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“FRATERNIDADE CAMPINEIRA”
N.º 2158 – ORIENTE DE CAMPINAS - SP
R\E\A\A\
Embora não haja uma relação direta entre o juramento de Hipócrates e os ensinamentos
maçônicos, há certos valores que são compartilhados por ambas as instituições. Por
exemplo, o juramento de Hipócrates inclui o compromisso de tratar todos os pacientes
com igualdade, sem discriminação ou preconceito. Esse valor também é defendido pela
Maçonaria, que busca promover a igualdade e a fraternidade entre seus membros,
independentemente de sua origem social, raça ou religião.
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xx (texto da Introdução).
Em Portugal
Em Portugal, o texto original de 1771 foi inicialmente adotado pela Ordem dos
Médicos daquele país, e mais tarde substituído pelo da Declaração de
Genebra da Associação Médica Mundial, sendo sucessivamente atualizado.[3]
Versão de 1771
Texto do juramento
“ Prefácio
São estes os estatutos da arte médica que o aluno deve aceitar e confirmar ”
por juramento, Contêm os preceitos sobre a gratidão para com o professor;
sobre a integridade do doente e sobre os mais graves casos cirúrgicos não
curáveis, como a extracção de cálculos da bexiga, como se debus pela
divisão da medicina em três partes, Os antigos aceitavam-na, os Mercuriales
rejeitam-na.
Argumento
Os deveres que o médico deve ter para com o professor e para com a
profissão são: a integridade de vida, a assistência aos doentes e o desprezo
pela sua própria pessoa,
Juramento
Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Hígia, por Panaceia e por todos os
deuses e deusas que acato este juramento e que o procurarei cumprir com
todas as minhas forças físicas e intelectuais,
Honrarei o professor que me ensinar esta arte como os meus próprios pais;
partilharei com ele os alimentos e auxiliá-lo-ei nas suas carências,
Estimarei os filhos dele como irmãos e, se quiserem aprender esta arte,
ensiná-la-ei sem contrato ou remuneração.
A partir de regras, lições e outros processos ensinarei o conhecimento global
da medicina, tanto aos meus filhos e aos daquele que me ensinar, como aos
alunos abrangidos por contrato e por juramento médico, mas a mais ninguém.
A vida que professar será para benefício dos doentes e para o meu próprio
bem, nunca para prejuízo deles ou com malévolos propósitos.
Mesmo instado, não darei droga mortífera nem a aconselharei; também não
darei pessário abortivo às mulheres.
Guardarei castidade e santidade na minha vida e na minha profissão.
Operarei os que sofrem de cálculos, mas só em condições especiais; porém,
permitirei que esta operação seja feita pelos praticantes nos cadáveres,
Em todas as casas em que entrar, fá-lo-ei apenas para benefício dos doentes,
evitando todo o mal voluntário e a corrupção, especialmente a sedução das
mulheres, dos homens, das crianças e dos servos,
Sobre aquilo que vir ou ouvir respeitante à vida dos doentes, no exercício da
minha profissão ou fora dela, e que não convenha que seja divulgado,
guardarei silêncio como um segredo religioso,
Se eu respeitar este juramento e não o violar, serei digno de gozar de
reputação entre os homens em todos os tempos; se o transgredir ou violar
que me aconteça o contrário.
Versão de 1983
Texto do juramento
Versão de 1771
Esta é a versão adotada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo (CRM-SP):[4]
Texto do juramento
Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Hígia e Panaceia, e tomo por
“ testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu
poder e minha razão, a promessa que se segue:
”
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer
vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
Ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles
tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso
escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino,
meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os
regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por
comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do
mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa
operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de
todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do
amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da
sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu
conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar
felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os
homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.
Outras versões
Algumas outras versões também são utilizadas no Brasil; segue-se uma delas, adotada
pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais:[5]
Texto do juramento
Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da
“ honestidade, da caridade e da ciência.
Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os
segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra.
Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o
crime.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a
minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me,
suceda-me o contrário.
Do teor de tal juramento, encontramos pontuais condutas éticas a impor aos médicos
obediência durante o exercício de sua profissão.
o juramento de hipócrates.
4. No ano486 a.C, em uma pequena ilha do Mar Egeu (Grécia) denominada Ilha de Kós,
nasceu e floresceu uma escola médica destinada a mudar a história e os rumos da Medicina,
sob a inspiração daquele que passou a ser, por todo o sempre, o paradigma de todos os
médicos – Hipócrates. É considerado, até hoje, o Pai da Medicina moderna, pois coube a
ele separar “a Medicina da religião, e da magia, afastou as crenças em causas
sobrenaturais das doenças, e fundou os alicerces da medicina racional e científica. Ao lado
disso, deu um sentido de dignidade à profissão médica, estabelecendo as normas éticas de
conduta que devem nortear a vida do médico, tanto no exercício profissional, como fora
dele”.[2]
5. Da Escola Médica deHipócrates há uma coleção de 72 livros, coleção esta conhecida
como “Corpus Hippocraticum” ,onde sete livros tratam, exclusivamente da Ética
Médica e são eles: Juramento, Da Lei, Da Arte, Da Antiga Medicina, Da Conduta Honrada,
Dos Preceitos, Do Médico.
