado de dado percentual. Para gerar um
resultado de D100, role D10 duas vezes. A primeira
rolagem representa as "dezenas", e a segunda rolagem
representa as "unidades". Se você rolar um 5 na primeira e
um 8 na segunda, você rolou um 58. Uma rolagem de "00"
é igual a 100. Alguns tipos de D10s são numerados como
dezenas (10, 20, 30, etc.). Estes devem ser usados como as
"dezenas", e um D10 normal deve ser usado como as
"unidades". Nestes casos, uma rolagem de "10" (dezenas)
e "0" (unidades) significa um resultado de 10, enquanto
que "00" e "0" indica um resultado de 100.
D20: o resultado é o número com a face para cima.
D10: o resultado é o número com a face para cima.
Como alternativa, utilize um D20 como um D10 rolando
um D20. Se o número for acima de 10, subtraia 10. Um
resultado de 12 seria igual a 2; um resultado de 20 seria
igual a 10.
D8: o resultado é o número com a face para cima.
D6: a maioria das pessoas conhece o D6. O resultado é
o número com a face para cima.
D4: alguns D4s têm o resultado na base da pirâmide,
enquanto outros têm no topo: sempre considere o número
virado para cima.
D3: Simule um dado de 3 lados rolando um D6.
Divida o resultado por 2, e então arredonde para cima.
D2: qualquer rolagem de dado pode simular um
dado de 2 lados. Um número ímpar indica um resultado
de 1; um número par indica um resultado de 2.
 Introdução

Arredondando Resultados existência, e aceitas por todos. Os deuses são reconhecidos,

Ocasionalmente, você precisará dividir números. Sempre
que uma divisão criar uma fração, arredonde a favor dos
jogadores. Se um aventureiro acertar um monstro e
causar 7 pontos de dano, e por algum motivo o dano for
dividido pela metade, ele seria arredondado para 4. Se
um monstro acertar um aventureiro, causando a mesma
quantidade de dano, e houver a divisão, o 7 se tornaria
um 3.
Chances de Sucesso
Na maioria dos casos, determinar a chance de sucesso
para uma ação é muito simples em RuneQuest. A
maioria das habilidades dos aventureiros, incluindo
perícias, é expressa como uma chance percentual de
sucesso num D100 (uma habilidade com uma
classificação de "0%" não tem chances de sucesso).
Apenas consulte a ficha de aventureiro e você poderá
determinar as chances de sucesso de seu aventureiro
para a maior parte das ações.
Aspectos Únicos
de RuneQuest
Esta edição de RuneQuest apresenta uma abordagem
nova para interpretação, magia e progressão de
aventureiros. Para aproveitar o jogo ao máximo, você
deve utilizar todos os elementos de jogo resumidos
abaixo.
percebidos e exercem uma influência poderosa sobre o mundo.
A prática religiosa mais prevalente em Glorantha é o
politeísmo.
Um adorador individual pode ter um relacionamento especial
com uma dada divindade, mas reconhece e frequentemente adora
outros deuses. Outras práticas religiosas podem existir também,
como xamanismo, materialismo filosófico e iluminação mística.
A onipresença de magia em Glorantha significa que o
dia-a-dia é diferente do que estamos acostumados de
muitas maneiras. A vida gira ao redor do culto ou religião
de uma pessoa. A magia é uma fonte tanto de maior
segurança como de facilitação da vida, mas também é uma
fonte de conflito e terror.
Em Glorantha, a magia tem um papel decisivo, até mesmo
essencial, na arte da guerra. Sacerdotes criam raios de
eletricidade, ou invocam chamas dos céus; xamãs conjuram
espíritos, como o voraz Oakfed; Mestres Rúnicos de deuses
da guerra ou tempestade racham regimentos inteiros; e o
Império Lunar possui unidades como a Escola Campal de
Magia, os Criadores de Crateras ou o incrível Morcego
Carmesim, que devasta exércitos inteiros. Em Glorantha, a
vitória nem sempre está com o lado com os maiores
batalhões, mas sim com aquele com os espíritos e deuses
mais poderosos! Isto pode ter resultados surpreendentes;
por exemplo, um bando de caçadores-coletores apoiado por

Consequências da Violência
Combate é algo perigoso. Ele corresponde ao que
imaginamos que possa acontecer numa briga: se alguém
golpeia seu aventureiro com uma espada, ele está em sérios
apuros a menos que possa aparar a espada com um escudo
ou outra arma, ou sair da frente de alguma maneira. Seres
humanos possuem um número limitado de pontos de
vida—e não há pontos de heróis ou pontos de sorte para
salvar seus aventureiros. No fim das contas, todo
aventureiro enfrenta a mordida aguda da mortalidade.
Não importa o quão habilidoso ou poderoso seja seu
aventureiro, o desastre sempre pode estar à espreita.
Assim sendo, o combate é sempre algo a ser levado a
sério.

