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Por que o desalinhamento de eixos confunde

até mesmo os melhores Programas de


Manutenção Preditiva?
Este artigo é uma cortesia da Turvac Incorporated
© Copyright 1998 TWI Press, Inc.
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- Engº André Luiz de Pádua Pereira
E-Mail dos tradutores: vibra@atlanticpost.com
O arquivo traduzido pode ser obtido no site:
www.vibra.dynamiczone.com
A técnicas para detecção de desalinhamento utilizando análise de vibração, termografia
infravermelha e técnicas de análise de óleo podem ser difíceis e um pouco enganosas a menos que
você entenda o verdadeiro mecanismo do desalinhamento e como o mesmo afeta os equipamentos
rotativos.
Corrigir uma condição conhecida de desalinhamento pode ser até mesmo mais árduo e
extremamente frustrante se o seu sistema de medida de alinhamento for incapaz de determinar a
verdadeira condição de desalinhamento ou sugira correções difíceis de executar. Este artigo
desvenda as armadilhas mais comuns na detecção e correção de desalinhamento de eixos e ajuda a
aumentar a efetividade de seu programas CBM e de Manutenção Pró-Ativa esclarecendo os
equívocos comuns deste problema freqüente e prejudicial aos equipamentos.

CBM & Filosofias de Programa de Manutenção Pró-Ativas


Manutenção Baseada na Condição (CBM) ou Programas de Manutenção Preditiva estão baseados
na premissa de que o equipamento rotativo só deveria ser consertado ou substituído caso certas
condições tenham degradado ao ponto onde uma falha cujos custos de reparo são elevados está a
ponto de acontecer, ou se a mesma causaria impacto na qualidade da produção. Vibração,
temperatura, ou dados de lubrificação são coletados e a avaliação da condição mecânica ou
operacional da máquina é feita. Se certos valores inaceitáveis estiverem presentes, são apresentadas
recomendações para corrigir o defeito. Os Programas de Manutenção Baseada na Condição ou
Manutenção Pró-Ativa utilizam técnicas de manutenção preventiva/preditiva analisando a origem
ou causa da falha para detectar e localizar com exatidão os problemas, combinando avançadas
técnicas de instalação e reparo, que incluem o redesenho dos equipamento ou modificações para
evitar ou eliminar a ocorrência de problemas.
Esses são programas importantes e qualquer um que não esteja utilizando estas modernas
ferramentas de trabalho será eventualmente ultrapassado pelos seus competidores. Especificamente,
quão efetivas são estas tecnologias para detectar e corrigir desalinhamentos de eixos?

Detectando Desalinhamento pelo uso de Análise de Vibração


Uma grande maioria das pessoas que ativamente participam de CBM e programas de manutenção
pró-ativas lhes dirá que um desalinhamento de eixo será indicados por componentes de freqüência
de vibração situados em duas vezes a freqüência relativa a velocidade corrente do eixo, com uma
vibração axial alta, e uma defasagem angular de 180º através do acoplamento.
Isto é verdade apenas em alguns casos. A Figura 1 mostra vários padrões espectrais de vibração em
equipamentos rotativos que operam sob condições de desalinhamento, para diferentes tipos de
acoplamento.

Figura 1. Várias "assinaturas" de vibração de desalinhamentos, com tipos diferentes de


acoplamentos.

