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de guerra, que nem mesmo eram considerados estudá-las isoladamente), sem dúvida contri-
“pessoas”. Eles eram tratados como objetos e buiu para o desenvolvimento da ciência. Entre-
não tinham nenhum direito. Logo acima deles, tanto, o cartesianismo gerou a superespeciali-
numa camada intermediária (portanto em zação do saber, entre os quais o saber na área
número um pouco menor), estavam os ci- da saúde.
dadãos. Os cidadãos eram os soldados, os ar- Esse fato colaborou para a perda do en-
tesãos, os agricultores, e estes tinham direitos tendimento de que o paciente é uma pessoa
e deveres. No topo da pirâmide (portanto, um única e que deve ser considerado em sua tota-
número bastante reduzido de pessoas) estavam lidade (em todas as suas dimensões), pois nos
os governantes, os sacerdotes e os MÉDICOS. acostumamos a estudar apenas aquela parte do
A importância desse resgate histórico é corpo humano que vamos tratar.
ressaltar que os médicos daquela época esta- De fato, com o avanço cada vez mais
vam em uma posição hierárquica superior às rápido da ciência, fica cada vez mais difícil sa-
das outras pessoas, e essa diferença de posição ber de tudo. Entretanto, não podemos perder a
também se manifestava em um “desnivela- visão de que o paciente que vamos atender é
mento de dignidades”. Isso significa que os um todo, para não sermos “um profissional que
médicos (semideuses), ainda que tivessem a sabe quase tudo sobre quase nada” e que assim
intenção de curar os doentes, eram pessoas su- não conseguirá resolver o problema do paci-
periores, melhores que as outras (tinham mais ente.
valor que as outras).
Ao longo da história, a estrutura da so- A descoberta dos microrganismos e a conse-
ciedade deixou de ser piramidal, mas essa pos- quente ênfase no estudo da doença
tura “paternalista”, ou seja, na qual os profissi-
onais da saúde são considerados “pais”, ou me- No século XIX, com a evolução dos
lhores que os seus pacientes, ainda hoje é per- microscópios, os cientistas Louis Pasteur e Ro-
cebida com frequência. bert Koch iniciaram uma nova fase na evo-
Os profissionais da saúde detêm um co- lução da ciência: a descoberta e o estudo dos
nhecimento técnico superior ao dos pacientes, microrganismos. Até aquela época, não se sa-
mas não são mais dignos que seus pacientes, bia o que causava a maioria das doenças, pois
não têm mais valor que eles (como pessoas). esses seres diminutos não podiam ser observa-
Quando o profissional se considera su- dos. A partir das descobertas desses cientistas,
perior (em dignidade) a seu paciente, também a ciência na área da saúde começou a caminhar
temos uma postura paternalista. a passos largos. Entretanto, podemos atribuir a
Os profissionais que se baseiam nessa essas descobertas uma mudança de foco dos
postura paternalista são aqueles que não res- profissionais do “doente” para a “doença”, ou
peitam a autonomia de seus pacientes, não per- seja, quando os profissionais se preocupam
mitem que o paciente manifeste suas vontades. mais com as doenças (e seu estudo) do que com
Por outro lado, também alguns pacientes não o doente (e a consequência das doenças para o
percebem que podem questionar o profissional doente).
e aceitam tudo o que ele propõe, pois conside- Todos esses fatos históricos podem ter
ram que “o doutor é quem sabe”. contribuído para o processo de “desumani-
zação” da assistência ao paciente, e a tentativa
O cartesianismo de reverter esse quadro vem sendo foco de es-
tudos de diversos pesquisadores, bem como
Estabelecido por René Descartes no alvo de políticas do governo federal.
século XVII, o método cartesiano (ou cartesia-
nismo), ao propor a fragmentação do saber Contexto cultural e as relações assistenciais
(com a divisão do “todo” “em partes” para
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Instituições de Ensino podem manifestar essa de uma pessoa. Se entendermos que o respeito
limitação de seu poder de decisão, principal- pela autonomia de uma pessoa é o princípio
mente quando existe fila de espera para o aten- que deve ser considerado em primeiro lugar,
dimento. Afinal, ele poderá pensar que perderá cairemos em uma armadilha. Nem sempre o
a vaga (que ele demorou tanto para conseguir) paciente tem condições de avaliar qual o me-
se ele reclamar de alguma coisa. lhor tratamento para ele (afinal ele é leigo, não
Outro exemplo de limitação de autono- tem o conhecimento técnico necessário para
mia pode ocorrer em casos de pesquisas bi- isso).