Todos têm Magia

Um tema central de Glorantha é a relação entre mortais
e deuses, entre o mundo mítico e o Mundo Mundano.
A religião e magia Gloranthianas são básicas à
RuneQuest
xamãs poderosos pode sobrepujar uma falange civilizada
superior que carece de suporte mágico.
Do mesmo modo, a magia é decisiva em combate
corpo-a-corpo. Quando dois mestres de armas igualmente
habilidosos lutam, aquele com magia melhor geralmente
ganha. Se você planeja ter um aventureiro voltado para o
combate, é sábio que este aventureiro se junte ao culto de
um deus da guerra!
Runas
Runas são um elemento chave de RuneQuest e do cenário
Gloranthiano Elas são arquétipos cósmicos—os elementos,
os poderes e as formas que compõem o universo. A
afinidade de um aventureiro com uma Runa específica
afeta seu potencial mágico, personalidade e até mesmos
suas características.
As Runas são a fonte dos poderes dos deuses, e geraram
o conflito cosmogônico conhecido como A Guerra dos
Deuses. As Runas Elementais são geralmente concebidas
como arranjadas em uma roda, com Fogo/Céu sendo
suplantados por Água, Água por Ar, Ar por Terra, Terra
por Escuridão e Escuridão por Fogo/Céu, até que o ciclo da
roda se repita. Outras Runas são polaridades em conflito
inerente, como Vida e Morte.
Estes conflitos Rúnicos são temas integrados
profundamente no cenário Gloranthiano. Conforme as
afinidades com Runas se desenvolvem e o potencial
mágico dos aventureiros cresce, eles se tornam Mestres
Rúnicos, eventualmente participando do grande ciclo
cosmogônico das Guerras dos Heróis.
Magia e Mitologia
Os deuses são forças ativas no mundo, espíritos
onipresentes, e a cada ano o mundo mortal precisa realizar
ritos sagrados e ações para reviver o mundo moribundo e
fazer nascer um novo ano. A realidade Gloranthiana é
definida pela mitologia, não por lógica fria ou física.
Esta realidade mitológica é um elemento essencial
tanto de Glorantha como de RuneQuest. Aventureiros
podem agir de maneiras relacionadas a um mito, e seus
feitos muitas vezes criam novos mitos. Até mesmo
aventuras aparentemente mundanas, como saquear uma
tumba antiga ou roubar gado podem assumir traços
mitológicos.
Ideais e Motivações
Aventureiros heroicos em Glorantha são muitas vezes guiados
por emoções poderosas, bem como seus impulsos religiosos e
espirituais. Eles possuem sentimentos fortes sobre seu mundo
e estão ligados ao eterno e contínuo conflito cósmico. Em
RuneQuest, isto é representado pelas afinidades com Runas e
as Paixões, que concedem bônus e habilidades consideráveis.
O mestre deve sempre se certificar que os jogadores tenham voz
ativa no comportamento de seus aventureiros, mas jogadores
também devem aceitar que Paixões e afinidades altas correm o
risco de serem enfraquecidas por comportamento contrário a elas.
Isto não resulta no seu aventureiro sendo forçado em um
formato, e não é a intenção do sistema remover sua habilidade
de tomar decisões para seu aventureiro. O sistema
simplesmente se certifica que os aventureiros ajam de maneiras
consistentes com as Runas e Paixões que os direcionam,
mesmo quando houver um custo.
Um aventureiro sem profundas Paixões ou fortes
afinidades com Runas será sempre fraco e em desvantagem
se comparado com aventureiros com fortes paixões que se
lançam sem hesitação nas Guerras dos Heróis.
Cultos
O culto de um aventureiro geralmente é seu recurso mais
precioso, oferecendo comunicação entre mortais e as entidades
cósmicas conhecidas como deuses. Um culto é uma
comunidade, bem como como uma religião, e provê muitas das
necessidades dos seres mortais. Filiação a um culto dá acesso a
uma fração do poder de sua divindade, manifestado na forma
de magia Rúnica. Um aventureiro deve possuir uma afinidade
forte com uma ou mais runas relacionadas a uma divindade
para se juntar a seu culto. Um culto também ensina a seus
membros magia menos poderosa—embora mais comum—
chamada magia espiritual. Em troca, o membro auxilia o
culto com sacrifícios, adoração e lealdade.
Em suma, o culto oferece apoio para o modo de vida do
aventureiro. Ao progredir dentro do culto, um aventureiro
ganha poder mágico e recursos temporais importantes.
Parentesco
No violento mundo de Glorantha, um aventureiro sem
parentes é uma pessoa solitária e isolada. Aventureiros têm
a sua família imediata—seus pais, irmãos, filhos e
cônjuges—e um grupo de parentesco mais amplo, como um
clã.
Os parentes de um aventureiro os auxiliam contra inimigos,
pagam resgate quando ele é capturado e se vingam quando ele
é ferido. Todas estas funções são importantes durante o jogo,
não apenas considerações para interpretar o personagem.
Por exemplo, um feudo de sangue é uma ameaça aos
aventureiros que pode ferir outros quando realizado pelos
parentes de suas vítimas. Um pastor desafortunado pode ser
vingado pelo seu parente Senhor Rúnico.
Passagem do Tempo
O tempo pode passar rapidamente. Em RuneQuest, assume-
se que uma estação passa a cada vez que os aventureiros
têm uma aventura. Em pouco mais de um mês jogando toda
semana, um ano terá se passado

