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Ética profissional

aplicada à saúde
Joel J. S. Bezerra - 132236
Júlia K. C. Coutinho - 128182
Kauana R.S. Ferreira- 128587
Sumário

Histórico da ética A participação dos


01 na saúde 03 Conselhos no processo
de divulgação da Ética

Ensino da ética para Legislação de apoio à


02 profissionais de saúde 04 formação ética do
profissional de saúde
Sumário
O modelo ético na saúde Efeitos indesejáveis da
05 á luz dos interesses da
sociedade
07 incontinência ética, seus
reflexos na sociedade

Propostas e outras sugestões em Juramentos de


06 favor da organização do Ensino
da Ética Médica
08 profissionais da saúde
Sumário

Casos antiéticos na Relações entre


09 saúde 11 profissionais de saúde
e serviços

Relações entre usuários, Relações entre


10 serviços e sistema de 12 profissionais de saúde
saúde e usuários
Sumário

Relações entre Referências


13 profissionais e sistema
de saúde
15 Bibliográficas

Agradecimentos
14 Sugestão de melhorias nas
questões éticas 16
01
Histórico da ética
na saúde
Figura 1 – Ilustração de Hipócrates
Hipócrates
Hipócrates, nasceu em Cós e viveu grande parte de sua
vida na segunda metade do século V a.C. Ele era um
“asclepíade”, membro de uma espécie de corporação de
médicos ligados por laços familiares e/ou profissionais.

Aprendeu os rudimentos da profissão com o pai,


também médico, como era o costume da época. Hipócrates
desenvolveu e divulgou conceitos inovadores a respeito da
arte médica, bem como escreveu a respeito de diversos
assuntos médicos.

Fonte: Jeremy Norman & Co


Disponível em: <https://www.jnorman.com/pages/books/34571/peter-paul-
rubens/portrait-of-hippocrates-engraved-by-p-pontius-after-peter-paul-Rubens>.
Acesso em: 24 fev. 2023
Juramento de Hipócrates
Figura 1 – Ilustração de Hipócrates
O juramento hipocrático, o mais antigo código de ética
médica conhecido, possuía em sua parte inicial uma invocação
aos deuses, o que permite colocá-lo como produto de sua época
histórica, na qual a medicina ainda não era considerada
atividade essencialmente laica.

O restante do juramento é composto por deveres gerais


do médico para com a sociedade e constituído de proibições
com uma única afirmação: “conservarei pura e santa minha
vida e minha arte”.

Fonte: Jeremy Norman & Co


Disponível em: <https://www.jnorman.com/pages/books/34571/peter-paul-
rubens/portrait-of-hippocrates-engraved-by-p-pontius-after-peter-paul-Rubens>.
Acesso em: 24 fev. 2023
Figura 1 – Ilustração de
Hipócrates

“Não dar veneno a ninguém,


embora solicitado a assim fazer,
nem aconselhar tal procedimento.
Da mesma maneira não aplicar
Fonte: Jeremy Norman & Co
Disponível em:
pessário em mulher para provocar
aborto.”
<https://www.jnorman.com/pages/books/34571/peter
-paul-rubens/portrait-of-hippocrates-engraved-by-p-
pontius-after-peter-paul-Rubens>. Acesso em: 24 fev.
2023
A eutanásia no juramento de Hipócrates

