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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022

Editorial ☺Leia em 1 min.

Luciano Lannes
Especialista em Produtividade e Sinergia, Coach
Executivo, instigador de reflexões, facilitador de
aprendizagem organizacional, escritor e Editor na
Revista Coaching Brasil.
"Procurando sempre fazer, para de fato, saber"
lannes@RevistaCoachingBrasil.com.br

Olá, amigos e amigas, da Revista Coaching A edição completa deste mês de junho está
Brasil, disponível em nosso site
www.revistacoachingbrasil.com.br
Você está recebendo um extrato com o dossiê
da edição 109, que traz algumas das palestras
ofertadas na mais recente versão da ICW 2022
Esperamos que você desfrute da leitura deste
no Brasil, na escrita de renomados coaches
dossiê.
ICF.
A ICW, International Coaching Week, é um
evento mundial organizado pela ICF, Tenha uma excelente leitura.
International Coaching Federation, e realizada
em diversos países, a cargo de seus Chapters.
Luciano Lannes
Este extrato é fruto da antiga parceria da ICF
Brasil com a Revista Coaching Brasil, para Editor
distribuição gratuita entre seus associados,
parceiros e prospects.

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
 -

Este é um extrato do dossiê da edição 109 para distribuição exclusiva da ICF Brasil.
A versão completa desta edição está disponível em nosso site
www.revistacoachingbrasil.com.br

2 – Editorial – Luciano Lannes

4 – Apresentação do Dossiê – Reimagine o Futuro – ICW 2022 – Flavio Kosminsky
6 – Dossiê 1 – Aprendizagem Singular: criando valor de forma ágil e consistente - Eduardo Carmello
10 – Dossiê 2 – Team Coaching: as oportunidades de ampliação do papel do Coach -
Maria Angélica Carneiro
13 – Dossiê 3 – O potencial transformador do Coaching aplicado à educação executiva -
Claudia Saad Rososchansky
16 – Dossiê 4 – Planejando o futuro no presente - Káritas Ribas
19 – Dossiê 5 – Coach Digital: preparando-se para futuro - Marcos Lemos
21 – Dossiê 6 – A Generatividade é a sua Superpotência: Celebre a vida com toda a potência -
Janet M. Harvey
24 – Dossiê 7 – Futuro, onde a desordem é a nova ordem - Marco Ornellas
27 – Dossiê 8 – Ética do Coaching no Contexto Latino-Americano - Eva Hirsch Pontes - Silvina Spiegel -
João Luiz Pasqual
29 – Dossiê 9 – Onde Mora a ConFiança? - ReDescobri mais uma vez que ela reside na Ética - Dulce Soares
34 – Dossiê 10 – A caminho de Varsóvia - Magdalena Giec - Iaci Rios

Expediente Todas as edições da Revista Coaching Fale conosco

Revista Coaching Brasil Brasil estarão disponíveis no site para Publisher
Publicação mensal da Editora Saraswati acesso exclusivo dos assinantes.
lannes@revistaCoachingbrasil.com.br
ano IX – num. 109 – junho 2022 A responsabilidade pelos artigos
Diretor Editorial assinados é dos autores. Editorial
Luciano S. Lannes contato@revistaCoachingbrasil.com.br
A Revista é um veículo aberto para a
lannes@revistacoachingbrasil.com.br
expressão de ideias e conceitos.
Projeto gráfico da capa Editora Saraswati
Estúdio Mulata www.editorasaraswati.com.br
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Mind Design
marcelo@minddesign.com.br

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Apresentação do Dossiê ☺Leia em 3 min.

Flavio Kosminsky
Coach, Consultor em Cultura e Gestão
flavio.kosminsky@keystoneconsulting.com.br

e experts reconhecidos no país, autores e

A International Coaching Week (ICW) é, para
palestrantes internacionais, líderes da ICF e de
mim, um dos muito importantes eventos em
Escolas de Formação de Coaches, todos
minha vida profissional; nela tenho a
oferendo a sua experiência local e
oportunidade de conhecer e conversar com
internacional como forma de desenvolver a
alguns dos expoentes da profissão, com
profissão e os profissionais que nela trabalham.
experts e com especialistas, o que enriquece a
mim e a todos que fazem do coach a sua
profissão ou uma das formas que escolheram
Os participantes tiveram a oportunidade de
para refletir e avançar em suas vidas pessoal e
ouvir e discutir sobre o futuro, o coaching na
profissional.
educação executiva, no setor público, a
progressão da carreira do coach, práticas em
gestão de recursos humanos em algumas
A ICW foi lançada em 1999 como a celebração
grandes empresas brasileiras, metodologias e
global do coaching, promovida pela
abordagens inovadoras em coaching
International Coaching Federation (ICF)
individual e em equipes, o impacto social e a
voltada para educar o público sobre o valor de
ética em Coaching entre outros.
trabalhar com um coach profissional e
reconhecer os resultados e o progresso
alcançado no processo de coaching.

Entre 16 de maio a 22 de maio, tendo como

pano de fundo o tema “Reimagine o Futuro”, a
ICW 2022 ofereceu cerca de 1100
oportunidades entre eventos, webinários,
conferências, workshops educacionais e
sessões de coaching pro bono, em mais de 20
idiomas.

Tivemos no Brasil uma agenda bastante

intensa, com 18 eventos contando com líderes

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Muitos dos temas abordados durante a
semana internacional, você encontrará no
dossiê publicado nesta Revista, como uma
oportunidade de conhecer ou aprofundar seus
conhecimentos. E agradeço a cada autor pela
participação e contribuição valiosas aqui
presentes!
O sucesso da semana, quando tivemos mais de
1300 participantes nos eventos originados no
Brasil, foi fruto de um intenso trabalho do
Comitê Organizador que se dedicou a fazer da
ICW 2022 uma contribuição relevante para o
desenvolvimento do Coaching. Um
agradecimento especial a você que esteve
conosco e em especial aos nossos
patrocinadores Gold (Climby, ProFit Coach &
Treinamento, IMR Coaching Skills e UseCoach)
e aos patrocinadores prata ( Appana e Escola
de Coaches).
Espero que você possa estar na ICW 2023 para
continuarmos a criar o futuro através do
coaching!
Um abraço,

Patrocinadores Gold Patrocinadores Silver

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Dossiê 1 ☺Leia em 10 min.

Aprendizagem Singular:
criando valor de forma ágil e consistente
Eduardo Carmello
Diretor da Entheusiasmos Consultoria em Talentos
Humanos; Consultor Organizacional e Educacional
especialista em Gestão Estratégica de Pessoas,
trabalhando no modelo Organizacional de Inovação e
Agilidade; Top of Mind de RH 2021 – categoria
palestrante, indicado 12 vezes ao TOP FIVE do prêmio
Top of Mind de Recursos Humanos; Professor convidado
da PUC-RS: MBA Gestão, Empreendedorismo e
Marketing com a cadeira de DESIGN THINKING e
também o MBA Liderança, Inovação e Gestão 3.0 com a
cadeira CRIATIVIDADE e MODELAGEM DE NOVOS
NEGÓCIOS; Autor dos livros “Gestão da Singularidade:
alta performance para equipes e líderes diferenciados” ,
“Resiliência: a transformação como ferramenta para
construir empresas de valor“ e “Supere: a arte de lidar
com as adversidades” (Ambos da Editora Gente).
www.entheusiasmos.com.br
eduardo@entheusiasmos.com.br
@eduardocarmello – Linkedin e Instagram

produtos, serviços, experiências e até novos

Para gerar valor na Complexidade, precisamos
modelos de negócio, entregando valor de
de uma nova forma de aprender.
forma antecipada e contínua.
Para suportar as intensas mudanças nos
Diante do contexto organizacional cada vez
próximos 20 anos, organizações, culturas,
mais complexo e incerto, criei o conceito da
líderes, educadores e aprendizes
Aprendizagem Singular, que é “um processo
compreendem que é necessário criar
diferenciado de evolução onde o próprio
estratégias de capacitação que não esteja
Sujeito determina seus objetivos de
limitadas ao modo de ensinar, mas no fomento
desempenho e inovação. Ele desenha sua
da aprendizagem singular, que modifica o
jornada de captura, construção e entrega de
desempenho, amplifica inovações e
valor singular, transformando-a em projetos
transforma realidades.
estratégicos configurados no modo Sprint”.
As organizações mais inovadoras focam seu
Pense no modo de tralhar e aprender de uma
modo de atuar em descobertas e
Startup. Ela cria um objetivo de melhorar a
experimentos que serão testados com os seus
experiência ou o sucesso de um cliente.
clientes para a obtenção da aprendizagem
Organiza um projeto de inovação onde
validada e viável. E depois aplicam esses
começa a buscar informações sobre os
conhecimentos valorosos para produzir
principais desafios, dores, problemas e
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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
desejos relevantes. Em seguida, desenha uma Ávido por aprender, assiste todo o módulo on-
série de ideações, experimentos, line de 16 horas e se dá conta de que todas
prototipações, tarefas e ações que serão aquelas informações não respondem a sua
desenvolvidas e entregues ao longo de 15 ou principal pergunta: como implanto um
30 dias. Sprint significa que elas capturam, programa de Inovação?
produzem e entregam valor em ciclos curtos,
O conteúdo programático é essencialmente
dando singularidade, consistência e
para iniciantes. Foca na disseminação de
velocidade nos seus aprendizados.
informações para demonstrar a Importância da
São organismos vivos, inteligentes e inovação no mundo moderno. Porque as
diferenciados, justamente pelo seu modo empresas precisam inovar. Os diversos tipos
diferenciado de aprender. de inovação. Os grandes inovadores e suas
estórias de sucesso.
Bem diferente dos modelos tradicionais da
Cultura Educacional, das Escolas de No final, faz uma série de exercícios de fixação
Administração e dos treinamentos ministrados para compreender se você entendeu tudo o
pela Educação Corporativa. que o módulo de inovação lhe apresentou.
Você paga muito caro e espera muito tempo
para receber informações irrelevantes, que não
Por que os modos tradicionais não geram valor
foram singularizadas para atender seu objetivo
na Complexidade
de aprendizagem.
Imagine que você é um Líder e foi convidado a
implementar um Programa de Inovação na sua
Empresa. Ou mesmo um Coach/Mentor que
recebeu a mesma demanda de um grande
Cliente. Curiosamente você está começando
um MBA de Gestão de Pessoas e descobre que
a matéria de Inovação está no terceiro
semestre. É uma espera de 12 meses.
Como você que é proativo, conversa com o
Coordenador do MBA, explica a situação e
solicita que ele antecipe a matéria de Inovação
para você aprender a implementar o seu
Valioso Programa na Empresa em 30 dias.
Qual será a resposta dele?
Mesmo se for um curso on-line, com total
capacidade da Instituição liberar o módulo
gravado, você terá grande dificuldade de
obter “autorização” da Instituição.
Perceba que são as Instituições ou a Educação
Corporativa que definem o que todos devem Aprendizagem Singular: just for you, just in
aprender. Numa sequência enorme de time, just enough
conteúdos e tempo quase impossíveis de se
O modelo da Aprendizagem Singular constata
modificar.
que é mais eficaz, rápido e consistente
Suponha que, por um milagre, a instituição construir soluções de aprendizagem alinhadas
liberasse o módulo de Inovação. aos objetivos estratégicos do Sujeito.

