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ISSN 2177-3548

Masculinidade hegemônica: contingências relacionadas ao déficit de


autocuidado à saúde em homens
Hegemonic masculinity: contingencies related to health deficit self-care
in men
Alex da Silva Sousa1

[1] Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) | Título abreviado: Masculinidade hegemônica e déficit de autocuidado à saúde | Endereço para correspondência:
Universidade Federal de São Carlos – Programa de pós-graduação em Psicologia – Nível doutorado. Rod. Washington Luís, km 235 – SP-310 – São Carlos/SP. Cep
13565-905 | Email: alex.psico.2009@gmail.com | doi: org/10.18761/PACa15gh45

Resumo: A saúde do homem é considerada um expressivo problema de saúde pública e por


isso se coloca como uma questão com considerável impacto social, abordada em pesquisas
oriundas de diferentes matrizes científicas. Segundo o paradigma do gênero, um dos modelos
teóricos mais reconhecidos sobre essa questão, os homens apresentam indicadores preocu-
pantes de saúde por buscarem corresponder às imposições do papel de gênero masculino.
O objetivo deste trabalho é conceituar a masculinidade num recorte comportamental, com
ênfase no modelo hegemônico. Secundariamente busca-se hipotetizar algumas contingên-
cias relacionadas ao déficit de autocuidado à saúde, recorrentemente atribuído aos homens.
Metodologicamente este estudo é uma análise conceitual construído a partir do exame de
literaturas consideradas fundamentais na abordagem dessa problemática. Conclui-se que a
masculinidade hegemônica pode ser interpretada como uma prática cultural, mantida por
contingências existentes em sociedades nas quais o patriarcado ainda é intenso, compostas
por agências de controle. As crenças, valores e percepções sobre o que é ser um homem são
um contexto que torna mais provável a emissão de comportamento de risco.
Palavras-chave: análise do comportamento, masculinidade, saúde.

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Abstract: Men’s health is considered a significant public health problem and because it poses
a question of social impact, addressed in research or matrices of different scientific sciences.
According to the gender paradigm, one of the most recognized theoretical models on this
issue, men present worrying health indicators because they seek to correspond to the imposi-
tions of the male gender role. The objective of this work is to conceptualize masculinity in
a behavioral frame, with emphasis on the hegemonic model. Secondly, we seek to hypoth-
esize some contingencies related to the difficulty of self-care for health, attributed to men.
Methodologically, this study is a conceptual analysis built from the examination of funda-
mental literatures in approaching this problem. It is concluded that hegemonic masculinity
can be interpreted as a cultural practice, maintained by contingencies existing in societies in
which patriarchy is still intense, composed of control agencies. Beliefs, values and
​​ perceptions
about what it means to be a man are a context, probably working like rules, that makes risky
behavior more likely.
Keywords: behavior analysis, masculinity, health.

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Introdução um paradigma mecanicista e reducionista sobre