Sobressai dentre eles, sem dúvida alguma, o Juramento, que a tradição de mais de 48
séculos, é prestado e renovado por todos aqueles considerados aptos a exercer a
Medicina e, em regra durante a cerimônia de colação de grau. No momento em que se
dá o Juramento, os acadêmicos passam a ser admitidos pelos seus pares, como novos
integrantes da classe médica. O Juramento de Hipócrates “é considerado um patrimônio da
humanidade por seu elevado sentido moral e, durante séculos, tem sido repetido como um
compromisso solene dos médicos, ao ingressarem na profissão”.[3]
Daí porque, os novos médicos não podem e não devem esquecer a sua importância,
além da necessidade de conhecer e saber o que representa.
o texto do juramento.
6. O texto original doJuramento, que chegou até nossos dias, está escrito em grego clássico.
Daí porque, foi traduzido em vários idiomas. Traduções estas oriundas de antigos e raros
documentos, que são mencionados no referido artigo do professor Joffre M. de Rezende.
Entre tais documentos são citados os seguintes: a) – o manuscrito “Urbinas Graecus” da
Biblioteca Apostólica Vaticana, texto este localizado entre os anos X e XI, sendo
interessante observar que o documento é escrito em forma de cruz, para bem marcar o
patrocíncio religioso; b) – o manuscrito “Marcianus Venetus”, do século XI, pertencente à
Biblioteca de São Marcos em Veneza, considerado como texto original, uma vez que
conserva a invocação dos deuses da mitologia grega, diante de sua origem pagã; c) – o
manuscrito do século XII da Biblioteca Apostólica Vaticana e inserto em “Vaticanus
Graecus 276”; d) – manuscrito do século XII da Biblioteca de Paris.
Esse último manuscrito guarda a invocação inicial dos deuses da mitologia grega e
corresponde ao texto mais difundido na atualidade.[4]
7. O saudoso professorEdmundo Vasconcellos, eminente mestre de Clínica Cirúrgica da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, publicou um notável artigo
na Revista Paulista de Medicina, em abril de 1974, sobre o Juramento de Hipócrates, onde
esclarece ter se valido da tradução literal do texto, gentilmente feita pelo professor
Alexandre Corrêa, ilustre e cultíssimo helenista. Esclarece ter cotejado a tradução na
publicação bilíngüe de Littré, publicada em 1844 por Balière, autor dos mais autorizados
sobre toda a obra hipocrática.[5]
Assim está redigida a tradução feita pelo saudoso professor Alexandre Corrêa:
“ Juro por Apolo, médico, e por Esculápio, por Hygéia, por Panacéia, e por todos os deuses e
deusas, constituindo-os os juízes de como, na medida das minhas forças e do meu juízo, haverei
de fazer executado o seguinte juramento e o seguinte compromisso: considerarei aquele que
me ensinou esta arte o igual a meus pais; prometerei partilhar com ele os meus bens; e, se
padecer necessidades, torná-lo-ei participante deles; considerarei os seus filhos meus irmãos, e,
se quiserem aprender esta arte, haverei lh’a ensinar sem qualquer salário nem compromisso.
Dos preceitos, das lições ouvidas e todas as mais instruções farei a transmissão aos meus filhos,
aos filhos do meu mestre, aos discípulos ligados por uma obrigação, tendo jurado, segundo a
lei médica; porém a ninguém mais. Aplicarei os regimes de vida para a utilidade dos doentes
de acordo com a minha capacidade e meu juízo, abstendo-me de qualquer malefício ou dano
(injustiça). Não porei nenhum veneno em mãos de ninguém, mesmo que n’o peçam, nem
tomarei a iniciativa de o aconselhar; igualmente não entregarei a nenhuma mulher um
pessário abortivo. Passarei a minha vida e praticarei a minha arte pura e santamente. Não
operarei de nenhum modo os padecentes de litíase (não praticarei a litotomia), deixando a
prática desse ato aos profissionais. Em quantas casas entrar, fá-lo-ei só para a utilidade dos
doentes, abstendo-me de todo o mal voluntário e de toda voluntária maleficência e de qualquer
outra ação corruptora, tanto em relação a mulheres quanto a jovens, sejam livres ou escravos.
O que for que veja ou ouça, concernente à vida das pessoas, no exercício da minha profissão ou
fora dela, e que não haja necessidade de ser revelado, eu calarei, julgando que tais coisas não
devem ser divulgadas. Se eu cumprir fielmente este juramento sem infringir, seja-me dado
gozar, feliz, da minha profissão, honrado por todos os homens, em todos os tempos; mas, se o
violar e perpetuar um prejuízo, que o contrário me suceda”.
