Você está na página 1de 2

Genética – D I Medicina – UFPR Alessandra A.

– T6

DEFEITOS NA MORFOGÊNESE DISPLASIA: organização anormal das células nos tecidos. Aplica-se a todas
as anormalidades da histogênese. Não são confinadas a um órgão. A
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA maioria das displasias é de herança monogênica e está associada a altos
HIPOPLASIA: subdesenvolvimento de um organismo, órgão ou tecido, riscos de recorrência para irmãos e/ou filhos de afetados.
resultante de uma redução do número de células.
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS
HIPERPLASIA: desenvolvimento exagerado de um organismo, órgão ou
As anomalias congênitas são extremamente variáveis quanto aos tipos e
tecido, resultante de um aumento do número de células.
aos seus mecanismos causais, porém todas surgem de um transtorno no
HIPOTROFIA: redução do tamanho das células, tecido ou órgão. desenvolvimento ontogenético (origem e desenvolvimento de um
organismo desde o embrião).
HIPERTROFIA: aumento do tamanho das células, tecido ou órgão.

AGENESIA: ausência de uma parte do corpo, devido à inexistência do ETIOLOGIA


tecido primordial. As alterações cromossômicas explicam cerca de 6% das anomalias
congênitas. Qualquer grau perceptível de desequilíbrio autossômico,
APLASIA: ausência de uma parte do corpo, devido a uma falha no
como deleções, duplicações, trissomias ou monossomias, resultará em
desenvolvimento do tecido primordial existente.
graves anomalias estruturais e de desenvolvimento; caso o desequilíbrio
ATROFIA: diminuição de um tecido ou órgão normalmente desenvolvido, seja muito grande, pode provocar aborto espontâneo precoce.
devido a uma redução do tamanho e/ou número de células.
A herança monogênica explica cerca de 8% de todas as anomalias
SEQUÊNCIA: padrão de anomalias múltiplas derivadas de uma única congênitas. Algumas são isoladas, envolvendo apenas um órgão ou
anomalia ou fator mecânico anterior. Ocorre em consequência a uma sistema. Outras resultam em síndromes que envolvem muitos órgãos ou
cascata de eventos iniciados por um único fator primário. sistemas e não mostram uma relação embriológica subjacente óbvia.
SÍNDROME: denominação dada a padrões consistentes de múltiplas A herança multifatorial explica boa parte das anomalias congênitas em
anomalias patogenicamente relacionadas, que não representam uma que há claro envolvimento de fatores genéticos. Abrange a maioria das
sequência simples e podem ser atribuídas a causas subjacentes malformações congênitas isoladas.
conhecidas.
Os agentes teratogênicos são aqueles que agem sobre o organismo em
ASSOCIAÇÃO: termo usado para os casos em que certas anomalias formação, produzindo anomalias características ou gerais, ou
ocorrem conjuntamente com maior frequência do que a esperada ao aumentando a incidência de uma anomalia na população. Os principais
acaso, mas tal fato não pode ser explicado com base em uma sequência agentes são radiação, vírus, drogas e doenças maternas.
ou síndrome. As principais diferenças em relação a uma síndrome são a
Cerca de 50% das anomalias congênitas não apresentam causa bem
falta de consistência das anomalias de um indivíduo afetado para outro e
estabelecida. Entre elas estão a hérnia diafragmática isolada, a fístula
a ausência de uma explicação subjacente satisfatória. Possuem baixo risco
traqueoesofágica, a atresia anal e defeitos de redução dos membros.
de recorrência e geralmente não são de origem genética.
PERÍODOS CRÍTICOS DO DESENVOLVIMENTO
CLASSIFICAÇÃO PATOGÊNICA
Fase de pré-diferenciação: o teratógeno mata o embrião ou afeta poucas
MALFORMAÇÃO: defeito morfológico primário de um órgão, parte de um
células.
órgão ou de uma região maior do corpo, resultante de um processo de
desenvolvimento intrinsecamente anormal, ou seja, o desenvolvimento Fase embrionária: é a mais prejudicada. Se o teratógeno agir no período
do órgão era anormal desde o início. A maioria das malformações de 15 a 25 dias de vida embrionária, afetará o cérebro; 24 a 40 dias de vida
congênitas envolve apenas um órgão e mostra herança multifatorial com embrionária, afetara os olhos; 20 a 40 dias de vida embrionária, afetará o
efeito de limiar diferencial para os sexos, o que significa a interação de coração; 24 a 36 dias de vida embrionária, afetará os membros; 45 dias
muitos genes e diversos fatores ambientais. Resulta em estruturas em diante, afetará a genitália.
incompletamente formadas ou não formadas.
Fase fetal: é a menos atingida, mas existem estruturas que continuam se
DISRUPÇÃO: defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou de diferenciando, como o SNC, sistema endócrino, sistema urinário e genital.
uma região maior do corpo resultante de uma interferência extrínseca em
um processo de desenvolvimento originalmente normal. Não é PRINCIPAIS TIPOS DE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS
hereditária, mas os fatores genéticos podem predispor um indivíduo a As malformações isoladas geralmente são de origem multifatorial. As mais
esse evento. Exemplo é o efeito observado nos membros quando uma comuns envolvem o SNC, sistema cardiovascular, esquelético e
banda amniótica provoca uma espécie de amputação. Os fatores genitourinário.
extrínsecos incluem traumas, infecções, isquemias e teratógenos.
No sexo masculino, as mais frequentes são: estenose pilórica, fissura
DEFORMAÇÃO: é uma forma ou posição anormal de uma parte do corpo, labial associada ou não à fissura palatina, talipes equinovarus e
causada por forças mecânicas que podem ser extrínsecas ao feto (pressão malformações cardíacas.
intrauterina) ou intrínsecas (hipomobilidade fetal). A correção ou
No sexo feminino, mas mais frequentes são: anencefalia com ou sem
eliminação de tais forças pode levar a normalização do desenvolvimento.
espinha bífida, deslocamento congênito do quadril, fissura palatina
Geralmente, ocorre tardiamente na gestação e pode ter um bom
isolada, talipes calcaneus valgus, talipes metatarsus varus e pé postural.
prognóstico se receber tratamento adequado. As deformações também
podem ocorrer no pós-natal, como resultado de deficiências funcionais do
indivíduo afetado e de forças mecânicas.
Genética – D I Medicina – UFPR Alessandra A. – T6
ANENCEFALIA COM OU SEM ESPINHA BÍFIDA último. Todos os embriões com horizontalização tardia das lâminas
A anencefalia e a espinha bífida são expressões diferentes da mesma palatinas terão fissura labial, fissura labiopalatina ou fissura palatina
malformação do desenvolvimento: falha no fechamento do tubo neural. isolada.