omédicas realizadas em países subdesenvolvi- Imaginemos um paciente que tem uma
dos. As populações desses países (incluindo a doença que exige a prescrição de medicamen-
do nosso), quando selecionadas para participar tos. Poderá́ ocorrer de ele se recusar a tomar os
de pesquisas de novos fármacos, são conside- remédios. Contudo, nesse caso, o profissional
radas vulneráveis (isto é, têm limitação de au- não pode alegar que “o paciente é adulto, sua
tonomia). Mas, apesar dessa limitação de auto- autonomia deve ser respeitada e por isso ele faz
nomia, essas pessoas serão tratadas e incluídas o que ele quiser”. Ao contrário, o profissional
em pesquisas. Como isso é possível? (por ter o conhecimento técnico que diz que
A correta informação das pessoas é aquele medicamento é necessário) deverá se
que possibilita o estabelecimento de uma rela- esforçar ao máximo para explicar ao paciente
ção terapêutica ou a realização de uma pes- a importância do medicamento, afinal o prin-
quisa. cípio da beneficência (e não o da autonomia)
A primeira etapa a ser seguida para mi- deve ser respeitado em primeiro lugar.
nimizar essa limitação é reconhecer os indiví- Em algumas situações, a liberdade (au-
duos vulneráveis (que têm limitação de auto- tonomia) de algumas pessoas não é respeitada
nomia) e incorporá-los ao processo de tomada para que se respeite o benefício de outras. Por
de decisão de maneira legitima. Assim, será́ exemplo, a proibição de fumar em ambientes
possível estabelecer uma relação adequada fechados. Se pensarmos no respeito pela auto-
com o paciente e maximizar sua satisfação com nomia daqueles que desejam fumar, não seria
o tratamento. ético proibir, mas se pensarmos no benefício
Para permitir o respeito da autonomia (ou não malefício) daqueles que não desejam
das pessoas, o profissional deverá explicar fumar, a proibição se justifica. Outro exemplo
qual será́ a proposta de trata- mento. Mas é a interdição de restaurantes ou clínicas pela
atenção! Essa explicação não se esgota na pri- vigilância sanitária quando estes não apresen-
meira consulta! Em todas as consultas o profis- tam condições satisfatórias para atender o pú-
sional deverá renovar as informações sobre o blico. O fechamento desses locais fere a auto-
tratamento. Além disso, é preciso ter certeza de nomia do dono da clínica ou do restaurante em
que o paciente entendeu as informações que re- benefício da sociedade que os frequenta.
cebeu. Precisamos nos preparar (estudar e
Por isso, consideramos que a informa- exercitar o que aprendemos) para nos compor-
ção não se encerra com as explicações do pro- tarmos de maneira ética.
fissional, mas com a compreensão, com a assi-
milação das informações pelos pacientes, Justiça
desde que essas informações sejam retomadas
ao longo do tratamento. O terceiro princípio a ser considerado é
A esse processo de informação e com- o princípio de justiça. Este se refere à igual-
preensão e posterior comprometimento com o dade de tratamento e à justa distribuição das
tratamento denominamos consentimento. verbas do Estado para a saúde, a pesquisa etc.
Entretanto, vamos imaginar a situação Costumamos acrescentar outro conceito ao de
oposta: o exagero na expressão da autonomia justiça: o conceito de equidade que representa
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dar a cada pessoa o que lhe é devido segundo profissional de se recusar a realizar um proce-
suas necessidades, ou seja, incorpora-se a dimento, aceito pelo paciente ou mesmo lega-
ideia de que as pessoas são diferentes e que, lizado.
portanto, também são diferentes as suas neces- Todos esses princípios (insistimos que
sidades. eles devem ser nossas “ferramentas” de traba-
De acordo com o princípio da justiça, é lho) devem ser considerados na ordem em que
preciso respeitar com imparcialidade o direito foram apresentados, pois existe uma hierarquia
de cada um. Não seria ética uma decisão que entre eles. Isso significa que, diante de um pro-
levasse um dos personagens envolvidos (pro- cesso de decisão, devemos primeiro nos lem-
fissional ou paciente) a se prejudicar. brar do nosso fundamento (o reconhecimento
É também a partir desse princípio que do valor da pessoa); em seguida, devemos bus-
se fundamenta a chamada objeção de consci- car fazer o bem para aquela pessoa (e evitar um
ência, que representa o direito de um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas
(autonomia); e, por fim, devemos ser justos.
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de refração e reflexão, a bomba de vácuo ou o • criação de feridas para testar novos me-
barômetro de mercúrio. dicamentos;
Valorização da experiência: eis a • operações e amputações desne-
noção-chave por meio do qual a tradição histo- cessárias.
riográfica compreendeu o advento da ciência
moderna. Por meio da dis?nção entre os con- Segunda Guerra Mundial
ceitos de “experiência” e “experimentação”, 1- Campos de concentração;
Koyré fundamentará sua maneira de interpre- 2- Inoculação experimental de sífilis em ado-
tar a revolução cienGfica do século XVII em lescentes;
oposição às interpretações con?das na histori- 3- Mulheres com lesões pré- cancerígenas no
ografia corrente. colo do útero;
Em Koyré experimentação difere de 4- Inoculação dos vírus da febre amarela, den-
simples experiência, pois o conceito de expe- gue, hepatite.