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022

Aquilo que é necessário ao Sujeito:
Capacidade para fazer uma análise do que o
aprendiz já sabe, possui e aplica em cada
estágio de sua jornada de transformação. Ter
clareza sobre o que ele precisar fazer
especificamente, tanto para dar conta de seus
objetivos em seu nível ou estágio, mas como
também o que ele precisa aprender para
ascender ao próximo nível de atuação.
O que ele precisa neste momento: obter
clareza sobre o que o sujeito precisa aprender
para realizar ações no tempo presente, diante
da circunstância em que se encontra. O
aprendiz sempre clama por informação
precisa, detalhada e relevante.
aprendizagem singular é excelente em dar a
informação que o aprendiz precisa, no
momento que ele precisa.
O que é suficiente: diante de um cenário de
excesso de informações, é extremamente
importante conseguir ter uma curadoria de
conhecimentos, oferecendo a quantidade
adequada de informação. Saber construir
blocos de aprendizagem perfeitamente
ajustados às necessidades, para que o sujeito
consiga aplicar e alcançar seus objetivos
prioritários.
A Aprendizagem Singular contempla uma
relação que vai além da determinação
Pedagógica e Andragógica (onde quem
define o que ensinar e como aprender são
instituições de Ensino) evoluindo para uma
relação Heutagógica de Aprendizagem.
A Heutagogia preza pela aprendizagem
autodirigida, fomentando a autonomia,
autoeficácia e autossuficiência. O Sujeito
determina, desenha, gerencia e produz a si
mesmo como uma obra de arte. Não se trata
de egoísmo e sim da possibilidade de
desenvolver suas diferenças, potências e a
dignidade de sua existência.
03 componentes diferenciados da
Aprendizagem Singular
1 – O Design Singular: ao invés fazer diversos
tipos de assessments para classificá-lo em
algum molde conceitual, o Design Singular
compreende qual tipo de desafio, objetivo e
projeto o Sujeito quer realizar. Clarifica uma
jornada de transformação do conhecimento
em resultado, que consiste em 04 estágios:
Saber Melhor, Fazer Melhor, Entregar Melhor e
Resultar Melhor. Fazemos uma distinção entre
Competência e Capacidade. Competência
A
compreende os estágios Saber Melhor e Fazer
Melhor. E Capacidade compreende os
Estágios Entregar Melhor e Resultar Melhor. É
muito comum você perceber Organizações e
profissionais que são competentes, mas não
são capazes de produzir valor na
Complexidade. Sabem muito sobre algo, mas
não conseguem transformar aqueles
conhecimentos em resultado desejado pelos
clientes.
No Design Singular fazemos um alinhamento
preciso entre os objetivos de aprendizagem
com os objetivos de desempenho,
reconhecendo em qual estágio o sujeito está e
acelerando sua jornada de transformação dos
objetivos singulares em entregas de valor
diferenciado.
2 - A integração da Aprendizagem
Declaratória, Procedural, Validada e Viável.
Para construir valor diante da complexidade,
precisamos integrar os modos de
aprendizagem, não se limitando apenas ao
modo declaratório. Entendo a aprendizagem
na complexidade como um processo de
incorporação de novos conhecimentos que
resultam na progressão do desempenho
humano e organizacional, validado e

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
viabilizado pelos clientes. Com essa visão, extremamente eficazes pois, através da
Aprendizagem Singular vai além de apenas Jornada Singular, sabemos de forma ágil e
ensinar o que é o Scrum (Saber Melhor). Ela te precisa, qual é o projeto, o estágio, as
capacita a incorporar o framework na sua atividades e os obstáculos específicos que
agenda de trabalho (Fazer Melhor), melhorar precisamos atuar para fazer o trabalho
as métricas de suas entregas (Entregar Melhor) caminhar com consistência e velocidade.
e impactar positivamente os seus KPI’s
(Resultar Melhor), pois o cliente não só
aumentou a nota do NPS como também Esses são os diferenciais utilizados para
comprou mais de você. O diferencial é que alavancar a aprendizagem e inovação.
você não se torna apenas competente, se torna
capaz.
O Futuro Promissor é construído através da
Heutagogia que alavanca a Aprendizagem
3. O modelo APRII (aprendizagem e inovação Singular. A jornada de aprendizagem
de Impacto) desenhada por e para você. Sem conteúdo
generalizados, pasteurizados e que não te
Na Aprendizagem Singular, o objetivo de
ajudam a evoluir na sua própria realidade.
construção de Valor e aprendizagem é
definida pelo Sujeito. Ele cria a sua jornada de
capacitação no modo Sprint. Nós sabemos É de extremo valor praticar a Aprendizagem
exatamente em que estágio ele está. Em cada Singular para produzir Agilidade, Inovação e
estágio há um conjunto de atividades, tarefas, Diferenciação.
habilidades a serem realizadas. E há obstáculos
que fazem com que a aventura fique mais lenta
ou mesmo que impeça a conclusão de seus
objetivos.
Com isso criamos sessões (APRII) de
investigação, resolução e modificação desses Photo by UX Indonesia on Unsplash
impedimentos, com o objetivo de fazer fluir o
conhecimento e ganhar velocidade de
realizações e entregas. Essas sessões são

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Dossiê 2 ☺Leia em 9 min.

Team Coaching: as oportunidades de

ampliação do papel do Coach
Maria Angélica Carneiro
Psicóloga Antroposófica, Biógrafa e Coach MCC,
Mentora CMC, Supervisora CSA, Team Coach,
certificada internacionalmente. Consultora e Diretora,
cofundadora da Escola de Coaches do EcoSocial.
Trabalho para pessoas em busca do
autodesenvolvimento que queiram fortalecer seu
protagonismo e sua contribuição no mundo.
maria.angelica@ecosocial.com.br

sentido de carregar as mudanças. Também

O mercado de coaching individual está
maduro e exigente. Não foi a tecnologia que
mudou as empresas – trouxe necessidades de
transformações, com certeza; mas foram as
pessoas que mudaram as empresas – um
processo crescente, contínuo e infinito...
Se olharmos para a metáfora da física que nos
trouxe o conceito de Homeostase (capacidade
de autossustentação do sistema) veremos que
com o passar do tempo, a despeito de
qualquer oscilação temporária, todo e
qualquer sistema sempre procura retornar a
uma condição de estabilidade e constância –
autocorreção e autorregulação, retornar ao seu
estado homeostático.
Para tal é necessário que várias partes do
sistema organizacional estejam devidamente
conectadas... (Ket de Vries).
Influenciar mudanças restritas – one to one –
são eficazes no plano individual, mas limitadas
no tempo e escopo das necessidades
emergentes e urgentes.
Então, quando as mudanças desejadas
ocorrem é fundamental que VÁRIOS
indivíduos, que formam várias partes do
sistema organizacional, estejam conectados no
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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
podemos dizer que o inverso é verdadeiro,
qualquer mudança em uma única parte do
sistema afetará as demais...
O coaching de times surgiu como uma
ferramenta eficaz de desenvolvimento de
equipes multidisciplinares, que surgiram nas
empresas como um mecanismo ágil para
carregar as mudanças e transformações
necessárias.
Ajudar pessoas a transformar empresas, não
apenas como um empreendimento lucrativo e
sustentável, mas em ótimos lugares para se
trabalhar, onde os funcionários sentissem que
suas tarefas têm um propósito real.
As influências ocultas que permeiam as
dinâmicas de um time são capazes de criar um
efeito grupal mais forte e poderoso que a soma
de todas as partes isoladamente.
Criar uma cultura sistêmica de Coaching onde
os funcionários possam construir confiança e
relações transparentes. A liderança seria
distribuída ao invés de concentrada no topo.
As pessoas trabalhariam em times e grupos,
reagindo mais rapidamente no
compartilhamento do conhecimento e na
concentração de seus objetivos comuns.
O futuro das organizações passou a residir no
atrelamento de dar poder aos times através de
objetivos e propósitos comuns. Criar um
espaço catalizador capaz de converter
necessidades em mudanças positivas.
Pergunta que não quer calar: Como embarcar
nesta onda?
O coach de times deverá ser ágil, são poucos
os dias/sessões para fazer diferença no time.
Criar um espaço seguro para experimentar e
aprender novos modos de operar.
São muitas as técnicas a serem usadas por um
coach de times – diálogos corajosos na busca
de objetivos comuns, são muito mais
poderosos e eficazes para o funcionamento do
time.
Perceber os padrões em comportamentos
específicos e a maneira como se estabelecem,
o modo como podem ser compreendidos,
dentro da ótica de interação do grupo.
Utilizar lentes clínicas para associar a
ocorrência do aqui-agora e possíveis padrões
recorrentes. No nosso curso de Team
Coaching, uma das atividades que
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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
estimulamos os alunos a desenvolverem é o
uso do PNN – Perceber, Nomear e Negociar.
Perceber o padrão que impede o time de
seguir adiante.
Nomear o padrão – normalmente usamos
metáforas para dar leveza e não julgamento,
trazer consciência a todos do time e fazer o
time negociar o “como queremos lidar com
este padrão de forma positiva e
impulsionadora”.
Fazer acordos de funcionamento do time,
consistentes e alertá-los sobre o seu
cumprimento. Ser um guardião do time para
trazer luz de impeditivos e seguir adiante e
positivamente na direção desejada, das
entregas produtivas e dos objetivos de
existência do time.
Não são só os indivíduos que resistem às
alterações. Na verdade, a própria arquitetura
organizacional resiste.
É muito importante que o coach de times
compreenda muito bem o contexto do
negócio da organização.
Lidar com um ou com todos? Tudo isso ao
mesmo tempo...
Atentar para o todo e para as partes isoladas e
suas interrelações.
Tratar o time como um indivíduo e não com os
integrantes separadamente.
Ser capaz de alternar entre objeto e sujeito,
mantendo a relação do grupo como um todo.
Saber quando ficar calado ou quando trazer o
elefante para o centro da sala.
Enfim, são muitas as técnicas a serem usadas
por um coach de times – diálogos corajosos,
trazer exemplos, usar metáforas para que os
padrões sejam vistos e percebidos por todos.
A grande diferença entre Coaching de Grupo
e Team Coaching é que no grupo são
estimuladas as capacidades individuais,
apoiando suas próprias metas e aspirações
individualizadas. No Team Coaching as metas
e expertises individuais estão à serviço de um
objetivo e propósito únicos.
Mas, e quando o time não funciona? Estamos
falando de times disfuncionais!!! Ao contrário
do dito até agora.
Em Team Working o silencio não é de ouro e
sim a morte – Mark San Born.
Ao contrário do coaching individual, onde o
silencio é de ouro, podendo trazer uma grande
reflexão ou descoberta do cliente sobre si.
Estamos, então, em frente a times
disfuncionais. Onde o silencio é visível, dá até
para cortar com a faca ou pegar com as mãos -
mais uma linguagem figurada para questionar
significado. Também podem acontecer
guerras de territórios para saber quem vai mais
longe ou tagarelas à mesa, tal como mapas
sem direção – de rumo incerto e duvidoso, fala-
se de tudo, mas não da meta e tarefa a ser
cumprida.
O time fica evitando o movimento, cada um
por si. Varrendo conversas estranhas, nada do
que importa fica sobre a mesa, vai tudo para
debaixo do tapete, este também é um padrão
que cabe ser questionado pelo coach de times,
o que está sob a mesa que não está sendo
falado aqui e agora? Os indivíduos agem por
si, como caçadores de glória, quem recebe os
créditos quando os projetos são bem-
sucedidos?
O papel do coach de times é criar um espaço
catalizador capaz de converter críticas em
12
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
mudanças positivas. Obter um nível de
confiança e experimentação preservado para a
reflexão e aprendizado de novos padrões. Um
lugar acima de tudo divertido e encorajador,
apoiando-os em suas próprias metas e
aspirações individualizadas.
Mostrar a fotografia do time, com fatos
percebidos, dando a eles o rumo e a direção a
seguir. Rever os acordos e razão de existência
deste time disfuncional. Aplicar um assessment
de time também é um recurso interessante
para que se veja espelhado a decisão da
melhor direção a seguir e poder falar
claramente dos incômodos.
Um espaço seguro para experimentar e
aprender novos modos de operar.
Trazer pessoas para o time que possam seguir
com o time – união das partes, fazer do time um
único indivíduo e não o contrário.
Enfim, o trio de ouro de um Team Coaching
são seus acordos, objetivos claros e um
propósito comum.
Palavras-chaves: Team Coach, coaching,
sistemas organizacionais, contrato, propósito,
objetivos comuns.
As referências que usei nestes highlights:
BRITTON, Jeniffer. From one to many: best
practice for team and group coaching. Jossey-
Bass, 2013.
KETS DE VRIES, Manfred F. R. O efeito porco-
espinho: o coaching executivo e os segredos
de se construir equipes de alto desempenho.
(Locais do Kindle 23-24). DVS Editora. Edição
do Kindle.
HARVEY, Janet C. What team coaching is and
is not. Chapter in: Professional Coaching
Principles and Practice. Springer Publishing
Company. 2018.
Dossiê 3 ☺Leia em 10 min.

