Você está na página 1de 33

Homologação

Firmino Vidade Jaqueta


(Médico de Saúde Publica
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE Principal)
CONSELHO EXECUTIVO PROVINCIAL DE MANICA

DIRECÇÃO PROVINCIAL DE SAÚDE


DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA

RELATÓRIO DE SUPERVISÃO AO DISTRITO DE MACATE

Manica, Fevereiro. 2024


FICHA TÉCNICA
Relatorio de Supervisão ao Distrito de Macate– 2024
© 2024, Departamento de Saúde Publica – Manica
DEPARTAMENTO

A Chefe do Departamento Provincialde


Saúde Pública
Ficha Técnica
Muassithe Ibo Título:
(Médica da Clínica Geral) Relatório de Supervisão ao Distrito de Macate– 2024

Editor:
Direção Provincial de Saúde de Manica
Departamento de Saúde Publica,
Estrada Nacional No 6,
Bairro da Liberdade, Chimoio, Manica
Telefone: 862525951

Elaborado por
Rachide Adremane - M&A PNCM

Revisão
Serafina Benesse - Responsável Provincial do PNCM

Equipe técnica
Serafina Benesse,
Samuel S.Roque, Joaquim Taja,
Adi Veremo
Rachide Adremane

Apoio Financeiro

2
INDICE

Sumario Pag
............................................................................................................................................. 2
....................................................................................................................................... 4
..................................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6
OBJETIVO DA SUPERVISÃO E AQD. .............................................................................................. 7
1.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................................... 7
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS. ................................................................................................................................ 7
1.3. ESTRUTURA DO RELATÓRIO .......................................................................................................................... 7
2. METODOLOGIA ....................................................................................................................... 8
2.1. RECOLHA DE DADOS ........................................................................................................................................ 8
I. Verificação dos dados reportados (componente quantitativa) .................................................. 8
II. Avaliação do sistema de gestão de dados e dos relatórios ..................................................... 10
2.3. PERÍODO DE REVISÃO .................................................................................................................................... 12
2.4. UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS ........................................................................................................... 12
2.4.1. METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E UNIDADES SANITÁRIAS
PRIORITÁRIAS. ......................................................................................................................................... 12
2.4.2. CRITÉRIOS DA SELEÇÃO DAS USs VISITADAS. .......................................................... 12
2.4.3. PROBLEMS IDENTIFICADOS. .......................................................................................... 13
2.5. COMPOSIÇÃO DAS EQUIPES.......................................................................................................................... 14
3. BREVE DESCRIÇÃO DO DISTRITO DE MACATE ............................................................ 15
3.1. HISTÓRIA DO DISTRITO ......................................................................................................................................... 15
3.2. DEMOGRAFIA ........................................................................................................................................................... 15
3.3. DIVISÃO ADMINISTRATIVA .................................................................................................................................. 15
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................ 16
4.1. SUPERVISAO ..................................................................................................................................................... 16
4.2. CONCEITOS E OBJETIVOS DA SUPERVISÃO .............................................................................................. 16
4.3. OBJECTIVOS DE SUPERVISÃO ...................................................................................................................... 18
4.4. TIPOS DE SUPERVISÃO ................................................................................................................................... 18
4.5. PROCESSO DE SUPERVISÃO .......................................................................................................................... 18
4.6. EQUIPE DE SUPERVISÃO ................................................................................................................................ 19
4.7. SUPERVISÃO AOS PROVEDORES DE SAÚDE ............................................................................................. 20
4.8. AVALIAÇÃO ...................................................................................................................................................... 21
4.9. ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE A SUPERVISÃO ........................................................................ 21
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........................................................ 22
5.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DADO..................................................................................................... 22
5.1.2. NÚMERO DE CASOS TESTADOS PARA MALÁRIA POR TDR/HTZ .......................................................... 23
5.1.3. NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS POR TDR/HTZ................................................................................. 23
5.1.4. COBERTURA DE TIP 2ª E 4ª DOSE .................................................................................................................. 24
5.2.1. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL............................................................................................... 24
5.2.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA E DISPONIBILIDADE DE MATERIAL DE APOIO CLÍNICO NAS USS.............. 26
6. BALANÇO DA SUPERVISÃO ............................................................................................... 29
6.1. ASPECTOS POSITIVOS ..................................................................................................................................... 30
6.2. ASPECTOS NEGATIVOS. ................................................................................................................................. 31
6.3. PERSPECTIVAS. ................................................................................................................................................ 31
7. PLANO DE ACÇÃO ................................................................................................................ 32
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 33

3
QUADRO E GRÁFICOS

Págin
# Conteúdo a

Tabela 1 Número das Unidades Sanitárias visitadas 12

Tabela 2 Elementos envolvidos na Supervisão e AQD 14

Tabela 3 Estilos de Supervisão, segundo Glickman (1985) 18

Gráfico 1 Discordância de Casos de malaria versus Tratados 13

Gráfico 2 Desvios entre resumo mensal e livro de registo & SISMA 13

Gráfico 3 Mulheres grávidas que fizeram 4ª dose de TIP 14

Gráfico 4 Comparação das consultas externa entre Livro e Resumo Mensal 22

Gráfico 5 comparação de casos testados entre Livro e Resumo Mensal 23

Gráfico 6 Comparação de casos confirmados de Malaria entre Livro e Resumo M. 23

Gráfico 7 Coberturas das 2ª e 4ª Dose de TIP 24

Gráfico 8 Gestores de Saúde Formados em Manejo de Caso 25

Gráfico 9 Avaliação clínica e disponibilidade de material de apoio clínico nas US 27

Gráfico 10 Avaliação do Sistema de Gestão de Dados e dos Relatórios 28

4
ACRÓNIMOS E SÍGLAS

AL - Artemeter Lumefantrina
APS - Agente Polivalente da Saúde
AQD -Avaliação da Qualidade de Dado
CMSC -Comunicação para Mudança Social e do Comportamento
CPN - Consulta Pré-Natal
CS - Centro de Saúde
ESMI - Enfermeira de Saúde Materna e Infantil
HTZ - Hematozoário
MISAU - Ministério da Saúde
M&A -Monitoria e Avaliação
NED - Núcleo de Estatística Distrital
OMS - Organização Mundial da Saúde
OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde
PMI - U.S President’s Malaria Initiative (PMI)
MCAPS -Malaria Capacity Strengthening Program (MCAPS)
MCD - Global Health
PNCM - Programa Nacional de Controlo da Malária
RIPSA - Rede Interagencial de Informações para a Saúde
RM -Resumo Mensal
RTIs - Redes Tratadas com Inseticidas
SDSMAS -Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social
SIGLUs - Sistema de Informação e Gestão Logistica das Unidades Sanitarias
SMI - Saúde Materna e Infantil
SIIM - Sistema Integrado da Informação da Malaria
SISMA - Sistema de Informação em Saúde para Monitoria e Avaliação
TDR -Teste de Diagnostico Rápido
TIP -Tratamento Intermitente Presuntivo
US - Unidade Sanitária
WHO - World Health Organization

