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Preparação para a Competição


O Método de Maurizio Sarri

© 2018 Pedro Mendonça

Todos os direitos reservados


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Comentários sobre o SSC Nápoles de Maurizio Sarri

“Maurizio Sarri foi o autor e o escultor desta “Grande Beleza” que foi a
temporada de 2017/2018 do SSC Nápoles. A equipa protagonizou um
futebol espetacular, notado e apreciado em todo o mundo!”
Aurelio De Laurentiis (Presidente do SSC Nápoles)

“O SSC Nápoles de Maurizio Sarri foi uma das melhores equipas que
alguma vez defrontei na minha carreira, talvez a melhor!”
Pep Guardiola (Treinador do Manchester City FC)

“Trabalhar com Maurizio Sarri foi um espetáculo. É o grande responsá-


vel dos recordes que o SSC Nápoles foi batendo nestas três últimas
temporadas e do seu grande jogo. Aconselho-o a qualquer equipa do
mundo, pelas suas ideias futebolísticas e pela sua forma maníaca de
trabalhar!”
Pepe Reina (Guarda-Redes do SSC Nápoles)

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Índice:

Introdução..........................................................................................iv
1. Modelo de Jogo do SSC Nápoles de Maurizio Sarri....................5
1.1. Sistema de Jogo Adotado....................................................................6
1.2. Princípios do Modelo de Jogo.............................................................7
1.2.1. Organização Ofensiva................................................................................7

1.2.2. Transição Defensiva.................................................................................37

1.2.3. Organização Defensiva............................................................................41

1.2.4. Transição Ofensiva...................................................................................61

1.2.5. Bolas Paradas Defensivas.......................................................................67

1.2.6. Bolas Paradas Ofensivas.........................................................................68

2. Preparação Semanal.....................................................................69
2.1. “2ª feira”...............................................................................................70

2.2. “3ª feira”...............................................................................................71


2.3. “4ª feira”...............................................................................................85
2.4. “5ª feira”...............................................................................................92
2.5. “6ª feira”.............................................................................................111
2.6. “sábado”............................................................................................123
2.7. “domingo”..........................................................................................125

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Introdução

Maurizio Sarri conseguiu tornar o SSC Nápoles da temporada de 2017/2018 uma das
melhores equipas de sempre a jogar futebol.

Admirado em todo o mundo, o treinador italiano lançou em definitivo o seu nome para
a ribalta do futebol, sendo um dos treinadores mais desejados do momento.

Nas páginas seguintes mostraremos o modelo de jogo do SSC Nápoles da tempora-


da 2017/2018.

Iniciaremos com os padrões manifestados nos vários momentos do jogo (organização


ofensiva, organização defensiva, transição ofensiva e transição defensiva).

Passaremos em seguida para a análise dos comportamentos adotados pela equipa


nas várias situações de bola parada defensiva e ofensiva que aconteceram durante a
temporada.

Terminaremos com a forma como Maurizio Sarri faz a preparação semanal da equipa
para os jogos (de acordo com os ensinamentos recolhidos na sua tese para a obten-
ção da licença UEFA Pro na Federação Italiana de Futebol).

Tal como o “Mister 33”, alcunha com que ficou conhecido desde os tempos em que
treinava na 6ª divisão italiana por ter 33 situações diferentes para marcar bolas para-
das, acreditámos que num futebol que cada vez mais é otimizado a todos os níveis, é
de crucial importância que todos os jogos sejam preparados até ao mais mínimo deta-
lhe.

Esperámos que esta obra seja útil a todos os treinadores e que desperte neles o dese-
jo de evoluir e de melhorar a cada dia.

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Neste capítulo será descrito o modelo de jogo do SSC
Nápoles na temporada de 2017/2018, equipa orientada
por um dos melhores treinadores italianos da atualidade.

Para a sua elaboração foram tidos em consideração os


padrões manifestados repetidamente por esta equipa
Modelo de em todos os jogos oficiais da temporada 2017/2018.
Jogo do
SSC
Nápoles de
Maurizio
Sarri

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1.1. Sistema de Jogo Adotado


O sistema de jogo escolhido por Maurizio Sarri para a sua equipa foi o 1-4-3-3.

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1.2. Princípios do Modelo de Jogo

1.2.1. Organização Ofensiva


Este é o momento do jogo em que a equipa tem a posse da bola e em que tenta fazê-
la chegar à baliza adversária de forma a conseguir atingir o objetivo principal do jogo
de futebol: Marcar Golo!

1.2.1.1. 1ª Fase (Fase de Construção)


Esta fase tem como objetivo a progressão da bola, superando as linhas defensivas ad-
versárias mais adiantadas. Normalmente esta fase inicia-se quando a bola está na
posse do Guarda-Redes ou de algum jogador da equipa, normalmente nos mais recu-
ados, no terço do campo mais próximo da sua baliza.

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a) Saída a jogar em construção curta: este tipo de saída é quando a bola é colocada
num jogador posicionado no 1º terço do terreno de jogo, isto é, em zonas próximas da
própria baliza. Alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles quando faz
este tipo de construção são referidos em seguida.

i) Guarda-Redes a servir de apoio para se mudar o sentido do jogo:

O Guarda-Redes deve ser seguro e confiante com a bola nos pés, providenciando
sempre um apoio recuado (preferencialmente fora da linha da baliza) aos seus cole-
gas que têm a bola nas imediações da sua baliza. É importante que tenha capacida-
de para jogar a bola com os dois pés, preferencialmente com o mesmo nível de de-
sempenho. Este apoio providenciado, será importante para tirar a bola de zonas com
maior densidade de adversários e levá-la para zonas mais livres, nomeadamente no
corredor contrário.

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ii) Colocação da bola num dos Defesas Centrais (normalmente no mais próximo
da bola) com o outro a garantir cobertura no corredor central:

Este tipo de movimentação por parte do Defesa Central que não recebe a bola vai per-
mitir a concretização de vários objetivos. Desde logo, protege-se a equipa de ficar vul-
nerável a uma eventual perda da bola já que mesmo que os adversários a consigam
recuperar, vai haver sempre a ocupação do espaço central para a proteção da baliza.
Consegue-se também a criação de mais uma possibilidade de passe seguro uma vez
que a distância para a bola encurta-se.

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iii) Jogadores próximos da zona da bola:

Criar superioridade numérica atrás. Sempre que possível, deve garantir-se pelo me-
nos 3 linhas de passe, próximas e verticais, ao portador da bola. Com a criação deste
“losango” em relação à bola, é possível dar-se ao portador várias possibilidades de
passe e assim assegurar-se que a bola irá avançar mais facilmente no terreno de
jogo. Para que isto ocorra sucessivamente, quase todos os jogadores da equipa de-
vem movimentar-se para as imediações da zona onde o seu colega tem a bola. Este
aspeto também é fundamental para uma forte reação à perda da bola de forma se
conseguir recuperá-la de imediato ou equilibrar a equipa defensivamente.

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Com este tipo de posicionamento é também possível utilizar-se a dinâmica do “3º ho-
mem” para libertar a bola num colega de frente para o jogo.

Esta dinâmica é especialmente útil para que o Médio Centro, normalmente muito pres-
sionado pelos adversários, e habitualmente sem tempo nem espaço para receber a
bola, possa recebê-la nas costas do adversário que o pressiona, ficando assim de
frente para a baliza adversária e com possibilidades maiores de ler o jogo e optar pe-
las melhores soluções para fazer progredir a bola em direção da baliza adversária.
Sempre que possível todos os jogadores que recebem a bola sem oposição próxima,
devem virar-se de imediato, com uma boa receção orientada, para a baliza adversá-
ria. É também benéfica para aproveitar o posicionamento habitual do Extremo adver-
sário do lado da bola, a pressionar de muito perto o Defesa Lateral da equipa atacan-
te, para se conseguir avançar pelo corredor lateral com a colocação da bola nas cos-
tas do Extremo, ultrapassado pela entrada oportuna e atempada do Defesa Lateral da
equipa com a posse da bola.

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iv) Lateral a receber a bola ligeiramente dentro:

O Defesa Lateral da equipa atacante posicionado no lado da bola, deve sempre que
possível tentar receber a bola em espaços ligeiramente mais interiores e não junto à
linha lateral. Com este posicionamento garante que os seus colegas estarão mais pró-
ximos de si para poderem dar continuidade ao jogo e também compensar uma eventu-
al perda da bola. Isto permitirá que o Extremo do seu lado possa garantir mais uma
opção de passe junto à linha lateral de forma a haver a existência de pelo menos as 3
linhas de passe referidas anteriormente. Após a bola entrar no seu Extremo o Lateral
passa a ser o vértice mais recuado do “losango”, tendo assim que se aproximar da
zona da bola para dar cobertura ao portador e aproveitar os espaços livres para po-
der receber a bola ou se a equipa adversária estiver desequilibrada, poder fazer uma
sobreposição interior, ganhando as costas aos adversários junto à bola e recebendo-
a na frente. Se Lateral receber junto à linha lateral, o Extremo do seu lado deve ter a
preocupação de deslocar-se para dentro de forma a garantir que estão sempre em li-
nhas verticais diferentes e desta forma assegurar apoios em diagonal caso o seu cole-
ga receba a bola.

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v) Conduzir para atrair adversário:

Com espaço à sua frente livre de oposição, o portador da bola deve avançar com ela
de forma a atrair algum adversário para si. Esta atração irá fazer com que algum com-
panheiro de equipa fique disponível para receber a bola livre de oposição (irá tornar-
se o “homem livre”). É importante que o recetor da bola se posicione de uma forma
adequada para receber a bola de frente para a baliza adversária, isto irá fazer com
que consiga ler melhor o jogo e ser capaz de lhe dar continuidade da forma mais ade-
quada.

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b) Saída a jogar em construção média: este tipo de saída é quando a bola é colocada
num jogador posicionado no terço intermédio do terreno de jogo, isto é, em zonas pró-
ximas da linha de meio-campo. Alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Ná-
poles quando faz este tipo de construção são referidos em seguida.

i) “Campo Grande” para afastar adversários da zona onde a bola é colocada:


Usualmente nos pontapés de baliza, os adversários têm mais tempo e disponibilidade para se
colocarem de forma a que seja difícil à equipa sair a jogar desde trás à vontade. Assim sendo, o
Guarda-Redes para não arriscar a perda da bola em zonas próximas da sua baliza, vai tentar co-
locar a bola num colega situado perto da linha de meio-campo. Usualmente as outras equipas
nestas situações, juntam todos os jogadores e só aí o Guarda-Redes coloca a bola. O SSC Ná-
poles de Maurizio Sarri tenta, pelo contrário, manter os adversários afastados uns dos outros
quando pressionam, através da criação de “Campo Grande” (máxima amplitude e profundidade),
para que hajam mais espaços livres para se poder receber a bola e dar continuidade ao jogo.
Ao colocar a bola num dos lados da pequena área, o Guarda-Redes vai fazer com
que a equipa adversária bascule para esse lado, o que muitas vezes vai provocar a
libertação do Defesa Lateral do lado oposto ao da bola. O Lateral ao receber a bola
pode deslocar-se para um espaço livre para aí a controlar ou se algum adversário con-
segue aproximar-se muito dele, ele pode de primeira colocar a bola no Extremo des-
se lado, que
dá linha de
passe junto à
linha lateral.
Todos os ou-
tros jogadores
devem aproxi-
mar-se rapida-
mente desse
lado para ga-
rantir a conti-
nuidade do
jogo ofensivo.

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O Guarda-Redes ao receber a bola no corredor central e sem ter oposição de adver-


sários, pode aproveitar o afastamento dos adversários para procurar um colega livre
junto à linha de meio-campo para a receber entrelinhas. Assim, o Guarda-Redes deve
ter grande capacidade de passe (forte e preciso, normalmente com o peito do pé)
para aproveitar o distanciamento intralinhas (espaços entre jogadores do mesmo se-
tor da equipa) por parte dos adversários.

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ii) Troca posicional entre Lateral e Extremo:

Com a bola no corredor central e com o Guarda-Redes sem opção de passe para sair
a jogar desde trás, uma das soluções inovadoras de Maurizio Sarri para tentar manter
a posse da bola, é fazer a troca entre o Lateral e o Extremo de forma a que se benefi-
cie da maior qualidade no jogo aéreo do Lateral em relação ao Extremo. A partir daqui
o Lateral disputa a bola (preferencialmente numa zona anteriormente definida) envia-
da pelo seu Guarda-Redes e os seus colegas juntam-se nas zonas próximas para po-
derem ganhar as “2as bolas” e manter a sua posse.

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iii) Sob forte pressão colocar a bola no Ponta de Lança situado junto à linha de
meio-campo:

Os Defesas Centrais ao estarem sob pressão por parte dos adversários, normalmen-
te utilizam o Guarda-Redes como fuga a essa pressão. No entanto, a pressão normal-
mente é mantida e os atacantes adversários tentam recuperar a bola ao Guarda-Re-
des. Nesta situação, é importante que o Guarda-Redes manifeste comportamentos
de segurança (por exemplo, não tentar fintar os adversários que o pressionam) e opte
por colocar a bola longa para o seu Ponta de Lança que normalmente está situado
junto à linha de meio-campo. Ele deve tentar ficar com a sua posse e jogá-la com os
seus colegas que entretanto subiram no terreno de jogo e se aproximaram da zona
da bola (esta subida e aproximação é também importante para que se possa ganhar
uma “2ª bola”, caso o Ponta de Lança não consiga ficar com ela).

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c) Saída a jogar em construção longa: este tipo de saída é quando a bola é colocada
num jogador posicionado no terço final do terreno de jogo, isto é, em zonas próximas
da baliza da equipa adversária. Alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Ná-
poles quando faz este tipo de construção são referidos em seguida.

i) Guarda-Redes deve procurar aproveitar situações em que atacantes estão em


posição privilegiada para se isolarem:

Ao recuperar a bola com as mãos, o Guarda-Redes deve de imediato ver se há vanta-


gem em colocar uma bola longa para algum dos seus atacantes. A vantagem pode
ser, por exemplo, aproveitar o adiantamento da linha defensiva da equipa adversária
e isolar algum atacante junto à baliza adversária, pode ser também uma vantagem co-
locar a bola num atacante que se encontra numa situação de 1x1 com o seu marca-
dor direto e sem cobertura defensiva próxima.