8. O saudoso professorEdmundo Vasconcellos observa que a tradução mais citada e tida
como a mais próxima do original grego está em “Oeuvres completes d’Hipocrate”, edição
bilíngue publicada por E. Littré pela Editora J. B. Balière, em 1844, sendo importante
mencionar, também, as versões em inglês de Francis Adams, de 1849 transcrita na
coleção Harcard Classic, vol. 38 de 1910 e a de W. H. S. Jones, que se encontra na
coleção Loeb Classical Library, desde 1923.
Merece ser destacada a tradução em português do texto grego feita por Bernardes de
Oliveira, autor do livro “A evolução da Medicina até o Século XIX”, tradução esta baseada
no texto em inglês feita por Jones:
“Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses
e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus
conhecimentos e meu critério, este juramento: Considerar meu mestre nesta arte
igual aos meus pais, fazê-lo participar dos meios de subsistência que dispuser, e,
quando necessitado com ele dividir os meus recursos; considerar seus descendentes
iguais aos meus irmãos; ensinar-lhes esta arte se desejarem aprender, sem honorários
nem contratos; transmitir preceitos, instruções orais e todos outros ensinamentos aos
meus filhos, aos filhos do meu mestre e aos discípulos que se comprometerem e
jurarem obedecer a Lei dos Médicos, porém, a mais ninguém. Aplicar os tratamentos
para ajudar os doentes conforme minha habilidade e minha capacidade, e jamais usá-
los para causar dano ou malefício. Não dar veneno a ninguém, embora solicitado a
assim fazer, nem aconselhar tal procedimento. Da mesma maneira não aplicar
pessário em mulher para provocar aborto. Em pureza e santidade guardar minha vida
e minha arte. Não usar da faca nos doentes com cálculos, mas ceder o lugar aos nisso
habilitados. Nas casas em que ingressar apenas socorrer o doente, resguardando-me
de fazer qualquer mal intencional, especialmente ato sexual com mulher ou homem,
escravo ou livre. Não relatar o que no exercício do meu mister ou fora dele no convívio
social eu veja ou ouça e que não deva ser divulgado, mas considerar tais coisas como
segredos sagrados. Então, se eu mantiver este juramento e não o quebrar, possa
desfrutar honrarias na minha vida e na minha arte, entre todos os homens e por todo
o tempo; porém, se transigir e cair em perjúrio, aconteça-me o contrário”.[6]
Cumpre observar, como o faz o professor Joffré M. de Rezende, que, em todos os
idiomais, as traduções apresentadas diferem entre si em alguns aspectos relativos à
linguagem empregada, embora mantenham todas o núcleo central dos preceitos que
compõem o juramento.[7] Acrescenta que as diferenças existentes se encontram
principalmemente entre algumas passagens e no significado de determinadas
palavras gregas, que não encontram equivalentes em outros idiomas, além da
polissemia que permite um leque de opções na língua de chegada.
9. O professorJoffre M. de Rezende faz o trabalho de colocar em análise diversos vocábulos
em grego e sua corresppondência com as traduções feitas em inglês, francês e português.
Trata-se de um interessante estudo sobre o conteúdo do texto do Juramento para aquele que
deseja se aprofundar em seu estudo. [8]
texto da declaração de genebra.
10. Em 1948, diante das atrocidades verificadas durante a Segunda Guerra Mundial,
especialmente, nos campos de concentração nazistas, a Associção Médica Mundial, em sua
Assembléia Geral, aprovou a denominadaDeclração de Genebra, considerada como um dos
documentos cenrtrais da Ética Médica. O texto original da Declaração foi alterado três vezes
(1968, 1983 e 1994) e revisto duas (2005 e 2006). Em 2016, a Associação constituiu um
grupo de trabalho com a finalidade de preparar uma nova versão ao texto da Declaração a
ser apresentado ao Comitê de Ética daquela institução.
11. ADeclarção de Genebra adotada pela Associação Médica Mundial, com sua redação
aprovada em 1983, tem o seguinte teor:
Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos.
Os meus Colegas serão meus irmãos. Não permitirei que considerações de religião,
nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entreo meu
dever e o meu Doente.
Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça
e não farei uso dos meus conhecimentos médicos contra as leis da Humanidade.
GUARDAREI respeito e gratidão aos meus mestres, colegas e alunos pelo que lhes é
devido;
NÃO USAREI meus conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades
civis, mesmo sob ameaça;
Daí porque, ouso discordar com todo o respeito possível ao grande médico Dráuzio
Varella, quando afirma soar o ridículo quando se vêm acadêmicos jurar por Apolo,
Asclápios, Higeia e Panaceia em artigo que publicou sob o título “Juramento de
Hipócrates,
“ Prometo que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade,
da caridade e da ciência.
Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os
segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra.
Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para sempre, a minha vida e a
minha arte, com boa reputação entre os homens.
Se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me ocontrário”.[22]
De lembrar-se que uma variante desse texto tem livre curso em nossas Faculdades de
Medicina.
“Prometo que ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da
honestdade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos
serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, os quais terei
como preceito de honra. Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes
ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para
sempre, a minha vida e a minha arte, com boa reputaçãoentreoshomens.
