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CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA COM VULNERABILIDADE aquelas pessoas que, por razão
DEFICIÊNCIA da sua idade, género, estado físico ou mental, ou
por circunstâncias sociais, económicas, étnicas
e/ou culturais, encontram especiais dificuldades
100 REGRAS DE BRASÍLIA -
em exercitar com plenitude perante o sistema de
ACESSO À JUSTIÇA DAS justiça os direitos reconhecidos pelo ordenamento
jurídico.
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE (4) Poderão constituir CAUSAS DE
VULNERABILIDADE, entre outras, as seguintes: a
VULNERABILIDADE
idade, a incapacidade, a pertença a comunidades
indígenas ou a minorias, a vitimização, a migração
e o deslocamento interno, a pobreza, o género e a
CAPÍTULO I: PRELIMINAR privação de liberdade. A concreta determinação das
pessoas em condição de vulnerabilidade em cada país
Secção 1ª.- Finalidade dependerá das suas características específicas, ou
(1) As presentes Regras têm como objectivo garantir inclusive do seu nível de desenvolvimento social e
as condições de acesso efectivo à justiça das económico.
pessoas em condição de vulnerabilidade, sem
discriminação alguma, englobando o conjunto de
políticas, medidas, facilidades e apoios que permitam 2.- Idade
que as referidas pessoas usufruam do pleno gozo (5) Considera-se criança e adolescente todas as
dos serviços do sistema judicial. pessoas menor de 18 anos de idade, SALVO se tiver
alcançado antes a maioria de idade em virtude da
legislação nacional aplicável. Toda a criança e
(2) Recomenda-se a elaboração, aprovação, adolescente deve ser objecto de uma especial tutela
implementação e fortalecimento de políticas por parte dos órgãos do sistema de justiça em
públicas que garantam o acesso à justiça das consideração ao seu desenvolvimento evolutivo.
pessoas em condição de vulnerabilidade. Os
servidores e operadores do sistema de justiça
outorgarão às pessoas em condição de (6) O envelhecimento também pode constituir uma
vulnerabilidade um tratamento adequado às suas causa de vulnerabilidade quando a pessoa adulta
circunstâncias singulares. Assim recomenda-se dar maior encontrar especiais dificuldades, atendendo
prioridade a actuações destinadas a facilitar o às suas capacidades funcionais, em exercitar os seus
acesso à justiça daquelas pessoas que se direitos perante o sistema de justiça.
encontrem em situação de maior vulnerabilidade,
quer seja pela concorrência de várias causas ou pela
grande incidência de uma delas.
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3.- Incapacidade tanto a lesão física ou psíquica, como o sofrimento
(7) Entende-se por incapacidade a deficiência física, moral e o prejuízo econômico. O termo vítima
mental ou sensorial, quer seja de natureza também poderá incluir, se for o caso, a família
permanente ou temporal, que limite a capacidade imediata ou as pessoas que estão a cargo da
de exercer uma ou mais actividades essenciais da vítima directa.
vida diária, que possa ser causada ou agravada pelo
ambiente económico e social.
(11) Considera-se EM CONDIÇÃO DE
VULNERABILIDADE aquela vítima do delito que
(8) Procurar-se-á estabelecer as condições tenha uma relevante limitação para evitar ou
necessárias para garantir a acessibilidade ao mitigar os danos e prejuízos derivados da infração
sistema de justiça das pessoas com incapacidade, penal ou do seu contacto com o sistema de justiça, ou
incluindo aquelas medidas conducentes a utilizar para enfrentar os riscos de sofrer uma nova
todos os serviços judiciais exigidos e dispor de todos vitimização. A vulnerabilidade pode proceder das
os recursos que garantam a sua segurança, suas próprias características pessoais ou das
mobilidade, comodidade, compreensão, privacidade e circunstâncias da infração penal. Destacam para
comunicação. estes efeitos, entre outras vítimas, as pessoas
menores de idade, as vítimas de violência
doméstica ou intrafamiliar, as vítimas de delitos
4.- Pertença a comunidades indígenas sexuais, os adultos maiores, assim como os familiares
(9) As pessoas integrantes das comunidades de vítimas de morte violenta.