dentro do jogo. Após um ano na vida real, os aventureiros
podem estar uma década mais velhos. Uma longa
campanha pode durar uma geração ou mais.
Aventureiros tipicamente possuem obrigações sociais
além de se aventurar. Eles são membros de cultos e clãs,
com dias sagrados sazonais e outros eventos. Eles podem
ter fazendas para gerir, guerreiros para comandar, ou até
mesmo tribos para liderar. Uma escala de tempo sazonal
permite levar em conta (e até mesmo interpretar) estas
outras obrigações, sem se perder nas minúcias diárias.
Introdução
Escala Épica
Aventureiros são parte de um mundo maior. O jogo é épico em
seu escopo e escala. Aventureiros podem participar diretamente
nos eventos das Guerras dos Heróis. Um aventureiro pode
realizar um tipo de aventura ritualizada chamada missão heroica
para descobrir novos segredos mágicos e aprender melhor como se
tornar um Herói, uma figura proeminente no quadro geral das
coisas.
RuneQuest
Heróis e Missões Heroicas
Uma missão heroica é um ato mágico no qual mortais
interagem diretamente com a mitologia Gloranthiana. Os
participantes se esforçam para reencenar eventos
mitológicos a fim de trazer um pouco daquela magia para o
Mundo Mundano. Missões heroicas são repletas de
perigos, sendo imprevisíveis e muitas vezes mortais. O
fracasso pode trazer não apenas a ruína aos aspirantes a
heróis, mas também a suas comunidades e cultos.
Um aspirante a herói simultaneamente interage com a
mitologia Gloranthiana e com o Mundo Mundano. Um
Herói é aquele que percorreu esta estrada perigosa e foi
alterado por ela. O Herói é dotado de poderes excepcionais
e utiliza estas dádivas para combater inimigos que
ameacem a paz e bem-estar da comunidade. Ainda assim, o
Herói não é restrito pelas regras e limitações da civilização
que defende, e raramente se sente confortável no mundo
civilizado.
Jogando em Glorantha
Glorantha é um mundo de proporções e profundidade
colossais, mas ainda assim tem muito espaço para novas
ideias. Se o mestre desejar incluir orcs em alguma ilha
distante de Glorantha, ou inventar um novo culto para uma
cidade, ele deve se sentir livre para fazê-lo. A Glorantha
de cada um irá variar, e deve se adaptar ao estilo de
jogo de cada grupo.
Com estas ressalvas, aqui estão algumas sugestões que
jogadores e mestres devem considerar ao jogarem em
Glorantha.
A Importância da
Comunidade
Aventureiros satisfazem as necessidades de suas
comunidades, sejam elas um bando de caçadores, um
clã de fazendeiros e pastores, um templo ou um cidade-
estado cosmopolita. Sem a comunidade, um aventureiro
não é nada mais do que
um fora da lei destrutivo.
Dentro de uma
comunidade, os
aventureiros são
avatares,