Se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário.” [23]
Nota-se, comparando-se as duas versões, que a diferença consiste na substituição, no
segundo parágrafo, da locução pronominal o que pela locução os quais. Na primeira
versão a locução o que se refere ao enunciado na frase anterior, ou seja, expressa a
intenção do médico de guardar sigilo em relação aos “segredos que me forem revelados”.
Na segunda versão, a locução pronominal os quais, no plural, tem como
antecedente “os segredos que me forem revelados”. À evidência, não faz o menor sentido
fazer-se “dos segredos que me forem revelados” um “preceito de honra”.[24]
23. No consubstancioso artigo mencionadono decorrer deste pequeno estudo, o
professor. Joffre M. de Rezende realliza uma detida e exaustiva pesquisa sobre como se
apresenta o Juramento de Hipócrates nas diversas Faculdades de Medicina brasileiras na
solenidade de formatura do curso médico.
26. Como anota o professorJoffre M. de Rezende a pergunta que se impõe é a seguinte: deve o
juramento de Hipócrates ser modificado ou substituído por outro documento?
“ O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida
por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o
trabalho”.
Bem por isso continua atual a lição de Clóvis, o maior de nossos civilistas, em
comentário ao art. 1545 do Código Civil de 1916:“ A responsabilidade das pessoas indicadas
neste artigo, por atos profissionais, que produzam morte, inabilitação para o trabalho, ou
ferimento, funda-se na culpa” [46].
Logo, uma relação desse jaez não pode, assim, submeter-se à dicção do art. 14, caput,
do Código de Defesa do Consumidor, que trata da responsabilidade de requerer “defeitos
relativos à prestação de serviços”.
Assim, mesmo com tantas novidades para a proteção do consumidor, porém, a Lei
8.078, de 11 de setembro de 1990, em seu art. 14, § 4º, foi taxativa para repetir a
fórmula consagrada da responsabilidade subjetiva dos profissionais dessa natureza, ao
estipular textualmente: “A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa”.
Em obra específica sobre a matéria, conferem o professor Arruda Alvim e
Outros colaboradores a exata dimensão que se há de dar ao mencionado dispositivo
da nova lei: “O parágrafo quarto, último deste artigo, afasta dos profissionais liberais a
responsabilidade independentemente de culpa pelo fato do serviço. Assim, a responsabilidade
civil pelos danos decorrentes do serviço dos profissionais liberais, como médicos, advogados,
odontólogos, contadores e outros, dependerá da existência e comprovação da culpa”.[47]
32. Na atividade médica, o profissional da Medicina lida com orisco que decorre da doença,
da patologia apresentada pelo paciente. Não se trata, assim, de risco da atividade médica.
A doença, moléstia ou patologia, atua duas vezes, pelo menos, como fator de risco: (1) –
agride o organismo do paciente, coloca em risco a sua saúde; (2) – obriga o médico a
intervir, a realizar cirurgia, por exemplo, que é uma intervenção em situação de risco
criado pela moléstia e não se trata, assim, de risco criado pela atividade médica.
Em suma, quando o médico é chamado a intervir, já existe uma situação de risco criada
pela patologia de que o paciente é portador.
Logo, mesmo agindo da forma mais diligente possível, pode não obter êxito no tratamento.
Se essa não fosse a realidade, ninguém morreria de enfermidades
– todas as doenças seriam curadas, mediante a intervenção médica.
Não se pode olvidar, assim, que o paciente, em virtude da moléstia de que é portador,
se encontra em situação de risco em sua saúde e, diante desta circunstância, o médico é
chamado a intervir.
Em v. acórdão do egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, encontramos imorredoura
lição ministrada pelo eminente e notável Desembargador Laerte Nordi: “Porque os
médicos são seres humanos e sujeitos à falibilidade inerente à árdua profissão, tenho afirmado que
somente prova cabal de erro flagrante e indesculpável pode levar à responsabilização, sobretudo
em face do elevado número de pessoas atendidas e operadas por dia. E se eles cuidam do
mais difícil e complexo dos mecanismos – o corpo humano – que, às vezes, sugerem várias
alternativas, não se pode nem se deve exigir deles a infalibilidade dos deuses”.[48]
Quando se põe a realizar um ato de seu ofício, o médico não se investe tecnicamente
da obrigação de cura, da obrigação de resultado, mas assume o encargo de tratar o
doente com zelo e diligência adequados, de acordo com as aquisições da ciência, ou,
em outras palavras, passa a ter uma obrigação de fornecimento de meios.[49] Em
significativo acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, após o reconhecimento de
que “a vida e a saúde humanas são ditadas por conceitos não exatos”, também se assentou
que, em tais casos, “cabe ao médico tratar o doente com zelo e diligência, com todos os
recursos de sua profissão para curar o mal, mas sem se obrigar a fazê-lo, de tal modo que o
resultado final não pode ser cobrado, ou exigido”; e se finalizou o raciocínio com a assertiva
de que a responsabilidade civil do médico está a representar uma obrigação de meio e não de
resultado”.[50]
Em outro sugestivo acórdão, a egrégia Corte de Justiça assentou que, mesmo após a
vigência do Código de Defesa do Consumidor, não interessando se proposta a ação contra
o hospital ou contra o médico pessoalmente, não se aplica a responsabilização objetiva,
porquanto o que se põe em exame é o próprio trabalho médico, devendo-se submeter
a questão aos estritos lindes do § 4º do art. 14 do referido Código [51].