O potencial transformador do Coaching

aplicado à educação executiva
Claudia Saad Rososchansky
Coach, neuropsicóloga e mediadora de conflitos,
professora e coach da Fundação Dom Cabral, fundadora
da consultoria Ampliar Talentos.
“Apoia indivíduos e equipes a realizarem seu potencial,
indo além de seus sonhos.”
claudia@ampliartalentos.com.br

oferece, aumentando a complexidade de

Cada vez mais observamos executivos
bastante pressionados, buscando resultado
para suas operações que competem com
novos modelos de negócio, com novas
demandas de ESG e inovação, precisando
desenvolver competências relacionadas à
indústria 4.0, tomar decisões num mundo
VUCA/BANI e liderar pessoas de diversas
gerações no mesmo ambiente de trabalho.
Portanto, profissionais expostos a muitos
estímulos que competem com uma rotina de
trabalho geralmente bastante carregada e
também com as responsabilidades advindas
de sua vida familiar.
Num dado momento de sua carreira,
justamente buscando maior competência para
poder lidar com seus desafios, lapidar sua
liderança ou ainda se preparar para uma
mudança de carreira, acabam por buscar um
curso de alto nível, com grande exigência, que
precisa “caber” nesse contexto de vida.
Nesse momento buscam as escolas de
negócio, onde dentre diversas alternativas de
educação executiva encontram o MBA, curso
que ainda mais os estimulará, mas em campos
distintos do seu dia a dia, de sua prática
profissional, ampliando seu olhar sobre as
possibilidades que o mercado de trabalho
temas que precisam considerar para tomar
decisões, inclusive relacionadas às suas
próprias carreiras.
Em cursos de MBA, como por exemplo, da
Fundação Dom Cabral, que tem por um de
seus objetivos desenvolver líderes capazes de
mobilizar transformações em seu contexto,
gerando valor e crescimento sustentável para
suas organizações e para a sociedade, a partir
de relações pautadas por confiança e ética,
compreende-se que o desenvolvimento das
competências de liderança também podem
ocorrer oferecendo -se não apenas a
oportunidade de ampliação de conhecimento,
mas também de autoconhecimento atrelado
às suas experiências profissionais,
possibilitando uma conexão entre a teoria e a
prática vivenciada.
E nesse contexto de apropriação do conceito a
partir de suas vivências, não apenas a
Fundação Dom Cabral, mas também outras
grandes escolas de negócio foram
percebendo, de forma mais pragmática que,
quando se une à educação um processo
reflexivo, acaba-se por potencializar
mudanças, pois se reserva um momento nesse
contexto de sobrecarga de estímulos e

13
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
demandas para que esses executivos possam
pensar em si mesmos, em suas experiências e
criarem conexões entre vida real e conceitual.
Sabemos que a discussão teórica sobre
liderança pode ser fascinante, mas que ganha
impulso quando esses executivos são
convidados a pensar de forma mais profunda,
conectando-a com as suas experiências
profissionais e de vida, assim como a partir da
perspectiva de seus colegas, que ocupam
posições em empresas de segmentos e
culturas diversas.
Esse processo de aprendizagem,
compartilhamento e descobertas pode ser
mediado pelo processo de coaching, que
pode ser realizado em grupo, ampliando as
possibilidades de compreensão, de repertório
e de ação. Afinal, aprende-se também com as
experiências dos outros.
A realização do Coaching em Grupo propicia o
desenvolvimento coletivo, mas poderá ser
mais enriquecedor ao não se perder a ênfase
nas questões individuais dos participantes.
É importante que, a cada encontro, o grupo
esteja sendo provocado a maximizar seu
potencial pessoal e profissional, num processo
em que seja questionado pelo coach, e
também se autoquestione, seja instigado a
pensar sobre como vem pensando e
vivenciando algumas temáticas apresentadas
ao longo da formação executiva.
Considerando-se que uma mesma turma de
educação executiva poderá conter vários
grupos em processo de coaching, é de se
supor que vários coaches estejam envolvidos
concomitantemente, o que pede uma
metodologia única, clara e sempre atualizada,
que possa ser seguida por todos, ainda que se
respeitem as diferentes formações e
repertórios dos coaches.
O coach tem o papel de estruturar o trabalho
no seu grupo, criar as condições para o diálogo
com e entre todos os participantes, gerando
provocações e estimulando cada pessoa e
cada grupo em seu trabalho de reflexão e
desenvolvimento.
Um processo de coaching cuidado, bem
conduzido é realmente muito importante para
o desenvolvimento dos executivos como
profissionais mais conscientes de si e de sua
trajetória, de suas possibilidades e de suas
novas possíveis escolhas.
Quando pesquisei para o mestrado “As
implicações do processo de coaching na
identidade profissional: sob a perspectiva do
executivo” (ROSOSCHANSKY, 2013), concluí
que o processo de coaching propicia reflexões
sobre a necessidade de mudança, o que
oferece ao profissional, ao realizar essas
reflexões acompanhado por um coach, que
possa aprender mais sobre si mesmo e sobre o
ambiente no qual está inserido, checando,
portanto, sua identidade social real versus a
sua identidade social virtual, que relaciona-se
aos atributos que os outros, ou a empresa lhe
imputam (GOFFMAN, 2011).
Observei também que o processo de coaching
amplia no indivíduo a necessidade de se
autoconhecer, pois atua como um “aparelho
de conversação” ou seja, uma ação de
linguagem que possibilita a desconstrução e
reconstrução do mundo vivido, do mundo
percebido pelo executivo.
Isso o leva a reinterpretar sua biografia e, a
partir daí, pode reconfigurar sua identidade
profissional, tanto mudando em alguns
aspectos, como buscando novas
possibilidades profissionais, o que é muito
comum após uma educação executiva
também.
O coaching também propicia alterações nos
atributos que os executivos provavam possuir,
ou seja, ao se perguntar aos executivos sobre
como se percebiam antes e depois do
processo de coaching, percebe-se que há
alterações de atributos, de características e de
interesses. Um exemplo, como vivencio a
liderança, passando por uma transformação de

