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A QUEBRADA
UTÓPICA
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TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - FAU/UNB
LOGUNN
A QUEBRADA UTÓPICA
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais, pela criação e cuidado que formaram a base necessária para que eu pudesse
chegar da melhor forma possível até a vida adulta e também na faculdade. Como disse Niemeyer “o mais importante não
é a arquitetura, mas a vida, os amigos...” então não posso deixar de citar os amigos que tanto me ajudaram, durante
esse período da graduação, fomentando debates téoricos bastante enriquecedores para a minha formação acadêmica e
também tornando a experiência árdua de cursar arquitetura e urbanismo um pouco mais amêna. Em especial posso citar
Alexandre Duarte, Daniel Duncan, Igor Mineiro, Vinicius Freitas e Matheus Barboza.
Em seguida meus agradecimentos aos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília,
em especial meu professor orientador Eliel Américo, pelas lições contagiantes de arquitetura e urbanismo através do
desenho e por sempre enxergar um grande potêncial no meu trabalho, desde os primeiros anos na faculdade, seus esfor-
ço e visão como professor deixaram claro que fiz uma escolha precisa ao convida-lo para ser meu orientador. Também
meu mais enorme agradecimento a professora Vânia Loureiro, primeiro por sua produção acadêmica de suma importância
para a área da arquitetura e urbanismo e referência para o meu trabalho e depois por aceitar participar da minha banca,
sempre agregando bastante ao processo do trabalho.
Também não posso deixar de citar as contribuições do Coletivo Calunga - o coletivo negro da FAU-UNB -, por suas
contribuições na construção de uma discução racial na faculdade arquitetura e também pelo acolhimento a tantos alu-
nos negros durante a trajetória na graduação.
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“PERIFERIA É PERIFERIA (EM QUALQUER
LUGAR)”
RACIONAIS MC’S
Periferia é periferia. “Milhares de casas amontoadas
"Vários botecos abertos. Várias escolas vazias." Ruas de terra esse é o morro
Periferia é periferia. A minha área me espera
"E a maioria por aqui se parece comigo" Gritaria na feira (vamos chegando!)
Periferia é periferia. Pode crer eu gosto disso mais calor humano
"Mães chorando. Irmãos se matando. Até Na periferia a alegria é igual
quando?" É quase meio dia a euforia é geral
Periferia é periferia. É lá que moram meus irmãos meus amigos
"Em qualquer lugar. É gente pobre." E a maioria por aqui se parece comigo
Periferia é periferia. E eu também sou bam bam bam e o que manda
"Aqui, meu irmão, é cada um por si" O pessoal desde às 10 da manhã está no samba
Periferia é periferia. Preste atenção no repique atenção no acorde
"Molecada sem futuro eu já consigo ver" (como é que é mano brown?)
-Trecho da música Periferia é periferia (em qual- Pode crer pela ordem”
quer lugar) de Racionais mc’s. -Trecho da música “FIm de semana no parque” de
Racionais mc’s.
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SUMÁRIO
01. Introdução.................................................................................................................07
06. A rodoviária......................................................................................................................................17
10. A proposta........................................................................................................................................37
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INTRODUÇÃO
Este trabalho procura acrescentar a um assunto relevante para o meio da arquitetura e urbanismo que é o estudo do
espaço das favelas e das periferias ou como são popularmente chamadas, “quebradas”. É necessário entender que
existem condições globais que fortalecem a permanência e a propagação desse tipo de espaço. A explosão das cidades
e a população urbana superando a rural é uma realidade, tendo o espaço urbano absorvido quase dois terços da explo-
são populacional do mundo desde 1950. A maior parte do aumento populacional previsto ainda até 2050, se dará nas
áreas urbanas dos países em desenvolvimento (DAVIS, 2006).
Os resultados dessa nova ordem urbana se darão, entretanto por um incremento da desigualdade tanto dentro de va-
riadas cidades quanto entre elas (DAVIS, 2006). Forças que empurram as pessoas para fora do campo e um cresci-
mento urbano rápido no contexto de desvalorização da moeda e redução do estado fazem parte da fórmula permanente
de surgimento de favelas. O mercado habitacional formal dos países menos desenvolvidos mal oferece 20% do estoque
necessário de residências, deixando nas mãos da informalidade e da ilegalidade a maioria das residências das cidades
do hemisfério sul dos últimos trinta anos (DAVIS, 2006).