Como se vê, a responsabilização do profissional da área médica, na atualidade,
reveste-se de natureza subjetiva, no que o ordenamento segue a tradição de nosso
Direito para a responsabilidade indenizatória genericamente considerada, estando,
assim, afastada a hipótese de aplicação dos princípios norteadores da
responsabilidade objetiva.
princípios éticos do juramento.
33. O Juramento encerra diversos princípios e regras éticas. Vamos a eles.
34. Da leitura do juramento e em análise de seus preceitos, surge como princípio primeiro da
ética médica, apreservação da vida humana, estando o médico dedicado a manter a saúde
de seu paciente. E a preservação da vida humana haverá de existir desde seu início com
a concepção. Inclsusive o Juramento fala de que nunca será administrada uma substância
abortiva às mulheres.
De sua parte, não é ocioso recordar que a “Declarção de Genebra” quando de sua
aprovação pela Associação Médica Mundial em 1948, contem o seguinte: “Guardarei
respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos
meus conhecimentos médicos contra as leis da Humanidade.
A vida humana e a sua consequente preservação são fundamentais para que
a sociedade exista. Daí porque, todos os direitos e deveres contemplados pela ordem
jurídica e social têm raízes no direito fundamental à vida.
35. Aliás, ao fazer-se o jurmento pelapreservação da vida a partir da concepção, o jovem
médico estará a consagrar a ciência. Com efeito, a ciência – e não a religião ou
a filosofia – comprova que a vida humana tem início na concepção, quando o
espermatozóide penetra o óvulo. Instala-se a gravidez, que se encerra com o parto. Desde
esse momento, há vida humana a ser preservada.
Ademais, avançados estudos médicos e científicos demonstram que o nascituro não é
apenas uma porção do corpo da gestante, mas um ser autônomo com vida própria,
apenas “transitoriamente ligado, pelas deficiências de uma fase de sua evolução, ao organismo
materno”. Bem por isto, quaisquer constrangimentos, físicos ou psíquicos, suportados
pela mãe interferem de alguma maneira em seu natural desenvolvimento. Nesta
parte, cumpre recordar que o Código Penal alemão “considera o aborto como um delito
de homicídio e o feto como um ser vivente autônomo, embora dependente do organismo materno
até o parto”, conforme esclarece Mezger.[52]
Por fim, a décima terceira semana completa o primeiro trimestre da gestação, quando o
coração, fígado, baço e muitos outros órgãos estão a funcionar.
Com total propriedade, merece ser destacado o seguinte depoimento colhido
no Medscape de 21 de fevereiro de 2017, depoimento este prestado por um médico
pediatra: “Enquanto os médicos continuarem a matar bebês que ainda não nasceram e a ajudar
pacientes vivos a se matarem, como é permitido pelas leis contemporâneas e pela própria profissão,
então o antigo juramento de Hipócrates é irrelevante“.
36. Durante algum tempo, medrou o entendimento de que a vida teria seu início, com a
formação dosistema nervoso do feto, procurando refutar que o início da vida ocorre com a
concepção.
No “Portal da Família” no “Youtube” é encontrado um vídeo que responde à seguinte
pergunta: “A vida humana começa com a formação do sistema nervoso?”
Referida teoria defende “que a vida humana começa apenas depois da formação do sistema
nervoso” e usa como “critério o fato da medicina considerar a morte cerebral como o fim da
vida” e utiliza esta “informação para traçar um paralelo supostamente lógico de que se a vida
termina com a morte cerebral, então ela só começa com a formação do sistema nervoso, antes disso
não haveria vida humana”.
A igualdade de critérios “neste ponto é enganosa, utilitarista e reducionista, sendo bastante
inadequada e até certo ponto desonesta”.
Quando se procura entender-se porque a medicina e o Estado consideram a morte
encefálica como critério para o fim da vida, “entenderemos que o mesmo critério favorece a
defesa do embrião emquanto ser humano vivo e independente”.
A morte encefálica “é um bom critério clínico porque com ela o indivíduo não mais consegue se
sustentar de forma autônoma, pois a partir de uma etapa do desenvolvimento do organismo quem
garante essa autonomia é justamente o sistema nervoso”. Um organismo adulto sem o
funcionamento do sistema nervoso (tronco encefálico) perde irreversivelmente “sua
autonomia funcional e a manutenção da vida torna-se impossível.” Há morte “porque a situação é
irremediável, independente do que for feito dali para frente, todo o resto do orgamismo irá parar de
funcionar”.
