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Aula 5 - História e Sociologia

📖 Max Weber e o desencantamento do mundo

Estudo da Sociologia: é o estudo dos pensadores (sociólogos) e dos problemas da


sociedade.
Max Weber: de família de classe média, sua carreira universitária foi interrompida por
episódios de depressão. Isso não o impediu de construir uma das mais importantes
obras sociológicas do período e de construir, ao lado de Marx e Durkheim, o trio
considerado fundador do pensamento sociológico.

Diferente dos dois primeiros, ele recursava a compreensão dos fenômenos por
meio de grandes sistemas explicativos. Ele estava muito mais aberto à incerteza e
à determinação dos processos sociais.

Sociologia: a partir de suas teorias, seus métodos e pesquisas, está mais capacitada
a fornecer uma compreensão mais ampla da sociedade do que a experiência pessoal,
que é sempre parcial, subjetiva e limitada.
Fato social: regras jurídicas, religiosas, costumes que, dotados de existência própria,
externa ao indivíduo, são capazes de condicionar e determinar suas ações.

Sociologia weberiana
Weber entendia a realidade como algo fragmentado e infinito, não havendo uma
lógica ou sentido inerente aos acontecimentos históricos sociais, e a ciência sociológica
deveria lidar com tal fato.
Preocupação básica: compreensão da singularidade do Ocidente, ou seja, a
modernidade com suas dimensões de racionalização, secularização e
desencantamento do mundo, mas também em sua complexidade e indeterminação.

Isso faz com que sua obra seja caracterizada pela pluralidade de temas como
religião, direito, economia, metodologia histórica e comparativa.

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Sociologia: para ele surge como uma ciência da realidade do que é e do que existe,
voltada para compreensão do significado dos fenômenos sociais contemporâneas e
para o entendimento da origem histórica destes.

Possuía o estatuto de ciência, voltada para a compreensão do seu objeto.

Nisso, ele estava de acordo com Marx e Durkheim. Apesar disso, Weber
recusava a possibilidade de um conhecimento absoluto da realidade social.

Weber afirma que não seira possível ao sujeito do conhecimento ter o controle ou
tentar conhecer a totalidade dos fenômenos sociais, ou da história humana, por
meio de um único sistema ou de uma teoria social geral.

O mundo social surgia como complexo e fragmentário demais para ser


mergulhado por uma explicação única, geral, universal.

Assim, é o sociólogo que escolhe seus problemas, e não a realidade social que
lhe impõe o que estudar.

Sociólogo: para Weber, ele deve sempre saber diferenciar sues valores, móvel inicial
de sua pesquisa e de suas análises científicas.

Juízo de valor é uma coisa. Trabalho de pesquisa é outra.

Embora o sociólogo se baseie em valores para selecionar seus objetos e ângulos


de investigação, ele não deve fazer julgamentos de valor, mas apenas fazer juízos
de fato (descrição das ações de maneira imparcial, descrevendo o que os atores
podem e querem fazer).

Modernidade:

Marx: afirma que que ela se confundiria com o próprio modo de produção
capitalista.

Durkheim: se caracteriza pela passagem da solidariedade mecânica para a


solidariedade orgânica.

Weber: se expressa por múltiplos fenômenos, muitas vezes contraditórios e não


necessariamente paralelos, mas que teriam resultado na secularização e na
racionalização.

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Especificidade do Ocidente: racionalização
e secularização como características
centrais da modernidade
Racionalização: para Weber, faria parte do grande processo histórico de secularização
característico do ocidente. se manifestaria das seguintes formas: no cálculo racional
para a obtenção de um dado objetivo, como a acumulação capitalista, na
burocratização dos procedimentos estatais, na utilização do conhecimento científico
para a compreensão do mundo natural.

No mundo oriental, Weber não considera que houve uma ruptura secular, já que
em países islâmicos, por exemplo, ainda possuem a política atrelada à religião.

Secularização: com a passagem do século XIX para o XX, ao emancipar a economia,


a política, o direito, a moralidade dos princípios religiosos, permitiu o avanço da
racionalização nessa áreas, jugando a dimensão religiosa para a esfera privada,
referida à crença de cada pessoa em particular.

Considerado um fato verificável no Ocidente do tempo de Weber, e não uma “lei


histórica” do Ocidente. Ou seja, não era algo imutável ou irreversível, já que se
fosse dessa forma, ele estaria construindo uma teoria geral do desenvolvimento
histórico do Ocidente.