Mais dados que reforçam a importância da problemática das favelas, são que, desde 1970, o crescimento das favelas
em todo hemisfério sul vem ultrapassando o próprio crescimento urbano. Sendo que segundo estudos urbanísticos
sobre a Cidade do México do final do século XX examinaram que até 60% do crescimento da cidade resulta de pesso-
as, principalmente mulheres, que constroem suas próprias moradias em terrenos periféricos sem uso. Sobre o panorama
brasileiro, as favelas de São Paulo significavam 1,2% da população em 1973, mas em 1993 já eram 19,8% (DAVIS,
2006).
Para lidar com o problema da habitação e urbanização de favelas no Brasil temos um longo processo de programas
governamentais e projetos de arquitetura que visaram atender a essas demandas tão presente no cenário urbano brasi-
leiro. Entretanto desde o Banco Nacional de Habitação (BNH), até o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), é
possível encontrar pendencias quanto ao atendimento das demandas da população e na boa qualidade do habitat.
Um exemplo que pode ser citado aqui é o desenvolvimento urbanístico da Cidade de Deus ao longo dos anos. Esta que
inicialmente se tratava de um conjunto habitacional, fazia parte de um planejamento do governo do Estado da
Guanabara que, na década de 1960, buscava um modelo para o Programa Habitacional. Coube à Companhia de Habita-
ção Popular do Estado da Guanabara (Cohab-GB) a incumbência da concepção e da realização do projeto urbanístico
inovador, solicitado pelo então governador Carlos Lacerda e financiado pelo Banco Nacional da Habitação (BNH).
Como analisa Machado (2016, p.81), os arquitetos responsáveis pelo projeto previam uma hibridização de conjuntos
habitacionais aos moldes americanos com técnicas brasileiras de construção e acreditavam que essa interação iria
legitimar o estilo estrangeiro no país.
O espaço da Cidade de Deus mesmo oriundo de um projeto habitacional regularizado seguiu naturalmente através da
auto-organização e da autoconstrução para uma relação público-privado menos enrijecida. Trouxe para si uma dinâmica
existente na favela e também na cidade tradicional, onde o comércio acontece no térreo e a moradia no piso superior,
não à toa ganhando posteriormente também a alcunha de favela. Por isso me permito aqui voltar um passo atrás para
entender antes do desenho da prancheta, característico dos assentamentos perifericos formais, a configuração natural
que possui o espaço da favela, suas origens e potencialidades.
O trabalho percorre uma linha que investiga através das ilustrações de cenas urbanas e também sob a ótica dos críti-
cos do urbanismo formal, as lições que podemos tirar do espaço da favela. Entende uma unidade cultural entre favela e
periferia na constituição da ideia de “quebrada”, através dos modos de vivenciar a cidade comuns a esses dois tipos
de espaço que abrigam as pessoas segregadas das partes privilegiadas das cidades. Pessoas essas em sua maioria
negras e pardas, um dado presente no Distrito e Federal e na maioria das metrópoles do país, sendo assim inevitável a
adoção de uma ótica etnográfica no trabalho.
Segundo Clemente e Silva (2014, p.87), a segregação socioespacial é uma dimensão que aproxima os territórios
negros da noção de gueto, mesmo que na história do país inexistam leis segregacionistas, é possível notar formas
indiretas de sparação entre os considerados indesejáveis, consolidadndo uma política de afastamento do negro das
regiões tidas como as melhores (SILVA, 2012 apud CLEMENTE e SILVA, 2014, p.88). Clemente e Silva (2014, p.89)
trazem ainda a noção de sociabilidade desenvolvida por George Simmel, mais que finalidades econômicas, o sentimento
de pertença, o fato de “estarem sociados” e a “satisfação derivada disso” (SIMMEL, p. 168) são os elementos que
possibilita práticas de sociabilidade. O que ajuda a compreender os processos culturais que conduziram à elaboração de
importantes instituições nos territórios negros: clubes, terreiros, escolas de samba.