riência está relacionado às evidências empíri-
cas dos objetos, enquanto a experimentação ci- 1947: estabelecimento de normas reguladoras
enGfica se cons?tui a par?r de uma interro- de pesquisas em seres humanos.
gação metódica da natureza e exige a Código de Nuremberg:
existência de “uma linguagem que possibilite
essa interrogação bem como de um voca- •Em 9 de dezembro de 1946, o Tribunal Militar
bulário que permita uma interpretação das res- Internacional, em Nuremberg julgou vinte e
postas”. três pessoas - vinte das quais, médicos - que
foram consideradas
PESQUISA EM SERES HUMANOS culpados por experimentos realizados em seres
O ser humano pode ser o objeto ou o humanos nos campos de concentração nazis-
sujeito da pesquisa em seres humanos. tas.
Enquanto objeto o ser humano é usado Foi o primeiro dos 12 Processos de Guerra de
para experimentos sem nenhum cuidado ético: Nuremberg, sendo esse o Processo contra os
linfomas (crianças na Europa, fios de alta médicos.
tensão); leucemia (operadores de radar na Se- O Código de Nuremberg foi, sem dúvida, um
gunda Guerra Mundial). dos fatores do contexto onde surgiu a ideia do
Como sujeito o ser humano só parti- direito à autonomia que o paciente adquiriu ao
cipa de uma pesquisa se estiver de acordo e ci- longo dos séculos.
ente dos riscos e beneIcios a que será subme- Torna indispensável o consentimento vo-
tido. luntário;
Há a necessidade de estudo prévio em animais
PESQUISA EM SERES HUMANOS: em laboratórios;
HISTÓRICO Requer a análise dos riscos e benefícios;
Auschwitz-Birkenau (abril de 1940 a Respeita a liberdade do sujeito da pesquisa em
janeiro de 1945) se re7rar do projeto;
• Número de mortos - 1,1 milhão a 1,5 Exige a adequada qualificação do pesquisador.
milhão.
• Experiências: 1964: 18a Assembleia da Associação Médica
• Pesquisas com gêmeos e anões; Mundial:
• infecção com bactérias e vírus; Revisão do Código de Nuremberg;
• eletrochoque; Aprovação da Declaração de Helsinque;
• esterilização; •Necessidade de revisão de protocolos de pes-
• remoção de partes de órgãos; quisa por comitês independentes;
• ingestão de veneno; •Pesquisa médica sem fins terapêuticos.
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Profissionais de saúde, direito, filosofia e teo- Vale, portanto, salientar: o objetivo funda-
logia. mental do termo de consentimento é a proteção
Representantes de pacientes. da liberdade e dignidade dos sujeitos da pes-
Militantes de grupos organizados da sociedade quisa e não dos pesquisadores e patrocinado-
(associações de portadores de patologias e as- res. (p. 11)
sociações de voluntários). Consentimento Livre Esclarecido é
Representantes em conselhos municipais a ve- composto por 8 elementos básicos:
readores. 1) Informação sobre o que é a pesquisa, objeti-
vos, duração procedimentos,
COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM destacando os experimentais;
PESQUISA 2) Riscos e desconfortos;
3) Benefícios;
• Criada pela CNS no 196/96; 4) Alternativas, se existirem;
• Órgão de controle social; 5) Confidencialidade;
• Proteção dos sujeitos da pesquisa; 6) Compensação do tratamento, caso ocorre-
• Órgão consultor de ética em pesquisa; rem danos;
• Primeiro a apreciar os projetos (que 7) Identificação de uma pessoa para contato;
contemplem áreas com maiores dile- 8) Voluntariedade na aceitação e possibilidade
mas éticos e repercussões sociais). de abandono sem restrições ou consequências.
Problemas para aprovação dos Projetos
Problemas para aprovação dos Projetos nos CEPs:
nos CEPs: 2- Uso de Placebo (deve atestar a superioridade
1- Ausência do Consentimento Livre e Escla- do fármaco em relação ao seu equivalente e
recido (traduzidos de outros países, longos, in- não ao próprio placebo, além de ser antiético
dutores de aceitação) deixar pacientes sem tratamento)
3- A participação de pessoas em situação de
vulnerabilidade.
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credibilidade de sua fala, expondo todas as al- existisse, tornaria a ação legítima. Não se pode,
ternativas possíveis para aquela assistência. portanto, posteriormente incorrer processo cri-
• A mulher deve ser informada de que minal se for porventura for identificada uma
tem o direito a fazer a interrupção da gravidez, inverdade, uma falsa alegação na fala da mu-
mas é preciso esclarecê-la que ela pode conti- lher. Isso significa que a equipe está isenta de
nuar com a gravidez. Se for esta a vontade da pena.