o homem, ao passo que Skinner desenvolve um
Em diversos indicadores de saúde os homens apre- modelo selecionista e contextulista.
sentam uma situação preocupante, o que torna a Para Ruiz (1995) as principais características
saúde do homem um dos assuntos prioritários conceituais do behaviorismo radical que sugerem
para o Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, seu potencial como um veículo para a construção
a expectativa de vida dos homens é de 73 anos, de uma epistemologia feminista incluem: a visão de
enquanto a das mulheres é de 80,3. Na Faixa etá- mundo contextualista, seu entendimento dos even-
ria dos 20 aos 59 anos 75% dos óbitos masculinos tos privados e do autoconhecimento, a aprendiza-
deve-se a causas externas ligadas à violência, tais gem operante e a compreensão das funções centrais
como: acidentes automobilísticos, envenenamento, da comunidade verbal através de práticas culturais.
lesões autoprovocadas intencionalmente, agressões, A epistemologia contextual, segundo Ruiz
acidentes envolvendo armas (brancas e de fogo), (1995), dialoga com a perspectiva de gênero e es-
explosivos e alcoolismo (Brasil, 2008). Considera- pecificamente com as ideias feministas, na medida
se que o tipo de socialização que recebem desde a que rompe com a personalização de problemas que
infância, por via do modelo de gênero masculino, são gerados numa estrutura histórica e sociopolí-
possa estar relacionado a muitos destes indicadores tica, recusando explicações individualizadas, con-
(Craig, Garfiel, & Rogers, 2008). centradas num “eu interno iniciador” em torno da
A concepção de papel de gênero é admitida ideia de patologias individualizadas. Além do que
como um conhecimento fundamental na compre- a visão contextual rejeita integralmente qualquer
ensão de como homens e mulheres se comportam possibilidade de entender o comportamento hu-
em relação à saúde (Hawkes & Buse, 2013). A cons- mano fora dos limites da experiência, vida pessoal
trução social de gênero vem sendo incorporada no e das circunstâncias atuais, pois os significados dos
âmbito da saúde com a finalidade de compreender comportamentos são circunscritos aos contextos da
como as expectativas e papéis sociais que recaem história de vida de uma pessoa.
sobre os indivíduos associam-se com seus compor- Uma das principais asserções de Ruiz (2003) é a
tamentos e hábitos de vida, influenciando a experi- de que os padrões de gênero são mantidos por con-
ência e o acesso que possuem aos serviços de saúde. tingências sociais, através de um processo de con-
Compreender tal relação favorece a compreensão de trole sutil que desafia a detecção. Nesse processo,
indicadores em saúde, que evidenciam que homens e a comunidade verbal, através de práticas culturais,
mulheres possuem necessidades diferenciadas e, por exerce ação fundamental na perpetuação das formas
fim, contribui para a reorientação de políticas públi- de controle. O gênero seria um produto complexo de
cas (Lotta, Fernandez, Pimenta, & Wenham, 2021; contingências culturais que se organizam em torno
Mauvais-jarvis. et al., 2020; King et al., 2020). do sexo biológico das pessoas. Ainda de acordo com
Estudos analítico comportamentais sobre a Ruiz (2003), práticas culturais historicamente asso-
temática de gênero têm sido propostos geralmen- ciadas ao masculino e ao feminino têm estabelecido
te sob a perspectiva do feminismo, entretanto controles contextuais diferentes: o gênero masculino
tais discussões demoraram um longo tempo para desenvolveu-se no contexto do trabalho e do poder,
ocorrer (Couto & Dittrich, 2014). A autora con- já o feminino no contexto do lar e da família.
siderada pioneira na construção dessa aproxima- No Brasil, algumas pesquisas se destacaram na
ção teórica é Maria R. Ruiz que, no seu primeiro compreensão analítico-comportamental das práti-
trabalho a respeito, (1995) afirma que o behavio- cas culturais a respeito dos papéis de gênero: Silva
rismo atraiu algumas das mais fortes críticas do e Laurenti (2016) abordaram de que maneira a con-
movimento feminista, sobretudo pela indiferen- cepção antiessencialista e complexa de ser huma-
ciação assumida entre o behaviorismo metodoló- no presente no modelo de seleção pelas consequ-
gico de Watson e o radical de Skinner. De acordo ências de Skinner seria consistente com uma das
com Ruiz (1995) um primeiro passo na superação principais teses do movimento feminista; Couto e
deste equívoco é ressaltar que Watson propõem Dittrich (2017) revisaram produções sobre femi-

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nismo em periódicos analítico-comportamentais; As masculinidades