Platão e Epicuro defendiam a ideia de que o sofrimento


resultante de uma doença dolorosa justificava o suicídio. Em
Marselha, neste período, havia um depósito público de cicuta a
disposição de todos. Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates, ao
contrário, condenavam o suicídio.
O aborto no juramento de Hipócrates
Na Grécia Antiga, a prática do aborto era um fato admitido e até recomendado
por filósofos, inclusive, pelos estóicos. Para Verardo (1987), Sócrates era a favor de
facilitar o aborto quando a mulher o desejasse. Platão prescrevia o aborto às
mulheres de mais de 40 anos, como condição de contenção do aumento
populacional, isto é como parte de planejamento da cidade.
Constata-se, por conseguinte, que em Esparta a situação era vista de forma
diferente. Nesse sentido, o aborto era proibido, mas o Estado poderia decidir sobre o
destino dos nascidos malformados. Estes em geral, eram eliminados. O aumento
populacional era importante para a formação de novos exércitos de guerreiros.
O aborto no juramento de Hipócrates
Também os médicos seguidores de Hipócrates praticaram o aborto terapêutico,
como se pode observar nos livros “De morbis mulierum” e “De natura pueri”. Em
antigos textos romanos, como Naturalis História de Plínio o Velho, se falava de
métodos abortivos como Silphium, uma erva que “dava-se às mulheres com vinho e
se usava com uma lã suave como um pessário – supositório vaginal – para provocar
hemorragias menstruais e com isso abortos.
O aborto no juramento de Hipócrates
Por outro lado, outro especialista no ofício da medicina e em
contraposição a Hipócrates, Sorano de Éfeso, pai da
ginecologia e obstetrícia, em sua obra mestra “Sobre as
enfermidades das mulheres” desaprovava o aborto por meios
físicos por considerá-lo muito arriscado para o corpo da
gestante e promovia o aborto terapêutico no caso em que a
gestação colocasse em risco a vida da mulher grávida.
O aborto no juramento de Hipócrates
A proibição da prática do aborto no texto original refere-se ao uso de
pessário, naturalmente o recurso existente na época de Hipócrates, que
poderia ser empregado pelos médicos. Nas versões modernas, a tradução
por vezes foge ao original, com a intenção de abranger outros métodos
abortivos atualmente disponíveis. Já para textos mais recentes, a questão do
aborto é suprimida ou substituída a proibição por regulamentação do aborto.
Figura 4 – Julgamento de Nuremberg

Código de
Nuremberg
O Código de Nuremberg (1946) estabeleceu
as normas para regulamentar as experiências
científicas realizadas com seres humanos.
Relacionou a elevada responsabilidade dos
cientistas às necessidades, desejos e direitos dos
pacientes como indivíduos humanos.

Fonte: The Conversation


Disponível em: <https://theconversation.com/el-codigo-de-nuremberg-el-
amanecer-de-la-bioetica-tras-los-crimenes-del-nazismo-137492>. Acesso em
fev. 2023
Figura 3 – Declaração de Genebra da
Associação Médica Mundial

Declaração de Genebra da
Associação Médica Mundial
Foi adotada pela Associação Médica
Mundial em 1948 e representou para os
admitidos na profissão médica uma
atualização do juramento hipocrático.
.

Fonte:Islamic Republic of Iran Medical Council


Disponível em:
<https://irimc.org/en/Media/News/ID/40705/WMA-
Declaration-of-Geneva>. Acesso em: 28 fev. 2023
Figura 2 – Código Internacional de Ética
Médica Código Internacional de
Ética Médica
Foi adotado, em 1949, pela 3ª Assembleia
Geral da Associação Médica Mundial, realizada
em Londres) que fornece amplas orientações
éticas sobre os deveres dos médicos em geral,
bem como sobre a relação médico-paciente e as
orientações necessárias para o seu
relacionamento com os colegas.

Fonte: National Library of Medicine


Disponível em:
<https://collections.nlm.nih.gov/catalog/nlm:nlmuid-
101453102-img>. Acesso em: 24 fev. 2023
Declaração de Helsinque
Figura 5 – Assinatura da Declaração de Helsinque
A Declaração de Helsinque é um conjunto de
princípios éticos que regem a pesquisa com seres
humanos, e foi redigida pela Associação Médica
Mundial em 1964. A Declaração apresenta seus
princípios básicos, expondo a responsabilidade e as
precauções que devem ser tomadas na pesquisa
envolvendo seres humanos, salientando os riscos e
a avaliação das consequências.