Ao fim concluo com uma proposta do que poderia ser essa quebrada utópica, um redesenho que mantém o que já funcio-
na e tenta suprir as demandas existentes nas quebradas. Reforçando no projeto a manutenção de alguns desses espa-
ços de sociabilidade da periferia.
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ORIGEM DO NOME
A ideia inicial surge de um projeto de história em quadrinhos produzida por dois autores oriundos de Cidade Ocidental-
-GO, cidade periférica do entorno do Distrito Federal, o ilustrador Oberas e Angie Pereira, o responsável pelo roteiro
da hq. A hq Logunn, como pode ser identificado já no significado do título escolhido para a obra - Uma versão estiliza-
da para o nome do orixá Logun Edé, orixá guerreiro e caçador- , se trata de uma história protagonizada por persona-
gens negros e se desenvolve através de narrativas comuns a vivência das populações negras na periferia.
Embora os projetos do quadrinho Logunn e desse trabalho final de graduação tenham ponto de partida em comum, os
dois projetos possuem identidades próprias e distintas em vários pontos. O desenvolvimento do projeto do trabalho final
de graduação, segue um caminnho que fez com que sua forma final tornasse esse projeto de cidade diferente das ideias
propostas para o cenário e ambientação da cidade da Hq Logunn de Oberas e Angie.
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FAVELAS x PERIFERIAS
Segundo Loureiro, Medeiros e Guerreiro (2018, p.1-2), as dinâmicas internas da favela se comportam de maneira apro-
ximada a sistemas urbanos completos e consolidados, partilhando lógicas comuns e transversais a regiões e culturas-
distintas do mundo, o que reforça a sua auto - organização como potenciadora de qualidade espacial e característica
essencial a seu desenvolvimento. Para os estudos da autora, entender então essa prática de auto - organização pode-
ria revelar dinâmicas urbanas de sucesso. Entretanto para os autores, a forma - espaço da favela pode ser incompre-
ensível devido à existência de regras espaciais que não podem ser lidas de forma simples, mas dentro de uma complexi-
dade que é o próprio resultado do processo de autoconstrução e auto-organização vigente naquele espaço. Holanda
(2010) citado por Loureiro, Medeiros e Guerreiro (2018, p. 2) também destaca algumas características configuracio-
nais da favela como promotoras de qualidade urbana, estimulo para a presença humana e a diversidade. Isso se garante
por elementos como noções claras de espaço, continuidade, densidade e relações tênues entre o público e o privado.
Importante ressaltar a diferenciação entre o espaço da favela, localizada frequentemente no centro da cidade na forma
de ocupações resultantes da necessidade das populações de baixa renda residirem próximas as oportunidades de tra-
balho e o assentamento ou loteamento ilegal na periferia.
Valladares (1981) trata os loteamentos irregulares ou assentamentos informais regulados como um processo comum na
América Latina. O simples fato de existir um custo inicial associado, aquele da compra do lote (Davis, 2006), e a
organização prévia e global dos espaços, torna o processo aparentemente bastante diferenciado daquele da favela.
(LOUREIRO; MEDEIROS; GUERREIRO, 2018, p.3)
Jacques (2006, apud Loureiro, Medeiros e Guerreiro, 2018, p.7) “argumenta sobre a capacidade de adaptação do
espaço de moradia à produção de renda na favela, dinâmica frequentemente incompatível com a legalidade e com o zo-
neamento engessado da cidade formal e claramente mais vantajosa que a tendência à homogeneização da periferia habi-
tacional”. Apesar dessa diferenciação a autora ainda relata que podem existir sensos de comunidade comuns a essas
duas formas de ocupação e que a autoconstrução é uma realidade nos dois casos.