Nicolodi e Hunziker (2021), discutiram o patriar-
cado na perspectiva analítico comportamental. O papel de gênero tradicionalmente atribuído ao
Percebe-se um promissor diálogo entre a análise homem chama-se masculinidade. Os estudos de
do comportamento e as questões feministas, porém Connell e Messerschmidt (2005) evidenciaram a
o mesmo não se verifica em relação à aprendizagem existência de diferentes tipos de masculinidades,
da masculinidade e suas implicações para a saúde do a hegemônica e a subordinada. Para Connell e
homem, considerando a flagrante escassez de publi- Messerschmidt (2005) o modelo hegemônico assu-
cações sobre tal problemática. Isto torna urgente a me posição normativa em diversas culturas – pres-
sensibilização de pesquisadores analítico comporta- supondo um caminho “mais honrado e legítimo de
mentais a respeito da relevância social desta ques- ser homem”, exigindo que todos os homens se po-
tão e das contingências particulares envolvidas na sicionem em relação a ela e reiterando globalmen-
aprendizagem do tornar-se homem, sobretudo no te a subordinação das mulheres. De acordo com
que tange aos problemas de saúde decorrentes. Connell e Messerschmidt (2005) a masculinidade
Frente a isto, os objetivos deste artigo são: 1. hegemônica é uma estrutura que busca excluir,
Apresentar uma análise conceitual do constructo através das relações sociais e da cultura, qualquer
de gênero na perspectiva analítico comportamen- variação de comportamento emitido por um ho-
tal, com especial atenção ao modelo de masculini- mem, que não se adapte aos seus preceitos.
dade hegemônica; 2. Descrever o modelo de seleção Através do modelo social de masculinidade
proposto por Skinner, com foco no nível cultural; hegemônica, homens são ensinados e validados a
3. Hipotetizar algumas possíveis contingências re- se comportarem de forma autoritária, racional, co-
lacionadas a dificuldade de autocuidado em saúde rajosa, poderosa, forte, destemida, independente,
desta população emocionalmente desapegada, homofóbica, agressi-
Espera-se contribuir para a construção de uma va, inabalável, sexualmente viril, o que inclui con-
base teórica que sustente o entendimento da mas- sumir álcool e objetificar a mulher (Connell, 2009;
culinidade hegemônica como prática cultural, sele- Rodriguez, 2019). Determinados símbolos, tais
cionada no segundo e terceiro nível e mantida pelas como armas, carros, esportes radicais, dinheiro e
agências de controle. Espera-se com isso demarcar o espaço público da rua compõem o universo deste
culturalmente a dificuldade de muitos homens de modelo (Souza, 2005). Por outro lado, as mascu-
cuidar da própria saúde, identificando-a como um linidades subordinadas são aquelas associadas aos
processo de aprendizagem operante, que tem como homens gays, ou com orientação sexual distinta da
contexto cultural o estereótipo de gênero. heteronormatividade, capturando também homens
Metodologicamente, este artigo é uma análise de origem não branca e advindos de classes sociais
conceitual. Para o alcance dos objetivos apresenta- menos favorecidas (Connell & Messerschmidt,
dos no parágrafo anterior iremos inicialmente des- 2005; Connell, 2009).
crever o constructo de masculinidade hegemônica, Tem-se em Connel e Messerschmidt (2005) que
tal qual formulado por Connell e Messerschmidt a masculinidade hegemônica ainda possui expres-
(2005) e Connell (2009). Em seguida será descrito sivo prestígio social – alcançado através da cultura,
o modelo de seleção pelas consequências e o ní- das instituições e também de mulheres heterosse-
vel cultural, recorrendo principalmente a Skinner xuais. Para os autores:
(1981) e à síntese publicada por Fernandes, Carrara
e Zilio (2017) sobre a cultura na análise do com- masculinidades são configurações de práticas
portamento. Na próxima etapa apresentaremos as que são realizadas na ação social e, dessa forma,
principais formulações de Addis e Mahalik (2003) e podem se diferenciar de acordo com as relações
Addis e Cohane (2005) sobre a aprendizagem ope- de gênero em um cenário social particular, as-
rante da masculinidade e as relações com a saúde sim as situações nas quais as masculinidades
do homem. Por fim, descreveremos algumas hipó- foram elaboradas mudam ao longo do tempo”
teses sobre o problema de estudo (Connel & Messerschmidt, 2005. p. 250).

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Acentuando a importância da cultura e das re- O produto conjunto de contingências de so-