Esta atenção constante à possibilidade de se aproveitar a profundidade irá fazer com


que a equipa adversária recue um pouco as suas linhas e dê mais espaço para que
se possa sair a jogar desde trás em construção curta com menor oposição.

Quando a bola está com o Guarda-Redes para a marcação de um pontapé de baliza,


aproveitando-
se o não ha-
ver a marca-
ção de fora de
jogo nestas si-
tuações,
pode-se colo-
car a bola
num colega
mais adianta-
do que os ad-
versários para
o isolar peran-
te o Guarda-
Redes adver-
sário.
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ii) Portador da bola em zonas próximas da sua baliza sob pressão, deve enviar
a bola para atacante que garante profundidade à equipa:

Ao serem pressionados pelos adversários e sem possibilidade de passarem a bola a


nenhum recetor próximo, os jogadores mais recuados devem procurar colocar a bola
na frente, nas costas da linha defensiva adversária, para a zona do atacante que ga-
rante a profundidade ofensiva. No caso do SSC Nápoles de Maurizio Sarri, esse joga-
dor é o Extremo Esquerdo (Lorenzo Insigne) que é muitas vezes solicitado nestas oca-
siões.

A bola usualmente enviada para o corredor lateral e numa zona próxima da grande
área adversária, deve fazer com que os restantes colegas subam no terreno de jogo
para se aproximarem e alguns deles devem mesmo ocupar os seus lugares na área
adversária para responderem da forma mais adequada a um possível cruzamento.

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1.2.1.2. 2ª Fase (Fase de Criação)


Esta fase tem como objetivo a criação de situações de desequilíbrio, de forma a se
conseguir chegar às zonas próximas da baliza adversária em condições vantajosas.
Normalmente esta fase inicia-se quando a bola entra no setor intermédio do campo.

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a) Criação do jogo ofensivo tendo a bola antes da linha de meio-campo: Em seguida


mostraremos alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles quando pos-
sui a bola no terço intermédio antes de a mesma ultrapassar a linha de meio-campo.

i) Atrair em condução para libertar em “homem-livre”:

Progredir com a bola para atrair adversário e libertá-la em seguida num colega que es-
teja livre de oposição (“homem-livre”), preferencialmente em jogadores colocados nos
espaços entrelinhas no corredor central do terreno de jogo. Colega orientado em dia-
gonal para dar linha de passe e colocado nas costas do adversário que pressiona.
Possibilidade de a recuar para um dos Defesas Centrais que estão a dar Cobertura
Ofensiva ao portador da bola.

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ii) Colocar a bola entrelinhas no corredor central:

Aproveitar o recuo do Ponta de Lança ou de algum dos Extremos para receber a bola
entrelinhas no corredor central e assim poder: a) rodar para a baliza adversária caso
esteja sem oposição próxima; b) devolver de frente para um dos três Médios Centro
(dinâmica do “3º homem”) que assim fica “orientado para o jogo” (possibilidade de vá-
rias combinações: Defesa Central-Extremo-Médio Centro / Médio Centro-Ponta de
Lança-Médio Interior / etc.) podendo realizar em seguida, passes em profundidade
para um dos Extremos ou para o Ponta de Lança (caso tenham possibilidades de se
isolar nas costas da linha defensiva ou possam receber a bola em situação de 1x1
com defesa adversário isolado e com coberturas defensivas afastadas - “dinâmica do
4º homem”).

Se Ponta de Lança ao recuar para receber a bola entrelinhas conseguir arrastar Defe-
sas Centrais adversários, um dos Médios Interiores deve aproveitar para entrar no es-
paço libertado nas suas costas (podendo até criar uma dinâmica de “3º homem em
progressão”).

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iii) Campo Pequeno a atacar:

Jogadores próximos entre si, com a criação de triângulos e losangos sucessivos, de


forma a se facilitar a ligação da linha defensiva com as restantes linhas (linha média e
linha atacante), principalmente pelo corredor central. Possibilidade de se mover a
bola por toda a linha defensiva, de um corredor lateral ao outro, a baixa velocidade se
adversário não coloca pressão na bola, para se atrair os adversários e em seguida
acelerar o jogo com um passe para médios ou atacantes entrelinhas. Caso não seja
possível a entrada da bola no corredor central, pode-se avançar pelo corredor lateral
em combinações curtas ou através de um passe longo em diagonal para Extremo con-
trário.

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iv) Equilíbrio Defensivo:

Quarteto defensivo a equilibrar a equipa atrás de forma a precaver uma eventual per-
da da bola. Defesas Laterais próximos dos Defesas Centrais (no corredor central).
Uma eventual subida de um Defesa Lateral para entrada com a bola em combinação
pelo seu corredor deverá ser precavida com o deslocamento do outro Defesa Lateral
para junto dos Defesas Centrais e criação de uma linha defensiva a três temporária.
No centro do meio-campo garantir também um equilíbrio posicional com a presença
de dois Médios Centro no corredor central para facilitar a circulação da bola e uma rá-
pida recuperação da bola logo após uma eventual perda.

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b) Criação do jogo ofensivo tendo a bola depois da linha de meio-campo: Em seguida


mostraremos alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles quando pos-
sui a bola no terço intermédio depois de a mesma ultrapassar a linha de meio-campo.

i) Mobilidade sem bola:

Jogadores sem bola devem estar sempre a procurar espaços livres de forma a pode-
rem receber a bola. Importante estarem posicionados diagonalmente em relação ao
portador da bola. O portador da bola após realizar o passe pode avançar e aproveitar
o espaço libertado pelo movimento dos seus colegas mais adiantados.

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ii) Circular a bola de um corredor ao outro e entrar por dentro:

Desorganizar a equipa adversária com a realização de muitos passes em pouco tem-


po (muitas vezes ao 1º toque), de forma a atrair os adversários para a zona da bola e
dar tempo aos colegas para que se coloquem para receber a bola (entrelinhas ou em
profundidade). Jogadores mais recuados devem estar sempre conscientes da melhor
altura para jogar a bola entrelinhas (entre setor médio e defensivo da equipa adversá-
ria) no corredor central (para Ponta de Lança, Extremos ou Médios Interiores aí situa-
dos livres de oposição). Os jogadores sem bola devem movimentar-se para darem li-
nha de passe diagonal ao portador pelos espaços intralinhas (espaços entre os joga-
dores do mesmo setor da equipa adversária), de forma a criarem canal de progressão
da bola. Jogador que recebe entre linhas (normalmente Ponta de Lança que utiliza a
dinâmica do “Falso 9”) caso esteja sem adversários perto, pode rodar e ficar de frente
para a baliza adversária e posteriormente progredir com a bola, ou pode devolver a
algum companheiro que esteja em boa posição para receber a bola. Habitualmente
esta devolução é realizada utilizando-se a dinâmica do “3º Homem” (devolver de fren-
te para Médio que está de frente para a linha média adversária) a do “3º Homem em
Progressão” (devolver para Médio que aparece em progressão para receber nas cos-
tas da linha média adversária) ou a do “3º Homem em Profundidade” (isolar Extre-
mos nas
costas da
linha defen-
siva adver-
sária apro-
veitando a
s u a d e s-
marcação
de rutura).

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iii) Manutenção da máxima profundidade:

Garantir sempre a máxima profundidade possível (pelo centro ou pelos corredores la-
terais) de forma a ter-se em todos os instantes a opção de receber a bola nas costas
da linha defensiva adversária. Possibilidade de haver trocas posicionais entre os joga-
dores para dar fluidez ao jogo ofensivo e para se garantir alguém sempre disponível
entrelinhas (por exemplo, se Ponta de Lança recua para dar opção entrelinhas, Médi-
os Interiores ou Extremos podem dar profundidade pelo centro do terreno de jogo en-
trando nas costas do Ponta de Lança). Se atacantes estão em condições de se isolar
nas costas da linha defensiva adversária devem ser utilizados em profundidade (fazer
desmarcação circular prévia de forma a se colocarem da melhor forma para recebe-
rem a bola enquadrados com a baliza e não ficarem em posição de fora de jogo). Se
Extremo do lado da bola vai para dentro, Lateral local deve subir e garantir a máxima
amplitude e profundidade (Laterais e Extremos devem procurar estar sempre em li-
nhas diferentes, fora/dentro, para facilitar a combinação entre eles). Normalmente o
sinal para a desmarcação em profundidade dos atacantes é o recuo da bola de um
dos corredores laterais para o corredor central para um médio que fica de frente e
com a “bola descoberta” em condições ótimas para isolar um companheiro (que ideal-
mente se encontra a alguma distância do último defesa e instantes antes do passe,
desmarca-
se rapida-
m e n t e
para as
costas da
linha defen-
siva em
profundida-
de).

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iv) Flanquear a equipa adversária:

Avançar com a bola por um dos corredores laterais através da entrada do Lateral lo-
cal em profundidade caso os adversários fechem bem o seu corredor central não per-
mitindo a entrada da bola pelos espaços intralinhas para as zonas entrelinhas. Desen-
volvimento de vários tipos de triangulações ofensivas principalmente entre o Lateral,
Extremo e Médio Interior locais.

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1.2.1.3. 3ª Fase (Fase de Finalização)


Esta fase tem como objetivo a ocupação de espaços relevantes para o remate à bali-
za adversária. É realizada no terço ofensivo.

Em seguida mostraremos alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles


quando possui a bola no terço ofensivo junto à baliza adversária.

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i) Preparação do remate exterior no corredor central:

Várias combinações ofensivas de forma a permitirem o remate, sem oposição, dos jo-
gadores colocados à entrada da grande área adversária (normalmente os Médios Inte-
riores e o Médio Centro). Normalmente combinar num dos corredores laterais para
atrair os adversários e depois libertar a bola num homem livre para remate no corre-
dor central. Necessidade destes jogadores que efetuam o remate serem capazes de
o fazer com um e outro pé de primeira ou após receção orientada da bola, de forma a
não perderem tempo a colocar a bola no pé dominante e assim perderem a vantagem
ganha em relação aos adversários. Defesas Laterais também podem por vezes ir
para dentro (em condução da bola ou quando a mesma se encontra no outro corredor
lateral) para em seguida rematarem desde fora da área. Quando atacantes têm a
bola dentro da área adversária devem ter sempre a opção de a recuar para a entrada
da área para que algum dos Médios possa realizar o remate exterior, esta opção é ex-
tremamente útil e perigosa quando a outra equipa opta por uma defesa muito recua-
da.

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ii) Recuar a bola para um colega “de frente” e entrada de atacantes em profundi-
dade:

Quando atacantes se encontram sem opções para avançar, podem recuar a bola
para algum colega que esteja “de frente” para o jogo (normalmente o Médio Centro),
que com a “bola descoberta” tenta isolar algum dos companheiros que efetuam a des-
marcação de rutura nas costas da linha defensiva adversária. Usualmente a corrida
de desmarcação deve ser realizada por algum dos atacantes que não fez o passe re-
cuado (normalmente encontram-se mais livres de marcação). Privilegiar a colocação
da bola numa das zonas laterais da grande área para evitar a intervenção do Guarda-
Redes a proteger as costas da sua linha defensiva. Ponta de Lança pode recuar para
arrastar os Defesas Centrais adversários da zona para onde se quer enviar a bola
(desde que a profundidade seja garantida pelo menos por dois colegas, um em cada
lado do campo).

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iii) Ponta de Lança a atuar como pivot ofensivo à entrada da área adversária:
Ponta de Lança com a capacidade para tabelar com os seus companheiros de forma a permitir-lhes rematar
sem oposição ou de se isolarem. Antes desta ação, o Ponta de Lança deve recuar para se afastar da marca-
ção cerrada dos Defesas Centrais adversários (caso estes o acompanhem, cria-se condições para que algum
jogador vindo de trás possa isolar-se nas costas da linha defensiva adversária pelo corredor central). Vários
tipos de situações beneficiam desta capacidade do Ponta de Lança:

- Extremos podem conduzir a bola de fora para dentro e tabelar com Ponta de Lança para remate posterior;

- Ponta de Lança pode receber a bola e rodar para a baliza adversária para depois ficar em posição privilegia-
da para rematar à baliza (idealmente junto a um dos postes). Para além da bola pelo solo, é importante que
consiga, por exemplo, receber e rodar sem a bola tocar no solo para de seguida rematar à meia-volta. Se o
conseguir fazer de um e do outro lado, com um pé e com o outro, ainda melhor;

- Médio Interior a passar para Ponta de Lança que em seguida coloca a bola para as costas da linha defensiva
adversária, no espaço entre Central e Lateral adversários, para a entrada de um dos Extremos (previamente
colocados ao lado dos Laterais adversários e preparados para ganhar em profundidade) de forma a ficarem
isolados e poderem marcar ou assistir o outro companheiro;

- Dinâmica de “1º a 4º homem” isto é, o Médio Interior (“1º homem”) passa para o Ponta de Lança e desmar-
ca-se em profundidade, Ponta de Lança faz passe para Extremo mais próximo, Extremo recebe a bola e iso-
la o Médio Interior que iniciou a sequência (“4º homem”);

- Ponta de Lança recebe a bola de um dos corredores laterais e em seguida serve um dos Médios Interiores
que aparecem de trás para o remate. É útil que o Ponta de Lança antes de passar a bola a aguente um pou-
co para que os adversários sejam atraídos para a zona da bola;

- Médio Interior
a avançar com
a bola pelo cor-
redor central e
a tabelar com
o Ponta de
Lança para se
isolar nas cos-
tas da linha
defensiva ad-
versária.