mulher, a equipe deve oferecer os cuidados de • A mulher mentir ao solicitar um aborto
pré-natal de alto risco nesta gestação e ou então legal é um dos mitos que ocorrem em relação
os procedimentos, serão adotados para a à violência sexual. Uma mulher que se sub-
doação do feto ao final da maternidade. mete à todo um processo de atendimento mul-
• É importante que a Equipe multiprofis- tidisciplinar, em equipe com psicólogo, assis-
sional mantenha uma postura neutra, sem jul- tente social, enfermeiro, médico, muitas vezes
gamentos de valor ou imposições. A decisão farmacêutico, anestesista, passa pela assinatura
deve ser da mulher após esclarecimento infor- de processos bastante rigorosos. É muito difícil
mado. que isso ocorra. E nos casos de violência se-
• O código penal, em nenhuma destas si- xual, para interromper a gestação, não é ne-
tuações, em nenhuma destas portarias e leis, cessário nem B.O., nem exame de corpo de de-
estabelece como obrigatoriedade, que a mulher lito e nem autorização judicial. O fundamental
deva fazer a denúncia, realizar o boletim de é o consentimento informado da mulher.
ocorrência e noticiar o fato à polícia. Um crime • A Portaria no 1.508/GB/MS de 2005
hediondo foi cometido, portanto deve-se dar dispõe sobre os procedimentos de justificação
todo o apoio e acolhimento necessário caso isto e autorização da interrupção legal da gravidez
seja da vontade da mulher, para que ela possa no SUS. Essa portaria estabelece detalhada-
fazer sua denúncia com toda segurança. mente os passos para os profissionais de saúde
• A equipe de serviço social deve acom- e ampara a mulher na garantia de acesso à esse
panhar a vítima até a delegacia da mulher, para direito.
que, com o acolhimento necessário, ela faça o • Como medidas asseguradoras da licitude
boletim de ocorrência e os processos de inves- do procedimento da interrupção, são cinco
tigação policial ocorram para identificar o termos e passos a serem seguidos. Estes
agressor. Caso a mulher não queira fazer a cinco documentos são anexos da portaria 1.508
denúncia e o boletim de ocorrência, mantêm- e podem ser obtidos e impressos para serem
se o direito da mulher de acesso à interrupção utilizados pelos hospitais. Pode-se colocar a
da gravidez, isto é, a interrupção não pode ser logotipo da Instituição. Estes documentos de-
cerceada. A mulher tem até 6 meses para for- vem estar anexados ao prontuário e ter sua con-
mular a denúncia nos casos de estupro. fidencialidade garantida.
• Toda fala da mulher deve ser dada •Termo de relato circunstanciado – É feito
como de credibilidade ética e legal e recebida pela mulher que solicita a interrupção ou pelo
com presunção de veracidade. Os procedimen- representante legal no caso de incapaz. O do-
tos da saúde são para diminuir danos, trazer as- cumento deve conter as informações de dia,
pectos benéficos na assistência, tratar e dar hora, local em que ocorreu a violência, carac-
acesso ao procedimento do aborto legal e não terísticas, tipo, descrição dos agentes violado-
deve ser confundido com os procedimentos re- res, se houveram testemunhas, cicatrizes ou ta-
servados à inves5gação policial ou judicial. tuagens no violador, características de roupa,
• Importante lembrar que, o código pe- etc. Este documento deve ser assinado pela
nal, artigo 20, inciso 1º, diz que é isento de mulher e por duas testemunhas: no caso o
pena quem por erro plenamente jus5ficado pe- médico que ouviu o relato e um enfermeiro,
las circunstâncias no momento do atendi- psicólogo ou assistente social.
mento, supondo que a situação de fato
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• Parecer técnico – Documento assinado pelo hipertensão pulmonar que chega a ter 70% de
médico ginecologista que, após anamnese, risco de morte materna durante a gestação. Ou
exame Hsico, ginecológico e análise do laudo casos de cardiopatia funcional grau IV, doença
do ultrassom atesta que aquela gestação tem renal grave, doenças do colágeno, etc. Casos
idade gestacional compaIvel com a data ale- de patologias que sabidamente há grandes ris-
gada do estupro. cos de complicações gravíssimas e são causas
•Aprovação de procedimento de inter- frequentes de morte materna em nosso país.
rupção da gravidez – Este documento nada • O aborto terapêutico no Brasil costuma
mais é que uma ata, onde se reúne a equipe ser feito muito tardiamente, em situações ex-
multiprofissional que fez o atendimento. To- tremas. Não é pra menos que um número im-
dos assinam com a aprovação desta inter- portante das mortes maternas no Brasil são de
rupção, concordando com o parecer técnico causas indiretas, de patologias de base que se
(que a data da gestação é compaIvel com a data complicam durante a gestação.
do estupro) e que não há suspeita de falsa ale- • É importante a equipe ter o apoio de um
gação de crime sexual. profissional da psicologia, pois estão diante de
• Termo de responsabilidade (assinado pela uma gestação desejada. O acompanhamento
mulher) – Este documento contém uma ad- psicológico desta mulher é fundamental. A au-
vertência expressa que a paciente assina torização e o consen<mento dela também, a
ciência de que ela incorrerá de crime de falsi- não ser em situação “em extremis” em que a
dade ideológica e de aborto criminoso caso vontade da mulher não possa ser dada.