indígenas podem encontrar-se em condição de
vulnerabilidade quando exercitam os seus direitos
perante o sistema de justiça estatal. (12) Estimular-se-á a adoção daquelas medidas que
Promover-se-ão as condições destinadas a possibilitar sejam adequadas para mitigar os efeitos negativos
que as pessoas e os povos indígenas possam exercitar do delito (VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA). Assim
com plenitude tais direitos perante o dito sistema de procurar-se-á que o dano sofrido pela vítima do delito
justiça, sem discriminação alguma que possa ser não seja incrementado como consequência do seu
fundada na sua origem ou identidade indígenas. Os contacto com o sistema de justiça (VITIMIZAÇÃO
poderes judiciais assegurarão que o tratamento SECUNDÁRIA). E procurar-se-á garantir, em todas as
que recebem por parte dos órgãos da administração fases de um procedimento penal, a proteção da
de justiça estatal seja respeitoso com a sua integridade física e psicológica das vítimas,
dignidade, língua e tradições culturais. Tudo isso sobretudo a favor daquelas que corram risco de
sem prejuízo do disposto na Regra 48 sobre as formas intimidação, de represálias ou de vitimização reiterada
de resolução de conflitos próprios dos povos ou repetida (uma mesma pessoa é vítima de mais do
indígenas, propiciando a sua harmonização com o que uma infração penal durante um período de
sistema de administração de justiça estatal. tempo). Também poderá ser necessário outorgar uma
proteção particular àquelas vítimas que vão prestar
testemunho no processo judicial. Prestar-se-á uma
5.- Vitimização especial atenção nos casos de violência intra
(10) Para efeitos das presentes Regras, considera-se familiar, assim como nos momentos em que seja
VÍTIMA toda a pessoa física que tenha sofrido um colocada em liberdade a pessoa à qual se atribui a
dano ocasionado por uma infração penal, incluída ordem do delito.
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6.- Migração e deslocação interna
(13) A deslocação de uma pessoa fora do território
é aquela que decorre direta e
do Estado da sua nacionalidade pode constituir
VITIMIZAÇÃO imediatamente da prática
uma causa de vulnerabilidade, especialmente nos
PRIMÁRIA1 delitiva. Ex.: a pessoa que sofre
casos dos trabalhadores migratórios e seus
uma lesão corporal.
familiares. Considera-se TRABALHADOR
é o produto da equação que MIGRATÓRIO toda a pessoa que vá realizar, realize
envolve as vítimas primárias e ou tenha realizado uma actividade remunerada
o Estado em face do exercício num Estado do qual não seja nacional. Assim
do controle formal. Em outras reconhecer-se-á uma proteção especial aos
palavras, é o ônus que recai na beneficiários do estatuto de refugiado conforme a
vítima em decorrência da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951,
operação estatal para assim como aos solicitantes de asilo.
apuração e punição do crime.
Ex.: além de sofrer as
VITIMIZAÇÃO consequências diretas da (14) Também podem encontrar-se em condição de
SECUNDÁRIA conduta (vitimização primária), vulnerabilidade os deslocados internos, entendidos
uma pessoa que é lesionada como pessoas ou grupos de pessoas que se tenham
deverá seguir a uma delegacia visto forçados ou obrigadas a escapar ou a fugir do
de polícia, aguardar para ser seu local ou do seu lugar de residência habitual,
atendida, passar por um em particular como resultado ou para evitar os
exame de corpo de delito, efeitos de um conflito armado, de situações de
prestar depoimento em juízo, violência generalizada, de violações dos direitos
enfim, estará à disposição do humanos ou de catástrofes naturais ou provocadas
Estado para que o autor do pelo ser humano, e que não cruzaram uma fronteira
crime seja punido estatal internacionalmente reconhecida.