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iv) Triângulo ofensivo no corredor esquerdo:


Predominância da utilização do corredor esquerdo para se chegar ao golo. Grande capacidade
de ligação entre o Lateral, Extremo e Médio Interior do lado esquerdo. Utilização de um Extremo
com pé contrário (destro a jogar pela esquerda) que realiza muitos movimentos fora/dentro com
a bola o que lhe permite em seguida optar pelas seguintes ações:

- Avançar em drible para o interior e após ultrapassar os adversários, rematar desde fora da
área (normalmente para o poste mais afastado);

- Entrada para dentro com a bola e sobreposição exterior por parte do Lateral local para conse-
guir receber a bola à frente para a cruzar para uma das zonas predefinidas pela equipa;

- Médio Interior local sempre próximo do Extremo com a bola, para a poder receber e a rematar
à baliza (de primeira ou após a receber orientada);

- Extremo contrário junto ao Lateral adversário para poder receber a bola nas suas costas e fina-
lizar em zona privilegiada;

- Tabela do Extremo com o Médio Interior e entrada nas costas da linha defensiva adversária
com possibilidade de se isolar e rematar ou passar a bola para outro colega.

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v) Sobreposições (interiores ou exteriores) junto aos corredores laterais para se


conseguir levar a bola para zonas de cruzamento:

Tabela com apoio amplo e profundo (Lateral ou Extremo) para em seguida se conse-
guir receber a bola nas costas da linha defensiva adversária, junto ao corredor lateral
para posterior cruzamento da bola para a área. Ocupação das zonas de finalização
predefinidas por três a quatro atacantes (Ponta de Lança ao 1º poste, Extremo contrá-
rio ao 2º poste, Médio Interior e Extremo locais numa segunda linha junto à marca de
pénalti para finalizar cruzamento recuado). Importância de se criar uma “diagonal posi-
tiva” para se poder marcar após cruzamento recuado, tendo sempre um ou dois joga-
dores aí posicionados. Desenvolver a capacidade de fazer remates acrobáticos.

Algumas das combinações possíveis são as seguintes:

- Médio Interior a tabelar com Extremo ou Lateral locais, amplos e profundos para re-
ceber à frente junto ao corredor lateral para cruzar;

- Médio Interior a dar a bola ao Extremo ou Lateral locais e a ir nas suas costas após
este levar a bola para dentro (entrar nas costas do colega para o qual passou a bola
para receber à frente).

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vi) Ligação de corredor a corredor:

Quando Extremo tem a bola na sua posse e a linha defensiva adversária encontra-se
quase na mesma linha do colega que se opõe ao portador, é possível enviar a bola
pelas costas da linha defensiva para a contornar por trás de forma a que ela chegue
ao outro Extremo que se desloca para dentro (possibilidade de receber nas costas do
Lateral adversário que o marca ou possibilidade de se antecipar e ganhar a sua fren-
te).

Extremo oposto deve estar na mesma linha do adversário e próximo dele (evitar ficar
em fora de jogo e conseguir atacar a bola primeiro do que o adversário). Fundamental
tirar-se o cruzamento da zona de ação do Guarda-Redes adversário.

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vii) Extremos preparados para receber a bola em profundidade ao lado dos Late-
rais adversários:

Quando algum jogador conduz a bola pelo corredor central no terço ofensivo do cam-
po, os Extremos e/ou o Ponta de Lança, devem colocar-se ao lado dos Laterais adver-
sários (em máxima profundidade possível) para poderem receber a bola (em profundi-
dade ou no pé para receção orientada), para posterior remate cruzado junto ao poste
ou passe para o colega que entra do outro lado. Os atacantes devem colocar-se próxi-
mos dos Laterais adversários, garantindo sempre algum espaço para poder receber a
bola sem oposição, devem ter atenção para não ficarem em posição de fora de jogo.

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1.2.2. Transição Defensiva


Este momento do jogo refere-se aos comportamentos que os jogadores devem ado-
tar, durante os instantes que se seguem à perda da posse da bola, para a tentar recu-
perar o mais rapidamente possível.

1.2.2.1. Perda da bola no terço ofensivo do campo


Quando a bola é perdida junto à baliza da equipa adversária a equipa usualmente
adota os seguintes comportamentos:

- Pressão imediata ao portador da bola (Guarda-Redes adversário inclusive) de forma


a se poder recuperar a bola junto à baliza adversária (maior probabilidade de marca-
rem golo se têm êxito) ou pelo menos obrigar os oponentes a bater a bola para a
frente, o que permite a recuperação posterior da bola por parte dos jogadores mais
recuados. Estes devem estar sobre a linha do meio-campo, a vigiar potenciais rece-
tores nas costas dos colegas que pressionam a bola, mas principalmente preocupa-
dos em defender a profundidade.

- Tentar numa 1ª fase, direcionar os adversários com a bola para os corredores late-
rais, de forma a se poder facilitar o trabalho de recuperação da bola ao ser mais fácil
evitar que ela saia daí em relação a quando ela se encontra no corredor central.
Existência de uma estrutura móvel de pressão (constituída pelos três atacantes, Mé-
dios Interiores e Lateral do lado da bola) e uma estrutura fixa de cobertura (Médio
Centro, Defesas Centrais e Lateral do lado oposto ao da bola).

- Esforço coletivo de toda a equipa para que a pressão surta efeito, com todos os joga-
dores cientes da necessidade de se recuperar a bola imediatamente após a sua per-
da, indo todos os jogadores rapidamente para as imediações da zona onde está a
bola.

- Se a pressão for ultrapassada, a equipa reorganiza-se rapidamente atrás sendo fun-


damental a recomposição da linha defensiva a quatro (mesmo que seja por algum
jogador com outras funções - por exemplo Médio Interior a ocupar o lugar do Lateral
local que entretanto estava a dar máxima profundidade à equipa) para evitar entra-
das dos adversários pelos espaço entre os Defesas Centrais e os Defesas Laterais.

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- Em todos os momentos a equipa deve garantir uma cobertura defensiva de uma li-
nha de três defesas (com permuta entre os Laterais consoante o lado onde se en-
contra a bola) e de um jogador (normalmente o Médio Centro), à frente desta linha
de três defesas, no corredor central, a dissuadir passes pelo centro e a direcionar o
jogo adversário para as linhas laterais de forma a dar mais tempo para que os seus
colegas ultrapassados possam recuperar as suas posições defensivas.

- Os jogadores ultrapassados devem rapidamente recuperar as suas posições atrás


para juntar a equipa, já que poderão ser úteis poucos segundos mais tarde para a
recuperação da bola e/ou defesa da baliza.

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1.2.2.2. Perda da bola no terço médio do campo


Quando a bola é perdida na zona do meio-campo (ofensivo e defensivo), a equipa
usualmente adota os seguintes comportamentos:

- Pressão imediata sobre o portador da bola logo após a sua perda assim como do es-
paço em redor, por todos os jogadores integrantes da estrutura móvel de pressão
(encurtar espaços entre os jogadores e tentar ganhar a bola “pela frente ou por
trás”). Os jogadores da estrutura fixa devem vigiar o espaço nas costas da estrutura
móvel, principalmente o Médio Centro (privilegiando o fecho do corredor central, ten-
tando direcionar os adversários para um dos corredores laterais), mas fundamental-
mente devem procurar proteger os espaços em profundidade nas suas costas (as-
sim como o Guarda-Redes). Caso algum adversário ultrapasse a estrutura móvel de
pressão com a bola controlada e a conduza na direção da linha defensiva, os defe-
sas (três ou quatro) devem ir recuando para proteger a profundidade (e também ga-
nhar tempo para a recuperação defensiva dos seus colegas ultrapassados) até per-
to da sua grande área e depois algum deles sair na contenção ao portador da bola
com os restantes a dar cobertura defensiva (com a “dinâmica 1/3” - 1 na contenção
e 3 na cobertura, ou com a “dinâmica 1/2” - 1 na contenção e 2 na cobertura).

- Jogadores ultrapassados devem recuperar velozmente as suas posições defensivas


atrás, fazen-
do-o o mais
rapidamente
possível uma
vez que pode-
rão ser úteis
no imediato
ou após al-
guns segun-
dos.

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1.2.2.3. Perda da bola no terço defensivo do campo


Quando a bola é perdida junto à sua própria baliza, a equipa usualmente adota os se-
guintes comportamentos:

- Fechar rapidamente os espaços em profundidade (com o Guarda-Redes preparado


para sair da baliza para proteger as costas da sua linha defensiva, caso seja neces-
sário) e ocupar as posições defensivas dentro da grande área, determinadas previa-
mente. Para tal, é necessária uma forte reação à perda, principalmente pelos jogado-
res da linha defensiva e dos Médios para fechar uma “2ª linha”, com uma movimenta-
ção conjunta de todos estes jogadores e também dos outros, colocando-se sempre
pressão sobre o portador da bola da equipa adversária de forma a lhe dificultar a
continuidade da ação (em passe ou em condução). Se possível, deve também ga-
rantir-se a cobertura defensiva ao jogador que sai na pressão à bola.

- Esse fecho rápido da profundidade é vital para que se evite que a bola seja coloca-
da para as costas da linha defensiva (entre a linha defensiva e o Guarda-Redes),
contornando a defesa por trás.

- A proteção dos espaços numa “2ª linha” por parte dos Médios, é também importante
para se
evitar si-
tuações
de peri-
g o
a q u a n-
do de
algum
c r u z a-
mento
r e c u a-
do.

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1.2.3. Organização Defensiva


Este é o momento do jogo em que a equipa não tem a posse da bola e em que tenta
recuperá-la o mais rapidamente possível, protegendo em todos os momentos a sua
baliza para os adversários não marcarem golo.

1.2.3.1. 1ª Fase (Evitar a Construção do Jogo Ofensivo Adversário)


Esta fase tem como objetivo direcionar a equipa adversária para as zonas de pressão
previamente definidas de forma a impedir-se a sua progressão pelo terreno de jogo e
criar-se condições para se recuperar a bola rapidamente e perto da baliza adversária.
Em seguida mostraremos alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles
nesta fase.

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i) Deixar a bola entrar para em seguida pressionar:

Inicialmente, quando a bola está na posse do Guarda-Redes adversário (nas suas


mãos ou na marcação do pontapé de baliza), os atacantes dão algum espaço aos de-
fesas mais recuados da equipa adversária (normalmente os Defesas Centrais) para
que possam receber a bola junto à sua baliza e iniciarem a construção do jogo ofensi-
vo desde trás. Em seguida, quando a bola é recebida pelos adversários, os jogadores
(atacantes, médios e lateral local) aproximam-se e pressionam o portador da bola e
os potenciais recetores, tentando recuperar a bola o mais perto possível da baliza ad-
versária (maior probabilidade de se obter golo em seguida), com os oponentes posici-
onalmente desequilibrados.

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ii) “Bola coberta” constantemente:

Pressão forte e intensa sobre o portador da bola adversário (mesmo sobre o Guarda-
Redes quando recebe uma bola recuada por um companheiro e não a pode recolher
com as mãos), nunca deixando a bola “descoberta”. Tentar recuperar a bola rapida-
mente ou fazer com que adversários a joguem para fora ou para longe (facilitando a
sua recuperação). Na pressão ao portador da bola, principalmente quando há troca
de marcação, é necessário fazer movimentação para a bola (circular), que feche a li-
nha de passe para o adversário que ficou nas suas costas e haja algum colega próxi-
mo que divida a marcação entre o adversário que tinha e o que entretanto ficou livre
(isto acontece por exemplo quando o Ponta de Lança vai pressionar o Guarda-Redes
e tem de fechar a linha de passe, nas suas costas, para o Defesa Central que entre-
tanto deixou de marcar).

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iii) Direcionar a bola para a zona pretendida:

Após o estudo às equipas adversárias, define-se quais são os jogadores que têm
mais dificuldade na construção do jogo ofensivo e quais são as zonas mais benéficas
para exercer pressão e recuperar a bola. Usualmente, nos jogos com as melhores
equipas, tentar direcionar os adversários para os corredores laterais e depois evitar
que a bola saia desse corredor através de uma grande pressão coletiva. É importante
também conhecer quais são os pés favoritos dos jogadores adversários mais recua-
dos para poderem ser direcionados para o seu “lado fraco”, facilitando a recuperação
da posse da bola. Para se ter sucesso, é preciso que os jogadores mais recuados
basculem também para o lado da bola e protejam os espaços nas costas dos colegas
que pressionam.

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iv) Pressionar portador da bola adversário de frente para a sua baliza:

Com a pressão constante exercida, os adversários terão muitas vezes de se virar


para a sua própria baliza, e principalmente junto ao corredor lateral, tentarão enviar a
bola contra o atacante para ganharem um lançamento lateral ou um pontapé de bali-
za ou então deixarão o atacante aproximar-se e ao mínimo toque atirarem-se para o
solo de forma a ganharem uma falta para aliviarem a pressão. Assim é importante
que a pressão seja realizada com inteligência, evitando-se as faltas e saindo-se da
frente da bola no momento em que ela é enviada contra o atacante que pressiona
(para se ter sucesso neste comportamento em relação à recuperação da bola, os res-
tantes colegas deverão aproximar-se dos potenciais recetores da bola e os mais recu-
ados, nomeadamente o Médio Centro e o Lateral local, deverão estar preparados
para intercetar a bola na frente dos adversários).

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v) Proteger a profundidade:

Pressionar os adversários com os jogadores integrantes da estrutura fixa (Ponta de


Lança, Extremos, Médios Interiores, Defesa Lateral do lado da bola e por vezes o Mé-
dio Centro) mas garantir sempre a proteção dos espaços em profundidade nas costas
da equipa com os jogadores integrantes da estrutura fixa (Defesas Centrais, Defesa
Lateral do lado oposto ao da bola e por vezes o Médio Centro) e também com a ajuda
do Guarda-Redes (que deverá “sair da baliza” e colocar-se nas imediações da grande
área).

