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Verdade, validade e solidez:

- As premissas são verdadeiras?


Para sabermos se as premissas são verdadeiras devemos confrontá-las com a realidade. São
verdadeiras se estiverem de acordo com a realidade e são falsas se não estiverem.
A veracidade e a falsidade dizem apenas respeito à matéria ou conteúdo das proposições que
fazem parte do argumento.

-As premissas oferecem apoio à conclusão?


Argumentos dedutivos: construídos para provar que algo é realmente assim;
Argumentos não-dedutivos: construídos para mostrar que algo é provável ou muito provável,
embora se deixe uma margem para que conclusão possa, improvávelmente, ser falsa;
Em ambos os argumentos, pretende-se que as premissas apoiem a conclusão.

Distinção entre os 2 tipos de argumentos, tendo em conta o apoio que as premissas procuram
oferecer à conclusão:

Argumentos dedutivos:
- Pretende-se que as premissas forneçam o apoio decisivo ou uma garantia para a conclusão;
- Estes podem ser considerados válidos ou inválidos, sendo avaliados em termos de
necessidade. A validade ou invalidade dos argumentos depende da sua forma lógica;
- A validade de um argumento é independente da sua verdade. Um argumento pode ser
válido mesmo que as suas premissas sejam falsas;
- As premissas oferecem uma garantia completa a conclusão

Forma lógica dos argumentos dedutivos:


- Todos os F são G. -Todos os H são F. -Logo, todos os H são G.

-Argumento válido: Argumento inválido:

As premissas fornecem ou apoio decisivo ou As premissas não apoiam a conclusão (não


uma garantia para a conclusão. a garantem).

Sendo impossível que as premissas sejam É possível que as promessas sejam


verdadeiras e a conclusão falsa verdadeiras e a conclusão falsa.
A conclusão é uma consequência necessária das Estes argumentos falham ao tentar
premissas argumento bem sucedido. estabelecer um apoio decisivo para a
conclusão.
Um argumento válido preserva a verdade.

Argumentos não-dedutivos:
- Pretende-se que as premissas forneçam o apoio provável (mas não decisivo) para conclusão;
-Estes podem ser considerados fortes ou fracos, sendo avaliados em termos de probabilidade.
- A força ou fraqueza de argumentos depende de aspectos que ultrapassam a sua forma
lógica, com o conteúdo das proposições, a informação de fundo relevante de que se dispõe
acerca do mundo, a linguagem, o contexto em que é apresentado o argumento,...
Argumento forte: Argumento fraco:

As premissas, não sendo conclusivas, As premissas não têm força suficiente para apoiar a
oferecem apoio à conclusão. conclusão.
A verdade das premissas fornece boas A verdade das premissas não nos oferece boas
razões para se pensar que conclusão é razões para pensar que conclusão é verdadeira.
verdadeira.
É improvável, mas possível, haver É um argumento que falha ao tentar fornecer um
premissas verdadeiras e conclusão falsa. apoio provável para uma dada conclusão.
E improvável que a conclusão seja verdadeira
mesmo que as premissas sejam verdadeiras.

- O que é um bom argumento?


Embora a solidez de um argumento pressupõem a validade e a verdade de um argumento, não
garante que este seja bom. Existem assim dois tipos de argumentos sólidos:
-argumentos bons e racionalmente convincentes: além de sólidos, são constituídos por
premissas mais plausíveis do que a conclusão;
-argumentos não convincentes ou viciosamente circulares: as premissas não são mais
plausíveis do que a conclusão, mesmo sendo argumentos sólidos;

Um bom argumento dedutivo é um argumento sólido, ou seja um argumento válido


constituído por premissas verdadeiras e que são mais plausíveis do que a conclusão.

Os argumentos não-dedutivos são bons se, apenas se forem cogentes. Ou seja, se forem
fortes e possuírem premissas verdadeiras e mais plausíveis do que a conclusão.

Para avaliar-nos se um argumento é bom, sem saber-mos se as premissas são verdadeiras, ou


não, teremos de ser capazes de avaliar se as premissas são plausíveis (se temos boas razões para
acreditarmos que são verdadeiras).

-O que é um mau argumento:


Um argumento (dedutivo ou não dedutivo) não cumpre alguns dos requisitos referidos
anteriormente, trata-se de um mau argumento.

Um mau argumento pode ser considerado uma falácia, ou seja um argumento que parece
correto ou adequado, do ponto de vista formal ou informal mas na realidade não o é.

- Falácias formais: resultam exclusivamente da fórmula lógica ou da estrutura do argumento.


Sendo cometidas ao nível dos argumentos dedutivos.

- Falácias informais: resultam de aspectos informais (que ultrapassam a fórmula lógica), ou


seja resultam do conteúdo, da informação de fundo da linguagem ou do contexto do argumento.
Sendo cometidas ao nível dos argumentos dedutivos e não dedutivos.