posteriormente se verifique inverídicas as in- • Há casos especiais, como coma e cho-
formações. que e outras situações individualizadas que de-
• Termo de Consentimento Livre e Esclare- vem ser discu<das pela equipe. Nesses casos a
cido – Termo que esclarece sobre os descon- decisão da equipe vai prevalecer. Também não
fortos, riscos, possíveis complicações, como se é necessária autorização judicial.
dará o procedimento de interrupção da ges-
tação, quem vai acompanhar, a garantia do si-
gilo (salve solicitação judicial). Este docu- GESTAÇÃO DE FETO ANENCÉFALO
mento é assinado pela mulher e deve conter
claramente expressa a sua vontade consciente •Desde 2012 o aborto de fetos anencéfalos pas-
de interromper a gestação, dizendo também sou a ser legal no Brasil.
que foi dada todas as informações sobre a pos- •A Resolução no 1989/2012,16 do Conselho
sibilidade de manter a gestação e a adoção ou Federal de Medicina “dispõe sobre o diagnós-
até a desistência do procedimento a qualquer tico de anencefalia para a antecipação terapêu-
momento. tica do parto e dá outras providências. Esta re-
solução estabelece todos os passos que devem
ABORTO TERAPÊUTICO – QUANDO ser seguidos para a interrupção da gravidez nos
HÁ RISCO DE MORTE MATERNA casos de anencefalia.
•Informação clara e precisa sobre os riscos que
•Aconselha-se uma avaliação de no mínimo a mulher sofre com o evoluir da gravidez di-
dois profissionais: um médico obstetra e um ante de uma gestação de anencéfalo:
clínico. Idealmente solicita-se a avaliação de 50% dos casos terão polidramnios graves (é
um terceiro médico, um especialista da patolo- uma condição médica na qual há excesso de
gia da qual se solicita o risco que motiva a in- líquido amniótico no saco amniótico);
terrupção. partos traumáticos e distócicos (é o parto em
• Nesses casos, é preciso ter clareza que a in- que, apesar do útero se contrair normalmente,
terrupção é a melhor maneira de preservar a o bebê não consegue passar pela bacia por estar
vida da mulher. É o caso, por exemplo, da bloqueado fisicamente), devido à posições
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•Interrupção eugênica da gestação (IEG): tipos de aborto, por serem os que mais direta-
são os casos de aborto ocorridos em nome de mente estão em pauta na discussão bioética.
práticas eugênicas, isto é, situações em que se • Em geral, Interrupção Seletiva da Gestação
interrompe a gestação por valores racistas, se- (ISG) é também denominada por Interrupção
xistas, étnicos, etc. Comumente, sugere-se o Terapêutica da Gestação (ITG), sendo esta a
praticado pela medicina nazista como exemplo justaposição de termos mais comum.
de IEG quando mulheres foram obrigadas a •Na verdade, muitos pesquisadores utilizam
abortar por serem judias, ciganas ou negras. ITG como um conceito agregador para o que
Regra geral, a IEG processa-se contra a von- subdividimos em ISG e ITG. Esta é uma tra-
tade da gestante, sendo esta obrigada a abortar; dição semântica herdada, principalmente, de
•Interrupção terapêutica da gestação países onde a legislação permite ambos os ti-
(ITG): são os casos de aborto ocorridos em pos de aborto, não sendo necessária, assim,
nome da saúde materna, isto é, situações em uma diferenciação entre as práticas.
que se interrompe a gestação para salvar a vida • No entanto, consideramos que, mesmo para
da gestante. Hoje em dia, em face do avanço estes países onde o conceito ITG é mais ade-
científico e tecnológico ocorrido na medicina, quado, em alguma medida ele ainda pode gerar
os casos de ITG são cada vez em menor confusões, uma vez que há limites gestacionais
número, sendo raras as situações terapêuticas diferenciados para os casos em que se inter-
que exigem tal procedimento; rompe a gestação em nome da saúde materna
•Interrupção seletiva da gestação (ISG): são ou de anomalias fetais.
os casos de aborto ocorridos em nome de ano- • Além disso, o alvo das atenções é diferente
malias fetais, isto é, situações em que se inter- nos casos de ISG e ITG: no primeiro, a saúde
rompe a gestação pela constatação de lesões fe- do feto é a razão do aborto; no segundo, a
tais. Em geral, os casos que justificam as soli- saúde materna.
citações de ISG são de patologias incom- • O outro motivo que nos fez diferenciar a
patíveis com a vida extrauterina, sendo o saúde materna da saúde fetal para a escolha da
exemplo clássico o da anencefalia; terminologia a ser adotada foi o fato de vários
•Interrupção voluntária da gestação (IVG): escritores denominarem a ISG de IEG. Este é
são os casos de aborto ocorridos em nome da um exemplo interessante do que denominamos
autonomia reprodutiva da gestante ou do casal, "terminologia de guerra".