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1.2.3.2. 2ª Fase (Evitar a Criação de Situações de Finalização)


Esta fase tem como objetivo dificultar a manifestação de interações da equipa oponen-
te, que lhe favoreçam possibilidades de criarem desequilíbrios para se aproximarem
da baliza adversária. Em seguida mostraremos alguns dos comportamentos adotados
pelo SSC Nápoles nesta fase.

i) Pressionar o portador da bola e o espaço em redor:

O portador da bola da equipa adversária deverá ser pressionado constantemente até que se con-
siga recuperar a bola (recuperação direta: através de interceção ou desarme; ou, recuperação
indireta: bola colocada para fora do terreno de jogo ou entregue a algum companheiro). Deve
também haver constantes coberturas defensivas nas imediações da zona onde se tenta recupe-
rar a bola de forma a não se deixar nenhum colega do portador sem marcação próxima, aqui
pode-se falar de um posicionamento que “espelhe” os adversários que podem receber a bola.
Esta pressão forte e intensa dificulta a tomada das melhores decisões por parte do portador o
que facilita em muito o trabalho defensivo global da equipa. Necessidade de por vezes os Médi-
os Interiores saírem da linha média para pressionar o Defesa Central adversário que recebe a
bola do seu colega (pressionado pelo Ponta de Lança). Importante haver aqui uma troca de mar-
cação com algum colega que passa a preocupar-se com o que “abandona” (importância de ao
sair da
sua linha
para pres-
sionar ad-
versário,
faça deslo-
camento
que possa
dissuadir
passe nas
suas cos-
tas para o
que esta-
va a vigi-
ar).

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ii) Fazer “Campo Pequeno” junto à zona da bola:

Equipa junta, em amplitude (basculação) e em profundidade (compactação) com a li-


nha defensiva próxima dos outros setores a fechar espaços entrelinhas mas orienta-
da para proteger fundamentalmente a profundidade (assim como o Guarda-Redes -
mais ou menos afastado da sua baliza consoante o local onde os adversários têm a
bola e se a têm coberta ou descoberta). Em caso da bola entrar nas costas da linha
média no espaço entrelinhas, para um dos atacantes adversários, um dos Defesas
Centrais pode sair para o pressionar, mas os outros três colegas de setor devem ga-
rantir-lhe de imediato uma “cobertura a 3” (Defesas Laterais, principalmente o do lado
oposto ao que se encontra a bola, devem preocupar-se em fechar os espaços entre si
e o Defesa Central próximo). Os elementos da linha média devem de imediato aproxi-
mar-se da zona da bola para criar uma “pressão pela frente e por trás”.

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iii) “Ler” a intenção do portador da bola adversário:

Diferenciar os comportamentos a manifestar de acordo com a “Bola Coberta”, “Bola Descoberta”, “Recuo Cur-
to da Bola” e “Recuo Longo da Bola”.

“Bola Coberta”: a bola está coberta quando um colega de equipa, ou o próprio portador da bola adversário, se
encontra próximo da bola entre a mesma e a baliza da equipa que não a tem em sua posse. Ao acontecer
esta situação, os jogadores das linhas mais recuadas podem estar mais preocupados com a proteção do espa-
ço entrelinhas já que não será fácil nesta situação, a bola ser colocada para as suas costas (estar no entanto
sempre atento a rápidas mudanças de situação que possam tornar favorável o envio da bola em profundidade
por parte do adversário).

“Bola Descoberta”: a bola está descoberta quando o portador adversário não tem oposição perto e está à von-
tade para poder colocar uma bola em profundidade ou para avançar com ela. Nesta situação, os jogadores
das linhas mais recuadas devem preparar-se para retroceder de forma a acompanharem uma eventual entra-
da dos adversários no espaço existente nas suas costas (importante também o Guarda-Redes vigiar o espaço
nas costas dos seus colegas mais recuados). Esse recuo deve ser veloz principalmente no momento em que
o portador faz o último apoio antes de enviar a bola.

“Recuo Curto da Bola”: quando a bola é recuada por um adversário para um colega próximo, i.é., a bola man-
tém-se praticamente na mesma zona, os jogadores mais recuados devem manter as mesmas posições e ter
cuidado com alguma bola colocada nas suas costas (o mesmo se aplica para uma bola curta passada horizon-
talmente, mas aqui deve haver também uma movimentação horizontal para o lado da bola).

“Recuo Longo da Bola”: quando a bola é recuada por um adversário para um colega afastado, i.é, a bola viaja
para outra zona, os jogadores mais recuados devem subir as suas posições no campo (empurrando os seus
colegas mais adi-
antados para a
frente), de forma
a ganharem
campo e restrin-
girem o espaço
de jogo para a
equipa contrá-
ria. Outros refe-
renciais para su-
bir no campo
para além da
bola recuada se-
rão: receção de
costas do adver-
sário, condução
da bola para
trás e bola longa
horizontal.

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iv) Cobertura 1/3:

Quando a equipa adversária se encontra sem soluções para ultrapassar a pressão in-
tensa que lhe é colocada, a reação natural é começar a enviar a bola longa para o
desvio do seu Ponta de Lança. A esta disputa aérea deverá sair o defesa mais próxi-
mo da zona de queda da bola, tentando ganhar a bola e se possível direcionando-a
para que um companheiro possa iniciar o ataque. Os outros três defesas deverão ga-
rantir a cobertura a três. Os médios e os atacantes deverão recuar rapidamente para
manter a equipa com todos os setores próximos entre si e facilitar a recuperação da
bola.

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v) Acompanhar entrada de adversários vindos de trás:

Principalmente quando a bola se encontra junto a um dos corredores laterais, have-


rão médios adversários que tentarão vir de trás para poderem receber a bola sem
oposição nas costas da linha defensiva. Nestas situações a equipa poderá reagir das
seguintes maneiras: a) absorção da entrada de um adversário por parte do Defesa
Central local, com Lateral do lado da bola a compensar a saída do seu colega e a ir
rapidamente para dentro, de forma a recompor a cobertura a três o mais rapidamente
possível (trocas posicionais defensivas); b) acompanhamento da entrada de um mé-
dio adversário por parte do Médio Interior do lado da bola. Evitar deslocar o Médio
Centro do centro do terreno uma vez que ocupa zona crucial tanto para o ataque
como para a defesa. Quando a bola é jogada por algum dos corredores laterais, os
defesas deverão orientar o corpo para a bola, posicionando-se lateralmente com os
pés virados para essa linha lateral.

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vi) Recuo até junto da grande área:

Quando os atacantes e médios são ultrapassados pelos adversários e eles conduzem


a bola de frente para a linha defensiva, os quatro defesas devem recuar até junto da
grande área. Situados nas imediações da grande área, um dos defesas deverá sair
na contenção ao portador adversário e os outros três defesas deverão cobrir o espa-
ço central nas suas costas vigiando potenciais entradas de adversários em profundi-
dade. O Guarda-Redes deverá controlar o espaço nas costas dos seus defesas de for-
ma a poder cobrir os seus companheiros sem no entanto esquecer-se da sua missão
principal: proteger a baliza.

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1.2.3.3. 3ª Fase (Evitar a Finalização com Êxito)


Esta fase tem como objetivo a proteção dos espaços significativos perto da grande
área de forma a evitar-se que a equipa adversária possa marcar golo. Em seguida
mostraremos alguns dos comportamentos adotados pelo SSC Nápoles nesta fase.

i) Fechar a via de progressão direta dos adversários:

Quando os atacantes adversários são procurados com passes de rutura para as cos-
tas da linha defensiva, os defesas que estão perto deles devem proteger a saída do
Guarda-Redes, fechando a via de progressão direta para a bola. Isto irá obrigar os ad-
versários a percorrerem mais distância, dando assim, mais tempo para que o Guarda-
Redes se apodere da bola.

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ii) Acompanhamento dos adversários que entram desde trás:

Os Médios Interiores (do lado onde a bola se encontra) devem sempre que possível
acompanhar os médios adversários que se desmarcam nas costas da linha defensi-
va. Ao realizar este trabalho vão permitir que os seus colegas (nomeadamente os De-
fesas Centrais e Médio Centro) se preocupem essencialmente com a defesa do espa-
ço central da grande área. Na impossibilidade do Médio Interior seguir a entrada do
adversário, deve ser o Defesa central local a acompanhá-lo, indo o Médio Centro
para o centro da área ocupar a posição do seu colega e compor a linha defensiva a
três.

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iii) Jogo Posicional Defensivo:

Conhecimento das posições e comportamentos defensivos a assumir de acordo com


o local onde está o adversário com a bola e a distância a que a mesma se encontra
da baliza. Troca de posições com os colegas de acordo com as necessidades do mo-
mento, sempre com compensações entre todos para evitar que as posições defensi-
vas fiquem desocupadas.

Bola nas imediações da grande área junto aos corredores laterais:

Defesa Lateral do lado da bola deve pressionar o portador adversário (1ª Linha de
Pressão) enquanto os outros três integrantes da linha defensiva deverão colocar-se
mais recuados a dar cobertura ao seu colega (2ª Linha de Cobertura - posicionada na
linha do Defesa Central mais próximo da bola e com os apoios virados para essa li-
nha lateral). Se o portador ultrapassa o Defesa Lateral, o Defesa Central próximo
pode sair na contenção, indo o Defesa Lateral rapidamente para o corredor central da
área proteger a baliza e compensar a saída do seu colega.

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Bola nas imediações da grande área no corredor central:

Os defesas deverão formar uma “Linha Defensiva de 4” no corredor central (se a bola
tiver vindo do corredor lateral, o Defesa Lateral desse lado deve o mais rapidamente
possível ir para dentro para compor a linha a quatro), com os futebolistas próximos en-
tre si de forma a não existirem espaços entre eles para os adversários colocarem a
bola. Caso algum adversário conduza a bola em direção à grande área, um dos defe-
sas deverá sair à bola para o pressionar, enquanto os outros três integrantes da linha
defensiva deverão colocar-se mais recuados a dar cobertura ao seu colega (com os
apoios colocados de forma a poderem proteger o espaço em profundidade). Caso o
defesa que sai seja ultrapassado, passam de uma “Cobertura 1/3” para uma “Cobertu-
ra 1/2”, isto é, um defesa sai na pressão ao portador e dois colegas fazem a cobertu-
ra nas suas costas.

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Depois da bola entrar nos espaços ao lado da grande área:

Com a bola a 16 metros da linha de baliza, o Defesa Lateral local deverá pressionar o
portador e os outros três integrantes da linha defensiva deverão descer em diagonal
para o centro da grande área para protegerem a baliza, numa linha mais recuada. De-
vem orientar os apoios para o lado da bola e preocuparem-se em proteger o espaço
nas costas do colega à sua frente.

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Com a bola a 8 metros da linha de baliza, o Defesa Lateral local deverá pressionar o
portador. O Defesa Central mais próximo da zona onde se situa a bola, ligeiramente
mais baixo de modo a poder intercetar um eventual cruzamento ao 1º poste e evitar
uma potencial antecipação de algum adversário. Os outros dois defesas numa linha
intermédia em relação aos seus dois colegas a proteger o espaço à frente da baliza.

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Com a bola a 2 metros da linha de baliza, o Defesa Lateral local deverá pressionar o
portador e os outros três integrantes da linha defensiva deverão criar uma “Diagonal
Negativa” isto é, dar cobertura em diagonal iniciando com o Defesa Central mais próxi-
mo da zona onde se encontra a bola e terminando com o Defesa Lateral do lado opos-
to. O Médio Centro deverá colocar-se em linha com o Defesa Central do lado da bola
para ser capaz de intercetar um eventual cruzamento recuado para uma 2ª linha
(zona em que o Defesa Central do lado da bola está impossibilitado de intervir).

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iv) “Limpar” a grande área:

Quando algum futebolista consegue intercetar a bola e colocá-la fora da grande área,
deve haver uma saída conjunta de todos os jogadores, ganhando-se o maior terreno
possível de forma a se afastarem das imediações da baliza. A velocidade de saída
deve ser adequada à situação, havendo necessidade de uma leitura do jogo de forma
a saberem se podem continuar a subir ou se haverá necessidade de parar e preparar
a defesa da profundidade.

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1.2.4. Transição Ofensiva


Este momento do jogo refere-se aos comportamentos que os jogadores devem ado-
tar, durante os instantes que se seguem à recuperação da posse da bola, para tentar
aproveitar a desorganização defensiva da equipa adversária e criar oportunidades de
golo.

1.2.4.1. Recuperação da bola no terço defensivo do campo


Quando a bola é recuperada junto à sua baliza a equipa usualmente adota os seguin-
tes comportamentos:

- Sempre que possível, os jogadores devem recuperar a bola de uma forma que per-
mita à equipa continuar com ela na sua posse. Temos então os “desarmes legais” e
as “interceções positivas” como elementos fundamentais neste momento. Serão
eles que permitirão que se possa sair a jogar desde trás com a bola controlada.

- A primeira intenção é conseguir tirar a bola da zona onde foi recuperada, vertical-
mente ou horizontalmente. Verticalmente: como opção de saída os jogadores procu-
rarão o Ponta de Lança, em profundidade (caso esteja em condições vantajosas em
relação aos adversários) ou no espaço entrelinhas (entre médios e defesas adversá-
rios). Caso receba em profundidade (usualmente com um movimento circular prévio
de forma a poder receber de frente para a baliza adversária) deverá progredir para a
baliza e em seguida tentar o golo ou assistir algum companheiro que entretanto che-
ga desde trás. Caso receba entrelinhas, com oposição distante, deve rodar para a
baliza adversária e atacar o espaço livre pelo corredor central enquanto os Extre-
mos ou Médios Ofensivos ocupam, um de cada lado, os espaços ao lado da última
linha defensiva adversária para poderem receber a bola e isolarem-se. Caso receba
entrelinhas, com oposição próxima, deve segurá-la e dar tempo para que os seus co-
legas subam no terreno de jogo para iniciarem a organização ofensiva. Horizontal-
mente: levar a bola, em condução ou através de um passe, para outro corredor já
que normalmente há uma grande densidade de adversários na zona onde se con-
quista a bola. Ao terem sucesso em tirarem a bola da “zona de pressão”, poderão
em seguida avançar pelos espaços livres criados (uma avanço sempre coletivo e
com os jogadores próximos, principalmente através da subida dos recuados em con-
sonância com a subida da bola). Muitas vezes para tirarem a bola da “zona de pres-

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são”, os jogadores realizam combinações rápidas a um toque para ultrapassarem a


pressão realizada pelos adversários. Para que tenham sucesso nestas saídas a jo-
gar, é fundamental os apoios constantes próximos em diagonal e a criação constan-
te de triângulos e losangos em relação ao portador da bola.