14
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
um padrão autocrático para uma liderança
com propósito.
Assim como relatado na literatura, comprovei
que processos de coaching bem conduzidos
também favorecem a melhoria do nível de
flexibilidade gerencial, ou seja, novos temas
ganham a atenção do executivo, como
comunicação, gestão de pessoas,
relacionamento, definição de objetivos e
priorização, engajamento e produtividade. E
daí, a mudança de atributos parece ganhar
mesmo mais espaço. (KOMBARAKARAN et al,
2008)
O coaching também favorece a reflexão sobre
as expectativas organizacionais, que se
referem às expectativas que as empresas têm
em relação à pessoa. Na medida em que o
executivo tem maior consciência destes
atributos que lhe são imputados, aumenta sua
possibilidade de se diferenciar e singularizar,
ou seja, pode responder de forma mais
consciente: quem eu realmente quero ser? A
quais atributos quero corresponder? E, então,
pode tornar alguns desses atributos mais ou
menos salientes. Por exemplo: se vestir a
camisa da empresa significar engajamento
total, sem tempo suficiente para sua vida
pessoal, talvez não esteja mais disposto a dar
espaço para este atributo.
Pois bem, se a Educação Executiva gera ainda
mais estímulos para esses profissionais, se os
expõe a novas demandas, temas, discussões,
então podemos dizer que o MBA está
contribuindo também para a lapidação da
faceta profissional da identidade desse
executivo.
Agora, se frente a tantos novos estímulos e
num contexto de vida em que esse período de
estudos os sobrecarrega ainda mais, se esses
executivos, participantes do MBA puderem
ainda contar com um processo reflexivo, de
coaching, ainda que não individual como o
pesquisado, será que não podemos afirmar
15
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
que temos a potencialização desses dois
estímulos?
O que estou afirmando é que tanto o MBA
quanto o coaching tem uma grande
possibilidade de influenciar no processo de
alteração de alguns atributos da identidade
profissional dos executivos. Logo, unidos, há
uma potencialização da transformação.
Ao se unir os objetivos individuais de
aprendizagem aos interesses compartilhados
pelo grupo, pode-se obter um
autoconhecimento ampliado, associado a
aprendizado, evolução, crescimento e conexão
com os demais participantes, gerando
também novas amizades.
Em minha experiência profissional como coach
no MBA tive o prazer de acompanhar um
grupo que, intuitivamente, se autointitulou
“Velhos Amigos”, o que é muito significativo,
pois como também pude ratificar via pesquisa,
coaching conversa com a vida, não é apenas
sobre cognição, é também sobre afeto,
emoção e amizade, o que entendo tornar esse
processo ainda mais relevante e fascinante.
Bibliografia:
GOFFMAN, E. (2011). A representação do eu
na vida cotidiana (18a ed.). (M. C. S. Raposo,
Trad.). Petrópolis: Vozes. (Obra original
publicada em 1959).
KOMBARAKARAN, F. A., Baker, M. N.,
Fernandes, P. B., & Yang, J. A. (2008). Executive
coaching: it works! Consulting Psychology
Journal: Practice and Research, 60(1), 78-90.
ROSOSCHANSKY, C.M.B.S. “As implicações do
processo de coaching na identidade
profissional: sob a perspectiva do executivo”.
Dissertação (Mestrado) – Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em
Administração. Belo Horizonte, 2013.
Photo by Andreea Avramescu on Unsplash
Dossiê 4
Planejando o futuro no presente
Muitas vezes atribuímos toda a
responsabilidade de ações sustentáveis no
impacto da empresa para fora, no local, na
comunidade e no meio ambiente. Há muitas
ações sustentáveis da porta para dentro das
organizações, e o planejamento estratégico é
uma delas. Por quê?
É no planejamento estratégico que a empresa
assume o compromisso com
sustentabilidade, definindo objetivos
específicos ligados a essa pauta que vão
impactar tanto os objetivos secundários
quanto as ações da empresa. Se a
sustentabilidade estiver clara nos objetivos
principais, toda a operação tende a ocorrer de
forma sustentável, visando cumprir com esse
objetivo. É bem diferente quando esse tema é
secundário e gera apenas ações pontuais, com
pouca consequência e impacto.
Nesse sentido, quando se fala em
sustentabilidade hoje, envolvem-se aspectos
ligados à sustentação financeira e também a
sua responsabilidade em relação à
sustentabilidade do mundo. Não cabe mais
uma empresa existir se ela não prevê seu
impacto na sustentabilidade própria, de seus
colaboradores e do mundo.
É por isso que as pautas ESG (ligadas à
responsabilidade ambiental, social e de
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
☺Leia em 9 min.
Káritas Ribas
Idealizadora e Fundadora do Appana Território de
Aprendizagem. Administradora de empresas, filósofa,
psicanalista, coach com formação ontológica, PCC ICF,
GRI Certificada, gestora, mãe e eticista entusiasmada
governança corporativa) não podem ser só
uma jogada de Marketing. Para analisar de
perto os impactos econômicos, sociais e
ambientais, é preciso consciência e coerência
nos discursos, práticas, processos e resultados.
Já temos acesso suficiente à informação para
saber quando uma empresa maquia dados
para parecer verde, diversa e inclusiva. Sites e
aplicativos como Desrotulando e Limpp
compartilham informações sobre produtos
a alimentícios e de higiene, respectivamente, a
newsletter da Pratique Consciente comunica
práticas de greenwashing em marketing de
empresas que estão no nosso dia a dia, e a
plataforma de empregos Glassdoor exibe
percepções que trabalhadores têm sobre
empregos e empresas. Isso para citar apenas
alguns exemplos de espaços que podem
fornecer informações de empresas que aliam
ou não o discurso à prática.
O discurso das melhores práticas para
sustentabilidade começa a se tornar indicador
para demonstrar a solidez, a transparência e a
qualidade da atuação das organizações.
Discurso esse que envolve tanto a estruturação
da comunicação interna, com relatórios que
apresentem dados de como a empresa está
planejando, executando ações sustentáveis e
que resultados vêm obtendo, quanto a
comunicação externa, seja para buscar
certificações no mercado, seja para
compartilhar seu case em eventos temáticos e
16
de networking, seja para ações de marketing e realidade do dia a dia da empresa, do
publicidade, gerando uma imagem positiva da presente. É aquela velha história de quem quer
marca e vendas. Isso porque a sustentabilidade inovar na marra, de fora pra dentro: a sensação
vem se tornando um valor inegociável, tanto de mudança é grande, a movimentação
para investidores quanto para consumidores, acontece, o investimento é alto, mas o retorno
que estão cada vez mais atentos a empresas costuma não ser nem um pouco sustentado no
que não operam de acordo com diretrizes tempo.
sustentáveis e éticas, evitando aportar seu
dinheiro e estabelecer relações comerciais
com essas organizações.
Mas as pautas de sustentabilidade só saem do
discurso das ideias e intenções quando são
refletidas e estruturadas em um plano. Tudo
isso começa no planejamento. Você se lembra
do planejamento estratégico da sua empresa?
Como ele orientou as ações do ano até aqui?
O planejamento estratégico é o farol que
direciona as ações da empresa. Sem objetivos
estratégicos e específicos, sua empresa aposta
na tentativa e erro, o que geralmente custa
muito caro tanto financeiramente quanto para
o clima organizacional.

Definir, monitorar e analisar esse plano são

ações sustentáveis dentro da empresa. Já
parou para pensar nisso? A sustentabilidade
começa por ações como essa, de olhar e
realizar de fato um planejamento que crie um
sentido comum na organização. É quando a
intenção da empresa se torna uma proposta
comum, mobiliza a inteligência coletiva
construindo informação, conhecimento e
atividades, que a estratégia definida pode sair
do papel.
Para fortalecer o sentido comum de
sustentabilidade, é preciso começar pelo
reconhecimento da equipe (e dos papéis) que
está(ão) a serviço dessa pauta, pelo
entendimento individual e compartilhado
sobre a temática e pela compreensão de onde
a empresa está e do que almeja construir
dentro dessa agenda. É ilusório acreditar que a
empresa promoverá mudanças sustentáveis
apenas com a entrada de novos conteúdos de
fora sobre sustentabilidade ou com a
declaração de uma meta fragmentada à
E por isso que o planejamento estratégico só
sai do papel por meio do engajamento e
entrega das pessoas envolvidas, fortalecidas
por um sentido comum. É aqui que a ESG entra
na pauta do RH: profissionais de Recursos
Humanos precisam se atualizar na abordagem
ESG, para cuidar de uma das áreas mais
estratégicas das empresas: as pessoas! Afinal,
as mudanças reais e consistentes são feitas por
gente.
O RH está envolvido em pautas ESG quando
depara com questões como:
● Como contratar e treinar
colaboradores e líderes afinados com a
pauta de sustentabilidade, impacto
socioambiental, autogestão, diversidade,
cultura regenerativa?
● Que conhecimentos e experiências são
necessárias para definir o cargo ou o

17
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
 papel que esse profissional vai
desempenhar?
● Quais perguntas você, responsável
pelo recrutamento e seleção, não pode
deixar de fazer para selecionar o
profissional adequado para a demanda
atual?
● Quais novas competências e
habilidades passam a ser avaliadas? O
que é cabe revisar nos processos de
recrutamento, seleção, outplacement e
teambuilding?
Quem cuida e coordena pessoas nas
organizações precisa, cada vez mais, ampliar
seu repertório para compreender novos
resultados que as empresas precisam alcançar.
Antes, quando se pensava em geração de
resultados, tudo se resumia em alcançar lucro
como fim; agora, o que passa a garantir a
existência das empresas em médio e longo
prazo é o lucro ao lado de e aliado ao impacto
positivo e regenerativo urgente de que o
mundo precisa nas mais variadas frentes
sociais, ambientais e organizacionais.
Nesse sentido, fazer treinamento ESG e trazer
pautas ligadas às ODS para a mesa de reunião
são ações importantes, mas esse
18
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
conhecimento só vai sair do papel quando
estiver conectado à realidade da sua
organização, ao seu ecossistema. Que tal
começar pelo básico?
● Dialogue com as pessoas.
● Observe as operações e os processos,
questione-os, estimule as pessoas que
trabalham nelas a questioná-los também.
● Converse sobre as motivações da
organização com todos os envolvidos.
Abra espaços de troca sobre a realidade
e a visão da empresa.
E, em vez de só trazer conhecimento externo,
traga alguém que facilite essa mudança, com
olhar dedicado a fazer essa ponte da sua
empresa com o futuro.
Nossa ideia de mudar o mundo precisa ser
ambiciosa. As empresas esquecem que têm
uma função social, que não são só máquinas
de gerar lucro. Elas precisam assumir essa
função social. E essa função pode ser exercida
já local e internamente, tanto no engajamento
das pessoas que já atuam na empresa quanto
de novas contratações para compor o
ecossistema organizacional.
Dossiê 5 ☺Leia em 6 min.