Fonte: Research Gate


Disponível em: <https://www.researchgate.net/figure/The-
Declaration-of-Helsinki-Retrieved-from-New-edition-of-
Declaration-of-Helsinki_fig1_265851240> . Acesso em : 01
mar. 2023
Relatório de Belmont
Figura 6 – Relatório de Belmont

Em 1978, o Relatório de Belmont


apresenta os princípios éticos, considerados
básicos, que deveriam nortear a pesquisa
biomédica com seres humanos: a) o
princípio do respeito às pessoas; b) o
princípio da beneficência; c) o princípio da
justiça. 

Fonte: UNT Digital Library


Disponível em: <https://digital.library.unt.edu/ark:/67531/metadc1213677/ >.
Acesso em: 28 fev. 2023
Bioética no Brasil

1867 1929
Brasil adota o Código de Surgimento do Código de Moral
Médica, aprovado no VI
Ética da Associação Médica Congresso Médico Latino-
Americana Americano

1931 1957 1965


Aprovação da primeira Vigência do Código de Ética
Edição do Código de Ética da
versão do Código de do Conselho Federal de
Associação Médica Brasileira
Deontologia Médica Medicina
02
Ensino da ética para
profissionais de
saúde
História
Quanto ao surgimento do ensino da ética em medicina em nosso país,
não há registro histórico adequado e disponível, ressalvado o ensino da
medicina legal nos primórdios do século XX, em que se destacam-se figuras
notáveis como Afrânio Coutinho, Flamínio Favero, Oscar Freire, Leonídio
Ribeiro, Estácio de Lima e Fernando Magalhães que introduziram na
literatura médica lições de deontologia e diceologia como parte integrante do
acervo médico legal.
Motivos
• Compreender a necessidade de respeito transplante de órgãos e tecidos
ao paciente • Possibilitar uma respeitosa relação entre
• Possibilitar diagnóstico e tratamento médicos
mais certeiros • Respeito à auditoria e perícia médica
• Entender os direitos dos profissionais de • Promover o sigilo profissional
saúde • Respeito à equidade
• Obter responsabilidade profissional • Compreender as normas referentes ao
• Respeitar os direitos humanos ensino e pesquisa médica
• Possibilitar uma boa relação com • Regulamentação da publicidade médica
pacientes e familiares • Possibilitar a análise e discussão de
• Respeitar o desejo acerca da doação e dilemas morais
Quando?
Musse (2007), Gomes (2019) e Novaes (2010) defendem a
inserção curricular das temáticas da ética, bioética e humanização
na formação médica nas séries iniciais do cursos da área de saúde.
Apesar disso, nota-se que demasiadamente tais conteúdos são
inseridos nas últimas séries destes cursos.
Distribuição do número de Faculdades de Medicina. no Brasil, em 1992, de acordo com a série
curricular de graduação, em que a matéria de Ética Médica é ministrada

Série de Graduação N° Faculdades %

1aSérie 06 7,6

2a Série 03 3,8

3a Série 10 12,6

4a Série 32 40,5

5a Série 26 32,9

6a Série 02 2,6

TOTAL 79 100,0

Fonte: Meira e Cunha (1994)


Disciplinas correlatas à Ética Profissional ministradas em cursos da área de saúde na
Universidade Estadual de Maringá
Curso Prazo de Conclusão Matéria Ano curricular
Mínimo

Biomedicina 4 anos Bioética 2º ano

Bioquímica 4 anos Bioética em Ciência 4º ano

Biotecnologia 4 anos Biossegurança e Bioética 2º ano

Fundamentos de Enfermagem no Cuidado


1º ano
Humano I
Enfermagem 4 anos
Bioética e Exercício Profissional 3º ano

Ética Farmacêutica 1º ano


Farmácia 5 anos
Deontologia e Legislação Farmacêutica 4º ano

Medicina 6 anos Medicina Legal, Ética Médica e Bioética 4º ano

5 anos
Odontologia Orientação Profissional II 4º ano

5 anos
Psicologia Ética Profissional 2º ano
Disciplinas correlatas à Ética Profissional ministradas em cursos de Física Médica em
faculdades públicas do Brasil
Universidade Prazo de Conclusão Matéria Ano curricular
Mínimo