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O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA PERIFERIA DE BRASÍLIA HOJE
JANE JACOBS
GORDON CULLEN
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OS PIONEIROS DA CRÍTICA
Christopher Alexander
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OS PIONEIROS DA CRÍTICA
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PROJETOS DE ARQUITETURA
Projetos de Arquitetura nos blocos habitacionais, o uso de áreas comunitá-
Concurso Renova SP – Grupo 1 – Cabuçu de Baixo rias partilhadas, tipologias em duplex, a implantação
5 – 1º Lugar do bloco que faz um diálogo com a topografia con-
Coordenador: Marcelo de Oliveira Montoro tornando uma praça que abriga usos de biblioteca,
Cabuçu de Baixo 5 se localiza em Brasilândia, distri- comércio local e praça cultural.Consegue variar no
to do norte de São Paulo. Começou a ser ocupado projeto com térreo destinado para multiuso e térreo
durante o processo de expansão do sistema viário da permeável, incentivando tanto a economia local gerida
cidade e derrubada de favelas, fazendo com que os pelos próprios moradores quanto a criação de mais
desalojados procurassem áreas mais afastadas na áreas caminháveis através da eliminação de barreiras
cidade, ocupando assim os morros de Cabuçu de para o pedestre. Destaque também para as tipologias
Baixo. Devido a necessidade de novas vias para com área destinada para expansão da residência
evitar congestionamentos e de um sistema de con- pelos próprios moradores. O incentivando a auto-
tenção para evitar desmoronamentos a prefeitura construção, vai resultar na configuração do espaço
optou por reurbanizar a área, tendo assim que realo- através da criação de um caráter único para as uni-
car 2440 unidades habitacionais. Foi convocado dades, característica também presente nas favelas.
concurso de projeto de arquitetura e de renovação
dos espaços públicos e revitalização do córrego
poluído que atravessa o local sendo transformado
num parque urbano linear. Nesta proposta para o
concurso é interessante a diversidade de tipologias
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PROJETOS DE ARQUITETURA
Eduardo Pizzaro – Intertícios urbanos
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O CONTEXTO DE BRASÍLIA
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A RODOVIÁRIA
MORAR, CIRCULAR
TRABALHAR, RECREAR
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A RODOVIÁRIA
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Eduardo Rossetti, 2010
“Lucio Costa assinala que a face da Plataforma debruçada sobre o
setor cultural e a Esplanada dos Ministérios não seria edificada, en-
quanto que o centro de diversões deveria ser o vetor da atividade
urbana da futura Capital, assinalando sua concepção com referências
de caráter urbano inequívocos, devendo este Setor central de diver-
sões corresponder a uma "mistura em termos adequados de Piccadilly
Circus, Times Square e Champs Elysées", confirmando a expectativa
sobre o grau de urbanidade destes setores e desses espaços urbanos
conexos à Plataforma."
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“Eu caí em cheio na realidade, e uma das realidades que me surpreen-
deram foi a Rodoviária, à noitinha. Eu sempre repeti que essa Plata-
forma Rodoviária era o traço de união da metrópole, da capital, com
as cidades-satélites improvisadas da periferia.
É um ponto forçado, em que toda essa população que mora fora entra
em contato com a cidade. Então eu senti esse movimento, essa vida
intensa dos verdadeiros brasilienses, essa massa que vive nos arredo-
res e converge para a Rodoviária. Ali é a casa deles, é o lugar onde
se sentem à vontade. Eles protelam, até, a volta e ficam ali, beberi-
cando. Eu fiquei surpreendido com a boa disposição daquelas caras
saudáveis.
E o “centro de compras”, então, fica funcionando até meia noite...
Isto tudo é muito diferente do que eu tinha imaginado para esse
centro urbano, como uma coisa requintada, meio cosmopolita. Mas não
é. Quem tomou conta dele foram esses brasileiros verdadeiros que
construíram a cidade e estão ali legitimamente. É o Brasil... E eu fiquei
orgulhoso disso, fiquei satisfeito. É isto. Eles estão com a razão, eu é
que estava errado. Eles tomaram conta daquilo que não foi concebido
para eles. Então eu vi que Brasília tem raízes brasileiras, reais, não é
uma flor de estufa como poderia ser, Brasília está funcionando e vai
funcionar cada vez mais. Na verdade, o sonho foi menor que a realida-
de. A realidade foi maior, mais bela. Eu fiquei satisfeito, me senti orgu-
lhoso de ter contribuído”
COSTA, Lucio. “Plataforma rodoviária” (1984). In: COSTA, Lucio.
Registro de uma vivência (op. cit.), p. 311.