Coach Digital: preparando-se para futuro

Marcos Lemos
Coach associado à ICF – International Coaching
Federation – capítulo Brasil, e CEO da climby,
especializada em plataformas digitais para
desenvolvimento humano.
marcos.lemos@climby.me

mais próximo, conectado com o negócio e ser

Se você pudesse olhar por janela mental e
projetar um futuro próximo, algo como entre 5
e 10 anos, o que você veria? Para auxiliar neste
exercício de futurologia, procure projetar os
campos da medicina, dos serviços públicos, do
trabalho, educação e lazer. Anote suas
respostas, guarde-as em uma capsula do
tempo e defina um lembrete para abri-la no
futuro.
Provavelmente você acertaria boa parte das
projeções. Isso porque, independente das
tecnologias, estamos falando de pessoas. Sim,
por avançada que sejam, todas as tecnologias
têm um claro propósito: o desenvolvimento e
o bem-estar humano.
Neste horizonte de tempo – 5 a 10 anos - muito
do que vemos atualmente em tecnologias
como inteligência artificial, internet das coisas
(IoT), segurança da informação e computação
em nuvem, suportam o desenvolvimento das
relações de comunicação, avaliação,
desenvolvimento e da produção e consumo.
Nas empresas, os profissionais ligados à
Recursos Humanos têm um papel relevante na
liderança dos profissionais para um mundo
digital. Nos últimos anos temos observado
uma transformação na gestão de pessoas
como a adoção de processos de Recrutamento
e Seleção baseados em Inteligência Artificial e
a Automação nas rotinas, compondo o RH
Digital que permite ao profissional de RH estar
ágil.
Neste contexto os profissionais de coaching
tem a responsabilidade de suportar esta
transformação despertando as competências
adequadas para atingir os objetivos
estratégicos dos negócios. Mas, o quanto o
Coach realmente está preparado para o
mundo digital?
Para auxiliar na resposta a esta pergunta,
sugiro um novo exercício mental. Em um
momento destinado à reflexão, pergunte-se
com franqueza: estou preparado para seu um
coach digital?
Posso assegurar que a grande maioria ainda
desconhece o quanto a tecnologia é uma
grande aliada no exercício das atividades de
coaching. Nos últimos anos tenho conversado
com diversos profissionais do coaching e
mentoria e pude entender que há uma grande
lacuna para a adoção de ferramentas de apoio
digital. Minha experiência me diz que este é o
único caminho possível para o crescimento do
setor e desenvolvimento dos serviços.
Para citar uma dimensão do pensamento,
atualmente, a captura eficiente de novos
clientes acontece de forma impulsionada por
ferramentas de marketing totalmente digitais.
A recomendação baseada nos promotores de
seus serviços é parte relevante para embasar
uma boa oferta. Todavia, o alcance e a

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
abordagem só ganham escala quando aplicação – são atualizados constantemente
suportadas por plataformas inteligentes. Suas baseados em feedbacks dos usuários. E isso a
competências devem ser utilizadas na boa ciclos ágeis de curto período. Você já deve ter
condução da sessão inaugural para converter sentido isso em algumas das aplicações que
uma oportunidade em uma venda estruturada, carrega em seu smartphone. A cada
deixando que a tecnologia trabalhe por você atualização, há melhorias em termos de
na captura e qualificação de potenciais segurança, usabilidade ou até mesmo,
clientes. ampliando os serviços dentro de sua
assinatura.
Pense também na questão da prestação do seu
serviço em nível nacional. Qual seria a barreira
para que você tivesse clientes em outras praças
além de sua cidade atual? A resposta é
simples: a tecnologia encurta as distâncias,
permitindo que você atenda a um cliente
presencialmente e, pouco tempo depois,
esteja conectado e engajado com um cliente
em outro estado.
Outro ponto relevante para aprofundar a
discussão é a gestão do seu negócio. Como
você está preparado para gerir todas as
propostas emitidas, acompanhar o fluxo de
caixa e apurar a rentabilidade de cada cliente
ao mesmo tempo em que está se preparando
para conduzir as sessões de coaching?
A boa nova é que o mundo da tecnologia tem
concentrado seus esforços em transformar as
complexidades em simplicidade. Muitas
aplicações estão disponíveis em plataformas A esta altura, em suas reflexões, já deve estar
rodando em nuvem com um pagamento de bem claro que a próxima evolução está
planos por assinatura mensal e que podem ser totalmente suportada pelas plataformas
acessadas de qualquer dispositivo conectado. digitais. Caberá a cada um a decisão de adotá-
Em outras palavras, isso significa acesso las no tempo adequado para a
universal sem ter a necessidade de sustentabilidade de sus negócios.
conhecimentos técnicos específicos ou mesmo Fecho com uma reflexão: o que o impede de
de desembolso de capital em ativos fixos. O adotar plataformas inteligentes para suporte à
mundo das aplicações é totalmente em nuvem sua prestação de serviço e vão torná-lo um
– integra, segura e disponível. coach digital?
A simples adoção das plataformas não é
passaporte para todas as competências
digitais. Há que se saber operá-las, fazendo
bom uso de todo seu potencial e alcance. Foto de Andrew Neel en Unsplash
Ciente disso, é admirável o esforço feito no
sentido de simplificar as relações entre os seus
usuários. Os softwares – que dão vida à

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Dossiê 6 ☺Leia em 8 min.

A Generatividade é a sua Superpotência:

Celebre a vida com toda a potência
Janet M. Harvey
MCC, ACS, CMC e CEO inviteCHANGE
Email: janet.harvey@Invitechange.com LinkedIn:
https://www.linkedin.com/in/janetharvey/

(tradução Flávio Kosminsky)

Para incorporar sua superpotência, a

generatividade é um convite para você
diminuir a velocidade, ficar quieto, ouvir
profundamente, pausar, ouvir novamente,
receber algo desconhecido no seu espaço em
branco e esteja com ele, abrindo-se para o que
poderia surgir que é novo e fresco. Reconheço
que essas palavras são fáceis de escrever e
provavelmente de ler. As práticas para ser
generativo podem desafiá-lo com uma tensão
entre alcançar através do esforço e alcançar
através da confiança de que você já está por
complete inteiro, engenhoso, capaz e
naturalmente criativo.

O mindset que escolhemos é muito importante

para que seja regeneradora o tempo todo. O
mindset inclui referências, atitudes, valores,
crenças, pensamentos, e rotinas. Todos esses
aspetos motivam a forma como escolhemos
mostrar, tomar decisões e nos envolver em
nossos relacionamentos.
Dizer que uma pessoa está inteira significa que
nada está lhe faltando. Traga a imagem de um
iceberg para o foco em sua mente. Observe
que você pode ver acima da linha da água em
suas ações e conversação diárias. No entanto,
você não percebe nem contempla o que está
sob a superfície, a menos que opte por se
tornar autoconsciente, com propósito.

