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EM LIBERDADE DE SILVIANO SANTIAGO

 Escolha do escritor: brincadeira que propõe uma reflexão sobre as


verdades absolutas e para a análise profunda dos textos, com maior
criticidade a fim de evitar a manipulação por aqueles que estão no
poder. Nos tempos de postagens em redes sociais, isso nunca foi tão
atual.
 A história se passa, No Rio de Janeiro, capital federal na época, na
década de 30, no período que o Brasil enfrentava a ditadura de Getúlio
Vargas. O enredo narra episódios da vida do escritor Graciliano Ramos,
após ser libertado da prisão. Apresenta-se em forma de diário íntimo do
próprio Graciliano.
 Nas primeiras páginas da obra encontra-se uma Nota do editor, Sobre
esta edição e na página seguinte “Minima Moralia” duas frases
atribuídas a Theodor W. Adorno (1945). Importante ressaltar de as duas
notas iniciais, que se apresentam como elementos pré-textuais já fazem
parte da obra, como estratégia do escritor, quatro considerações de
caráter geral “ a fim de evitar equívocos maiores” (pag.16).
 A primeira parte da obra é intitulada: 1937- Largo dos Leões, narra
desde 14 de janeiro, o dia seguinte a sua saída da prisão, até 14 de
fevereiro, um dia antes de sua mudança para uma pensão no Catete.
Nesse, Santiago narra pormenores que poderia ter acontecido na
trajetória de Graciliano Ramos.
 14 de Janeiro: Ao sair da prisão, Graciliano é acolhido na casa do
escritor José Lins do Rego, no Largo dos Leões, onde já estava
hospedada Heloísa, esposa de Graciliano.
 16 de Janeiro: comemoram o retorno de Graciliano com um jantar em
um restaurante. Ele estranha o preço do cardápio e começa a se
preocupar coma falta de dinheiro. Tem pesadelos com o ataque de uma
águia.
 18 de Janeiro – Segunda feira, pela manhã. Diversos intelectuais
conhecidos começam a visita-lo na casa de Lins. “O martelo das vozes
e a campainha das gargalhadas ecoavam de novo pela
sala”(pag.57). Reflete sobre sua condição de perseguido político:
“Receio, e chego a temer nos piores momentos, e que queiram –no
fundo- reduzir-me à condição de eterno enjaulado, de vítima para
todo o sempre. Dizem que lutaram pela minha liberdade (e lhes
agradeço de todo coração), mas não querem deixar-me gozá-la”
“Toda e qualquer luta política que se repousa sobre a prisão e o
ressentimento conduz a nada, no máximo a uma ideologia de
mártires e que terminam por serem os fracassados heróis da
causa” (pag.59). sobre alguns visitantes, compara-se a um animal no
curral (pag.61).
 Sem data: Reflete sobre o amor e sobre a paixão, sobre o vagabundo
(pag75).
 21 de janeiro: fala sobre as notícias das revistas e jornais, sobre o Natal
dos pobres, a vidente Madame Derlys, e sobre a chegada dos restos
mortais dos demais inconfidentes (pag.82). Lembra-se das moças de
Ipanema, que viu durante um passeio, com Heloísa, à praia.
 Sem data: fala sobre a revista A Careta e os comentários sobre a luta
sucessória à presidência.
 22 de janeiro: Narra as sensações do encontro com uma moça na praia
do Botafogo (pag.93). “andado de membro duro pela praia de
Botafogo, sentia-me finalmente em liberdade” (pag.95) “Ainda
preciso fazer um esforço para libertar-me do tolo preconceito da
literatura. Existe o homem e as suas necessidades. Se for preciso
falar delas, falemos com as palavras que nos passam pela cabeça
no momento” (pag.97)
 Antes do jantar: A gota de suor – “Só permanecem as palavras”
(pag.99) “...os livros voltavam a trazer de novo a marca do homem
que os produz” (pag. 100) – Walter Benjamim.
 25 de janeiro: Heloísa embarca para Maceió a fim de vender casa e
trazer as filhas. Conversa com Naná: “Libertar-se é caminhar
sozinho” (pag.108).
 29 de janeiro: Reflexões sobre a escrita e o papel do escritor. (Zé Lins) /
poesia sobre Heloísa. (pag.124).
 1º de fevereiro: A lógica sobre os assuntos do diário. “O diário é um
lugar de reflexão para mim, depois das confusões e das amizades
forçadas da cadeia, permite-me compreender melhor os fios que
tecem a minha vida em liberdade. Procuro, então, buscar um
significado para as coisas que acontecem, ao mesmo tempo em
que descrevo as relações pessoais que se estabelecem. Nessa
busca de significado, traio-me.”(pag.127). Decide participar com
concurso de literatura infantil promovido pelo Ministério da Educação e
Saúde com o livro “A terra dos Meninos Pelados”. Vai até o Ministério,
encontra o ministro Capanema e um poeta mineiro, que lhe elogia
(Carlos Drummond Pag. 130)
 3 de fevereiro: Chegada do Carnaval, perde a carteira em um passeio a
Cinelândia.
 Sem data: Academia Brasileira de Letras e a presença de mulheres na
ABL.
 Quarta-feira de cinzas: 10 de fevereiro – “Não é conseguindo que se
abram as portas da prisão que se chega mais depressa à
liberdade”(pag.145) Reflexões críticas sobre o Carnaval (pag.149). “O
carnaval carioca é o produto que o executivo exporta para o resto
do país e para o estrangeiro para dizer como tudo vai bem sob o
calor tropical do verão”(pag.150).
 12 de fevereiro: vai comprar um pente e bloco de folhas e os esquece no
bonde.
 Domingo: 14 de fevereiro: Corrida a sucessão presidencial, propaganda
favorável a Getúlio Vargas (pag.161). À noite, começa a arrumar os
pertences para mudar-se para uma pensão de Dona Elvira no Catete,
encontra um envelope com cartas antigas. (pag.162)

Segunda Parte

Capa da 2ª Edição Casa de Detenção da Rua Frei Caneca – Rio de Janeiro (pag.11)

Praia de Botafogo (pag.93) Sede do Min. da Educação e Saúde- RJ, 1937-1945 (pag.130)

Carnaval Carioca

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