5
1. INTRODUÇÃO
Apesar de representar a malária um dos mais antigos problemas de saúde da humanidade, com
profundos reflexos na história da civilização, e em que pesem os esforços da Organização
Mundial de Saúde associada a programas governamentais com vistas ao seu controle, ela
continua afetando, seja pela morte seja pela incapacidade para o trabalho, uma larga parcela da
população em vários continentes. (OMS,2023).
A busca de medidas do estado de saúde da população é uma antiga tradição em saúde pública,
iniciada com o registo sistemático de dados de mortalidade e sobrevivência (RIPSA, 2002).
A importância desses dados registados nos Sistemas de Informação dá se mediante o
cumprimento de umas das funções de vigilância em saúde de qualquer região: disponibilidade
das informações fidedignas para subsidiar o planeamento de ações pertinentes.

Segundo a Organização Pan-Americana Saúde (OPAS 2002), a disponibilidade de informação


apoiada em dados válidos e confiáveis é condição essencial para análise objetiva da situação
sanitária, para a tomada de decisão, baseada em evidências, e para programação de ações de
saúde.
Para executar esta análise objetiva dos dados, a Direção Provincial de Saúde de Manica através
do programa nacional de controlo da malária em coordenação com a PMI MCAPS, parceiro de
implementação, realizou avaliação de qualidade de dados no distrito de Macate nos dias 15 a
19 de Janeiro do ano 2024.

Utilizando instrumentos que subsidiam a mensuração de cada um dos aspectos relacionados ao


evento e aos atributos do sistema, quatro (4) indicadores epidemiológicos e operacionais foram
avaliados. Os indicadores epidemiológicos são utilizados para mensurar questões relativas à
importância do evento, e os operacionais são úteis na avaliação do sistema. Nesse sentido foram
priorizados: 1) Número de Consultas Externas; 2) Número de pacientes Testados para Malária;
3) Número de casos Positivos; 4) Coberturas do TIP as mulheres grávidas.
A metodologia da Avaliação de Qualidade de Dados (AQD) aplicada consiste na verificação
dos dados reportados, avaliação do sistema de gestão de dados bem como avaliação clínica e
manejo de casos da malária nas unidades sanitárias. A verificação dos dados comparou-se os
dados recontados nos livros de registo e os dados disponíveis nos resumos mensais da US.

6
OBJETIVO DA SUPERVISÃO E AQD.

1.1. OBJETIVO GERAL

❖ Verificar o nível da qualidade dos dados reportados para indicadoras chaves da malária
nas Unidades Sanitárias e pelos APS bem como a capacidade do sistema de gestão de
dados para colher, gerir e reportar dados de qualidade.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.


❖ Comparar o número de casos Testados, confirmados de malária e AL dispensados nas
várias fontes do registo.
❖ Verificar o nível do desvio por cada indicador selecionado;
❖ Implementar medidas correctivas com planos de acção para fortalecer o sistema de
gestão e reporte de dados para colher, gerir e reportar dados de boa qualidade

❖ Aumento de consciência da necessidade de utilização dos Tabletes nas actividades de


supervisão integrada da malária;

1.3. ESTRUTURA DO RELATÓRIO

Este relatório apresenta os resultados da supervisão e avaliação da qualidade de dados realizada


na província no distrito de Macate, providenciando informação programática e epidemiológica
dos principais indicadores chaves da malária começando por descrever a metodologia usada
para AQD, breve historial do distrito de Macate, resultados encontrados por indicador:
Consultas Externas; Testados por TDR/HTZ; Casos confirmados por TDR/HTZ; análise das
coberturas de TIP 2ª e 4ª dose; Avaliação do sistema de gestão de dados e dos relatórios;
Avaliação clínica. Também providencia informação da formação em trabalho sobre manejo de
casos da malária e por último foram deixadas as considerações finais em forma de balanço, os
desafios enfrentados bem como as perspectivas, não obstante o plano de acção

7
2. METODOLOGIA

No geral foram visitadas as USs previamente selecionadas pelos critérios de fraco desempenho
em indicadores acima mencionados bem como o registo acentuado de casos durante os últimos
6 meses do ano de 2023. A supervisão integrou 2 componentes principais:

1. Supervisão em mentoria clínica e manejo de casos nas USs e APS

2. Avaliação de qualidade de dados reportados nas USs e pelos APS-Recolha de dados.

A Metodologia usada para a supervisão em mentoria clínica e manejo de casos consistiu em


observação direta e formação em trabalho sobre manejo de casos.
Segundo Gil (1999), observação direta é uma técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos
para compreender determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir,
mas também em examinar fatos ou fenômenos que se desejam estudar/avaliar.
A utilização da observação direta como método de supervisão neste trabalho deve- se a
necessidade de verificar a qualidade de execução dos serviços prestados (diagnóstico -
manuseio do TDR, tratamento e aconselhamento) para a malária de acordo com as normas
nacionais, tomar medidas de pré-referenciamento de crianças com malária grave, verificar a
existência de testes rápidos de malária, tratamentos de AL, a existência do Artesunato
supositório. Os APS solicitados para a US trouxeram consigo todos os seus instrumentos de
registo.

2.1. RECOLHA DE DADOS

A metodologia da Avaliação da Qualidade de Dados (AQD) consistiu em duas componentes:


I. Verificação dos dados reportados (componente quantitativa) e
II. Avaliação do sistema de gestão de dados e dos relatórios (componente qualitativa)

I. Verificação dos dados reportados (componente quantitativa)


A verificação dos dados reportados consiste numa comparação entre os dados recontados pela
equipe da AQD, e os dados reportados pela US. A comparação dos dados recontados foi feita

8
com: 1) Resumo Mensal a nível da US (cópia física), 2) SIS MA do Núcleo de Estatística
Distrital (NED)

A recontagem manual, considerado como o valor de base para a comparação, foi realizado
utilizando os registos diários e as fontes de dados das Unidades Sanitárias do Distrito seguindo
os seguintes passos:

Passo1: Passo2: Passo3:


Recontagem dos Obter os dados No Núcleo de
dados de acordo agregados nos Estatística Distrital
com os indicadores Resumo Mensais (NED) – Obter os
acima selecionados (em papel) das US dados do SISMA
durante o período para cada indicador dos Resumo
em revisão usando durante o período Mensais das US
fontes primárias em revisão para cada
disponíveis na US. indicador.