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/10/22/o-que-s
e-entende-por-vitimizacao-primaria-vitimizacao-secundaria-e-vitimiza
cao-terciaria/
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8.- Gênero sua dignidade quando tenha contacto com o sistema
(17) A discriminação que a mulher sofre em de justiça.
determinados âmbitos pressupõe um obstáculo no
acesso à justiça, que se vê agravado naqueles casos
nos quais concorra alguma outra causa de 10.- Privação de liberdade
vulnerabilidade. (22) A privação da liberdade, ordenada por autoridade
pública competente, pode gerar dificuldades para
exercer com plenitude perante o sistema de justiça
(18) Entende-se por discriminação contra a mulher os restantes direitos dos quais é titular a pessoa
toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no privada da liberdade, especialmente quando
sexo que tenha por objecto ou resultado concorre com alguma causa de vulnerabilidade
menosprezar ou anular o reconhecimento, gozo ou enumerada nos parágrafos anteriores.
exercício pela mulher, independentemente do seu
estado civil, sobre a base da igualdade do homem e a
mulher, dos direitos humanos e as liberdades (23) Para efeitos destas Regras, considera-se
fundamentais nas esferas política, económica, social, privação de liberdade a que foi ordenada pela
cultural e civil ou em qualquer outra esfera. autoridade pública, quer seja por motivo da
investigação de um delito, pelo cumprimento de
uma condenação penal, por doença mental ou por
(19) Considera-se violência contra a mulher qualquer qualquer outro motivo.
ação ou conduta, baseada no seu género, que
cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto no âmbito público como Secção 3ª.- Destinatários: actores do sistema de
no privado, mediante o emprego da violência física ou justiça
psíquica. (24) Serão destinatários do conteúdo das presentes
Regras:
a) Os responsáveis pela concepção, implementação
(20) Impulsionar-se-ão as medidas necessárias para e avaliação de políticas públicas dentro do sistema
eliminar a discriminação contra a mulher no acesso judicial;
ao sistema de justiça para a tutela dos seus direitos b) Os Juízes, Fiscais, Defensores Públicos,
e interesses legítimos, atingindo a igualdade efetiva Procuradores e demais servidores que laborem no
de condições. Prestar-se-á uma especial atenção nos sistema de Administração de Justiça em conformidade
casos de violência contra a mulher, estabelecendo com a legislação interna de cada país;
mecanismos eficazes destinados à proteção dos c) Os Advogados e outros profissionais do Direito,
seus bens jurídicos, ao acesso aos processos judiciais assim como os Colégios e Agrupamentos de
e à sua tramitação ágil e oportuna. Advogados;
d) As pessoas que desempenham as suas funções nas
instituições de Ombudsman (Provedoria).
9.- Pertença a minorias e) Polícias e serviços penais.
(21) Pode constituir uma causa de vulnerabilidade a f) E, com caráter geral, todos os operadores do
pertença de uma pessoa a uma minoria nacional ou sistema judicial e quem intervém de uma ou de
étnica, religiosa e linguística, devendo-se respeitar a outra forma no seu funcionamento.
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CAPÍTULO II: EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA PARA A • O âmbito da defesa, para defender direitos no
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oficiais nem, se for o caso, a língua oficial própria da
comunidade, tenha de ser interrogado ou prestar
alguma declaração, ou quando fosse preciso dar-lhe a (36) Formulários
conhecer pessoalmente alguma resolução. Secção 4ª.- Promover-se-á a elaboração de formulários de fácil
Revisão dos procedimentos e os requisitos manejamento para o exercício de determinadas
processuais como forma de facilitar o acesso à justiça ações, estabelecendo as condições para que os
mesmos sejam acessíveis e gratuitos para as pessoas
utilizadoras, especialmente naqueles casos em que
(33) Revêem-se as regras de procedimento para não seja preceptiva a assistência letrada.
facilitar o acesso das pessoas em condição de
vulnerabilidade, adotando aquelas medidas de
organização e de gestão judicial que sejam (37) Antecipação jurisdicional da prova
conducentes para tal fim. Recomenda-se a adaptação dos procedimentos para
permitir a prática antecipada da prova na qual
participe a pessoa em condição de vulnerabilidade,
1.- Medidas processuais para evitar a reiteração de declarações, e inclusive a
Dentro desta categoria incluem-se aquelas actuações prática da prova antes do agravamento da
que afectam regulação do procedimento, tanto no incapacidade ou da doença. Para estes efeitos, pode
relativo à sua tramitação, como em relação aos ser necessária a gravação em suporte audiovisual
requisitos exigidos para a prática dos atos do acto processual no qual participe a pessoa em
processuais. condição de vulnerabilidade, de tal forma que possa
reproduzir-se nas sucessivas instâncias judiciais.