lações sociais Kimmel, Hearn e Connel (2005) asse- brevivência responsáveis pela seleção natural
veram que a nomenclatura “hegemônica” se refere das espécies e contingências de reforçamento
também à análise das relações de classe, à dinâmica responsáveis pelos repertórios adquiridos por
cultural pela qual um grupo reivindica e mantém seus membros, incluindo contingências espe-
uma posição de liderança na vida social. Em qual- ciais mantidas por um ambiente social evoluído
quer período, uma forma de masculinidade em vez (Skinner., 1981, p. 502).
de outras, é culturalmente exaltada elevando-se à
posição de hegemonia. De forma similar, o cará- Desta maneira o comportamento humano é
ter “subordinado” de algumas masculinidades só é multideterminado e só pode ser compreendido
engendrado efetivamente em práticas culturais fre- pela história de seleção que ocorre em três níveis:
quentemente opressivas. o filogenético, o ontogenético e o cultural (Skinner,
1981; Leão & Neto, 2017; Moore, 2018). Embora
os níveis e os produtos a serem selecionados sejam
O modelo de seleção pelas distintos, ocorre uma permanente interrelação en-
consequências e o nível cultural tre eles (Andery, 1997). O processo de variação e
seleção ocorre nestes três níveis.
O modelo de causalidade utilizado pela análise do O primeiro nível de seleção pelas consequên-
comportamento chama-se seleção pelas consequ- cias é o filogenético (filogênese): neste nível são
ências (Skinner, 1981), este modelo sofre influên- selecionadas tanto respostas inatas quanto fenotí-
cias da biologia especificamente das proposições picas e anatomofisiológicas das espécies, através do
de Darwin. Neste modelo, variações na emissão processo seleção natural. Quanto mais as consequ-
de comportamentos operantes geram consequ- ências de tais características favorecerem adaptação
ências diferentes, que os selecionam ou não. Para e sobrevivência da espécie, em um dado ambiente,
Skinner (1981) a adoção deste modelo é especial- maior a probabilidade de serem selecionadas e se
mente útil por também substituir explicações tele- perpetuarem futuramente, apresentando alta fre-
ológicas, sobre o comportamento, que se baseiam quência nos membros desta espécie em gerações
em propósitos ou intenções, além de diferenciar-se futuras (Skinner,1981).
de perspectivas mecanicistas anteriores. O referido O segundo nível de seleção é o ontogenético
modelo é fundamentado numa relação probabilista (ontogênese): neste nível são selecionadas as res-
entre eventos explicando a origem e a evolução do postas operantes individuais de cada ser humano,
comportamento (Leão & Neto, 2017). selecionadas a partir da história de interação úni-
Tem-se em Skinner (1981, 1984) que este mode- ca estabelecida entre um sujeito e seu ambiente,
lo explica a aquisição, a manutenção e a modificação através do condicionamento operante. O processo
do comportamento ao longo de toda a vida de um de seleção ocorre por via de consequências sele-
indivíduo, bem como as mudanças das práticas cul- cionadoras. Tais consequências (se com função
turais, afinal o comportamento não é estático, mas é reforçadora) selecionam classes de respostas, ou
um processo mutável e fluído (Skinner, 2003). Para seja, tornam mais prováveis que voltem a ser emi-
Sampaio (2005), o modelo selecionista integra a com- tidas com frequência no futuro (Skinner, 1974,
plexidade, a multideterminação e o caráter histórico 1981). O modelo selecionista ganha força com o
do comportamento humano na obra de Skinner, pois comportamento operante. De acordo com Skinner
ao se analisar comportamento operante, o compor- (2003) o comportamento operante é aquele que ao
tamento verbal e social e mesmo as práticas culturais ser emitido produz efeitos no mundo sendo sen-
mais amplas, sob a perspectiva selecionista, evita-se sível às suas consequências que retroagem sobre o
explicações lineares, causais e reducionistas. Ainda a próprio organismo.
respeito da multideterminação do comportamento O terceiro nível de seleção é o cultural, que é
assumida no modelo selecionista, Skinner (1981, p. o campo das contingências culturais, um conjunto
502) assevera que o comportamento humano é: de consequências especiais arranjadas pelo grupo