O desvio entre os dados recontados e os dados reportados no período da revisão foram


calculados para cada indicador para estabelecer a qualidade dos dados. O cálculo dos desvios
foi feito utilizando a seguinte fórmula:

𝑁º 𝐴𝑏𝑠𝑜𝑙𝑢𝑡𝑜(𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 − 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠)


𝑋 100
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐷𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠

Interpretação dos resultados


Desvio de < 10% – Dados de boa qualidade

Desvio entre 10% a 20% – Dados de media qualidade

Desvio de >20% – Dados de baixa qualidade.

9
II. Avaliação do sistema de gestão de dados e dos relatórios

A avaliação do sistema de gestão de dados e dos relatórios, foi feita com base num questionário
adaptado da Ferramenta AQD da Measure Evaluation – organização internacional reconhecido
pela sua especialização nesta área. As perguntas qualitativas foram feitas aos técnicos
responsáveis pelo registo e agregação dos dados nos sectores clínicos dos indicadores
avaliados.

6 Áreas funcionais foram avaliadas nomeadamente:

Áreas funcionais
1. Capacidades, Funções e Responsabilidades dos Funcionários encontrados
na US.
2. Recolha de dados, formulários e instruções de registos de dados (Ruptura
de Stock TDR/AL)
3. Envio de Dados Agregados/Relatórios (Orientações escritas) e Retro
informação

4. Treinamento/formação em serviço sobre o registo e agregação de dados

5. Uso dos Dados Para a tomada de Decisão.

6. Organização do Arquivo e Qualidade de Preenchimento das Fontes de


Dados.

A pontuação em cada uma das perguntas contidas em cada área funcional variou de 50 a 100%,
sendo que “100%” para as respostas: Sim Completamente (com evidência); “83%” para
respostas parciais (sem evidências) e “50%” para as respostas negativas (Falta de algum
instrumento de Registo, Fichas de Stock, Resumos Mensais).
83% – 100% = Sim Completamente (bom);
Pontuação:
50% - < 83% = Parcialmente (médio);
<50% = Não absolutamente (baixo)

As Pontuações médias foram calculadas por indicador e por área funcional. As Pontuações
entre 83% a 100% indicam uma pontuação elevada, significando um forte sistema resultado
da avaliação; pontuações entre 50 à menor de 83% refletem um resultado média de avaliação,
enquanto uma pontuação menos de 50% mostra uma pontuação baixa significando um sistema
com limitações.
10
2.2. INSTRUMENTO DE COLHEITA DE INFORMAÇÃO

Dispositivos móveis (tablets) contendo a ferramenta SIIM, foram usados para a introdução,
submissão e sincronização para o servidor das observações e dados das seguintes fichas:

❖ Sup 0 Lista do líder de equipe


❖ Sup 1- Lista de supervisão de gestão do programa
❖ Sup 2ª-Lista de supervisão de malaria não complicada- material de apoio clínico
❖ Sup 2b – Lista de supervisão de malaria não complicada-avaliação clínica
❖ Sup2c – Lista de supervisão de malaria não complicada no internamento
❖ Sup 2d- Lista de supervisão de malaria não complicada
❖ Sup 4- Lista de supervisão da farmácia
❖ Sup 5 – Lista de supervisão do deposito de medicamentos
❖ Sup 6ª – Lista de supervisão das CPNs (RTIs)
❖ Sup 7b – Lista de supervisão de M&A e de avaliação de qualidade de dados da US.
❖ Sup 7c- lista de supervisão de M&A e Avaliação da qualidade de dados- APS
❖ Sup 8- Lista de supervisão da CMSC
❖ Sup 9 - Plano de acção

Os distritos/US/APS foram informados sobre a visita com antecedência de uma semana. Essa
notificação foi importante para que os APS pudessem organizar os instrumentos e estivessem
disponíveis para receber a equipa e responder às perguntas da supervisão, facilitar a verificação
dos dados, fornecendo acesso aos documentos-fonte relevantes.

11
2.3. PERÍODO DE REVISÃO
O período da revisão de dados para AQD, foi de 21 de Outubro de 2023 a 20 de Janeiro de
2024 (Novembro e Dezembro) dependendo do número de consultas externas de cada unidade
sanitária.

2.4. UNIDADES SANITÁRIAS VISITADAS


A visita em causa, decoreu nos dias 15 a 19 de Janeiro do ano em curso, em três (3) unidades
Sanitárias o que representa à 43% das USs do distrito como ilustra a tabela abaixo:

Tabela nº 1: Número das Unidades Sanitárias visitadas


Número de US visitadas
Nome
do População Nº US
Nº US Proporção Nome das US Visitadas
Distrito Visitadas
2024
Marera,Chinete, Macate
Macte 107737 7 3 43%
sede

2.4.1. METODOLOGIA DE IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E UNIDADES


SANITÁRIAS PRIORITÁRIAS.
❖ Verificação dos painéis de ferramenta eletrônica SIIM e detectou-se as USs. com fraco
desempenho.

❖ Com base na análise e discussão dos dados do segundo semestre de 2023/2022,


identificou-se as USs problemáticas.

2.4.2. CRITÉRIOS DA SELEÇÃO DAS USs VISITADAS.


❖ Ser uma US identificada com fraco desempenho na penúltima visita de Supervisão do
fundo global.
❖ US com baixo reporte das fichas nas ferramentas SIIM
❖ Ser um distrito/US. com tendências de aumento de casos da malária no segundo
semestre de 2023.
❖ US que nunca e/ou poucas vezes foi visitada, mas com problemas dos indicadores de
malária.

12
2.4.3. PROBLEMS IDENTIFICADOS.
2.4.3.1. MANEJO DE CASOS

Em relação desempenho dos indicadores do PNCM foram considerados a discordância dos


dados com diagnostico laboratorial da malária versus tratamento, tendo seu enquadramento em
manejo de caso, como ilustra o gráfico abaixo.

Gráfico nº 1: Discordância de Casos de malaria versus Tratados

As visitas de apoio técnico são realizadas para mentorar o local de testagem na implementação
de boas práticas de diagnóstico e promoção de competência para a provisão de resultados
fiáveis e atempados.

2.4.3.2. QUALIDADE DE DADOS


Na mesma senda, foram analisadas as unidades sanitárias com maiores discrepâncias dos
dados. Este problema enquadra-se no componente da vigilância, monitoria & avaliação.
Gráfico nº 2: Desvios entre resumo mensal e livro de registo & SISMA

13
2.4.3.3. BAIXAS COBERTURAS DO TIP
De acordo com relatório semestral do programa nacional de controlo da malaria, foi notório
uma melhoria nas coberturas de TIP1, no entanto ainda prevalece o desafio de garantir que toda
mulher grávida com critério faça a 4ª dose. Com Vista a ultrapassar o desafio foi incorporado
na visita da supervisão o apoio técnico nesta área, de modo a melhorar o registo dos dados
assim como a comunicação nas consultas Pré-Natais de forma que as mulheres iniciem cedo as
Consultas Pré-Natais permitindo assim que as mesmas possam cumprir o calendário
preconizado na toma de doses de TIP rigidamente de 1ª até todas as doses subsequentes
segundo a idade gestacional.
Gráfico nº 3: Mulheres grávidas que fizeram 4ª dose de TIP

Na base dos problemas identificados, foi possível selecionar as unidades sanitárias que
precisaram especial atenção. Vede a tabela nr 1

2.5. COMPOSIÇÃO DAS EQUIPES


Face aos resultados analisados, foi criada uma equipe compostas por 3 elementos da província
e 2 do distrito, conforme mostra a tabela abaixo.