• A anencefalia resulta de falha no desenvolvimento do encéfalo e • Quando menor a força da lâmina palatina em movimentação,
crânio. menos velocidade e maior probabilidade de fissura labial.
• A espinha bífida resulta de falha no desenvolvimento da medula • Quanto maior a resistência da língua, maior a probabilidade de
espinhal e coluna vertebral, na região lombar. ocorrer malformação.
• Quanto maior a largura da cabeça, maior a dificuldade de fusão dos
Os defeitos variam desde graves e incompatíveis com a vida até suaves, maciços médio e laterais.
como a espinha bífida oculta. Existem variantes, como espinha bífida
• Quanto mais larga a face, maior a probabilidade de fissura labial.
cística, na qual há defeito ósseo + meningocele ou meningomielocele; e
espinha bífida + hidrocefalia.

DESLOCAMENTO CONGÊNITO DO QUADRIL TALIPES CALCANEUS VALGUS, TALIPE S METATARSUS VARUS E


O diagnóstico é realizado logo ao nascer por meio da manobra de PÉ POSTURAL
Ortolani, o qual consiste na flexão em 90° dos quadris e abdução lenta, No talipes calcaneus valgus o pé fica virado para fora, enquanto no talipes
fazendo-se ligeira pressão para baixo, sobre o joelho. O sinal positivo é um metatarsus varus ele se vira para dentro e é chato. O pé postural pode ser:
abalo repentino sentido na mão que se faz a manobra, quando a cabeça pé chato ou plano flexível, que forma o arco apenas quando o indivíduo
do fêmur desencaixa do acetábulo. está em posição de descanso; e pé chato ou plano rígido, em que não se
percebe o arqueamento em posição alguma. O pé postural é uma forma
Os fatores predisponentes são: fragilidade ligamentar da articulação benigna de talipes equinovarus.
coxofemoral, aumento da idade materna, condição de primogenitura,
estação do nascimento (mais frequente no inverno), displasia do
acetábulo e apresentação pélvica ao nascer. TALIPES EQUINOVARU S (PÉ TORTO EQUINOVARO)
É a forma mais grave de pé torto, com
equinismo (flexão plantar) e verismo
ESTENOSE PILÓRICA (supinação com a face plantar voltada
Caracteriza-se por hipertrofia da camada muscular circular do estômago para a linha mediana do corpo). Pode
na região do piloro. A luz do canal pilórico se torna muito estreita, haver frouxidão generalizada das
obstruindo a passagem do alimento. articulações, hérnia inguinal e defeitos
menores nas extremidades associados.
FISSURA LABIAL ASSOCIADA OU NÃO À FISSURA PALATINA A causa primária pode ser esquelética,
Essa malformação está incluída nas síndromes que apresentam fendas neurológica ou muscular. Podem estar
bucais de etiologia variada. Muitas dessas síndromes possuem herança envolvidos fatores mecânicos, como posição fetal inadequada, pressão
monogênica autossômica recessiva; entre as anomalias cromossômicas exagerada intrauterina e persistência da conformação equinovara (pé
está a síndrome de Patau (trissomia do 13). A maioria dos casos, no fetal aos 3 meses).
entanto, é de herança multifatorial, podendo ser causados, também, por
agentes teratogênicos, como a talidomida, hidantoína e a rubéola.
MALFORMAÇÕES CARDÍACAS
Esse tipo de malformação resulta de um defeito na fusão entre o maciço Incluem: defeito do septo ventricular ou atrial persistência do canal
médio e os externos (laterais) das massas mesoblásticas faciais, que arterial, estenose pulmonar, coartação da aorta, tetralogia de Fallot,
ocorre entre a quinta e oitava semanas do desenvolvimento. O palato estenose aórtica e transposição dos grandes vasos. A grande maioria é de
primitivo se fecha antes do palato secundário (palato mole e duro, até o herança multifatorial.
forame incisivo) e, se anormal, pode interferir no fechamento deste

Você também pode gostar