A QUEBRADA NA RODOVIÁRIA
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O EXEMPLO
DAS
FAVELAS
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Maior uso de bicicletas e motocicletas, para facilidade do
acesso a ruas mais estreitas. Importante destacar também
a popularidade do serviço do moto-táxi tanto nas favelas
quanto nas periferias, um serviço barato de deslocamento
individual e que fortalece a ecônomia local. Esse uso ainda é
fortalecido tendo em vista que as populações dessas áreas
em sua maioria não tem condições de adquirir um automóvel,
nem de usar serviços de transporte por aplicativo.
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Conversa de esquina
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Costume comum das periferias; alugar uma cama elástica
para celebrar o aniversário das crianças da família e colo-
cá-la na rua rua em frente ao portão de casa. as vezes até
uma tenda para que a festa inteira aconte-ça ali mesmo.
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ECONÔMIA DA RUA
VIDA NOTURNA
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ESPORTES COMUNITÁRIOS
Longe dos grandes campeonatos profissionais e do futebol
padrão fifa, existe a várzea. Originado em São Paulo, os
primeiros clubes de várzea foram criados por operários de
grandes empresas que ficavam às margens dos rios, na
região várzeana. Atualmente o os praticantes e fãs da
várzea possuem até seus próprios uniformes customizados,
que podem ser adquiridos em lojas especializadas das favelas
e periferias de SP. Sinal de que os esporte tem movimenta-
do a economia entre os proprios moradores das comunida-
des.
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Áreas de lazer e prática esportiva para crianças
cercadas pelas residências com por volta de 4 a
5 pavimentos, podendo uma mãe vigiar seu filho
da janela.
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CULTURA DA LAJE
Devido a alta densidade das favelas e de algumas localidades de periferia, os moradores constroem suas casas aprovei-
tando a área total dos lotes, não restando espaço para quintal. Assim as atividades comuns ao uso desse espaço como
por exemplo estender roupas em varal, criação de hortas e plantas ou galinhas, são jogadas para a laje de cobertura,
aproveitando a única área exposta ao sol da casa.
Além desse uso de atividades domésticas as lajes também atendem as necessidades de lazer dos moradores, é bastante
comum a reunião de familiares e amigos para soltar pipa, fazer um churrasco ou tomar banho de sol nas lajes.
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A PROPOSTA
Uma proposta do que poderia ser essa quebrada utópica, A análise de espaços deve levar em conta as ativida-
um redesenho que mantém o que já funciona e tenta suprir des que se dão nos seus diversos recortes. Assim
como a rua é a forma de utilizá-la, o espaço é o uso
as demandas existentes nas quebradas. Reforçando no que permite. Os significados que um determinado
projeto a relevância e necessidade de manutenção de suporte material (esquina, calçada, quintal, rua, etc.)
alguns desses espaços de sociabilidade da periferia. Confi- pode assumir, resultam da sua conjugação com uma
gurado por uma rua central cheia de vida destinada a uso atividade e mudam de acordo com ela. Falamos de
misto atravessando um aglomerado de residências com espaços e do que pode acontecer, gramaticalmente,
em cada um. E o que pode acontecer varia. Mas, na
espaços públicos abertos que surgem nos meandros dos variação mesma dos eventos possíveis, existe uma
becos e vielas da cidade. estrutura que torna o espaço apenas mais uma dimen-
são do social.(MELLO,; VOGEL; MOLLICA,1980,
Sendo mais importante a apropriação do que o projeto em p.48).
si, o mesmo já é representado um passo a frente de si
mesmo, dominado pelos usuários e por autoconstruções.
Um pensamento norteador para o projeto foi a ideia de que
um mesmo tipo de espaço pode ser ressignificado de várias
formas de acordo com seu uso e das possíveis estruturas
que fomentem essas ressignificações.
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1- Esportes
2-Pequenas praças
3-Lajes públicas e privadas
4-Passarelas
5-Circulação na cobertura
6-Parque e lago
7-Rua comercial para bicicletas e motocicletas
8-Microespaços públicos entre as casas.
9-Feira coberta
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PASSARELAS Visam fomentar a possibilidade de
uma cidade caminhável em nível
elevado em relação ao térreo, alte-
rando a relação do pedestre com
os pavimentos das edificações e
circulações entre diversas lajes.