Tabela nº 2: Elementos envolvidos na Supervisão e AQD

Elementos Função
Serafina Benesse Responsável Provincial do PNCM
Rachide Adremane Monitoria e Avaliação do PNCM
Tina Ngove Vilanculo Coordenadora Provincial do MCAPS
Equipe distrital
Simão Manuel Nhachunge DDS do SDSMAS de Macate
Claudina Antonio Caetano Ponto Focal Distrital da Malaria

1
DPS-Relatório Anual do PNCM, 2023

14
3. BREVE DESCRIÇÃO DO DISTRITO DE MACATE

Macate é um distrito situado no centro da província de Manica,


em Moçambique. Tem limite, a norte com a cidade do Chimoio e o
distrito de Gondola (também a leste), a oeste com o distrito
de Vanduzi e a sul com o distrito de Sussundenga. A sede do distrito
é a vila de Chissassa.

3.1. HISTÓRIA DO DISTRITO

O distrito foi criado com a elevação do posto administrativo de Macate


a distrito em 2013, a que se juntou o posto administrativo de Zembe,
ambos pertencentes ao distrito de Gondola. Quando o distrito foi
criado, a sua sede era Macate-Sede, mas foi transferida em 2020 para
Chissassa, devido às melhores condições físicas desta povoação.

3.2. DEMOGRAFIA

De acordo com os resultados do Censo de 2017, o distrito tinha 84 429


habitantes numa área de 1 550 km², o que resulta numa densidade
populacional de 54,5 habitantes por km². A projecção da população
para 2019 foi de 92 059 habitantes.

3.3. DIVISÃO ADMINISTRATIVA

O distrito está dividido em dois postos administrativos: Macate e


Zembe, compostos pelas seguintes localidades:

• Posto Administrativo de Macate:


❖ Chissassa
❖ Macate
❖ Maconha
❖ Marera
• Posto Administrativo de Zembe:
❖ Boavista
❖ Charonga.

15
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo pretendeu-se pesquisar, estudar e fazer uma revisão bibliográfica em


profundidade sobre os conceitos e objetivos de supervisão, tipos de supervisor, processo de
supervisão, essência da supervisão para profissional de saúde, avaliação da supervisão.

4.1. SUPERVISAO
A supervisão como instrumento de direção tem sido considerada capaz de exercer grande
influência em aspectos fundamentais das organizações.
As características da supervisão têm passado por modificações de acordo com o contexto
social, político e momento histórico das sociedades onde as organizações estão inseridas.
Percebem-se significativas mudanças entre a supervisão tradicional, centrada na inspeção do
trabalho, nas punições e nas falhas, com o caráter estritamente “fiscalizador”, e a supervisão
atual ou contemporânea, centrada no desenvolvimento pessoal, visando o controle dos
processos e resultados, com o enfoque voltado para o desenvolvimento de pessoal e com caráter
“orientador”.

4.2. CONCEITOS E OBJETIVOS DA SUPERVISÃO

Segundo o dicionário2, a palavra supervisão significa “Ato ou efeito de supervisionar,


coordenar ou inspecionar”. É um termo de origem anglo-saxónica que apareceu no séc. XIX
associado ao termo ‘’inspeção’’ (Sousa, Leal e Cabral, 2011).
Etimologicamente, a palavra supervisão significa “visão sobre”. Este conceito tem vindo a
sofrer grandes alterações ao longo do tempo pelo facto de ser influenciado pelos valores e
convicções das pessoas envolvidas na mesma, e pelo contexto em que essa função é
desenvolvida.

Segundo Chiavenato (2007), a supervisão representa a função de direção exercida no nível


operacional da instituição, o termo supervisão é usado tradicionalmente para designar a
atividade de direção imediata das atividades dos subordinados, representa assistência à
execução.

2
Dicionário Porto Editora, 2015).

16
Se conceituada tradicionalmente, a supervisão é definida autocraticamente como sendo “a
inspeção e verificação do desempenho de um profissional por alguém que só procura coisas
que estejam sendo feitas de modo errado”. Neste modo de compreender, o supervisor “planea
todo o trabalho, toma todas as decisões e dá ordens aos profissionais, que têm de obedecê-las
sem hesitar”. Os efeitos dessa forma de supervisão são, entre outros, a inibição da iniciativa e
da produtividade (Kron e Gray, 1994).

A supervisão surge pela formação de grupos de pessoas desenvolvendo um mesmo trabalho,


visando assegurar o cumprimento das ordens, a detecção de falhas e a aplicação de sansões.
Assim a supervisão tem finalidade fiscalizadora, visando fins lucrativos e obtenção de maior
produtividade de cada pessoa.

Se conceituada de um modo mais actual, a supervisão consiste em um instrumento educativo


contínuo com a finalidade de orientar, estimular e direcionar pessoas para a organização,
desenvolvimento e controle do trabalho, visa ajudar o indivíduo a fazer melhor o seu trabalho,
o que se consegue através de uma gerência democrática, na medida em que se garante aos
profissionais possibilidades de participação no estabelecimento dos objetivos do trabalho bem
como do planeamento e métodos para atingi-los (ALMEIDA, MERCES, SERVO, 2013;
SANTIAGO; CUNHA, 2011).

Esta nova concepção decorre do aumento da complexidade das organizações e do próprio


contexto econômico, político e social da inserção das pessoas no mundo do trabalho, requer
outro tipo de supervisão que não seja centrada apenas na produção.

❖ Supervisão pode ainda ser entendida como um processo dinâmico e democrático de


integração e coordenação dos recursos humanos – pessoas, numa estrutura organizada,
visando alcançar objetivos definidos em programa de trabalho, mediante o
desenvolvimento pessoal.
❖ Supervisão significa “olhar pra cima”, de uma forma abrangente e total, pressupondo
que quem supervisiona tenha a qualificação e o conhecimento para desempenhar tal
função.
❖ Supervisor vem do sentido de “inspecionar”, porque o inspetor ficava em local mais
elevado em relação aos trabalhadores, de onde podia enxergar todos os detalhes da
operação. O termo veio do latim super, “acima”, e videre, “ver”. O supervisor é o que
vê de cima (Gehringer, 2002).