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
O que significa ser engenhoso, o tempo todo,
independentemente da situação? Você
sempre possui um instinto interno para
responder a qualquer situação, usando seus
sentidos para atender às suas necessidades.
Ser capaz significa que você acessa uma
vontade interna de responder a qualquer
situação, originando e produzindo escolhas e
ações. Criativo descreve a capacidade inata de
originar e criar respostas que expressam sua
totalidade e satisfazem seu desejo em relação
a qualquer situação.
Não ser generativo no mindset ou no conjunto
de habilidades é apoiado pelo seu cérebro, na
verdade, a parte mais antiga do seu tronco
cerebral chamada de sistema de ativação
reticular ou RAS. Ao longo do tempo, você
desenvolve filtros específicos para seu
pensamento e sentimento para evitar que a
realidade seja vista como está ocorrendo
porque isso pode ser assustador e
desconhecido versus a realidade que sua RAS
opera para o propósito de criar uma
experiência que permita que se sinta familiar e
seguro. Para viver totalmente potente, é
necessário colocar a RAS em oscilação, com o
objetivo de deixar algo novo, além dos filtros.
Isso ocorre através de reflexão intencional: Na
experiência, na percepção da experiência, na
autoconsideração durante a experiência, e
escolhendo identificar os hábitos, preferências,
suposições e preconceitos que o protegem de
perceber o que um avanço poderia ser em
pensar, sentir, intuir e sentir.
Cada pessoa tem um conjunto de obstáculos
mentais e barreiras emocionais que evitam ver
o mundo como ele é e, como resultado,
experimentam obstáculos para viver
totalmente potente em cada momento. Tudo
o que impede que você veja o mundo como
ele é, é digno de sua atenção. Você pode
observar a natureza e perceber que o
crescimento ocorre o tempo todo. Pergunte-
se agora mesmo, qual é a sua parte na
participação no crescimento, deliberadamente
e com propósito? À medida que uma árvore
cresce ao longo do tempo, tanto a luz como a
22
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
água alimentam a árvore para crescer. A
ausência de luz e água cria anéis finos e torna a
árvore vulnerável a rachaduras em ventos
fortes e relâmpagos. A luz e a água servem
como uma metáfora de aprendizado. Por
exemplo, hábitos inconscientes são uma
maneira comum de você perder a luz
brilhando nas melhores condições de
crescimento. Os obstáculos mentais geram um
platô, sentindo-se preso ou parado, e isso
ocorre através de seus pensamentos que
bloqueiam a "luz" do brilho. Barreiras
emocionais surgem para você por meio de um
apego ao dever. O dever cria nuvens à nossa
escolha para experimentar a vida plenamente,
e isso ocorre através das suas crenças que
bloqueiam a "água" de fluir.
Para alcançar nosso destino evolucionário
como um ser humano, somos responsáveis por
avançar nossa tolerância e experiência de
platôs. Há várias maneiras de identificar que
você já está ou está entrando em um platô:
Sono pobre, rapidamente fatigado, escolhas
de autossacrifício, vício de qualquer tipo,
dúvida, aborrecimento, irritação, tristeza
surpreendente (não depressão), reinvenção
obsessiva, lógica confusa ou paralisada, e
tomada de decisão. Consulte a tabela abaixo e
observe quais das barreiras comuns ocorrem
para você que são a fonte da experiência de
um platô. Poderia ser mais do que um, e é útil
refletir quietamente e selecionar o mais
dominante para começar a sua autorreflexão
em direção a um avanço para viver mais
potente.
Viver plenamente potente nunca é um hábito,
sempre uma prática de escolher
continuamente seu relacionamento com as
condições de sua vida. Em outras palavras, ser
soberano. Lutar contra um platô o prolonga.
Os platôs são normais, uma parte do ciclo e da
evolução da vida. Aceite-o com uma sensação
de maravilha do que vem a seguir,
proporcionando uma visão frontal de sua vida.
A consciência de que oportunidades de
escolha continua se tornam a fonte para o
novo. O conjunto de atividades abaixo ajuda
você a personalizar sua experiência de superar
os platôs e liberar sua expressão totalmente
potente.
1 - Enfrente seus padrões de ser e relacionar-
se com a mente de um iniciante nesta prática
para ativar a capacidade geradora de se
originar e criar.
● Tome conhecimento de seus padrões:
Meditação, ioga, journaling, dança
● Questione a origem de seus padrões:
Diálogo e reflexão entre colegas
● Explore o efeito de suspender o padrão e
observe como os outros reagem
2 - Aja experimentando e envolvendo a
percepção em relação ao intelecto para ativar
a capacidade gerativa de aprender.
● Observe o hábito de ouvir e responder a
informações
● Diminua a velocidade, permitindo que a
emoção e a sensação de sentido surja
internamente
23
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
● Permita que o impactos interno estimule a
interação e o envolvimento
3 - Exercite a honestidade profunda para
acreditar que há sempre mais do que agora
para ativar a capacidade geradora para
produzir.
● Conecte-se ao todo, ao seu estado de ser,
além do momento
● Busque continuamente o que mais está
disponível para substituição
● Esteja disposto a ser perturbado no espírito
de aprendizado, crescimento e ritmos naturais
Para explorar ainda mais a generatividade em
um ambiente profissional, assista a este vídeo
de 4 minutos, o que é a integridade gerativa.
Janet Harvey também tem uma palestra do
TED disponível no YouTube, por que o
julgamento é a chave para convidar a
mudança, e um livro de liderança e
treinamento de vendas, Convidar a mudança.
Aulas a partir de 2020 o ano sem retorno,
disponíveis na Amazon ou em
www.invitechangebook.com
Dossiê 7
Futuro, onde a desordem é a nova ordem
Marco Ornellas
Consultor, Coach, Palestrante e Escritor
Pai e avô em constante aprendizagem e prototipagem
O dicionário Houaiss define Futuro como um
“tempo que se segue ao presente” ou o
“conjunto de fatos, acontecimentos
relacionados a um tempo que há de vir;
existência futura; destino, sorte”, portanto um
tempo não vivido, não experimentado.
Desordem, por sua vez, está definida como
“ausência de arrumação, falta de lógica,
incoerência, desarmonia” ou também “uma
ruptura da ordem, indisciplina com a ordem
estabelecida”.
Futuro tem conexão direta com desordem. Se
não passamos ainda pelo que está por vir,
como ter uma ordem estabelecida, uma
disciplina ou mesmo uma arrumação, como
saber e conhecer?
Vivemos dias de mudança e transformação em
quantidade, velocidade e impacto
assustadores, exponenciais, uma aceleração
absurda sem nenhuma aderência ao que foi
vivido no mundo que conhecíamos e como
que do dia para noite a gente viu se esfacelar
um conjunto de valores, práticas de negócios e
visão de mundo. Quase tudo que
acreditávamos que estava certo, se degenerou.
É simples de dizer, talvez difícil de praticar, mas
a crise que vivemos hoje é puro erro de
percepção. Queremos resolver os desafios
presentes e futuros com as mesmas práticas
organizadas e desenvolvidas no passado.
24
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
☺Leia em 11 min.
Evidente que essa conta não dá certo.
Segundo Einstein “Não há maior sinal de
loucura do que fazer uma coisa repetidamente
e esperar a cada vez um resultado diferente”.
Porque insistimos, porque tentamos ir para o
futuro usando as ferramentas e abordagens do
passado, quando tudo já mudou, nesse
sentido tenho que concordar com Einstein
quando destaca ser infinita a estupidez
humana.
Já tem muito tempo, há inúmeros sinais e
evidências, que estamos vivendo uma nova
dimensão, uma mudança de era e não uma era
de mudanças. Segundo Humberto Maturana
aborda no livro Habitar Humano, “uma
mudança cultural pressupõe uma alteração na
configuração do atuar e do emocionar”. As
diferentes eras psíquicas da humanidade
correspondem, a uma transformação integral
da psique humana e uma nova configuração
de como vivemos, para onde nos orientamos e
como entendemos a natureza e o sentido
humano.
Ainda segundo Maturana, estamos na
intersecção da era psíquica da humanidade
denominada Pós-Modernidade (que de
moderno, na minha opinião, não tem nada)
caracterizada pela dominação cultural da
ciência, da tecnologia e do dinheiro, da
cegueira e da certeza de que podemos fazer
tudo o que imaginamos ser possível. Nesse
contexto o que fizemos, enquanto
humanidade, foi entregar aos cientistas,
políticos e empresários o poder da
onipotência, confiando a eles a nossa
capacidade de realizar. O resultado desse
movimento foi o surgimento da dor e do
sofrimento pela manipulação, pela
desonestidade, pelo desrespeito de si e pelo
outro. Stress, burnout, suicídios, falta de
esperança, descrença, angústia,
desapontamento, foram os resultados.
Mas nem tudo está perdido, temos visto a
humanidade dando sinais de caminhar na
busca da ampliação da consciência. Estamos
vendo regenerar comportamentos e desarrumado e com falta de lógica, o dizemos
questionamentos sobre o que fazemos, como
fazemos e que resultados alcançamos. Uma
era onde o centro é o humano e onde há um
questionamento permanente: o que ainda faz
sentido?
A era Pós-pós-moderna é a oportunidade para
a mudança e para retomar uma cultura de
bem-estar e de harmonia entre a biosfera e a
antroposfera, a partir do Amor, o principal
fundamento psíquico humano
Ailton Krenak, na obra O Amanhã Não Está à
Venda, se refere a esse momento que estamos
vivendo “como obra de uma mãe amorosa que
decidiu fazer o filho calar a boca pelo menos
por um instante. Não porque não goste dele,
mas por querer lhe ensinar alguma coisa.
“Filho, silêncio.” A Terra está falando isso para
a humanidade. E ela é tão maravilhosa que não
dá uma ordem. Ela simplesmente está
pedindo: “Silêncio”.” Esse é também o
significado do recolhimento.
Maturana e Krenak foram brilhantes e
inspiradores em suas palavras, estamos diante
de um novo momento, uma nova era, na minha
percepção, diante de um grande portal,
poucas vezes vividos pela humanidade, e
quem sabe um momento de grande
oportunidade para escrevermos com muita
segurança e consciência: que futuro
queremos!
25
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Para tanto, para que possamos escrever um
capítulo novo, é preciso abandonar a miopia
provocada pela contínua negação do humano,
isso mesmo, ao longo das várias eras psíquicas
que passamos fomos muito pouco humanos, e
fazer renascer a consciência sobre a própria
forma de viver, os caminhos que queremos e o
respeito que damos a cada indivíduo que
compõe nossa sociedade. E só vamos alcançar
isso ampliando a consciência sobre o que
fazemos, como fazemos e o que resultamos.
Se falamos de uma existência futura e de um
tempo que está por vir em total desordem,
com os olhos do passado, a partir das certezas
que temos. E se você está angustiado ou
preocupado em como lidar com tudo isso, o
caminho é reordenar, construir uma nova
disciplina baseada em uma nova lógica e a
recomendação é começar com quatro
importantes movimentos:
1 - Desapegar
É preciso abandonar a inércia, trocar a lente
com que se enxerga o mundo, ressignificar
tudo à nossa frente e iniciar uma mudança de
dentro para fora. O primeiro passo é mexer no
mindset, tão apegado que somos às crenças
limitantes, fórmulas prontas e receitas antigas.
Não há nada mais danoso do que dizer “aqui
não funciona desse jeito”.
Nesse ambiente de volatilidade e incerteza,
não adianta mais apostar em soluções antigas.
Tudo o que passou já não responde aos
desafios do presente, muito menos os do
futuro. Não podemos nos apegar à lógica do
passado, o mundo já se transformou. Nada se
mantém estático – as turbulências continuarão
a acontecer e serão cada vez maiores. Esse é o
momento de olhar para o futuro e trazer de lá
um repertório rico de ideias para aplicar no
presente. Precisamos ter uma mente leve que
nos permita trafegar pelos três tempos: o
passado como uma referência, o futuro com
seus insights para aplicar no presente. Como 4 - Disruptar
diz uma grande amiga, Rosa Alegria, “você
A palavra Disrupção, que pode assustar muitas
precisa se preparar para olhar coisas que ainda
pessoas pela associação com uma inovação
ninguém viu”.
radical, aqui ela tem o
sentido, como manda o
dicionário Houaiss, como
2 - Doar
uma “interrupção do curso
Depois do desapego, é normal de um processo”.
preciso viver a mudança
É a coragem para furar a
trazida por ele e não
bolha, repensar propósitos
resistir a um futuro cada
e redesenhar papéis,
vez mais presente na
prioridades, planos,
nossa rotina. Viver a
investimentos e outros
mudança significa se doar,
fatores fundamentais à
se entregar ao que está
realização humana com
acontecendo de corpo e
um total sentido de
alma, se entregar ao
presença e urgência em
outro. O estresse
que todos nós devemos
disruptivo pode e deve ser
operar.
superado. Uma sociedade
que aceita, confia e abraça a mudança é
essencial para vivê-la na prática, sem ilusões e
Desapegar + Doar + Descobrir + Disruptar =
distorções. Confiança e fé que as coisas vão dar
fazer mais conexões entre a realidade interna e
certo e que vamos encontrar uma solução.
externa, não se deixar paralisar pelas crises e
encontrar as oportunidades intrínsecas em
cada situação. Assim, vamos eliminar ou
3 - Descobrir
neutralizar a complacência, os famosos
É preciso, então, desligar o cérebro reptiliano, anticorpos que resistem e emperram a nossa
que se defende e se protege, e afinar seu olhar mudança.
para captar os sinais do futuro. Curiosidade é a
característica mais importante para quem está
interessado em prosperar. O mundo foi colocado de ponta-cabeça.
Agora, não é apenas um novo normal que se
Outra dica é sair da cadeira e investigar,
pede, é um rompimento absoluto com o velho.
procurar descobrir o que está acontecendo no
Temos que dimensionar o mal que já foi regra,
seu entorno. Não dá para continuar a observar
para podermos avançar, em uma nova ordem.
o mundo a partir da sua própria bolha ou da
leitura de outros. É preciso ampliar o foco, A vida e a sociedade não serão mais as
conhecer novos lugares, conversar com mesmas. A empresa onde trabalhamos não
pessoas diferentes e buscar outras visões. Só será a mesma. Você, assim como eu, não
assim é possível a busca por novos sentidos, seremos mais os mesmos. Uma nova
criando novos nexos e conexões, tornando o humanidade já está surgindo dessa nova
cérebro mais plástico do que elástico. Apesar ordem.
das pressões e mudanças, precisamos ser
plásticos mentalmente e resilientes
emocionalmente.