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resolução e execução do caso por parte dos órgãos 1.- Formas alternativas e pessoas em condição de
do sistema de justiça. vulnerabilidade
(43) Impulsionar-se-ão as formas alternativas de
resolução de conflitos naqueles casos em que seja
(39) Coordenação apropriado, tanto antes do início do processo como
Estabelecer-se-ão mecanismos de coordenação intra durante a tramitação do mesmo. A mediação, a
institucionais e inter institucionais, orgânicos e conciliação, a arbitragem e outros meios que não
funcionais, destinados a gerir as inter dependências impliquem a resolução do conflito por um tribunal,
das actuações dos diferentes órgãos e entidades, podem contribuir para melhorar as condições de
tanto públicas como privadas, que fazem parte ou acesso à justiça de determinados grupos de pessoas
participam no sistema de justiça. em condição de vulnerabilidade, assim como para
descongestionar o funcionamento dos serviços
formais de justiça.
(40) Especialização
Adotar-se-ão medidas destinadas à especialização
dos profissionais, operadores e servidores do (44) Em todo o caso, antes de iniciar a utilização de
sistema judicial para o apoio das pessoas em condição uma forma alternativa num conflito concreto,
de vulnerabilidade. Nas matérias nas quais se tomar-se-ão em consideração as circunstâncias
requeira, é conveniente a atribuição dos assuntos a particulares de cada uma das pessoas afetadas,
órgãos especializados do sistema judicial. especialmente se se encontram em alguma das
condições ou situações de vulnerabilidade
contempladas nestas Regras. Fomentar-se-á a
(41) Atuação interdisciplinar capacitação dos mediadores, árbitros e outras
Destaca a importância da atuação de pessoas que intervenham na resolução do conflito.
equipamentos multidisciplinares, conformados por
profissionais das distintas áreas, para melhorar a
resposta do sistema judicial perante a necessidade 2.- Difusão e informação
de justiça de uma pessoa em condição de (45) Deverá promover-se a difusão da existência e
vulnerabilidade. características destes meios entre os grupos de
população que sejam os seus potenciais utilizadores
quando a lei permita a sua utilização.
(42) Proximidade
Promover-se-á a adoção de medidas de aproximação
dos serviços do sistema de justiça àqueles grupos da (46) Qualquer pessoa vulnerável que participe na
população que, devido às circunstâncias próprias da resolução de um conflito mediante qualquer um
sua situação de vulnerabilidade, se encontram em destes meios deverá ser informada, com carácter
lugares geograficamente longínquos ou com prévio, sobre o seu conteúdo, forma e efeitos. A dita
especiais dificuldades de comunicação. informação será fornecida em conformidade com o
disposto na Secção 1ª do Capítulo III das presentes
regras.
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3.- Participação das pessoas em condição de que participe num acto judicial, quer seja como parte
vulnerabilidade na resolução Alternativa de ou em qualquer outra condição.
Conflitos
(47) Promover-se-á a adoção de medidas específicas
que permitam a participação das pessoas em (50) Velar-se-á para que em qualquer intervenção
condição de vulnerabilidade no mecanismo escolhido num ato judicial se respeite a dignidade da pessoa
de resolução Alternativa de Conflitos, tais como a em condição de vulnerabilidade, outorgando-lhe um
assistência de profissionais, participação de tratamento específico adequado às circunstâncias
intérpretes, ou a intervenção da autoridade próprias da sua situação.
parental para os menores de idade quando seja
necessária. A atividade de resolução Alternativa de
Conflitos deve levar-se a cabo num ambiente seguro Secção 1ª.- Informação processual ou jurisdicional
e adequado às circunstâncias das pessoas que (51) Promover-se-ão as condições destinadas a
participem. garantir que a pessoa em condição de
vulnerabilidade seja devidamente informada sobre
os aspectos relevantes da sua intervenção no
Secção 6ª.- Sistema de resolução de conflitos processo judicial, em forma adaptada às
dentro das comunidades indígenas circunstâncias determinantes da sua
(48) Com fundamento nos instrumentos internacionais vulnerabilidade.