isto é, situações em que se interrompe a ges- •O termo "seletivo", para nós, remete direta-
tação porque a mulher ou o casal não mais de- mente à prática a que se refere: é aquele feto
seja a gravidez, seja ela fruto de um estupro ou que, devido a malformação fetal, faz com que
de uma relação consensual. Muitas vezes, as a gestante não deseje o prosseguimento da ges-
legislações que permitem a IVG impõem limi- tação.
tes gestacionais à práIca. •Houve, é claro, uma seleção, só que em nome
da possibilidade da vida extrauterina ou da
•Com exceção da IEG, todas as outras formas qualidade de vida do feto após o nascimento.
de aborto, por princípio, levam em conside- Tratar, no entanto, o aborto seletivo como
ração a vontade da gestante ou do casal em eugênico é nitidamente confundir as práticas.
manter a gravidez. Especialmente porque a ideologia eugênica fi-
• Para a maioria dos bioeticistas, esta é uma di- cou conhecida por não respeitar a vontade do
ferença fundamental entre as práticas, uma vez indivíduo.
que o valor- autonomia da paciente é um dos •A diferença fundamental entre a prática do
pilares da teoria principialista, hoje a mais di- aborto seletivo e a do aborto eugênico é que
fundida na Bioética. não há a obrigatoriedade de se interromper a
•Assim, no que concerne à terminologia, trata- gestação em nome de alguma ideologia de
remos mais especificamente dos três últimos
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extermínio de indesejáveis, como fez a medi- • Considera-se que, até antes da con-
cina nazista. A ISG ocorre por opção da paci- ferência do Cairo, o tema do aborto não com-
ente. punha a agenda de saúde pública de inúmeros
• Muitos autores, especialmente aqueles vincu- países. Segundo Kulczycki et al, "...em Cairo,
lados a movimentos sociais, tais como o movi- pela primeira vez, um fórum interministerial
mento de mulheres, preferem falar em autono- reconheceu que as complicações do aborto
mia reprodutiva ao invés de IVG. Na verdade, apresentam ameaças sérias à saúde pública e
entre ambos os conceitos há uma relação de de- recomendam que, onde o acesso ao aborto não
pendência e não de exclusão. é contra a lei, ele deve ser efetuado em con-
•Apesar de o valor que rege a IVG ser o da au- dições seguras...”.
tonomia reprodutiva, consideramos que auto- • O aborto, juntamente à prática do coito inter-
nomia reprodutiva é um conceito "guarda- rompido, tem sido durante os séculos XIX e
chuva" que abarca não apenas a questão do XX o método de controle de natalidade mais
aborto, mas tudo o que concerne à saúde repro- utilizado e difundido.
dutiva. Na verdade, como já foi dito, o • Em nome disso, as taxas mundiais de aborto
princípio do respeito à autonomia é o pano-de- são bastante elevadas, tendo como recordistas
fundo de boa parte das discussões contem- alguns países da América Latina e África.
porâneas em Bioética. • Apesar de dihcil mensuração, uma vez
• Além da variedade conceitual, outro que o aborto é considerado crime em inúmeros
ponto interessante, no tocante ao estilo dos ar- países, calcula-se que a taxa mundial de abor-
tigos sobre o aborto, é a escolha dos adjetivos tos por ano esteja entre 32 e 46 abortos por
utilizados pelos autores para se referirem a 1000 mulheres na idade de 15 a 44 anos, ha-
seus oponentes morais. Não raro, encontram- vendo uma enorme variação entre os países, a
se artigos que chamam os profissionais de depender da prevalência dos métodos anticon-
saúde que executam aborto como "aborteiros", ceptivos, de sua eficácia e das leis e políticas
"homicidas", "assassinos" ou "carniceiros". relativas ao aborto.
• Na verdade, há relatos de casos de • Nos países ocidentais, o pico etário do
clínicas de aborto que foram incendiadas e os aborto ocorre entre as mulheres de 20 anos,
profissionais que nelas trabalhavam agredidos como, por exemplo, na Inglaterra, onde 56%
por grupos contrários ao aborto – grupos "de- dos abortos são praticados por mulheres com
fensores da vida", como se autodenominam. menos de 25 anos, ao passo que nos Estados
Fala-se do feto abortado como "vítima ino- Unidos este número é de 61% na mesma faixa
cente" ou mesmo "criança inocente". Adjetivos etária.
como "hipócrita" ou "criminoso" valem para • Segundo dados do Instituto Alan
ambos os lados, sejam os proponentes ou opo- Gucmacher sobre o aborto na América Latina,
nentes da prática. Nem mesmo sobre o resul- há uma correlação acentuada entre renda e
tado de um aborto há consenso: as denomi- acesso ao aborto praEcado por médicos.
nações variam desde "embrião” e "feto" até • Enquanto apenas 5% das mulheres po-
"criança", "não-nascido", "pessoa" ou "in- bres rurais têm acesso ao aborto médico, este
divíduo". número é de 19% entre as mulheres pobres ur-
banas e de 79% entre as mulheres urbanas de
LEGISLAÇÃO COMPARADA renda superior.