Observe que os padrões são diferentes e nem sempre mostram freqüências componentes de vibração
na velocidade corrente (1x) ou no dobro da velocidade corrente (2x). Alguns testes controlados
foram efetuados por vários indivíduos durante os últimos dez anos e tem indicado que os padrões
espectrais de vibração podem ser diferentes sob condições de desalinhamento semelhantes e que
dependem do tipo de acoplamento flexível instalado no equipamento e que virtualmente sob certas
condições, nenhuma vibração pode ser descoberta até mesmo sob desalinhamento moderado a
severo. Há vários pontos que você deveria estar atento, no que concerne ao uso de análise de
vibração para detecção de desalinhamento:
- tipicamente não há uma relação linear entre a amplitude de vibração global e o montante de
desalinhamento (Ou seja, é possível que a vibração possa diminuir quando desalinhamento
aumenta);
- é possível que os níveis de vibração aumentem após o realinhamento de um equipamento rotativo;
- se a maior parte da vibração está ocorrendo a múltiplos da velocidade corrente, dados de
angulo de fase perdem um pouco de sentido.
-
Detectando uma Condição de "Pé-Manco"
Um dos problemas mais freqüentes ao se alinhar equipamentos rotativos localiza-se na interface
"carcaça da máquina / placa-base". Quando o equipamento rotativo é fixado em sua base ou
estrutura, um ou mais de seus pés podem não estar tendo bom contato com os respectivos suportes
na estrutura que serve de base. Isto pode ser atribuído a estruturas entortadas ou curvadas, usinagem
imprópria dos pés do equipamento, usinagem imprópria da placa-base, ou uma combinação destes.
Este problema é comumente chamado "Pé-Manco". "Pé-Manco" geralmente descreve qualquer
condição onde um contato impróprio de superfícies está sendo feito entre o lado inferior da carcaça
da máquina e sua base de apoio.
Problemas de "Pé-Manco" podem ser detectados com análise de vibração?
Alguns indivíduos ousados tem soltado e então apertado os parafusos enquanto a equipamento está
funcionando e notaram mudanças na amplitude de vibração ou deslocamento do padrão espectral.
Em motores elétricos, dados tem mostrado acréscimo nos níveis de Freqüência de Passagem das
Barras do Rotor (RBPF). Porém, problemas de "pé-manco" podem acontecer em qualquer tipo de
máquina. Como alguém pode descobrir um problema "pé-manco" em bombas centrífugas,
ventiladores, turbinas a vapor, etc. usando análise de vibração? Se a condição de "pé-manco" for
bastante severa, partes rotativas podem entrar em contato com partes estacionárias, produzindo
atritos contínuos ou intermitentes que podem ser descobertos pela vibração. Distorção de coberturas
de caixas de engrenagens devido a uma condição de "pé-manco" podem ser vista nas freqüências ou
em bandas laterais das freqüências de engrenamento. Essas anomalias de vibração entretanto, não
acontecem continuamente tornando a detecção de "pé-manco" muito difícil se não impossível na
maioria de casos.

Detectando desalinhamento pelo uso de técnicas de termografia infravermelha


Alguns anos atrás, dois técnicos fizeram um teste controlado que usa técnicas de termografia
infravermelha para descobrir mudanças na temperatura de acoplamentos flexíveis que operam sob
várias condições de desalinhamento. A figura 2 mostra um dos acoplamentos testados.

Figura 2. Imagem térmica infravermelha de acoplamento de fita metálica desalinhado.


Esta fotografia é cortesia do Infraspection Institute.

Foram apresentados documentos técnicos no estudo e a seguinte afirmação foi feita: "Este estudo
mostrou que um Termógrafo Infravermelho Certificado, com uma máquina fotográfica
infravermelha pode detectar rapidamente um equipamento acoplado desalinhado. Quanto maior o
calor, maior o desalinhamento. Todo tipo de acoplamento flexível adquirirá 'calor' sob de condições
de desalinhamento? Lamentamos dizer, mas alguns projetos de acoplamento não seguem esta regra
(por exemplo, disco flexível ou acoplamentos de diafragma tipicamente não a seguem). O problema
principal em se tentar utilizar esta técnica é que a maioria dos acoplamentos são escondidos da
visão uma vez que protetores de acoplamentos são requeridos por razões de segurança.

Corrigindo o Desalinhamento
Uma vez que um equipamento é colocado fora de funcionamento e as etiquetas de segurança
tenham sido colocadas, o processo real de realinhamento pode ter início.
Quão corretamente um sistema de medição de alinhamento de eixos, pode determinar o montante de
correção a ser feito?
Para testar esta hipótese, uma experiência foi feita com um motor elétrico e bomba centrífuga
unidas por um acoplamento flexível de fita metálica. Foram corrigidas as condições de "pé-manco"
e a unidade foi alinhada pelo uso da técnica do indicador reverso. Um sistema de alinhamento de
eixo a laser foi então montado aos eixos e medidas foram executadas com o sistema de laser para
confirmar que os eixos estavam perfeitamente alinhados. 50 milésimos de polegada calço foram
então colocados sob cada um dos quatro pés do motor, sendo apertados os parafusos. Novas
medidas foram então levantadas com o sistema laser. Os resultados do teste estão mostrados na
figura 3.

Figure 3. Teste de alinhamento de eixo com sistema a laser.


50 Milésimos de calços foram adicionados sob os 4 pés do motor, depois do mesmo haver sido
perfeitamente alinhado. Após a montagem do acoplamento tipo metal-borracha, as seguintes
soluções para correção do desalinhamento foram indicadas pelo sistema a laser: Subir pés
internos 25 milésimos. Descer pés externos 15 milésimos (De polegada)

Observe que as correções propostas para os pés internos e externos do motor não indicam para
abaixar todos os quatro pés em 50 milésimos. Hmm-hmm, por que isto aconteceu? A figura 4
mostra o que de fato acontece aos eixos dos equipamentos quando forçados a operar sob condições
de desalinhamento.
ð Distorção do Eixo Devida ao
Desalinhamento com o
Acoplamento Montado

è Quando o alinhamento de máquinas


rotativas é feito, a fixação dos instrumentos
de medida é feita em algum ponto entre os
mancais internos e a ponta do eixo.