- Caso não tenham condições de avançar verticalmente ou horizontalmente, a equipa


poderá utilizar o Guarda-Redes para sair da pressão adversária e este poder mudar
o centro do jogo para se iniciar a organização ofensiva desde trás.

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1.2.4.2. Recuperação da bola no terço médio do campo


Quando a bola é recuperada na zona do meio-campo (ofensivo e defensivo), a equipa
usualmente adota os seguintes comportamentos:

- Neste terço do campo continua a ser importante a recuperação da bola de uma for-
ma que permita à equipa usá-la de imediato para criar oportunidades de golo, utili-
zando por exemplo os “cortes direcionados”.

- Como primeira opção e caso haja oportunidade de o realizar, o jogador que a recu-
pera procura de imediato colocar a bola em profundidade para a entrada do Ponta
de Lança nas costas da linha defensiva adversária (preferencialmente numa zona
em que o Guarda-Redes adversário tenha dificuldade em chegar).

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- Caso o Ponta de Lança não consiga receber a bola em profundidade, recua um pou-
co e disponibiliza-se entrelinhas. Ao receber a bola optará por rodar e avançar com
a bola para a baliza adversária (caso esteja sem oposição próxima) ou servir de pon-
to de ligação com um colega que esteja um pouco mais recuado mas de “frente para
o jogo” (dinâmica do “3º homem”) que em seguida opta por a conduzir ou a passar
para um colega melhor posicionado para avançar em direção à baliza adversária.

- Outra opção é tirar a bola da zona de pressão (usualmente fazendo a bola ir de um


corredor ao outro) e colocá-la no Extremo oposto que se disponibiliza para receber a
bola entrelinhas. Ao receber a bola, o Extremo vai optar por conduzi-la em direção à
baliza adversária (preferencialmente pelo corredor central) e em seguida optar pelo
remate ou então pelo passe em profundidade para o Ponta de Lança ou para o ou-
tro Extremo que rapidamente procuram colocar-se de cada um dos lados da linha de-
fensiva adversária (nem muito próximos nem muito afastados). Se o Extremo rece-
ber a bola muito junto à linha lateral, poderá aproveitar a sobreposição (interior ou
exterior) do Médio Interior mais próximo de si, para levar a bola para dentro e poder
rematar ou passar para o seu colega se o Médio Interior ficar em boas condições de
receber a bola em profundidade.

- Em situações em que o aproveitamento da desorganização defensiva adversária


não é possível, a equipa mantém a posse da bola em segurança (utilizando por
exemplo os jogadores mais recuados para rodar o centro do jogo) e inicia a organiza-
ção ofensiva.

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1.2.4.3. Recuperação da bola no terço ofensivo do campo


Quando a bola é recuperada junto à baliza adversária, a equipa usualmente adota os
seguintes comportamentos:

- Se a bola é recuperada no corredor central, nomeadamente quando o Ponta de Lan-


ça ou algum dos Médios Interiores (ou Extremos) pressionam os Defesas Centrais
da equipa adversária, progridem com a mesma para a baliza da outra equipa e ten-
tam fazer o golo ou assistir um companheiro próximo. Caso seja recuperada no cor-
redor central mas através da pressão aos Médios da outra equipa, a prioridade será
tentar colocar a bola no Ponta de Lança no espaço entrelinhas (nas costas do Médio
adversário que perdeu a bola) que deve, tal como mencionado anteriormente, rodar
com a bola e avançar para a baliza adversária para rematar ou assistir algum compa-
nheiro que entretanto tem possibilidades de receber um passe em profundidade ao
lado da linha defensiva oponente.

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- Se a bola é recuperada no corredor lateral, com grande densidade de adversários


próximos, pode-se procurar o Extremo do lado oposto para poder receber a bola no
espaço entrelinhas e avançar para o remate ou para a assistência em profundidade
de algum dos seus companheiros mais adiantados (que atacam espaços ao lado da
linha defensiva adversária). Esta mudança do centro do jogo pode ser realizada
usando-se o Ponta de Lança para servir de ligação entre um corredor e o outro.
Após passe para colega mais recuado o Ponta de Lança (e também o Extremo ou
Médio Interior) deve em seguida realizar movimento a procurar receber nas costas
da linha defensiva adversária para receber isolado ou para levar consigo os adversá-
rios e dar dessa forma mais tempo e espaço ao portador para progredir e poder re-
matar desde fora da área.

- Se a bola é recuperada no corredor lateral, sem grande densidade de adversários


próximos, o portador da bola pode progredir com ela até junto à linha final e em se-
guida cruzar para a área. Neste caso é importante a imediata ocupação das zonas
de ataque pelos seus companheiros. Usualmente com o Ponta de Lança a ir ao “1º
poste” para desviar a bola à frente do Defesa Central adversário e restantes atacan-
tes a ocupar as zonas na “Diagonal Positiva” para rematarem após cruzamento recu-
ado. Os jogadores mais recuados também se aproximam rapidamente de forma a
poderem ocupar os espaços à entrada da área para o remate ou para a continuida-
de da ação de ataque (e anulação do contra-ataque adversário).

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1.2.5. Bolas Paradas Defensivas


Este momento do jogo refere-se aos comportamentos que os jogadores devem ado-
tar quando os adversários procedem à marcação pontapés de saída, lançamentos la-
terais no seu terço ofensivo, livres laterais, pontapés de canto, livres diretos e penal-
tis. Maurizio Sarri define para cada uma destas situações, as posições a assumir pela
sua equipa e as reações a tomar em seguida de acordo com as particularidades da
equipa adversária.

Na ligação seguinte poderão ser observadas algumas das soluções encontradas pelo
SSC Nápoles para as várias situações de bola parada que os oponentes tiveram du-
rante a temporada de 2017/2018.

https://payhip.com/b/Afc2

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1.2.6. Bolas Paradas Ofensivas


Este momento do jogo refere-se aos comportamentos que os jogadores devem ado-
tar quando a equipa procede à marcação de livres (diretos ou indiretos), pontapés de
saída, lançamentos laterais, pontapés de canto ou penaltis. Maurizio Sarri define para
cada uma destas situações, as posições iniciais a assumir por todos os jogadores, os
movimentos a realizar antes, durante e depois da colocação da bola em jogo, a zona
da queda da bola e os tempos de execução de cada situação.

Na ligação seguinte poderão ser observadas algumas das soluções encontradas pelo
SSC Nápoles para as várias situações de bola parada que tiveram durante a tempora-
da de 2017/2018. Foram escolhidas as que se revelaram mais eficazes (golos ou
oportunidades de golo).

https://payhip.com/b/kndO

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Tendo como inspiração a tese de Maurizio Sarri para a
obtenção da licença UEFA Pro na Federação Italiana de
Futebol, mostraremos o que para o treinador italiano
deve ser o trabalho a realizar-se em cada um dos dias
da semana que antecedem a próxima partida. Ter-se-á
Preparação como referência a participação em jogos de domingo a
domingo.
Semanal

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2.1. “2ª feira”


O dia seguinte à partida deve ser de descanso para os jogadores. A equipa técnica de-
verá aproveitar este dia para analisar o jogo realizado no dia anterior.

Para Maurizio Sarri, a análise à partida anterior através do vídeo serve para se verifi-
car a diferença entre a partida preparada e aquela que efetivamente foi disputada.
Tem também objetivos de correção a médio prazo dos comportamentos pretendidos e
é importante para a programação dos treinos a realizar nos dias seguintes nomeada-
mente em relação à correção dos erros cometidos e à resolução dos problemas que a
partida colocou.

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2.2. “3ª feira”


Durante o período da manhã não há sessão de treino mas a equipa técnica realiza
uma reunião para proceder à programação da semana de treinos e para trocarem im-
pressões sobre a partida disputada anteriormente. Desta reunião saem as conclusões
que se devem passar à equipa, conclusões essas que são úteis para a programação
dos objetivos táticos a abordar durante essa semana. São realizados também nesta
reunião, um vídeo da análise à partida anterior e um relatório escrito sobre a mesma.

Vídeo da análise à partida anterior:

Este vídeo ocupa-se exclusivamente dos problemas táticos surgidos durante a partida
e tem em consideração os seguintes aspetos (mostrados sequencialmente):

1. Tática coletiva: o vídeo começa com a análise do comprimento da equipa, isto


é, se as distâncias setoriais (entre os vários setores da equipa) e as distâncias
intrasetoriais (entre os jogadores do mesmo setor da equipa) estão de acordo
com o que foi delineado aquando da preparação da partida.

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2. Fase defensiva no terço ofensivo do campo: tem-se em consideração a pres-


são individual sobre a bola, se a pressão é realizada na zona do campo defini-
da com os movimentos treinados e se os adversários são efetivamente direcio-
nados de acordo com a preparação realizada durante a semana. Essencial-
mente é analisada a fase defensiva dos atacantes.

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3. Fase defensiva no terço médio do campo: tem-se em consideração as situa-


ções com bola da equipa adversária nas costas do setor atacante. É analisado
o tempo de reentrada dos Extremos, o movimento de pressão e cobertura do
setor do meio-campo. É colocada também muita atenção a como é direciona-
da a ação dos adversários pelo jogador que sai para meter pressão no porta-
dor da bola.

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4. Fase defensiva no terço defensivo do campo: analisa-se o movimento da linha


defensiva nas saídas longas por parte do Guarda-Redes adversário e em se-
guida a ação adversária com bola nas costas da linha de meio-campo, visio-
nando-se a pressão e a cobertura da linha defensiva. Põe-se também grande
atenção à movimentação da linha defensiva (horizontal e vertical) e a capacida-
de de leitura da bola coberta e descoberta e as respetivas reações.

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5. Bolas Paradas Defensivas: analisa-se se foram respeitadas as posições defini-


das aquando da preparação da partida em todas as situações de bolas para-
das defensivas nas várias zonas do campo e se as reações foram aquelas trei-
nadas durante a semana. Finalmente, dá-se atenção à eficácia das várias mar-
cações individuais, sempre que previstas.

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6. Fase ofensiva no terço defensivo do campo: analisa-se se o Guarda-Redes pri-


vilegiou as saídas definidas (curtas ou longas) na preparação da partida. Para
as saídas longas tem-se atenção à zona da queda da bola, o ataque à bola e o
ataque aos espaços. Para as saídas curtas analisa-se se foram seguidas as
circulações de bola definidas e se a bola é jogada desde trás pelas zonas esco-
lhidas e da forma prevista.

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7. Fase ofensiva no terço médio do campo: põe-se atenção aos movimentos e às


jogadas dos Médios Centro.

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8. Fase ofensiva no terço ofensivo do campo: é colocada atenção aos movimen-


tos e jogadas dos atacantes, com particular atenção às ações de ataque à
grande área aquando dos cruzamentos a partir da linha final.

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9. Bolas Paradas Ofensivas: analisa-se a realização das situações definidas na


preparação da partida. Verifica-se se as posições iniciais foram respeitadas, se
os movimentos foram executados da maneira adequada, se a zona de queda
da bola foi a prevista e se foram respeitados os tempos de execução.

Para cada um dos aspetos mencionados anteriormente mostram-se algumas situa-


ções particularmente significativas sobre o que se passou em campo e é preparado
um vídeo para se apresentar à equipa. Para Maurizio Sarri, esta sequência permite
que se evite uma exposição confusa da partida à equipa, seguindo-se o princípio da
simplicidade e da clareza. Dá-nos também outras sugestões para a realização e apre-
sentação do vídeo aos jogadores:

- Para se obter a máxima atenção possível por parte de todos os jogadores é impor-
tante que o vídeo seja extremamente claro e que tenha uma curta duração (nunca
superior a 10-12 minutos).

- Tentar envolver os jogadores com o vídeo (princípio da participação ativa), evitando-


se que o recebam passivamente, passando-se constantemente a mensagem que

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este processo não serve para culpar ninguém dos seus erros, mas sim para ajudar
ao crescimento individual e coletivo.

- Ter em conta o momento psicológico da equipa. A montagem do vídeo da partida


deve ser diferente se a equipa atravessa um momento de resultados negativos ou
então de resultados positivos: em caso de momento negativo, para se evitar o des-
envolvimento de mais desconfianças, são privilegiadas para a edição do vídeo as si-
tuações em que a equipa realizou qualquer coisa de positivo de modo a reforçar a
convicção de que se está a fazer qualquer coisa boa, apesar do resultado negativo;
em caso de momento extremamente positivo, são privilegiadas as situações que
mostram erros cometidos no jogo, de modo a fazer passar a mensagem de que há
ainda muito para se trabalhar e para se melhorar.

- Ter em conta as diferenças psicológicas individuais dentro da equipa. Dentro do gru-


po há jogadores que são mais sensíveis e vulneráveis ao erro do que outros. Assim,
ao lidar-se com estes jogadores tem-se que ter cautela com o que se mostra no ví-
deo, tentando-se alternar situações em que cometeram erros com situações em que
se movimentaram da maneira correta.

Relatório escrito da partida anterior:

Neste relatório, para além dos aspetos táticos evidenciados no vídeo da análise à par-
tida anterior, tem-se em consideração outros aspetos que são também fundamentais
no desenrolar da partida. Os aspetos que analisam são os seguintes:

- Aspeto mental: analisa-se se a equipa chegou à partida com o nível adequado de


motivação e se em campo foi capaz de exprimir um bom nível de determinação.
Tem-se também atenção às reações que a equipa teve nos momentos significativos
(por exemplo como reagiram a uma desvantagem ou como geriram uma vantagem).

- Aspeto comportamental: analisa-se o comportamento da equipa com o árbitro e com


os adversários. Em relação ao árbitro, os jogadores não devem desperdiçar energia
com aspetos da partida que não conseguem influenciar. As sanções disciplinares de-
vem ser apenas as necessárias para o sucesso da equipa em situações de jogo e
nunca por protestos. Avalia-se também eventuais atitudes que não estão de acordo
com as regras de comportamento acordadas pelo grupo, de modo a não se tolera-
rem atitudes que a longo prazo possam criar problemas na gestão da equipa. Funda-
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mvsportss@gmail.com 21 Jul 2018

mental também passar constantemente a mensagem que os objetivos individuais


existentes são importantes, mas devem estar sempre em segundo plano em relação
aos objetivos coletivos.