17
4.3. OBJECTIVOS DE SUPERVISÃO
Os principais objetivos da supervisão são: a) estimular o desejo de auto-aperfeiçoamento em
cada sujeito; b) orientar, treinar e guiar os indivíduos conforme suas necessidades para que
usem suas capacidades e desenvolvam habilidades novas; c) desenvolver a cooperação
enfatizando o “nós” em detrimento do “eu”; d) proporcionar, sempre que possível, condições
adequadas para o desenvolvimento do trabalho (ambiente físico, equipamentos, suprimentos)
bem como uma atmosfera de trabalho agradável.

4.4. TIPOS DE SUPERVISÃO


Alarcão e Tavares (2003) mencionam que para Glickman (1985), existem essencialmente três
estilos de supervisão: não-diretivo, de colaboração e diretivo.
O supervisor do tipo não-diretivo interessa-se por entender o mundo do supervisado, de o
escutar e esperar que seja ele a tomar as iniciativas. O supervisor do tipo colaborativo gosta
de verbalizar, de sintetizar e de sugerir ajuda para a resolução de problemas. O supervisor do
tipo diretivo preocupa-se em dar orientações, em definir critérios e em condicionar a ação e
atitudes do supervisado (Alarcão e Tavares,2003).
Estes tipos/estilos de supervisão estão relacionados com as funções discursivas predominantes
do supervisor e com as características pessoais do supervisionado.

Tabela nº 3: Estilos de Supervisão, segundo Glickman (1985)

Comportamentos/ Ajudar a Estabelec


Prestar Servir de Dar Condicio
Estilos de Clarificar Encorajar encontrar Negociar Orientar er
atenção espelho opinião nar
Supervisão soluções Critérios

Não directivo

De Colaboração
Directivo

4.5. PROCESSO DE SUPERVISÃO


A supervisão carateriza-se pelo acompanhamento e monitorização orientada no sentido da
qualidade, do desenvolvimento e da transformação.
A essência da supervisão reside na função de apoiar e regular o processo formativo (Alarcão e
Roldão, 2008) e neste âmbito, o tempo surge como um fator muito importante a considerar
pelos supervisores, que devem utilizá-lo para ajudarem os supervisionados a autoconhecerem-
se e a compreenderem as condições da sua existência, assim como contribuir para a evolução
dos conceitos e das práticas (Alarcão e Canha, 2013).

18
De realçar que as pessoas são o elemento fundamental no processo supervisivo e na esfera
da ação supervisionada (Alarcão e Canha, 2013).

A supervisão incide sobre as atividades e sobre as pessoas que as realizam, pelo que é
necessário atender às caraterísticas das atividades e das pessoas para compreender a qualidade,
os constrangimentos e as potencialidades de desenvolvimento e de transformação (Alarcão e
Canha, 2013).

Alarcão e Roldão (2008), citados por Marchão (2011), salientam que a noção de supervisão
remete para a criação e sustentação de ambientes promotores da construção e do
desenvolvimento da autonomia profissional.

4.6. EQUIPE DE SUPERVISÃO


Construir uma equipe de alto desempenho Chiavenato (2007), sugere alguns aspectos
fundamentais para criar e desenvolver uma equipe:
❖ Escolha da equipe → Escolher as pessoas que reúnam as competências, habilidades e
conhecimentos necessários ao seu trabalho.
❖ Modelagem do trabalho da equipe → Definir a atividade da equipe e distribuir de
maneira balanceada o trabalho entre os membros.
❖ Preparação da equipe → Treinamento e capacitação da equipe precisam ser
constantemente avaliadas pelo supervisor. Supervisor coach, isto é, o preparador,
orientador, impulsionador da equipe.
❖ Condução da equipe → Ser líder, auxiliar a definir metas e objetivos a serem
alcançados, meios e recurso para chegar lá, acompanhamento e orientação e muita
ajuda, retaguarda e apoio incondicional à equipe.
❖ Motivação e recompensas à equipe → Manter o clima e o entusiasmo da equipe, motivar
constantemente a equipe, proporcionar reconhecimento imediato e oferecer
recompensas à equipe. Pelo alcance das metas e os objetivos definidos.

Para Chiavenato (2013), administração não é somente desempenho, boa vontade, dedicação,
vai, além disso, é oferecer resultados. O membro de uma equipe isoladamente, e a própria
equipe como um todo, são avaliados pelos resultados que entrega. Por essa razão precisa focar
a missão da empresa- o que somos como empresa- ser um verdadeiro missionário na condução
da equipe

19
4.7. SUPERVISÃO AOS PROVEDORES DE SAÚDE

Uma particularidade importante para o tipo de objeto de trabalho que o provedor de saúde
possui, trata-se que a supervisão é um exercício de uma comunicação direta entre o supervisor
e o supervisido em nível de execução do trabalho, para que tudo aconteça conforme o planeado,
ou seja, é uma forma de averiguar que as atividades estejam promovendo os resultados
desejados (CORREIA; SERVO, 2006).

Para o supervisor assumir a supervisão nas USs a humanização deve constituir o embasamento
de todo o processo, exigindo-se da equipe produção quantitativa e qualitativa de trabalho,
orientando e acompanhando a mesma, para o aperfeiçoamento como profissional, e
principalmente valorizando cada um como pessoa humana (competência profissional /
competência interpessoal, motivação para o desenvolvimento de pessoal, acreditar no potencial
humano – fator gente, envolvimento de todos para co-participação).

Alguns princípios devem ser observados pelo supervisor na prática da supervisão, a saber:
psicologia (conhecimento de cada pessoa da equipe); sociologia (compreensão dos elementos
do grupo em relação a comportamento individual e coletivo, heterogeneidade, capacidade de
adaptação); planeamento (para direcionamento do processo de supervisão); organização
(favorece o desempenho da equipe, com a definição de funções, área física satisfatória, recursos
necessários); direção (para proporcionar o melhor para o utente e pessoal); justiça (para agir
respeitando os direitos legais, com distribuição equitativa de atividades e horários).

O principal interesse da supervisão é no desenvolvimento das pessoas. Ao realizar suas


atividades, o supervisor observa de forma sistemática e avalia o trabalho do pessoal, devendo
incentivá-los a utilizar seus próprios conhecimentos, ajudá-los a melhorar sua capacidade para
o trabalho, contribuindo para uma assistência técnica qualificada e para o desenvolvimento
individual e profissional de ambos. (Kron e Gray, 1994).
Independente do contexto a supervisão dos profissionais de saúde é uma função meramente
técnica, na prestação dos cuidados diretos aos pacientes até os que assumem as divisões ou
serviços de saúde, em maior ou menor complexidade, todos desenvolvem atividades que visam
o aprimoramento do pessoal de técnico e manutenção de condições necessárias para a prestação
de uma assistência eficiente e eficaz.