Figura 4. Deformação elástica do eixo acontece com desalinhamento moderado a severo quando
o acoplamento flexível está montado.

Sob condições de desalinhamento moderado a severa, os eixos começarão a se deformar


elasticamente com o acoplamento flexível montado. O sistema de medida de alinhamento estará
capturando medidas a certos pontos ao longo do comprimento de cada eixo, que não representam
onde a linha de centro de rotação estaria se nenhuma força de desalinhamento estivesse presente.

Corrigindo uma Condição de "Pé-Manco"


Novamente, "Pé-Manco" geralmente descreve qualquer condição onde um contato inadequado de
superfície está ocorrendo entre o lado inferior do "pé" da carcaça da máquina e a base de apoio. É
importante reconhecer que os "pés" do equipamento não estejam estabelecendo contato em pontos
(puntual). Ao invés, há tipicamente quatro (ou mais) superfícies de pé supostamente planas no lado
inferior da nossa máquina tentando manter-se em contato com até quatro (ou mais) superfícies
supostamente planas da placa-base. Agora, as chances de que toda as quatro superfícies nos lados
inferiores de nossos casos de máquinas sejam planas e estejam no mesmo plano e que também todas
as quatro superfícies da placa-base sejam planas e estejam no mesmo plano são altamente
improváveis e acontecem raramente.
O que é bastante freqüentemente é que quando nós tentamos apoiar o lado inferior de um pé de
máquina colocando-o em contato com a placa-base , um vazio muito complexo e fino fica num
espaço moldado entre as superfícies, numa condição que não pode ser corrigida com um pedaço
calço plano. Adicionalmente, é muito provável que uma condição de "Pé-Manco" exista em cada
um dos pés, individualmente. Agora, eu não estou dizendo que nosso equipamento está se levitando
livremente no espaço, mas apenas que os pés não estão estabelecendo bom contato com a placa-
base. Uma grande variedade de condições diferentes pode existir. Equipamento pode balançar
apoiado por dois cantos diagonais ou pode balançar de lado ou pode balançar longitudinalmente.
Não é incomum ver três dos "pés" com o "dedão" apontando para cima e o quarto "pé" apontando
com o "dedão" para baixo. É possível ter contato de quina nos pés próximos do acoplamento,
enquanto na extremidade oposta do pé se observa um vazio.
Os tubos também dão um empurão
Muitos de nossos equipamentos rotativos estão conectados a tubulações ou condutos. É possível
que a tensão excessiva imposta pelas tubulações possa afetar o alinhamento do eixo? Figura 5
mostra um motor e arranjo de bomba que foram alinhados a milésimos de polegada. Este sistema de
condutos foi usado para transferir ácido gorduroso de um tanque de armazenamento, para o sistema
de processo em batelada. A temperatura do fluido quando bombeado era 140 graus F (~58 C). A
unidade foi operada durante 6 horas depois que o alinhamento foi concluído. Um período de 12
horas decorreu para permitir á unidade resfriar-se para a temperatura ambiente e o alinhamento foi
conferido novamente.
Figura 5. Mudança do alinhamento de equipamento moto-bomba, após 12 horas de operação.
Gráficos da esquerda mostram a situação antes da operação. A coluna da direita mostra os
resultados após o ensaio.

Hmm-hmm. Note que os eixos não mais permanecem alinhados. Em investigação adicional foi
determinado que a expansão e contração das tubulações de sucção e descargas mal apoiadas
produziram um deslocamento em sua posição vertical.