- Aspeto físico: Avalia-se a prestação da equipa sob o ponto de vista físico, decidindo
o treinador aquilo que deve ser dito à equipa e aquilo que deve ficar somente com a
equipa técnica (para se evitar que em certos momentos a condição física se torne
um álibi fácil para os jogadores).

Período da tarde:

14h15m - Breve reunião da equipa técnica para a organização prática da sessão de


treino.

14h30m - Reunião com a equipa para a análise da partida anterior. Intervenção do


treinador seguindo a seguinte ordem:

- Aspeto mental;

- Aspeto comportamental;

- Aspeto físico;

- Aspeto tático suportado pelo vídeo de análise à partida.

15h00m - Sessão de treino com objetivo exclusivamente físico.

Na semana mostrada como exemplo (e que é indicativa do trabalho realizado em to-


das as outras), o objetivo deste treino era a potência aeróbia utilizando-se o “método
intermitente Gaçon": 15 segundos/30 segundos com 3 séries de 6 minutos a 95% da
V.A.M. (velocidade aeróbia máxima) para os que jogaram e a 105% da V.A.M. para os
que não jogaram, com pausa ativa de 4 minutos após cada série.

No “método intermitente Gaçon” os jogadores têm de efetuar um período do percurso


a alta intensidade (neste caso, 15 segundos a 95% ou a 105% da V.A.M.), seguido de
um período do percurso a uma intensidade mais baixa (neste caso, 30 segundos a

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60-65% da V.A.M. ou ). O percurso pode ser executado numa única direção em linha
reta ou com algumas mudanças de direção, tipo vaivém.

Depois deste trabalho, os que jogaram na partida anterior realizam o seu progra-
ma individualizado, enquanto os que não jogaram a partida anterior fazem um
trabalho suplementar (que nesta semana consistiu inicialmente por 3 séries de 4 mi-
nutos dum exercício de posse de bola 5x5 num terreno de 40x25m, com mudança do
limite de toques de uma série para a outra - 1ª série a 3 toques; 2ª série a 2 toques e
a 3ª série a 1 toque, excluindo as bolas recuperadas que permitiam ao jogador que a
recuperou dar 2 toques - com 2 minutos de recuperação após cada série. Para o exer-
cício de posse de bola de 5x5 deve-se ter em atenção o objetivo aeróbio do treino
para a determinação do espaço a utilizar. Neste dia, os espaços devem ser bastante
amplos em relação ao número de jogadores de forma a que o trabalho orgânico preva-
leça em relação ao trabalho muscular. Em seguida realização de 2 séries de um jogo
de GR+5x5+GR de 6 minutos com 3 minutos de recuperação entre séries - 1ª série jo-
gada a 3 toques com golo válido ao 1º toque e a 2ª série jogada a 2 toques com golo
ao 1º ou ao 2º toque). Após a realização deste trabalho suplementar, os jogadores
que não jogaram na partida anterior realizam também o seu programa individualiza-
do.

Programa individualizado: a cada jogador da equipa são entregues duas fichas.

- A 1ª ficha é relativa ao trabalho de caráter físico em relação a eventuais carências


do jogador e também em relação a eventuais graves lesões que pode ter sofrido du-
rante a sua carreira. O trabalho previsto neste documento deve ser efetuado duas
vezes por semana: usualmente à 3ª feira de tarde e à 5ª feira de manhã. Esta ficha
é preparada tendo como ponto de partida uma avaliação realizada no início da tem-
porada pelo departamento médico e através da realização de testes físicos periódi-
cos.

- A 2ª ficha é relacionada com o trabalho técnico selecionado tendo em conta as ca-


rências mostradas no jogo anterior ou tendo como base a necessidade de uma even-
tual especialização (por exemplo marcação de livres diretos e penaltis). O trabalho
previsto neste documento deve ser efetuado também duas vezes por semana: usual-
mente à 5ª feira de manhã e ao sábado. Esta ficha é preparada de acordo com as

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impressões que a equipa técnica recolhe da análise do vídeo da partida anterior as-
sim como da análise das sessões de treino.

Em seguida mostra-se um exemplo de uma ficha com um programa individual:

FICHA DE AVALIAÇÃO E COMPENSAÇÃO FÍSICA E TÉCNICO-TÁTICA

Jogador: ________________________________________________________________________________

Problemas Físicos: Rotura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) no joelho __________________________,

operado em _______________________. Rigidez da cadeia posterior demonstrada pelo teste de flexibilidade.

Trabalho de Compensação Físico: Postura para a cadeia posterior - Trabalho propriocetivo sem e com apoio
- Tonificação de flexores e adutores com elástico - abdominais dorsais lombares - Relaxar as costas na bola -
Traballho de Força nas máquinas.

Objetivo: Equilibrar os Flexores e ter alto o tónus muscular dos membros superiores. Libertar a tensão muscu-
lar na pélvis.

Problemas Técnico-Táticos: Dificuldades no ataque a bolas altas apesar da estatura elevada.

Trabalho de Compensação Técnico-Tático: Cálculo das trajetórias através da localização da zona de queda
da bola e da zona de ataque da bola usando os círculos. Ataque à bola após cruzamentos de várias zonas do
campo; Ataque à bola primeiro sem oposição e depois com adversários.

Objetivo: O 1º objetivo é perceber se o decadente ataque à bola que é o resultado final evidente na partida,
depende da dificuldade de perceber a trajetória da bola, do distúrbio realizado pelo adversário ou do medo de
falhar atacando assim a bola; o 2º objetivo é claramente a correção da lacuna evidenciada.

Quando realizar o trabalho:

- Todos os dias antes da sessão de treino: postura - trabalho propriocetivo sem e com apoio - potenciação dos
flexores e adutores com elástico.

- Todos os dias no final da sessão de treino relaxar as costas com a bola.

- 3ª e 5ª de manhã: Força nas máquinas, ATENÇÃO na eventualidade que o jogador tenha jogado a partida de
domingo à 3ª efetua somente Tonificação.

- 5ª de manhã e sábado: Exercitação técnica.


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Os exercícios presentes no programa individualizado, devem sempre que possível,


ser efetuados pelos próprios jogadores. Inicialmente e enquanto não estão familiariza-
dos com os exercícios e estão a assimilar a forma de execução correta devem ser ori-
entados pelos elementos da equipa técnica.

17h30m - A equipa técnica inicia o trabalho de preparação da partida seguinte com


um breve encontro em que se reunem todos os dados estatísticos disponíveis do pró-
ximo adversário. Há também a divisão, entre o treinador e o treinador adjunto, dos ví-
deos das últimas quatro partidas do próximo oponente (duas para um e duas para ou-
tro). O resto do serão deverá ser aproveitado para visionarem, separadamente, os ví-
deos dessas partidas.

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2.3. “4ª feira”

4ª feira de manhã:

9h30m - Reunião habitual da equipa técnica para a organização das duas sessões de
treino previstas para este dia.

10h00m - Sessão de treino matutina

Objetivo: Para esta sessão de treino há um objetivo exclusivamente físico que neste
dia seria a “força específica”.

Organização: Depois de se iniciar a sessão com um aquecimento específico para o


trabalho de força a realizar em seguida, passa-se a um circuito de “força específica” e
conclui-se o treino com uma exercitação que está de acordo com o objetivo pretendi-
do.

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- “Jogo GR+(5+5)x(5+5)+GR” jogado com limitação de 3 toques e golos válidos ape-


nas após remate de primeira. Duas equipas de 6 jogadores defrontam-se
(GR+5x5+GR) tendo cada uma delas o apoio de 5 apoios exteriores. A cada minuto
e ao sinal do treinador, os 5 apoios exteriores trocam de funções com os seus cinco
colegas que estão dentro do campo a jogar. Realizam-se 2 séries de 10 minutos
com recuperação de 3 minutos entre as séries. Para se atingir o objetivo pretendido,
nesta sessão privilegia-se os espaços curtos (jogo em 30x20 metros) de forma a dar
prevalência ao trabalho muscular em relação ao trabalho orgânico.

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4ª feira de tarde:

15h00m - Sessão de treino vespertina

Objetivo: Corrigir e resolver os problemas que surgiram na última partida efetuada.


Realizar todas as situações corretivas a uma alta intensidade (para a monitorização
da intensidade do treino cada jogador utiliza um dispositivo durante a sessão para a
leitura dos dados a nível informático por parte da equipa técnica).

Problemas encontrados na partida anterior: A equipa em fase de criação optou em


demasia pelo jogo horizontal, utilizando poucas vezes o jogo vertical. A transição ofen-
siva da equipa não foi muito eficaz, apesar da pressão alta ter sido aplicada e terem
sido recuperadas várias bolas no meio-campo da equipa adversária. Durante os minu-
tos finais da partida, a equipa teve alguma dificuldade em se manter compacta tanto
com bola como sem bola.

Organização: Inicia-se o aquecimento com exercícios de técnica individual com incre-


mento progressivo da velocidade e termina-se esta fase da sessão de treino com um
exercício de posse de bola a 2 toques em espaços estreitos. Em seguida aplicam-se
3 exercícios corretivos para resolver os problemas encontrados na partida anterior.

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Exercício Corretivo nº1:

Em relação à falta de verticalidade no jogo da equipa, realiza-se um jogo


GR+(8+2)x(8+2)+GR num campo com as dimensões de 40x30m, em que cada equi-
pa tem 2 apoios ofensivos colocados ao lado da baliza para onde ataca. Joga-se a 3
toques no máximo e o golo só é válido com remate de primeira. O golo vale a dobrar
se o último passe vier de um dos apoios ofensivos e a triplicar se a bola após ser recu-
perada for de imediato colocada, com um passe vertical, num apoio ofensivo que em
seguida serve um colega para a finalização. Realizam-se 5 séries de 3 minutos com
30 segundos de recuperação após cada série (assim cada jogador joga quatro séries
dentro e uma série fora como apoio ofensivo).

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Exercício Corretivo nº2:

Em relação à falta de aproveitamento do contra-ataque após a recuperação da bola


através da pressão alta, realiza-se um jogo GR+10x10+GR num campo com as di-
mensões de 55x40m e com ambas as equipas a utilizar o sistema de jogo habitual.
Joga-se normalmente com um máximo de 3 toques e com golo válido apenas após re-
mate de primeira. A obtenção de um golo em menos de 5 segundos após uma recupe-
ração da bola no meio-campo da equipa adversária vale o triplo. Realizam-se 3 séries
de 4 minutos com 1 minuto de recuperação entre as séries.

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Exercício Corretivo nº3:

Em relação à incapacidade da equipa no final da partida, quando estava cansada


mental e fisicamente, de se manter curta (com os jogadores próximos entre si) e em
“ganhar campo” aquando das bolas recuadas por parte dos adversários, realiza-se
um jogo GR+10x10+GR num campo com as mesmas dimensões do exercício anteri-
or (55x40m) e com as equipas colocadas no sistema de jogo preferencialmente utiliza-
do. Joga-se a 3 toques no máximo e o golo só pode ser obtido após remate de primei-
ra. O golo só é válido se todos os elementos da equipa (com a exceção óbvia do
Guarda-Redes) que o conseguiu estiverem, no momento do remate, no meio-campo
adversário (valendo a dobrar se algum adversário permanecer no seu meio-campo
ofensivo no momento em que sofre golo). Realizam-se 2 séries de 12 minutos com 3
minutos de recuperação entre as séries.

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No final da sessão a equipa técnica averigua se o objetivo físico do treino foi cumpri-
do através da análise dos dados obtidos através do dispositivo de monitorização da
carga de treino. O treinador e o treinador adjunto prosseguem com a análise ao próxi-
mo adversário.

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2.4. “5ª feira”

5ª feira de manhã:

9h00m - Reunião entre o treinador e o treinador adjunto sobre o próximo adversário.


Decisão dos conteúdos que devem ser trabalhados em campo e que devem integrar
o vídeo de análise da equipa que irão defrontar.

9h30m - Reunião habitual da equipa técnica para a organização das duas sessões de
treino previstas para este dia.

10h00m - Sessão de treino matutina

Objetivo: Correção dos problemas encontrados ao nível setorial na última partida efe-
tuada. Para esta sessão de treino não há objetivos a perseguir do ponto de vista físi-
co pelo que o treino deverá ser essencialmente didático sem causar grande desgaste
físico aos jogadores.

Problemas encontrados ao nível setorial na partida anterior: A equipa sofreu sem-


pre que os oponentes realizavam mudanças de corredor, sobretudo em profundidade.
Houve também uma má reação, não cumprindo com os princípios de jogo, às bolas
descobertas com que os adversários desafiavam a linha defensiva. Tendo estes pro-
blemas em consideração, os jogadores integrantes da linha defensiva trabalham com
o treinador, enquanto os outros jogadores realizam o trabalho previsto no seu progra-
ma individualizado (a nível físico e a nível técnico).

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Organização:

Exercício Corretivo nº1:

Basculação horizontal da linha defensiva na circulação da bola dos médios adversári-


os de corredor a corredor. Exercício a servir como aquecimento, pelo que a circulação
da bola começa a 2 toques a um ritmo baixo havendo depois uma aceleração em que
se começa a alternar o jogo a 1 e a 2 toques.

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Exercício Corretivo nº2:

Reação à mudança de corredor do jogo depois de um passe para trás. Nesta exercita-
ção trabalha-se as mudanças de orientação do jogo para o Extremo do lado oposto,
coloca-se muita atenção na posição do corpo (que não deve ser nem muito fechada
para a bola nem muito aberta em relação ao campo) e no timing da basculação (de-
vem ter como referência o pé de apoio do adversário que faz a mudança de corredor
de forma a não arriscarem que o movimento seja feito com atraso).

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Exercício Corretivo nº3:

Situação semelhante à do exercício anterior mas com a diferença desta vez que a mu-
dança do corredor de jogo é realizada em profundidade. Assim sendo, o movimento
de basculação dos três jogadores que passam a fazer a cobertura após a mudança
do centro do jogo muda, de forma a que rapidamente passem a cobrir o espaço junto
à baliza para intercetarem um eventual cruzamento de primeira por parte do adversá-
rio. O Defesa Lateral do lado para onde a bola foi enviada deve bascular de forma a
fechar a linha de cruzamento ao oponente que recebe a bola.