UFCSPA 4,5 anos Bioética 2º ano

UFG 5 anos - -

Sociedade, Cultura e Identidades


UFRJ 4 anos Optativa
Direitos Humanos no Brasil

UFS 4 anos Física e Sociedade 1º ano

UFU 4,5 anos Ética em Física Médica Optativa

UNESP 4 anos Ética e Legislação 2º ano

UNICAMP 5 anos - -

Introdução à Saúde Ocupacional, Medicina Legal e Ética da


USP 5 anos 5º ano
Física Médica
03
A participação dos
Conselhos no processo de
divulgação da Ética
O trabalho de Souza e Dantas publicado em 1985, mostrou
que a maior concentração do ensino da deontologia no 8° e 9°
períodos do curso se apresentava compatível com o
aprendizado clínico e concluía que o "ensino da ética médica,
portanto, deve-se constituir em momento de reflexão pessoal
de cada um dos alunos sobre valores, objetivos de vida,
preceitos éticos e legais e a profissão que deverão exercer
com sua qualidade, direitos e deveres".
No mesmo ano ouve a criação de um relatório pela Comissão de Ensino Médico
do CFM, escrito pelo presidente do conselho, apontava para a determinação do
então Conselho Federal de Educação no sentido de que a medicina legal e a
deontologia médica pudessem ser incluídas no currículo dos cursos de medicina,
no entanto sem detalhes de programação, contendo ou período. Relata, ainda, que
das 58 escolas que responderam ao questionário enviado pela comissão, 56
incluíam a ética médica em sua grade curricular. Havia consenso no sentido de
que a matéria ética médica fosse ministrada como disciplina autônoma. Quanto ao
período ideal para administração do curso, o relatório mostra que, embora na
maioria das escolas a "ética médica seja ministrada no ciclo profissional do curso
a maioria dos docentes é favorável a que o ensino da ética tenha início já no ciclo
pré-clínicos, e prolongue ao longo de toda a graduação.
04
Legislação de apoio à
formação ética do
profissional
de saúde
O primeiro registro de uma legislação foi no período
da regência em 1832, a partir de um decreto
imperial que determina ás únicas duas faculdades
de medicina que existiam no Brasil (Bahia e Rio
de Janeiro).
Mas o decreto não referia a preocupação ética que o
compromisso do Estado no sentido de evitar a
conduta antissocial ou até mesmo pela classe
econômicas.
Um século depois no dia 11 de janeiro de 1932, o atual Pres. Getúlio Vargas
junto a Francisco Campos assina o Decreto-Lei 20931/32, no artigo 15
uma resenha dos deveres médicos que representam normas e
disciplinadoras com força de lei e, sem dúvida trazem a preocupação
educativa do Estado com o exercício da medicina dento de um modelo
ético. Estabelece um paradigma para a prática da medicina com
permissões e vedações claras nos seus objetivos legais, mas pretende
sobretudo educar, ensinar uma postura ética
para uma profissão de alto relevo social.

https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/
decreto-20931-11-janeiro-1932-507782-publicacaoorigi
nal-1-pe.html
A Lei n° 3268/57, assinada dia 30 de setembro de 1957, ao dispor no artigo 15, item
“h”
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3268.htm

Está claramente dizendo aos Conselhos que devem zelar e trabalhar


pelo perfeito desempenho ético da medicina, que não podem abrir mão da tarefa
educativa, da promoção do ensino
e da divulgação ética em todos os níveis, sob pena de se transformarem em delegacias
de polícia. A omissão ético-educativa pode converter o ato médico em crime contra a
pessoa humana, na medida em que o profissional exerça
apenas a função reparadora, desprovida de sentido humanitário,
Aí sim, configura-se a prática do bem na forma do ato médico.
CFM obriga os membros do corpo docente das
instituições de ensino médico à inscrição
nos Conselhos e pretende submetê-los à
eticidade da prática médica, parceiros na
fiscalização e divulgadores da
ética médica, atitude que resulta em benefício na
educação ética do próprio corpo docente. Antes
de mais nada, o
professor deve ser um modelo de fidalguia e
competência