personificações de um milhão de sonhos, preces e maldições,
e as esperanças e anseios sobre o futuro tornados carne. O
mestre deve manter isto em mente ao planejar a estrutura do
jogo, e os jogadores devem se lembrar disto no modo como
retratam seus aventureiros.
Dê famílias aos aventureiros, completas com irmãos,
pais e outros parentes. Ter alguns dos aventureiros com
parentesco direto, seja por sangue ou por dever, ajuda a
reforçar este senso de comunidade. Dê a eles conexões
com suas comunidades e uma razão para se importarem
com elas. O processo de criação de aventureiros oferece
várias oportunidades para parentes compartilhados e
laços sociais, assim como oportunidades para que
aventureiros tenham lutado lado a lado em batalhas
passadas, ou mesmo tenham estado em lados opostos.
Um efeito colateral de ligar os aventureiros a uma
comunidade é a responsabilidade. Os jogadores pensarão
duas vezes antes de fazerem seus aventureiros agirem
como máquinas assassinas de destruição quando eles
precisam considerar as consequências.
Mantendo como Idade do
Bronze
Glorantha é firmemente baseado no mundo antigo, até
mesmo pré-histórico. Ele é em grande parte um cenário
da Idade do Bronze, caracterizado por: ubiquidade do
bronze, ao invés do ferro, como o principal metal; pela
escrita como o domínio de uma pequena elite
profissional (como o culto de Lhankor Mhy); e pelo
florescimento de civilizações urbanas (como Nochet,
Boldhome e Mais Além) Grupos de parentesco ou
cidades-estados são as formas mais comuns de
organização social; um chefe, rei, rainha ou outra
autoridade suprema detém o poder. O governante
geralmente também é uma figura sacerdotal, e reis-
sacerdotes são a norma em grande parte de Glorantha.
Templos geralmente são as instituições mais poderosas
na comunidade Gloranthiana!
A maior parte das sociedades Gloranthianas são
politeístas, reconhecendo uma multitude de deuses.
Religiões raramente realizam pregações. Um aventureiro
pertence ao culto de seu povo por nascimento, posição social
ou ocupação: a ideia de "conversão" não faz sentido para a
maioria dos Gloranthianos. Pode-se deixar o seu culto e se
juntar a outro, mas raramente os deuses antigos são
abandonados em favor de um novo; é muito mais comum
adicionar um novo deus à multitude existente.
Os elementos da Idade do Bronze de Glorantha são uma
ótima fonte de personalidade para o mestre e os jogadores.
Armaduras de bronze são tanto uma proteção como um
meio de demonstrar status (às vezes até mais a segunda
opção). Construções e estátuas são muitas vezes pintadas de
formas brilhantes (ou até mesmo berrantes). Vinho e outros
líquidos não são armazenados em barris, mas sim em
ânforas de cerâmica, que são algumas vezes decoradas com
padrões e ornamentações pintadas.
Introdução
Já Visitou Glorantha antes?
Como um sistema de jogo, RuneQuest é ativamente
jogado desde sua publicação original em 1978, e
Glorantha é ainda mais aclamado e conhecido como um
cenário. É provável que leitores deste livro já estejam, até
um certo ponto, familiarizados com este jogo e seus
conceitos centrais.
No entanto, os seguintes elementos chave distinguem esta
edição de RuneQuest das anteriores:
▪ Integração extensa do cenário de Glorantha com as
regras
▪ Criação de aventureiros que inclui antecedentes
familiares e história recentes.
▪ Paixões, Reputação e Runas como aspectos de aventureiros.
▪ Melhoramento de habilidades com Runas e Paixões.
▪ Maior disponibilidade de magia Rúnica.
▪ Pontos Rúnicos como um recurso.
▪ Novas regras para Feitiçaria e o Mundo Espiritual.
▪ Estrutura de campanha baseada em estações.
▪ Situada no ano de 1625, a alvorada das Guerras dos Herois.
▪
▪
Mantendo a Fantasia
Apesar de suas similaridades com a Idade do Bronze,
Glorantha certamente é um mundo mágico e fantástico.
Semideuses tão poderosos quanto regimentos de
soldados transformam o campo de batalha de maneiras
sem paralelos com a guerra em nosso mundo antigo. O
Império Lunar possui armas mágicas tais como um
colossal demônio voador do Caos que devora exércitos
inteiros, e unidades de mágicos que podem invocar
cometas para dizimar seus inimigos. A Passagem do
Dragão é dominada pela Montanha Kero Fin, que com
seus quase doze quilômetros de altura é muito mais alta
do que o Monte Everest e se parece mais com uma
agulha do que com uma montanha. Há dragões
adormecidos de muitos quilômetros de comprimento que
os nativos há muito confundem com estranhos
agrupamentos de colinas. Há patos e babuínos falantes,
touros voadores, peixes inteligentes e diversas raças e
seres imortais. A paisagem é marcada por ruínas de
civilizações humanas pregressas, e até mesmo ruínas de
antigos locais do Tempo de Deus.
Ao jogar e mestrar em Glorantha, deixe sua imaginação
criar asas. Ignore a voz que exige pensamento racional e
dados empíricos, e dê vazão às suas fantasias
inconscientes. Faça uso de sonhos, folclore e mitologia.
A sua Glorantha irá variar, certamente, mas
mantenha-a fantástica.