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Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Dossiê 8 ☺Leia em 5 min.

Ética do Coaching no Contexto Latino-

Americano
Eva Hirsch Pontes
Coach MCC/ICF,
Coach Executiva,
Coach Mentora Certificada,
Accredited Coaching Supervisor, Coach Trainer e
Mediadora de Conflitos
eva@phoenixcoach.com.br
www.phoenixcoach.com.br

João Luiz Pasqual Silvina Spiegel

Coach MCC/ICF, Coach PCC/ICF,
Coach Executivo, Coach Executiva,
Coach Mentor Certificado, Multicultural,
Accredited Coaching Supervisora-Mentora e
Supervisor e Coach Trainer
Coach Trainer
joaoluiz@cw4u.com.br
www.cw4u.com.br

considerando que quando um(a) Coach

O Painel foi facilitado com muita doçura e
ingressa em um corpo de coaching
generosidade pela Camila Bonavito – Diretora
profissional, ele/ela concorda em entrar em
de Desenvolvimento da ICF Capítulo Brasil
uma comunidade de prática com obrigações
com a participação de três associados, Eva
mútuas para com seus membros, mercado e
Hirsch Pontes, MCC – João Luiz Pasqual, MCC
sociedade em geral.
e Silvina Spiegel, PCC.
Eva, João e Silvina, são apaixonados e
estudiosos do tema, e fizeram parte, como O desejo dos panelistas, foi trazer para os
panelistas, da 1ª Conferência Global de Ética participantes alguns pontos como:
em Coaching em fevereiro deste ano, que
● Educar contratantes de serviços de coaching
contou com o reconhecimento das principais
que frequentemente solicitam soluções
Organizações de Coaching no mundo como a
eticamente inadequadas;
AC-Association for Coaching, ICF –
International Coaching Federation, APECS- ● Anúncios enganosos relacionados a
Association for Professional Executive programas não credenciados por um órgão de
Coaching & Supervision e pelo EMCC- coaching;
European Mentoring & Coaching Council. ● Desafios e conflitos éticos no mercado de
A discussão, durante o painel, baseou-se no coaching.
conceito geral de ética em coaching,

27
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022

Além de criar um ambiente onde os conceitos
éticos possam ser percebidos como uma
oportunidade de desenvolvimento para os/as
Coaches, sem o rótulo de que Ética precisa ser
um assunto pesado e desagradável.
Ética é um tipo de postura e,
consequentemente, de ação, certamente
mediada em princípios tais como o respeito à
subjetividade, à dignidade da pessoa, à
diversidade, ao outro.
Importante considerar que ética não se trata de
uma pura ação, mas da relação entre
pensamento e ação. Neste sentido, para que
cheguemos à ética, precisamos lutar pela
desmistificação da separação entre teoria e
prática.
Esta é uma das questões mais fundamentais
quando falamos de ética como a “filosofia
prática” que ela, de fato, é. Ética é a
capacidade de pensar e fazer a partir de um
princípio de autonomia pessoal em que cada
sujeito se questiona sobre o que pensa e faz,
levando em conta que o questionamento já é,
em si mesmo, pensamento e ação que terá
consequências concretas.
28
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Os nossos panelistas, ilustraram a discussão
com muitos exemplos do dia a dia do coaching
nos vários países da região, e trouxeram com
muita propriedade, o momento da Ética em
cada região no mundo discutindo sobre a
curva da maturidade ética, e como questões
culturais podem criar diferentes interpretações
sobre os padrões éticos que os/as Coaches
devem se pautar em suas práticas de coaching.
Eva, João e Silvina, nos trouxeram ainda,
reflexões sobre duas diferentes dimensões da
Ética, a primeira a partir de regras bem
definidas, normalmente pelos chamados
Códigos de Ética de cada entidade e que
propiciam aos seus associados um constructo
que podem estar ligados aos princípios e
valores de cada indivíduo que escolhe
pertencer àquele grupo, e a segunda a partir
do conceito de “compliance”, que se baseia
em ordens a serem seguidas do que não pode
ser feito.
Ouvindo os panelistas, podemos dizer que
Ética em coaching, passa também pelo educar
o mercado, visando a maturidade do mercado
onde atuamos como Coaches, através de
nossas práticas diárias.
Sendo o compromisso ético o diferencial do
coach profissional, é um assunto vivo, aplicável
ao dia a dia das relações de coaching. Cabe a
cada coach se formar, informar e refletir sobre
o assunto utilizando os meios de apoio
disponíveis - livros e artigos, vídeos e palestras,
grupos de estudo, comunidades de prática,
mentoria e supervisão - para então poder
manter a cada cliente e contratante cientes da
crucial importância desta questão.
Dossiê 9 ☺Leia em 13 min.

Onde Mora a ConFiança?

ReDescobri mais uma vez que ela reside na Ética

Dulce Soares
Autora do Programa de Imersão em Coaching
De Grupos e Equipes. Membro Credenciada MCC/ICF
Formadora de Coaches – Mentora – Supervisora
Coach de Grupos e Equipes.
dulcesoares9@gmail.com

“América Latina és o meu continente,

nas tuas mãos está o por vir o mundo
espera impaciente saber aonde tu
queres ir(...)”
Viva a Gente – 1969

pelos colegas acima, além de articular e

Neste artigo farei referência a um webinar que
integrar à luz de Michael Carroll e Elizabeth
tive o privilégio de inscrever-me e assistir:
Shaw autores do livro - Ethical Maturity in the
“Ética do Coaching no contexto Latino-
Helping Professions. Making Difficult Life and
Americano”.
Work Decisions (Maturidade Ética nas
Profissões Assistenciais. Tomando Decisões
Um painel de discussão mediado pela coach Difíceis na vida profissional e Pessoal) e um
brasileira Camila Bonavito – PCC/ICF e contributo muito especial para mim de uma
facilitado por 3 coaches compromissados com coach polonesa MCC e PhD – Tatiana
as instâncias da Ética, os coaches são: João Krawczynska – Zaucha que nos convida a olhar
Pasqual MCC, Silvina Spiegel PCC e Eva Hirsch a Ética de forma caleidoscópica pelas
MCC; profissionais experientes, verdadeiros perspectivas: da obrigação, da restrição e do
ativistas na prática do coaching e membros valor.
associados e credenciados à ICF.
Mas... afinal o que significa Ética para nós
Vale ressaltar que vou retratar o impacto que latinos?
este webinar teve em meu mundo interno, ou
seja, como introjetei e como estou
Como um Coach deve se comportar?
metabolizando até agora tudo que vi e ouvi ao
longo desses 90 minutos, através da fala, da
participação, do feedback de outros chapters
Já tive ao longo desses 12 anos de ICF a
da América Latina e do encontro promovido
oportunidade de conversar com alguns
29
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
coaches brasileiros, argentinos, chilenos,
uruguaios, venezuelanos, paraguaios, sobre o
tema Ética; com meus supervisionados através
da dimensão normativa da SuperVisão, e com
coaches inscritos em meu Programa de
Imersão; e constato na maioria das vezes que
nossos colegas percebem a Ética como algo
apenas ligado a obrigação (aquilo que é a
coisa certa a fazer) ou como restrição (sobre o
que é permitido ou não é permitido fazer).
Tatiana Krawczynska – Zaucha aponta também
para uma 3ª. via muito interessante, uma via
valorosa, muito valiosa mesmo; nesta outra
perspectiva Tatiana considera a Ética como um
Valor Verdadeiro no conjunto de valores
pessoais e profissionais de um Eu,
parafraseando a autora registro que quanto
mais este Ser é consciente com as coisas,
experiências, suas crenças e seus valores, mais
congruente será na vida, pois quando temos
sentimentos, pensamentos e comportamentos
alinhados num só objetivo, temos a chance de
“saborear” um Sentido maior para a existência
do nosso Ser.
Nesta abordagem o Código de Ética mostra a
maneira de escolher e refletir sobre o
comportamento de alguém, do nosso próprio
Eu e/ou do “Grande Outro”.
Voltando ao webinar...
João Pasqual inicia contextualizando o tema
Ética no mundo, nos revelando o modus
operandi de alguns coaches da América do
Norte bem como na Europa, contando-nos
como nossos colegas lidam com o assunto,
manifestando então o desejo de promoverem
um Fórum sobre Ética, João destaca ainda a
participação de algumas instituições
envolvidas no encontro, como por exemplo:
Hudson Institute, Columbia University,
30
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
CoachHub, etc e nos provoca com uma
pergunta de um milhão de euros.
Como podemos dar maior robustez ao tema
Ética como Coaches latino-americanos?
É aqui que “saco” a minha lanterna, para
iluminar a morada da sala mais interiorana do
meu Eu, pensando meus pensamentos e
sentimentos...
E coloco uma “pitada” a mais do meu
pensamento neste “artigo – caldeirão”:
O que podemos fazer para caminharmos
internamente desse lugar da obrigação, da
restrição, para o lugar do Valor como pontua
Tatiana Krawczynska?
Silêncio... fica aqui, juntinho comigo, vamos
pensar um bocadinho sobre isso...
Num segundo momento desse painel entra em
ação a querida Silvina Spiegel, atual
representante da América Latina para a equipe
de Coordenação Regional - NALAC ICF
Professional Coaches.
Silvina traz notícias sobre os principais
problemas éticos emergentes em outros
chapters da América Latina, colegas ligados a
equipe de coordenação regional,
representantes dos chapters: Argentina, Chile,
Peru, Venezuela, República Dominicana entre
outros, os coaches sinalizam que no seu país há
denúncias de coaches atuando como
psicólogos, coaches nomeando-se como PCC
e MCC, coaches profissionais envolvidos em
esquemas de pirâmide ou ainda fazendo
promessas de como reprogramar seu DNA
através do coaching, garantindo uma vida
próspera e abundante de riquezas para os
potenciais clientes, sabemos que essas notícias Eva nos representou no Fórum de Ética, um
são muito semelhantes ao que ocorre no Brasil, espaço que reuniu coaches do ocidente, sua
infelizmente testemunhamos nas mídias sociais presença, fala e ação ecoou como uma grande
e em programas de televisão tais ações mensagem a todos.
inadequadas, inapropriadas e antiéticas de
uma conduta profissional que um coach não
deveria ter.

Mas... e então?

Como responder a provocação inspiradora de

João Pasqual no início desse webinar realizado
no dia 20 de agosto de 2022?