Fonte:https://sistemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/
BR/1966/277_1966.pdf
considerando, entre outras coisas, que "a
ética médica deve ser ensinada aos
estudantes de medicina ao longo de todo
o seu curso médico" e que "só assim
os estudantes de medicina poderão
ter uma perfeita consciência dos
princípios éticos e sua interpretação
em face da assistência médica a que
se
dedicarão no futuro“.
05
O modelo ético na saúde á luz
dos interesses da sociedade
Como é de interesse da sociedade: As escolas médicas, em sua grande maioria, ou
os hospitais universitários e outros centros de treinamentos são financiados pelo
Estado, com grande participação da receita fiscal do trabalho assalariados e das
contribuições gerada pela sociedade como um todo.

A cultura médica, como dito antes, é patrimônio da humanidade. A Constituição


Federal, através do art. 6°, capítulo
da seguridade social, garante a todo cidadão o direito de receber atenção médica
de boa qualidade e gratuita.
“A ética vem a ser o selo de qualidade do médico que age com escopo
humanitário, que aproxima o homem dos
deuses pelo poder excepcional que lhe é conferido sobre a morte e a vida,
tudo para sua reinvenção ou ruína, glória
ou miséria”
O impacto social da medicina é estimulado pela alta demanda de recursos indispensáveis
às ações de proteção à saúde, a expectativa mágica da sociedade leiga sobre os poderes
excepcionais e ilimitados do médico, a transformação das fronteiras convencionais da vida
e, sobretudo, por conta da necessidade imperiosa de uma disciplina ética, além dos rigores
da lei, para controle, qualidade e garantia do ato médico. A lei pode intimidar o médico em
favor do ato perfeito, mas é a ética, por meio da força do caráter e da consciência, que
modela a feição beneficente e humanitária do seu gesto. E lícito supor que a boa medicina
em nosso tempo carece mais de fundamentos éticos do que novas descobertas científicas,
haja vista o formidável acervo de competências acumuladas e mal exercidas.
06
Propostas e outras sugestões em
favor da organização do Ensino
da Ética Médica
I - Graduação - o ciclo básico:

1. Introdução à ética:
-Curso de formação técnica, com oferta dos conceitos
básicos e a história da ética na saúde.
2. A ética de pesquisa e experimentação nos seres vivos:
O respeito ao cadáver. Bioética. O compromisso
fundamental com a vida nas profissões de saúde.
Adoção do código de ética do estudante de medicina.
II - Ciclo de atividades clínicas e cirúrgicas:
1.A ética aplicada à prática na saúde:
relação estudante/estudante e estudante/professor
relação com o doente
relações com o hospital ou Instituição de saúde
relações com a sociedade
2.Ética médica e Bioética como disciplina isolada
Outros subsídios para implementação do ensino da ética médica
Bioética - 1º Ano: (Curso opcional na universidade)
Formação do corpo docente específico de ética médica.
Atuação conjunta das escolas médicas e CRMs.
Ensino prático:
Discussão de casos éticos e julgamentos simulados
Visita aos conselhos
III – Concursos nos vários níveis:

Inserção nos concursos de questões específicas de ética/bioética:


Vestibular
Residencia médica
Concursos públicos para médicos
Docência
Mestrado e doutorado
Outras sugestões:
- Aperfeiçoamento/desenvolvimento de novas literaturas sobre temas éticos nas revistas
e publicações médicas.
- Promoção de seminários, cursos e outros eventos culturais sobre ética médica, pelas
associações médicas e conselhos de medicina.
- Abertura de espaço nos congressos de especialistas; inserção obrigatória, pela
Associação Médica Brasileira (AMB) ou CFM, de tempo suficiente para a
apresentação de temas sobre ética médica e outros pertinentes à especialidade
promotora do evento.
- Ampla divulgação de resoluções, deliberações e casos julgados (com a devida
preservação do sigilo) nos Conselhos, e publicações específicas ou literatura médica
em geral.
07
Efeitos indesejáveis da
incontinência ética, seus
reflexos na sociedade
A insatisfatória formação ética do profissional de saúde em geral e do médico em particular
enseja desvios na postura, e deslizes no teatro vivo da medicina, em desfavor, principalmente,
do extrato social menos afortunado.

