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BIBLIOGRAFIA | CITAÇÕES | REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, Augusto Santos (1994), O jogo indeciso entre símbolos, práticas e políticas
[2]
culturais, in AA.VV, Dinâmicas Culturais, Cidadania e Desenvolvimento Local, Actas
do Encontro de Vila do Conde, 1-3 Abril de 1993, pp. 683-721. Associação
Portuguesa de Sociologia: Lisboa. 1994

REFERÊNCIA DE CITAÇÃO SILVA (1994)

CITAÇÃO PAG. 719 Os projectos são prospectivos. Nada justifica a atitude de respeito idolátrico por
qualquer padrão cultural, que se acreditaria ser intrinsecamente superior, ou a
identidade mesma de qualquer grupo - seja tal padrão a cultura popular, na forma
das tradições, folclóricas, artesanais ou outras, seja a cultura erudita dos campos
especia1izaios de produção e reprodução cultural, seja qualquer outro.
Os projectos políticos não devem configurar tutelas sobre os cidadãos e os
agentes sociais. Como as iniciativas não nascem por geração espontânea, nem se
desenvolvem no vácuo, parece possível sugerir, às políticas municipais, uma tripla
orientação.
A primeira é a promoção de condições de base para a criação, a divulgação e a
recepção cultural. O ponto crucial a ter em conta, aqui, é que, se deve ser
esperada uma atenção particular aos equipamentos, essa atenção não termina
com a construção física e a aprovação regulamentar do organigrama formal de
funcionamento dos equipamentos. As estruturas culturais não se reduzem às
infra-estruturas físicas. E no existem se não forem socialmente acessíveis e
utilizáveis.
A segunda orientação é a formação de actores culturais, nos diversos planos, da
criação e da produção aos públicos. O ponto crucial é que a dimensão mais
relevante dessa formação é a aquisição e exercício de instrumentos de leitura e
apropriação de códigos e obras - o capital cultural incorporado, para utilizar o
vocabulário sociológico. Portanto, as iniciativas espectaculares mas ocasionais
devem ser secundárias, face às iniciativas mais duradouramente eficientes àquele
nível: com major eficiência educativa, se quisermos falar assim. O que não quer,
decerto, dizer que a politica cultural municipal tenha de estar subordinada a
qualquer dever de despojamento e ascetismo. A formação passa em muito pela
animação e pelo acesso a novos acontecimentos e oportunidades. Mas uma coisa
é a megalomania de ocasião, outra a regularidade no longo prazo.
A terceira orientação é o apoio a projectos culturais diversificados. Também não
se sugere, com isto, nenhum hipermercado de iniciativas; para que a gesto seja
possível e o impacto duradouro, é indispensável alguma selecção e concentração

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de investimentos. Mas, sob pena de derivarmos para lógicas autoritárias, o espaço


de selecção deve ser amplo e os critérios lassos. E, sobretudo, o apoio não deve
fundar-se apenas em critérios de qualidade estética ou consolidação e prestígio
institucional, mas ainda de alcance social. O ponto crucial a ter em conta há-de ser
este: para quebrar o círculo vicioso da relação corporativa e da dependência
mútua, através, entre outras coisas, de financiamentos discricionários e rotineiros,
os poderes municipais devem apoiar projectos de actividade, mais do que agentes
ou instituições enquanto tais, e devem fazê-lo sob uma lógica contratualista, de
modo a que os apoios prestados sejam justificados por contrapartidas de interesse
público.

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