20
4.8. AVALIAÇÃO
Avaliar, significa determinar/estabelecer o valor de algo, cálculo, apreço, estima (Dicionário
Porto Editora, 2015).
O conceito de avaliação está relacionado com a ação e o efeito de calcular, estimar o valor de
algo e não admite uma só interpretação. Foram vários os autores que sentiram necessidade de
precisar o conceito e de o diferenciar de outros semelhantes.
De acordo com Messias (2008), Sriven (1991: 139) define avaliação como “um processo de
determinação do mérito ou valor de alguma coisa ou ao produto desse processo”. Ainda neste
âmbito, Stufflebeam (1980) citado por Ventura (2006) define avaliação como “um processo
através do qual se delimitam, obtêm e fornecem informações úteis que permitam encontrar
decisões possíveis’’.

Em relação aos provedores de saúde a avaliação da supervisão deve ser realizada de forma
contínua, revendo sempre o planeamento inicial e replaneamento de acordo com a necessidade,
uma vez que é um meio e não um fim em si mesma, e deve ser voltada para a caracterização
dos resultados obtidos, adequação das propostas e sua praticidade. A avaliação pode ser
imediata (realizada ao longo do processo, ao final de todas as ações, permitindo a análise dos
resultados obtidos, a pertinência dos objetivos e das ações, técnicas e instrumentos usados e
caracterizando a sua flexibilidade) e mediata (realizada ao final de todo o processo, para
esclarecer as dúvidas que tenham surgido e replanear com nova direção de orientação para as
ações).

4.9. ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE A SUPERVISÃO

❖ Foi feita a formação em trabalho sobre registo de todos modelos de gestão de


medicamentos e do programa da Malária;
❖ Formação em trabalho sobre fórmula de quantificação de Medicamentos e o bom uso
da ferramenta electrônica SIGLU no depósito e farmácia das USs.
❖ Formação em manejo de casos ao pessoal técnico e os APS;
❖ Mentoria clínica nas consultas de triagens de adultos e crianças ;
❖ Formação em recolha, análise e interpretação do TIP as enfermeiras de SMI.
❖ Comparação dos registos no livro da CPN e resumo físico de corte.

21
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados são apresentados por cada indicador. Na primeira parte são apresentados gráficos
com desvios do processo de verificação dos dados. Os desvios máximos foram cortados a 100
% para facilitar a interpretação dos gráficos. A segunda parte dos resultados sugerem as
actividades referente a avaliação clínica e gestão dos insumos da malaria nas USs e APS. A
terceira parte contem as pontuações médias da avaliação do sistema de gestão de dados e de
relatórios que são apresentados em forma de gráfico de radar (Teia de aranha) na qual mostra
as pontuações médias por área funcional e das US no geral.

5.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE DADO


5.1.1. INDICADOR NÚMERO DE CONSULTAS EXTERNAS
Os desvios do indicador número de consultas externas a nível das unidades sanitárias mostram
no geral, dados de boa qualidade com desvios no limite superior da categoria da baixa qualidade
para as 2 US das 3 avaliadas para este indicador. O centro de saúde de Macate sede apresenta
dados da média qualidade para o indicador em causa com um desvio de 17%.

Gráfico nº 4: Comparação das consultas externa entre Livro e Resumo Mensal

22
5.1.2. NÚMERO DE CASOS TESTADOS PARA MALÁRIA POR TDR/HTZ
Os desvios do indicador número de casos testados por TDR/HTZ mostra dados de boa
qualidade com a excepção do centro de saúde de Macate sede que apresenta um desvio acima
de 50% representando desta feita dados de baixa qualidade.

Gráfico nº 5: comparação de casos testados entre Livro e Resumo Mensal

5.1.3. NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS POR TDR/HTZ

Desvios globais para o indicador número de casos confirmados por TDR/HTZ apresentam
dados de baixa qualidade em duas unidades sanitárias com excepção do centro de saúde de
Chinete que apresentam dados de boa qualidade. Em termos de números absolutos dos casos
reportados no mês de Dezembro, dos 873 casos reportados pela essas USs, cerca de 298 casos
não foram encontrados no livro de registo.

Gráfico nº 6: Comparação de casos confirmados de Malaria entre Livro e Resumo Mensal

23
5.1.4. COBERTURA DE TIP 2ª E 4ª DOSE
O indicador da CPN no geral apresenta boas coberturas de TIP em todas as doses, pôs mostra
cobertura média de 80% para as 2ª doses em todas unidades sanitárias com excepção do centro
de saúde de Chinete, que mostra cobertura inferior à 80%.

Gráfico nº 7: Coberturas das 2ª e 4ª Dose de TIP

Apesar duma evolução positiva nesta componente, ainda constitui um desafio de garantir que,
toda mulher grávida com critério faça a 1ª dose de TIP a partir de 13ª semana da sua gravidez.
Associado a isto, está a questão de registo, pois verifica-se por vezes uma lacuna na
interpretação e o registo das doses subsequentes nas unidades sanitárias por falta de domínio
por parte das enfermeiras da ESMI onde chegam de apresentar maiores 2ª e 4ª dose nos resumos
mensais do que o livro de registo sugerindo uma sob notificação como é o caso de Chinete e
Marera, além da fraca sensibilização sobre a importância da adesão e administração da mesma.

5.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA E MANEJO DE CASOS DA MALARIA


5.2.1. DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL

A suspeita clínica da malária por parte do profissional de saúde, diante de uma síndrome febril
aguda, é o primeiro passo para que o diagnóstico oportuno seja realizado. Tal suspeita deve ser
ancorada nos achados clínicos e na história epidemiológica do paciente. Quando o profissional
não considera a malária dentro das possibilidades diagnósticas dos casos febris, perde-se a

24
oportunidade de realizar o diagnóstico oportuno e, consequentemente, haverá retardo na
instituição do tratamento e maior risco de complicações. (Sequeira, 2010 e OMS, 2010).

O objectivo para área de manejo de casos é testar 100% dos casos suspeitos de malária e tratar
100% dos casos confirmados de malária ao nível das unidades sanitárias e a nível comunitário,
de acordo com as directrizes nacionais, até 2030. Para o efeito, durante a supervisão foram
formados em trabalho 13 técnicos das 3 unidades sanitárias planificadas e 19 APS em manejo
de casos.

Gráfico nº 8: Gestores de Saúde Formados em Manejo de Caso

Imagem: Formação em Trabalho & Balanço pós Supervisão no Centro de Saúde de Marera

25
5.2.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA E DISPONIBILIDADE DE MATERIAL DE APOIO
CLÍNICO NAS USS

A avaliação clínica e disponibilidade de material de apoio clínico nas unidades sanitárias


visitadas, foi feita com base nos questionários adaptados ao sistema integrado da informação
da malária que permite o registo padronizado dos principais achados nas diferentes
componentes técnicas das US.
As perguntas qualitativas foram feitas aos técnicos responsáveis pelo registo e agregação dos
dados nos sectores clínicos não obstante a observação direita do atendimento clínico aos
pacientes durante as consultas.