No caso do embrião “ainda sem sistema nervoso formado este critério não é
válido porque mesmo sem o sisterma nervoso, o embrião consegue sustentar, como qualquer ser
humano em condição favorável, seu organismo de forma autônoma e desenvolver-se perfeitamente
com os recursos orgânicos que possui para atender as demandas biológicas da respectiva etapa de
vida em que está”.
Portanto, “o critério adotado para determinar a morte encefálica não é a presença ou
a ausência de um órgão ou sistema, isso seria reduzir a vida a um simples órgão, mas sim a
capacidade de aquele organismo se suestentar de forma independente e organizar suas funções de
forma integrada”. Isso o “embrião faz desde sua concepção, por isso é mais lógico, é
mais cientificamente correto e mais seguro defender o início da vida humana a partir da
concepção”.
A dignidade da vida humana é um valor em si e não admite relativização.
do aborto.
37. O Código Penal brasilerio pune oaborto, como crime contra a vida e contra a pessoa (art.
124). Prevê, também, duas hipóteses em que não haverá aplicação de pena, quais sejam as
hipóteses de aborto necessário (inciso I do art. 128) e o aborto sentimental (inciso II). Em
ambas as hipóteses o Código exige a sua prática por médico.
Na hipótese do inciso I, por exemplo, conforme adverte o eminente professor Aníbal
Bruno, “é preciso que haja perigo real da morte da gestante, perigo que não possa ser afastado de
outro modo, para que se autorize a interrupção da gravidez”, sendo necessário,
ainda, “que todas as possibilidades para a salvação da mãe e do filho se tenham esgotado”.[53]
Quanto ao aborto definido no inciso II – gestação proveniente de estupro – conforme
pondera, com toda razão o professor Aníbal Bruno, por mais respeitáveis que sejam os
sentimentos em favor da gestante vítima da violência, “tomar a situação como justificativa
da morte do ser que se gerou é uma conclusão de fundo demasiadamente individualista, que
contrasta com a idéia do Direito e a decidida proteção que ele concede à vida do homem e aos
interesses humanos e sociais que se relacionam com ela e demasiadamente importantes para serem
sacrificados a razões de ordem pessoal, que, por mais legítimas que possam parecer não têm mérito
bastante para se contrapor ao motivo de preservação da vida de um ser humano”, vindo a citar a
lição de Alatavilla de que “não há fundamento para falar-se nesse caso em estado de necessidade
e deve-se considerar o aborto, na hipótese, extremamente cruel” e “a lei protege sempre uma vida
humana, seja embora em estado embrionário, qualquer que seja sua origem”,[54]
Todas as demais hipóteses de aborto: indicação eugênica, indicação social, indicação
individual e, muito menos, indicação racista não foram acolhidas por nosso Código
Penal.
De sua parte, o Código de Ética Médica, de há muito, veda ao médico “descumprir
legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação
artificial e abortamento”. Quer dizer: pelo Código de Deontologia Médica, fora das
hipóteses delineadas no art. 128, I e II, do Código Penal, o médico não pode atuar.
No Direito brasileiro inexiste qualquer hipótese de aborto legítimo. O art. 128 do Código
Penal, nas duas hipóteses nele defiidas “não declara excluída a possibiliidadedo ilícito
penal”, pois apenas “suprime a pena”, mas “fica o crime”. Para se colocar uma pá de cal
na discussão doutrinária existente, na interpretação do art. 128, do Código Penal,
especialmente daqueles que enxergam neste dispositivo caso de exclusão da
criminalidade, de recordar-se que a norma constitucional, de hierarquia suprema,
garante a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida. Logo, não poderia a
lei ordinária dispor de modo diverso. De outra parte, o Direito Civil garante os direitos do
nascituro, ofertando a este a qualificação de sujeito de direitos e, conseqüentemente,
de pessoa, fundada em uma personalidade material. Antes de todos os direitos, o
nascituro tem direito à sua vida e tal fato se apresenta claro quando o Código Penal
inclui o delito de aborto entre os crimes contra a vida e contra a pessoa. Assim, mesmo
que o aborto sem pena do Código Penal, não fosse crime, “não podemos ter a menor
dúvida de que é contra o direito; de que é um ilícito”.[55]
38. Cumpre anotar, por derradeiro que em 22 de novembro de 1969 foi subscrita a“Convenção
Americana sobre Direitos Humanos”, conhecida como “Pacto de São José da Costa
Rica”. O Brasil veio a ratificá-la em 25/9/92, após sua aprovação pelo Congresso Nacional,
mediante o Decreto Legislativo 27, de 26/5/92 e o Governo brasileiro, pelo Decreto 678, de
6/11/92 determinou a sua aplicação no Direito interno, sem reserva alguma.
Trata-se de um tratado multilateral americano, que tem por objeto a reafirmação dos
direitos humanos, a prescrição de garantias do seu exercício e proteção para que não
sejam violados. No tema concernente aos direitos humanos, o art. 1º, 2 do “Pacto de São
José” preceitua: “Para efeitos dessa Convenção, pessoa é todo ser humano”. A
expressão “pessoa é todo ser humano” nos leva, necessariamente, a concluir pela
proteção do direito à vida, desde a concepção. Com efeito, ser humano não é apenas
o nascido, mas o nascente, pois vida há no novo ser concebido.