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(Skinner, 1981). Neste nível são selecionadas práti- trole das regras dos grupos com os quais ele intera-
cas culturais por meio da interação da pessoa com ge. Fazer parte de uma cultura implica em aprender
o ambiente durante o tempo de existência de um determinados padrões comportamentais, e ter ou-
grupo social (Moore, 2018). As práticas culturais tros padrões enfraquecidos, sob controle das con-
são selecionadas à medida que as consequências tingências sociais mantidas por tais grupos, que
por elas produzidas (produto agregado) favorecem exercem o poder de dispor consequências. Ressalta-
a sobrevivência de um grupo (Skinner, 1981). se que “o indivíduo está sujeito a um controle mais
De acordo com Silva e Laurenti (2016), os ní- poderoso quando duas ou mais pessoas manipulam
veis de seleção constituem, respectivamente, a di- variáveis que possuem um efeito comum sobre seu
mensão orgânica na filogênese (o organismo), pes- comportamento” (Skinner, 2003, p. 352).
soal na ontogênese (a pessoa) e reflexiva aprendida Para Skinner (2003) as estratégias de controle
nas práticas culturais (self). Este aspecto multidi- que ocorrem entre os membros de um grupo po-
mensional favorece uma compreemsão comporta- dem ser explicadas pelo condicionamento operan-
mental do gênero. Para as autoras seria na dimen- te, através da existência de contingências culturais,
são pessoal do ser humano (a ontogênese), que pois “o bom comportamento é reforçado e o mal
a noção de gênero pode ser construída de forma punido. A estimulação aversiva condicionada gera-
comportamental. da pelo mal comportamento como resultado da pu-
Segundo Silva e Laurenti (2016) o gênero, em nição se associa a um padrão emocional chamado
termos comportamentais, designa os padrões com- vergonha” (Skinner, 2003, p. 354-355). Destaca-se
portamentais de homens e mulheres considerados que a característica de bom ou mal, como a de cer-
normais em uma dada cultura, que foram apren- to e errado, são contextuais e não essencialistas, na
didos de forma operante no nível ontogenético, medida em que “geralmente se denomina o com-
através de condicionamento operante. A classes de portamento de um indivíduo de bom ou certo na
comportamentos operantes chamada de gênero não medida em que reforça outros membros do grupo e
pode ser esclarecida unicamente pela filogênese, mal ou errado na medida em que se torna aversivo”
mas também pela ontogênese e a cultura. (Skinner, 2003. p. 353). Dessa forma, classes de res-
Ainda sobre a seleção no nível cultural, perce- postas operantes reforçadas em uma cultura podem
be-se que é um tema presente em diversas publica- sofrer punição em outra, recebendo equivalências
ções de Skinner (1971, 1989, 2003) e de outros ana- diferentes: de certo ou errado, bom ou ruim, a de-
listas do comportamento, tais como Baum (2005) pender das contingências culturais compartilhadas
e Gleen (2004, 2010). Nessa perspectiva teórica, a em cada grupo.
cultura é: Já as práticas culturais “dizem respeito a padrões
comportamentais de indivíduos ou de pessoas se
um termo que remete a conjunto de contingên- comportando em grupo, modeladas e mantidas pe-
cias sociais, isto é, contingências de reforçamen- las contingências sociais definidoras de uma dada
to e punição mantidas pelos membros de um cultura” (Fernandes, Carrara, & Zilio, 2017, p. 277).
grupo em contextos específicos. Isso implica Práticas culturais referem-se então ao produto das
dizer que há relações típicas dessa cultura entre contingências sociais, possibilitando a aprendiza-
as pessoas e seus ambientes; nesse sentido, di- gem, manutenção e eventual evolução de uma classe
zemos que um sujeito faz parte de uma cultura de respostas operantes compartilhadas pelos mem-
se as contingências sociais que a caracterizam bros de um grupo em um determinado contexto.
possuírem alguma função no controle de seu Para ilustrar as práticas culturais, ou compor-
comportamento (Fernandes, Carrara, & Zilio, tamentos frequentes compartilhados por uma dada
2017, p. 276). população, Skinner (1971) refere:

A cultura então refere-se à maneira como con- como as pessoas vivem, como criam seus filhos,
tingências de reforçamento e punição são dispostas como coletam ou cultivam comida, em quais ti-
aos indivíduos, em diferentes contextos, sob con- pos de habitações eles vivem, o que vestem, que