na matéria, é conveniente estimular as formas
próprias de justiça na resolução de conflitos surgidos
no âmbito da comunidade indígena, assim como 1.- Conteúdo da informação
propiciar a harmonização dos sistemas de (52) Quando a pessoa vulnerável participe numa
administração de justiça estatal e indígena baseada atuação judicial, em qualquer condição, será
no princípio de respeito mútuo e de conformidade informada sobre os seguintes recursos:
com as normas internacionais de direitos • A natureza da atuação judicial em que vai
humanos. participar
• O seu papel dentro da dita actuação
• O tipo de apoio que pode receber em relação à
(49) Além disso serão de aplicação as restantes concreta actuação, assim como a informação de que
medidas previstas nestas Regras nos casos de organismo ou instituição pode prestá-lo
resolução de conflitos fora da comunidade indígena
por parte do sistema de administração de justiça
estatal, onde é conveniente abordar os temas (53) Quando for parte no processo, ou puder chegar
relativos à peritagem cultural e ao direito a a sê-lo, terá direito a receber a informação que seja
expressar-se no próprio idioma. pertinente para a proteção dos seus interesses. A dita
informação deverá incluir no mínimo:
• O tipo de apoio ou assistência que pode receber no
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gratuita nos casos em que esta possibilidade seja à colocação em liberdade da pessoa inculpada ou
contemplada pelo ordenamento existente condenada, especialmente nos casos de violência intra
• O tipo de serviços ou organizações às quais se pode familiar.
dirigir para receber apoio
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vulnerabilidade se realize de maneira adequada às
circunstâncias próprias de dita condição.
(67) Para mitigar ou evitar a tensão e angústia
emocional, procurar-se-á evitar dentro do possível a
1.- Informação sobre a comparência coincidência em dependências judiciais da vítima
(63) Com carácter prévio ao acto judicial, com o inculpado do delito; assim como a
procurar-se-á proporcionar à pessoa em condição de confrontação de ambos durante a celebração de
vulnerabilidade informação directamente atos judiciais, procurando a proteção visual da
relacionada com a forma de celebração e conteúdo vítima.
da comparência, quer seja sobre a descrição da sala e
das pessoas que vão participar, quer seja destinada á
familiarização com os termos e conceitos legais, assim Tempo da comparência
como outros dados relevantes para o efeito. (68) Procurar-se-á que a pessoa vulnerável espere o
menor tempo possível para a celebração do acto
judicial. Os atos judiciais devem ser celebrados
2.- Assistência pontualmente. Quando for justificado pelas razões
(64) Prévia à celebração do acto apresentadas, poderá outorgar-se preferência ou
Procurar-se-á a prestação de assistência por pessoal preferência pela celebração do acto judicial no qual
especializado (profissionais em Psicologia, Trabalho participe a pessoa em condição de vulnerabilidade.
Social, intérpretes, tradutores ou outros que se
considerem necessários) destinada a afrontar as
preocupações e temores ligados à celebração do (69) É aconselhável evitar comparências
processo judicial. desnecessárias, de tal maneira que somente
deverão comparecer quando seja estritamente
necessário conforme a normativa jurídica.
(65) Durante o acto judicial Procurar-se-á também a concentração no mesmo
Quando a concreta situação de vulnerabilidade assim dia da prática das diversas actuações nas quais
o aconselhar, a declaração e outros atos processuais deva participar a mesma pessoa.
serão levados a cabo com a presença de um
profissional, cuja função será a de contribuir para
garantir os direitos da pessoa em condição de (70) Recomenda-se analisar a possibilidade de
vulnerabilidade. pré-constituir a prova ou antecipação jurisdicional
Também pode ser conveniente a presença no acto de da prova, quando for possível em conformidade com
uma pessoa que se configure como referente o Direito aplicável.
emocional de quem se encontra em condição de
vulnerabilidade.
(71) Em determinadas ocasiões poderá proceder-se
à gravação em suporte audiovisual do acto, quando
3.- Condições da comparência ela puder evitar que se repita a sua celebração em
Lugar da comparência sucessivas instâncias judiciais.