6 Perguntas foram formuladas nomeadamente:


1. Se o serviço possui o material de apoio clínico necessário para realizar o atendimento
do paciente (Algoritmo de diagnóstico e tratamento de casos de malária, cartazes sobre
preparação do artesunato injectavel,etc);
2. Se o serviço possui material e medicamentos necessários para realizar o atendimento
do paciente (existência de termômetro, balança, luvas, etc);
3. Avaliação das condições do KIT de TDR em uso (prazo de validade e a completude
das componentes)

Na avaliação clínica resumia-se em verificar e /ou perguntar se o clínico avalia:


4. Sinais e sintomas da malária;
5. Se o clínico verifica ou pergunta ao paciente se teve malária ou se tomou medicação
há menos de 28 dias
6. Se mede temperatura axilar com termômetro.

Para facilitar a interpretação dos resultados, as respostas foram codificadas em forma de


pontuação para cada uma das perguntas contidas no formulário, sendo que “100%” para as
respostas: Sim/Sempre (com todos os elementos perguntados); “80%” para respostas do tipo
"as vezes’ ’e ou parciais (falta de um elemento perguntado) e “50%” para as respostas
negativas/ ou "nunca “.
As Pontuações médias foram calculadas por pergunta e por cada elemento avaliado. As
Pontuações entre 83% a 100% indicam uma pontuação elevada, significando uma boa
avaliação clínica por parte dos clínicos e forte conhecimento de manejo de casos de malária;

26
pontuações entre 50 à menor de 83% refletem um resultado médio da avaliação, enquanto uma
pontuação menos de 50% mostra uma pontuação baixa significando um serviço com
limitações.

Gráfico nº 9: Avaliação clínica e disponibilidade de material de apoio clínico nas US

Fonte: SIIM, disponível em https://siim.misau.gov.mz/prod/dhis-web-dashboard/ Acessado no dia 09/02/2024

Em termos de resultados a maior pontuação vai para a disponibilidade dos Kits de TDR e seus
respectivos componentes, oque significa que das 3 US tinha Kits em condições e os clínicos
avaliados realizam verificam sinais e sintomas da malária com excepção de alguns clínicos do
centro de saúde de Macate sede.
O manejo de caso no geral ainda é deficiente à olhar pela fraca anamnese, bem como a falta
de material necessário para atendimento ao paciente (Falta de termómetro, balança e luvas).
Outro sim, ressente-se a falta dos POPs dos principais artigos médicos e medicamento da
malária à começar pelos algoritmos de diagnósticos e tratamento da malária, cartazes sobre a
preparação do artesunato injetável, etc.

27
5.3. AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DE DADOS E DOS RELATÓRIOS
(COMPONENTE QUALITATIVA)
No que concerne aos resultados da avaliação do sistema, mostram duas áreas funcionais de
bom desempenho com pontuações médias relativamente mais altas, sendo estas: 1)
Capacidades, Funções e Responsabilidades; 2) Treinamento/Formação. Na avaliação foi
constatado como pontos fracos no sistema de gestão de dados e de relatórios a fraca
confrontação do Resumo Mensal (RM) com os registos diários; a falta de recepção da retro
informação dos Resumos Mensais enviados ao Núcleo de Estatística Distrital (NED); arquivos
dos registos diários não organizados, livros mal preenchidos e mal conservados: sem capa, sem
página das instruções, páginas soltas sobre tudo no Centro de Saúde de Marera, e a falta de
elaboração de gráficos /tabelas/ mapas do programa ou dados de malaria para análise dos
resultados nos sectores avaliados.

Gráfico nº 10: Avaliação do Sistema de Gestão de Dados e dos Relatórios

Má conservação e preenchimento dos livros

28
6. BALANÇO DA SUPERVISÃO

Duma forma geral a supervisão decorreu de forma aceitável e positiva à olhar pelo nível de
envolvimento, abrangência ao mais alto nível do SDSMAS o que permitiu a melhoria em
termos da capacidade técnica em criação de acções orientadoras que visam a resolução de
possíveis problemas identificados no Distrito.
Outro sim, com a modalidade de trabalho adoptado ( uma US/dia) permitiu identificar as
lacunas que penalizavam o desempenho dos indicadores da malária, à começar pelas
dificuldades técnicas por parte dos provedores de saúde e dos APS, a disponibilidade e a
conservação dos artigos médicos e o seu respectivo registo nas USs.

Os ganhos são notáveis, à título de exemplo, feita à avaliação nas 3 US visitadas, 34% dos
casos de malária reportados no SISMA referente ao mês de Dezembro, não foram encontrados
nos livros de registo, isto é, nas 3 US reportaram cerca de 873 casos e no livro de registo foram
encontrados 575 casos com uma diferença de 298 o que corresponde á 34% de casos de malária
‘‘ficticio’’ sugerindo a subnotificação. Este achado apena foi possível com a supervisão.

Em termos dos resultados da componente de verificação dos dados, à avaliação evidencia que
no geral os dados das US são de boa qualidade para os indicadores avaliados com excepção
dos centro de saúde de Macate sede, que apresenta dados da media com tendências de baixa
qualidade nos indicadores acima referenciado.
Numero de Numero de
Numero de
indicadores com indicadores com
US indicadores com
Media Baixa
Boa Qualidade
Qualidade Qualidade
Macate sede 0 2 2
Marera 2 2 0
Chinete 3 0 1
Total 5 4 3

No que concerne aos resultados da avaliação do sistema de gestão de dado, mostram duas áreas
funcionais de bom desempenho com pontuações médias relativamente mais altas, sendo estas:
1) Capacidades, Funções e Responsabilidades; 2) Treinamento/Formação. Na avaliação foi
constatado como pontos fracos no sistema de gestão de dados e de relatórios a falta de

29
confrontação do Resumo Mensal (RM) com os registos diários; a falta de recepção da
retroinformação dos Resumos Mensais enviados ao Núcleo de Estatística Distrital (NED);
arquivos dos registos diários não organizados, livros mal preenchidos e mal conservados: sem
capa, sem página das instruções, páginas soltas em alguns livros e a falta de elaboração de
gráficos /tabelas/ mapas do programa ou dados de malária para análise dos resultados nos
sectores avaliados.

Com tudo, houve grande melhoria no diagnóstico e tratamento de casos da malária na


Província quer no nível ambulatório assim como no nível de referência, isto é, nos
internamentos. Porém, há ainda necessidade de continuar-se a fazer as formações em trabalho
ou mesmo capacitações dos técnicos de saúde assim como os APS em matéria sobre manejo
de casos visto que durante a supervisão constatou-se que alguns técnicos e os APS no geral,
ainda tem dificuldades na testagem de TDR (teste de diagnóstico rápido) cálculo da dose,
diluição e na administração do Artesunato.