•No Brasil, para o ano de 1991, estimou-se que
• A Conferência Internacional sobre Po- o total de abortos induzidos foi de 1.443.350,
pulação e Desenvolvimento ocorrida no Cairo, constituindo uma taxa anual, por 100 mulheres
em 1994, é considerada um marco para as le- de 15 a 49 anos, de 3,65. Nos Estados Unidos,
gislações e as políticas internacionais e nacio- por exemplo, esta taxa é de 2,73.
nais acerca do aborto.
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os proponentes se caracterizam por ter assu- completa é apenas uma questão de tempo e, é
mido um posicionamento reativo aos argumen- claro, de evolução.
tos contrários ao aborto. Vejamos o que isto • Assim, em nome da futura transformação do
significa. feto em criança, sendo o grande marco o nas-
cimento, o aborto não pode ser permitido.
•Uma vez aceito o princípio da heteronomia da Tanto para os defensores da teoria da potenci-
vida humana, os teóricos preocupados em sus- alidade quanto para os defensores da ideia de
tentá-lo partem constantemente ao encontro de que o feto é já pessoa humana desde a fecun-
argumentos filosóficos, morais ou cienjficos dação, o aborto possui o significado moral e
para mantê-lo. Alguns já se tornaram clássicos jurídico de um assassinato — e é desta maneira
ao debate sobre o aborto. Iremos analisar dois que seus expoentes se referem à prática.
deles que, de alguma maneira, encontram-se • Diante de argumentos como estes os
tão interligados que é impossível sua análise proponentes da legalidade do aborto assumem,
em separado. O primeiro é a crença de que o então, uma argumentação reativa. Com algu-
feto é pessoa humana desde a fecundação; o se- mas exceções, como os escritos de Singer, os
gundo, a defesa da potencialidade do feto em bioeticistas defensores do aborto raramente
tornar-se pessoa humana. utilizam uma positividade no discurso.
•Sustentar a ideia de que o feto é pessoa hu- • Em geral, quando os argumentos fa-
mana desde a fecundação é transferir para o voráveis ao aborto se afastam do princípio da
feto os direitos e conquistas sociais considera- autonomia reprodu<va, o alvo é desconstruir a
dos restritos aos seres humanos, em detrimento retórica contrária ao aborto, especialmente as
dos outros animais. O principal direito – e o duas teorias acima expostas. Frente à defesa de
mais alardeado pelos oponentes da questão do que o feto é pessoa humana desde a fecun-
aborto – é o direito à vida. Todas as impli- dação, os bioeticistas proponentes argumen-
cações jurídicas e antropológicas do status de tam que a ideia de "pessoa humana" é antes um
pessoa humana seriam, com isso, reconhecidas conceito antropológico que jurídico e neces-
no feto. E, para os mais extremistas, sendo o sita, portanto, da relação social para fazer sen-
feto uma pessoa humana torna-se impossível tido.
qualquer dispositivo legal que permita o • O status de pessoa não é mera con-
aborto. Finnis pode ser considerado um exem- cessão, mas sobretudo uma conquista através
plo interessante deste posicionamento ex- da interação social. Por outro lado, há escrito-
tremo, diz ele: res que argumentam que, caso o feto seja
•"...Sustento que o único argumento razoável é mesmo pessoa, a mãe e/ou o casal que deseja a
que o não-nascido é já pessoa humana (...) interrupção da gestação é ainda mais pessoa do
Todo ser humano individual deve ser visto que o feto. Por isso, seus interesses (mãe/casal)
como uma pessoa (...) Uma lei justa e ética devem prevalecer sobre os supostos interesses
médica decente que impeça a morte dos não- do feto.
nascidos não pode admitir a exceção "para sal- • A teoria da potencialidade, assim como
var a vida da mãe". entre os oponentes, também apresenta maior
• Já a segunda ideia, a de que o feto é uma pes- simpatia dos proponentes do aborto e isso pode
soa humana em potencial, tem ainda maior ser visto na enorme discussão quanto aos limi-
número de defensores do que a que concede o tes gestacionais em que um aborto seria moral-
status de pessoa ao feto desde a fecundação. mente aceitável.
•A teoria da potencialidade sugere que o feto • Em geral, os limites estabelecidos ba-
humano representa a possibilidade de uma pes- seiam-se em argumentações cientficas tais
soa humana e, portanto, não pode ser elimi- como: quando o feto começa a sentir dor,
nado. Para os representantes da teoria da po- quando iniciam os movimentos fetais, quando
tencialidade, de feto para pessoa humana há a possibilidade de vida extrauterina, etc.