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jogos costumam jogar, como tratam uns aos ou- O processo de socialização do gênero inicia-se
tros, como governam uns aos outros, e assim por muito cedo, através de dispositivos como roupas,
diante. Esses são os costumes, os comportamen- decoração do quarto, brinquedos e sobretudo prá-
tos habituais, de um povo. (Skinner, 1971, p. 126). ticas parentais de introdução da criança na cultura,
por isso socialização e papel de gênero são concei-
Os grupos sociais controladores das contingên- tos complementares (Bettis & Ferrey, 2016). Esta
cias culturais podem ser identificados na literatura exposição tem início no grupo familiar, amplian-
de Skinner (2003) enquanto agências de controle: o do-se nas escolas, demais instituições sociais e na
governo e a lei, a religião, a psicoterapia, o controle sociedade de forma ampla, caracterizando a ação
econômico e a educação, sobretudo. Para Skinner constante das agências de controle (Malott, 1996;
(2003) as agências de controle são grupos de pessoas Miller, 2016; Mizael, 2018; Skinner, 2003).
que possuem o poder de organizar e manejar con- A maneira desigual como a cultura dá acesso
tingências em um dado ambiente social. Cada uma a consequências reforçadoras e punitivas, tanto
dessas agências possui técnicas de controle específi- para meninos quanto para meninas, inicia-se nas
cas com diferentes efeitos nas práticas culturais. interações familiares e continua nas contingências
presentes na escola, nas relações conjugais, no am-
biente de trabalho, enfim, no ambiente social de
A aprendizagem da masculinidade forma ampla. Por meio deste processo, mulheres
hegemônica segundo a análise do e homens são submetidos a contingências sociais,
comportamento e implicações para sob poder das agências de controle, que proveem
a saúde do homem consequências de forma tal que a emissão de alguns
comportamentos só será reforçada se eles forem
Tanto na concepção da teoria de gênero quanto na consistentes com os modelos, estereótipos e expec-
perspectiva do behaviorismo radical, as diferenças tativas referentes ao gênero no qual são alocados.
de gênero são um subproduto do tipo de tratamen- No decorrer do processo de socialização, alguns
to, da educação formal e informal que crianças, de comportamentos seriam reforçados socialmente,
ambos os sexos, recebem da sociedade ao longo de tendo maior probabilidade de ocorrência, enquan-
suas vidas, bem como da exposição intensa aos es- to outros – incompatíveis com os papéis de gênero
tereótipos sobre o que é permitido para “ser uma dominantes – seriam punidos. Um exemplo dessa
menina” e “ser um menino” a que são expostas em prática é a escolha de brinquedos. Meninos tendem
seus ambientes sociais. Sem extrapolar os limites te- a escolher brinquedos “masculinos”, como armas
óricos das duas áreas, parece plausível afirmar que ou carros, pois provavelmente os pais irão reforçar
ambos descrevem processos muito semelhantes, essa escolha – e punir caso o menino escolha brin-
havendo convergência em pelo menos dois aspec- quedos “femininos” como bonecas. Com o passar
tos: o gênero como uma aprendizagem e a ação da do tempo, alguns padrões de “comportamento mas-
cultura determinando aquilo que será aprendido. culino” que foram reforçados são fortalecidos em
O paradigma da aprendizagem social a respeito outras contingências sociais. Esse exemplo ilustra
das masculinidades “parte do pressuposto de que como os comportamentos de homens são condi-
comportamentos, crenças e atitudes de gênero são cionados de forma operante, assumindo função so-
aprendidos em ambientes sociais por meio de pro- cial e modelando papeis de gênero com os quais ele
cessos básicos de reforço, punição, modelagem e passa a se identificar (Miller, 2016).
aquisição de esquemas ou sistemas de crenças de No caso dos meninos, a punição dos compor-
gênero” (Addis & Cohane, 2005, p. 637). Uma das tamentos não consistentes com o modelo de mas-
principais premissas do modelo é que as mascu- culinidade vigente, provavelmente acarreta em res-
linidades são repertórios complexos, com status pondentes como vergonha/culpa e outros eventos
normativo e prescritivo, que possibilitam a alguns privados, como autopercepção de erro, já o refor-
homens acesso a contextos e posições sociais pri- çamento dos comportamentos assumidos como
vilegiados. “masculinos” eliciaria efeitos emocionais agradáveis