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Exercício Corretivo nº4:

Aqui é treinada a situação de bola descoberta após esta ser recuada pelo Ponta de Lança
da equipa adversária para um seu colega. No último jogo esta situação criou dificuldades à
equipa. Apesar da linha defensiva se manter junta e alinhada a verdade é que procurou “jo-
gar em fora-de-jogo” o que originou situações de perigo por parte dos jogadores exteriores
da equipa oponente. O treinador posiciona-se próximo do jogador que recebe a bola recua-
da por parte do seu Ponta de Lança e depois decide se “a cobre” ou se a deixa “descober-
ta” (situação na qual o portador da bola avança na direção da linha defensiva). Quando a
bola é recuada a linha defensiva deve seguir a bola e “encurtar o campo”. Se a bola for co-
berta pelo treinador a linha defensiva deve “permanecer alta” no terreno de jogo. Se a bola
ficar descoberta a linha defensiva deve juntar-se e recuar no terreno de jogo até cerca de
20 metros da sua baliza (saindo aí um defesa na pressão ao portador, com os restantes
três defesas a dar cobertura nas suas costas, quando os adversários já não têm possibili-
dades de colocarem a bola em profundidade).

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Na ligação seguinte pode ser vista a tese de Francesco Calzona (treinador adjunto de
Maurizio Sarri), realizada para a obtenção do nível UEFA Pro na Federação Italiana
de Futebol, em que mostra os princípios da linha defensiva do SSC Nápoles e vídeos
de 27 exercícios utilizados para a treinar:

https://www.youtube.com/watch?v=7NBdcPS-ZtA

Após a sessão de treino, a equipa técnica prepara o vídeo da fase ofensiva da equipa
adversária para que seja mostrado é equipa durante o período da tarde.

5ª feira de tarde:

14h45m - Reunião com a equipa para se analisar a fase ofensiva da equipa adversá-
ria. O treinador mostra no quadro tático o sistema de jogo da equipa adversária e os
movimentos ofensivos que realizam. A reunião é concluída com a análise do treinador
adjunto ao vídeo realizado sobre o oponente.

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O vídeo da fase ofensiva da equipa adversária tem a seguinte ordem:

1. Qualquer imagem ampla na qual se vê o sistema de jogo da equipa adversária


e as suas posições de partida na fase ofensiva.

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2. A escolha que é efetuada pelo Guarda-Redes para iniciar o jogo desde trás.
Em caso de iniciar com saída longa deve-se analisar a zona de queda da bola,
o jogador que ataca a bola e como e por quem são atacados os espaços nas
suas costas. Em caso de iniciar com saída curta analisa-se se privilegiam a saí-
da por uma certa zona ou se optam preferencialmente por algum jogador.

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3. Análise da posse da bola da equipa adversária no seu terço defensivo, nomea-


damente quanto à circulação da bola pelos jogadores da linha defensiva. Ten-
ta-se ver que tipo de saída usam desde trás e quais são os jogadores utiliza-
dos. Tenta-se também saber, se há jogadores da linha defensiva adversária
particularmente vulneráveis sobre pressão e quais são os menos dotados tecni-
camente.

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4. Análise da posse da bola da equipa adversária no seu terço médio, particular-


mente em relação a como e quais são os médios adversários que se mostram
aos seus defensores que possuem a bola e como a ação é desenvolvida.

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5. Análise da posse da bola da equipa adversária no seu terço ofensivo, tem-se


principalmente em consideração o movimento dos atacantes adversários e
como atacam a grande área aquando dos cruzamentos.

O vídeo da fase ofensiva da equipa adversária tem também em conta todas as suges-
tões referidas aquando da análise da partida anterior, seja em termos da duração
(que deve ser breve e usualmente não exceder os 6/7 minutos), seja em relação à im-
plicação psicológica relativa ao momento atravessado pela equipa (mostrar o adversá-
rio a ter mais sucesso ou insucesso de acordo com o pretendido).

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15h00m - Sessão de treino vespertina

Objetivo: Com este treino inicia-se a preparação da partida no terreno e o objetivo


único desta sessão é o treino da fase defensiva.

Organização:

A sessão de treino decorre em três blocos de trabalho.

1. Fase didática contra o sistema de jogo habitualmente utilizado pela equipa ad-
versária e as suas dinâmicas, realizada a baixa intensidade como forma de
aquecimento.

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Imaginando-se que o próximo adversário jogará com um sistema de jogo de 1-3-4-3


em que o Guarda-Redes tenta sempre sair a jogar curto desde trás através de um
dos seus três defensores que abrem o campo, trabalha-se nesta fase com “mane-
quins numerados”, com duas equipas que se vão alternando (uma equipa colocada
em campo e a movimentar-se de acordo com o número do “manequim” indicado e a
outra equipa a realizar alongamentos fora do campo). Inicia-se o trabalho primeiro só
com os “três defesas” adversários, depois acrescenta-se os “quatro médios” adversári-
os e por fim os “três atacantes” adversários.

Os três defesas mostram grande qualidade quando têm a bola na sua posse, conse-
guindo alcançar o meio-campo com muita facilidade. Uma vez que a bola alcança o
meio-campo ofensivo optam por jogar muito com os Médios Ala ou com os Atacantes
(muito móveis e sempre a trocar de posições) e em seguida obrigam os adversários a
baixarem as suas linhas (o que se torna perigoso já que têm jogadores de grande efi-
cácia na frente). A decisão para este jogo será então de pressionar alto os adversári-
os, principalmente quando a bola está a ser jogada no seu terço defensivo (pelo Guar-
da-Redes e três defesas). A única variante em relação ao sistema de jogo habitual é a
subida de um Médio Interior para a linha do Ponta de Lança. É fundamental a reação
da equipa à primeira transmissão da bola por parte do Guarda-Redes adversário para
um dos seus três defesas, em que os dois jogadores mais adiantados devem isolar o
portador da bola dos outros dois colegas de forma a direcionar-se a bola para o corre-
dor lateral.

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Se a bola entrar no defesa colocado no meio e que preferencialmente utiliza o pé direi-


to, deve ser direcionado pelos dois jogadores mais adiantados a ir para a sua esquer-
da.

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Tendo-se decidido que a pressão intensa é fundamental para este jogo, se algum dos
Defesas Centrais dos corredores consegue ultrapassar com bola a linha dos dois ata-
cantes, a equipa não recua, continuando a pressão com o Médio Ala desse lado que
tenta trazer o adversário para dentro de forma a não se sofrer uma eventual inferiori-
dade numérica nesse corredor.

No terço médio e defensivo da nossa equipa o sistema de jogo da equipa adversária


e as suas dinâmicas não colocam grandes problemas pelo que nesta primeira parte
do treino não se lhes dedica muito tempo.

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2. Fase defensiva nos várias setores do campo contra o sistema de jogo e dinâmi-
cas utilizadas pela equipa adversária.

Duas equipas defrontam-se, uma equipa simula a equipa adversária e a outra desen-
volve os comportamentos pretendidos para a fase defensiva. Ao fim de algum tempo
as equipas trocam de papéis.

- No setor ofensivo do campo inicia-se a situação com a bola na mão do Guarda-Re-


des adversário que deve passar para um dos seus três defesas. O defesa portador
da bola com o auxílio dos seus Médios Centro, devem transportar a bola até ao seu
meio-campo ofensivo (sem utilizar passes longos), de forma a se poder analisar e
corrigir a pressão alta.

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- No setor médio do campo inicia-se a situação com a bola num dos dois Médios Cen-
tro da equipa adversária. A jogada usual é um dos Extremos recuar para receber a
bola nas costas da linha média adversária no corredor central e posterior entrada
em profundidade por parte do Médio Ala do seu lado. A opção tomada para contrari-
ar o jogo adversário é levar o seu Médio Centro com bola para o corredor central.
Se a bola passar pelo setor de meio-campo deve ser o Médio Centro que faz cober-
tura que deve tirar a linha de passe para o Extremo adversário ou então ele deve
ser seguido pelo Defesa Lateral local. No terreno de jogo a bola é colocada sempre
em jogo por um dos Médios Centro adversários que ao sinal do treinador, que indica
uma “bola descoberta”, os faz iniciar os movimentos previstos que devem ser resolvi-
dos da forma planeada. Após a conclusão de cada ação inicia-se de novo a situação
com a bola num dos Médios Centro.

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- No setor defensivo do campo inicia-se a situação num dos Extremos da equipa ad-
versária, que jogam “com os pés trocados” (isto é, um canhoto a jogar pelo corredor
direito e um destro a jogar pelo corredor esquerdo). Os seus movimentos habituais
são de tentativa de ligação com os outros dois atacantes que procuram receber em
profundidade ou então a colocação no Médio Ala do outro corredor que ataca em lar-
gura. O portador da bola deve ser pressionado pelo Médio Centro do seu lado (que
se for ultrapassado tem a cobertura do outro Médio Centro). Sempre que a bola esti-
ver “descoberta”, a linha defensiva deve absorver o ataque à profundidade por parte
dos adversários recuando no campo. O Médio Ala do lado oposto deve cobrir o “lado
débil” (lado oposto ao qual se encontra a bola). Não deixar que os jogadores se es-
queçam que sempre que a bola esteja “coberta” devem subir no terreno de jogo.

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3. Fase defensiva em inferioridade numérica.

Coloca-se uma linha a três-quartos do terreno de jogo. A equipa que simula a fase de-
fensiva deve defender a sua baliza e tentar passar com a bola controlada pela linha
de três-quartos. A outra equipa deve tentar chegar ao golo colocada em campo no sis-
tema de jogo habitual dos adversários e tentando replicar os seus movimentos. De-
pois de jogarem alguns minutos em igualdade numérica, os quatro jogadores mais adi-
antados só podem participar na fase defensiva após sinal do treinador (pelo que por
alguns segundos a equipa jogará em inferioridade numérica). Deve-se colocar aten-
ção na correção dos movimentos da equipa sempre que os adversários repõem a
bola em jogo de forma a que se faça uma boa gestão momentânea da inferioridade
numérica. A exercitação é concluída invertendo-se os papéis das suas equipas.

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2.5. “6ª feira”

6ª feira de manhã:

10h00m - Não há sessão de treino para os jogadores, mas a equipa técnica reune-se
para realizar as seguintes tarefas: preparação de mais dois vídeos para mostrar à
equipa, um abordando a fase defensiva da equipa adversária e o outro abordando as
bolas paradas da equipa adversária (a favor e contra). Deve-se também preparar o re-
latório individual dos jogadores que compõem a equipa adversária (usualmente estes
jogadores já estão registados na base de dados pelo que se procede apenas à atuali-
zação da sua ficha individual).

6ª feira de tarde:

14h30m - Reunião habitual da equipa técnica para a organização da sessão de trei-


no.

14h45m - Reunião com a equipa para se analisar a fase defensiva da equipa adversá-
ria. A reunião decorre da mesma forma do que as anteriores, com o treinador a inter-
vir inicialmente para mostrar as caraterísticas e movimentos dos próximos adversári-
os na sua fase defensiva. Em seguida é mostrado o vídeo, pelo treinador adjunto,
para complementar a análise efetuada pelo treinador.

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O vídeo da fase defensiva da equipa adversária que é editado, leva em conta a mes-
ma lógica dos anteriores e tem a seguinte ordem:

1. Qualquer imagem em que se vê como se move a equipa adversária após o en-


vio longo da bola por parte do Guarda-Redes da outra equipa. Aqui tenta-se en-
contrar qualquer carência a nível individual, seja no jogo aéreo ou seja no pro-
videnciar de cobertura ao companheiro.

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2. Análise à fase defensiva da equipa adversária no seu terço ofensivo. Tenta-se


perceber se os jogadores mais adiantados são atraídos para a realização de
pressão e em que zonas e com que referenciais usualmente o fazem. É coloca-
da muita atenção na procura das possibilidades de saída da bola desde trás,
fazendo-as notar aos jogadores.

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3. Análise à fase defensiva da equipa adversária no seu terço médio. Estuda-se


os movimentos defensivos dos Médios Centro da equipa adversária e vê-se se
a sua linha defensiva lhes dá cobertura.

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4. Análise à fase defensiva da equipa adversária no seu terço defensivo. Averi-


gua-se o comportamento da linha defensiva nas várias situações de jogo, ten-
tando-se mostrar as suas ações e reações aos jogadores.

Na edição do vídeo da fase defensiva da equipa adversária, utilizam-se as mesmas


recomendações dos vídeos anteriores. Do ponto de vista temporal, o vídeo deve ter
também 6/7 minutos de duração e devem ser representadas as situações que se irão
de seguida trabalhar em campo. Do ponto de vista psicológico, pode-se enfatizar os
erros dos adversários ou os seus acertos, consoante a escolha do treinador. Por
exemplo, pode-se optar por mostrar os erros defensivos dos adversários na tentativa
de fazer aumentar a confiança dos jogadores de forma a poderem acreditar que é pos-
sível fazer um bom resultado contra uma equipa de boa qualidade técnica, que atra-
vessa um momento ótimo a nível de resultados e que está muito bem classificada.

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15h00m - Sessão de treino vespertina

Objetivo: Este treino tem como objetivo tático a preparação da fase ofensiva da equi-
pa contra o sistema de jogo da equipa adversária e suas particularidades defensivas.
Do ponto de vista físico efetua-se um trabalho para o desenvolvimento da velocidade.

Organização: A sessão de treino decorre em quatro blocos de trabalho.

1. Aquecimento e velocidade sem bola.

Como aquecimento realiza-se uma série de passagens a baixa velocidade por alguns
obstáculos elevados com o objetivo de mobilizar a anca e os membros inferiores. Em
seguida realiza-se um trabalho de desenvolvimento de velocidade e rapidez sem bola
em várias repetições com estímulos diferentes.

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2. Fase ofensiva geral.

Revisão dos princípios de jogo ofensivos da equipa, que são abordados todas as se-
manas independentemente da equipa adversária a defrontar. Treina-se a saída com a
bola desde trás pelos defesas, a ligação com os Médios Centro e Médios Ala e os mo-
vimentos dos atacantes.