Para o eminente jurista José Afonso da Silva, “no momento em que o óvulo é fecundado
existe vida humana e se existem vida e pessoa – em potencial – deve ser protegida contra
tudo e contra todos, inclusive a mãe. A “árvore” será “árvore” se, antes, for semente. Sem
semente não haverá árvore”… Logo, “destruída a semente, não permitindo o processo,
“destrói-se a árvore”. Aliás, o professor Lejane, autoridade mundial em biologia
genética, dirigiu à Comissão Especial do Congresso dos Estados Unidos da América, no
ano de 1981, a seguinte observação: “A vida poderá ter uma história longa;
entretanto, cada indivíduo tem um início bem determinado: o momento da
concepção”.
regras éticas no juramento de hipócrates.
39. A partir do inconteste e fundamental princípio concernente à defesa davida, o Juramento de
Hipócrates descreve e realça importantes regras éticas, no exercício da nobre profissão da
Medicina. Regras estas que permanecem atuais e encontram paralelo no Cógido de Ética
Médica, como será possível verificar.
40. No Juramento consta a regra de seaplicar os tratamentos, regimes a “bem do doente,
segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou maefício a alguém”. Por
esta regra, o médico, janais, poderá causar mal aos seus pacientes. O dr. Alexandre
Feldman lembra a existência de efeitos colaterais que os medicamentos poderão causar. No
entanto, é perfeitamente aceitável que os médicos prescrevam drogas ao seu paciente, a
despeito dos possíveis efeitos colaterais, uma vez que o emprego de tais drogas não
provocarão, necessariamente, efeitos colaterais indesejáveis.
A regra moral hippocrática encontra correspondência no Capítuto III do Código de Ética
Médica, onde se encontra preceito referennte à Responabildade Profissional,
que veda ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como
imperícia, imprudência ou negligência.
O professor Carlindo Machado Filho em artigo publicado na “Residência RP Pediátrica”,
órgão oficial da Sociedade Brasileira de Pediatria publicou interessante artigo sob o
título “O Juramento de Hispócrates e o Código de Ética Médica”, artigo este que será
aproveitado para expor sobre outras regras éticas advindas do referido juramento.
41. Outra regra moral preconizada por Hipócrates diz respeito à proibição do médico
ministrarremédio mortal ou que induza à perda. Encontramos correspondência no Capítulo
V – Realação com Pacientes e Familiares – que em seu art. 41 prescreve: “É vedado ao
médico abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal.
Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos
os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações disgnósticas ou terpêuticas
inúteis e obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou
na sua impossibilidade a de seu representante legal”.
42. Na sequência, o Juramento afirma:“não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva”.
Em outro tópico deste estudo foi tratada a correspondência deste preceito hipocrático com
os arts. 14 e 15 do Código de Ética Médica.
43. Para o Juramento se faz necessário ao médico conservar com pureza a“sua vida e sua
arte”. Há correspondência com o disposto no Capítulo I – Princípios Fundamenntais -,
onde consta o seguinte preceito: “ao médico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito
desempenho ético da Medicina, e bom conceito da profissão”.
44. Chegamos a uma parte do Juramento que causa muito celeuma, qual seja aquela em que se
jura“não usar a talha mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa tarefa aos
práticos que disso cuidam”.
Os críticos entendem que jurar por tal proceder, diante da medicina moderna, não se
justifica. No entanto, tais críiticos desconhecem que na época de Hipócrates,
o médico era uma coisa e cirurgião era outra. Na atualidade, nem todo médico é
cirurgião. Portanto, não se pode incumbir um médico clínico a realizar uma cirurgia
cardíaca, por exemplo, diante da evidente imperícia do médico clínico em realizar tal
intervenção
Logo, a regra moral hipocrática encontra correspondência no Capítuto III do Código de
Ética Médica, onde há preceito referennte à Responabildade Profissional, que veda ao
médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia,
imprudência ou negligência.
45. Outra regra constante do Juramento prescreve, de acordo com a tradução feita pelo
professorAlexandre Corrêa do texto original em grego: “Em quantas casas entrar, fá-lo-ei
só para a utilidade dos doentes, abstendo-me de todo o mal voluntário e de toda voluntária
maleficência e de qualquer outra ação corruptora, tanto em relação a mulheres quanto a
jovens, sejam livres ou escravos”.
Pois bem, encontramos a correspondência desta regra hipocrática, por analogia, no
art. 38 do Capítulo V – Relação com Pacientes e Familiares: “É vedado ao médico…
Desrespeitar o pudor de qualqier pessoa, sob os seus cuidados profissionais”.