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• No entanto, não são os dados evoluti- Tichtchenko e Yudin, após apresentarem o que
vos da fisiologia fetal que decidem quando se denominam de "cultura do aborto" (tamanha a
pode ou não abortar, mas sim os valores sociais facilidade e a tranquilidade com que se execu-
concedidos a cada conquista orgânica do feto. tam abortos no país), clamam pelo reconheci-
Sentir ou não dor, ter ou não consciência, as- mento de alguma moralidade no feto.
sim como a mobilidade, são valores sociais • Assim, apesar de bastante difundido, o
que, transferidos para o feto, estruturam os li- problema da moralidade do aborto é histórica
mites entre o que pode e o que não pode ser e contextualmente localizado e qualquer tenta-
feito. tiva de solucioná-lo tem que levar em conside-
•Alguns autores extremistas consideram que ração a diversidade moral e cultural das popu-
não há diferença moral entre um embrião, um lações atingidas.
feto ou um recém-nascido e que qualquer im- • Como pode ser constatado, seja pela di-
posição de limites gestacionais (número de versidade legal acerca da temática quanto pela
meses) para a execução do aborto faz parte de multiplicidade argumentativa do debate
um exercício cabalístico. Vale a pena conferir bioético, o aborto é uma das questões para-
o que Harris diz sobre isso: digmáticas da bioética exatamente porque nele
•"...Eu espero que tenhamos alcançado o ponto reside a essência trágica dos dilemas morais
no qual ficará claro que os recém-nascidos, os que, por sua vez, são o nó conflitivo da
bebês, os neonatos têm, qual seja, o status mo- Bioética.
ral dos fetos, embriões e zigotos. Se o aborto é • Para certos dilemas morais não existem
justificável, também o é o infanticídio (...)". soluções imediatas. Os dilemas-limite dos
•Por outro lado, o argumento da potencialidade quais, talvez, o aborto componha um de seus
pode permitir que se afirme que as células se- melhores exemplos, são situações que desa-
xuais do ser humano são potencialmente uma fiam os inimigos morais à coexistência
pessoa, o que enfraqueceria seu poder de con- pacífica.
vencimento. •Nas anamneses clínicas, as histórias das mu-
•No entanto, a maioria dos bioeticistas defen- lheres frente à gravidez indesejada são particu-
sores do aborto argumentam que é necessária a larmente contextualizadas, o que torna a gene-
imposição de limites gestacionais, sendo o nas- ralização inadequada e não auxilia a tomada de
cimento um divisor de águas, estando assim o decisão.
infantícídio fora das possibilidades. • Entretanto, observa-se que alguns conflitos
•Apesar das diferenças entre proponentes e enfrentados, apesar de pessoais, possuem pon-
oponentes não-extremistas, há alguns pontos tos em comum e independem de fatores socio-
em que o diálogo torna-se possível. econômicos, como por exemplo:
•Existe uma maior simpaEa tanto do pensa- a. O conflito moral (fazer ou não um aborto?),
mento ciennfico quanto do senso comum na que evidencia a tensão existente entre a sacra-
aceitação do aborto quando fruto de estupro, de lidade da vida [humana] e a qualidade da [sua
riscos à saúde materna ou de anomalias fetais própria] vida;
incompanveis com a vida . b. Os motivos que norteiam a decisão a favor
• As divergências entre as partes voltam a ou contra. Um dos principais implicados favo-
acentuar-se quando é preciso definir os limites ravelmente é a falta de apoio do parceiro ou da
gestacionais a cada práEca. De fato, o grande família.
centro das diferenças está na possibilidade da c. Quando decide não progredir com a gravi-
mulher/casal decidir sobre a reprodução. dez: como fazê-lo? É ilegal. Como resolver
• O interessante deste problema é que alguns esse problema? Essa situação demonstra con-
países, tais como a Rússia, enfrentam dilemas traposição entre o princípio da justiça, associ-
radicalmente opostos. Em um arIgo chamado ado à liberdade nas escolhas sexuais e reprodu-
The Moral Status of Fetuses in Russia, tivas, e a norma legal proibitiva ou restritiva.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Politica nacional de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
LEONE, S.; PRIVITERA, S.; CUNHA, J.T. (Coords.). Dicionário de bioética. Aparecida: Editorial
Perpétuo Socorro/Santuário, 2001.
Bibliografia complementar
FORTES, P. A. C.; ZOBOLI, E. L. C. P. Bioética e saúde pública. São Paulo: Loyola, 2003.
JUNQUEIRA, C. R. Consentimento nas relações assistenciais. In: RAMOS, D. L. P. Bioética e ética
profissional. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2007.
______; JUNQUEIRA, C. R. “Bioética: conceito, contexto cultural, fundamento e princípios”. In:
RAMOS, D.L.P. Bioética e ética profissional. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2007, p. 22-34.
______; JUNQUEIRA, S. R. Bioética e saúde pública. In: RAMOS, D. L. P. Bioética: pessoa e vida.
São Caetano do Sul: Difusão, 2009, p. 97-115.
RAMOS, D.L.P. Bioética: pessoa e vida. São Caetano do Sul: Difusão, 2009. 374p.