Movimentação de Partida OL2R ... Algo que quase todo mundo deixa de considerar
Virtualmente todo equipamento giratório sofrerá uma mudança de posição durante a partida e
enquanto funciona o que afeta o alinhamento dos eixos. Para que os eixos girem colinearmente sob
condições operacionais normais, é desejável saber a quantia e direção deste movimento para
posicionar o equipamento corretamente durante o que é chamado comumente de "Processo de
Alinhamento a Frio" (ou seja, fora de carga ou não operando) para compensar esta mudança. A
movimentação de partida (OL2R, Off-Line to Run Movement) caracteriza uma vasta maioria de
sistemas de acionamento de equipamento giratórios e que de fato nunca foram medidas. Em talvez
80% dos sistemas de acionamento existentes, a quantia de movimento é desprezível e quase pode
ser ignorada. Nos casos restantes, porém, pode fazer toda a diferença entre um sistema de
acionamento com funcionamento suave e um que esteja infestado de problemas. É importante saber
quanto movimento está acontecendo antes que você o julgue insignificante e o ignore. Há vários
pontos importantes que precisam ser mencionados relativos á medida da movimentação de partida:
- Menos que 10% das pessoas que são responsáveis pelo alinhamento de equipamentos rotativos na
indústria pesquisaram a movimentação de partida (1 em cada 5 pode estar atento ao fenômeno mas
só a metade deles tentou medi-lo de fato).
- Muitas das pessoas que administraram pesquisas OL2R ou estiveram atento a este fenômeno,
acredita que equipamento só se muda na direção vertical e desconsidera a possibilidade (e
probabilidade) de movimento de lateral.
• Comparada ao montante de tempo demorado para alinhar um equipamento rotativo quando
fora de carga (que leva 3-6 horas em média), pesquisas de movimentação de partida de
equipamento podem ocupar dias e até mesmo meses para se completar. Freqüentemente são
administrados estes tipos de pesquisas nos equipamentos rotativos mais críticos em uma
unidade industrial e estes sistemas normalmente não podem ser ligados ou desligados de
acordo com a conveniência das pessoas que executam o teste. Assim, esteja preparado para
gastar muito mais tempo planejando e projetando, fabricando, instalando, medindo, e
analisando estes dados do que você iria tipicamente gastar com alinhamentos feitos com
equipamentos apenas parados ou apenas em funcionamento.
• Em vários casos onde estes dados foi coletado, e foi verificado que o equipamento não
estava na posição alinhada correta quando fora de operação havia uma grande relutância (e
em alguns casos, pura recusa) de mudar as posições existentes do equipamento para refletir
a informação recentemente descoberta. O argumento tipicamente expressado era... "O
equipamento esteve nesta posição durante vários anos, por que mudar isto agora ?" ou "Se
nós movermos as máquinas, nós vamos perder a garantia". ou "Nós temos que esperar até a
próxima paralisação da empresa para mudar o alinhamento" (o que parece ter ser esquecido
no momento da paralisação anterior). Parece muito tolo gastar quantias significativas de
tempo, esforço, e dinheiro em alinhar equipamento com precisão extrema quando o
equipamento não está em funcionamento e ignora-se a movimentação de funcionamento
(OL2R). Qual a vantagem de se alinhar um equipamento com precisão de 1/2 milésimo de
polegada ou melhor em uma condição de maquina parada, se a equipamento se move 20 ou
30 milésimos (ou mais) quando entra em funcionamento? Quão significativo é o movimento
OL2R que pode de fato ocorrer nos equipamentos rotativos?
Conclusões
A detecção de desalinhamento de eixo pode ser difícil , se não impossível, em equipamento rotativo
em operação. Até mesmo para condições severas de desalinhamento, às vezes mudanças apenas
leves de vibração ou temperatura acontecem tornando-se difícil a avaliação da severidade do
problema.
Nada, até que a degradação mecânica de fato aconteça, produz suspeita da causa do
desalinhamento, mas até lá, o dano já abalou o equipamento. Corrigir uma condição de
desalinhamento conhecida pode ser um das tarefas mais frustrantes que você poderia empreender.
Com o acoplamento flexível montado, deformação elástica dos eixos submetidos a condições de
desalinhamento moderadas a severas pode fazer até mesmo o sistema mais acurado de medida de
alinhamento de eixo parecer tolo (como também o operador do sistema). Outros fatores como "Pé-
Manco", tensões estáticas ou dinâmicas provocadas pelas tubulações e movimentação de início de
funcionamento (OL2R) compõem o desafio aos melhores programas de Manutenção Baseada na
Condição (CBM) e Manutenção Pró-Ativa a encontrar e corrigir o problema de desalinhamento.
O desalinhamento de eixos continuará sendo um dos, se não o problema mais frequente, dos
equipamentos rotativos até que todo o mundo envolvido neste processo esteja treinado
corretamente, que a eles sejam dadas as ferramentas corretas para o trabalho, que lhes seja dado
bastante tempo para completar todas as fases do alinhamento, e que eles tenham o desejo e a
inspiração para executar um trabalho excelente.

Referências Bibliográficas
- A Cost Effective, Pro-Active Method to Find, Prioritize and Correct Coupling Misalignment
Using Infrared Thermography and Laser Alignment Technologies', Infraspection Institute, 1994.
- Piotrowski, John D., Shaft Alignment Handbook - Second Edition, Marcel Dekker Inc., New
York, NY, ISBN # 0-8247-9666-7.
-Lynn, Daniel, "Soft Foot : A Fairy Tale?", P/PM Technology, Vol. 9, Issue 5, Oct. 1996.
Este artigo é uma cortesia da Turvac Incorporated. © Copyright 1998 TWI Press, Inc.
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