46. No Juramento está presente, ainda, a regra moral de que deve o médico “não relatar o que
no exercício do meu mistér ou fora dele no convívio social eu veja ou ouça e que não deva
ser divulgado, mas considerar tais coisas como segredos sagrados”, ou como consta da
versão utilizada na Faculdade de Medicina da USP por muitos anos:“Guardar segredo que
quer que eu veja, ouça ou venha a conhecer no exercício da Medicina ou fora dele que não
deva ser divullgado, considerando a discrição como um dever”.
A regra é correlata àquela constante no Capítulo IX – Sigilo Profissional, muito embora
o Códido de Ética Médica “se restrinja ao que o Médico toma conhecimento em seu exercício
profissional”.
Cabe observar, também, que o Código de Ética Médica determina ser vedado ao
médico “revelar fato que tenha conhecimento em virtude do exercício da sua profissão, salvo por
motivo justo, dever legal ou consentimento por escrito do paciente” (art. 73), como lhe é
vedado “revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade (74) e “fazer
referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios profissionais
ou na divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização
do paciente” (art. 75).
47. Neste ponto, cabe recordar que o juramento de Hipócrates em seu original realça odever de
agradecimento aos mestres que ensinam a arte médica e a obrigação de transmitir o
conhecimento da medicina e as conquistas no tratamento dos pacientes aos seus filhos.
Trata-se de um princípio de gratidão – toda gratidão é benfaseja, pois é prova de
caráter – e de outra parte existe o sentido de cooperação a guiar os médicos na partilha
de seus conhecimentos em prol da Medicina.
Aliás, em texto sob o título “O Novo e Moderno Juramento dos Médicos”, em que o
articulista escreve sobre o IX Congresso Nacional de Medicina realizado em Coimbra
(2017), em que as Fauldades de Medicina de Portugal (Lisboa, Coimbra, Braga e Porto)
adotaram a Declaração de Genebra em sua versão aprovada pela Associação Médica
Mundial em 2017, realça sobre esse princípio ético o seguinte que o texto “alarga
o dever de respeito não só aos mestres, mas também aos alunos e aos colegas, reconhecendo o
dever de partilha do conhecimento dos médicos em benefícios aos doentes – algo relacionado com
a formação médica conínua e com a obrigação” que os médicos têm de “partilhar o
conhecimento” que possuem com seus pares, que se trata de uma questão fundamental
da Medicina.[56]
48. Importante ressaltar, por exemplo, que a obra deMachado de Assis, como a de Monteiro
Lobato, recentemente caída em domínio público, devem ser interpretadas após o estudo
adequado. Eis porque, “leitores incultos e mal intecionados – enxergam no Juramento o
machismo grego como se fosse machismo médico, ou o respeito aos médicos como
corporativismo, obviamente uma deturpação inaceitável para alguém que domine o mínimo
de metodologia necessária ao ler um documento antigo”. [57]
remate.
49. O saudoso e ilustre médico, membro da Academia Paulista de MedicinaDr. José Pompeu
Tomanik, ao falar sobre o trabalho médico, com rara felicidade, diz ser importante
reconhecer o “trabalho das mãos que trazem os homens ao mundo, tratam de suas doenças
e dos seus familiares, bem como que irão gratuitamente assinar seu “passaporte” para o
outro lado”.[58]
Essa certeza faz ecoar um brado: “salve tão nobre profissão, insubstituível para que a
Humanidade continue a escrever a sua história para todo o sempre”.
O Juramento de Hipócrates escrito a 2.600 anos, como se observou no decorrer deste
pequeno estudo, continua a conter o cerne de regras éticas para o exercício da nobre
profissão da Medicina. Nele se encontram os predicados exigidos para que
existam verdadeiros médicos. Preceitos éticos estes que se incorporaram aos Códigos de
Ética Médica de diversos países, incluindo o Brasil.
50. Uma detida refexão, a partir do estudo ora empreendido, nos conduz a uma certeza: o
Juramento de Hipócrates continua a servir de paradigma ético aos futuros médicos, o que o
torna válido em qualquer época. O Juramento de Hipócrates“é uma obra de arte e
sabedoria, só comparável às mais altas criações do espírito humano e, por isso mesmo,
deve ser considerado patrimônio da humanidade e permanecer intocável, como um marco
na história da medicina”.[59]
Se assim é, não se pode destruir o texto do Juramento, “criando uma versão falsificada e
inodora, ou distorcer a interpretação e a correta contextualização do original”.[60]
Portanto, o importante, mesmo que haja versão reduzida, que se mantenha
o cerne dos princípios e das regras éticas contidos no Juramento de Hipócretes
constantes de seu original, princípios e regras éticas que permanecem atuais, apesar
de decorridos 2.600 anos.
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xx (texto do Desenvolvimento).
3. Conclusão:
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xx (texto da Conclusão).
4. Bibliografia:
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xxxxxx (Fonte de Pesquisa utilizada – no mínimo 03 – dentre elas o Ritual de Aprendiz
do REAA.´. – caso o Ritual não apresente exatamente o mesmo assunto tratado, utilizá-
lo do ponto de vista filosófico, fazendo analogia).
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xxxxxx.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxx.
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Ir\ (nome do Ir.´.) A\M\