Exercício de treino: Duas equipas defrontam-se, uma inicia desenvolvendo a ação pro-
posta pelo treinador e a outra defende passivamente. Aquando da conclusão da ação,
a outra equipa inicia velozmente o mesmo tipo de ações da equipa anterior, enquanto
a equipa que entretanto concluiu a ação, reorganiza-se defensivamente o mais rápido
possível.

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3. Fase ofensiva específica.

Realização de várias situações preparadas propositadamente para a próxima partida,


de acordo com as caraterísticas da equipa adversária. Na semana tida em considera-
ção, realizaram-se algumas situações relativas ao início do jogo ofensivo desde trás e
ao seu desenvolvimento mas também situações para treinar os comportamentos a
adotar aquando da recuperação da bola.

No que se refere ao início do jogo ofensivo são dadas instruções ao Guarda-Redes


para ir alternando as saídas curtas com as saídas longas.

Nas saídas curtas treina-se a saída da pressão exercida pelos três atacantes adversá-
rios. Notando-se a tendência dos Extremos adversários seguirem principalmente os
Defesas Laterais, opta-se por aproveitar situações de 2x1 no corredor central. Para
se ultrapassar o Ponta de Lança adversário, o Defesa Central portador da bola deve
assumir a iniciativa de subir com a bola em sua posse. Depois, de acordo com a rea-
ção dos adversários passa a bola para o outro Defesa Central (que sobe no campo
com a bola até à linha de meio-campo) ou então passa a bola para o Defesa Lateral
se é pressionado pelo Extremo.

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As saídas longas também foram escolhidas pelas particularidades da equipa adversá-


ria. Os adversários não eram particularmente inferiores no jogo aéreo mas manifesta-
vam alguma lentidão e os médios adversários não encurtavam os espaços para a li-
nha defensiva sempre que eram ultrapassados pela bola, abrindo assim um espaço
para se poder ganhar “segundas bolas” e ficar de frente para a baliza adversária com
a bola controlada. A zona de queda da bola escolhida era no corredor direito da equi-
pa adversária (teve-se em consideração que o Médio Ala adversário desse corredor
era o menos comprometido no acompanhamento às entradas sem bola dos seus opo-
sitores). O Ponta de Lança atacava a bola, o Médio Interior do lado oposto atacava o
espaço central em profundidade, o Extremo desse corredor atacava a profundidade
junto à linha lateral e os outros dois médios tentavam ganhar a “2ª bola”.

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Em relação ao desenvolvimento do jogo ofensivo já se tinha visto numa fase inicial do


treino como se avançar no campo com os Defesas Centrais. Agora era treinada a liga-
ção do setor defensivo para o setor médio. Em sincronia, aquando do avanço do Defe-
sa Central com a bola, o Médio Centro avança no terreno para libertar espaço no cor-
redor central, espaço esse que é utilizado pelo Médio Interior do lado oposto para re-
ceber a bola. O Ponta de Lança desloca-se para as costas do Médio Centro adversá-
rio do lado oposto ao da bola. Se este Médio Centro adversário atacar o portador da
bola, abre-se um espaço para o Ponta de Lança poder receber a bola entrelinhas. Se
o Médio Centro oponente não atacar o portador da bola, este pode avançar (com a
“bola descoberta”) e adotar alguma das ações desenvolvidas na fase ofensiva geral.

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Em relação à transição ofensiva e tendo-se em consideração a análise à equipa adversá-


ria, constatou-se que o Defesa Central adversário era muito menos veloz do que o Ponta
de Lança e os seus dois Defesas Centrais situados sobre os corredores eram muito agres-
sivos aos movimentos dos atacantes que vão ao encontro da bola. Assim, optou-se por di-
recionar o Extremo do lado onde se recuperava a bola ao seu encontro, deixando-se o
Ponta de Lança numa situação de 1x1 com o Defesa Central adversário. Aquando da recu-
peração da bola, o Ponta de Lança aproveitava o arrastamento do Defesa Central do corre-
dor pelo seu Extremo e atacava a profundidade junto à linha lateral com movimento circu-
lar (para evitar o fora-de-jogo e orientar-se de modo a receber a bola de frente para a bali-
za adversária) e encarava em velocidade o Defesa Central adversário numa situação de
1x1. Quando a bola era colocada para o Ponta de Lança, os seus colegas mais próximos
deviam subir rapidamente para atacar o espaço nas imediações da grande área da outra
equipa.

Este bloco de trabalho era realizado com as duas equipas a alternarem de funções. A equi-
pa que simula os movimentos da equipa adversária deve permanecer bastante passiva en-
quanto a outra equipa tenta decidir, de acordo com as situações escolhidas, o mais veloz-
mente possível.
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4. Simulação competitiva.

Neste último bloco são trabalhadas as situações que se vão encontrar na próxima partida.
Uma equipa adota o sistema de jogo da equipa adversária e a outra assume o sistema de
jogo escolhido para a próxima partida. Nos primeiros 5 minutos obriga-se a que o Guarda-
Redes opte pelas saídas longas, nos seguintes 5 minutos deve optar pelas saídas curtas e
nos últimos 5 minutos, ao sinal do treinador, a “equipa adversária” tem a obrigação de en-
tregar a bola à outra equipa de forma a que ela possa desenvolver a transição ofensiva trei-
nada anteriormente. Em seguida as equipas trocam de funções.

Após o término da sessão de treino, a equipa técnica prepara o treino do dia seguinte, ten-
do como base o estudo realizado às bolas paradas ofensivas e defensivas da equipa ad-
versária. Decide-se a disposição defensiva a adotar nas várias situações. Decide-se tam-
bém, de acordo com a disposição da equipa adversária nas bolas paradas defensivas,
quais os esquemas a adotar (novos ou já realizados anteriormente) para se tirar proveito
das particularidades da outra equipa.

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2.6. “sábado”

sábado de manhã:

9h30m - Reunião habitual da equipa técnica para a organização da sessão de treino.

9h45m - Reunião com a equipa para se analisar as bolas paradas defensivas e ofensi-
vas da equipa adversária. A reunião decorre da mesma forma do que as anteriores,
com o treinador a mostrar as particularidades dos oponentes em certas situações.
São mostradas as situações em que os adversários criam mais perigo e as situações
em que são mais vulneráveis. Em seguida é mostrado o vídeo, pelo treinador adjunto,
para complementar a análise efetuada pelo treinador.

O vídeo das bolas paradas da equipa adversária, que é editado com a mesma lógica
dos anteriores, tem a seguinte ordem:

1. Pontapés de Saída a seu favor.

2. Lançamentos Laterais no terço ofensivo do campo a seu favor.

3. Livres Laterais a seu favor.

4. Cantos a seu favor.

5. Livres Diretos a seu favor.

6. Penaltis a seu favor.

7. Reação aos Pontapés de Saída das equipas adversárias.

8. Disposição nas Faltas Laterais dos adversárias marcadas em profundidade.

9. Disposição nas Faltas Laterais dos adversários.

10.Disposição nos Cantos dos adversários.

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10h00m - Sessão de treino matutina

Objetivo: Do ponto de vista tático, o objetivo do treino é o da organização das bolas


paradas ofensivas e defensivas. Do ponto de vista físico, o objetivo é o desenvolvi-
mento da velocidade de reação.

Organização: A sessão de treino decorre em três blocos de trabalho.

1. Aquecimento e Velocidade de Reação.

Inicia-se a sessão de treino com uma mobilização articular dos membros superiores e
inferiores e conclui-se este bloco com uma série de exercícios para se trabalhar a ve-
locidade de reação.

2. Bolas Paradas Defensivas.

Tem-se em conta as situações de perigo criadas pela equipa adversária, introduzidas


no vídeo e treina-se cada um dos momentos (Pontapés de Saída, Lançamentos Late-
rais no terço ofensivo do campo, Livres Laterais, Cantos, Livres Diretos e Penaltis) de
acordo com os comportamentos pretendidos.

3. Bolas Paradas Ofensivas.

Tem-se em conta as situações em que os adversários são vulneráveis, introduzidas


no vídeo e treina-se cada um dos momentos (Pontapés de Saída, Livres Laterais em
Profundidade, Livres Laterais e Cantos) de acordo com os comportamentos escolhi-
dos.

19h45m - Reunião com a equipa para se analisar as caraterísticas individuais dos jo-
gadores adversários que jogarão no dia seguinte. Nesta reunião utilizam-se as fichas
individuais dos adversários preparadas no dia anterior. São resumidas à equipa, ad-
versário a adversário, as suas caraterísticas táticas, técnicas, físicas e psicológicas.

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2.7. “domingo”

domingo de manhã:

9h15m - Logo após o pequeno-almoço a equipa técnica reune-se para se definir os úl-
timos detalhes relativamente à partida, em particular as tarefas individuais de cada jo-
gador relativamente às bolas paradas defensivas e ofensivas. Depois desta breve reu-
nião, o treinador prepara a sua intervenção nas duas reuniões que vão decorrer com
a equipa antes do jogo de forma a ser breve e conciso.

11h45m - Pouco antes do almoço a equipa reune-se com o objetivo de se reordenar


as ideias sobre tudo aquilo que foi treinado durante a semana de preparação e que
deve ser transferido para o campo dentro de poucas horas. Os tópicos normalmente
tidos em consideração são os seguintes:

- Introdução: enquadramento da partida em relação ao momento atravessado pela


equipa, tentando-se diminuir a tensão se ela estiver muito alta ou aumentá-la se se
notar que está muito baixa.

- Aspeto Mental: preparação da equipa para ter as reações mentais adequadas em re-
lação às várias situações que poderão acontecer na partida e procura sobretudo de
criar-se uma forte motivação coletiva, de modo a terem uma boa prestação em cam-
po.

- Aspeto Comportamental: relembram-se os jogadores que estão em risco de suspen-


são e tenta-se ajudar a equipa a evitar todas as sanções disciplinares que não estão
em estreita conexão com a obtenção de um bom resultado, como por exemplo os
cartões recebidos por protestos.

- Aspeto Tático: recordam-se todos os comportamentos ofensivos e defensivos que


foram treinados durante a semana. Relembram-se os esquemas da equipa adversá-
ria relativamente às bolas paradas ofensivas e quais devem ser as respostas da
equipa. Relembram-se ainda a disposição dos adversários nas bolas paradas defen-
sivas e os esquemas a adotar na partida.

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Todos os aspetos são abordados de uma maneira geral, sem se entrar em detalhes
individuais.

14h30m - Assim que se chega ao estádio, junta-se a equipa no balneário para a últi-
ma reunião (breve) antes da partida. Esta reunião tem objetivos individuais, quer do
ponto de vista tático, mental e de motivação. Os tópicos tidos em consideração são
os seguintes:

- Titulares: só agora é comunicado à equipa quem será a equipa titular. Maurizio Sarri
pensa que cada jogador convocado tem a obrigação, mas também o direito, de sen-
tir-se parte da partida até ao último momento.

- Aspetos Táticos Individuais: a cada jogador são recordadas as funções que devem
desempenhar na fase ofensiva e na fase defensiva. Para cada jogador tenta-se dar
a motivação específica de caráter individual para a partida em questão.

- Bolas Paradas: designam-se as tarefas individuais em relação às bolas paradas


ofensivas e defensivas.

No final desta reunião o treinador retira-se do balneário para permitir que os jogado-
res se sintam livres de viver os momentos que precedem a partida da forma mais
agradável e habitual possível.

Em seguida é realizado o aquecimento pré-jogo com o treinador a seguir o seu desen-


volvimento, mas tendo a preocupação de não o fazer de muito perto.

16h30m - Início da partida. O jogo foi preparado pela equipa técnica até ao mínimo de-
talhe e procurou-se sobretudo durante a semana, colocar os jogadores em boas con-
dições para se exprimirem da melhor maneira possível em campo. Temos de ter no
entanto a consciência de que no jogo vão aparecer situações imprevistas às quais o
treinador, mas especialmente os jogadores (que são os verdadeiros protagonistas),
devem tentar fazer frente da melhor maneira possível.

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Durante a partida para haver uma leitura do jogo à qual escapem o menor número
possível de pormenores, faz-se uma divisão de tarefas entre o treinador e o seu adjun-
to.

O treinador centra-se predominantemente na sua própria equipa, controlando se os


movimentos defensivos são realizados, de acordo com o que foi planeado em todos
os setores do campo. Controla também se o Guarda-Redes realiza as saídas desde
trás que foram programadas e que a circulação da bola e o seguimento da ação ofen-
siva são aqueles que forma treinados durante a semana que antecedeu o encontro. O
treinador toma também atenção às bolas paradas, nomeadamente em relação ao res-
peito pela disposição defensiva e à realização dos esquemas nas bolas paradas ofen-
sivas com os movimentos adequados e com o tempo de execução correto.

O treinador adjunto concentra-se fundamentalmente na equipa adversária e verifica


se o sistema de jogo é o que foi previsto, se o desenvolvimento da sua fase ofensiva
e defensiva é o que foi estudado durante a semana. Verifica também se a disposição
nas bolas paradas defensivas é a que foi estudada e mostrada em vídeo aos jogado-
res e que os esquemas ofensivos da equipa adversária são aqueles que foram previs-
tos. Se houver qualquer variação em relação ao que foi previsto, deve informar o trei-
nador.

Em relação à gestão do intervalo, os primeiros minutos após a chegada dos jogado-


res ao balneário devem ser utilizados para os cuidados médicos eventualmente ne-
cessários. Em seguida há a intervenção do treinador adjunto, que resume rapidamen-
te aquilo que os adversários fizeram e enfatiza-se alguma situação que esteja a acon-
tecer e que seja diferente daquilo que foi previsto durante a preparação da partida. A
seguir os jogadores reportam alguma dificuldade que encontraram no terreno de jogo.
O treinador dá então a solução a essas dificuldades sentidas pelos jogadores e infor-
ma a equipa de eventuais alterações a adotar para a 2ª parte da partida. No último mi-
nuto passado no balneário o objetivo do treinador é principalmente o de colocar a ten-
são dos jogadores no nível desejado para o recomeço do jogo.

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mvsportss@gmail.com 21 Jul 2018

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