Face aos resultados da supervisão e ao comportamento dos indicadores apresentados neste


relatório, foram considerados alguns pontos positivos e fracos, perespectivas e tomadas
algumas recomendações com vista a cada vez mais melhorar o desempenho do programa da
malária a saber:

6.1. ASPECTOS POSITIVOS

❖ Disponibilidade de instrumentos de registo em todas USs;

❖ Disponibilidade de KITs de TDRm e dentro do prazo em todas as portas de consulta e


os mesmos contem todas as componentes para seu manuseio,

❖ Disponibilidade de AL, RTIs e Sulfadoxina & pirimitamina em todas US;

❖ Os clínicos na sua maioria avaliam/verificam os sinais e sintomas da malária aos


pacientes.

❖ Uso do SIIM para as actividades do programa da malária.

30
6.2. ASPECTOS NEGATIVOS.

A. Para sector da Farmácia

❖ Condições limitadas para o funcionamento da farmácia aliado a insuficiência do


espaço, segurança, prateleiras e estrados;

❖ Fraco controlo do Stock de consumíveis nas USs para evitar roptura e


congestionamento de medicamentos (Actualização da ficha de stock).

B. Na Triagem de Pediatria & Adulto e CPN

❖ Fraca gestão dos dados dos APEs a nível das US.

❖ Falta e /ou insuficiência de material necessário para atendimento dos pacientes


(termômetros clínicos, esfigmomanómetro nas triagens e CPNs, balança, luvas, etc).

6.3. PERSPECTIVAS.

Em coordenação com MISAU/PNCM e no âmbito da parceria com a MCAPS, espera-se que


sejam criadas as condições a saber:

❖ Compra dos Termômetros clínicos, esfigmomanómetros nas triagens e CPNs, balanças,


luvas e distribuídas em todas USs da Província.

❖ Reprodução e distribuição do material do apoio clínico (POPs, Algoritmos, fichas de


resumos mensais das actividades da malaria, farmácia.

❖ Melhoria no atendimento aos pacientes em todas as unidades sanitárias observando os


princípios da bioética.

❖ Melhoria do manejo de casos e a qualidade dos dados a nível do distrito e na provincial


no geral.

31
7. PLANO DE ACÇÃO

Unidades Fraquezas Descricao da Responsável Tempo


Sanitarias identificadas acção de
execução
Fraca realização das palestras a Incrementar as palestras da Responsável de U.S Imediato e
todos os níveis da US malaria sobre tudo pelos APS e TMP Permanente
Falta da Lista dos prescritores Elaborar a lista dos Responsável de U.S Imediato e
autorizados prescritores para facilitar o e Clínico Permanente
controlo de medicamentos.
Chinete Falta de guias de remessa das Conservar as guias de remessa Responsável de SMI Imediato e
RTIs das RTIs Permanente
Falta de relatórios trimestrais e Elaborar relatórios trimestrais Responsável de U.S Imediato e
actas de triangulação de dados e documentar e arquivar todos e Clínico Permanente
encontros de triangulação dos
dados
Falta de relatórios trimestrais e Elaborar relatórios trimestrais Responsável de U.S Imediato e
actas de triangulação de dados e documentar e arquivar todos e Clínico Permanente
encontros de triangulação dos
dados
Fraca de atualização da ficha de Actualizar sempre que Responsável da Imediato e
Marera controle de Stock de AL da realizar algum movimento de Farmácia Permanente
farmácia publica AL na ficha de stock
Discrepância de Dados entre Fazer levantamento semanal Responsável de U.S Imediato e
Livro de Registo e RM dos dados e incrementar a e Farmácia Permanente
triangulação com a farmácia
Fraco Sequenciamento das
Variáveis (Data, Sexo, Idade,
melhorar a organização dos Responsável de U.S Imediato e
somatório diário no fim de cada
livros (colocar as variáveis) e Clínico Permanente
página etc.) nos livros de
registo
Ma Qualidade de dados em Fazer levantamento semanal Responsável de U.S Imediato e
CS Macate todos indicadores avaliados dos dados e incrementar a e Farmácia Permanente
Sede triangulação com a farmácia
Falta de atualização da ficha de Actualizar sempre que Responsável da Imediato e
controle de Stock de AL realizar algum movimento de Farmácia Permanente
AL na ficha de stock
Fraca realização das palestras a Incrementar as palestras da Responsável de U.S Imediato e
todos os níveis da US malaria sobre tudo pelos APS e TMP Permanente
EVIDÊNCIAS

32
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1. ALMEIDA, AHV; MERCES, MC; SERVO, MLS. A supervisão como ferramenta


gerencial para a produção do cuidado em UTI: uma reflexão do agir do enfermeiro.
Brasil. 2013.
2. Alarcão, I. e Tavares, J. (2003). Supervisão da prática pedagógica: uma perspectiva
de desenvolvimento e aprendizagem, (2ª edição). Coimbra: Almedina.
3. Alarcão, I., & Roldão, M. (2008). Supervisão. Um contexto de desenvolvimento
profissional dos professores. Mangualde: Edições Pedago.
4. Alarcão, I. & Canha, B. (2013). Supervisão e Colaboração, uma relação para o
Desenvolvimento. Porto: Porto Editora.
5. CHIAVENATO, I. Administração: Teoria, Processo e Prática. 4. ed. rev. e atual. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2007.
6. CORREIA, V.S.; SERVO, M.L.S. Supervisão da enfermeira em Unidades Básicas de
Saúde. Rev. bras. enferm., Brasília. 2006.
7. GEHRINGER, Max. BIG MAX: vocabulário corporativo. São Paulo: Negócio
Editora, 2002.
8. KRON, T; GRAY, A. Administração dos cuidados de Enfermagem ao paciente:
colocando em ações as habilidades de liderança. Rio de Janeiro: Interlivros, 1994.
9. -Marchão, A.(2011).Desenvolvimento Profissional dos Educadores e dos Professores
– É possível conciliar a supervisão e a avaliação de desempenho. Portalegre.
Disponível em www.cefopna.edu.pt/revista/revista_03/es_06_03_AM.htm
10. -Messias, J. (2008). Avaliação do Desempenho de Professores e o Papel da
Supervisão, Um Estudo Exploratório com Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico.
Aveiro.
11. Rede Interagencial de Informações para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no
brasil: conceitos e aplicações. Organização Pan-Americana da Saúde. 2ª edição. 2008
12. Sousa, F., Leal, S. & Cabral, A.(2011). Processos supervisivos e avaliação de
professores: Tensões e expectativas em Portugal. Nuances: estudos sobre Educação,
Ano XVII, Disponível em
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/1088/1097
13. World Health Organization [WHO]. (2023). World malaria report, World Health
organization. Geneva.

Websites Responsável Provincial do PNCM

https://www.dhis2.org.mz/prod
Serafina Benesse
33

Você também pode gostar