Convoco você coach - leitor, a abrir um livro

muito inspirador...

“Ethical Maturity in the Helping Professions.

Making Difficult Life and Work Decisions”
(Maturidade Ética nas Profissões Assistenciais. Sabe a música: É bom Cantar de Bia Bedran?
Tomando Decisões Difíceis na Vida Profissional Musicoterapeuta brasileira, residente em
e Pessoal) de Michael Carroll e Elizabeth Shaw, Niterói, sabe não?
neste livro os autores estabelecem o cenário
sobre a Ética transcrevendo um pensamento
Eu te conto...
de Nash, 2002, segundo a dupla há uma
conexão entre a Ética, a Confiança e a
Lealdade, isso significa dizer que a melhor
A letra da música é assim: “(...) é bom cantar, é
forma de ensinar ética é viver eticamente, a
bom ouvir, é bom pensar, é bom sentir, olhar
melhor forma de ensinar ética e ensinar
as coisas ao redor pra crescer muito melhor,
eticamente, a melhor forma de escrever sobre
viajar dentro de si pra poder se descobrir (...)”.
ética é escrever eticamente, os autores ainda
pontuam que estão ensinando ética
eticamente quando entram num Eva não cantou, mas sua aTuAção impactou
relacionamento de confiança e lealdade com o exatamente como foi composta a letra dessa
outro. música por Bia Bedran.

É aqui que faço menção à nossa coach
bandeirante Eva Hirsch Pontes, não só como
coach da ICF Global, da ICF Brasil, ICF
Alemanha, mas da nossa América Latina
inteira.
Eva pensou, ouviu, pensou de novo, sentiu os
pensamentos, até que perguntou, ouviu de
novo, prestou atenção ao silêncio, juntinho
com os nossos colegas, que chamo
carinhosamente de “coaches robustos”,
pensou os pensamentos e os sentimentos
novamente, olhou ao redor, viajou dentro de si

31
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
e DesCobriu no sentido de tirar o pano, uma
série de perguntas poderosas dentro da sua
morada.
Simmmmmmm!
Perguntas disruptivas e provocadoras
deixaram na atmosfera a expressão sul africana
da tribo Zulu – Sawubona que significa:
Eu te vejo
E ao Te Ver...
Eu trago a tua Existência.
Eva falou com vários ”idiomas existenciais”,
expressou- se com seu corpo físico, com o seu
corpo palavra, com a sua presença latina e com
a proficiência de coaching, fez algumas
perguntas poderosas, gerando para os nossos
colegas robustos uma nova matriz de
pensamento, uma inédita trilha neural
embalada inclusive por um desenho do mapa
mundi, onde a localização de todos os
32
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
continentes estavam demarcadas
geograficamente, ela disse nas suas atitudes a
seguinte frase: “ - Muito Prazer! Nós Existimos.”
Paro de escrever e me lembro novamente de
um outro trecho da música: América Latina do
coral alemão - Viva Gente de 1969.
“(...) E os povos de raças diferentes somente
comum grande objetivo se entendem (...)”
“América Latina és o meu continente, nas tuas
mãos está o por vir
o mundo espera impaciente saber aonde tu
queres ir (...)”
“(...) os jovens latino-americanos desejam a
tarefa aceitar e uma sociedade justa e humana
assim para todos os homens criar (...)”
Para aceitarmos esta tarefa e assumirmos o
compromisso de honrar nosso Código de
Ética ICF, é mister nos aproximarmos para
conhecermos e sabermos sobre os 6
componentes da Maturidade Ética, pois
segundo as palavras dos autores Carroll e
Shaw, estamos diante de um caminho bem
interior, carregado de capacidade intuitiva,
emocional, racional e reflexiva para decidir
ações certas e erradas, boas e melhores, a
dupla ressalta ainda que a resiliência e a
coragem são acionadas para implementar
essas decisões à disposição de ser
responsabilizado pelas decisões éticas
tomadas publicamente ou particularmente e a
habilidade de aprender e viver com a
experiência, utilizando como recurso, que vou
batizar como “6 radares internos”, ou seja, os 6
Componentes da Maturidade Ética.
Componentes da Maturidade Ética.
1 - Sensibilidade Ética e Consciência.
2 - Desenvolvimento Ético e Tomada de
Decisão.
3 - Aplicação de Decisões Éticas
4 - Accountability Ético e Defesa Moral
5 - Sustentabilidade e Tranquilidade Ética
6 - Integrar aprendizados e Desenvolver
Caráter Moral.
Consagramos então nosso compromisso com
a 1ª. Pessoa do Singular: o Eu e com a nossa
categoria profissional de coaches: a 1ª. Pessoa
do Plural: Nós.
Recomendo vivamente que acionem e que
interajam com estes “6 radares internos” como
se fosse um “GPS Ético - Moral” auscultando
dentro da vossa “sala mais interna” e procure
ver em que ponto você se percebe na sua
jornada existencial, no momento do Aqui e
Agora dentro do vosso Eu.
Faço votos que encontrem a moradia da
Confiança, pois como escrevi, ReDescobri que
ela reside na Ética.
O que posso deixar registrado publicamente a
vocês, através desse artigo é que eu, já aceitei
a tarefa há tempos...
Com amor,
Dulce Soares
33
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Palavras-Chave:
América Latina – Ética – Coaches – Maturidade
Ética – Viva a Gente – Obrigação – Restrição –
Valor.
Bibliografia:
CARROLL, M & SHAW, E. Ethical Maturity in the
Helping Professionals. Making Difficult Life and
Work Decisions. 3a. edição – London – UK.
Jessica Kingsley Publishers, 2013.
HOWARD, R & KORVER, C. Ethics for the Real
World. Creating a personal code to guide
decisions in work and life. Howard Business
School Publishing, 2008.
Krawczynska, T. 3 abordagens para ser um
coach ético - Webiste ICF, agosto, 2020.
Coral Alemão Sing Out Deutschland. Álbum
Viva a Gente. Música: América Latina. EUA,
Philips, 1969.
https://www.youtube.com/watch?v=bCfZ51I9
7CE
BEDRAN, B. É com cantar. Angelus Produções
Artísticas – Brasil, 2004.
https://www.youtube.com/watch?v=XBOHKfH
tmhQ
Crédito da imagem:
Photo by Nathan Dumlao on Unsplash
Dossiê 10 ☺Leia em 5 min.

A caminho de Varsóvia
Magdalena Giec
Coach PCC
Mentora e Trainer da Erickson International

Iaci Rios
Coach PCC
Mentora e Trainer da Erickson International
Ceo da Imr&Erickson Brasil

ano todo por todos os cantos do mundo. E

“Estaríamos ainda a 643 km de distância de
adorava o que fazia!
Chernobyl mas, só o fato de estarmos seguindo
naquela direção naquele dia, nos deixava Mas Magda (como carinhosamente a
muito amedrontados. chamamos) estava vivendo nos últimos meses
a experiência de morar ao lado de um país em
Um ataque ainda poderia ocorrer e o terror se
estado de guerra sendo atacado brutalmente e
espalharia por muitos e muitos quilômetros.
assistindo uma entrada vertiginosa de
Mais de 30 anos após o grave acidente, ainda
refugiados em seu país.
restam sequelas e memórias que jamais se
apagarão. Estava com suas atividades de ensino quase
paralisadas em decorrência da guerra e estava
Mas a fina neve que caia durante o caminho
se dedicando a ajudar os refugiados a se
veloz do trem que nos levava, nos dava algum
acomodarem da forma que dava.
alento. Com a neve caindo, seria mais difícil a
propagação pelo ar de eventual poeira Também estava convivendo com muitas
radioativa.” pessoas em estado de pânico ou de alto stress.
Ela mesma, já tinha experimentado essas
Esse cenário não combinava nem um pouco
emoções fortes quando os ataques iniciaram.
com o que Magdalena estava indo fazer em
Usou seus conhecimentos de coaching para se
Varsóvia. Dar aulas para uma turma do curso A
posicionar de maneira mais centrada e poder
Arte e a Ciência do Coaching.
continuar ajudando as pessoas.
Polonesa, residente de Poznan, Magda é
Chegando em Varsóvia, depois de uma
professora da Erickson há mais de 10 anos e
viagem noturna bastante tensa, Magda se
como tal viajava o mundo inteiro formando
prepara para iniciar a formação.
novos coaches. Estava acostumada a viajar o

34
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Encontra um grupo de pessoas tensas, tristes,
preocupadas, mas também determinadas a
seguirem com suas vidas da melhor forma
possível. Os poloneses têm fama de serem
muito corajosos pois já viveram muitas
batalhas.
O que Magda faz para preparar o grupo para o
início do processo de aprendizagem sobre
temas tão sutis como a formação em coaching
exige, é acolher o grupo com seus medos e
suas emoções e levá-los pelo mesmo processo
que fez consigo mesma.
Etapas:
● Struggle- reconhecer e acolher suas
emoções, acolher suas resistências, seus
medos
● Release- relaxar (prática de respiração)
● Flow- elevar seus sentimentos e sua energia
para um propósito maior e além da situação
● Regeneration- se reposicionar pelo
propósito- Propósito de Transformação
Significativa
O processo está descrito na imagem abaixo:
35
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022
Prática de respiração
Para acalmar seu sistema nervoso, respire
fundo por 3-4 segundos, expire por 6-8
segundos. Espere um momento para a
próxima respiração.
Para parar sentimentos desagradáveis e pensar
claramente antes ou depois de uma situação
desafiadora, respire fundo e adicione mais
quantidade de ar com a segunda inspiração
intensa. Em seguida, expire com um suspiro de
alívio. – chama-se suspiro fisiológico.
Por favor, compartilhe essas técnicas com
crianças, adolescentes, jovens adultos que
muitas vezes podem sentir medo, vergonha ou
culpa. A respiração pode ajudar a todos nós a
ter acesso aos nossos recursos interiores mais
rápido do que através de uma conversa.
Propósito de Transformação Significativa
1. Anote 15 grandes desafios globais que você
gostaria de ver resolvidos
2. Anote 30 tópicos pelos quais você tem
curiosidade ou paixão
3. Procure interseções
4. Que talentos, conhecimento, recursos,
impacto, poder as pessoas devem ter para
resolver esses desafios?
5. Que papel esses desafios estão pedindo que
você desempenhe?
Fontes:
Breath, The New Science of a Lost Art, James
Nestor
Ari Whitten - breathing for Energy
Dr Andrew Huberman
 2
Revista Coaching Brasil – ed. 109 – junho 2022