Desencantamento de mundo
Conceito: expressão criada por Weber, inspirado em Schiller, para pensar o
pensamento e as transformações nele em curso.

Se referia a um fenômeno interno do campo da própria religião. Não dizia respeito


à morte de deus, mas ao fenômeno religioso inaugurado e aprofundado pelo
puritanismo.

Coincidia com o nascimento e a edificação das religiões monoteístas.

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Nesse contexto, o judaísmo foi a primeira religião a desencantar. Para Weber, o
judaísmo e o puritanismo representavam formas de uma racionalização
histórica da religião, pois ao destruir vários deuses e seus múltiplos agentes,
retiravam da religião a sua magia.

Puritanismo: sua versão calvinista aprofundaria o desencanto de mundo com


o ascetismo e o tema da predestinação.

Ascetismo: filosofia de vida em que os prazeres são refreados. Em seu


lugar devem prevalecer a austeridade e a parcimônia como sinais de
elevação espiritual.

Predestinação: fato de que a salvação de cada indivíduo tem pouca


relação com suas virtudes e defeitos, mas resulta da graça de deus. Ele é
quem decide quem está entre os salvos, e nada pode ser feito pelo homem
para que isso mude.

Reforma Protestante: deixaria de ser um fenômeno religioso para se tornar um


elemento da dimensão econômica.

A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904): a base material não teria


primazia sobre o mundo das ideias, que poderia ter incidência na configuração dos
fenômenos econômicos. A obra é um estudo sobre religião e sobre economia, bem
como sobre as afinidades entre as duas esferas da sociedade.

Weber conseguia ver uma relação direta entre a religião e questões de dinheiro,
lucro, empreendimento empresarial.

As regiões onde o avanço das técnicas de trabalho, empreendimentos capitalistas,


empresas modernas, escolaridade, comércio e mão de obra qualificada era mais
acentuado justamente onde predominava o protestantismo e não o catolicismo.

Protestantismo: oferecia um novo ethos econômico. O empreendedorismo, a


indústria e o trabalho árudio eram entendidos como dever moral.

O tipo ideal
Conceito: construção ou representação de uma configuração histórica, que não existe
na realidade concreta.

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Ele cria uma representação que permite ao sociólogo, por contraste, pensar a realidade
com a qual se defronta.

A teoria weberiana da ação social distingue quatro tipos de ideias de ação:

A ação racional com relação a um fim: ação concreta que tem um fim específico,
e elabora racionalmente os meios de chegar a ele.

A ação racional baseada em um valor: o objetivo da ação não é a obtenção de


um resultado exterior, mas de permanecer fiel à sua honra, à crença consciente no
valor que quer defender.

A ação afetiva: guiada pela paixão, ditada pelo estado de consciência ou humor
do sujeito. É definida por uma reação emocional do ator em determinadas
circunstâncias, e não em relação a um objetivo ou a um sistema de valores.

A ação tradicional: ditada pelos hábitos, costumes e crenças. Quase como uma
segunda natureza, faz com que o ator a realize quase sem perceber, obedecendo a
reflexos adquiridos pela prática, pelo cotidiano.

Formas de dominação
Estado: conjunto politicamente organizado de pessoas que impõem sobre um
determinado território o monopólio do uso legítimo da força.

O monopólio da força é imprescindível para os outros monopólios que o Estado


deve construir sobre o seu território: criação e administração da lei, do fisco, da
relação com outros Estados, da identidade nacional.

Definição: é a oportunidade de encontrar uma pessoa pronta a obedecer a uma ordem


de conteúdo determinado.
Tipos de de dominação:

Dominação tradicional: baseia a legitimidade na tradição. A dominação se


reproduz por sua antiguidade, pois sempre existiu e a experiência evidenciou sua
validez.

Nesse caso, fatores religiosos são acionados para legitimar o mando.

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Dominação carismática: baseada na figura de uma personalidade excepcional.
Um chefe carismático cujo poder reside na força de convencimento em um forte
apelo emocional, fortemente ampliados pela propaganda, ou na capacidade de
mobilizar as massas, está sempre pronto para subverter, ou a menos
desconsiderar as tradições e as instituições, em razão do fato que buscará
estabelecer uma relação direta com as massas.

Dominação racional-legal: se baseia na ideia de um direito abstrato,


institucionalizado por regras que obedecem a critérios de racionalidade,
impessoalidade e universalidade.

Se afirma pela submissão a um código ou regra universal percebido como


racional, que se auto-sustenta, e pode ser encontrada em grandes empresas e
outras organizações burocráticas.

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