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RUAS
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TIPOLOGIAS
HABITACIONAIS
FLEXIVEIS
Inspirado em tipologias da Velha Déli
na Ìndia, densos edifícios habitacionais
com varandas largas utilizadas
como quintais, térreo para comércio e
cobertura utilizável como área comum.
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HORTA Podem ser criados espaços de hortas nas lajes de alguns
edificios comunitários da localidade, sendo aproveitados
URBANA
para distribuição de vegetais e hortaliças para a comunida-
de, assim como no caso da horta da associação de mora-
dores de Paraisópolis.
estufa
expositores
1º Piso
2º Piso
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PEQUENAS
PRAÇAS
PÚBLICAS
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GALPÃO Um espaço para ser
usado como centro cul-
tural voltado para proje-
tos sociais de incentivo
a arte, sendo que sua
configuração espacial
típica de galpão com
mesanino e pé direito
duplo propicie arealiza-
ção de eventos, ensaios
e confecção manual de
alegorias e artesanatos
de diversos tipos.
Apoio
WC’s
Velha Déli, India
Adm
ATELIÊS
DE ARTE E
ENSINO
O galpão é um tipo de
espaço tradicionalmen-
te utilizado por escolas
de samba e espaços de
atelie como por exemplo
a FAU/UnB que apre-
senta tipologia seme-
lhante. o Jovem de Ex-
pressão, projeto que
ocupa o Galpão Cultu-
FEIRA DE ARTESANATO ral em Ceilândia-DF,
contemplando sala de
FAU/UNB Jovem de Expressão dança, teatro de bolso,
estúdio audiovisual,
galeria de arte, espaço
para reuniões, pales-
tras, aulas, cultos reli-
giosos, terapias e
várias outras atividades
e que agora em 2021
está ameaçado de ser
removido do local pela
Administração do DF.
O corpo humano não gasta com o uso, ao contrário, ele gasta quando
não é utilizado.
Christopher Alexander, Uma lInguagem de Padrões
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PARQUE SUBURBANO
CORPO D’ÁGUA
PLAYGROUNDS
HORTAS
ARVOREDO/POMARES
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CORPOS D’ÁGUA
A presença de corpos d’agua é de suma impor-
tância como observado por Cristopher Alexan-
der:
Nós viemos da água; nossos corpos são em grande parte água, a
água desempenha um papel fundamental na nossa psique. Precisamos
estar contato constante com a água, ela sempre deve estar ao
nosso redor; e temos que de reverenciar a água em todas as suas
formas. Ainda assim, nas cidades a água está sempre fora do nossa
alcance.
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BIBLIOTECAS
comunitárias
Inspirado nos modo de ensinar que
acontece em Burkina Faso e algu-
mas outras regiões também caren-
tes de infraestrutura da África,
onde os professores reunem os
alunos sempre embaixo de uma
grande árvore, o arquiteto Francis
Keré pensou escolas com cobertu-
ras que remetem o formato das
copas das árvores. Quando criança
o arquiteto enfrentou muitas dificul-
dades de acesso aos estudos, por
isso o investimento na realização de
Kitui South, Quênia. Fonte: kituionline.com, 2019. uma nova escola em sua aldeia
natal, junto do apoio de sua comu-
nidade e recursos (archdaily.com.br,
2016).
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CONCLUSÕES
O trabalho acrecenta um pouco mais ao debate que já vendo sendo sussitado pelos esforços de pensa-
dores acadêmicos de diversas áreas do conhecimento, como o uso e pós-ocupação dos espaços da
cidade, as questões complexas de como considerar a informalidade urbana no planejamento e o olhar
para as territorialidades negras e periféricas nas grandes metrópoles. Seria tema de estudo extenso só
analisar o caminho que as periferias do DF ou do resto país estão tomando em função do mercado imo-
biliário e da internvenção desmedida do estado. Nesse sentido pensar utopias se faz bastante neces-
sário, mas além disso a atuação dos arquitetos e da população no âmbito político pelo direito à cidade,
acesso a habitação digna e um planejamento urbano inclusivo são fundamentais para que as nossas
utopias possam começar a se materializar na realidade.
Ato em frente a Caixa Econômica Federal em defesa da criação da Lei de Moradia por Autogestão, no
ínicio de Novembro de 2021. Fotos de autoria própria.
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