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(Skinner, 2003). Como resultado, é fortalecido um Esses operantes condicionados podem ser de-
repertório rígido sobre o que significa ser homem, nominados também como comportamentos de
que inclui comportamentos aceitáveis e inaceitáveis risco. O constructo comportamento de risco é defi-
dentro desse estereótipo – por exemplo, a crença nido como qualquer atividade realizada por indiví-
de que um homem precisa ser agressivo (Addis & duos, com frequência e intensidade tais, que acar-
Cohane, 2005). retem maior risco de doenças, acidentes ou agravos
O trabalho de Nicolodi e Hunziker (2021) que à saúde física e mental (Moura, Torres, Cadete, &
conceituou o termo patriarcado na perspectiva Cunha, 2018). Os principais comportamentos
comportamental, pode ser útil para descrever mais de risco referidos desta população (Brasil, 2008;
contingências que compõem o ambiente social no Arruda & Marcon, 2018; Addis & Mahalik, 2003;
qual o repertório de meninos é modelado em pa- Husaini, Moore, & Cain, 1994; McKay, Rutherford,
drões de masculinidade. Para as autoras, a socieda- Cacciola, Kabasakalian-McKay, & Alterman, 1996;
de atual ainda apresenta práticas patriarcais. As au- Figueredo, 2005) são apresentados na figura 1, de
toras asseveram que no tipo de cultura denominada acordo com a frequência encontrada nos estudos.
patriarcal são “criadas e mantidas regras sociais que Buscou-se também identificar na figura 1 a quais
controlam e mantém o comportamento social de classes poderiam pertencer, se de eventos privados
mulheres e homens na execução de tarefas diferen- ou públicos, considerando a maneira com que fo-
ciais em função do gênero” (Nicolodi & Hunziker, ram descritos nos estudos.
2021, p. 171). A respeito da função desses comportamentos,
Segundo Nicolodi e Hunziker (2021) o patriar- supõe-se que haja dois processos comportamentais
cado é apresentado como comportamentos indivi- envolvidos na manutenção dos operantes condicio-
duais ou práticas coletivas que são mantidos por nados de comportamento de risco à saúde. O pri-
contingências culturais. No patriarcado há regras e meiro é a seleção, por meio do condicionamento
contingências desiguais para os gêneros, que man- operante, de comportamentos incompatíveis com
tém o desequilíbrio histórico entre eles e priorizam o cuidado à saúde – típicos do modelo da mas-
o gênero masculino no acesso a poderosos refor- culinidade hegemônica já descrito, proporciona-
çadores sociais ligados a independência, dinheiro, do pelas contingências reforçadoras no contexto
poder, prestígio e dominação. de uma cultura patriarcal. A apresentação de tais
A predominância da cultura patriarcal, favorece contingências reforçadoras poderiam produzir res-
a seleção e manutenção de padrões comportamen- pondentes agradáveis associados ao sentimento de
tais consistentes com o modelo de masculinidade orgulho, poder e virilidade
hegemônica (Nicolodi & Hunziker, 2021). Nesse O segundo desses processos é a baixa frequên-
contexto acredita-se que as classes de operantes, cia de comportamentos importantes para o cuida-
públicos e privados, que são selecionados no nível do a saúde – provavelmente por fuga e esquiva por
ontogenético e cultural produzam excessos e défi- sua associação ao feminino – tais como: observar
cits comportamentais relacionados também a di- mudanças corporais e sensações somáticas, pedir e
ficuldades no autocuidado, que os vulnerabiliza a aceitar ajuda, perceber-se e ser exposto como vul-
determinados problemas de saúde. Isso ocorre pois: nerável, procurar o serviço de atenção básica, man-
ter relações sociais não violentas e engajar-se em
muitas das tarefas necessárias à busca da ajuda atividades de promoção de saúde. Este repertório
de um profissional de saúde, como confiar nos de fuga e esquiva pode tornar-se funcional, pois
outros, admitir a necessidade de ajuda, reco- evitaria a apresentação de consequências sociais
nhecer a existência de um problema físico ou aversivas, produtoras de respondentes desagradá-
emocional, entram em conflito com as crenças veis como culpa e vergonha. Ambos os processos
rígidas do autocontrole, da resistência física, do são apresentados na figura 2.
controle emocional e na suposta invulnerabili- Como é admitido em muitas pesquisas consul-
dade (Addis & Mahalik, 2003, p.7). tadas, os homens expõem-se intensamente às si-
tuações de risco em decorrência do estereótipo de

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Figura 1. Frequência de comportamentos de risco em homens.

Figura 2. Análise funcional de comportamentos de risco

gênero masculino (Brasil, 2008; Craig, Garfiel, & engessadas sobre o que é ser homem (eventos pri-
Rogers, 2008; Braahler & Maier, 2015). Entretanto, vados), quanto os comportamentos de risco, pro-
este paradigma parece conter algumas divergências priamente ditos (eventos públicos), são respostas
em relação a uma perspectiva comportamental: por operantes que compõem um encadeamento com-
sua descrição excessivamente topográfica, por pro- portamental complexo, portanto uma não pode
por relações causais entre eventos de mesma na- ser causa da outra, visto que são eventos de mesma
tureza e por não contemplar, em alguma medida, natureza. Seriam então, ambos, selecionados pelas
relações funcionais sujeito/ambiente. contingências da ontogenia de cada homem sob a
Pautando-se na análise do comportamento po- ação das contingências culturais, como já descrito
de-se hipotetizar que tanto as percepções rígidas e anteriormente.