O sistema público de saúde oferece salários com valores abaixo da linha d'áqua da
representação social, recursos técnicos precários e, sobretudo, uma demanda sufocante para o
médico; cria, afinal, as condições ideais para o ato médico adverso, para a medicina
desprovida da qualidade genuína, mínima e consistente para o suporte ético da atividade
profissional.
A relação médico-paciente, por exemplo, em nível de setor privado, pode até suportar o rigor da
qualidade essencial decorrente de uma relação direta de compra e venda, por outro lado, a clientela
seleta - de alto poder aquisitivo - contribui com tempo e recursos financeiros para uma relação eficaz.

O exemplo mais gritante da perversão do princípio da justiça em saúde é a malversação ou desvio de


financiamentos do sistema em favor de grupos de renda privilegiada e ou investimentos na compra de
serviços prestados em empresas. A participação do médico como gestor ou como prestador de
serviço, nesses casos, reflete uma razoável falência do tônus ético, uma visão social fragmentada e
precária, sem o lastro ético da nobreza em saúde. Fá-lo aderir, sem pelo, aos ganhadores de dinheiro,
multiplicadores do capital em medicina, deixando para ele a fragmentação da excelência técnica.
08
Juramentos
Juramento de Medicina - hipócrates
Juramento de Enfermagem
Juramento de Fisioterapia
Juramento de Física-Médica
09
Casos antiéticos na
saúde
Caso Klara Castanho
Caso Giovanni Quintella/ Médico Anestesista
Caso Virgínia Soares Chefe da UTI
10
Relações entre
usuários, serviços e
sistema de saúde
Relações entre usuários, serviços e sistema de
saúde
Destacam-se, os pressupostos éticos que devem presidir as práticas profissionais
em saúde, as quais são:
● acessibilidade
● equidade
● integralidade
● beneficência e não maleficência,
● justiça
Equidade

Deve-se entender a equidade como o reconhecimento das


diferenças que geram necessidades provocadas pela divisão
social e o desejo de reduzi-las.
Observa-se que as iniquidades praticadas por
profissionais de saúde, quando estes concedem privilégios aos
indivíduos melhor posicionados socialmente ou que têm
relações de parentesco e amizades quanto ao acesso a serviços
diagnósticos, internações ou tempo de espera para
atendimento
Integralidade
A integralidade da assistência à saúde constitui um
princípio do SUS, com a explicitação de que deve ser
“entendida como um conjunto articulado e contínuo
das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em
todos os níveis de complexidade do sistema”.
Beneficência e não maleficência

Pode-se se observar que o não cumprimento por:


• políticas sociais restritivas
• necessidade de seleção de pacientes aos benefícios
• critérios inadequados de seleção de pacientes
• pela precariedade das adaptações
• improvisações decorrentes da escassez de recursos
Justiça
Em relação à justiça, encontra se
mais injustiça relacionadas à
distribuição equitativa dos bens
produzidos em saúde, tais como órteses
e próteses, respiradores e até mesmo
leito decente para morrer.
Financiamento

As restrições ao financiamento do SUS têm repercutido de modo


significativo sobre a assistência de saúde. Pois o mesmo indica
que tais restrições promoveram: rompimento do convênio entre
hospital privado e SUS, redução de internações devidas aos cortes
orçamentários em hospital público, encaminhamento de doentes
pelo hospital conveniado motivado pelo pagamento insuficiente
dos procedimentos, sobrecarregando o hospital universitário.
11
Relações entre
profissionais de
saúde e serviços
Relações entre profissionais de saúde e serviços
As relações entre profissionais e serviços estão prejudicadas por:

