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"A consciência se comporta então como um homem que, ouvindo um barulho suspeito no
porão, se precipita para o sótão para constatar que aí não há ladrões e que, por consequência,
o barulho era pura imaginação. Na realidade, esse homem prudente não ousou aventurar-se
ao porão". Carl Jung
À medida que a imagem explicativa empregada por Jung nos convence, nós, leitores,
revivemos fenomenologicamente os dois medos: o medo no sótão e o medo no porão. Em
lugar de enfrentar o porão (o inconsciente), "o homem prudente" de Jung busca coragem nos
álibis do sótão (racionalidade do pensar).
Como essa construção pode se refletir na vida futura da criança que a idealiza?
2- Casa de animais:
Covas na terra, grutas, animais construtores de terra, água, ar.
3- Sobre as Etapas de trabalho:
Época com casas de animais e diferentes tipos de habitação, povos, culturas etc;
Observar a própria sala da escola, sua construção.
Planta da casa em que mora.
Praticar as medidas na sala, de diversas formas, usando o que aprenderam.
Deixar claro que na construção a criança escolhe os materiais e deve fazer o máximo
possível na sua construção. O adulto apoia e ajuda, mas não executa por ela.
O que observar
1-Tamanho:
2-Estrutura/materiais:
3-Espacialidade
4-Etapas da construção
A criança desenvolveu seu projeto com clareza, liberdade?
Tinha tudo pronto como idéia?
Seguiu seu plano desde o começo ou ficou mudando?
Definiu o tipo de casa com facilidade?
Conseguiu cumprir o cronograma de construção de sua casa?
O material a ser usado na construção já estava selecionado ou foi
pensado depois? (Ex. quero um telhado de pinhas, mas não tem
pinhas...)
Outros aspectos:
E por fim, se entendemos que nosso corpo físico é nossa morada que a cada
dia sustenta e mantém nosso espírito na caminhada diurna, segue um dos
mais belos poemas sobre a casa:
Ritmos e Canções
Ritmo que pode ser feito antes do trabalho na terra, traz consciência de baixo para cima
Oração do Pão
Christian Morgenstern
traduzido e recriado por Ruth Salles* Ver no site Instituto Ruth Salles inúmeros poemas como:
A minhoca
João de Barro e inúmeros outros maravilhosos!
Espero que possam aproveitar e tenham ideias em cima destas breves dicas.
Beijo Cecilia Bonna
Leiam muitos poemas e inspirem-se para os versos de boletim. Encontrarão ainda farto
material de apoio ao preparo das aulas como: poemas, versos, canções, ritmos etc. nas
bibliotecas das escolas Waldorf. Aconselho a pesquisarem no site
www.estantevirtual.com.br onde podem encontrar livros seminovos por um preço muito
acessível. Lá também existe à disposição vários livros de poemas e coleções.
A "Casa da Flor" de Gabriel Joaquim dos Santos ilustra bem os elementos da imaginação
material concebida por Bachelard: como a casa onírica, ditada em sonho, imaginada como
espaço de proteção, como casa-concha. vida de Gabriel moreu aos 92 anos em 1985.
"Por si só, a palavra crisálida é uma particularidade que não engana. Nela se conjugam dois
sonhos que falam do descanso do ser e seu desabrochar, a cristalização da noite e as asas que
se abrem durante o dia. No corpo do castelo alado que domina a cidade e o oceano, os homens
e o universo, ele guardou uma crisálida de choupana para nela se encolher sozinho no maior
descanso."
"A casa toma as energias físicas e morais do corpo humano. [...] Tal casa chama o homem a
um heroísmo do cosmos. É um instrumento que serve para enfrentar o cosmos. [...] Contra
tudo, a casa nos ajuda a dizer: serei um habitante do mundo. O problema não é somente um
problema do ser, é também um problema de energia e conseqüentemente da contra-energia."
(A Poética do Espaço, p. 385)Bachelard
ANTONI GAUDI
... terminou seus dias vivendo pobremente no ateliê do canteiro de obras da Sagrada Família,
tinha erguido casas magníficas para a burguesia de Barcelona; é que "a representação de uma
casa não deixa por muito tempo indiferente um sonhador", como diz Bachelard em A Poética
do Espaço.
Passagem dedicada a Gaudi: "Alojado por toda parte, mas sem estar preso a lugar algum, tal a
divisa do sonhador de moradas. Na casa real, o devaneio de habitar é enganado. É preciso
sempre deixar aberto um devaneio de outro lugar" (p. 395).
[...] com efeito, a casa é, à primeira vista, um objeto que possui uma geometria
rígida. Somos tentados a analisá-la racionalmente. Sua realidade primeira é
visível e tangível. É feita de sólidos bem talhados, de vigas bem encaixadas. A
linha reta é dominante. O fio de prumo deixou-lhe a marca de sua sabedoria,
de seu equilíbrio. Tal objeto geométrico deveria resistir a metáforas que
acolhem o corpo humano, a alma humana. Mas a transposição ao humano se
faz imediatamente, desde que se tome a casa como um espaço de conforto e
intimidade, como um espaço que deve condensar e defender a intimidade.
Abre-se então, fora de toda racionalidade, o campo do onirismo.