Proposições e Operadores proposicionais:


Uma proposição é o conhecimento ou o conteúdo, sucetível de ser considerado verdadeiro ou
falso, expresso para uma frase declarativa. Existem dois tipos de proposições:
- proposições simples: não estão presentes quaisquer operadores proposicionais, não se
podendo decompor noutras proposições;
- proposições complexas: está presente um ou mais do que um operador proposicional,
podendo-se decompor noutras proposições;

Os Operadores proposicionais são palavras ou expressões que, se aplicam a proposições


simples para formar proposições complexas. Existem dois tipos de operadores proposicionais:

- verofuncionais/ lógicos ou conectores proposicionais: operadores que, uma vez conhecidos


os valores de verdade das proposições simples (sem operador), nos permitem determinar o
valor de verdade da proposição complexa resultante (com operador);

- não-verofuncionais: operadores que, usados na formação de preposições complexas, não


nos permitem determinar os valores de verdade desses proposições unicamente com base nos
valores de verdade das proposições simples que os decompõem; Não operam / afetam a
verdade. O valor de verdade da proposição resultante não é afectado pelo valor do operador.

Sempre que é verdade ou a falsidade de uma proposição complexa é totalmente determinada e


calculável a partir do valor de verdade das proposições simples que a compõem, dizemos que
essa preposição complexa é uma função de verdade de tais preposições simples ou
elementares.

A verofuncionalidade é por sua vez, a propriedade de representar uma função de verdade.

O valor de verdade das proposições simples depende do facto de estas estarem ou não de
acordo com a realidade, o valor de verdade das proposições complexas depende
exclusivamente do valor de verdade das proposições simples e dos operadores utilizados.

Operadores proposicionais verofuncionais:


Os termos “negação”, “conjunção”, “disjunção”, “condicional” e “bicondicional” tanto se
aplicam ao nome do respetivo operador verofuncional como às formas proposicionais que tais
operadores originam.

- operador singular, unário ou monádico: aplica-se apenas a uma proposição (simples ou


complexa) para formar outra. Como é o caso da negação.

- operador binário ou diádico: é que ele que se aplica as duas preposições (simples ou
complexas) para formar outra. Como é o caso dos restantes operadores.

-Negação
A negação de uma preposição P, tem a forma "Não P", formalizando-se por ¬P;

Tabela de verdade da negação:

Se P é verdadeira, ¬P é falsa; se P é falsa, ¬P é verdadeira;


A negação de uma negação (dupla negação ¬¬P) equivale a
uma afirmação.
- Conjunção:
O valor de verdade da nova preposição dependerá naturalmente dos valores de verdade das
preposições simples.

Tabela de verdade da conjunção:


P ˄ Q é verdadeira se, e só se, ambas as proposições
conectadas/ conjuntas forem verdadeiras, sendo falsa
pelo menos uma dessas proposições for falsa.

-Disjunção: Chamam-se disjuntas as proposições conectadas por operador "ou".


Tabela de verdade da disjunção inclusiva (e/ ou):

A disjunção inclusiva ou imcompleta de duas proposições


(P e Q) é uma proposição com a forma "P ou Q".

P ˅ Q é sempre verdadeira, exceto quando P e Q são


proposições simultaneamente falsas.

Tabela de verdade da disjunção exclusiva ou completa (ou...OU):


A disjunção exclusiva de duas preposições (P e Q) é
uma proposição com a forma "ou P ou Q" (mas não
ambas).

P v Q, é verdadeira quando P e Q possuem valores de


verdade distintos e falsa quando possuem o mesmo valor.

-Condicional:
As proposições condicionais são compostas ou complexas, visto que dividem-se em duas
outras proposições: o antecedente e consequente. “Se P(antecedente), então Q (consequente)”

- Antecedente: é uma condição suficiente para o consequente;


- Consequente: é uma condição necessária para o antecedente;

Tabela de verdade da condicional:


A condicional ou implicação material de duas proposições (P e Q) é uma proposição com a
forma "Se P, então Q”. P → Q, só é falsa se o antecedente foi verdadeiro e o consequente for
falso. Nas restantes, a nova proposição é verdadeira.

A condicional apenas exige uma relação entre os valores de verdade do antecedente e do


consequente. Sendo, portanto, irrelevante existir ou não uma conexão, causal ou conceptual
entre o antecedente e o consequente.
A condicional é o único operador binário que não é comutativo, P → Q ≠ Q → P
-Negação da condição: Para negar uma condicional, ter-se-á de mostrar que o antecedente
não é uma condição suficiente para o consequente.

-Bicondicional:
Chamam-se proposições bicondicionais, uma vez que cada uma das preposições simples que
a constituem tem como consequência a outra: “Se P, então Q” e “Se Q, então P”;

Condições que são, em simultâneo, suficientes e necessárias


A bicondicional consiste, portanto, na conjunção de duas condicionais: P → Q ˄ Q → P

Tabela de verdade da bicondicional:


A bicondicional ou equivalência material de duas proposições (P e Q) é uma proposição com a
forma "P se, e só se, Q". P↔Q , é verdadeira se as proposições conectadas tiverem o mesmo
valor de verdade e falsa se estes tiverem valores de verdade distintos.

Negação da bicondicional: ter-se-á de mostrar que as duas proposições em causa não


constituem condições necessárias e suficientes uma para a outra.

Âmbito dos operadores:


O âmbito de um operador refere-se à proposição ou preposições que esse operador afeta.

O operador principal é o operador de maior âmbito, pois refere-se a todas as proposições da


proposição complexa; O operador de menor âmbito não afeta todas as proposições.
Para formalizar proposições complexas, devemos colocar essas proposições na sua expressão
canónica, identificado os operadores verofuncionais, isolar as proposições simples e atribuir
vereáveis preposicionais (P, Q, R,...) a cada uma, construindo o seu dicionário, e simbolizar ou
formalizar a proposição complexa.

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