• Condições de trabalho nem sempre adequadas


• Problemas de capacitação profissional
• Baixa remuneração
• Precariedade das suas condições de trabalho
• Brincadeiras e zombarias nas situações estressantes e as demonstrações
de insensibilidade perante o sofrimento humano
• Insatisfação quanto à remuneração de seu trabalho
• Relações assimétricas, caracterizadas por autoritarismo/submissão
• Conflitos gerados pela disputa por cargos e por doentes lucrativos
12
Relações entre
profissionais de
saúde e usuários
Relações entre profissionais de
saúde e usuários
● O atendimento à saúde reflete as condições econômicas, sociais e políticas do país,
reproduzindo desigualdades, individualismos e autoritarismo
● Exercício de práticas autoritárias pelos profissionais de saúde e uma alienação aos
determinantes sociais das doenças que os pacientes são portadores
● Situações em que o respeito à autonomia dos usuários não é observado, podendo
ocorrer coações ou represálias
● A atenção desses profissionais tem privilegiado a doença e não o doente
● As informações quanto ao potencial dos serviços, horários e locais de atendimento
dos usuários, quando existentes, são apresentadas de modo inadequado ou muito precário
13
Relações entre
profissionais e
sistema de saúde
Relações entre profissionais e sistema de saúde

As relações entre profissionais e o sistema de saúde são marcadas


profundamente por sua percepção do caráter e função do Estado e pelos
debates sobre as relações estado-sociedade, isto incluem:
● O direito à saúde encontra-se ameaçado
● O sistema público de saúde está desacreditado
● A forte influência da ideologia liberal sobre os profissionais acaba por
propiciar posicionamentos contrários aos princípios do SUS
14
Sugestão de
melhorias nas
questões éticas
● Atendimento humanizado, onde profissionais passam a
seguir o princípio do SUS de equidade, para acabar com
preconceito e hierarquia com os usuários hospitalares
● Gestão hospitalares mais presente e atento as maneiras em
que profissionais realizam seus serviços
● Respeito, evitando conflitos com relações interpessoais e
situações conflituosas com os usuários
● Manter sigilo profissional
● Evitar envolver ideologia políticas e valores religiosos no
ambiente hospitalar.
Você tem alguma
sugestão?
Referências Bibliográficas
● GOMES, Júlio Cézar Meirelles. O atual ensino da ética para os profissionais de saúde e seus reflexos no cotidiano do povo brasileiro.
Revista Bioética, v. 4, n. 1, 2009.
● GOMES, José Benjamim. O Juramento de Hipócrates: uma antevisão referencial da bioética contemporânea.
● MEIRA, Affonso Renato et al. O ensino da ética médica, em nível de graduação nas faculdades de medicina do Brasil. Revista brasileira
de educação médica, v. 18, p. 07-10, 2021.
● MENDES, Heloisa Wey Berti; CALDAS JÚNIOR, Antonio Luiz. Prática profissional e ética no contexto das políticas de saúde. Revista
Latino-Americana de Enfermagem, v. 9, p. 20-26, 2001.
● MONTE, Fernando Queiroz. Ética médica: evolução histórica e conceitos. Revista Bioética, v. 17, n. 3, 2010.
● Musse JO, Boing AF, Martino FS, Silva RHA, Vaccarezza GF,Ramos DLP. O ensino da bioética nos cursos de graduação em odontologia
do estado de São Paulo. Arq Ciênc Saúde 2007; 14: 13-6.
Referências Bibliográficas
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integrado em Escola Pública no Distrito Federal, Brasil. Acta Bioeth 2009; 15: 202-11.
● REZENDE, Joffre Marcondes. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora Unifesp, 2009. O
juramento de Hipócrates. ISBN 978-85-61673-63-5. Available from SciELO Books. Disponível em: http://books. scielo.
org/id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-04. pdf, 2016.
● RIBEIRO JR, W. A. Aspectos reais e lendários da biografia de Hipócrates, o" pai da medicina. Jornal Brasileiro de História da Medicina, v.
6, n. 1, p. 8-10, 2003.
● VERARDO, Maria Tereza. Aborto um direito ou um crime? 6. ed. São Paulo, 1987
● WOTTRICH, Micheli Raquel Erthal. Aborto: análise critica sob as perspectivas ética e jurídica, 2017
Obrigado pela
atenção!

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