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Masculinidade hegemônica: contingências relacionadas ao déficit de autocuidado à saúde em homens 207-218

Sendo assim, na cultural patriarcal, com suas A masculinidade hegemônica seria uma prática
estratégias de controle diferenciais para o acesso cultural que, ao ser descrita em termos de topografia
a reforços direcionadas aos homens, estariam as de respostas, apresenta déficits de comportamentos
contingências mantenedoras tanto da forma como de autocuidado a saúde em muitos homens. Esse
os homens percebem-se e descrevem-se, quanto déficit parece ser mantido funcionalmente tanto por
na maneira pública com que se comportam em contingências de reforço positivo quanto de reforço
relação à saúde. As percepções, ideias, valores, negativo, com respostas que assumem a função de
conceitos e regras referentes ao papel de gênero fuga e esquiva. Portanto considera-se que o objetivo
masculino seriam então eventos antecedentes, deste estudo foi alcançado. A teoria comportamental
que se relacionam funcionalmente com a classe de mostrou-se pertinente na discussão deste problema.
operantes típicas de autocuidado à saúde de ho- Contudo, considera-se que há fragilidades no
mens. Enquanto ocasião, reduzem a probabilidade estudo. As discussões foram centralizadas na apren-
de ocorrência desta classe de resposta, porém não dizagem da masculinidade hegemônica, priorizan-
causando-a ou explicando-a do-a em detrimento da existência de outros tipos
Esta inferência encontra algum suporte nas de masculinidades. Reconhece-se também que os
concepções de Skinner (1986; 2003) ao propor comportamentos de risco assumidos por muitos ho-
que são as contingências culturais, presentes em mens possuem outros determinantes (institucionais,
ambientes sociais verbais, que mantém a ocorrên- financeiros, educacionais, geográficos) que não pu-
cia das práticas culturais. Propõem-se também deram ser explorados. Os princípios comportamen-
que a formulação realizada por Skinner (1969) tais citados no texto foram básicos, certamente nas
sobre a função das regras pode ser um arcabouço contingências culturais típicas de uma organização
profícuo para compreender processos comporta- social patriarcal há outros processos complexos,
mentais existentes na relação entre concepções, como o comportamento privado e a subjetividade, o
valores e estereótipos de gênero e a manutenção comportamento governado por regras e o comporta-
de comportamentos de risco por muitos homens. mento simbólico. Embora tenham sido referidos no
A pesquisa de Nicolidi e Hunziker (2021) já apon- texto, também não foram conceitualmente explora-
tou para a ocorrência do controle de regras ao dos em função dos limites metodológicos.
concluir que a cultura patriarcal age também por Frente às conclusões alcançadas algumas per-
regras, controlando o comportamento de homens guntas abrem-se como possibilidade para pesqui-
e mulheres. sas futuras: Como seria possível um planejamen-
to cultural que selecione tipos de masculinidades
menos opressoras e mais saudáveis? Que outros
Conclusões processos comportamentais podem explicar a re-
lação entre as concepções rígidas de masculinidade
O objetivo deste artigo foi, através de uma análise e comportamentos de risco a saúde? Como a famí-
conceitual, discutir a aprendizagem da masculini- lia, os cuidadores e os educadores podem interagir
dade hegemônica na perspectiva analítico compor- com crianças, do sexo masculino, de forma a não
tamental, admitindo os comportamentos de risco à fortalecer um repertório com características do
saúde como operantes condicionados decorrentes modelo hegemônico? Por fim, como profissionais
desta aprendizagem. Por meio do aporte teórico de saúde que atendem essa população podem or-
utilizado é possível inferir que o processo de sele- ganizar, nas suas rotinas assistências, contingências
ção por consequências modela frequentemente, em que: a. favoreçam a aprendizagem de um repertó-
meninos desde a infância, um repertório público rio funcionalmente mais saudável? b. forneça con-
e privado correspondente com o modelo de mas- textos que ajudem esses homens a discriminar tais
culinidade denominado hegemônico. Durante esse contingências referentes as suas masculinidades,
processo a ação das agências de controle, garantin- bem como os problemas oriundos delas? c. enga-
do o reforçamento diferencial através da cultura je-os de forma ativa e responsável nas mudanças
patriarcal é fundamental. mencionadas anteriormente?

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