(66) É conveniente que a comparência tenha lugar
num ambiente cómodo, acessível, seguro e
tranquilo. Forma da comparência
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(72) Procurar-se-á adaptar a linguagem utilizada às vítimas ameaçadas nos casos de delinquência
condições da pessoa em condição de vulnerabilidade, organizada, menores vítimas de abuso sexual ou
tais como a idade, o grau de maturidade, o nível maus tratos, e mulheres vítimas de violência dentro
educativo, a capacidade intelectual, o grau de da família ou do casal.
incapacidade ou as condições sócio-culturais. Deve
procurar-se formular perguntas claras, com uma
estrutura simples 5.- Acessibilidade das pessoas com incapacidade
(77) Facilitar-se-á a acessibilidade das pessoas com
incapacidade para a celebração do acto judicial
(73) Quem participar no acto de comparência deve naquilo em que devam intervir, e promover-se-á em
evitar emitir juízos ou críticas sobre o particular a redução de barreiras arquitetônicas,
comportamento da pessoa, especialmente nos casos facilitando tanto o acesso como a permanência nos
de vítimas do delito. edifícios judiciais.
(74) Quando for necessário proteger-se-á a pessoa 6.- Participação de crianças e adolescentes em atos
em condição de vulnerabilidade das consequências de judiciais
prestar declaração em audiência pública, poderá (78) Nos atos judiciais em que participem menores
colocar-se a possibilidade de que a sua participação deve ter-se em conta a sua idade e desenvolvimento
no acto judicial se leve a cabo em condições que integral, e em todo o caso:
permitam alcançar o dito objectivo, inclusive • Devem celebrar-se numa sala adequada.
excluindo a sua presença física no local do juízo ou • Deverá facilitar-se a compreensão, utilizando uma
da audiência, sempre que seja compatível com o linguagem simples.
Direito do país. • Deverão evitar-se todos os formalismos
Para esse efeito, pode ser de utilidade o uso do desnecessários, tais como a toga, a distância física
sistema de videoconferência ou do circuito fechado com o tribunal e outros semelhantes.
de televisão.
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A determinação dos órgãos e entidades chamadas a
colaborar depende das circunstâncias próprias de
2.- Imagem cada país, pelo que os principais impulsionadores
(81) Pode ser conveniente a proibição da captura e das políticas públicas devem ter especial cuidado
difusão de imagens, quer seja em fotografia ou em tanto para os identificar e obter a sua participação,
vídeo, naqueles casos em que possa afetar de forma como para manter a sua colaboração durante todo o
grave a dignidade, a situação emocional ou a processo.
segurança da pessoa em condição de vulnerabilidade.
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espaços de participação podem ser sectoriais. Nestes (95) Procurar-se-á o aproveitamento das
espaços poderão participar representantes das possibilidades que o progresso técnico possa
instâncias permanentes que se possam criar em oferecer para melhorar as condições de acesso à
cada um dos Estados. justiça das pessoas em condição de
vulnerabilidade.
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Iberoamericanos, a definição, elaboração, adopção e
• respeito pelo desenvolvimento das capacidades
fortalecimento de políticas públicas que promovam a
das crianças com deficiência e pelo direito das
melhoria das condições de acesso à justiça por parte
crianças com deficiência de preservar sua
das pessoas em condição de vulnerabilidade.
identidade.
• Propor alterações e atualizações ao conteúdo destas
Regras. PRINCIPAIS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS PELOS
A Comissão será composta por 5 membros ESTADOS
designados pela Conferência Judicial Ibero-americana.
• Adotar todas as medidas legislativas,
Poderão integrar-se na mesma representantes das
administrativas e de qualquer outra natureza,
outras Redes Ibero-americanas do sistema judicial
necessárias para a realização dos direitos
que assumam as presentes Regras. Em todo o caso,
reconhecidos, bem como eliminar os dispositivos e
a Comissão terá um número máximo de 9 membros.
práticas, que constituírem discriminação contra
pessoas com deficiência.
• O Estado deve abster-se de participar em qualquer
CONVENÇÃO SOBRE OS ato ou prática incompatível com a Convenção e
assegurar que as autoridades públicas e instituições
DIREITOS DA PESSOA COM
atuem em conformidade com seu texto, além de
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